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TCC – TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

COORDENAÇÃO DE ENGENHARIA ELÉTRICA

ANÁLISE TÉCNICA E ECONÔMICA DE UM SISTEMA DE REDE DE


DESTRIBUIÇÃO TELEMEDIDA.

ALUNOS: IGOR CAJÁ DOS SANTOS


RAILAN MACHADO DOS SANTOS ORIENTADORA:
Msc ANTÔNIA FERREIRA DOS SANTOS CRUZ
Universidade Salvador – UNIFACS, Coordenação de Engenharia
Elétrica E-mail para contato: railan10@hotmail.com

RESUMO

Perdas não técnicas e inadimplência representam prejuízos para as concessionárias de energia e seus
consumidores, estão ligadas as variáveis socioeconômicas e culturais. Embora estejam fortemente
associados aos consumidores de baixa renda, também costumam estar presentes nas periferias das regiões
centrais. Nesse cenário, este trabalho apresenta os resultados obtidos com a implantação da rede SMC
(Sistema de medição centralizada) no bairro da Itinga, localizado no município de Lauro de Freitas – BA.
Palavras-chave: Telemedição, perdas, distribuição, perdas não técnicas, sistema de medição centralizada.

ABSTRACT

Non-technical losses and default represent losses for energy concessionaires and their consumers, they are
linked to socioeconomic and cultural variables. Although they are strongly associated with low-income
consumers, they are also usually present on the outskirts of central regions. In this scenario, this work presents
the results obtained with the implementation of the SMC network (Centralized measurement system) in the
neighborhood of Itinga, located in the municipality of Lauro de Freitas - BA.
Keywords: Telemetering, losses, distribution, non-technical losses, centralized metering system.

1. INTRODUÇÃO

Com o crescimento populacional o índice de energia consumida está cada vez maior.
Segundo ABRADEE (Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica, 2019) o
Brasil dispõe de mais de 85 milhões de unidades consumidoras (UC), termo referido a
instalação que recebe energia em apenas um ponto com medição individual, tendo em vista
isso cada vez mais estudos são realizados a fim de eficientizar a utilização dos recursos
energéticos.
Conforme publicado pela ABRADEE apenas 86,5% da energia gerada chega até o
consumidor final, sendo essas perdas calculadas conforme o PRODIST (regras e
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procedimento da distribuição) modulo 7, resolução instituída pela ANEEL (Agência Nacional


de Energia Elétrica). As perdas de um sistema são calculadas através do decréscimo da
energia gerada e a energia faturada, sendo classificada em dois blocos, perdas técnicas e
perdas não técnicas ou comercial, as perdas técnicas estão ligadas aos fenômenos físicos
e químicos intrínseco ao processo de transformação e transmissão de energia, exemplo
disso são as perdas por efeito joule e perdas por transformação, já as perdas não técnicas
ou comercial estão vinculadas a todo e qualquer consumo de energia não registrada.
Estudos da ABRADEE (2019), informam que 72,25 milhões de unidades
consumidoras ligadas a rede são residenciais, tais UCs estão espalhadas por toda extensão
do território brasileiro, onde sua verificação e medição ainda é feita de forma manual, ou
seja, se faz necessário o deslocamento de um profissional até a unidade para realizar os
mais diversos serviços. Tal arquitetura gera uma fragilidade no repasse de suas
informações, gerando assim espaço para erros de procedimento e desvios de energia ou
perdas comerciais.
Visando otimizar o sistema de distribuição cada vez mais concessionarias vem
adotando o sistema de medição centralizada, sistema que busca reduzir o escopo de
atividades realizadas de forma manual, trazer confiabilidade ao sistema e otimizar a gestão
das perdas comerciais.
Analisando o cenário, o presente trabalho tem como objetivo analisar os resultados
obtidos após a implantação de uma rede de distribuição telemedida no bairro de Itinga,
Lauro de Freitas-BA, no que se diz respeito a viabilidade técnica e econômica. A análise irá
levantar pontos como índice de inadimplência e as perdas não técnicas do sistema antigo
e confrontar com as tecnologias do sistema de telemedição.

