Você está na página 1de 205

MACROECONOMIA

Instrumentos para Análise Económica

(90 Exercícios Resolvidos)

Msc. Pedro Kilombo Palata (contacto: 912415843)


Lic. Simão Mateus Ferreira (contacto: 921481093)

Nota: sempre que detectar erro no material não exite em contactar-nos, no sentido de
melhorar o mesmo.
MACROECONOMIA
Instrumentos para Análise Económica
SUMÁRIO

I. INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 1
1.1. Análise do Circuito Económico e Conceito de Macroeconomia................................... 1
1.2. Objectivos e Instrumentos de Política Económica ........................................................ 2
II. FLUXO DE RENDIMENTO E CONTABILIDADE NACIONAL ................................. 5
2.1. Conceito de Contas Nacionais e Medição ..................................................................... 5
2.2. Medição da Produção na Óptica do Produto ................................................................. 5
2.3. Medição da Produção na Óptica da Despesa................................................................. 7
2.4. Medição da Produção na Óptica do Rendimento .......................................................... 7
2.5. Fluxo de Rendimento/Circuito Económico ................................................................. 11
2.6. Exercícios Resolvidos ................................................................................................. 15
III. MODELO DE DETERMINAÇÃO DO RENDIMENTO .............................................. 23
3.1. Conceito ...................................................................................................................... 23
3.2. Economia de Dois Sectores ......................................................................................... 23
3.2.1. Interpretação Dinâmica do Conceito de Multiplicador ....................................... 24
3.3. Economia de Três Sectores ......................................................................................... 25
3.3.1. Saldo Orçamental e Multiplicadores de Política Fiscal ....................................... 26
3.4. Economia de Quatro Sector......................................................................................... 30
3.5. Exercícios Resolvidos ................................................................................................. 31
IV. MODELO IS/LM ............................................................................................................ 42
4.1. Conceito ...................................................................................................................... 42
4.2. Mercado de Bens e Serviços ....................................................................................... 42
4.2.1. Curva IS............................................................................................................... 43
4.3. Mercado Monetário ..................................................................................................... 44
4.3.1. Curva LM ............................................................................................................ 44
4.4. Equilíbrio Simultâneo nos Mercados de Bens e no Mercado Monetário (IS-LM) ..... 46
4.4.1. Multiplicadores do Modelo IS-LM ..................................................................... 48
4.5. Efeitos das Políticas Orçamental e Monetária ............................................................. 48
4.6. Exercícios Resolvidos ................................................................................................. 51
V. MODELO AS/AD ............................................................................................................... 61
5.1. Dedução da Curva da Procura Agregada (AD) ........................................................... 61
5.2. Oferta Agregada (AS) ................................................................................................. 61
5.2.1. Mercado de Trabalho e Determinação de Salário ............................................... 62
5.2.2. Função de Produção Neoclássica e Determinação de Nível de Preços ............... 63
5.2.3. Taxa Natural de Desemprego .............................................................................. 64

i
5.2.4. Desemprego vs Emprego .................................................................................... 66
5.2.5. Derivação da Oferta Agregada ............................................................................ 67
5.2.6. Formação de Expectativas ................................................................................... 69
5.3. Efeito das Políticas Económicas no Modelo AD-AS .................................................. 71
5.4. Exercícios Resolvidos ................................................................................................. 73
VI. MOEDA E INFLAÇÃO.................................................................................................. 93
6.1. Moeda.......................................................................................................................... 93
6.1.1. Definição e Funções ............................................................................................ 93
6.1.2. Oferta de Moeda e Agregados Monetários.......................................................... 93
6.1.3. Multiplicador Monetário ..................................................................................... 93
6.1.4. Teoria Quantitativa da Moeda ............................................................................. 95
6.1.5. Controlo Monetário ............................................................................................. 95
6.1.6. Endogeneidade da Moeda ................................................................................... 95
6.2. Inflação ........................................................................................................................ 96
6.2.1. Conceitos ............................................................................................................. 96
6.2.2. Causas ................................................................................................................. 96
6.2.3. Efeitos da Inflação ............................................................................................... 97
6.2.4. Estratégias de Política Monetária para Desinflação ............................................ 98
6.3. Exercícios Resolvidos ................................................................................................. 99
VII. ASPECTOS MICROECONÓMICOS DA MACROECONOMIA............................... 106
7.1. Teorias de Consumo .................................................................................................. 106
7.1.1. Função Keynesiana ........................................................................................... 106
7.1.2. Estagnação Secular e o Paradoxo de Kuznets ................................................... 107
7.1.3. Teoria do Rendimento Relativo de Duesembery............................................... 108
7.1.4. Diagrama de Fisher e Escolha Intertemporal .................................................... 108
7.1.5. Teoria do Rendimento Permanente de Fredman ............................................... 110
7.1.6. Teoria do Ciclo de Vida de Ando-Modigliani................................................... 110
7.1.7. Teorias Modernas baseadas em PIH-LC ........................................................... 111
7.2. Teoria da Procura de Moeda ..................................................................................... 113
7.2.1. Fórmula de Baumol-Tobin ................................................................................ 113
7.3. Teoria do Investimento.............................................................................................. 114
7.3.1. Valor Actual Líquido e Taxa de Rentabilidade Interna..................................... 114
7.3.2. Multiplicador de Investimento .......................................................................... 115
7.3.3. Teoria do Acelerador ......................................................................................... 115
7.3.4. Teoria q de Tobin dos Investimentos ................................................................ 116
7.4. Expectativas no Modelo IS-LM ................................................................................ 117

ii
7.5. Exercícios Resolvidos ............................................................................................... 118
VIII. ECONOMIA ABERTA ............................................................................................ 133
8.1. Introdução ................................................................................................................. 133
8.2. Balança de Pagamento .............................................................................................. 133
8.3. Regimes Cambiais ..................................................................................................... 135
8.4. Economia Aberta com Preços Fixos ......................................................................... 137
8.4.1. Modelo IS-LM sem Mobilidade de Capitais ..................................................... 137
8.4.2. Modelo IS-LM com Mobilidade de Capitais-Mundell/Fleming ....................... 138
8.4.3. Trindade Impossível .......................................................................................... 143
8.5. Economia Aberta com Preços Flexíveis.................................................................... 144
8.5.1. Teoria da Paridade do Poder de Compra ........................................................... 144
8.5.2. Paridade das Taxas de Juros .............................................................................. 145
8.5.3. Preços Flexíveis em Regime de Câmbios Fixos ............................................... 145
8.5.4. Preços Flexíveis em Regime de Câmbios Flexíveis .......................................... 147
8.6. Exercícios Resolvidos ............................................................................................... 150
IX. CRESCIMENTO ECONÓMICO ................................................................................. 173
9.1. Crescimento vs Desenvolvimento ............................................................................. 173
9.2. Fontes de Crescimento Económico ........................................................................... 173
9.3. Modelos de Crescimento Económico ........................................................................ 174
9.3.1. Modelo de Harrod-Domar ................................................................................. 174
9.3.2. Modelo de Robert Solow................................................................................... 175
9.3.3. Modelos de Crescimento Endógeno .................................................................. 178
9.4. Exercícios Resolvido ................................................................................................. 182
X. ESCOLAS DO PENSAMENTO MACROECONÓMICO ............................................... 195
10.1. Introdução.............................................................................................................. 195
10.2. Keynes e a Grande Recessão ................................................................................. 195
10.3. Síntese Neoclássica ............................................................................................... 196
10.4. Keynesianos vs Monetaristas ................................................................................ 196
10.5. Expectativas Racionais .......................................................................................... 197
10.6. Novos Clássicos e Teoria dos Ciclos Económicos Reais ...................................... 197
10.7. Novos Keynesianos ............................................................................................... 198
10.8. Nova Teoria do Crescimento Económico ............................................................. 198
10.9. Convicções Comuns e Divergências ..................................................................... 199
BIBLIOGRAFIA....................................................................................................................... 200

iii
I. INTRODUÇÃO

1.1. Análise do Circuito Económico e Conceito de Macroeconomia


Um circuito económico é uma representação dos fluxos entre agentes económicos,
de forma a termos uma visão simplificada da realidade.
Um Agente económico é uma entidade (pessoa singular ou colectiva) que
exercendo uma determinada função, intervém na actividade económica. São
fundamentalmente quatro categorias de agentes económicos, a saber: i) Famílias
(agregados familiares); ii) Empresas; iii) Estado; e iv) Resto do mundo.
Os fluxos estabelecidos entre agentes económicos podem ser reais ou monetários.
Consideram-se reais aqueles referentes a transferência de bens ou serviços e monetários
os correspondentes a fluxos de dinheiro.
FIGURA 1-CIRCUITO ECONÓMICO

Fonte: VASCONCELLOS, Marcos A. Sandoval. Economia. Pag. 216.

Da interação acima ilustrada resulta em três principais tipos de mercados,


designadamente: Mercado de bens e serviços, mercado de trabalho e mercados
financeiros (cambial ou da moeda, acções e de títulos).
O foco da análise macroeconómica consiste no estudo dos mecanismos de
transmissão dos efeitos dos fenómenos económicos nos diferentes mercados (agregados).
Deste modo, a seguir resume-se o objecto de estudo da Macroeconomia:
a. Estudo do comportamento da economia como um todo, examina as forças que
afectam muitas empresas, consumidores e trabalhadores ao mesmo tempo.
(SAMUELSON, Paul; NORDHAUS, William; 2005).
b. Análise das relações entre os diversos agregados, busca explicações sobre os seus
comportamentos, bem como a causa das variáveis observadas. Ao mesmo tempo,
preocupa-se em prever o que ocorrerá e as consequências de mudanças nas
condições económicas a curto e longo prazo. (MAIA, 2014).
1
c. Tratamento do comportamento da economia como um todo com boom, ou seja,
com períodos de rápida prosperidade e recessão, da produção total de bens e
serviços da economia e do crescimento do produto, das taxas de inflação e
emprego, da balança de pagamento e do câmbio (DORNBUSCH, at al, 2003).
Dornbusch, Fischer e Stuart, resumem o estudo da macroeconomia em três
modelos que descrevem o mundo, aplicáveis em função do horizonte temporal de análise.
A teoria do crescimento económico que estuda o comportamento da economia no muito
longo prazo, com foco no aumento da capacidade produtiva. No longo prazo, trata a
capacidade produtiva como dada. O potencial desta capacidade determina o nível de
produto, e as flutuações na procura referentes a este nível de oferta determinam os preços
e a inflação. E finalmente no curto prazo, as oscilações na procura determinam quanto da
capacidade disponível é utilizada e, consequentemente, o nível de produto e o
desemprego.
Do Ponto de vista do campo de actuação, a macroeconomia analisa os fenómenos
económicos em três níveis que compreendem a explicação, a previsão e a acção política.

1.2. Objectivos e Instrumentos de Política Económica


A Política económica pode ser definida como: Conjugação deliberada de certos
meios para alcançar determinados fins (TINBERGEN, 1961). Processo pelo qual o
Governo hierarquiza certos objectivos, à luz dos seus fins de política económica geral e
usa instrumentos ou alterações institucionais para os alcançar. (KIRSHEN, 1974).
Conjunto de decisões dos poderes públicos visando orientar a actividade económica num
sentido julgado desejável aos olhos de todos. (GREFFE,1989).
Os governos dispõem de uma variedade de meios (instrumentos de política) que
podem ser usados para prosseguir os seus objectivos macroeconómicos, dentre os quais
destacamos: Política orçamental (fiscal), política monetária, políticas económicas
externas e a Política de Rendimentos.
A política orçamental consiste no manuseamento da despesa pública e na
tributação. A política monetária, conduzida pelo Banco Central, determina a oferta de
moeda. A política económica externa integra políticas comerciais, gestão das taxas de
câmbio, políticas fiscais e monetárias que visam manter o equilíbrio entre as importações
e exportações e estabilizar as taxas de câmbio. Finalmente, a política de rendimento são
tentativas dos governos em moderar a inflação seja com medidas directas, ou por
persuasão verbal ou ainda através de legislação sobre o controlo de preços e salários.
Os objectivos da política económica prendem-se com os agregados principais da
macroeconomia (produto, emprego e nível de preços). As metas a estabelecer visam
alterar o estado da produção nacional, do emprego ou desemprego e manter a estabilidade
do nível de preços (quadro mágico da Política Económica).
O quadro a seguir resume os objectivos e os instrumentos macroeconómicos:

2
QUADRO 1-OBJECTIVOS E INSTRUMENTOS DA POLÍTICA ECONÓMICA

Objectivos Macroeconómicos Instrumentos Macroeconómicos

1. Produto 1. Política fiscal


 Nível elevado  Gastos do governo
 Alta taxa de crescimento  Impostos
2. Emprego 2. Política monetária
 Nível elevado  Taxa de redesconto
 Baixo nível de desemprego  Taxa de reservas
 Open Market
3. Nível de preços 3. Política económica externa
 Estabilidade  Políticas comerciais
 Mercados livres  Intervenção cambial
4. Comércio internacional 4. Políticas de Rendimentos
 Equilíbrio na BTC1  Controlo de preços
 Estabilidade cambial
Fonte: Elaboração Própria.

A figura nº 2 ilustra a política económica como um processo sistémico (teoria


cibernética2) onde a leitura do estado das variáveis de saída (Objectivos) permitem
identificar problemas (inadequação dos valores lidos em relação aos desejados) e suscitar
uma intervenção correctora dos problemas através da mudança do estado de algumas
variáveis de entrada (instrumentos) que pode vir alterar no sentido desejado o valor das
variáveis de saída.

1
BTC: Balança de transações correntes, isto é, a soma da Balança comercial (Exportações-Importações) e
da Balança de rendimentos.
2
Cibernética: estudo dos mecanismos de comunicação e de controlo nas máquinas e nos seres vivos.
Etimologicamente, é a arte de governar.

3
FIGURA 2-FORMULAÇÃO DE POLÍTICA ECONÓMICA

Fonte: Elaboração própria.

4
II. FLUXO DE RENDIMENTO E CONTABILIDADE NACIONAL

2.1. Conceito de Contas Nacionais e Medição

A contabilidade nacional ou contas nacionais é uma técnica síntese estatística que


permite medir a actividade económica de um país ou região. Tem como finalidade,
fornecer uma representação quantificada da realidade (factos ou fenómeno) económica.
A economia é definida como ciência da produção, distribuição e consumo. Essas
três actividades representam as três ópticas de medição do produto:
a. Óptica da Produção;
b. Óptica do Rendimento;
c. Óptica da Despesa.
As três ópticas considerando erros e omissões resultam numa identidade, isto é:

Produto≡Rendimento≡Despesa.

2.2. Medição da Produção na Óptica do Produto

A medição da produção na óptica do produto permite obter um dos mais


importantes agregados para avaliação da performance da Economia, o conhecido Produto
Interno Bruto (PIB), definido como o valor total dos bens e serviços finais produzidos
num país, durante um período de tempo, geralmente um ano. Bens e serviços finais são
aqueles destinados para o consumo (privado e público), investimento ou exportação e não
a serem transformados em outros produtos.
Consideremos uma economia que produz apenas trigo, farinha e pão. O lavrador
produz trigo no valor de 500 unidades monetárias (u.m). Na produção de trigo são
consumidos produtos importados no valor de 200 u.m. o trigo é comprado pelo moleiro,
que o transforma em farinha no valor de 750 u.m. A farinha é comprada pelo padeiro
transformando-o em pão no valor de 1000 u.m.
Abaixo apresenta-se o resumo da informação acima apresentada:

Bens Trigo Farinha Pão Importação

Valor 500 u.m 750 u.m 1000 u.m 200 u.m

A determinação do produto desta economia é feita por sectores de actividades


(lavrador, moleiro e padeiro) e tem de evitar erros de dupla contagem, com a técnica de
produtos finais ou de valor acrescentado bruto (VAB), como se segue:

5
Produtor Produção Consumos Intermédios VAB

Lavrador 500 200 300


Moleiro 750 500 250
Padeiro 1000 750 250
Total 2250 1450 800
Importação de factores 200

i. Pela técnica do produto final o PIB desta economia é avaliado pelo valor do bem
de consumo final (pão) subtraída o valor dos factores importados. Deste modo:
PIB=1000-200
PIB=800 u.m.
ii. Pela técnica do VAB o PIB será a soma dos VABs de todos sectores de
actividades, pelo que:
𝑷𝑰𝑩 = ⅀𝑽𝑨𝑩
PIB=300+250+250
PIB=800 u.m.

