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PREFEITURA MUNICIPAL DE IPATINGA

ESCOLA MUNICIPAL PADRE BERTOLLO


Rua Inconfidência Mineira, s/n° - Cidade Nobre - 3829 8387

Aluno(a):______________________________________________________________________________ Turma:
_____

Disciplina: Professor (a): Natureza: Cód das habilidades:

Carga horária (módulo/aula): Data: ___/ ____ /2021

Colônias de exploração e colônias de povoamento

Durante muito tempo, atribuiu-se o sucesso econômico dos Estados Unidos ao tipo de colonização inicialmente
praticada na região norte do continente americano. Aí, ao contrário do que ocorreu no resto da América, não se
explorou a terra em busca de metais preciosos nem se produziu artigos agrícolas para o consumo externo. Em vez
disso, os colonos reproduziram nas colônias as mesmas condições de vida que tinham na Europa, com pequenas
propriedades e produção voltada para consumo interno.

“De acordo com essa visão, os ingleses teriam estabelecido “colônias de povoamento”, em oposição aos espanhóis e
portugueses, que fundaram de exploração”. Contudo, essa explicação não leva em conta inúmeras peculiaridades
presentes no desenvolvimento colonial do continente.

Tanto na América ibérica como na América inglesa existiram núcleos de povoa mento (pequenos vilarejos
construídos em torno de fortes militares, regiões portuárias, zonas de plantio). Tanto sob domínio inglês como sob
domínio ibérico, foram comuns as atividades agrárias destinadas ao mercado externo, com mão de obra escrava, e
produção econômica voltada para o consumo da população colonial. A diferença entre o domínio colonial ibérico e o
inglês na América foi de certa forma, a interferência dos governos metropolitanos no processo de colonização. Tanto a
Coroa espanhola como a portuguesa logo implantaram nas colônias estruturas administrativas e militares, dando
mostras de que se manteriam presentes em solo americano pelo tempo que fosse necessário.

Situação diversa aconteceu na América inglesa. No século XVII, as conturbações políticas na Inglaterra afastaram a
Coroa britânica de uma fiscalização colonial intensa, o que possibilitou aos colonos viverem sob uma liberdade
política, religiosa e econômica que não ocorria nos domínios da Espanha e de Portugal. A exploração dos recursos
naturais e a produção de manufaturas puderam ser desenvolvidas sem o controle tributário da administração
metropolitana. Além disso, houve ali certa liberdade religiosa, existindo colonos católicos, judeus e protestantes. O
mesmo não aconteceu na América ibérica ande houve a imposição do catolicismo.

Lendo textos ARTIGO DE JORNAL

O texto abaixo, de autoria de historiador Leandro Karnal, é um fragmento do livro História dos Estados Unidos: das
origens ao século XXI. Antes da parte escolhida abaixo o autor pergunta: "Por que os Estados Unidos são ricos e nós
não?". No desenvolvimento do texto, Karnal centra sua critica à idéia de que tudo tenha começado com a diferença de
colonização, na América ibérica, de exploração, e nas 13 colônias inglesas da América do Norte, de povoamento. Veja
alguns de seus argumentos.

Colonização ibérica e inglesa: comparações incômodas

A península Ibérica enviava ao Novo Mundo homens de toda espécie. Dentre os primeiros franciscanos que foram ao
México, por exemplo, estava Pedro Galante, parente do próprio imperador da Espanha. [...] Imaginar o Brasil povoado
só por ladrões e estupra dores é tão falso como supor que apenas intelectuais piedosos foram para as 13 colônias.

Decorridos cem anos do início da colonização, [...] constataríamos que a península Ibérica tornou-se mais urbana e
possuía mais comércio, maior população e produções artísticas mais "desenvolvidas" que a inglesa. Nesse fato vai
residir a maior facilidade dos colonos norte-americanos em proclamarem sua independência. As 13 colônias nascem
sem a tutela direta do Estado. Por ter sido "fraca", como veremos adiante, a colonização inglesa deu origem à
primeira independência vitoriosa da América. Quando a Coroa britânica tentou implantar um modelo sistemático de
pacto colonial, o resultado foi o desastre. Em suma, quando Londres tentou imitar Lisboa, já era tarde demais.

