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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DO TRABALHO DA ___ VARA

DO TRABALHO DE CAMPO GRANDE/MS.

TITO, nacionalidade, estado civil, desempregado, CPF. nº ...,


RG n° ...., residente e domiciliado na Rua ...., por intermédio de
seu advogado adiante assinado (PROCURAÇÃO EM ANEXO)
com escritório na Rua ..., onde recebe intimações, vem,
respeitosamente, perante Vossa Excelência, com fulcro nos
artigos 840, §1º C/C 769 da CLT, propor a presente:

RECLAMATÓRIA TRABALHISTA

Em face de PIZZARIA GOURMET LTDA., pessoa jurídica de


direito privado, CNPJ nº ..., situada na cidade de Campo Grande
no estado do MS, a seguir pelo RITO ORDINÁRIO, pelas razões
de fato e direito a seguir aduzidas.

PRELIMINARMENTE REQUER

• DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA

INICIALMENTE, afirma para os fins do art. 4º da Lei 1.060/50, com a nova


redação dada pela Lei 7.510/86 e nos termos do art. 5º, LXXIV, da Constituição
Federal, uma vez que não possuir recursos suficientes para arcar com as custas
do processo e honorários advocatícios, sem prejuízo do próprio sustento e de sua
família, conforme documento em anexo.

SÍNTESE DO CONTRATO DE TRABALHO

O Reclamante foi contratado pela Reclamada no dia 15/12/2018 para


exercer a função de entregador, na modalidade de turno durante 6 dias na
semana, com carga diárias a iniciar das 18h às 3h30, com intervalo de 40 minutos
para refeição, mediante remuneração de um salário mínimo de R$ 954,00
(Novecentos e Cinquenta e Quatro Reais).
Ocorre que o Reclamante sofreu um acidente de trabalho em uma de suas
entregas na casa de um cliente, ocorrendo que por equivoco do cozinheiro foi
mandado para entrega nesse cliente uma pizza de calabresa, sendo que o cliente
era alérgico a esse produto (linguiça), ao ver que a pizza divergia do pedido feito
o cliente tomado pela fúria começou a xingar e ameaçar Tito, e por fim soltou
seus cães de guarda, com ordem para atacar o mesmo. Mesmo correndo
desesperadamente o Reclamante foi mordido e arranhado pelos animais, sendo
gravemente lesionado.

Trata-se de típico acidente de trabalho nos termos do art. 19 da Lei


8.213/91 que dispõe:

“art. 19. Acidente de trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da
empresa ou de seu empregador doméstico ou dos segurados referidos no inciso VII do
art. 11 desta lei, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte
ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho”.

Não se trata de acidente de percurso, muito embora tenha ocorrido fora


das dependências da reclamada e em situação de trânsito do empregado, pois a
sua função era entregador com a utilização de motocicleta para o exercício da
função, enquadrando-se no inciso IV do art. 21 da Lei de Benefícios.

Em decorrência do acidente o reclamante ficou afastado pelo INSS por um


período de 30 dias.

Em 20 de setembro de 2019, após obter alta do INSS o Reclamante retornou


à empresa da reclamada para exercer sua função, porém foi surpreendido com a
dispensa e assim recebendo suas verbas rescisórias. Contudo, a reclamante foi
demitida em período de estabilidade, por se tratar acidente que sofreu devido a
sua ocupação, na empresa.

DAS DISPOSIÇÕES DIVERSAS RELATIVAS ÀS PRESTAÇÕES


Art. 118. O segurado que sofreu acidente do trabalho tem garantida, pelo prazo
mínimo de doze meses, a manutenção do seu contrato de trabalho na empresa, após a
cessação do auxílio doença acidentário, independente de percepção de auxílio-acidente.

Diante das afirmações supra citadas, o Reclamante jamais poderia ter sido
dispensado, devendo, portanto, ou o Reclamante ser reintegrado ou indenizado
pelo período a que faz jus sua estabilidade.

Auxílio-doença acidentário - B91

Benefício temporário, mensal, concedido ao trabalhador que ficar incapacitado para o


trabalho por mais de 15 dias consecutivos, por acidente ou doenças relacionadas ao
trabalho. Será recolhido o FGTS normalmente durante o período em que o trabalhador
permanecer afastado (lei 8.036, de 11/5/1990, art. 28).

O tempo de afastamento será computado para fins de aposentadoria por


tempo de contribuição (decreto 3.048, de 6/5/1999). Estabilidade no emprego: 12
meses após a cessação do auxílio-doença acidentário (lei 8.213 de 24/7/1991, art.
118).

