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Linguagem Visual V
Linguagem Visual V
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Linguagem Visual
Material Teórico
Composição
Revisão Textual:
Prof. Ms. Luciano Vieira Francisco
Composição
• Introdução
• Esquemas Compositivos
• Princípios Organizacionais
• Leis da Gestalt: Princípios que Regem o Processo de Percepção Visual
• Princípios de Organização Aplicados à Composição
OBJETIVO DE APRENDIZADO
· Conhecer os esquemas compositivos mais usuais.
· Compreender a teoria da Gestalt sobre as forças integradoras
que atuam no fenômeno perceptivo visual, suas implicações com
relação ao que é percebido pelo observador e como os princípios
organizacionais podem ser aplicados na formulação de composições
coerentes e unificadas.
ORIENTAÇÕES
Caro(a) aluno(a),
Contextualização
Caro(a) aluno(a),
Toda manifestação visual tem um objetivo, mostrar, narrar, explicar, inspirar, fruir
ou afetar, e as decisões compositivas podem intensificar as intenções expressivas,
uma vez que implicam diretamente no que é recebido pelo observador.
Assim, não deixe de refletir sobre os conhecimentos que serão assimilados nesta
Unidade e bons estudos!
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Introdução
Composição é o processo de organização, disposição e agrupamento criativo
dos elementos visuais em uma unidade, seja em uma pintura, em fotografia, em um
anúncio publicitário, em uma escultura, na capa de um livro, ou em qualquer outra
manifestação visual.
Esquemas Compositivos
Toda composição é estruturada a partir de um esquema que organiza o espaço
onde serão situados os elementos visuais. Os esquemas compositivos simples são
formados por figuras geométricas ou por linhas mestras isoladas ou relacionadas
entre si. Os mais usuais são:
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UNIDADE Composição
Esquema simétrico:
Esquema triangular:
Esquema circular:
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Esquema oval:
Esquema em T
Esquema em L:
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UNIDADE Composição
Esquema em S:
Esquema em X:
Esquema em ângulo:
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Esquema diagonal:
Esquema radial:
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Princípios Organizacionais
A nossa resposta a uma manifestação visual ou o porquê algumas composições
agradam mais do que outras intrigou filósofos, psicólogos e outros estudiosos
por séculos.
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Explor
A Gestalt é uma Escola de Psicologia Experimental que teve seu início mais efetivo por volta
de 1910 com os estudos de Max Wertheimer, Wolfgang Kohler e Kurt Koffka, psicólogos da
Escola de Frankfurt que formularam a teoria da forma buscando explicar a relação sujeito-
objeto no fenômeno da percepção. A teoria fundamenta-se no fato de que a percepção de
qualquer forma ocorre de maneira global e unificada, ou seja, não percebemos as partes
isoladas em uma composição para posteriormente associá-las e compor um todo, já
percebemos a imagem total pela relação recíproca entre suas várias partes.
Para efeito de esclarecimento, o termo Gestalt, geralmente traduzido como estrutura, figura
ou forma, no seu sentido mais amplo, significa a integração entre as partes que formam
o todo. Assim, o termo forma empregado neste estudo não deve ser compreendido como
o elemento fundamental da linguagem visual descrito pela linha, e sim como a imagem
visível de um conteúdo, ou seja, o conjunto de elementos perceptíveis que configura a
aparência total de um objeto ou uma obra de arte, por exemplo.
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UNIDADE Composição
Unificação
Uma unidade pode ser entendida como um único elemento que se encerra em
si ou como parte de um todo.
Em uma conceituação mais ampla, uma unidade pode ser entendida como um
conjunto de elementos – pontos, linhas, formas, cores, texturas etc., que configuram
um todo ao relacionarem-se entre si.
Segregação
A segregação corresponde à nossa capacidade
perceptiva de separar, identificar ou destacar
unidades formais em um todo compositivo, a
partir da desigualdade dos estímulos produzidos
pelo campo visual.
Semelhança
Estímulos visuais semelhantes entre si, seja pela forma, cor, tamanho, peso ou
direção, entre outros fatores, tendem a ser percebidos em grupos e a constituir unidades.
Proximidade
Estímulos visuais próximos também tendem a ser percebidos em grupos e a
constituir unidades.
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Fechamento
O fechamento é outro fator importante para a formação de unidades. Ainda que
os estímulos produzidos pelo campo visual correspondam a uma figura incompleta,
nossa mente tende a unir intervalos e a estabelecer ligações para que percebamos
uma figura completa.