Produto Interno Bruto a Custo de Factores vs a Preço de Mercado


O Produto Interno Bruto à preço de mercado (PIBpm) resulta da inclusão dos
impostos indirectos (Ti)3 e subsídios atribuídos pelo Estado à produção de bens e serviços
(Sp) no Produto Interno Bruto à Custos de factores (PIBcf).
O VABcf pode ainda ser determinado acrescentando ao VAB valorado à preço de
base (VABpb) os impostos líquidos de subsídios ligados a produção, mas independentes
do valor produzido ou vendido (Tp).
PIBpm=PIBcf+Ti+Sp
∑VABcf =∑VABpb+Tp⇒∑VABcf =PIBcf

Produto Interno Bruto vs Produto Nacional Bruto


A Produção interna é aquela realizada dentro das fronteiras do país, desta são
utilizados alguns factores de produção de propriedade de não residentes. Por outro,
factores de residentes são utilizados no estrangeiro. Do PIB para o PNB adiciona-se o
saldo do Rendimento Líquido do Resto Mundo (RLRM), que é a diferença entre os
rendimentos recebidos do exterior (RRE) e os rendimentos enviados ao exterior (REE).
PNB=PIB±RLRM⇒PNB=PIB+(RRE-REE)

3
Os impostos indirectos incidem sobre o consumo/despesa, enquanto os directos incidem sobre os
rendimentos.

6
Se RRE˂ REE⇒ RLRM=RLEE (-); se RRE˃REE⇒RLRM=RLRE (+)
A distinção entre Produto Interno Bruto (PIB) e Produto Nacional Bruto (PNB) é
feita pelo critério de residência e não de nacionalidade.
2.3. Medição da Produção na Óptica da Despesa

Na óptica da despesa temos de distinguir antes de tudo a Despesa Interna (DI) da


Procura Interna (PI). A DI é a despesa feita em bens e serviços finais produzidos
internamente, ao passo que a PI expressa a despesa em bens e serviços feita pelos
residentes quer em produtos internos quer em importações.
DI = C+G+I+Nx, onde:
 C é consumo privado e das instituições em fins lucrativos;
 G representa o consumo público ou gastos governamentais;
 I exprime o investimento que é a formação bruta de capital fixo, adicionada a
variação das existências;
 Nx são as exportações líquidas, a diferença entre o valor das exportações (X) e
das importações (M).
É importante também referir-se da Procura Externa (PE) representada pelas
exportações (X) e da Procura Global ou Agregada (AD) que é a Despesa Interna. Deste
modo a procura agregada é a soma da procura interna (C+I+G) e da procura externa (X).
PI=C+I+G
AD=C+I+G+X
Recordar que, ao subtrair-se as importações à procura global obtém-se a Despesa
Interna (DI) que na realidade com erros e omissões é igual ao PIBpm.
DI = PI+PE-M⇒DI=PI+X-M⇒DI=PI+NX⇒DI=PIBpm
Da despesa interna adicionando os rendimentos líquidos do Resto do Mundo
obtém-se a Despesa Nacional (DN), tal como acontece com o produto.
DN=PNBpm

2.4. Medição da Produção na Óptica do Rendimento

A Determinação da produção na abordagem do rendimento contabiliza-se os


rendimentos dos agentes que intervém na produção. Logo, Rendimento Nacional (RN)
será a soma dos Rendimentos decorrentes da remuneração dos Factores Produtivos (RFP).
Os principais factores de produção são trabalho, capital e terra (recursos naturais).
Neste caso, a sua remuneração consiste em salário (W), lucros (L) e outros rendimentos
tais como rendas (rendimento do factor terra) e juros (rendimento do capital financeiro).
𝑹𝑵 = ∑𝑹𝑭𝑷
∑𝑹𝑭𝑷 = ∑𝑽𝑨𝑩cf
∑𝑽𝑨𝑩cf +Tp=PIBpb
PIBpb+Ti -Sp=PIBpm

7
PIBpm+RLRM=RNBpm
⸫ RNBpm=PNBpm
O rendimento disponível (Yd) é o rendimento das famílias, definida como
rendimento gerado na economia após pagamento de impostos e recebimentos de
transferências por parte das famílias.
O rendimento disponível obtém-se a rigor subtraindo do PNBcf os lucros não
distribuídos (Lnd), os impostos directos e contribuições para a segurança social (Tx) e
adicionando as transferências do Estado (TR) que são as pensões, abonos de famílias,
entre outros, e transferências líquidas recebidas do resto do mundo (TLRM) que
geralmente são as remessas de emigrantes, embora incluindo outras componentes.
Yd = PNBcf - Lnd -Tx+TR+TLRM
Como já foi referido, as três ópticas formam uma identidade. De forma rigorosa,
pela óptica da despesa calcula-se o PIBpm e pelas ópticas do rendimento e do produto o
PIBcf.
O rendimento disponível (Yd) é alocado em consumo e em poupança que financia
o investimento das empresas pelos mercados financeiros.
Agregados Brutos vs Agregados Líquidos
As variáveis acima definidas e outras podem ser brutos ou líquidos em função da
inclusão ou não da amortização ou depreciação (δ). Deste modo, tem-se:
PNL = PNB - δ
PIL = PIB - δ
Finalmente importa destacar dois indicadores: do sector fiscal e do sector externo.
o Saldo Orçamental (SO), a diferença entre a receita do Estado (Tx) constituídas
principalmente por Impostos indirectos (Ti) e directos (Td), e a despesa pública composta
por consumo ou gasto público (G), transferências as famílias (TR) e subsídios à produção
(Sp). O Saldo da Balança Comercial, como indicador do sector externo (Nx) já
anteriormente definida como Exportações líquidas (Nx), é a diferença entre as
Exportações (X) e as Importações (M).
SO = Ti +Td - (G+TR+Sp) e Nx = X - M

Comparação dos Agregados

A determinação do produto tem como finalidade comparar o nível de vida ou bem-


estar geral da população (numa perspectiva espacial) e entender a evolução da economia
ao longo de anos sucessivos (perspectiva temporal).
Na perspectiva espacial, os indicadores mais viáveis seriam expressos em termos
per capitas (pc), isto é, dividi-los pela população total (Pop), definida como o número de
habitantes de um país. Deste modo, pode-se estabelecer as seguintes relações:
𝑷𝑰𝑩 𝑷𝑵𝑩
PIBpc= 𝑷𝒐𝒑 e PNBpc= 𝑷𝒐𝒑

8
No que tange a perspectiva do crescimento económico, os agregados são
expressos em termos reais e não nominais para excluir o efeito da variação dos preços.
Os agregados reais são os valorizados à preços constantes (produção de cada ano
valorizada à preços de um ano base), enquanto os agregados nominais são valorizados à
preços correntes (produção de cada ano determinada à preços dos respectivos anos). Com
isto, deriva-se os conceitos de produto nominal (Pn) ou à preços correntes, produto real
(Pr) ou à preços constantes, deflactor (Def) que é um dos índices dentre os índices de
preços de Laspeyres (IL) e de Paasche (IP).
O IL toma em conta as quantidades do ano base (Qb) e IP as quantidades do ano
corrente (Qc). Neste caso, o Def. seria determinado pelo índice de preços de Paasche, pois
é definido como o quociente entre o produto nominal e o produto real.
∑𝑸𝒃 ∗ 𝑷𝒄 ∑𝑸𝒄 ∗ 𝑷𝒄
𝑰𝑳 = 𝒆 𝑰𝑷 =
∑𝑸𝒃 ∗ 𝑷𝒃 ∑𝑸𝒄 ∗ 𝑷𝒃
𝑷𝑰𝑩𝒏 ∑𝑸𝒄∗𝑷𝒄
𝑫𝒆𝒇. 𝑷𝑰𝑩 = ∗ 𝟏𝟎𝟎 ⇒ 𝑫𝒆𝒇. 𝑷𝑰𝑩 = ∑𝑸𝒄∗𝑷𝒃 *100
𝑷𝑰𝑩𝒓

A taxa de inflação, que mede a variação percentual do nível geral de preços, neste
caso, é definida como a diferença dos deflactores de um ano relativamente a outro e a
taxa de crescimento económico (real), que mede quanto se produziu a mais (ou a menos)
de um ano para o outro, é dada pela variação do PIB real. Recordar que a variação de uma
variável é dada pela seguinte fórmula:
∆𝑿 (𝑿𝒕 −𝑿𝒕−𝟏 ) ∆𝑿 𝑿𝒕
= ∗ 𝟏𝟎𝟎 ou = (𝑿 − 𝟏) ∗ 𝟏𝟎𝟎
𝑿 𝑿𝒕−𝟏 𝑿 𝒕−𝟏

A seguir apresentam-se alguns indicadores do sector real da economia resultantes


das Contas nacionais publicadas, pelo Instituto Nacional de Estatísticas de Angola.

TABELA 1-PRODUTO INTERNO BRUTO, PRODUTO PERCAPITA, POPULAÇÃO E DEFLACTOR

Deflator
Produto Interno Bruto Produto Interno Bruto per capita
População implícito
Valor em (1 000 000 Kz) residente Valor em Kwanzas
Ano Variação Variação Variação
Preços do 1 000 hab. Preços do
Preços real anual Preços real anual anual
ano (1) ano
correntes (%) correntes (%) (%)
anterior anterior
2005 3 222 352 2 263 276 15,00 14 948 215 568 151 408 12,00 42,00
2006 4 209 762 3 594 459 12,00 15 410 273 180 233 252 8,00 17,00
2007 5 006 335 4 799 555 14,01 15 889 315 090 302 076 10,58 4,31
2008 6 643 353 5 565 343 11,17 16 368 405 877 340 016 7,91 19,37
2009 5 803 484 6 785 617 2,14 16 889 343 628 401 781 (-) 1,01 (-) 14,47
2010 7 662 130 6 010 227 3,56 17 430 439 604 344 828 0,35 27,48
2011 10 416 478 7 804 472 1,86 17 992 578 949 433 774 (-) 1,33 33,47
2012 11 974 557 11 211 721 7,63 18 577 644 605 603 541 4,25 6,80
2013 13 195 004 12 830 646 4,95 18 706 705 374 685 897 2,34 2,84
2014 14 323 859 13 831 349 4,8 2 25 901 553 023 534 008 * 3,56
2015 13 950 291 14 459 015 0,9 4 26 681 522 855 541 922 -2,01 -3,52
Fonte: INE – Contas Nacionais.
* Dado omitido por incomparabilidade das informações sobre a população antes e depois de 2014.

9
TABELA 2-COMPONENTES DO PRODUTO SOB ÓPTICAS DE MEDIÇÃO

Valor em (1 000 000 Kz)


Componentes do Produto Interno Bruto
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015
A - Óptica da produção
Produto Interno Bruto 5 006 335 6 643 353 5 803 484 7 662 130 10 416 478 11 974 557 13 195 004 14 323 859 13 950 29
Produção 7 509 994 10 285 576 9 937 647 12 311 861 16 234 720 18 756 745 20 557 387 21 761 061 20 253 506
Impostos sobre produtos inclusive, de importação 167 460 267 866 286 556 294 852 310 400 348 117 373 928 430 591 484 770
Subsidios aos produtos (-) 202 100 137 956 150 447 211 196 257 891 483 149 552 903 354 303 224 398
Consumo intermediário (-) 2 469 019 3 772 133 4 270 272 4 733 387 5 870 751 6 647 156 7 183 409 7 513 490 6 563 587

B - Óptica da despesa
Produto Interno Bruto 5 006 335 6 643 353 5 803 484 7 662 130 10 416 478 11 974 557 13 195 004 14 323 859 13 950 291
Consumo final 2 328 843 3 030 073 3 419 501 3 979 257 5 238 354 5 986 331 7 808 116 8 944 162 9 650 369
Despesa de consumo das famílias 1 551 012 1 913 019 2 303 263 2 646 397 3 304 895 3 806 437 4 955 099 6 369 354 7 357 941
Despesa de consumo da administração pública 777 831 1 117 054 1 116 238 1 332 860 1 933 459 2 179 894 2 853 017 2 574 808 2 292 428
Formação bruta de capital 1 288 159 2 046 422 2 436 365 2 222 440 2 935 397 3 533 436 3 449 566 3 939 127 4 771 347
Formação bruta de capital fixo 1 259 386 1 941 186 2 452 293 2 234 458 2 868 305 3 560 451 3 451 615 3 936 026 3 935 322
Variação de existencia 28 773 105 236 - 15 928 - 12 018 67 092 - 27 015 - 2 049 3 101 836 025
Exportação de bens e serviços 3 399 591 4 814 772 3 696 401 4 739 836 6 370 916 6 838 653 6 696 080 6 402 053 4 150 853
Importação de bens e serviços (-) 2 010 258 3 247 914 3 748 783 3 279 403 4 128 189 4 383 863 4 758 758 4 961 483 4 622 278

C - Óptica do rendimento
Produto Interno Bruto 5 006 335 6 643 353 5 803 484 7 662 130 10 416 478 11 974 557 13 195 004 14 323 859 13 950 291
Remuneração dos empregados 964 251 1 348 711 1 601 141 1 819 917 2 395 047 2 760 020 2 910 922 3 044 949 3 539 703
Impostos, líquidos de subsídios sobre a produção e importação - 9 532 156 428 162 622 111 178 80 351 - 106 688 - 335 847 - 235 215 112 474
Excedente bruto de exploração/rendimento misto 4 051 616 5 138 214 4 039 721 5 731 035 7 941 080 9 321 225 10 619 929 11 514 125 10 298 114

Fonte: INE - Departamento de Contas Nacionais e Coordenação Estatística

TABELA 3-COMPOSIÇÃO DO PRODUTO POR CLASSE E ACTIVIDADES

10
2.5. Fluxo de Rendimento/Circuito Económico

Um circuito económico, tal como já referido, é uma representação dos fluxos entre
agentes económicos de forma a termos uma visão simplificada da realidade.
Hipóteses Simplificadoras

Para representar os fluxos de rendimento e despesa opta-se pelas seguintes


hipóteses com vista a facilitar a análise:
i. Não existência de impostos indirectos nem de subsídios, logo: PIBpm=PIBcf;
ii. Amortizações nulas, implica: PIB=PIL e PNB=PNL;
iii. Não existência de fluxo de rendimentos externos, pelo que: PIB=PNB;
iv. Produção realizada apenas pelas empresas, isto é, o Estado contrata as empresas
para aprestação de serviços requeridos;
v. Apenas as famílias pagam impostos e as empresas distribuem todos os seus
lucros;
vi. Exportações e importações realizadas apenas pelas empresas;
vii. Fluxo de transferências com o resto do mundo realizado apenas pelas famílias.
Considerando as três primeiras hipóteses, mais utilizadas na análise
macroeconómica, depreende-se:
∑VABcf ≡∑VABpb ≡ PIBpm ≡ PNBpm ≡ PILpm ≡ PNLpm ≡ DI ≡ DN ≡ RN
Representando todas essas grandezas por Y, tem-se:
Y≡ C+I+G+NX, Yd ≡ Y-TX+TR+TLRM e S ≡ Yd-C

Economia Fechada sem Estado


Considerando uma economia hipotética, que seja fechada (isto é, sem relações
com o exterior), sem a presença do governo, e que produza bens de consumo e de
investimento, conforme a figura nº3.
FIGURA 3– ECONOMIA FECHADA SEM ESTADO

Fonte: Macroeconomia; Jorge Santos, et al; Pag.11.

11
O rendimento desta Economia será: Y≡YC+YI⇒Y≡80+20⇒Y=100
Y≡C+S⇒S≡Y-C e Y≡C+I então C+I≡C+S⇒I≡S⇒20=20.
Assim, ao produzir-se os bens e serviços a serem fornecidos às famílias, as
empresas utilizam os factores de produção fornecidos por essas famílias. Ao serem
utilizados, os factores são remunerados, permitindo às famílias auferir um rendimento
que é destinado a aquisição dos bens e serviços produzidos pelas empresas e parte deste
rendimento é poupado e canalizado no sector financeiro para financiar o investimento
empresarial.
Economia Fechada com Estado
O governo (sentido restrito de Estado) está presente em inúmeras actividades da
economia, seja disponibilizando ou consumindo bens e serviços, seja regulamentando
mercados. Por governo, entende-se apenas o exercício das funções típicas do Estado
(administração directa, judiciário, legislativo, provisão de segurança nacional etc.), que
dependem de dotação orçamental. As empresas públicas, que oferecem bens e serviços
no mercado, cobrando um preço ou taxas, não são diferenciadas na Contabilidade
Nacional das empresas privadas. Assim, o governo tem por função prover os chamados
“bens públicos” com recursos que provêm da arrecadação de impostos. A figura abaixo
ilustra este modelo económico.
FIGURA 4– ECONOMIA FECHADA COM ESTADO

Fonte: Macroeconomia, Jorge Santos, et al; Pag.12.

a. Y = C+I+G
Y= 63+20+17⇒Y=100
b. Yd = Y-Tx+TR
Yd = 100-33+18⇒Yd = 85
c. S = Yd-C
S = 85-63 ⇒ S=22
d. SO=Tx-G-TR
SO=33-17-18⇒SO=-2⇒DO=2
e. Nota: S = I-SO⇒S=I+DO⇒S=20+2⇒S=22⇒I=S+SO⇒I=S-DO⇒20=22-2.
12
Portanto, numa economia fechada é sempre verificável que o investimento é
financiado pela poupança total (soma da poupança privada e poupança pública ou saldo
orçamental) e, portanto, um défice orçamental diminui a poupança total, ou seja, retira
recursos disponíveis as famílias para cumprir as necessidades de investimento no
mercado financeiro.
S ≡ Yd-C ≡ Y-Tx+TR-C ≡ C+I+G-Tx+TR-C ≡ I+G+TR-Tx ≡ I-SO ≡ I+DO
S≡I-SO⇒S≡I+DO⇒I≡S+SO⇒I≡S-DO

Economia Aberta

Finalmente, pode-se incluir o resto do mundo na análise. Considera-se resto do


mundo todos os agentes económicos (famílias, empresas e governos) de outros países,
também designados como não residentes, que transacionam com os residentes do país.
Podemos dividir as transacções com o exterior em duas categorias. A primeira
representa as realizadas com bens e serviços. São as exportações que correspondem à
venda de parte de nossa produção para o exterior e que constituem um elemento de
demanda por produção interna; e as importações que são aquisições de produção realizada
em outros países. A segunda categoria de transacções são as realizadas com factores de
produção. As empresas sediadas no país podem utilizar trabalho e capital vindo do resto
do mundo que devem ser remunerados. Tal remuneração representa envio de renda para
o exterior, na forma de juros da dívida externa, remessa de lucros, pagamentos de
royalties e assistência técnica. Também pode haver empresas de residentes que vendem
trabalho e capital para entidades situadas no exterior, e que recebem renda por essa venda.
O Rendimento Líquido do Resto do Mundo (RLRM) é a diferença entre o que é
recebido do exterior por factores de produção nacionais empregados em outros países
(RRE) e o que é pago por factores de produção externos utilizados internamente (REE).
Assim, se RLRM> O, o país recebe mais rendimento do que envia e se RLRM < O, o país
envia mais rendimento do que recebe do exterior.
A introdução do Resto do Mundo traz algumas alterações nas identidades
macroeconómicas vistas até agora. Oferta agregada global é a produção interna (Y) mais
as importações (M). A demanda agregada global passa agora a incluir as exportações. A
figura nº 5 ilustra a economia aberta, com exemplos numéricos para facilitar a
compreensão, tal como optou-se nos modelos anteriores.

