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Propriedades Coligativas

Professor
Emanuel Lima
Propriedades Coligativas

O número de partículas de soluto dissolvidos em um solvente –


independentemente da natureza do soluto – atribui à solução formada (em
relação ao solvente puro) uma série de propriedades denominadas coligativas:

Principais propriedades coligativas

1- Tonoscopia
2- Ebulioscopia
3- Crioscopia
4- Osmoscopia

✓ As propriedades coligativas são propriedades de uma solução que dependem


do número de partículas do soluto e não da sua natureza.
Propriedades Coligativas

✓ Antes de estudar as propriedades coligativas, é importante aprender a


calcular, a partir de determinada quantidade de soluto, o respectivo
número de partículas que ficam dissolvidas;

Para isso dividiremos as soluções em dois grupos:

1- soluções moleculares
2- soluções iônicas

Obs. Tudo que veremos serão para soluções ideais (soluções diluídas de solutos
não-voláteis, nas quais não ocorrem variação de volume, nem troca de calor durante
a dissolução).
Propriedades Coligativas

✓ A molalidade (w) é a expressão de concentração de solução utilizada no estudo


das propriedades coligativas pelas seguintes razões:

✓ 1- É a única expressão que relaciona a quantidade de soluto dissolvido em


quantidade de massa do solvente (e não de solução);

✓ 2- É a unidade de concentração que não varia com a temperatura, já que está


relacionada à massa de solvente em vez de ao volume;

Mol/Kg
Propriedades Coligativas

Soluções moleculares

✓ São aquelas que possuem apenas moléculas como partículas dispersas;

✓ Nesse caso o No de partículas do soluto existentes na solução é igual ao No


de moléculas que foram dissolvidas no solvente;

✓ Ex: a Glicose C6H12O6(s) M = 180g/mol

De acordo com a constante de Avogadro:

1 mol de partículas (átomos, íons ou moléculas) equivale a aproximadamente 6,02 x


1023 partículas

Então ...
Propriedades Coligativas

Soluções moleculares

1 mol de partículas (átomos, íons ou moléculas) equivale a aproximadamente


6,02 x 1023 partículas

1 C6H12O6(s) → 1 C6H12O6(aq)
6,02 x 1023 moléculas 6,02 x 1023 moléculas

A massa molar equivale à massa de 1 mol de moléculas – ou de fórmulas mínimas no


caso de a substância ser iônica – e, portanto, a ≈ 6,02 x 1023 moléculas ou fórmulas
mínimas.

Então ...
Propriedades Coligativas
Soluções moleculares

Exemplo: Se dissolvermos 36 g de glicose na água, o número de moléculas na


solução será:
Resolução:

n (quantidade de matéria de moléculas) ----------------------- 36 g de glicose (m)

1 mol de moléculas de glicose ------------------------------------180 g de glicose (M)

n = 0,2 mol

O número de moléculas poderá ser calculado pela relação:

0,2 mol de moléculas ----------------------- y


1 mol de moléculas ------------------------- 6,02 x 10 23 moléculas

Y = 1,2 x 1023 moléculas


Propriedades Coligativas
Soluções iônicas

✓ São aquelas que possuem íons com partículas dispersas;

✓ O número de partículas de soluto na solução vai depender:

✓ 1- Do número de íons presentes em cada fórmula mínima do composto;


✓ 2- do grau de dissociação ou ionização (alfa) desse composto a determinada
temperatura;

"Grau de ionização, representado pela letra α (alfa), se define como a relação entre
o número de moléculas ionizadas e o número total de moléculas dissolvidas”
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Soluções iônicas

EX:

"Se dissolvermos ácido clorídrico (HCl) em água, qual a quantidade de moléculas que
sofreria ionização?

O HCl em água sofre ionização, liberando íons H+ e Cl-.