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 REDE DE ENERGIA ELÉTRICA
A energia que vai até os consumidores finais chega através de cabos, de forma
resumida esse trajeto é formado por 3 grandes blocos, geração, transmissão e distribuição.
Onde o bloco da geração é formado em suma maioria por fontes hidráulicas.
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As redes de transmissão de eletricidade seguem o modelo trifásico, compostas por


três fases fazendo com que existam três conjuntos de cabos de cada lado juntamente com
um cabo no topo que é conhecido como cabo de guerra. Constituído por metais de grande
resistência mecânica, a fim de suportar e fixar os cabos que são revestidos por camadas
isolantes.
Contudo para chegar aos centros consumidores, a energia elétrica tende a passar
por determinadas subestações, onde acontece o processo de transformação de tensão
elétrica a fim de regular conforme a necessidade, portanto as transmissoras comandam as
redes de alta tensão, permitindo que as distribuidoras levem a energia de forma segura aos
seus usuários.
Existem três modelos de linhas de transmissão no Brasil, sendo categorizado pela
faixa de tensão que é dada em kV (Kilo Volt, ou milhares de Volt), elas são classificadas
através dos códigos A1(Tensão de fornecimento ≥ 230 kV), A2 (Tensão de fornecimento
entre 88 kV e 138kV) e A3 (Tensão de fornecimento de 69 kV).
Ao sair das unidades geradoras as linhas transmissão escoa a energia até os pontos
que são chamadas de subestações de transmissão, onde sua principal função é aumentar a
tensão a níveis de milhares de volts, fazendo com que a energia percorra grandes distancias
com o menor percentual de perdas, para realizar tais manobras se faz necessário o uso de
equipamentos como transformador. Existe outros equipamentos que fazem parte da
subestação de transmissão, são elas as chaves seccionadoras utilizadas para manobras de
manutenção, disjuntores e equipamentos de medição e proteção do sistema.
As linhas de distribuição estão fisicamente conectadas com o sistema de transmissão,
essa linha é a rede de energia elétrica que se ramifica ao longo da cidade por ruas e
avenidas com o intuito de distribuir energia aos consumidores finais
Ao comparar a construção do sistema de distribuição com o de transmissão é notório
que ambos se assemelham, a rede de distribuição também é formada por ramais
condutores, sistema de proteção, medição e controle das redes elétricas, porém, por conta
das suas ramificações, a rede de distribuição se torna muito mais extensa pelo fato de ter
que chegar aos endereços dos seus consumidores.
Apesar das redes com as tensões de 69 kV fazerem parte das linhas de transmissão,
a maioria dessas redes são administradas pelas empresas de distribuição. Junto com as
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redes de sub transmissão, as concessionárias operam as redes de média (tensão entre 2,3
kV e 44 kV) e baixa tensão (tensão entre 110 V e 440 V), conhecidas por redes primarias e
secundarias.
Tanto as redes de baixa e média tensão são fixadas em postes de concreto, sendo
que a média fica no topo do poste e a de baixa em uma altura inferior. A rede secundaria
tem o dever de levar a energia elétrica até os clientes sejam eles residências, pequenos
comércios e até mesmo algumas micro indústrias, já os de médio porte tem a sua energia
elétrica direto da rede primaria, porém, tendo a responsabilidade de transformar os níveis
de tensão para níveis usual.
2.2 Tipos de perdas no sistema elétrico de energia
Os tipos de perdas no sistema elétrico de distribuição podem ser classificados como,
perdas técnicas e não técnicas, os dois tipos representam prejuízo na arrecadação das
concessionárias de energia, todas reguladas pela ANEEL, e quando excedem o limite
regulatórios recebem desconto em suas receitas. (BERNARDON,2016)
O efeito Joule é um dos motivos de perdas técnicas na rede de distribuição, que são
gerados no transporte da energia, assim como as perdas dielétricas e nos transformadores.
As ligações clandestinas e modificações no medidor são as principais causas das perdas
não técnicas que ocorrem principalmente pelos furtos de energia. A figura 1 demostra as
etapas de um sistema de distribuição de energia de 100 MWh e seus percentuais de perdas.