As forças de organização da forma dirigem-
se espontaneamente para uma ordem espacial
que tende para a formação de unidades em
todos fechados, segregando uma figura mais
completa o possível do resto do campo visual.
Figura 19 – Fechamento
Continuidade
As unidades lineares tendem, perceptivamente, a prolongar-se na mesma
direção e com o mesmo movimento, assim como as unidades sucessivas tendem a
se acompanharem.
A continuidade corresponde à organi-
zação da forma, de modo que as partes
se sucedam sem quebras ou interrupções
na trajetória ou fluidez visual, buscando
uma estrutura estável. Figura 20 – Continuidade
Pregnância da Forma
Qualquer estímulo visual tende a ser percebido da maneira mais simples e
lógica possível.
A pregnância é o princípio fundamental da percepção visual. Segundo a Gestalt,
o equilíbrio, a clareza e a harmonia são fatores essenciais para o ser humano e
as forças de organização da forma sempre tenderem a se dirigir, tanto quanto
permitam as condições dadas, no sentido da harmonia e do equilíbrio visual.
Ou seja, pressupõe-se que a organização formal – percepção – será a melhor
possível do ponto de vista estrutural – a composição em si. A partir desse princípio,
pode-se estabelecer um critério de qualificação ou julgamento da forma:
• Quanto melhor ou mais clara for a organização visual da forma, em termos
de facilidade de compreensão e rapidez de interpretação, maior será seu grau
de pregnância. Percebemos mais facilmente as formas simples, regulares,
simétricas e equilibradas;
• Quanto pior ou mais confusa for a organização visual da forma, menor será
seu grau de pregnância. Formas complexas e irregulares exigirão um maior
tempo de atenção, enquanto as forças internas de organização – que agem no
sistema nervoso central do observador – buscam encontrar a melhor estrutura
perceptível possível para decodificar a imagem em algo mais claro e lógico a
fim de facilitar sua compreensão.
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UNIDADE Composição
Esses princípios não são regras ou leis com uma única interpretação ou
aplicação possível, diferem-se também em números, subdivisões e nomenclaturas
de acordo com cada autor, de modo que apresentaremos aqui uma síntese dos
mais importantes.
Harmonia
A harmonia é o primeiro dos princípios de organização aplicados à composição
e pode ser definido como uma relação agradável entre as diferentes partes que
configuram o todo, possibilitando, geralmente, uma leitura simples e clara.
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Figura 22 – White Crucifixion (1938), Marc Chagall
Fonte: artic.edu
Contraste
O contraste é o contraponto da harmonia, o outro lado da organização que
também é essencial à composição. Por definição, significa diferença e ocorre
sempre que unidades com características opostas são colocadas em conjunto. Em
todas as linguagens visuais, é uma poderosa ferramenta de expressão utilizada para
intensificar o significado e, portanto, simplificar a comunicação.
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UNIDADE Composição
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Figura 26 – Low tide, Cancale (1995), Wayne Roberts
Fonte: wroberts.com.au
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Equilíbrio e Tensão
A necessidade tanto física quanto psicológica que o homem tem de equilíbrio
o torna a referência visual mais forte da percepção humana. O senso intuitivo de
equilíbrio inerente à percepção corresponde ao método mais rápido e automático
do observador para fazer avaliações visuais.
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Figura 30 – The dance studio (1878), Edgar Degas
Fonte: edgar-degas.org
Além do equilíbrio simples e estático, existe o obtido pela reação entre peso
e contrapeso, ou seja, quando forças de igual intensidade, agindo em direções
contrárias, chegam a um estado de repouso ao compensar-se mutuamente.
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UNIDADE Composição
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É igualmente possível obter um equilíbrio assimétrico em uma composição
quando as unidades presentes em cada lado dessa, ainda que diferentes, apresentam
a mesma força visual.
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UNIDADE Composição
Peso e direção são fatores que exercem influência particular sobre o equilíbrio
e a tensão. O peso visual pode ser definido como uma força de atração visual,
a capacidade que uma unidade possui de deter a atenção do observador e de
atrair ou repelir os demais elementos localizados próximos no campo compositivo,
causando sempre um efeito dinâmico no esquema estrutural que provoca tensão
em uma composição. O peso visual de uma determinada unidade está relacionado
com diversos fatores, como tamanho, forma, cor e localização, entre outros.
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Cores quentes pesam mais que cores frias.
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Uma unidade isolada pesa mais do que uma semelhante próxima a outras unidades.