13
FIGURA 5– ECONOMIA ABERTA

Fonte: Macroeconomia, Jorge Santos.

a. Y=C+I+G+Nx
Y=66+27+17+(28-38) ⇒Y=110+(-10) ⇒Y=100
b. Yd=Y-Tx+TR+TLRM
Yd=100-33+18+7⇒Y=92
c. S=Yd-C
S=92-66⇒S=26
d. BTC=X-M+TLRM
BTC=-10+7⇒BTC=-3
DBTC=3
e. Nota: I=S+SO+DBTC⇒I=26+(-2) +3⇒I=27⇒27=27
A poupança total é determinada pela soma da poupança privada, pública e externa.
Se a economia registar um défice na Balança de Transacções Correntes (DBTC), o
investimento do país é financiado pelo RM, se for um superavit (SBTC), o país financia
o exterior. Pelo exemplo acima, dada a BTC deficitária a poupança externa financia (soma
na poupança total) o investimento interno, no caso de ser superavitária (subtrai na
poupança total) parte da poupança interna financiaria o RM.

S=Yd-C⇒S=Y-Tx+TR+TLRM-C⇒S=C+I+G+NX-Tx+TR+TLRM-C⇒
S=I+(G+TR-Tx) +(Nx+TLRM) ⇒S=I-SO+BTC⇒I=S+SO+DBTC⇒I=S+SO-SBTC

14
2.6. Exercícios Resolvidos

1- Seja dada a seguinte informação:


Ano base Ano corrente
Bens
Q em Kg Preço (Kzs) Q (Kg) Preço (Kzs)
Pão 10 1,00 12 Kg 1,20
Manteiga 1 5,00 0,8 Kg 5,40
Pretende-se, calcular os índices de preços de Paasche e de Laspeyres (em valores).

Resolução:
Índice de Preços de Laspeyres (base fixa)
∑ 𝑃 ∗𝑄 (1,2∗10) + (5,4∗1)
IL = ∑ 𝑃𝑐 ∗𝑄𝑏 ∗ 100 ⇒ IL= ∗ 100 = 116%.
𝑏 𝑏 (1∗10) + (5∗1)

Índice de Preços de Paasche (base móvel)


∑ 𝑃 ∗𝑄 (1,2∗12) + (5,4∗0,8)
IP = ∑ 𝑃𝑐 ∗𝑄𝑐 ⇒ IP = ∗ 100 =117%.
𝑏 𝑐 (1∗12 + 5∗0,8)

2- Considere os seguintes dados estatísticos para uma certa economia (anos de 1997,
1998 e 1999).
Designação 1997 1998 1999
PIB à preços correntes (em Kzs) 92,4 100,5 106,9
PIB à preços de 1995 (em Kzs) 87,4 91,0 93,8
Determine:
a) O deflactor (implícito) do PIB.
b) O crescimento dos preços.
Resolução:
a) O Deflactor (implícito) do PIB = (PIB à preços corrente/PIB à preços constantes) *
100. Assim, tem-se:
1997: (92,4 / 87,4) * 100 = 105,7
1998: (100,5 / 91,0) * 100 = 110,4
1999: (106,9/93,8) * 100 = 113,9
b) O crescimento dos preços (taxas de inflação) será dado por:
𝜋𝑡
Taxa de inflação = (𝜋 – 1)*100. Então vem:
𝑡−1

1998/97 = [(110,4 / 105,7) – 1]*100 = 4,44 %


1999/98 = [(113,9 / 110,4) - 1]*100 = 3,17 %
1997/95 = [(105,7 / 100) – 1] * 100 = 5,70 %

15
1999/97 = [(113,9 / 105,7) - 1]*100 = 7,75 %
3- Interprete o seguinte fluxo de uma economia fechada sem Estado (Em unidade
monetária):

Resolução:
Pode-se observar que, esta economia tem um Rendimento (Y) = 1040 + 260 = 1300, onde
o consumo (C) = 1040. As empresas de bens de produção fornecem equipamentos às
empresas de bens de consumo, estas investem 260. Nesta economia Y = Yd (rendimento
disponível). Outrossim, Poupança (S) = Y – C = 1300 – 1040 = 260, este valor é
depositado pelas famílias nos bancos. Pelo que, I = 260, ou seja, os bancos financiam as
empresas em 260, verificando-se neste caso que S = I.
4- Suponha que numa actividade económica tem-se (em unidade monetária):
i. Consumo das famílias (C) = 1071
ii. Gastos do Estado (G) = 289
iii. Investimento (I) =340
iv. Transferência (TR) = 306
v. Impostos pagos pelas famílias (Tx) = 561
vi. Depósitos das famílias (S) = 374
Atendendo as informações dada, construa o fluxo desta economia fechada com Estado.
Resolução:
É fundamental previamente determinar a despesa interna desta economia. Assim tem-se:

DI = Y = C + G + I ⇒ Y = 1071 +289 + 340 ⇒ Y = 1700.


Neste caso, Yd = Y + TR – Tx, isto quer dizer que Yd = 1700 + 306 – 561 = 1445.

S = Yd – C ⇒ S = 1445 – 1071 = 374. A poupança é aplicada no financiamento do


investimento e do défice orçamental. Assim determinando o Saldo Orçamental, vem:

SO = Tx – G – TR ⇒SO = 561 – 289 -306 = - 34. Logo temos um DO = 34.


Verifica-se que:
S = Yd – C ⇒ S = Y + TR - Tx – C ⇒ S = C + G + I + TR – Tx – C ⇒

16
S = I + G + TR – Tx ⇒ S = I + DO.
Logo, S = I + DO, ou seja, S = 374 e I + SO = 340 + 34 ⇒ I + DO = 374. No caso de o
saldo orçamental ser superavitário (SO), S = I – SO ⇒ S + SO = I.
Portanto, o fluxo dessa economia será:

5- Seja dada as seguintes informações de uma economia (em unidade monetária):


i. Consumo das famílias (C) =1122
ii. Gastos Estado (G) = 289
iii. Investimento (I) = 459
iv. Transferências (TR) = 306
v. Impostos pagos pelas famílias (Tx) = 561
vi. Remessas dos emigrantes (RRE) = 119
vii. Importações (M) = 646
viii. Exportações (X) = 476
ix. Ordenados (Y) = 1700
x. Impostos pagos pelos bancos = 34
Atendendo as informações dada, construa o fluxo desta economia aberta.
Resolução:
É preciso começar por determinar a despesa desta economia. Assim vem:
AD = C+G+I+X-M⇒Y=1122+289+459+476-646 ⇒AD = 1700.
Calculando o rendimento disponível, tem-se: Yd=Y+TR+RRE-Tx⇒
Yd = 1700+306+119- 561⇒Yd=1564.
Neste caso, a poupança interna será: S = Yd-C⇒S=1564-1122⇒S = 442.
SO = Tx – G – TR⇒SO = 561 – 289 – 306⇒SO = - 34 ⇒(DO) = 34.
SBTC = X +RRE – M = 476 + 119 – 646 = - 51.
Verifica-se que, o resto do mundo está a financiar a economia do país, poupança externa
(Sx) = - SBTC⇒DBTC = 51.

17
A poupança total (S)= (SP + SG) +SX = 442 + 51 = 493 é aplicada no financiamento do
investimento e do défice orçamental, ou seja: 493 = 459 + 34⇒493=493.
Portanto, o fluxo dessa economia será:

6- Considere os seguintes dados, em unidades monetárias:

i. Exportações de bens e serviços (X) = 100;


ii. Importações de bens e serviços (M) = 200;
iii. Renda líquida enviada ao exterior (RLEE) = 50;
iv. Poupança líquida do sector privado = 250 = SP Líquida;
v. Depreciação = 10 = δ;
vi. Saldo do governo em conta corrente = 70 = SG;
vii. Variação de stock = 80 = VE.
Com base no sistema de contas nacionais, calcule a Formação Bruta de Capital Fixo.
Resolução:
Sabe-se que S= I = FBCF + VE e SPBruta = SP Líquida + δ = 250 + 10 = 260. Neste caso,
S = SP Bruta+ SG + SX, onde SX = - (X – M – RLEE) = SBTC = - (100 – 200 – 50) = 150.
Logo, S = Sp + Sg + Sx = 260 + 70 +150 = 480. Por último S= I = FBCF + VE⇒
FBCF = S – VE = 480 – 80 = 400.
7- Foram extraídos os seguintes dados das Contas Nacionais duma certa economia
(hipoteticamente Angola) em 2003, em milhões de kwanzas:

i. Consumo final: 1.192.613 = C + G


ii. Sector externo de bens e serviços: –56.078 = X - M
iii. Poupança interna bruta: 317.172 = SBruta
iv. Transferências correntes recebidas liquidamente do exterior: 8.753 = TLRE
v. Formação Bruta de Capital Fixo: 276.741 = FBCF
vi. Variação de stock: VE=30.750
Determine, a Renda Nacional Bruta desta economia.

18
Resolução:
Lembra-se que: RNB = PIB – RLEE – Ti + Sp
A poupança externa é igual ao superavit negativo, ou seja: SX = - SBTC=DBTC.
Sabemos que: FBCF + VE = SBruta + SX.
I=S+SO-SBTC
A partir dos dados do problema, tem-se:
SX= FBCF + VE - SBruto = 276.741 + 30.750 – 317.172 = - 9.681=DBTC.
A partir das contas do BP (Transações correntes), tem-se que:
SBTC =X – M – RLEE + TLRE.
RLEE = X –M + TLRE-SBTC
RLEE = X-M+TLRE+DBTC
RLEE=-56078+8753+(-9681)
RLEE= - 57.006
Tem-se pela óptica de despesa:
PIB = C+G +I + (X – M)
I = FBCF + VE
PIB = 1.192.613 + 276.741 + 30.750 + (- 56.078) = 1.444.026
Por último: RNB = PIB – RLEE = 1.444.026 – 57.006 = 1.387.020
8- Considere a seguinte informação para uma determinada economia (Em Kz):
Consumo privado 600 Imposto directos 100
Consumo público 160 Impostos indirectos – Subsídios 200
Investimento 280 Transferências internas líquidas para os particulares 200
Exportações 310 Transferências externas líquidas para os particulares 60
Importações 380 Amortizações 140
Rendimentos líquidos recebidos no resto do mundo 20 »»

Com base nos valores apresentados no quadro determine:


a) O PIBcf, PIBpm, PNBcf e o PNBpm.
b) O rendimento nacional.
c) O rendimento disponível e a poupança.
d) O saldo orçamental e saldo da balança de transacções correntes.
Resolução:
a) Sabe-se que PIBpm = C+I+G+X-M, então substituindo as variáveis na fórmula,
tem-se: PIBpm = 600 + 280 + 160 + 310 – 380 = 970.
Conhecendo o PIBpm facilmente se pode determinar o PIBcf. Neste caso, o PIBcf =
PIBpm – (Ti-Sp) = 970 – 200 = 770.

19
O PNBpm será dado por PNBpm = PIBpm + RLRE (Renda líquida recebida no resto
do mundo) = 970 + 20 = 990.
Portanto, PNBcf = PNBpm – (Ti-Sp) = 990 – 200 = 790.

b) O rendimento nacional será dado pela seguinte expressão:


RN = PNLcf = PNBcf – 𝛿 ⇒RN=790 – 140 ⇒RN =650.
c) Neste caso, Yd = PNLcf – Tx + TR + TLRM = 650 – 100 + 200 + 60 = 810. Logo
S = Yd – C = 810 – 600 = 210.
d) O saldo da balança de transacções correntes será dado por:
SBTC = (X – M) + RLRE+TLRE= (310 – 380) + 60 + 20 = 10.
O saldo orçamental será:
SO=Ti +Td-(G+TR+Sp) ⇒ SO= Ti-Sp+Td-G-TR ⇒SO=200 +100 – 160 – 200 = - 60.
9- A Ruritânia é habitada por 5 famílias. As transacções efectuadas anualmente na
economia ruritânia são as seguintes:
i. A família lavrador produz trigo no valor de 50 unidade monetária, que vende ao
moleiro;
ii. A família moleiro transforma o trigo em farinha. Parte da farinha, no valor de 40
unidade monetária é vendida ao padeiro e a parte restante, no valor de 30 unidade
monetária, é vendida para a Urbitânia. A família recebe de um dos seus membros
emigrado da Urbitânia 7 unidade monetária;
iii. A família padeiro transforma a farinha em pão, que vende por 60 unidade
monetária acrescido dum imposto de 15%. A receita deste imposto é utilizada
para pagar o trabalho da família servo. A família padeiro recebe dos seus
investimentos na Urbitânia um rendimento anual de 5 unidade monetária;
iv. A família pedreiro faz diversas construções no valor de 30 unidade monetária. Só
metade deste valor corresponde a novas construções, correspondendo a outra
metade à substituição de construções degradadas;
v. A família Servo educa as crianças e administra os assuntos comunitários. Por
estes serviços recebe uma contribuição de 4 unidade monetária de cada uma das
restantes famílias e a receita do imposto sobre o pão;
vi. Na altura da ceifa, o lavrador contrata trabalhadores da Urbitânia, aos quais paga
15 unidade monetária, e as diversas famílias compram à Urbitânia artigos de
consumo no valor de 10 unidade monetária.
Pretende-se:
a) Calcule o VAB de cada família e o PIBcf.
b) Calcule o PNBcf.
c) Calcule o rendimento nacional.
d) Calcule o saldo da balança comercial e o saldo da balança de transacções
correntes.
e) Identifique e quantifique as componentes da despesa interna.
f) Calcule o rendimento disponível e a poupança.

