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CA10
CA10
ARMADO
APLICADO EM
PILARES, VIGAS
PAREDE E
RESERVATÓRIOS
Dimensionamento
de pilares
intermediários
Caroline Silva Sena
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Introdução
Nos projetos estruturais de concreto para edificações, os pilares são classifi-
cados como pilares intermediários, pilares de extremidade e pilares de canto.
Para cada um desses pilares, há uma situação de projeto diferente, ou seja,
cada um deles depende do tipo de solicitação atuante (compressão simples e
flexão composta normal ou oblíqua).
No pilar intermediário, a solicitação atuante é a compressão simples (ou cen-
trada) na situação de projeto, pois, como as lajes e vigas são contínuas sobre o
pilar, é possível admitir que os momentos fletores transmitidos ao pilar sejam
pequenos e desprezíveis. Logo, não existem os momentos fletores MA e MB de 1a
ordem nas extremidades do pilar (BASTOS, 2015).
2 Dimensionamento de pilares intermediários
Pilares intermediários:
um roteiro de cálculo
No Brasil, a norma vigente para projeto de estrutura de concreto é a ABNT NBR
6118:2014 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2014), documento
que estabelece os requisitos básicos para os projetos de estruturas de con-
creto armado (lajes, pilares e vigas). Partindo das orientações dessa norma,
a seguir vamos apresentar um roteiro de cálculo para pilares intermediários.
Esforços solicitantes
No processo de dimensionamento dos pilares em geral, inicialmente são
calculados os esforços solicitantes. No pilar intermediário, considera-se a
compressão centrada — Nk é o somatório de todas as cargas verticais atuan-
tes na estrutura. Para a situação de projeto (Figura 1), essa força normal de
cálculo deve ser majorada pelos coeficientes γn e γf.
Situação de projeto
y
Nd x
Nd = γn ∙ γf ∙ Nk
onde:
b (cm) ≥19 18 17 16 15 14
1
25 + 12,5 ∙
= ℎ , com 35 ≤ ≤ 90
1 1
onde:
Índice de esbeltez
O índice de esbeltez é definido pela relação entre o comprimento equivalente
e o raio de giração (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2014):
onde:
=√
= 3,46 ∙
ℎ
onde:
le = comprimento equivalente;
i = raio de giração;
I = momento de inércia;
A = área transversal do pilar;
h = seção transversal do pilar na direção considerada.
Dimensionamento de pilares intermediários 5
Conforme a NBR 6118:2014 (item 15.8.1), o índice deve ter esbeltez menor ou
igual a 200 (λ ≤ 200) em pilares. Apenas no caso de elementos pouco compri-
midos, com força normal menor que 0,10 ∙ fcd ∙ Ac, o índice de esbeltez pode ser
maior que 200. Quando os pilares apresentarem um índice de esbeltez superior
a 140, na análise dos efeitos locais de 2ª ordem, será necessário multiplicar
os esforços solicitantes finais de cálculo por um coeficiente adicional γn1 = 1
+ [0,01 ∙ (λ – 140)/1,4] (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2014).
onde:
2
1
, = 1 ,mín + ∙ ∙ ≥ 1 ,mín
10
2
1
2 = ∙ ∙
10
onde:
1 0,005 0,005
= ≤
ℎ ∙ ( + 0,5) ℎ
=
∙
onde:
, , ,
, =
ℎ ,, ,∙ ∙
onde:
′ ,
ℎ ,
8 Dimensionamento de pilares intermediários
=
∙
onde:
′ ,
ℎ ,
onde:
d' = c + ϕt + ϕλ/2
onde:
■ c = cobrimento de concreto;
■ ϕt = diâmetro do estribo;
■ ϕλ = diâmetro da barra longitudinal.
∙ ∙
=
Armaduras longitudinais
As armaduras longitudinais colaboram para que a estrutura resista à compres-
são, diminuindo a seção do pilar, além de resistirem às tensões de tração. Para
esse tipo de armadura, a NBR 6118:2014 estabelece os critérios apresentados
a seguir (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2014).
As,máx = 8% ∙ Ac
Armaduras transversais
Nos pilares, a armadura transversal é composta por estribos e, em certos
casos, por grampos suplementares. O pilar deve ser armado em toda a sua
altura, e a armadura transversal deve obrigatoriamente ser colocada na
região de cruzamento com vigas e lajes. Ressalte-se que o “[...] diâmetro dos
estribos em pilares não pode ser inferior a 5 mm nem a 1/4 do diâmetro da
barra isolada ou do diâmetro equivalente do feixe que constitui a armadura
longitudinal” (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2014, p. 151).
As principais funções dos estribos nos pilares são:
Detalhamento do pilar
O uso de softwares para a realização de um projeto estrutural é muito comum,
pois torna a tarefa mais fácil e rápida. Porém, quando essas ferramentas são
utilizadas sem um estudo prévio, ou por um profissional não experiente, a
estrutura pode ser dimensionada de forma errada. Portanto, conhecer alguns
detalhes construtivos de um pilar é de fundamental importância.