HCl → H+ + Cl-

Se avaliarmos 100 moléculas de HCl em meio aquoso, temos que apenas 92 partículas
sofrem ionização, ou seja, o Grau de ionização é de 92 %.
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Soluções iônicas

✓ O cientista holandês Jacobus Henricus van’t Hoff (1852-1911), por volta de


1882, percebeu que o número de partículas de uma solução pode ser calculado
pelo produto do número de partículas iniciais dissolvidas por um fator i,
que em sua homenagem foi denominado fator de van’t Hoff.

ns: no de partículas da solução


i = ns/nd nd: no de partículas dissolvidas

✓ Van’t Hoff demonstrou que o fator de correção i podia ser calculado pela
seguinte expressão

i = 1 + α ( q – 1)
Obs: Se o grau de ionização ou dissociação (α) é igual ao número de partículas
ionizadas ou dissociadas (n) multiplicado pelo número de partículas dissolvidas (nd)
então: n = α . nd
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Soluções iônicas

i = 1 + α ( q – 1)

1 H2SO4(l) + 2H2O(l) → 2 H3O+(aq) + 1 SO4-2(aq)

Aplicando essa relação para o exemplo do ácido sulfúrico, grau de ionização α% =


61% temos :

α = 61/100 = 0,61 a 18oC e q = 3 logo

i = 1 + 0,61 . (3 – 1) i = 2,22

Obs: Nas mesmas condições experimentais (usando-se soluções de mesma


concentração em quantidade de matéria do soluto) o efeito coligativo das soluções
iônicas é sempre maior que o das soluções moleculares, pois o número de
partículas nas soluções iônicas é maior;
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Soluções iônicas

Obs: Nas mesmas condições experimentais (usando-se soluções de mesma


concentração em quantidade de matéria do soluto) o efeito coligativo das
soluções iônicas é sempre maior que o das soluções moleculares, pois o
número de partículas nas soluções iônicas é maior;

Observe:

• 1 L de solução aquosa de C6H12O6(aq) 0,25 mol/L. A glicose, C6H12O6(aq), não


dissocia;
O número de partículas de C6H12O6(aq) em solução é 0,25 mol ou ~ 1,505 x 1023
partículas

• 1 L de solução aquosa de NaCl(s) 0,25 mol/L. O cloreto de sódio, NaCl(s), dissocia


com α% = 100%.

O número de partículas de Na+(aq) e de Cl-(aq) em solução é de 2 . 0,25 mol ou


~3,010 x 1023 partículas.
Quando α = 0: i = 1 + 0 (q – 1) → i=1
Quando α = 1: i = 1 + 1 (q – 1) → i=q
Propriedades Coligativas

Tonoscopia

✓ O efeito tonoscópico estuda a diminuição da pressão máxima de vapor do solvente


causado pela adição de um soluto não volátil;

✓ Entendendo o conceito de pressão de vapor:

✓ A água evapora quando as moléculas que estão em sua superfície adquirem


energia suficiente para romper as ligações intermoleculares (ligações de
hidrogênio) feitas com outras moléculas, escapando assim do líquido.
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Tonoscopia

Pressão de vapor em sistema fechado

✓ Na forma de vapor, a velocidade com que as moléculas se movimentam é bem


maior do que na fase líquida, o que provoca um maior número de colisão entre
elas e contra as paredes da garrafa e, com isso, algumas dessas moléculas voltam
ao estado líquido;

✓ A passagem de uma substância do estado gasoso para o estado líquido é


chamada de condensação.

✓ Em determinado momento a H2O(l) H2O(g)

✓ Pressão máxima de Vapor de um líquido: É a pressão


exercida por seus vapores quando, sob uma dada condição
de temperatura, estão em equilíbrio com o respectivo
líquido.
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Tonoscopia

Podemos definir a pressão de vapor da seguinte forma:

✓ É a pressão exercida pelo vapor de uma substância líquida no líquido quando ocorre
o equilíbrio entre essas fases.

✓ A pressão de vapor é uma propriedade medida apenas no equilíbrio líquido-vapor

Em (a) não há pressão de vapor.


Em (b) a pressão de vapor é observada pelo desnível do barômetro (Δh)
Propriedades Coligativas
Tonoscopia

✓ Ao contrário do que se pensa a pressão de vapor não está associada ao volume do


líquido, mas sim a sua natureza e à temperatura.

1) Natureza do líquido:
✓ Forças intermoleculares mais intensas, como é o caso das pontes de
hidrogênio, provocam maior aderência entre as moléculas, tornando o líquido
menos volátil, logo, sua pressão de vapor será menor.