20
Resolução:
a) O VAB de cada família representa a diferença entre as vendas e os consumos
intermédios. No caso da família servo, que não efectua vendas, o VAB é a
remuneração da família, ou seja, a remuneração será o total de impostos cobrados.
Os impostos indirectos (sobre o pão) são 15%*60, isto é, 9 unidade monetária e
os impostos directos são 4 unidade monetária por cada uma das restantes 4
famílias, totalizando 16 unidade monetária. A remuneração da família é, portanto,
25 unidade monetária. Assim vem:
Cálculo dos VAB e do PIB (Em unidade monetária)
Produtor Vendas Consumo VAB = Vendas – consumo
Intermédio intermédio
Lavrador 50 0 50
Moleiro 70 50 20
Padeiro 60 40 20
Moleiro 30 0 30
Servo 25 0 25
Total 235 90 145

Portanto, o PIBcf é a soma dos VAB, que é de 145 unidade monetária.


b) Para este caso, os trabalhadores urbitanos contratados pelo Lavrador são não
residentes, pelo que o rendimento auferido por eles (15 unidade monetária) é um
rendimento pago ao resto do mundo. O rendimento recebido pelo padeiro do seu
investimento na Urbitânia (5 unidade monetária) é um rendimento recebido do
resto do mundo. Em termos líquidos, há um pagamento de rendimentos ao resto
do mundo que é de 10 unidade monetária. Assim vem:
PNBcf = PIBcf – RLEE = 145 – 10 = 135.
c) O rendimento nacional é o produto nacional líquido a custo de factores, que é a
diferença entre o produto nacional bruto a custos de factores e as amortizações
(𝛿), ou seja: PNLcf = PNBcf – 𝛿.
As amortizações para esta economia são os valores das construções degradadas,
15 unidade monetária (metade do valor de todas as construções do padreiro), logo:
PNLcf = PNBcf – 𝛿 = 135 – 15 = 120.
d) O saldo da balança comercial é a diferença entre as exportações, 30 unidade
monetária (farinha vendida para Urbitânia) e as importações, 10 unidade
monetária (artigos de consumo importado). É, portanto, Nx = X – M = 30 – 10 =
20. Neste caso o saldo da balança de transacções correntes é:
SBTC = Nx + TLRE – RLEE= 20 + 7 – 10 = 17.
Uma vez que, na Urbitânia reside um membro da família moleiro, a sua
transferência não é um rendimento recebido do resto do mundo.
e) O consumo privado é a despesa feita nos artigos de consumo importados, 10
unidade monetária, e no pão. Esta ultima é valorizada a preços de mercados, ou
seja, é o valor a custo de factores, 60 unidade monetária, acrescido de imposto,
15%*60 = 9. Portanto C = 10 + 69 = 79. Ao consumo público destinam-se os

21
serviços prestados pela família servo, pois são pagos através de impostos e não
directamente pelo utilizador. Portanto, G = 25. O investimento é a despesa feita
nas construções do pedreiro, logo I = 30. Já vimos acima que X = 30 e M = 10,
então:
DI = C + G + I+ X – M = 79 + 25 + 30 + 30 – 10 = 154. Pode-se verificar este valor
através da identidade PIBpm = DI. Assim, tem-se:
PIBpm = PIBcf + Ti - Sp = 145 + 9 – 0 = 154.

f) O rendimento disponível, Yd é igual ao rendimento nacional, subtraído dos


impostos directos (Td), adicionado das transferências provenientes do Estado
(TR), que neste caso não existem, e do exterior TLRE:
Yd = PNLcf – Tx + TR +TLRE = 120 – 16 + 0 +7 = 111.
A poupança é igual ao rendimento subtraído consumo:
S = Yd – C = 111 – 79 = 32.

22
III. MODELO DE DETERMINAÇÃO DO RENDIMENTO

3.1. Conceito

O modelo a ser estudado neste capítulo, consiste na determinação do rendimento


e do produto. No curto prazo, como já referido, a procura agregada ou a despesa interna
determinam o rendimento e o produto. É conhecido também como Mercado de Produto
ou ainda Modelo Keynesiano de Determinação de Rendimento. Este modelo tem como
hipótese fundamental a rigidez dos preços, pelo que os ajustamentos para o equilíbrio
ocorrem unicamente através de quantidades.
3.2. Economia de Dois Sectores

É o modelo mais simples de funcionamento de uma economia, considera um


circuito com apenas dois agregados: Famílias e Empresas.
𝑌 =𝐶+𝐼
{ 𝐶 = 𝐶0 + ç𝑌𝑑
𝐼 = 𝐼̅
A procura total desta economia é igual a soma das despesas planeadas de consumo
(C) e investimento (I). O consumo depende do rendimento disponível numa relação
directa, isto é, quando o rendimento aumenta o consumo aumenta, mas aumenta menos
do que o aumento do rendimento (na proporção de ç, propensão marginal a consumir). O
investimento é considerado exógeno, sendo de tal maneira imprevisível e dependente de
estados de alma ou instinto animal (Animal spirits).
Rendimento de Equilíbrio
O rendimento para esta Economia é dado pela condição Y=AD ou I=S.
Sendo Y=C+I e Y=C+S significa C+I=C+S⇒ 𝐼 = 𝑆.
Conclui-se que se numa Economia é produzida uma determinada quantidade de
bens e serviços finais no valor de Y, então o rendimento gerado na produção é também
igual a Y.
Y=C+I⇒Y=C0+çYd+𝐼 ⇒ ̅ Y=C0+çY+𝐼 ⇒ ̅ Y-çYd=C0+𝐼 ,̅ onde C0+𝐼 = ̅̅̅̅⇒Y(1-ç)= 𝐴𝐷
̅ 𝐴𝐷 ̅̅̅̅
𝟏
Y=𝟏−ç ∗ ̅̅̅̅
𝑨𝑫

onde ç = propensão marginal a consumir, ̅̅̅̅


𝐴𝐷= procura interna autónoma.
A propensão marginal do consumo (ç) mede a variação do consumo resultante da
variação unitária do rendimento. O seu valor é compreendido entre 0 e 1 (0< ç < 1) e
exprime a lei psicológica das sociedades modernas4, isto é, com o aumento do rendimento
os agentes económicos tendem a diminuir a parcela do rendimento alocado para o
consumo, tornando-os mais propensos a poupar (ou a adquirir bens para satisfação de
necessidades não básicas).

4
Segundo a lei de Hegel, com o aumento do rendimento a proporção de despesas afecto à aquisição de bens
para satisfação de necessidade básica diminui (Base da pirâmide de necessidade de Maslow).

23
Multiplicador
O multiplicador mede a variação do valor de equilíbrio de uma variável endógena
resultante de uma variação unitária de uma variável exógena.
No modelo em consideração o multiplicador da despesa autónoma é o inverso da
propensão marginal a poupar.
∆𝒀 ∆𝒀 𝟏 𝟏
= = =
∆𝑪𝟎 ∆𝑰 𝟏 − ç 𝒔
onde s é a propensão marginal a poupar e o rendimento aumenta com acréscimos na
propensão marginal a consumir (redução da propensão marginal a poupar), fenómeno
conhecido como o “Paradoxo da Parcimónia”. Note, a seguir, que:
Y=C+S
∆𝑌 ∆𝐶 ∆𝑆
∆𝑌 = ∆𝐶 + ∆𝑆/: ∆𝑌⇒ ∆𝑌 = ∆𝑌 + ∆𝑌 ⇒ 1 = ç + 𝑠 ⇒ 𝑠 = 1 − ç

A função poupança será:


Y=C+S⇒S = Yd- C⇒ S= Yd- (𝐶𝑜 + ç𝑌𝑑)⇒S = −𝐶𝑜 + (1 − ç)𝑌𝑑
Graficamente, tem-se:
GRÁFICO 1-RENDIMENTO DE EQUILÍBRIO

Fonte: Elaboração Própria.

3.2.1. Interpretação Dinâmica do Conceito de Multiplicador

∆𝑌 = ∆𝐼 + ç∆𝐼 + ç2 ∆𝐼 + ç3 ∆I …
∆𝑌 = ∆𝐼(1 + ç + ç2 + ç3 … )
∆𝑌 = lim ∆𝐼(1 + ç + ç2 + ç3 … )
𝑛→∞

24

∆𝑌
= ∑ 1ç𝑘 = (1. ç0 + 1. ç1 + 1. ç2 + ç3 … )
∆𝐼
𝑘=0

∆𝑌
. ç = ç(1 + ç + ç2 + ⋯ )
∆𝐼
𝛼 = 1. ç0 + 1. ç1 + 1. ç2 + 1. ç3 + ⋯
(−) {
ç. 𝛼 = ç. ç0 + ç. ç1 + ç. ç2 + ⋯
α = 1 + ç + ç2 + ç3 … ∆𝑌
{ 2 3 onde α = ∆𝐼
−ç. 𝛼 = −ç − ç − ç + ⋯
∆𝑌 ∆𝑌 ∆𝑌 ∆𝒀 𝟏
−ç =1⇒ (1 − ç) = 1 ⇒ =
∆𝐼 ∆𝐼 ∆𝐼 ∆𝑰 𝟏 − ç
Nota que 1 é o primeiro termo da progressão geométrica e ç é a razão.

3.3. Economia de Três Sectores

Com a introdução do Estado na actividade económica, as decisões de consumir e


poupar passam a depender do rendimento disponível (Yd). Neste modelo, os impostos
variam directamente com o nível de rendimento, portanto, o modelo na sua forma
estrutural é agora o seguinte:
𝑌 =𝐶+𝐼+𝐺
𝑌𝑑 ≠ 𝑌
𝑌𝑑 = 𝑌 − 𝑇𝑥 + 𝑇𝑅
𝐶 = 𝐶0 + ç𝑌𝑑
𝑇𝑥 = 𝑇𝑥0 + 𝑡𝑌
𝐼 = 𝐼̅
𝐺 = 𝐺̅
{ ̅̅̅̅
𝑇𝑅 = 𝑇𝑅

Determinação do Rendimento de Equilíbrio


Y=C+I+G
Y=C0+çYd+𝐼 ̅ + 𝐺̅
̅̅̅̅)+ 𝐼 ̅ + 𝐺̅
Y=C0+ç(Y-Tx+𝑇𝑅
̅̅̅̅ ] + 𝐼 ̅ + 𝐺̅
Y=C0+ç[𝑌 − (𝑇𝑥0 + 𝑡. 𝑌) + 𝑇𝑅
̅̅̅̅+𝐼 ̅ + 𝐺̅
Y=C0+çY-çTx0-çtY+ç𝑇𝑅
̅̅̅̅+𝐼 ̅ + 𝐺̅
Y-çY+çtY=C0-çTx0+ç𝑇𝑅
̅̅̅̅, onde ̅̅̅̅
Y[1 − ç(1 − 𝑡)]=𝐴𝐷 ̅̅̅̅+𝐼 ̅ + 𝐺̅
𝐴𝐷=C0-çTx0+ç𝑇𝑅
𝟏
Y= 𝟏−ç(𝟏−𝒕) ∗ ̅̅̅̅
𝑨𝑫

25
O rendimento gerado na Economia depende das componentes da demanda (C, I e
G) e dos parâmetros que as influenciam (comportamento das famílias face ao consumo,
perspectivas de investimento das empresas, políticas económicas adoptadas pelo
Governo).

Multiplicadores das Componentes Autónomas


∆𝒀 ∆𝒀 ∆𝒀 𝟏
= = =
̅ 𝟏 − ç(𝟏 − 𝒕)
∆𝑪𝒐 ∆𝑰̅ ∆𝑮
∆𝒀 ç
=−
∆𝑻𝒙𝟎 𝟏 − ç(𝟏 − 𝒕)

∆𝒀 ç
=
̅̅̅̅ 𝟏 − ç(𝟏 − 𝒕)
∆𝑻𝑹
A intervenção do Governo mediante a cobrança de impostos diminui o
multiplicador. Os gastos públicos (G) têm efeito mais directo do que as transferências
(TR). As transferências são consideradas impostos negativos com a mesma magnitude de
impacto sobre o rendimento e são “estabilizadores automáticos” com efeito amortecedor
na alteração face as medidas de políticas (expansionistas ou restritivas).
3.3.1. Saldo Orçamental e Multiplicadores de Política Fiscal

̅ +𝑻𝑹
SO=Tx-G-TR⇒SO=𝑻𝒙𝟎 +t.Y-(𝑮 ̅̅̅̅)

Multiplicador da Despesa
𝝏𝑺𝑶 −(𝟏 − 𝒕)(𝟏 − ç)
=
̅
𝝏𝑮 𝟏 − ç(𝟏 − 𝒕)
Demostração
𝑆𝑂 = 𝑇𝑥0 + 𝑡𝑌 − 𝐺̅ − 𝑇𝑅
̅̅̅̅

𝜕𝑆𝑂 = 𝜕𝑇𝑥0 + 𝑡𝜕𝑌 − 𝜕𝐺̅ − 𝜕𝑇𝑅


̅̅̅̅/:𝜕𝐺0

𝜕𝑆𝑂 𝜕𝑇𝑥0 𝜕𝑌 𝜕𝐺̅ 𝜕𝑇𝑅̅̅̅̅


= +𝑡∗ − −
𝜕𝐺 𝜕𝐺̅ 𝜕𝐺 𝜕𝐺̅ 𝜕𝐺̅
𝜕𝑆𝑂 1
= 0+𝑡∗ −1−0
𝜕𝐺̅ 1 − ç(1 − 𝑡)
𝜕𝑆𝑂 𝑡 − 1 + ç − ç𝑡
=
𝜕𝐺̅ 1 − ç(1 − 𝑡)
𝜕𝑆𝑂 −(1 − 𝑡 + ç𝑡 − ç)
=
𝜕𝐺̅ 1 − ç(1 − 𝑡)

26
𝜕𝑆𝑂 −[(1 − 𝑡) − ç(1 − 𝑡)]
=
𝜕𝐺̅ 1 − ç(1 − 𝑡)
𝝏𝑺𝟎 −(𝟏 − 𝒕)(𝟏 − ç)
= <𝟎
𝝏𝐺̅ 𝟏 − ç(𝟏 − ç)

Multiplicador das Transferências


𝝏𝑺𝑶 −𝟏 + ç
= <𝟎
̅̅̅̅ 𝟏 − ç(𝟏 − 𝒕)
𝝏𝑇𝑅
Demostração
𝜕𝑆𝑂 = 𝜕𝑇𝑥0 + 𝑡𝜕𝑌 − 𝜕𝐺̅ − 𝜕𝑇𝑅
̅̅̅̅/:𝜕𝑇𝑅
̅̅̅̅

𝜕𝑆𝑂 𝜕𝑇𝑥0 𝜕𝑌 𝜕𝐺̅ ̅̅̅̅


𝜕𝑇𝑅
= +𝑡 − −
̅̅̅̅ 𝜕𝑇𝑅
𝜕𝑇𝑅 ̅̅̅̅ ̅̅̅̅ 𝜕𝑇𝑅
𝜕𝑇𝑅 ̅̅̅̅ 𝜕𝑇𝑅
̅̅̅̅
𝜕𝑆𝑂 ç
̅̅̅̅
= 0 + 𝑡. 1−ç(1−𝑡) − 0 − 1
𝜕𝑇𝑅

𝜕𝑆𝑂 𝑡ç 𝑡ç − 1 + ç − 𝑡ç
= −1=
̅̅̅̅ 1 − ç(1 − 𝑡)
𝜕𝑇𝑅 1 − ç(1 − 𝑡)
𝝏𝑺𝑶 −𝟏 + ç
= <𝟎
̅̅̅̅
𝝏𝑇𝑅 𝟏 − ç(𝟏 − 𝒕)
Multiplicador dos Impostos Autónomos
𝝏𝑺𝑶 𝟏−ç
=
𝝏𝑻𝒙𝟎 𝟏 − ç(𝟏 − 𝒕)
Demostração
𝜕𝑆𝑂 = 𝜕𝑇𝑥 − 𝜕𝐺 − 𝜕𝑇𝑅
𝜕𝑆𝑂 𝜕𝑇𝑥0 𝜕𝑌 𝜕𝐺 ̅̅̅̅
𝜕𝑇𝑅
= +𝑡 − −
𝜕𝑇𝑥0 𝜕𝑇𝑥0 𝜕𝑇𝑥0 𝜕𝑇𝑥0 𝜕𝑇𝑥0
𝜕𝑆𝑂 −ç
=1+𝑡 −0−0
𝜕𝑇𝑥0 1 − ç(1 − 𝑡)
𝜕𝑆𝑂 1 − ç(1 − 𝑡) − ç𝑡
=
𝜕𝑇𝑥0 1 − ç(1 − 𝑡)
𝜕𝑆𝑂 1 − ç + ç𝑡 − ç𝑡
=
𝜕𝑇𝑥0 1 − ç(1 − 𝑡)
𝝏𝑺𝑶 𝟏−ç
= >𝟎
𝝏𝑇𝑥0 𝟏 − ç(𝟏 − 𝒕)

27
Multiplicador da Taxa de Imposto sobre o Produto
𝝏𝒀 −ç𝒀
=
𝝏𝒕 𝟏 − ç(𝟏 − 𝒕)
Demostração
̅̅̅̅ = 𝐶0 − ç𝑇𝑥0 + ç𝑇𝑅
𝐴𝐷 ̅̅̅̅ + 𝐼 ̅ + 𝐺̅
̅̅̅̅
𝐴𝐷
𝑌= ⇒ ̅̅̅̅
𝐴𝐷 = 𝑌[1 − ç(1 − 𝑡)]
1 − ç(1 − 𝑡)
𝜕𝑌 𝐴𝐷̅̅̅̅´[1 − ç(1 − 𝑡)] − 𝐴𝐷
̅̅̅̅[1 − ç(1 − 𝑡)]´
=
𝜕𝑡 [1 − ç(1 − 𝑡)]2