No que diz respeito ao número mínimo de barras, a NBR 6118:2014 estabe-
lece que, em seções poligonais, deve existir pelo menos uma barra em cada
vértice; e, em seções circulares, no mínimo seis barras distribuídas ao longo
do perímetro (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2014).
O espaçamento entre os eixos das barras deve ser menor ou igual a duas
vezes a menor dimensão da seção no trecho considerado, sem exceder 40 cm
(ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2014):
≤
{ 40 cm
2
{
20 cm
≤ 12 − CA − 50
Menor seção
Dimensionamento de pilares intermediários 11
Exemplo
Vamos dimensionar a armadura longitudinal vertical do pilar mostrado na
Figura 2.
Dados do pilar:
Esforços solicitantes
A força normal de cálculo é:
Nd = γn ∙ γf
Nd = 1,4 ∙ 1.350 = 1.890 kN
Índice de esbeltez
O índice de esbeltez deve ser calculado para as direções x e y:
280
= 3,46 ∙ = 3,46 ∙ = 19,376
ℎ 50
280
= 3,46 ∙ = 3,46 ∙ = 69,2
ℎ 14
Esbeltez limite
1
25 + 12,5
= ℎ , com 35 ≤ ≤ 90
1 1
Momento de 2ª ordem
Para calcular o momento de 2ª ordem, utilizaremos o método pilar-padrão
com curva aproximada.
Direção x
1.890
= = = 0,82
∙ 700 ∙ 2,14
2
1
, , = 1 ,mín + ∙ ∙ ≥ 1 ,mín
10
2802
, , = 2.368,8 + 1.890 ∙ ∙ 2,7 ∙ 10−4 = 4.9806,06 kN
10
Direção y
Cálculo de μ
, , , 3.830
= = = 0,01
ℎ ,, ,∙ ∙ 50 ∙ 700 ∙ 2,14
, , , 3.701,25
= = = 0,26
ℎ ,, ,∙ ∙ 14 ∙ 700 ∙ 2,14
14 Dimensionamento de pilares intermediários
Cálculo de ν
1.233,7
= = = 0,83
∙ 700 ∙ 2,14
′
= 0,26
ℎ,
O ábaco escolhido foi o A-5 de Venturini (1987), e o valor de encontrado foi 0,95.
Área de aço
1233,7
,mín = 0,15 ∙ ≥ 0,004 ∙ 700
43,48
,mín = 4,26 ≥ , !
Dimensionamento da armadura
Para escolher a quantidade de barras para a armadura longitudinal, vamos utili-
zar área de aço de 8,85 cm², conforme Quadro 2. Observa-se que, para essa área
de aço, podemos usar 8 barras de 12,5 de diâmetro na armadura longitudinal.
Quadro 2. Detalhamento da armadura longitudinal
Área de aço
mm — 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
4.2 CA-60 0,14 0,28 0,42 0,56 0,7 0,84 0,98 1,12 1,26 1,4
5.0 CA-60 0,196 0,392 0,588 0,784 0,98 1,176 1,372 1,568 1,764 1,96
6.3 CA-50 0,31 0,62 0,93 1,24 1,55 1,86 2,17 2,48 2,79 3,1
10.0 CA-50 0,785 1,57 2,355 3,14 3,925 4,71 5,495 6,28 7,065 7,85
12.5 CA-50 1,22 2,44 3,66 4,88 6,1 7,32 8,54 9,76 10,98 12,2
16.0 CA-50 2,01 4,02 6,03 8,04 10,05 12,06 14,07 16,08 18,09 20,1
20.0 CA-50 3,14 6,28 9,42 12,56 15,7 18,84 21,98 25,12 28,26 31,4
25.0 CA-50 4,91 9,82 14,73 19,64 24,55 29,46 34,37 39,28 44,19 49,1
32.0 CA-50 8,04 16,08 24,12 32,16 40,2 48,24 56,28 64,32 72,36 80,4
Dimensionamento de pilares intermediários
ϕt ≥ 5 mm;
ϕt ≥ ϕl/4 = 12,5/4 = 3,1 mm; logo, o diâmetro (ϕt) será de 5 mm;
espaçamento ≤ 20 cm;
espaçamento ≤ b = 20 cm;
espaçamento ≤ 12 ∙ 1,25 = 15 cm.
Referências
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Aço destinado a armaduras para
estruturas de concreto armado: especificação, NBR 7480. Rio de Janeiro: ABNT, 2007.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6118:2014: Projeto de estruturas
de concreto. Rio de Janeiro: ABNT, 2014.
BASTOS, P. S. S. Pilares de concreto armado. Bauru, SP: UNESP, 2015. Disponível em:
http://site.ufvjm.edu.br/icet/files/2016/08/apostila-pilares-unesp-prof-paulo-sergio.
pdf. Acesso em: 24 fev. 2021.
PINHEIRO, L. M.; BARALDI; L. T.; POREM, M. E. Concreto armado: ábacos para flexão
oblíqua. São Carlos: EESC-USP, 1994.
VENTURINI, W. S. Dimensionamento de peças retangulares de concreto armado solici-
tadas à flexão reta. São Carlos: EESC-USP, 1987.
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