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Quilombo Las
Quilombo Las
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Quilombolas
Os quilombolas são membros das comunidades remanescentes de quilombos no Brasil,
resultantes da luta pela liberdade e da resistência à escravidão.
Os quilombolas constituem um grupo étnico com ancestralidade negra, embora outros grupos tenham
se juntado aos quilombos.[1]
Quilombolas são membros remanescentes das comunidades chamadas quilombos. Quilombo é uma
palavra de origem africana que significa acampamento defensivo ou instituição supratribal capaz de
aglomerar indivíduos de diversas origens étnicas.
Ao longo da história do Brasil, comunidades quilombolas surgiram a partir de pessoas escravizadas que
fugiram do cativeiro e buscaram refúgio nas matas. Com o passar do tempo, vários desses fugitivos
aglomeravam-se em determinados locais, formando as comunidades. Mais adiante, brancos, índios e
mestiços também passaram a habitar os quilombos, somando, porém, menor número da população.
Os quilombolas são um grupo étnico da sociedade brasileira formado por membros das
comunidades remanescentes de quilombos.
Quilombo era o nome dado às comunidades que, durante a história do Brasil, foram formadas por
escravos fugitivos que resistiam à opressão.
Quilombolas usavam com frequência armas e armadilhas aprendidas com os indígenas para
defender o quilombo da repressão praticada pelos colonos.
O Brasil possui 5.972 localidades quilombolas divididas em 1.672 municípios brasileiros, segundo o
IBGE.
O problema mais grave enfrentado pelos quilombolas é a violência que sofrem em reação à luta
pela demarcação e titulação dos seus territórios.
O Quilombo dos Palmares resistiu por mais de um século aos ataques dos colonos e foi liderado por
Zumbi, posteriormente transformado em símbolo contra o racismo.
Quilombolas são os grupos étnico-raciais, segundo critérios de autoatribuição, com trajetória histórica
própria, dotados de relações territoriais específicas, com presunção de ancestralidade
negra relacionada com a resistência à opressão histórica sofrida pela escravidão.
Em outros termos, são pessoas que vivem em comunidades que se autodefinem a partir de
relações específicas com a terra, o parentesco, o território e a ancestralidade. Os quilombolas possuem
tradições e práticas culturais próprias, com origem na ancestralidade africana, mas também podem
sincretizar essa ancestralidade com a religião católica.
Levantamento feito pela Fundação Cultural Palmares, órgão do Ministério da Cultura, aponta a
existência de 1.209 comunidades remanescentes de quilombos certificadas e 143 áreas com terras
já tituladas. Existem comunidades remanescentes de quilombos em quase todos os estados, exceto no
Acre, Roraima e no Distrito Federal. Os que possuem o maior número de comunidades remanescentes
de quilombos são Bahia (229), Maranhão (112), Minas Gerais (89) e Pará (81).
A origem dos quilombolas é a resistência à escravidão que os africanos trazidos para a América
sempre ofereceram aos colonos europeus. O aquilombamento foi, no Brasil, prática constante de
reação à escravidão. Onde quer que houvesse escravidão há notícias da existência de quilombos,
quer fosse em montanhas, florestas, vizinhanças de fazendas ou em pequenas e grandes cidades.
Alguns escravos fugidos, para dificultar a captura e garantir a sua subsistência, formavam essas
comunidades, chamadas quilombos ou mocambos, que tinham uma organização social própria e
uma rede de alianças com diversos grupos da sociedade. Os membros dessas comunidades podiam
ser chamados de quilombolas ou mocambeiros.
A resistência quilombola foi uma forma de luta escrava frequente e importante em vários períodos e
regiões da América portuguesa. Desde o século XVII até os anos finais da escravidão, muitos africanos
e seus descendentes continuaram fugindo e se reunindo nessas comunidades. A origem dos
quilombolas, portanto, está na história e nas trajetórias das pessoas que lutaram pela sua liberdade, na
resistência dos grupos de africanos que se organizaram para enfrentar uma sociedade escravocrata
e racista.
A relação entre os quilombolas e os povos indígenas no Brasil é um tópico importante e complexo, com
aspectos históricos e contemporâneos. Durante o período de colonização do Brasil, tanto os povos
indígenas quanto os africanos trazidos como escravos sofreram opressão e exploração por parte
dos colonizadores europeus. Isso resultou em experiências de resistência e busca por refúgio, que
costuraram alianças entre quilombolas e indígenas.