Figura 1 – Perdas do sistema elétrico


Fonte – ANEEL
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Periodicamente a ANEEL realiza estudos de perdas técnica e não técnica, na figura


2, podemos perceber que o percentual das perdas técnicas em 2020 é o maior nos
últimos 12 anos, aumento esse que pode estar atrelado a vários aspectos como
pandemia e desemprego.
Esse tipo levantamento feito na agência nacional é consultado anualmente pela
Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) que define os valores a serem
rateado na tarifação, 50% geração, 50% consumidor, ou seja, a perda da distribuição
causa o aumento na tarifa, ainda analisando o gráfico é possível perceber que as perdas
técnicas no sistema de distribuição quase se mantem constante enquanto as perdas não
técnicas tiveram um aumento de 1%.

Figura 2– Perdas no período de 2008 a 2020.


Fonte – ANEEL (2020)
2.3 Topologia Atual
Estudos realizados pela GESEL – Grupo de estudos do setor elétrico, as principais
causas das perdas não técnicas são as inadimplências, defeito e fraude no medidor,
ligações indevidas e erro de leitura do equipamento de medição.
Com um intuído de inibir e evitar as perdas não técnicas as concessionárias estão
investindo cada vez mais em software de análise de consumo como exemplo disso o
HEMERA e em arquitetura de redes cada vez mais complexas como, caixa blindadas e
blindagem de redes.
No atual sistema o HEMERA ler desvios nos padrões de consumo de energia e gera
notas de serviço de inspeção para que as empresas responsáveis possam ir em campo
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fazer as verificações, porém, notas geradas em bairros considerados como área de risco
onde a criminalidade não permite a execução dos serviços, locais de difícil acesso como
áreas de zonas rurais e zonas litorâneas e unidades onde os clientes impedem a realização
do serviço ainda permanecem no processo sem as devidas tratativas. Outro grande
problema no atual modelo é a reincidência das unidades que são pegas com as ligações
clandestina ou desvio de energia que em sua maioria retornam a clandestino após a
abordagem da concessionaria.
Devido a vigente arquitetura do sistema de distribuição torna-se muito fácil realizar e
se manter no desvio de energia uma vez que o equipamento de medição e sua linha
secundaria de distribuição é de fácil acesso ao cliente como mostra a imagem 3 e 4.

Figura 3 – Detalhes da ligação do medidor.


Fonte – JONAS ALEXANDRE (2021)
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Figura 4 – Detalhes da ligação do medidor.


Fonte – JONAS ALEXANDRE (2021)

As condições estabelecidas para fornecer energia elétrica para as unidades de baixa


e média tensão, que chegam até 75 KW, que são ligadas a rede de distribuição são
fornecidas pelas normas da ABNT com as legislações vigente, tendo a sua distribuição
administrada pela Neoenergia em algumas regiões do Brasil.
A caixa de medição é responsável por manter o equipamento de medição em
segurança, já a de proteção é onde fica o disjuntor, as duas caixas são definidas pelo tipo
de ligação da unidade (Monofásica, bifásica ou trifásica). A ligação trifásica pode ser
dividida em três modelos, convencional, SAGA e TC, sendo classificada pela demanda
informada.
O padrão de entrada nada mais é que a junção do equipamento de medição junto
com os materiais de conexão entre a rede de distribuição e o circuito residencial depois do
sistema de proteção (disjuntor) da unidade consumidora. O padrão de entrada é formado
pela caixa de medição, sistema de aterramento e proteção, condutores e pontalete,
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estrutura utilizada para alçar o ramal de ligação.