✓ A 30°C a pressão de vapor do


etoxietano é maior do que a da água.
Isso se deve a força das interações
entre as moléculas.
Propriedades Coligativas

Tonoscopia

2) Temperatura Com o aumento da temperatura, a velocidade de agitação das


moléculas também aumenta. Elas ganham mais energia cinética e se desprendem
com maior facilidade. Assim, quanto maior a temperatura, maior será a pressão de
vapor da substância.
Propriedades Coligativas
Tonoscopia

✓ Observando o gráfico podemos avaliar como a presença do soluto afeta a pressão


de vapor do solvente.
Leis da Tonoscopia

✓ O estudo da tonoscopia está fundamentada em duas leis: a Lei de Raoult e a Lei


de Babo;

✓ Numa solução ideal, o abaixamento da pressão máxima de vapor (Δp) em relação


à pressão máxima de vapor do solvente puro (p2) é igual à fração em quantidade
de matéria do soluto (X1)

✓ Fazendo as devidas deduções temos:

Kt W
Leis da Tonoscopia

✓ Se a solução for iônica acrescenta-se o fator de correção de van’t Hoff

Ou

i = 1 + α ( q – 1)
Ebulioscopia

Considere os recipientes abertos (pressão local de 1 atm), esquematizados abaixo,


contendo água pura em temperaturas diferentes:

Quanto maior a temperatura, maior a agitação das moléculas e maior a pressão de


vapor da substância na fase líquida.

A temperatura em que se inicia a ebulição do solvente em uma solução de soluto não


volátil é sempre maior que a temperatura de ebulição do solvente puro (sob mesma
pressão).
Ebulioscopia

Entre substâncias que estabelecem mesmo tipo de ligação intermolecular, terá


maior ponto de ebulição aquela que possuir a maior massa molar

Exemplo: Pentano e Hexano aprezentam forças de dipolo induzido

✓ Pentano: massa molar igual a 72 g/L e ponto de ebulição igual a 36,3 oC.

✓ Hexano: massa, molar igual a 86 g/mol e ponto de ebulição igual a 68,7 oC

Ligações de hidrogênio > dipolo permanente > forças de van der Waals

✓ Ácido etanóico (ligações de Hidrogênio) (MM = 60 g/mol) (Te = 118,1 oC);

✓ Propanona (dipolo – dipolo) (MM = 58 g/mol) e (Te = 56 oC)


Ebulioscopia

A ebulioscopia estuda o aumento do ponto de ebulição do solvente causado pela


adição de um soluto não volátil.

Pressão máxima de vapor e ebulição


Ebulioscopia

O gráfico abaixo mostra a variação da pressão de vapor em função da temperatura do


solvente puro e de uma solução desse solvente. Note a variação dos pontos de ebulição,
Δe, entre as duas curvas
Lei da Ebulioscopia

Lei de Raoult

A diferença entre o ponto de ebulição do solvente na solução, t, e o ponto de ebulição


do solvente puro, t2, é igual à elevação ebulioscópica, Δe, e é diretamente proporcional
à concentração molal dessa solução.

Em que:
T = temperatura absoluta de ebulição do solvente em K;
Lv = calor latente de vaporização em cal . g-1;
R = constante geral dos gases, 2 cal . K-1 . mol-1.
Cálculo da constante ebuliométrica molar da água, Ke, é dado pela expressão:
Crioscopia

A crioscopia estuda o abaixamento do ponto de solidificação do solvente causado pela


adição de um soluto não volátil.

✓ Quanto menor a temperatura, menor a agitação das moléculas e menor a pressão


de vapor da substância

Entre substâncias que estabelecem o mesmo tipo de ligação


intermolecular, terá ponto de solidificação mais baixo aquela que possuir a
menor massa molar.

EX: Pentanto MM = 72 g/mol e Ps = -129,7 oC;


Hexano MM = 86 g/mol e Ps = - 95 oC
Crioscopia

O ponto de solidificação será tanto mais baixo quanto mais fraca for a
ligação intermolecular.

