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ESTRUTURAS

EM CONCRETO
ARMADO

Priscila Correa
UNIDADE 1
Introdução aos pilares
centrais, de borda
e de canto
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Diferenciar os três tipos fundamentais de pilares.


 Compreender as noções de contraventamento em estruturas.
 Explicar a diferença entre estruturas com nós fixos e nós móveis.

Introdução
Os pilares são elementos estruturais lineares de eixo reto, responsáveis
pela estabilidade vertical de uma edificação. Sua função principal é
receber as ações atuantes nos diversos níveis e descarregá-las nas
fundações. Os pilares são classificados conforme as solicitações iniciais
e seu índice de esbeltez.
Neste capítulo, você vai aprender a diferenciar os tipos de pilares e
onde cada um deles se encontra na edificação e, também, o tipo de
solicitação que cada um sofre.
Além disso, você verá como são nós em uma estrutura, sua deslo-
cabilidade e de que forma isso influenciará no comportamento final
da edificação.
2 Introdução aos pilares centrais, de borda e de canto

Tipos fundamentais de pilares


Pilares são elementos retilíneos, aos quais são solicitados esforços normais,
que provocam tensões de compressão. Em alguns casos, podem ser submetidos
a momentos fletores que podem causar flexo-compressão.
Quando estudamos pilares, devemos entender onde eles se posicionam na
estrutura, e isso vai influenciar diretamente no seu comportamento. Existem
três tipos de pilares: centrais, intermediários (de bordas) e de canto.

Pilares centrais
Pilares centrais são os pilares que estão localizados na região central de um
prédio. Sua particularidade é a continuidade de momentos nos dois sentidos.
Dessa forma, não se considera a excentricidade, devido à descontinuidade de
momentos (Figura 1).

Figura 1. Pilar central.

Na Figura 2, observam-se um corte do pilar e uma vista lateral, onde se


tem a reação normal sendo imposta no centro geométrico do pilar. Esse tipo
de pilar é solicitado ao esforço de compressão simples.
Introdução aos pilares centrais, de borda e de canto 3

Figura 2. Pilar central sendo solicitado ao


esforço normal.
Fonte: Adaptada de Bastos (2017).

Pilares de borda ou intermediários


Em um prédio, uma casa ou demais elementos, também existem pilares que
se situam em outros locais, como nas extremidades da edificação. Estes são
os chamados pilares de borda ou pilares de extremidade. Sua característica é
que, em um dos seus lados, não existe a continuidade de vigas. Dessa forma,
não existe um equilíbrio entre os momentos, conforme observado na Figura 3.

Figura 3. Esquema de um pilar intermediário


(de borda).
4 Introdução aos pilares centrais, de borda e de canto

Nesse tipo de pilar, tem-se uma excentricidade, que pode ser no eixo x ou
no eixo y, conforme visualizado na Figura 4. Essa excentricidade, aliada a
um esforço normal, cria um momento fletor. Assim, há dois esforços atuando
simultaneamente, ocorrendo flexão composta normal (ou reta).

Figura 4. Pilar intermediário sendo solicitado ao esforço normal, mais momento fletor em x.
Fonte: Bastos (2017).

Na Figura 5, você pode visualizar o pilar de borda com segmento de vigas


na outra direção, com excentricidade no eixo x e momento no eixo y.
Introdução aos pilares centrais, de borda e de canto 5

Figura 5. Pilar intermediário sendo solicitado ao esforço normal, mais momento fletor em y.
Fonte: Adaptada de Bastos (2017).

Pilares de canto
Nas extremidades de edifícios ou mesmo de uma caixa d’água, tem-se os pilares
de canto, que nada mais são do que pilares nos quais não se tem continuidade
das vigas. Desse modo, cria-se excentricidade nos dois sentidos (x, y), como
pode ser visualizado na Figura 6.
6 Introdução aos pilares centrais, de borda e de canto

Figura 6. Pilar de canto.

Nesse tipo de pilar, temos excentricidade nos eixos ao mesmo tempo, com
momentos fletores em x e y, Mx e My, conforme a Figura 7. Nesse pilar, devido
à presença das duas excentricidades, tem-se a flexão composta oblíqua, na
qual a linha neutra não passa pelo centro geométrico da seção.

Figura 7. Pilar de canto sendo solicitado ao esforço normal, mais momento fletor em y e em x.
Fonte: Adaptada de Bastos (2017).
Introdução aos pilares centrais, de borda e de canto 7

A flexão composta é uma combinação de esforço normal e momentos fletores. Existem


dois tipos de flexão composta: a reta e a oblíqua. Na flexão reta, temos apenas um
momento fletor atuando na seção, em função de o esforço normal estar aplicado em um
dos eixos. Já na flexão oblíqua, há dois momentos fletores atuando na seção, e a força
normal não está aplicada em nenhum dos eixos. Assim, temos duas excentricidades.