Em algumas situações, desde o período colonial, comunidades quilombolas e povos indígenas têm
estabelecido alianças e parcerias em prol da defesa de seus territórios. Em muitos documentos
históricos, que relatam o combate aos quilombos no passado colonial, são mencionadas armas e
armadilhas como, por exemplo, estacas pontiagudas dentro das valas cobertas por folhagem e o uso de
flechas.
O uso de armadilhas e armas indígenas indica a aproximação entre nativos e escravizados fugidos.
Atualmente, essa solidariedade continua na luta por direitos. Isso ocorre especialmente quando os dois
ameaças semelhantes, como a invasão de suas terras por
grupos enfrentam
empresas de mineração, agronegócio ou madeireiras.
Tanto os povos indígenas quanto os quilombolas contam com legislação específica que reconhece seus
direitos territoriais e culturais. No entanto, a implementação efetiva dessas leis muitas vezes é
desafiadora, o que justifica a solidariedade entre ambas as comunidades que lutam por seu pleno
reconhecimento e proteção.
A vida nos quilombos estava ligada a uma série de atividades: agricultura, caça, criação de animais,
coleta, mineração e comércio. Os seus integrantes se sustentavam por meio de alianças com
escravos de ganho ou libertos e homens livres, principalmente interessados em fazer comércio.
Os estudos históricos sobre os quilombos brasileiros mostram que, embora a população dos quilombos
fosse composta principalmente de africanos e seus descendentes, havia também, entre os
quilombolas, indígenas ameaçados pelo avanço de portugueses e espanhóis, soldados europeus
desertores, gente perseguida pela justiça ou simples aventureiros e comerciantes.
→ Tradições quilombolas
A capoeira, uma arte marcial genuinamente brasileira, não foi derivada diretamente dos quilombos, mas
aqui no Brasil as duas histórias se misturaram. Os quilombos, geralmente mais afastados das vilas e
cidades, viviam sob constante ameaça dos fazendeiros e outros colonos defensores da escravidão.
Nas áreas urbanas, capoeiras ajudavam na libertação de escravos e no seu translado, pela mata,
para garantir a segurança dos fugitivos e que eles não seriam perseguidos até a localização do
quilombo. A cultura quilombola atualmente
Hoje em dia, o povo do quilombo é um povo alegre, que gosta de música e de dança. O canto está
sempre presente em seu cotidiano e nas festas. As chamadas festas tradicionais são resultado de
muitas influências: negra, indígena e católica.
Aiuê de São Benedito na Comunidade Jauari: a palavra aiuê significa festa em kimbundo.
Realizada em 6 de janeiro, a festa é uma homenagem ao padroeiro da Comunidade Jauari: São
Benedito. Nela a comunidade saúda o santo e as riquezas obtidas durante o ano. A fartura está
simbolizada no mastro levantado para a festa, onde são amarrados diversos produtos da região. Na
festa são entoadas as ladainhas em latim, conhecimento transmitido de geração em geração.
Os quilombolas têm uma rica cultura que combina influências africanas e brasileiras. Isso inclui
música, dança, culinária e práticas espirituais únicas que foram transmitidas de geração em geração
através de uma educação com características próprias.
As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Escolar Quilombola, de 2012, determinam que a
educação escolar quilombola seja desenvolvida em unidades educacionais inseridas em suas próprias
terras, baseada na cultura de seus ancestrais, com uma pedagogia própria e de acordo com a
especificidade étnico-cultural de cada comunidade, reconhecendo-a e valorizando-a.
As escolas quilombolas promovem a consciência de direito dos quilombolas, entre eles o direito às
identidades étnico-raciais, à terra, ao território e à educação. Segundo o Censo Escolar de
2020, existem 275.132 mil estudantes em 2.526 escolas quilombolas espalhadas por todo território.
Precisamos de políticas para reduzir as desigualdades entre as escolas quilombolas e as demais
escolas, por exemplo, no tocante a salas de leitura, bibliotecas e
quadras de esporte.
É no Nordeste também que está localizado o maior número de territórios quilombolas oficialmente
reconhecidos (176). Mas é no estado do Pará, na região Norte, que está a maioria das localidades com
delimitação oficial (75).
Dos estados brasileiros, a Bahia é o que tem o maior número de localidades quilombolas: são
1.046 no total. Em seguida vem o estado de Minas Gerais, com 1.021; Maranhão, com 866; e o Pará,
com 516 localidades quilombolas.