As normas para realizar a ligação da unidade consumidora do estado da Bahia estão
disponíveis no site da Neoenergia, todo processo de montagem do padrão é de
responsabilidade do consumidor conforme art. 40 da REN N 1000/2021.
2.4 Blindagem de Rede
Um dos processos utilizados para minimizar os desvios de energia na rede secundária
é a blindagem da rede, esse tipo de ação visa retirar a facilidade do acesso a mesma, com
a arquitetura como baixa tensão zero e rede aérea transversal.
A rede de baixa tensão zero é um modelo empregado onde a alimentação da rede é
feita por transformadores blindados de até 30 KVA, essa configuração funciona da seguinte
forma, um barramento ao lado do transformador distribui a energia para as UCs próxima a
região. Apesar de dificulta o acesso a rede essa modalidade de rede traz algumas restrições
pois as UCs não podem estar tão distante do transformador pois isso causaria perdas
técnicas e uma queda de tensão.
O modelo de rede aérea transversal alimenta uma concentradora no mesmo nível da
rede de média tensão, dificultando ainda mais o acesso, conforme mostra a figura 5.

Figura 5 – projeto ampla chip


Fonte – ABRADEE (2016)
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Difundindo todos os modelos descritos anteriormente surge o conceito do sistema de


medição centralizada, SMC, uma arquitetura de rede que é a junção dos modelos de
blindagem de rede e a análise de dados do HEMERA. Nesse modelo a rede secundaria
passa a esta no mesmo nível da rede primaria e os medidores que antes eram instalados
no padrão de entrada da unidade consumidora agora se encontram em caixas que estão
instaladas em postes na altura da rede de distribuição, essa mudança também altera os
tipos de medidores, que agora passam a ter um sistema telemedido que permite a extração
da leitura, corte e religação de maneira remota.
2.5 Sistema SMC
O SMC é um sistema que utiliza uma topologia de rede do modelo RF mesh, onde os
concentradores secundários (CS) transmitem informação entre si, esse modelo empregado
permite que a informação não seja perdida caso uma das concentradoras tenha algum
problema, a figura 6, referência o modelo.
Os concentradores secundários onde estão empregados os medidores se comunicam
com os concentradores primários (CP) que por sua vez emitem as informações para a sede
através da comunicação GPRS.

Figura 6 – SMC
Fonte – ABRADEE (2016)
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2.6 Concentrador Primário


O concentrador primário é o equipamento utilizado para receber as informações do CS
e transmitir para a concessionaria, formado por CPU, radio, remota, fonte e disjuntor. Esse
equipamento se torna crucial para que o sistema funcione de forma correta, uma vez que
qualquer problema em seu funcionamento acarretara uma falta de informação do consumo
dos clientes dessa rede. Normalmente quantidades menores de CS são empregadas ao
equipamento afim de reduzir danos em caso de falha.
O concentrador primário tem seu funcionamento administrando os CS e seus módulos,
garantindo a formação de uma rede, atividades como envio de informação e comandos
estão dentro do seu escopo. Uma atividade periódica do CP é a execução da função polling,
função esta que valida a comunicação e o funcionamento com os módulos do CS e coleta
suas informações de consumo, alarme e log de erro, a periodicidade dessa função é
estabelecida pelo controlador da rede. A imagem 7 mostra sua estrutura.

Figura 7 – Estrutura CP
Fonte – STEPHANY (2019)
2.7 Concentrador Secundário
Equipamento utilizado para armazenar os medidores inteligente, com sua capacidade
máxima de 12 medidores por concentrador,
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é constituído por módulos de medição, CPU, radio e disjuntor. Cada CS e modulo de ligação
possuem um ID na rede, não podendo ter outro igual, pois, a central não saberia identificar.
Esses equipamentos através de sua CPU possui um alarme de abertura de caixa.
Os módulos de medição componente presente no CS, são responsáveis pela leitura
do consumo da UC, corte e religação. Esses componentes possuem uma memória pois
caso o sistema venha a perder a conexão sua memória armazenará os dados, normalmente
são monofásicos e utilizam arranjos para atender UCs polifásicas, tal equipamento vem
acompanhado de um display podendo ser um par ou independente. A figura 7 demostra a
arquitetura de um CS.