𝜕𝑌 ̅̅̅̅ç
−𝐴𝐷
=
𝜕𝑡 [1 − ç(1 − 𝑡)]2
𝜕𝑌 −𝑌[1 − ç(1 − 𝑡)]ç
=
𝜕𝑡 [1 − ç(1 − 𝑡)]2
𝝏𝒀 −ç𝒀
= <𝟎
𝝏𝒕 𝟏 − ç(𝟏 − 𝒕)
Multiplicador da Taxa de Impostos sobre o Saldo Orçamental
𝝏𝑺𝑶 (𝟏 − ç)𝒀
=
𝝏𝒕 𝟏 − ç(𝟏 − 𝒕)
𝜕𝑆𝑂
= 𝑇𝑥0 ´ + (𝑡𝑌)´ − 𝐺̅ ´ − 𝑇𝑅
̅̅̅̅ ´
𝜕𝑡
𝜕𝑆𝑂
= 𝑡´𝑌 + 𝑡𝑌´
𝜕𝑡
𝜕𝑆𝑂 𝜕𝑌
=𝑌+𝑡
𝜕𝑡 𝜕𝑡
𝜕𝑆𝑂 −ç𝑌
= 𝑌+𝑡∗[ ]
𝜕𝑡 1 − ç(1 − 𝑡)
𝜕𝑆𝑂 𝑌[1 − ç(1 − 𝑡)] − ç𝑡𝑌
=
𝜕𝑡 1 − ç(1 − 𝑡)
𝜕𝑆𝑂 𝑌 − ç𝑌 + ç𝑡𝑌 − ç𝑡𝑌
=
𝜕𝑡 1 − ç(1 − 𝑡)
𝝏𝑺𝑶 (𝟏 − ç)𝒀
= >𝟎
𝝏𝒕 𝟏 − ç(𝟏 − 𝒕)
Demonstração do Teorema de Haavelmo
∆𝒀
= 𝟏 𝒔𝒆 𝑺𝑶 = 𝟎
∆𝑮

28
𝑇𝑥 = 𝐺 + 𝑇𝑅
∆𝑇𝑥 = ∆𝐺 + ∆𝑇𝑅
∆𝑌 1 ∆𝐺̅
= ⇒ ∆𝑌 =
∆𝐺̅ 1 − ç(1 − 𝑡) 1 − ç(1 − 𝑡)
∆𝑌 ç ̅̅̅̅
ç∆𝑇𝑅
= ⇒ ∆𝑌 =
̅̅̅̅ 1 − ç(1 − 𝑡)
∆𝑇𝑅 1 − ç(1 − 𝑡)
Sendo 𝑇𝑥 = 𝑇𝑥0 + 𝑡. 𝑌 ⇒ ∆𝑇𝑥 = ∆𝑇𝑥0 + 𝑡∆𝑌 ⇒ ∆𝑇𝑥0 = ∆𝑇𝑥 − 𝑡∆𝑌
Efeito total sobre o nível de rendimento será:
∆𝐺̅ ̅̅̅̅
ç∆𝑇𝑅 ç∆𝑇𝑥0
∆𝑌 = + − 𝑒 𝑠𝑒𝑛𝑑𝑜 ∆𝑇𝑥0 = ∆𝑇𝑥 − 𝑡∆𝑌 ⇒
1 − ç(1 − 𝑡) 1 − ç(1 − 𝑡) 1 − ç(1 − 𝑡)
∆𝐺̅ ̅̅̅̅
ç∆𝑇𝑅 ç(∆𝑇𝑥−𝑡∆𝑌)
∆𝑌 = 1−ç(1−𝑡) + 1−ç(1−𝑡) − 1−ç(1−𝑡)

Considerando ∆𝑇𝑥 = ∆𝐺 + ∆𝑇𝑅, teremos:

∆𝐺̅ ̅̅̅̅
ç∆𝑇𝑅 ̅̅̅̅ − 𝑡∆𝑌)
ç(∆𝐺0 + ∆𝑇𝑅
∆𝑌 = + −
1 − ç(1 − 𝑡) 1 − ç(1 − 𝑡) 1 − ç(1 − 𝑡)
∆𝐺̅ ̅̅̅̅
ç∆𝑇𝑅 ç∆𝐺̅ ̅̅̅̅
ç∆𝑇𝑅 ç𝑡∆𝑌
∆𝑌 = + − − +
1 − ç(1 − 𝑡) 1 − ç(1 − 𝑡) 1 − ç(1 − 𝑡) 1 − ç(1 − 𝑡) 1 − ç(1 − 𝑡)
ç𝑡∆𝑌 (1 − ç)∆𝐺̅
∆𝑌 − =
1 − ç(1 − 𝑡) 1 − ç(1 − 𝑡)
∆𝑌 − ç(1 − 𝑡)∆𝑌 − ç𝑡∆𝑌 (1 − ç)∆𝐺̅
=
1 − ç(1 − 𝑡) 1 − ç(1 − 𝑡)
(1 − ç)∆𝐺̅
∆𝑌(1 − ç + ç𝑡 − ç𝑡) = ∗ [1 − ç(1 − 𝑡)]
1 − ç(1 − 𝑡)
∆𝑌 1 − ç ∆𝑌
= ⇒ =1
∆𝐺̅ 1 − ç ∆𝐺̅
O aumento da despesa pública (G ou TR) diminui o saldo orçamental, ao passo
que, acréscimos nos impostos aumentam o saldo. A variação dos impostos na mesma
proporção que a despesa pública impacta o nível de rendimento em 100%.

29
3.4. Economia de Quatro Sector

Para contabilizar o efeito das exportações no nível de actividade económica,


introduzimos no modelo (economia de três sectores) o resto do mundo. Neste caso, as
importações dependem positivamente do rendimento, portanto, o modelo na sua forma
estrutural é agora o seguinte:
𝑌 =𝐶+𝐼+𝐺
𝑌𝑑 ≠ 𝑌
𝑌𝑑 = 𝑌 − 𝑇𝑥 + 𝑇𝑅
𝐶 = 𝐶0 + ç𝑌𝑑
𝑇𝑥 = 𝑇𝑥0 + 𝑡𝑌
𝐼 = 𝐼̅
𝐺 = 𝐺̅
̅̅̅̅
𝑇𝑅 = 𝑇𝑅
𝑀 = 𝑀0 + 𝑚𝑌
{ 𝑋 = 𝑋̅

Determinação do Rendimento de Equilíbrio


Y=C+I+G+X-M
̅ 𝐺̅
Y=𝐶0 +çYd-(𝑀0 +mY)+𝐼 +
̅ 𝐺̅ +𝑋̅
̅̅̅̅)-mY-𝑀0 +𝐼 +
Y=𝐶0 +ç(Y-Tx+𝑇𝑅
̅ 𝐺̅ +𝑋̅
̅̅̅̅] − 𝑚𝑌 − 𝑀0 + 𝐼+
Y=𝐶0 +ç[𝑌 − (𝑇𝑥0 + 𝑡. 𝑌) + 𝑇𝑅
̅ 𝐺̅ +𝑋̅
̅̅̅̅ − 𝑚𝑌 − 𝑀0 + 𝐼 +
Y=C0+çY-ç𝑇𝑥0 -çtY+ç𝑇𝑅
̅ 𝐺̅ +𝑋̅
̅̅̅̅ − 𝑀0 + 𝐼 +
Y-çY+çtY+mY= C0-ç𝑇𝑥0 +ç𝑇𝑅
Y[1 − ç(1 − 𝑡) + 𝑚]= ̅̅̅̅
𝐴𝐷, onde ̅̅̅̅ ̅ 𝐺̅ +𝑋̅
̅̅̅̅ − 𝑀0 + 𝐼 +
𝐴𝐷= C0-ç𝑇𝑥0 +ç𝑇𝑅
𝟏
Y = 𝟏−ç(𝟏−𝒕)+𝒎 ∗ ̅̅̅̅
𝑨𝑫

𝟏
Sendo o multiplicador 𝟏−ç(𝟏−𝒕)+𝒎 = 𝛼 ⇒ 𝑌 = 𝛼 ∗ ̅̅̅̅
𝐴𝐷
A consideração do resto do mundo no modelo económico enfraquece o
multiplicador, diminuindo o impacto das políticas internas adoptadas como resultado da
das variáveis externas serem exógenas.

30
3.5. Exercícios Resolvidos
1. A função consumo respeitante a determinada comunidade é expressa pela recta C =
50 + 0,6* Y e as despesas de investimento, em dado período são iguais a 10.
a) Determine gráfica e analiticamente a situação de equilíbrio pela via da igualdade entre
o produto e a despesa global.
b) Determine gráfica e analiticamente, a situação de equilíbrio pela via da igualdade S =
I.
c) Calcule o valor da propensão marginal à poupar e o multiplicador do investimento.
Resolução:
a) Neste caso, há equilíbrio quando Y = AD. Sabe-se que AD = C+I, onde C = 50 +
0,6*Y e I = Ī = 10. Então:
AD = C + I = (50 + 0,6*Y) +10 ⇒ AD = 60 + 0,6*Y (Função procura agregada).
̅̅̅̅/(1-ç), onde 𝐴𝐷
Y = AD = 60 + 0,6*Y ⇒ Y0 = 𝐴𝐷 ̅̅̅̅ = C0 + Ī = 50+10= 60. Portanto:

Y0 = ̅̅̅̅
𝐴𝐷/(1-ç) = 60/(1-0,6) = 60/0,4 = 150. Graficamente, tem-se

b) S = I, sabe-se que S = Y – C, então: S = Y – (50 + 0,6*Y) ⇒ S = Y – 50 – 0,6Y ⇒


⇒ S = -50 + 0,4*Y. Uma vez que I = Ī = 10, tem-se:
S = I ⇒ -50 + 0,4*Y = 10 ⇒ 0,4Y = 60 ⇒ Y = 60/0,4 ⇒ Y0 = 150.
Sendo C = 50 +0,6*(150) = 140, I =Ī = 10, então Y = C+ I = 150. Portanto:
S = -50 + 0,4*(150) = 10. Y= S+C, com S=0 ⇒ Y = C⇒ 𝑌 = 50+0,6Y ⇒Y- 0,6Y= 50 ⇒
0,4𝑌 = 50 ⇒ 𝑌 = 50/0,4⇒ Y´ = 125. Graficamente, tem-se:

31
c) Pms = s = 1- ç = 1- 0,6 = 0,4.
α = ∆Y/∆𝐼 ̅ ⇒ ∆Y = α* ∆𝐼 ,̅ sendo: α = 1/1-ç = 1/s, α = 1 /(1-0,6) = 1/0,4 = 2,5.
2. A função poupança é determinada por S = 0,4* Y – 60 e o investimento é I = 160.
a) Determine, analiticamente, o rendimento de equilíbrio. Calcule a expressão
numérica do multiplicador da procura autónoma.
b) Indique a expressão analítica da correspondente função consumo.
c) Supondo que o rendimento correspondente ao pleno emprego é de 750, indicar o
investimento total necessário para o atingir.
d) Calcular o acréscimo da propensão marginal ao consumo necessário para obter o
mesmo efeito anterior sobre o nível de Y0.
Resolução:
a) Fazendo S = I, temos: - 60 + 0,4*Y = 160 ⇒0,4*Y = 220 ⇒ Y0 = 220/0,4 = 550.
α = 1/(1-ç) = 1/s = 1/0,4 = 2,5.
b) A expressão analítica da corresponde função consumo é dado de seguinte forma:
C = Y – S. Então C = Y- (- 60 + 0,4*Y) ⇒ C = Y + 60 – 0,4*Y ⇒ C = 60 + 0,6*Y.
Substituindo o rendimento do equilíbrio na função de consumo encontrado e na
função poupança, tem-se:
C = 60+ 0,6*550 = 390; S = - 60 + 0,4*550 = 160. Portanto S = I = 160.
c) Neste caso, Y´ - Y0 = 750 – 550 = 200. Então ΔY = α*Δ𝐼 ̅ ⇒ Δ𝐼 ̅ = ΔY / α ⇒
∆𝐼 ̅ = 200/ 2,5 = 80. Logo Ī´ = Ī0 + ΔĪ ⇒ Ī´ = 160 + 80 = 240.
d) Substituindo o rendimento correspondente ao pleno emprego na função poupança,
vem:
S = 160 ⇒ - 60 + s´(750) = 160 ⇒750. s´ = 220 ⇒ s´ = 220/750 ⇒ s´ = 0,2933333333
(s↓). Fazendo Δç = - Δs, tem-se: Δs = s´ - s = 0,2933333333 – 0,4 = - 0,11 ⇒ Δç = - (-

32
0,11) ⇒ Δç = 0,11 ⇒ ç´ = ç + Δç = 0,6 + 0,11 = 0,71 (ç↑). Representando num gráfico o
exercício efectuado, tem-se:

3. Suponha que a função consumo é representada por C = 200 + (2/3) * Y e que o nível
de investimento é I = 120.
a) Determine, gráfica e analiticamente, o nível do rendimento de equilíbrio compatível
com este nível de despesa.
b) Verifique que para as condições dadas e face as características das funções consumo
e investimento, um Y = 900 ou um Y = 1000 não são níveis de equilíbrio da economia.
c) Calcule o valor numérico do multiplicador da procura autónoma e diga qual o seu
significado.
d) Suponha que para as condições existentes o Y* (rendimento de pleno emprego) é de
1200. Calcule o acréscimo de investimento necessário para o aumento de Y (até Y*).
Resolução:
a) Fazendo AD = Y, onde AD = C + I, com C = 200 + (2/3)*Y e I = Ī = 120, então tem-
se:
AD = 200 + 2/3*Y +120 = 320 + 2/3*Y, substituindo na identidade, vem:
AD = Y ⇒ 320 + 2/3*Y = Y ⇒ 1/3*Y = 320 ⇒ Y = 320*3 ⇒ Y0 = 960. Ou ainda, fazendo
S = I, tem-se: - 200 + 1/3*Y = 120 ⇒ 1/3*Y = 320 ⇒ Y0 = 320*3 = 960. Neste caso, C =
200 + 2/3*960 = 840, I = 120, S = - 200 + 1/3*960 = 120, logo:
AD = C + I = 840 + 120 = 960.

33
b) Neste caso, tem-se: AD = Y, S = I e Iu = 0, onde Iu é o investimento involuntário ou
não planeado. Substituindo os níveis de rendimentos (Y = 900 e Y = 1000) na função
de consumo e poupança, vem:
Y C(Y) S(Y) I=Ī AD = C + I
Y ˂ AD ↑Y (↑N)
900 800 100 120 920
S˂I Iu ˂ 0
Y ˃ AD I0 ˃ 0
1000 866,67 133,33 120 986,67
S˃I ↓Y (↓N)

̅̅̅̅ = α*𝐴𝐷
c) Sabe-se que ΔY0 = Δ𝐴𝐷 ̅̅̅̅ , então ΔY0 = α*Δ𝐴𝐷
̅̅̅̅ *𝐴𝐷
̅̅̅̅ , onde Δ𝐴𝐷
̅̅̅̅ é o factor
de impulso e ΔC = ç*ΔY0 é o factor de propagação.
Logo α = 1/(1-ç) = 1/s = 1/(1/3) = 3.
d) Neste caso, ΔY0 = Y´ - Y0 = 1200 – 960 = 240. Logo ΔY = α*ΔĪ ⇒ α = ΔY0/ ΔĪ ⇒
ΔĪ = ΔY/ α = 240/3 = 80.
4. Se uma economia for adequadamente descrita através da consideração única do seu
mercado de produto (e as transferências são exógenas), diga o que acontece ao saldo
orçamental quando se verifica:
a) Aumento dos impostos lump-sum.
b) Aumento da taxa marginal de imposto.
c) Aumento das transferências do Estado para os particulares.
d) Quantifique as alíneas anteriores, supondo uma economia em que ç = 0,8; t = 0,25
e Y = 1250. Os impostos lump-sum ou autónomos aumentam Δ𝑇𝑥0 = 10, a taxa
̅̅̅̅ =20.
marginal de imposto sobe para t´= 0,3 e Δ𝑇𝑅

34
Resolução:
a) Considerando o multiplicador dos impostos autónomos (lump-sum), tem-se:
𝜕𝑆𝑂 1−ç
=
𝜕𝑇𝑥0 1−ç(1−𝑡)
𝜕𝑆𝑂
Como tanto o numerador quanto o denominador são positivos, então o
𝜕𝑇𝑥0
também é positivo e menor que 1. Portando, um aumento dos impostos lump-sum tem um
efeito positivo sobre o saldo orçamental.
𝜕𝑆𝑂 (1−ç)𝑦
b) Dado o multiplicador da taxa de imposto (alíquota) ˃ 0,
=
𝜕𝑡 1−ç(1−𝑡)
significa que um aumento da taxa marginal de imposto tem efeitos positivos sobre
o saldo orçamental.
𝜕𝑆𝑂 − (1− ç)
c) Sendo
̅̅̅̅
= ˂ 0, com numerador negativo e denominador positivo,
𝜕𝑇𝑅 1−ç(1−𝑡)
podemos concluir que um aumento das transferências deteriora (diminui) o saldo
orçamental.
d) Em relação à alínea a:
𝜕𝑆𝑂 1− ç 1− 0,8 0,2
= = = = 0,5;
𝜕𝑇𝑥0 1−ç(1−𝑡) 1−0,8(1−0,3) 0,4
𝜕𝑆𝑂
ΔSO =Δ𝑇𝑥0 ∗ 𝜕𝑇𝑥 = 10*0,5 = 5.
0

Em relação à alínea b:
Δt = 0,3 – 0,25 = 0,05;
𝜕𝑆𝑂 (1− ç)𝑌 (1− 0,8)1250 0,2∗1250 250
= = = = =568,18
𝜕𝑡 1−ç(1−𝑡) 1−0,8(1−0,3) 1−0,8∗0,7 0,44

𝜕𝑆𝑂
ΔSO = Δt∗ 𝜕𝑡 = 0,05*568,18 = 28,41.
Em relação à alínea c:

̅̅̅̅ 𝜕𝑆𝑂
ΔSO = Δ𝑇𝑅 ̅̅̅̅̅
𝜕𝑇𝑅
= 20*(-0,2)/0,4 = - 10.
5. Analise as seguintes frases:
a) Quando o Governo recorre a um aumento simultâneo e do mesmo montante dos
gastos públicos (𝐺̅ ) e dos impostos autónomos (𝑇𝑥0 ) implementa uma política
orçamental expansionista.
b) Recorrendo a variáveis de política orçamental, o Governo tem possibilidade, em
simultâneo, de aumentar o rendimento e melhorar o saldo orçamental.
c) A implementação de medidas de política orçamental pode afectar o saldo da
balança corrente.