O mundo ibérico dá idéia de permanência. Construir e reformar ao longo de três séculos uma catedral como a da
Cidade do México não é atitude típica de quem quer apenas enriquecer e voltar para a Europa. A solidez das cidades
coloniais espanholas, seus traçados urbanos e suas pesadas construções não harmonizam com um projeto de
exploração imediata.
No limite cômico, aqueles que apelam para a explicação de colônias de povoamento e exploração parecem dizer que,
caso um colono em Boston no século XVII encontrasse um monte de ouro no quintal, diria: "não vou pegar este ouro
porque sou um colono de povoa mento, não de exploração; vim aqui para trabalhar, não para ficar rico e voltar".
Quando os norte-americanos encontraram, enfim, ouro na Califórnia e no Alasca, o comportamento dos puritanos não
ficou muito distante-do dos católicos das Minas Gerais. A cobiça, o arrivismo e a violência não parecem muito
dependentes da religião ou da suposta "raça".

Não é, certamente, nessa explicação simplista de exploração e povoamento que encontraremos as respostas para as
tão gritantes diferenças na América. Entender a especificidade das colônias inglesas na América do Norte significa falar
da Inglaterra moderna.

KARNAL, Leandro et al. História dos Estados Unidos: das origens ao século XXI. São Paulo: Contexto, 2008, p. 28-9

Discutindo os textos

a) O texto defende ou nega a idéia de que os colonos das 13 colônias eram de origem e cultura diferentes dos
da colonização ibérica?

b) Em qual colonização a tutela da metrópole foi mais fraca?

c) Qual explicação Leandro Karnal condena com firmeza ao explicitar as diferenças entre a colonização ibérica e
a inglesa na América do Norte.

Leia os fragmentos de textos abaixo e responda as questões a seguir:

Se vamos à essência de nossa formação, veremos que na realidade nos constituímos para fornecer açúcar, tabaco e
alguns outros gêneros; mais tarde, ouro e diamantes, depois, algodão e, em seguida, café, para o comércio europeu.
Nada mais que isso. É com tal objetivo, objetivo exterior, voltado para fora do país e sem atenção a considerações
que não fossem o interesse daquele comércio, que se organizarão a sociedade e a economia brasileira. [...] Virá o
branco europeu para especular, realizar um negócio; inverterá seus cabedais e recrutará a mão de obra de que
precisa; indígenas ou negros importados. Com tais elementos, articulados numa organização puramente produtora,
industrial, se constituirá a colônia brasileira.

PRADO JR., Caio. Formação do Brasil contemporâneo. São Paulo: Brasiliense, 1942. p. 31-32.

Os portugueses e os espanhóis transportaram, pelo Atlântico, não apenas mercadorias, mas preocuparam-se também
em levar para as colônias objetos, formas, erguendo cidades num esforço para produzir, em quantidade, símbolos de
dominação cultural. Era necessário delegar ao emigrado e seus descendentes a identidade que desfrutava como
antigo protagonista da cena européia. O que estava em questão não era apenas a sobrevivência do colonizador, mas
também a manutenção de sua plenitude cultural frente ao desafio imposto por outras civilizações. Se tomarmos, por
exemplo, as igrejas e todo o trabalho artesanal necessário para construí-las, teremos a medida daforça expressiva
contida em cada um de seus detalhes e o significado de sua presença na vida colonial.

SILVA, Janice Theodoro da. Descobrimentos e colonização São Paulo: Ática, 1991. p. 10.

1. Segundo Caio Prado Júnior, autor do primeiro texto, quais eram os interesse dos portugueses na colonização
daAmérica?

2. Segundo esse autor, qual era a essência da formação da colônia brasileira?

3. Para a autora do segundo texto, Janice Theodoro da Silva, quais eram as preocupações dos
portugueses eespanhóis no processo de colonização? Que exemplo ela cita?

4. Quais são as diferenças entre as idéias dos dois textos? Em sua opinião, porque essas diferenças existem?
Qualposição parece mais adequada?

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