DA CTPS

Erroneamente a Reclamada resolveu por bem efetuar a baixa na Carteira


de Trabalho do Reclamante, no entanto, uma vez ocorrendo a reintegração, esta
deverá ser retificada.

DOS SALÁRIOS

No caso de reintegração deverá serem pagos os salários da data da


demissão até que ocorra a reintegração do Reclamante, e, no caso de não
reintegração, faz jus o Reclamante ao pagamento dos salários referente ao
período de um ano, compreendendo o período de 20.09.2018 a 20.09.2019.

DOS DÉCIMOS TERCEIROS


Caso não ocorra a reintegração, deverá a Reclamada ser condenada ao
pagamento do décimo terceiro de 2.019 e 13º proporcional (1/12 avos).

DAS FÉRIAS e 1/3 CONSTITUCIONAL

No caso de não reintegração deverá a Reclamada ser condenada ao


pagamento de férias vencidas acrescidas de 1/3 constitucional.

DO F.G.T.S. e MULTA DE 40%

A Carta Magna imputa o depósito de 8% (oito porcento) sob o salário do


obreiro, ao fundo de garantia por tempo de serviço, para ser sacado após rescisão
contratual “sem justa causa”, com intuito de assegurar uma sobrevivência digna
até que se tenha um novo labor.

Deverá a Reclamada, no caso de não reintegração a comprovar os


depósitos fundiários, bem como possibilitar a entrega das competentes guias
para levantamento dos valores depositados juntamente com a multa de 40% ou
a condenação ao pagamento dos mesmos em pecúnia.

DO DANO MORAL

O referido dano é pressuposto legal para atribuições do dever de


indenizar pelos danos morais, que ficou da mesma forma evidenciada.
Entretanto, há de se atentar para o dano moral, pois o acidente tem-lhe trazido
vários dissabores na sua vida profissional, como também particular.

Certo é que, evidenciada a culpa da Requerida, dando causa ao evento


danoso (divergência no pedido do cliente acarretando ao ataque dos animais),
perfeitamente previsível, reputasse-lhe a obrigação de ressarcir os prejuízos por
não ter respeitado a integridade física e moral do Requerente.
DO PEDIDO

Pelo exposto Pleiteia:

a) A notificação da Reclamada, no endereço declinado no preâmbulo, para


querendo, comparecer à audiência inicial e responder aos termos da presente
Reclamação, sob pena de revelia e confissão;

b) A condenação da Reclamada ao pagamento de todos os salários do


Reclamante, referente ao período de estabilidade do reclamante, ou seja, 12
meses, desde a data em que este deixou de receber o auxílio doença do INSS, bem
como os reflexos nas verbas contratuais (13º salário, férias mais 1/3, DSR, FGTS),
cujos valores deverão ser apurados em cálculos de liquidação;

c) Requer ainda, que ao final depois de decorridos os tramites legais, uma


vez reconhecida à culpa da Reclamada, o que é patente, seja acolhido
integralmente os pedidos, julgando a TOTAL PROCEDÊNCIA da mesma para
condenar a Reclamado a todos os pedidos ora pleiteados e ao pagamento de uma
indenização por danos morais ao Reclamante, que sugerimos ao menos R$
20.000,00 (vinte mil reais), mais correção monetária e juros de mora a partir da
sentença condenatória, pelos motivos acima relacionados, quantia considerável
para compensar-lhe os prejuízos morais já descritos;

d) A concessão dos benefícios da gratuidade de justiça, uma vez que o


reclamante é pobre, nos termos da lei, e não tem condições de arcar com as
despesas processuais sem prejuízo do sustento próprio e familiar;

e) A condenação da Reclamada ao pagamento das custas processuais e


honorários advocatícios, nos termos do art. 20, §3º, do CPC;

DAS PROVAS

Protesta provar o alegado por todos os meios de prova admitidos em


direito, especialmente pelo depoimento pessoal do Reclamado, oitiva de
testemunhas, prova documental, prova pericial, sem prejuízo de outras provas
eventualmente cabíveis.

DO VALOR DA CAUSA

Dá-se a causa o valor de R$ 40.882,40 (Quarenta Mil e Oitocentos e Oitenta


e Dois Reais e Quarenta Centavos).

Termos em que,
Pede deferimento.

Campo Grande, MS ... outubro de 2018.

Advogado

OAB … nº …

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