35
Resolução:
a) Sabe-se que os multiplicadores dos gastos públicos e dos impostos autónomos
são dados por:
𝜕𝑌 1
Multiplicado dos gastos públicos: =
𝜕𝐺̅ 1−ç(1−𝑡)
𝜕𝑌 −ç
Multiplicador dos impostos autónomos: =
𝜕𝑇𝑥0 1−ç(1−𝑡)

Como Δ𝐺̅ = Δ𝑇𝑥0 , vem:


𝛥𝐺̅ −ç𝛥𝑇𝑥0 𝛥𝐺̅ −ç𝛥𝐺̅ (1−ç)𝛥𝐺̅
ΔY = ⇒ΔY = ⇒ΔY =
1−ç(1−𝑡) 1−ç(1−𝑡) 1−ç(1−𝑡)

𝛥𝐺̅ −ç𝛥𝑇𝑥0 𝛥𝑇𝑥0 −ç𝛥𝑇𝑥0 (1−ç)𝛥𝑇𝑥0


ΔY = ⇒ΔY = ⇒ΔY =
1−ç(1−𝑡) 1−ç(1−𝑡) 1−ç(1−𝑡)

Como o numerador e o denominador são positivos, o rendimento aumenta com o aumento


simultâneo dos gastos públicos e dos impostos autónomos, o que significa que neste caso
o Governo está a seguir uma política expansionista.
1 ç
b) Sabe-se que ΔY = ∗ 𝛥𝐺̅ - ∗ ∆𝑇𝑥0
1−ç(1−𝑡) 1−ç(1−𝑡)
Como Δ𝐺̅ = Δ𝑇𝑥0 , vem:
Δ𝐺̅ −çΔ𝑇𝑥0 Δ𝐺̅ −çΔ𝐺̅ (1−ç)Δ𝐺̅ (1−ç)Δ𝑇𝑥0
ΔY = ⇒ ΔY = 1−ç(1−𝑡) ⇒ ΔY = 1−ç(1−𝑡) V ΔY =
1−ç(1−𝑡) 1−ç(1−𝑡)

Como o multiplicador é positivo, o rendimento (Y) regista um aumento, mas inferior ao


aumento dos gastos públicos e dos impostos autónomos. O valor do numerador é inferior
ao valor do denominador.
Quanto ao saldo orçamental, tem-se:
SO = 𝑇𝑥0 + tY - 𝐺̅ - 𝑇𝑅
̅̅̅̅.

ΔSO = Δ𝑇𝑥0 + tΔY - Δ𝐺̅ . Como Δ𝐺̅ = Δ𝑇𝑥0 , vem:


t(1−ç) t(1−ç)
ΔSO = ∗ Δ𝐺̅ e ΔSO = *Δ𝑇𝑥0
1−ç(1−𝑡) 1−ç(1−𝑡)

Os numeradores e os multiplicadores são positivos, mas o numerador é inferior ao


denominador. Um aumento dos gastos públicos e dos impostos autónomos no mesmo
montante origina uma melhoria do saldo orçamental, mas num montante inferior.
c) No contexto de uma política orçamental, o governo aumenta as transferências
autónomas, ou os gastos públicos, ou a taxa de imposto ou os impostos
autónomos. Se no modelo de uma economia aberta, as importações e as
exportações forem variáveis exógenas (BC = X –M), o referido aumento não tem
qualquer influência no apuramento do saldo da balança corrente. Se as

36
importações tiverem uma parte induzida (BC = X – 𝑀0 – mY), o aumento das
transferências autónomas, ou dos gastos públicos, ou da taxa de imposto, ou dos
impostos autónomos, faz alterar o rendimento, o que vai ter como consequência
uma variação negativa no saldo da balança corrente através da parcela mY.
6. Numa dada economia consideremos as seguintes equações (em milhares de Kz):
C = 100 + 0,7Y
T = 30 + 0,2Y
G = 200
I = 400
TR = 40 – 0,1Y.
Tendo em conta o acima enunciado:
a) Escreve a expressão dos multiplicadores dos gastos púbicos e das transferências.
b) Calcule o rendimento de equilíbrio.
c) Calcule o rendimento de equilíbrio e os multiplicadores se as transferências forem
̅̅̅̅.
exógenas, TR = 𝑇𝑅
Resolução
a) Como as transferências são endógenas teríamos:
̅̅̅̅ –zY para z ˂ 0. Sabe-se que Y = C + I + G, onde C = C0 + çYd, I e G
TR = 𝑇𝑅
são autónomos.
Yd = Y + TR – Tx e Y = C0 + çYd + 𝐼 ̅ + 𝐺̅ , então Y = C0 + ç(Y + TR – Tx )+ 𝐼 ̅ + 𝐺̅ ⇒
̅ 𝐺̅ ⇒
Y = C0 + ç[(Y + 𝑇𝑅0 – zY - 𝑇𝑥0 - tY)] + 𝐼 +
Y = C0 + çY + ç𝑇𝑅0 – çzY - ç𝑇𝑥0 - çtY + 𝐼 ̅ + 𝐺̅ ⇒
Y - çY + çzY + çtY = C0 + ç𝑇𝑅0 - ç𝑇𝑥0 + 𝐼 ̅ + 𝐺̅ ⇒
𝐶0 −ç𝑇𝑥0 +ç𝑇𝑅0 +𝐼+̅ 𝐺̅
Y[1 − ç(1 − 𝑡) + ç𝑧] = C0 + ç𝑇𝑅0 - ç𝑇𝑥0 + 𝐼 ̅ + 𝐺̅ ⇒ Y =
1−ç(1−𝑡)+ç𝑧

O multiplicador da despesa a deduzir é:

𝜕𝑌 1
=
𝜕𝐺̅ 1−ç(1−𝑡)+ç𝑧

O multiplicador das transferências é:

𝜕𝑌 ç
̅̅̅̅
=
𝜕𝑇𝑅 1−ç(1−𝑡)+ç𝑧

b) Substituindo os valores no rendimento de equilíbrio, vem:

̅ 𝐺̅
Co−ç𝑇𝑥0 +ç𝑇𝑅0 +𝐼 + 100−0,7∗30+0,7∗40+400+200
Y= ⇒Y= ⇒
1−ç(1−𝑡)+ç𝑧 1−0,7∗(1−0,2)+0,7∗0,1
Y = 1.386,27 milhares de Kz.
̅̅̅̅, o rendimento é dado por:
c) Uma vez que TR = 𝑇𝑅

37
̅ 𝐺̅
𝐶0 −ç𝑇𝑥0 +ç𝑇𝑅0 +𝐼+ 100−0,7∗30+0,7∗40+400+200
Y= ⇒Y= ⇒
1−ç(1−𝑡) 1−0,7∗(1−0,2)
Y= 1.606,81 milhares de Kz.
Como z < 0 as transferências para os particulares diminuem quando aumenta o
rendimento, e aumentam quando o rendimento diminui. Ex: a situação de desemprego
origina uma redução do rendimento e a concessão de subsídio de desemprego.
7. Numa determinada economia fechada a despesa pública aumentou 6 milhões de Kz e
os subsídios 7 milhões de Kz. O produto do equilíbrio macroeconómico aumentou em
24 milhões de Kz. Considerando o modelo do multiplicador simples, determine o
valor:
a) Do multiplicador do investimento.
b) Da propensão marginal para o consumo.
c) Da taxa de imposto.
Resolução:
a) Como se verifica, um aumento da despesa pública implica que o produto de
equilíbrio aumenta na proporção, com base no multiplicador (𝛼).
ΔY = 𝛼* ΔG ⇒ 24 = 𝛼*6 ⇒ 𝛼 = 24/6 ⇒ 𝛼 = 4. Neste caso o valor do multiplicador
Keynesiano é de 4.
b) O aumento dos subsídios conduz a um aumento do produto de equilíbrio na
proporção ç.
ΔY = ç𝛼ΔS ⇒ ç = ΔY/𝛼ΔS ⇒ ç = 24/4*7 ⇒ ç = 0,857. O valor da propensão marginal a
consumir.
c) O valor do multiplicador Keynesiano, em economia fechada e com Estado, é
𝛼 = 4. Assim, vem:
1 1
𝛼= ⇒4= ⇒ t = 0,12485. A taxa de imposto é de 12,48%.
1−ç(1−𝑡) 1−0,857∗(1−𝑡)
8. Suponha as transferências (TR) passam a ser endógenas, existindo a seguinte relação:
TR = 𝑇𝑅0 + zY. Admita que z pode ser positivo ou negativo.
a) Escreve o modelo para esta economia na sua forma estrutural e reduzida (em
relação a Y).
b) Diga quais são os novos valores que os multiplicadores dos gastos, do
investimento autónomo e das transferências.
c) Qual sinal deve ter z para que as transferências constituam um estabilizador
automático nesta economia? Justifique.
d) Se numa dada economia se verificarem as seguintes relações:
C = 100 + 0,8Yd
Tx = 50 + 0,25Y
TR = 80 – 0,125Y
I = 200
G = 300.

38
Calcule o rendimento de equilíbrio, bem como os multiplicadores dos gastos e das
transferências. Compare esses valores com os que existirem se as transferências fossem
exógenas (TR = 80).

Resolução:
a) A forma estrutural do modelo é dado por:
AD = C + I + G
C = C0 +çYd
Yd = Y – Tx + TR
Tx = 𝑇𝑥0 + tY
TR = 𝑇𝑅0 + zY
I=Ī
G = 𝐺̅
Y = AD
E a forma reduzida é dado por:
Y = C0 + ç(Y + TR – Tx )+ Ī + Ḡ ⇒ Y = C0 + ç[(Y + 𝑇𝑅0 + zY - 𝑇𝑥0 - tY)] + Ī + Ḡ ⇒
Y = C0 + çY + ç𝑇𝑅0 + çzY - ç𝑇𝑥0 - çtY + Ī + Ḡ ⇒
Y - çY - çzY + çtY = C0 + ç𝑇𝑅0 - ç𝑇𝑥0 + Ī + Ḡ ⇒
Co−ç𝑇𝑥0 +ç𝑇𝑅0 +Ī+Ḡ
Y[1 − ç(1 − 𝑡) − ç𝑧] = C0 + ç𝑇𝑅0 - ç𝑇𝑥0 + Ī + Ḡ ⇒ Y = .
1−ç(1−𝑡)− ç𝑧

b) Os novos valores dos multiplicadores dos gastos, do investimento autónomo e das


transferências, serão dado por:

𝜕𝑌 𝜕𝑌 1 𝜕𝑌 ç
= = 𝑒 =
𝜕Ḡ 𝜕Ī 1−ç(1−𝑡) − ç𝑧 𝜕𝑇𝑅0 1−ç(1−𝑡)− ç𝑧

c) Os multiplicadores calculados na alínea anterior são superiores aos obtidos sob as


hipóteses das transferências autónomas quando z > 0, e inferiores quando z < 0.
Se z > 0, as transferências para os particulares aumentam quando o rendimento
aumenta, e diminuem quando o rendimento diminui: neste caso, será maior a
amplitude de variação do produto. Quando z < 0, as transferências são maiores
quando o rendimento é menor, e menores quando o rendimento é maior: a
amplitude de variação do produto é agora menor (o multiplicador é menor), e neste
caso, as transferências para os particulares constituem um estabilizador
automático da economia.

d) Substituindo os valores desta economia na forma reduzida do modelo, já obtida


na alínea a, obtemos o valor do rendimento de equilíbrio, assim vem:
Y = (100 – 0,8*50 + 0,8*80 + 200 + 300) / [1 – 0,8(1 – 0,25) +0,8*0,125] = 1248.
As expressões para os multiplicadores foram deduzidas na alínea b, pelo que, usando os
dados presentes, se obtém que:

39
𝜕𝑌
= 1 / [1 – 0,8(1 – 0,25) + 0,8*0,125] = 2.
𝜕Ḡ
𝜕𝑌
= 0,8 / [1 – 0,8(1 – 0,25) + 0,8*0,125] = 1,6.
𝜕𝑇𝑅0
No caso de as transferências serem exógenas, a parcela çz nos denominadores das
expressões anteriores é nula, pelo que se obtêm os seguintes valores:
𝜕𝑌 𝜕𝑌
Y = 1560; = 2,5 = 2, onde se verifica que estes valores são superiores aos
𝜕Ḡ 𝜕𝑇𝑅
calculados anteriormente.
9. Vamos supor uma economia em que a despesa governamental é contracíclica, ou seja,
em que os gastos diminuem quando o rendimento aumenta, e aumentam quando o
rendimento diminui. Essas variações são tanto maiores, quanto mais afastada do
rendimento de pleno emprego estiver a economia. A expressão matemática para os
gastos é então a seguinte:
G = Ḡ + d(Yn – Y), em que d é um parâmetro positivo compreendido ente 0 e 1, e Yn é
o rendimento do pleno emprego. A economia concreta que estamos a considerar apresenta
as seguintes equações:
C = 100 + 0,8Yd; Tx = 50 + 0,25Y; TR = 80; I = 150; G = 50; G = 200 + 0,1(Yn – Y);
Yn = 1500.
a) Deduza a forma reduzida deste modelo e obtenha o valor de equilíbrio do
rendimento, bem como os multiplicadores dos gastos autónomos, do
investimento, dos impostos autónomos e das transferências, e compare-os com os
obtidos no caso em que os gastos são exógenos. Interprete as diferenças
observadas.
b) No caso presente, uma diminuição dos impostos, ao aumentar o rendimento, fará
diminuir a despesa governamental. Será que uma diminuição dos impostos pode
fazer aumentar o saldo orçamental? Justifique.
c) Se aumentarmos os impostos autónomos no mesmo montante dos gastos
autónomos, o saldo orçamental melhorará?
Resolução:
a) A forma reduzída deste modelo é a seguinte:
Y = C0 + ç(Y + TR – Tx )+ Ī + G ⇒ Y = C0 + ç[(Y + 𝑇𝑅0 - 𝑇𝑥0 - tY)] + Ī + Ḡ +dYn -dY
⇒ Y = C0 + çY + ç𝑇𝑅0 - ç𝑇𝑥0 - çtY + Ī + Ḡ + dYn - dY ⇒
Y - çY + çtY + dY = C0 + ç𝑇𝑅0 - ç𝑇𝑥0 + Ī + Ḡ +dYn ⇒
Y[1 − ç(1 − 𝑡) + 𝑑] = C0 + ç𝑇𝑅0 - ç𝑇𝑥0 + Ī + Ḡ + dYn ⇒
Co−ç𝑇𝑥0 +ç𝑇𝑅0 +Ī+Ḡ+𝑑Yn
Y= .
1−ç(1−𝑡)+𝑑
Donde Y = (100 – 0,8*50 + 0,8*80 + 150 + 200 + 0,1*1500) / [1 – 0,8(1 – 0,25) + 0,1]
⇒ Y = 1248.

40
𝜕𝑌 𝜕𝑌 1
= = = 1/[ 1 − 0,8(1 − 0,25) + 0,1] = 2.
𝜕Ḡ 𝜕Ī 1−ç(1−𝑡)+𝑑

𝜕𝑌 −ç
= = - 0,8 / [1 -0,8(1 – 0,25) + 0,1] = - 1,6.
𝜕𝑇𝑥0 1−ç(1−𝑡)+𝑑

𝜕𝑌 ç
= = 0,8 / [1 -0,8(1 – 0,25) + 0,1] = 1,6.
𝜕𝑇𝑅0 1−ç(1−𝑡)+𝑑

Quando os gastos são exógenos, d = 0 e os multiplicadores são maiores. Os


multiplicadores dos gastos e do investimento passam a ser iguais a 2,5, e os dos impostos
autónomos e das transferências, -2 e 2, respectivamente. Quando d é positivo, a parte
endógena dos gastos constitui um estabilizador autónomo da economia.
b) A expressão para o saldo orçamental (SO) é agora:
SO = Tx – G – TR = 𝑇𝑥0 +tY - Ḡ - d(Yn – Y) - 𝑇𝑅0 = (t + d)Y + 𝑇𝑥0 - Ḡ -dYn - 𝑇𝑅0 .
Neste caso:
SO = 0,35Y + 𝑇𝑥0 - Ḡ - 150 – 80 = 0,35Y + 𝑇𝑥0 - Ḡ - 230 e

𝜕𝑌 𝜕𝑌
𝜕𝑇𝑥0
= 0,35 +1 = 0,35(-1,6) + 1 = 0,44. Como o multiplicador é positivo, se
𝜕𝑇𝑥0
houver uma diminuição dos impostos, então o saldo orçamental também diminuirá.
c) Na alínea anterior já foi calculado o multiplicador do saldo orçamental em relação
aos impostos autónomos, que era igual a 0,44. O multiplicador do saldo
orçamental em relação aos gastos autónomos é igual a:
𝜕𝑌 𝜕𝑌
= 0,35* - 1= 0,35*2 – 1 = - 0,3. O efeito total sobre o saldo orçamental será igual
𝜕Ḡ 𝜕Ḡ
a 0,44 – 0,3 = 0,14, concluindo-se que haverá de facto melhoria no saldo orçamental.