Figura 8 – Estrutura CS
Fonte – INMETRO (2016)
2.8 Terminal de Leitura Individual
O TLI, (terminal de leitura individual) é um equipamento instalado no limite da
propriedade da UC para exibir os dados do consumo do cliente, esse equipamento é
obrigatório segundo a resolução 414 art. 79 da ANEEL. A figura 9 demostra o mesmo.
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Figura 9 – TLI
Fonte – INMETRO (2016)

2.9 Balanço Energético


Equipamento utilizado em sistema de telemedição em redes de baixa tensão que
comparar a energia de saída do transformador com a soma da energia consumida pelas
UCs. O medidor de balaço energético tem sua instalação feita no secundário do
transformador onde seus TCs fazem a medição por fase. Tais medidores auxiliam as
concessionarias a direcionar suas atividades de inspeção, uma vez que com essas
medições é possível mapear as áreas com maiores perdas comercial. A figura 10 demostra
o equipamento.
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Figura 10– Medidor E-650


Fonte – Landis (2022)

3. ESTUDO DE CASO

Itinga é um bairro localizado na cidade de Lauro de Freitas, Bahia, Brasil, com


dimensões de 3.7 km², sendo sua população a maior do município. Eleita em 2012, segundo
a SSP (Secretaria de segurança pública), um dos bairros mais perigosos da região
metropolitana de Salvador, ficando também no topo da lista da ONU no índice de taxas de
homicídio a cada 100 mil habitantes.
Devido a falta de segurança do local, serviços como os de fiscalização e cobrança são
efetuados em menor quantidade, causando assim uma falta de confiabilidade na rede de
distribuição e prejuízos no faturamento da contratada. Verificando os aspectos locais a
concessionária responsável pela região implementou o uso do SMC nos pontos mais
críticos no ano de 2021.
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O estudo realizado, verifica uma amostra em 50 de 121 unidades consumidoras,


localizadas na rua Rosa dos Santos, sendo elas 49 monofásicas e 01 bifásica, a figura 11
demonstra a atual estrutura SMC no local.

Figura 11 – Rede SMC Itinga


Fonte – Autor próprio 2022
Para as análises foram feitos o levantamento de 24 meses de consumo, 12 antes e
12 depois da instalação da rede SMC, a tabela 1 demonstra os valores obtidos.
QUANTIDADE CONSUMO MEDIO
PERIODO LOCAL
DE UC kW
Antes do Rua Rosa dos
50 4940,83
SMC Santos
Depois do Rua Rosa dos
50 5966,30
SMC Santos
Tabela 1 – Resultado da pesquisa
Fonte – Autor próprio 2022

Depois de verificar os dados, foi possível notar que houve um aumento de 21% na
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energia faturada, tendo em seu caso mais critico a unidade consumidora que teve um
aumento de mais de 300% em sua energia faturada, como mostra na tabela 2.
SEM SMC COM SMC
DATA DA LEITUR ENERGIA DATA DA LEITUR ENERGIA
LEITURA A FATURADA LEITURA A FATURADA
07.10.2021 26.189 935 07.11.2022 12.390 1231
08.09.2021 25.254 709 05.10.2022 11.159 1119
09.08.2021 24.545 705 06.09.2022 10.040 1145
08.07.2021 23.840 34 05.08.2022 8.895 1085
08.06.2021 23.806 69 06.07.2022 7.810 575
07.05.2021 23.737 36 04.06.2022 7.235 1124
08.04.2021 23.701 85 05.05.2022 6.111 1493
09.03.2021 23.616 80 05.04.2022 4.618 2403
05.02.2021 23.536 46 07.03.2022 2.215 394
07.01.2021 23.490 57 04.02.2022 1.821 180
07.12.2020 23.433 91 05.01.2022 1.641 0
06.11.2020 23.342 06.12.2021 1.641
Média = 258,8181 Média = 977,1818
Tabela 2 – Consumo dos 24 meses
Fonte – Autor próprio 2022