Os estados do Acre e Roraima não possuem tais localidades. Entre as cidades brasileiras, Barreirinha,
no Amazonas, é a cidade com mais localidades quilombolas do país (167), seguida de Alcântara
(74) e Itapecuru Mirim (45), ambas no Maranhão, e Oriximiná (41) e Moju (38), no Pará. |1|
Somente em agosto de 2023, duas lideranças quilombolas foram assassinadas na Bahia. Uma
delas foi Bernadete Pacífico, que era mãe de santo e liderança nacional quilombola, e mesmo assim foi
assassinada a tiros, na frente dos seus netos, dentro de casa, onde também comandava um terreiro de
candomblé, no Quilombo Pitanga dos Palmares, localizado no município de Simões Filho, região
metropolitana de Salvador.
Além de ser uma liderança popular fundamental, Mãe Bernadete era Coordenadora Nacional da
Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq).
Mãe Bernadete estava sob proteção do Estado e registrada no Programa de Proteção aos
Defensores de Direitos Humanos no Brasil quando foi morta, o que só aumentou o choque desse
assassinato brutal nos defensores dos direitos humanos. Ela era mãe de Flávio Gabriel Pacífico dos
Santos (Binho do Quilombo), liderança quilombola do mesmo lugar em que também foi assassinado há
seis anos.
Além de todo esse sofrimento, causado por quem não reconhece os direitos territoriais dos
quilombolas, o racismo é outro problema grave enfrentado pelos quilombolas e demais
movimentos negros. Foi uma conquista deles a definição do racismo como crime inafiançável e
imprescritível, que consta da Constituição.
Desde 12 de janeiro de 2023, com a sanção da Lei 14.532, a prática de injúria racial passou a ser
expressamente uma modalidade do crime de racismo, e também se tornou passível de processo judicial
e punição penal, independentemente do tempo passado, e sem permitir o pagamento de fiança.
Apesar do reconhecimento legal, as comunidades quilombolas ainda enfrentam esses desafios graves.
Além disso, quilombolas convivem com os problemas relacionados ao racismo étnico e religioso,
as ameaças de despejo, a falta de infraestrutura básica e o acesso limitado a serviços de saúde e a
uma educação afrorreferenciada.
Quilombo dos Palmares
O Quilombo dos Palmares é considerado o modelo ideal de quilombo, verdadeiro Estado Africano no
Brasil, composto de milhares de pessoas organizadas em diferentes aldeias, munidas de exército e
realizando uma oposição sistemática à ordem vigente.
A célebre história desse quilombo está associada ao fato de ele ter resistido ao combate brutal dos
colonos por mais de um século durante o período colonial, tendo se desfeito por volta de 1710. O mais
importante líder de Palmares foi Zumbi, que foi morto em 1695, em ação liderada por Domingos
Jorge Velho contra o quilombo.
Em 1692, os bandeirantes cercaram e atacaram o quilombo com o objetivo de matar todos os seus
membros. Zumbi e os demais quilombolas resistiram bravamente, e os bandeirantes foram derrotados.
Milhares de pessoas morreram nesses confrontos. Dois anos depois, em novo ataque comandado por
Jorge Velho, o governo enviou ajuda aos bandeirantes. Cerca de 6 mil homens, todos bem
armados, fizeram uma ofensiva mortal contra Palmares.
Ao final do combate, o quilombo foi destruído e a sua população, massacrada. Zumbi conseguiu
escapar ao cerco, mas foi preso e morto em 20 de novembro de 1695, após muitas perseguições nas
matas. O Quilombo de Palmares foi a maior ameaça ao regime escravista e ao sistema econômico
dominante. Por isso, a punição ao seu líder foi humilhante e exemplar: a sua cabeça foi cortada e
exposta em praça pública na cidade do Recife.
A memória de Zumbi, no entanto, permaneceu viva como símbolo da resistência negra à violência
da escravidão. O dia de sua morte é lembrado atualmente como o Dia da Consciência Negra.
Saiba mais: Demarcação de terras indígenas — como é feita, qual a importância, conflitos e reservas
Atualmente, o maior quilombo em extensão territorial do Brasil é ocupado por mais de 4 mil
membros do grupo kalunga. Isolados por séculos, os kalungas criaram uma cultura única. Supõe-
se que os kalungas sejam descendentes de escravos fugidos e libertos que trabalhavam nas minas
de ouro de Goiás e que se refugiaram no Vão das Almas, em meio a serras de difícil acesso no
nordeste goiano.
O território kalunga abriga algumas das cachoeiras mais belas da Chapada dos Veadeiros, muitas
das quais só os kalungas sabem acessar.
A cachoeira de Santa Bárbara, que é considerada uma das mais bonitas do mundo, está dentro do
território kalunga, em Goiás. Para chegar até lá, os turistas precisam de um guia quilombola.