Esforços nas estruturas


As ligações das vigas com pilares em um edifício podem ser caracterizadas
como nós. Esses nós sofrem deslocamentos horizontais, quando são impostos ao
prédio diferentes tipos de carregamento, como cargas permanentes ou acidentais.
Esses carregamentos podem ocasionar esforços de primeira ou segunda ordem.
Para entender como se desenvolvem esses esforços, você deve compreender o
significado de não linearidade física e não linearidade geométrica.
A não linearidade física implica em materiais que não apresentam com-
portamento linear (Lei de Hooke) e que, quando são empregadas tensões,
apresentam um resquício de deformações depois que essas tensões são des-
carregadas, conforme visto na Figura 8.

Figura 8. Não linearidade física.


Fonte: Bastos (2017).
8 Introdução aos pilares centrais, de borda e de canto

A não linearidade geométrica surge em função das deformações do


material que produz esforços adicionais, além dos esforços diretos (primeira
ordem). Dessa forma, são produzidos esforços de segunda ordem, os quais,
no caso dos pilares, são chamados de momentos fletores M = F . a, como ser
visualizado na Figura 9.

Figura 9. Não linearidade geométrica.


Fonte: Bastos (2017).

Os três tipos de pilares podem ser submetidos a esforços de primeira e


segunda ordem. Esses esforços afetam diretamente os nós da estrutura e,
assim, pode-se ter nós fixos e nós móveis.

Estruturas de nós fixos e estruturas


de nós móveis
Existe uma convenção para avaliar se a estrutura é de nós fixos ou de nós
móveis. Quando os deslocamentos horizontais dos nós são pequenos, pode-
mos dizer que temos nós fixos. Nesse tipo de estrutura, os efeitos de segunda
ordem globais são menores que 10% do valor dos efeitos de primeira ordem;
portanto, podemos desprezar esses efeitos.
Introdução aos pilares centrais, de borda e de canto 9

Podemos ter também estruturas com deslocamentos horizontais grandes


e, nesse caso, precisamos considerar os esforços de segunda ordem globais.
Assim, os nós da estrutura são considerados nós móveis.
Para avaliar se uma estrutura é de nós móveis ou fixos, você deve utilizar
o parâmetro α ou o coeficiente γz, que são índices utilizados para verificar a
estabilidade do edifício. Podemos visualizar na Figura 10 como são os nós
fixos e os nós móveis.

Figura 10. Não linearidade geométrica: a) nós móveis, b) nós fixos.


Fonte: Fusco, Estruturas de concreto armado, solicitações normais, 1981.

O comportamento dos pilares depende do seu índice de esbeltez, que é a relação entre
o comprimento do pilar e o raio de giração. Quando se tem um índice de esbeltez mais
alto em relação à esbeltez limite, deve-se considerar os efeitos de segunda ordem.
10 Introdução aos pilares centrais, de borda e de canto

Noções de contraventamento em estruturas


Alguns elementos podem ser colocados na estrutura, a fim de reduzir seus
deslocamentos horizontais ou aumentar a rigidez do sistema. Esses elementos
são convencionados elementos de contraventamento.
Contudo, esses elementos podem ser subestruturas que ajudam no contra-
ventamento da estrutura global. Eles ajudam na absorção de esforços como o
efeito do vento e de sismos, garantindo a não deslocabilidade ou uma pequena
deslocabilidade dos pilares.
Existem diversos tipos de elementos que podem garantir o contraventamento
de uma estrutura. Na Figura 11, observa-se uma treliça que pode ser executada
no interior da edificação, ajudando na estabilidade global.

Figura 11. Estrutura de contraventamento (treliça).


Fonte: Portal Metalica [(200-?)].

Podemos ter também pilares paredes, que atuam como estruturas de con-
traventamento, enrijecendo a estrutura global (Figuras 12 e 13).
Introdução aos pilares centrais, de borda e de canto 11

Figura 12. Estrutura de contraventamento (pilares paredes).


Fonte: Castro (2012).

Figura 13. Estrutura de contraventamento (pilares paredes).


Fonte: Medeiros (2016).