Utilizando o preço atual do kWh que é de R$0,95 e os valores de projeção obtidos


através do estudo, o aumento do faturamento de energia traria um resultado anual de R$
13419,19231.
Os valores totais das obras não foram divulgados, porém analisando os valores
unitário dos equipamentos temos o valor de R$ 62.618,66, como demonstrado na tabela 3.
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Valor Preço +
Descrição Quantidade ICMS Imposto
Unitário Imposto
CONCENTRADOR, PRIMARIO, R$
2,00 R$ 5.581,59 3% R$ 11.498,08
COELCECHIP 334,90
CONCENTRADOR, SECUNDARIO, R$
13,00 R$ 2.413,71 7% R$ 32.319,58
COELCECHIP 941,35
KIT, BALANCO, ENERGETICO, S/MED, R$
3,00 R$ 1.956,60 7% R$ 6.045,89
COELCECHIP 176,09
MED, ELE, 3F,45-280V, 2,5-10A, RF, R$
3,00 R$ 772,07 7% R$ 2.385,70
COELCECHIP 69,49
MODULO, MED, R$
51,00 R$ 125,51 7% R$ 6.593,04
1FCORTE/RELIG240VAC15-100A 192,03
TERMINAL, LEITURA, IND, 240V, LCD, R$
51,00 R$ 71,89 7% R$ 3.776,38
COELCECHIP 109,99
TOTAL R$ 62.618,66

Tabela 3 – Valores dos dispositivos


Fonte – Autor próprio 2022
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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir das análises e resultados obtidos através de implementações da tecnologia
SMC verificamos a compatibilidade da solução com a problemática da rede de distribuição
localizada no bairro da Itinga em Lauro de Freitas-BA, as análises demonstram a
recuperação de 21% da energia faturada.
A topologia SMC irá garantir a confiabilidade da rede no quesito de disponibilidade
de serviço, uma vez que tal modelo permite manobras remotas e garantir um maior
percentual de faturamento para concessionária, reduzindo assim os índices de perdas não
técnicas e distúrbios na rede.
Na confecção desse trabalho podemos observar o crescimento de tecnologias
voltadas para as redes de distribuição, tal como suas problemáticas perante a
concessionária.
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REFERÊNCIAS
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http://www.inmetro.gov.br/legislacao/pam/pdf/PAM006319.pdf. Acessado em: 12 set
2022.

EDP. Redes de distribuição aérea com sistema de medição centralizada - BTX.


Disponível em: https://www.edp.com.br/media/o1snzhmv/ptdtpdn0305042_v2.pdf.
Acessado em: 12 set 2022.

ABRADEE. Implementação de Rede RF Mesh IPv6 baseada em padrões abertos na


Medição Centralizada. Disponível em: http://abradee03.org/sendi2016/wp-
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LAURA MARIA. Impactos e benefícios do sistema de medição centralizada. Estudo


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https://www.dbd.puc-rio.br/pergamum/tesesabertas/1022231_2012_completo.pdf.
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GESEL. Perdas não técnicas: origens e possíveis soluções – o Caso Light.


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https://www.gesel.ie.ufrj.br/app/webroot/files/publications/38_castro211.pdf Acessado
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ADERALDO, Stephany Maria Almeida. Uso do sistema de medição concentrada


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ELÉTRICA NO SISTEMA ELÉTRICO NACIONAL –PRODIST MÓDULO 7 – CÁLCULO
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https://www2.aneel.gov.br/cedoc/aren2021956_2_6. Acessado em: 12 set 2022.

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