EX: Ácido etanóico MM = 60 g/mol e Ps = 16,6 oC. (pontes de Hidrogênio)


Pentano MM = 72 g/mol e Ps = -129,7 oC (dipolo induzido)

Como as ligações no ácido etanóico são mais intensas a passagem para a fase sólida
não exige perda de muita energia em relação ao pentano
Lei da Crioscopia

Lei de Raoult

A diferença entre o ponto de solidificação do solvente puro e a temperatura de início


de solidificação do solvente em uma solução ideal (abaixamento crioscópico, Δc) é
diretamente proporcional à concentração molal da solução

Em que:
T = temperatura absoluta de solidificação do solvente em K;
Lf = calor latente de fusão em cal . g-1;
R = constante geral dos gases, 2 cal . K-1 . mol-1.

Cálculo da constante criométrica molar da


água, Kc, é dado pela expressão:
Osmoscopia e as leis que Regem o efeito osmótico

✓ As soluções ideais têm um comportamento que em muitos aspectos se assemelha


ao dos gases ideais.

✓ Dentre essas semelhanças encontra-se a capacidade de difusão.

Difusão é o movimento espontâneo das partículas de uma substância de se


espalharem uniformemente em meio a partículas de outra substância ou, então, de
atravessarem uma parede porosa.
Osmoscopia e as leis que Regem o efeito osmótico

✓ Considere, por exemplo, o sistema contendo inicialmente apenas água na parte A (à


esquerda) e solução aquosa de glicose, C6H12O6 , na parte B (à direita).

✓ Nessa situação, há um movimento espontâneo mais acentuado de moléculas de


água no sentido de A para B, e de moléculas de glicose no sentido de B para A, que
só será estabilizado quando as concentrações das soluções nas partes A e B se
igualarem.
Osmoscopia e as leis que Regem o efeito osmótico

✓ Existem ainda as denominadas membranas semipermeáveis, que possuem ação


seletiva quanto ao tipo de substância que pode atravessá-las, ou seja, as membranas
semipermeáveis deixam-se atravessar por algumas substâncias, mas não por outras.

A passagem de solvente através de


membranas semipermeáveis é denominada
osmose.
Osmoscopia e as leis que Regem o efeito osmótico

O fenômeno da osmose pode ser explicado pela maior pressão de vapor do solvente
puro ou do solvente na solução menos concentrada; em outras palavras, a capacidade
que cada solvente apresenta de atravessar uma substância semipermeável está direta
mente relacionada à sua pressão de vapor: quanto maior a pressão de vapor do
solvente, maior será sua capacidade de atravessar uma membrana semipermeável.

A pressão que é preciso exercer sobre um sistema para impedir que a osmose ocorra
de maneira espontânea é denominada pressão osmótica.

Quanto maior a concentração de uma


solução, maior a sua pressão osmótica.
Osmoscopia e as leis que Regem o efeito osmótico

✓ É importante, ainda, sabermos que as soluções podem ser classificadas quanto às


suas pressões osmóticas da seguinte maneira:
Osmoscopia e as leis que Regem o efeito osmótico

Osmoscopia e Clapeyron

Π . V = n1 . R . T

Sabendo que

π=ᶆ.R.T

A medida da pressão osmótica, a pressão que é exercida sobre a solução A para


impedir que a osmose ocorra espontaneamente ( de B para A), é diretamente
proporcional à concentração da solução A

✓ Quanto maior for a concentração em quantidade de matéria, ᶆ, da solução, maior


será sua pressão osmótica, π, e vice versa

π=ᶆ.R.T Soluções iônicas π=ᶆ.R.T

π=ᶆ.R.T.i
Referências

Referências

•NOVAIS, Vera Lucia Duarte de; ANTUNI, Murilo Tissoni. Vivá química – volume 2:
ensino médio, 1º ed. Curitiba: Positivo, 2016.

•FONSECA, M. R. M. Química: ensino médio, v. 2. São Paulo: Ática, 2015.

•LISBOA, Julio Cezar Foschini. Ser protagonista: Química, 2º ano, 3° ed. São Paulo: SM,
2017

•REIS, Martha. Química, vol. 2, Editora Ática, 1ª edição, São Paulo, 2014.

•PERUZZO, Francisco. M. e CANTO, Eduardo, L. Química na abordagem do cotidiano. v.


2. 4º ed. São Paulo: Moderna, 2010.

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