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Nivelamento e Aguçamento
O nivelamento e o aguçamento podem ser compreendidos, respectivamente,
como a estabilidade ou a tensão causada por unidades que se concentram ou se
desviam dos eixos horizontal e vertical centrais da composição. Em uma organização
com nivelamento, as unidades são posicionadas no centro da composição ou sobre
os eixos estruturais horizontal e vertical, de modo que não oferecem nenhuma
surpresa visual e são estáveis.
Figura 43 – The painter on his way to work (1888), Vicent van Gogh
Fonte: vangoghgallery.com
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UNIDADE Composição
Atração e agrupamento
Atração e agrupamento são princípios de organização diretamente ligados às
Leis da Gestalt, ou seja, a propensão humana de perceber os elementos ou as
partes como todos unificados.
A aproximação, por si, cria uma atração visual e esse efeito é intensificado
pela similaridade entre as unidades, seja no tamanho, na forma ou na cor. O olho
sempre tende a completar as lacunas entre as unidades para perceber um todo,
porém, relaciona automaticamente e com maior força as unidades semelhantes.
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Positivo e Negativo
Positivo e negativo correspondem a uma sequência de visão alternada entre
campos visuais, o positivo refere-se às unidades mais ativas que criam uma tensão
visual e absorvem a atenção do espectador – figura – e o negativo, a tudo aquilo
que se apresenta de maneira mais passiva na composição – fundo.
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UNIDADE Composição
Podemos olhar para o campo visual e perceber um elemento que ali não existe,
ou ainda não identificar claramente o positivo e o negativo, como no exemplo
clássico do vaso e dos rostos: é a figura de um vaso cujo contorno sugere a imagem
dos rostos – fundo – ou é a figura de dois rostos de perfil cujo espaço entre os quais
– fundo – sugere o contorno de um vaso?
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Caro(a) aluno(a),
Há vários materiais, como vídeos, filmes, livros e sites, que podem ampliar seu
conhecimento sobre a composição. Indica-se aqui os seguintes:
Livros
Sistema de leitura visual da forma do objeto
GOMES FILHO, João. Exemplos práticos de leitura visual da forma do objeto. In:
Gestalt do objeto. São Paulo: Escrituras, 2000. p. 103-119.
Nestes capítulos, o autor propõe dois passos básicos para a leitura visual de uma
forma e, em seguida, apresenta alguns exemplos práticos. O primeiro passo propõe
uma análise orientada exclusivamente pelas Leis da Gestalt e o segundo, que o autor
denomina de categorias conceituais, inclui os princípios de organização aplicados
à composição e às técnicas de composição visual que estudaremos na próxima
Unidade. Ambas as análises se encerram com uma interpretação conclusiva sobre a
pregnância da forma.
Vídeos
À Mão Livre - Composição Básica e À Mão Livre - Estrutura da Composição
Vídeos mão livre – composição básica – 01 e À mão livre – estrutura da composição –
12. Direção de Cristina Winther e roteiro, conteúdo e apresentação do artista plástico
e arte-educador Philip Hallawell.
Estes vídeos fazem parte da série À mão livre – a linguagem do desenho, 24 programas
de quinze minutos, cada, exibidos pela TV Cultura na década de 1990, os quais
apresentam os fundamentos, as técnicas e os processos criativos do desenho, além de
sugerirem exercícios de composição. Um rico material para aprimorar sua percepção
e expressão visual, assim como a sua criatividade.
Disponíveis em: http://goo.gl/fwkQk2 e http://goo.gl/MpXm9w.
Exercício de Análise e Composição - "Waldemar Cordeiro: Fantasia Exata"
Neste vídeo, realizado pelo Instituto Itaú Cultural, Analívia Cordeiro e Renato Carvalho
realizam um exercício de análise e composição de uma obra do artista brasileiro
Waldemar Cordeiro. O exercício é inspirado pelas obras concretas, geométricas e
desenhadas à mão.
Vídeo Exercício de análise e composição – “Waldemar Cordeiro: fantasia exata” (2013).
Disponível em: http://goo.gl/DN18Xe
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Referências
ARNHEIM, R. Arte e percepção visual: uma Psicologia da visão criadora: nova
versão. 11. ed. São Paulo: Pioneira, 1997.
FRASER, T.; BANKS, A. O guia completo da cor. 2. ed. São Paulo: Senac, 2010.
OCVIRK, O. et al. Fundamentos da arte – teoria e prática. 12. ed. Porto Alegre,
RS: AMGH, 2014.
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