41
IV. MODELO IS/LM

4.1. Conceito

Este tópico analisa a relação entre a moeda e a taxa de juro e esta com o produto,
via variação do gasto com investimentos. As taxas de juros e o rendimento (produto) são
determinadas conjuntamente pelo equilíbrio nos mercados de bens e monetário.
As autoridades influenciam este equilíbrio por meio das políticas fiscais (IS) e
monetárias (LM).
O modelo IS-LM é um modelo de equilíbrio simultâneo do mercado de bens e
serviços (IS) e do mercado monetário (LM). Baseia-se na hipótese fundamental
Keynesiana de rigidez dos preços.
A interligação dos dois mercados acontece por intermédio da taxa de juros (i).
4.2. Mercado de Bens e Serviços

As características do mercado de bens e serviços são idênticas às apresentadas no


modelo Keynesiano simples, com excepção da função investimento. Considerando uma
economia fechada, as equações que descrevem este mercado serão dadas por:
𝑌 =𝐶+𝐼+𝐺
𝐶 = 𝐶𝑜 + ç. 𝑌𝑑
𝐼 = 𝐼𝑜 − 𝑏𝑖
𝑌𝑑 = 𝑌 − 𝑇𝑥 + 𝑇𝑅
𝑇𝑥 = 𝑇𝑥𝑜 + 𝑡𝑌
{ 𝐺 = 𝐺̅ ; 𝑇𝑅 = 𝑇𝑅
̅̅̅̅
Este modelo difere do estudado no capítulo anterior por considerar o investimento
como dependente da taxa de juro e não autónomo, pelo que uma diminuição na taxa de
juro induz a aumentos nos níveis de investimento, avaliados em b5.
Condição de Equilíbrio (Y=AD ou I=S)
Neste modelo a despesa agregada é igual a procura agregada e consequentemente
igual ao produto agregado (Y=AD), ou pela identidade das fugas e injecções a poupança
deve ser igual ao investimento.
Se Y=C+I e Y=C+S decorre C+I=C+S e, portanto, I=S
Determinação do Rendimento de Equilíbrio (1)
̅̅̅̅
𝑨𝑫 𝒃𝒊
𝒀= −
𝟏 − 𝒄(𝟏 − 𝒕) 𝟏 − ç(𝟏 − 𝒕)

5
b é um parâmetro que mede a sensibilidade da variação do investimento face as variações da taxa de
juro (Derivada de I em função de i).

42
Determinação da Taxa de Juro de Equilíbrio
1
Se =𝛼 ̅̅̅̅ − 𝛼. 𝑏𝑖, Isolando a taxa de juro e
Substituindo em (1) 𝑌 = 𝛼. 𝐴𝐷
1−ç(1−𝑡)
rearranjando a expressão, tem-se:
̅̅̅̅ 𝑌
𝐴𝐷
𝑖= −
𝑏 𝛼𝑏
A taxa de juro, a variável da ordenada, representa o preço no mercado monetário,
deste modo a equação é conhecida como a equação da Curva IS.
4.2.1. Curva IS

A curva IS exprime a relação entre os pares de valores (Y, i) que fazem com que
o mercado de bens e serviço esteja em equilíbrio. Ela tem uma inclinação negativa porque
um nível de taxa de juro elevado reduz os gastos com investimentos, reduzindo assim a
procura agregada e consequentemente o nível de rendimento de equilíbrio.
A curva IS desloca com a variação nos gastos autónomos (𝐴𝐷 ̅̅̅̅). Assim um
aumento nos gastos autónomos deslocará a curva IS para fora e para a direita e vice-versa,
uma diminuição em 𝐴𝐷̅̅̅̅ fará deslocar a curva para dentro e para a esquerda.
GRÁFICO 2- MERCADO DE BENS E SERVIÇOS

Fonte: Elaboração Própria.

A função investimento é mais elástica em relação a taxa de juro, para o efeito,


destaca-se dois casos extremos: a curva IS horizontal e a IS vertical. A curva IS é mais
horizontal se uma determinada variação na taxa de juro produzir uma grande variação no
rendimento (matematicamente se b tender para infinito) e se b for pequeno e os gastos
com investimento não forem muito sensíveis à taxa de juros, a curva IS será relativamente
íngreme (b=0 significa IS vertical).

43
GRÁFICO 3- CURVA IS

Fonte: Elaboração Própria.

4.3. Mercado Monetário

O mercado monetário constitui o lado de procura de um modelo macroeconómico.


Permite deduzir a curva LM que completa a análise IS-LM. Neste mercado, a procura de
moeda é normalmente uma função linear, enquanto que a oferta de moeda (outra
componente do mercado monetário), é considerada como sendo controlada pelo Banco
Central. Assim, vem:
𝑀𝑑 = 𝑘𝑌 − ℎ𝑖
{
𝑀𝑠 = ̅̅̅̅
𝑀𝑠
A procura da moeda depende positivamente do nível de rendimentos e
negativamente da taxa de juro, pelos motivos que fazem com que os agentes económicos
detenham moeda na economia (transação, precaução e especulação).
A oferta da moeda (Ms) é exógena ao modelo e é determinada pela política
monetária a implementar.
Condição de equilíbrio (Ms=Md)
Procura da moeda pelos agentes económicos deve ser igual a oferta da moeda
disponibilizada no mercado pelo Banco Central.
Determinação da Taxa de juro no Mercado Monetário
Pela condição de equilíbrio e resolvendo em função de i, teremos:
̅̅̅̅=kY-hi⇒ hi=kY-𝑀𝑠
𝑀𝑠 ̅̅̅̅ ⇒ i= (kY- 𝑀𝑠̅̅̅̅)/h ⇒ 𝑖 = 1 (𝑘𝑌 − 𝑀𝑠
̅̅̅̅)

4.3.1. Curva LM

A curva LM (liquidez monetária) mostra o conjunto de pares de valores de


rendimentos e taxas de juros (Y, i) nos quais a procura por saldos reais é igual a oferta.

44
A curva LM tem uma inclinação positiva porque, dada a oferta de moeda fixa, um
aumento no nível de rendimento, que aumenta a quantidade de moeda procurada, tem de
ser seguido de um aumento na taxa de juros, reduzindo a quantidade de moeda procurada
para manter o equilíbrio do mercado monetário.
Esta curva é deslocada por variações na oferta de moeda. Um aumento da ̅̅̅̅ 𝑀𝑠
desloca LM para direita.

GRÁFICO 4-OFERTA DE MOEDA E CURVA LM

Fonte: Elaboração própria.

Pela equação anterior, da determinação da taxa de juros, um aumento da


propensão da procura da moeda por transação (k) aumenta a inclinação da curva LM.
Quando h (a propensão da procura da moeda por motivo de especulação) diminui,
a inclinação de LM aumenta e será vertical com h=0, significando que a procura da moeda
é resultante apenas por motivos de transações (caso clássico). Com o aumento de h a
inclinação da curva diminui tornando-se horizontal (com h a tender para o infinito),
situação conhecida como Armadilha da Liquidez, indicando o fenómeno de os agentes
económicos serem indiferentes em deter moeda ou obrigações (segundo Keynes),
representando uma grande velocidade na circulação da moeda.

45
Gráfico 5-CURVA LM PARA CASOS EXTREMOS

Fonte: Elaboração Própria.

4.4. Equilíbrio Simultâneo nos Mercados de Bens e no Mercado


Monetário (IS-LM)
No contexto da análise IS-LM, o equilíbrio macroeconómico resulta no equilíbrio
em simultâneo do mercado de bens e serviços e no mercado monetário.
Rendimento de Equilíbrio
1
̅̅̅̅-αbi e 𝑖 = (𝑘𝑌 − 𝑀𝑠
Sendo Y= α𝐴𝐷 ̅̅̅̅)

Substituindo a taxa de juro (LM) na equação do rendimento de equilíbrio (IS) temos:


𝑘 1
𝑌 = 𝛼. ̅̅̅̅
𝐴𝐷 − 𝛼𝑏. ( 𝑌 − ∗ ̅̅̅̅
𝑀𝑠)
ℎ ℎ
̅̅̅̅ − 𝛼𝑏𝑘 𝑌 + 𝛼𝑏 ∗ ̅̅̅̅
𝑌 = 𝛼𝐴𝐷 𝑀𝑆
ℎ ℎ
𝛼𝑏𝑘
𝑌+ ̅̅̅̅ + 𝛼𝑏 ∗ ̅̅̅̅
∗ 𝑌 = 𝛼𝐴𝐷 𝑀𝑠
ℎ ℎ

𝛼𝑏𝑘 𝛼𝑏
𝑌(1+ ̅̅̅̅ +
) = 𝛼𝐴𝐷 ∗ ̅̅̅̅
𝑀𝑠
ℎ ℎ
ℎ+𝛼𝑏𝑘
𝑌( ̅̅̅̅ + 𝛼𝑏 ∗ ̅̅̅̅
) = 𝛼𝐴𝐷 𝑀𝑠
ℎ ℎ

𝛼𝑏 ℎ
̅̅̅̅ +
𝑌 = (𝛼𝐴𝐷 ̅̅̅̅ ) (
∗ 𝑀𝑠 )
ℎ ℎ+𝛼𝑏𝑘

𝜶𝒉 𝜶𝒃 ̅̅̅̅+𝜶𝒃𝑴𝒔
𝜶𝒉𝑨𝑫 ̅̅̅̅
̅̅̅̅ +
𝒀 = 𝒉+𝜶𝒃𝒌 ∗ 𝑨𝑫 ̅̅̅̅ ou 𝒀 =
∗ 𝑴𝒔
𝒉+𝜶𝒃𝒌 𝒉+𝜶𝒃𝒌

Dividindo a expressão por αh, teremos:

46
̅̅̅̅ 𝛼𝑏𝑀𝑠
𝛼ℎ𝐴𝐷 ̅̅̅̅ 𝑏
+ ̅̅̅̅
𝐴𝐷 + ̅̅̅̅
𝑀𝑠
𝑌= 𝛼ℎ 𝛼ℎ ⇒ 𝑌= ℎ
ℎ 𝛼𝑏𝑘 1 𝑏𝑘
+
𝛼ℎ 𝛼ℎ 𝛼+ ℎ
1
Substituindo α = 1−ç(1−t) , vem:

̅̅̅̅ + 𝑏 ∗ 𝑀𝑠
𝐴𝐷 ̅̅̅̅
𝑌= ℎ
1 𝑏𝑘
1 +

1 − ç(1 − 𝑡)

̅̅̅̅ 𝒃
𝑨𝑫 + ∗ ̅̅̅̅
𝑴𝒔
𝒀= 𝒉
𝒃𝒌
𝟏 − ç(𝟏 − 𝒕) +
𝒉
Taxa de Juro de Equilíbrio
A taxa de juro que matem os mercados de bens e monetário em equilíbrio será:
𝑘 1 𝑘 𝛼ℎ 𝛼𝑏 1
𝑀𝑠 implica 𝑖 = ℎ (ℎ+𝛼𝑏𝑘 ∗ ̅̅̅̅
Se 𝑖 = ℎ ∗ 𝑌 − ℎ ∗ ̅̅̅̅ 𝐴𝐷 + ℎ+𝛼𝑏𝑘 ∗ ̅̅̅̅
𝑀𝑠) − ℎ ∗ ̅̅̅̅
𝑀𝑠
𝛼ℎ𝑘 𝛼𝑏𝑘 1
̅̅̅̅ +
𝑖 = ℎ(ℎ+𝛼𝑏𝑘) ∗ 𝐴𝐷 ̅̅̅̅ − ∗ 𝑀𝑠
∗ 𝑀𝑠 ̅̅̅̅
ℎ(ℎ+𝛼𝑏𝑘) ℎ

𝛼𝑘 𝛼𝑏𝑘−(ℎ+𝛼𝑏𝑘)
𝑖= ̅̅̅̅ + 𝑀𝑠
∗ 𝐴𝐷 ̅̅̅̅ [ ]
ℎ+𝛼𝑏𝑘 ℎ(ℎ+𝛼𝑏𝑘)

𝛼𝑘 𝛼𝑏𝑘−ℎ−𝛼𝑏𝑘
̅̅̅̅ +
𝑖 = ℎ+𝛼𝑏𝑘 ∗ 𝐴𝐷 ̅̅̅̅
∗ 𝑀𝑠
ℎ(ℎ+𝛼𝑏𝑘)

𝛂𝒌 𝟏 ̅̅̅̅−𝑴𝒔
𝜶𝒌.𝑨𝑫 ̅̅̅̅
̅̅̅̅ −
𝒊 = 𝒉+𝛂𝒃𝒌 ∗ 𝑨𝑫 ̅̅̅̅ ou
∗ 𝑴𝒔 𝒊=
𝒉+𝛂𝒃𝒌 𝒉+𝜶𝒃𝒌

Gráfico 6-EQUILÍBRIO SIMULTÂNEO

47
Fonte: Elaboração Própria.

4.4.1. Multiplicadores do Modelo IS-LM


1
Recorda-se que α = 1−ç(1−𝑡) é o multiplicador (Keynesiano) da despesa no
𝑀𝑠
mercado de bens e serviços com investimento autónomo. 𝑚𝑚 = é multiplicador
𝐻
monetário para o sistema financeiro, onde Ms é a oferta da moeda (Stock) e H é a base
monetária.
Os multiplicadores do modelo IS-LM serão determinados pela equação do
rendimento de equilíbrio deste modelo.
Sendo:
𝑏
1
̅̅̅̅ ̅̅̅̅ − ç𝑇𝑥0 + 𝐼 ̅ + 𝐺̅ e 𝑌 =
𝐴𝐷 = 𝐶0 + ç. 𝑇𝑅 ̅̅̅̅
𝑏𝑘 ∗ 𝐴𝐷 +

𝑏𝑘 ∗ ̅̅̅̅
𝑀𝑠
1−ç(1−𝑡)+ 1−ç(1−𝑡)+
ℎ ℎ

Os multiplicadores da despesa autónoma (consumo, investimento, transferências,


impostos) e da oferta monetária serão, respectivamente:
𝝏𝒀 𝝏𝒀 𝝏𝒀 𝟏
= = =
𝝏𝑪𝟎 𝝏𝑰̅ 𝝏𝑮 ̅ 𝒃𝒌
𝟏 − ç(𝟏 − 𝒕) +
𝒉

𝝏𝒀 −ç 𝝏𝒀 ç
= 𝒃𝒌 e ̅̅̅̅
= 𝒃𝒌
𝝏𝑻𝒙𝟎 𝟏−ç(𝟏−𝒕)+ 𝝏𝑻𝑹 𝟏−ç(𝟏−𝒕)+
𝒉 𝒉

𝒃
𝝏𝒀 𝒉
̅̅̅̅
= 𝒃𝒌
𝝏𝑴𝒔 𝟏−ç(𝟏−𝒕)+
𝒉

4.5. Efeitos das Políticas Orçamental e Monetária

As políticas orçamentais (fiscais) afectam a curva IS e as monetárias influenciam


a curva LM. O impacto expansionista da política orçamental, neste modelo, é reduzido
devido ao efeito evicção, conhecido também como “Crowding Out”, ou seja, o aumento
do rendimento resultante de aumentos nos gastos públicos é reduzido dado o efeito da
diminuição do investimento causado pelo aumento da taxa de juro.

48
GRÁFICO 7- EFEITOS DAS POLÍTICAS ORÇAMENTAL E MONETÁRIA

Fonte: Elaboração Própria.

A magnitude dos impactos depende da inclinação das curvas (elasticidades) dada


pelos parâmetros que medem a sensibilidade da alteração das variáveis.
Importa ainda destacar o impacto das políticas orçamentais e monetárias nos casos
extremos. A política orçamental não exerce impacto para o caso clássico, pois, o produto
(em pleno emprego, LM vertical) não responde a alteração nos gastos públicos nem na
diminuição dos impostos6, mas, o seu efeito no caso Keynesiano (LM horizontal) é muito
eficaz com efeito crowding-out nulo (o aumento do gasto público não afecta a taxa de
juro). Fazendo o mesmo exercício para a política monetária, conclui-se que esta é ineficaz
para o caso Keynesiano e muito eficaz para o caso clássico, o mesmo ocorre com as
políticas restritivas.