Leia mais sobre pilares em concreto armado no artigo dis-


ponível no link ou código a seguir (CAMPOS FILHO, 2014):

https://goo.gl/uXyss2
12 Introdução aos pilares centrais, de borda e de canto

1. Quando se tem um pilar na considerar como resposta correta:


região central de um prédio, ele é a) são submetidos à flexão
caracterizado como pilar central. composta oblíqua.
Existem algumas proposições b) são submetidos à flexão
básicas que devem ser consideradas, composta reta.
quando se estuda esse tipo c) têm descontinuidades nas suas
de pilar. Assinale a alternativa vigas em apenas um sentido.
correta sobre pilares centrais. d) a linha neutra passa pelo
a) Não têm continuidade nas centro da seção.
vigas em dois lados. e) são submetidos apenas a
b) O esforço normal está aplicado esforços de segunda ordem.
no baricentro da seção. 4. Quando se avalia um prédio,
c) Possuem momentos fletores, pode-se imaginar como se sua
devido às excentricidades. estrutura inteira fosse composta
d) Possuem apenas efeitos por barras ligadas por nós. Em
de primeira ordem. relação a esses nós, pode-se
e) A linha neutra não passa considerar como resposta correta:
pelo seu baricentro. a) Nós móveis são aqueles que têm
2. Existem pilares que se localizam nas seus deslocamentos pequenos.
extremidades centrais de prédios, b) Nas estruturas de nós fixos,
também conhecidos como pilares de deve-se considerar os efeitos
borda. Nesse tipo de pilares, pode-se de segunda ordem globais.
considerar como característica: c) Nas estruturas de nós móveis,
a) a linha neutra passa não se deve considerar os efeitos
pelo baricentro. de segunda ordem globais.
b) possuem dois momentos, d) Utilizando-se subestruturas de
devido às excentricidades contraventamentos, é possível
nos dois eixos (x, y). diminuir os deslocamentos
c) têm apenas efeitos de verticais, e os nós móveis podem
segunda ordem. se transformar em nós fixos.
d) possuem momentos em e) Utiliza-se o tamanho do prédio
apenas um dos eixos. para avaliar se a estrutura
e) estão submetidos à flexão é de nó fixo ou móvel.
composta oblíqua. 5. Existem diversas formas para deixar
3. Os pilares que estão localizados o reticulado espacial mais rígido
nas extremidades de prédios, e (estrutura de um prédio). Sobre
que também podem ser de outros estruturas de contraventamento,
elementos estruturais (como uma a alternativa correta é:
caixa d’água), são chamados de a) A flexibilidade da estrutura
pilares de canto. Em relação a aumenta com a inclusão
esses tipos de pilares, deve-se de subestruturas.
Introdução aos pilares centrais, de borda e de canto 13

b) A ideia da subestrutura é d) O pilar sozinho já atua como


aumentar a capacidade estrutura de contraventamento.
portante de um elemento e) Quando se coloca
estrutural, em relação a esforços uma subestrutura de
como o efeito do vento. contraventamento, a ideia
c) Pilares paredes são considerados principal é aumentar a
elementos com pouca rigidez. deslocabilidade dos nós.

BASTOS, P. S. dos S. Pilares de concreto armado: estruturas de concreto armado II. Bauru:
UNESP, 2017. Disponível em: <http://wwwp.feb.unesp.br/pbastos/concreto2/Pilares.
pdf>. Acesso em: 8 dez. 2017.
CASTRO, L. C. L. B. Projeto estrutural de edifícios: sistemas estruturais. 2012. Disponível
em: <https://goo.gl/pz3ghA>. Acesso em: 10 dez. 2017.
FUSCO, P. B. Estruturas de concreto: armado solicitações normais e estados limites
últimos teoria e aplicações. São Paulo: LTC, 1981.
MEDEIROS, M. de F. Dimensionamento e detalhamento de pilares-parede. Monografia
(Trabalho de conclusão de curso em Engenharia Civil) - Universidade Federal do Rio
Grande do Norte, Faculdade de Engenharia, Natal, 2016. Disponível em: <https://
monografias.ufrn.br/jspui/bitstream/123456789/2309/1/dimensionamentoedetalha-
mentodepilares-parede_monografiaTCC_2016.pdf>. Acesso em: 8 dez. 2017.
PORTAL METALICA. [Edificios multiandares]. [200-?]. Disponível em: <http://wwwo.
metalica.com.br/images/stories/Id2195/ventos-edificios-multiandares.jpg>. Acesso
em: 8 dez. 2017.

Leituras recomendadas
CAMPOS FILHO, A. Projeto de pilares de concreto armado. Porto Alegre: UFRGS, 2014.
CRUZ, C. B. M; PINA, M. F. Fundamentos de cartografia. CEGEOP Unidades didáticas 29
a 41. Rio de Janeiro: LAGEOP/UFRJ, 2002. v. 2.
COMASTRI, J. A.; TULER, J. C. Topografia: altimetria. 3. ed. Viçosa: UFV, 2003.
SCADELAI, M. A.; PINHEIRO, L. M. Estruturas de concreto. In: PINHEIRO, L. M. Funda-
mentos do concreto e projeto de edifícios. São Carlos: USP/EESC, 2005.
SCADELAI, M. A. Dimensionamento de pilares de acordo com a NBR 6118: 2003. Dissertação
(Mestrado) Universidade de São Paulo, São Carlos, 2004.
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
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