6
Ver a incorporação das expectativas no modelo IS/LM.

49
GRÁFICO 8- IMPACTO DAS POLÍTICA ORÇAMENTAIS E MONETÁRIAS NOS CASOS
EXTREMOS

Fonte: Elaboração Própria.

50
4.6. Exercícios Resolvidos

1- Numa actividade económica registaram-se os seguintes dados em milhares de Kz:


C0 = 220; PMS = 0,1; Yd = 2100; I = 700 – 40i; G = 1200; TR= 60; SO = - 1210; Tx=
𝑇𝑥0 +0,20Y.
Encontre a expressão da curva IS.
Resolução:
Neste caso, devemos inicialmente definir a PMS, assim vem:
𝐶
PMS = - 𝑌𝑑0 + (1-ç), onde: PMS- Propensão média a poupar; Yd- Renda disponível;
ç- Propensão marginal a consumir; C0- Consumo autónomo.
220
Substituindo os valores na expressão da PMS, temos: 0,1 = - 2100 + (1- ç) ⇒ç = 0,8.
̅̅̅̅, com t = 0,20 e 𝑇𝑥0 - Ḡ - 𝑇𝑅
Sabe-se que SO = 𝑇𝑥0 +tY - Ḡ - 𝑇𝑅 ̅̅̅̅ = - 1210. Determinando
𝑇𝑥0 , vem:
𝑇𝑥0 - 1200 – 60 = - 1210 ⇒ 𝑇𝑥0 = 50.

Curva IS:
Ā 𝑌
i= -
𝑏 𝛼𝑏
1 1
𝛼 = ⇒𝛼 = ⇒ 𝛼 = 2,78.
1−ç (1−𝑡) 1−0,8(1−0,20)

̅̅̅̅ ̅̅̅̅+ Ī + Ḡ ⇒ ̅̅̅̅


𝐴𝐷 = 𝐶0 − ç𝑇𝑥0 + ç𝑇𝑅 𝐴𝐷 = 220 – 0,8*50 + 0,8*60 + 700 +1200 ⇒
̅̅̅̅
𝐴𝐷 = 2128.
i = 2128/40 – Y/(2,78*40)⇒ i = 53,2- Y/111⇒ i = 53,2 – 0,009Y ou Y = 5911 – 111i.
A curva IS tem uma inclinação negativa e equivalente a -0,009.
2- Supondo que I=100 – 5i e que S=-40+0,25Y, determine a expressão analítica que
represente o equilíbrio S=I.
Resolução:
Pode-se determinar a expressão analítica que representa o equilíbrio, por duas vias:

Via Despesa (Y=AD):


Y = AD
AD = C + I
Y = C + S ⇒Y = C – 40 + 0,25Y ⇒ Y – 0,25Y= C - 40 ⇒C = 40 + 0,75Y e I = 100 – 5i.
Substituindo a função de consumo e investimento em AD, tem-se:
AD= 40 + 0,75Y + 100 – 5i ⇒ AD = 140 + 0,75Y – 5i.
Sabe-se que AD = 𝐴𝐷 ̅̅̅̅ + ç(1-t)Y – bi = 𝐴𝐷
̅̅̅̅ - bi + ç(1-t)Y. Então 𝐴𝐷
̅̅̅̅ - bi = 140 – 5i, e ç(1-
t) = 0,75(1-0) = 0,75.
Fazendo Y = AD⇒ Y=140 – 5i + 0,75Y⇒(1-0,75)Y = 140 – 5i ⇒Y = 140 / 0,25 – 5 /0,25i
⇒Y0 = 560 – 20i ou i = 28 – 0,05Y (IS).
Via I = S:
S=I
51
S = - 40 + 0,25Y
I = 100 – 5 i
Substituindo as equações na identidade, tem-se:
- 40 + 0,25Y = 100 – 5i⇒0,25Y = 140 – 5i⇒Y0 = 560 – 20i ou i = 28 – 0,05Y (IS).
Graficamente, vem:

3- O investimento planeado é dado por I=70 – 4i, enquanto a poupança planeada é dada
por S=-30+0,20Y. Sendo a taxa de juro igual a 5%, determine o rendimento de
equilíbrio?
Resolução:
Pode-se determinar a expressão analítica que representa o equilíbrio, por duas vias:
Via Despesa (Y=AD):
Y = AD
AD = C + I
Y = C + S⇒Y = C – 30 + 0,20Y⇒Y – 0,20Y = C – 30⇒C = 30 + 0,8Y.
I = 70 – 4i
Substituindo a função do consumo e investimento em AD, vem:
AD = 30 + 0,8Y + 70 – 4i⇒AD = 100 + 0,80Y – 4i. Fazendo Y = AD, tem-se:
Y = 100 + 0,80Y – 4iY⇒ Y-0,80Y = 100 – 4i⇒ 0,20Y = 100 – 4i ⇒ Y0 = 500 – 20i ou
i = 25 – 0,05Y. Para i = 5%, vem: Y0 = 500 – 20*0,05⇒Y0 = 499.
Via S = I:
S=I
S = - 30 + 0,20Y
I = 70 – 4i
Substituindo as equações na identidade, tem-se:
-30 + 0,20*Y = 70 – 4i ⇒0,20Y = 100 – 4i ⇒Y0 = 500 – 20i. Para i = 5%, vem:
Y0 = 500 – 20*0,05⇒Y0 = 499. Graficamente, tem-se:

52
4- Dada a “propensão marginal a consumir” (pmc) igual a 0,8 e uma variação do
Investimento privado igual a 10.
a) Diz qual será o deslocamento da curva IS?
b) Supanha I=100-5i, se o objectivo de política económica é “fixar” o nível inicial
(Y0). Qual será o nível de investimento necessário para anular os efeitos do
deslocamento descrito na alínea anterior.
Resolução:
a) Dados ç = 0,8 e ΔI = 10, tem-se:
ΔI = 10⇒ΔY0 = 𝛼ΔI; sendo: 𝛼 =(1 /1-ç), dado que (t = 0, modelo de 2 sectores),
1
𝛼 = 1−0,8 = 5. Para qualquer valor de i⇒ΔY0 = 5*10 = 50.

Neste caso, tem-se um deslocamento horizontal da curva IS, para a direita de 50.
b) Se o objectivo de política económica é “fixar” o nível inicial (Y0). ↑ i deverá ser
precisamente igual a: Δi=1/b.ΔI (variação da ordenada na origem) implicará um
deslocamento paralelo de IS: i = (1/5)*(+10)=+2 pontos percentuais. Exemplo, se
i = 3 % ⇒ i´ = 5 %.
Na verdade: ΔĪ = - b*Δi⇒ΔĪ = - b * (10 / b) = - 10 (implicando, via multiplicador uma
ΔY0 = - 50 ⇒ neutralizando a ΔY0 inicial = +50.
Então, dever-se-á verificar uma ↑ i (que resulte em ↓ I “suficiente” para anular os efeitos
económicos reais iniciais, isto é, uma ΔY0 negativo e de valor absoluto igual ao acréscimo
de Y inicial de + 50).
5- Para uma dada economia o consumo é expresso pela relação C = 30+0.8* Yd; o
investimento é função da taxa de juro de tal modo que I = 200-10i; o Estado realiza
despesas em um montante de 200 u.m. e as suas receitas fiscais são 25% do
rendimento.
a) Deduza analiticamente a Função IS.
b) Verifique qual o comportamento das variáveis endógenas do modelo em questão
quando se efectua uma redução da taxa de juro de 10% para 5%.
c) Suponha que a “propensão marginal ao consumo” passa a ser de 60%. Quais as
consequências desta alteração na curva IS.

53
d) Supondo que o parâmetro anterior (pmc) não se altera, mas que os gastos públicos
passam a ser de 250 u.m., que alterações serão previsíveis na curva IS.
Resolução:
a) Pode-se encontrar a função por duas vias, assim vem:
Via Y = AD:
Y = AD
AD = C + G + I
C = 30 + 0,8Yd
Yd = Y + TR – Tx
Ḡ = 200;
TR = 0
I = 200 – 10i
Tx = 0,25Y
Substituindo as equações em AD, tem-se:
AD = 30 + 0,8Yd + 200 + 200 – 10 i ⇒ AD = 30 + 0,8* (Y + 0 – 0,25Y ) + 200 + 200 –
10i⇒AD = 30 + 0,6Y – 10i + 400⇒AD= 430 – 10i + 0,6Y⇒AD = 𝐴𝐷 ̅̅̅̅ – bi + ç(1 – t)Y.
Então:
Y = AD = 430 – 10 i + 0,6Y⇒0,4Y = 430 – 10i⇒Y = 1075 – 25i ou
i = 430/10– (0,4 /10)Y⇒ i = 43 – 0,04Y.

b) Para i = 10%, tem-se:


Y = 1075 – 25i⇒Y = 1075 – 5*0,1 = 1072,5
C = C0 + çTR-çTx + ç(1-t)Y⇒C = 30 + 0,6*1072,5 = 673,5.
I = 200 – 10*i⇒I= 200 – 10*0,1 = 199.
Tx=0,25*1072,5=268,13
Yd=Y+TR-Tx⇒Yd=1072,5+0-268,13⇒Yd=804,37
S=Yd-C⇒S=804,37-673,5⇒S=130,87 ou
̅̅̅̅ - (1-ç)𝑇𝑥
S = - C0 + (1-ç)𝑇𝑅 ̅̅̅̅ + (1-ç)(1-t)Y ⇒S = - 30 + 0,15*1072,5 = 130, 89.

54
Para i´⇒= 5%⇒ ↓ i ⇒↑ I ⇒ via multiplicador ↑ Y.
ΔI = - b*Δi⇒ ΔI = - 10*(0,05 – 0,1) ⇒ΔI = 0,5.
ΔY = 𝛼 ∗ΔI⇒ΔY = 2,5 ∗0,5 = 1,25.
Y´ = 1075 – (25 *0,05) = 1073,75
C´ = 30 + 0,6*1073,75 = 674,25
I´ = 200 – (10 * 0,05) = 199,5
S´ = - 30 + 0,15* 1073,75 = 131,06
Tx´ = 0,25 *1073,75 = 268,44.
c) Com ↓Pmc de ç = 0,8 para ç´ = 0,6, tem-se os seguintes efeitos sobre IS:
𝛼´ = 1 / [1 – ç´(1 – t )] = 1,8 (< 2,5, quando ç= 0 ,8 ). Agora tem-se um multiplicador
menor.

Declive IS: Para (ç = 0,8) ⇒|1 / 2,5 | <|1 / 1,8 |. Para ç´ = 0,6 ⇒Aumento do declive de
IS⇒ para dada Δi, agora, ΔY é menor. Neste caso a nova função IS, será:
̅̅̅̅– 𝛼´bi ⇒Y = 1,8* 430 – 1,8*10i⇒Y = 774 – 18i ou i = 43 * 0,06Y.
Y = 𝛼´𝐴𝐷

d) Para ç = 0,8 e G = 250⇒∆G = + 50. Neste caso tem-se os seguintes efeitos sobre
IS:
Agora: ∆Y = 𝛼 ∗ ∆𝐺 = 2,5 * 50 = 125. Logo tem-se um deslocamento horizontal de IS
para fora e paralelo.
Declive de IS⇒ |1 / 2,5 | = |1 /𝛼 * b |.
̅
̅̅̅̅´/ b), agora: (480 / 10 = 48). Δi =∆𝐺 = 50 = 5, ou seja, subida
Ordenada na origem: (𝐴𝐷 𝑏 10
de i em 5 pontos percentuais (ver análise sobre “deslocamento de IS pela alteração da
inclinação”).
̅̅̅̅̅ = 2,5 * 480 = 1200).
Abcissa na origem: (𝛼*𝐴𝐷´
A nova função IS, será:

55
̅̅̅̅´ – 𝛼bi⇒ Y = 1200 – 25i ou i = ̅̅̅̅
Y = 𝛼*𝐴𝐷 𝐴𝐷´ / b – (1 /𝛼b) Y⇒i = 48 – 0,04Y
̅̅̅̅
𝐴𝐷´ = ̅̅̅̅ ̅̅̅̅ = 430 + 50 = 480⇒ ̅̅̅̅
𝐴𝐷 + ∆𝐴𝐷 𝐴𝐷´/ b = 480 /10 = 48.

∆Ī = - 50; ∆Y = 𝛼 ∗∆Ī⇒∆Y= 2,5* (-50) = -125⇒∆Y = + 125 inicial, devido a ∆Ḡ = 50.


6- Suponha que uma certa economia pode ser descrita pelas seguintes equações:
C = 100 + 0,8Yd; G = 125; I = 150 – 20i; T = 15 + 0,25Y; Md = 0,2Y – 40i; Ms = 50;
TR= 60.
Determine a expressão para a curva LM e diga qual o seu significado.
Resolução:
Para determinar a curva LM, precisa-se fazer Md = Ms. Assim vem:
0,2Y – 40i = 50 ⇒Y = 250 + 200i ou i = 0,005Y – 1,25, representam a expressão para a
curva LM, que nos mostra os pares de valores de i e Y que fazem com que o mercado
monetário esteja equilibrado.
7- Na actividade económica consideremos as seguintes curvas para milhares de Kz:
IS: Y = 76 -89,6i
LM: Y = 60,47 + 427,99i
Calcule o rendimento de equilíbrio?
Resolução:
𝑌 = 76 − 89,6𝑖 𝑖 = 3%
Neste caso, tem-se um sistema de duas equações: { ⇒{
𝑌 = 60,47 + 427,99𝑖 𝑌 = 73,31

56
8- Consideremos as seguintes informações referentes a uma economia aberta (em
milhares de Kz):
C = 197 + 0,8Yd; I = 700 – 120i; Tx = 60 + 0,25Y; TR = 70; G= 1300; Md = 0,25Y –
190i; M = 200 + 0,12Y; Ms = 1380; X= 980.
O governo aumenta os gastos públicos em 45 milhares de Kz, ceteris paribus.
Determina o efeito de crowding out?
Resolução:
Para tal, começa-se por determinar o rendimento de equilíbrio, assim vem:
̅̅̅̅ + Ī + Ḡ + 𝑋̅ – 𝑀0 + (b/h)∗( 𝑀𝑠/ 𝑃)]
[C0 − ç𝑇𝑥0 + ç𝑇𝑅
Y= ⇒
[1 – ç(1 – t) + 𝑚 +𝑏∗ (k/h)]
[197 – 0,8∗60 + 0,8∗70 + 700 + 1300 + 980 – 200 + (120/190)∗(1380/1)]
Y= ⇒
[1 – 0,8(1 – 0,25) + 0,12 + 120∗ (0,25/190)]
Y = 5690,68.
Neste caso, o multiplicador dos gastos públicos será:
𝜕𝑌 1 1
= 𝑘 = 0,25 = 1, 48.
𝜕Ḡ 1−ç(1−𝑡)+𝑚+𝑏∗( ) 1−0,8(1−0,25)+0,12+120∗( )
ℎ 190
Tendo o multiplicador dos gastos, determina-se o novo rendimento de equilíbrio. Assim
vem:
𝜕𝑌
ΔY = 𝜕Ḡ ∗ ΔḠ = 1,48* 45 ⇒∆Y = 66,6. Portanto, Y = 5690,68 + 66,6 ⇒Y = 5757,28.

Curva IS:
̅̅̅̅/b – Y/𝛼𝑏
i = 𝐴𝐷
̅̅̅̅= C0 - ç𝑇𝑥0 + ç𝑇𝑅
𝐴𝐷 ̅̅̅̅ + Ī + Ḡ + 𝑋̅– 𝑀0

⇒ ̅̅̅̅ ̅̅̅̅ = 2985.


𝐴𝐷 =197 – 0,8*60 + 0,8*70 + 700 + 1300 + 980 – 200 ⇒𝐴𝐷
1
𝛼 = [1− ç(1−t) + m] ⇒α=1/ [1 – 0,8(1- 0,25) +0,12] = 1,92.

Portanto: i = 2985/120 – Y/1,92*120 ⇒ i = 24,88 – 0,0043Y ou Y = 5786,05 – 232,56i.


Curva LM: 0,25Y – 190i = 1380 ⇒ Y = 5520 + 760i.
O valor de i que corresponde ao rendimento de equilíbrio de 5690,68 milhões de Kz, será:
57
Y = 5520 + 760i ⇒5690,68 = 5520 + 760i ⇒ i = 0,22, ou seja:
𝑌 = 5786,05 − 232,56𝑖 𝑌 = 5690,68
{ ⇒{
𝑌 = 5520 + 760𝑖 𝑖 = 0,22
O novo rendimento de equilíbrio é de 5757,28 e substituindo na curva LM que não sofreu
alteração, tem-se:
Y = 5520 + 760i ⇒ 5757,28 = 5520 + 760i ⇒i = 0,31.
Variação no investimento:
I = 700 – 120i ⇒ ΔI = -120*(0,31 – 0,22) ⇒ ∆I = - 10,80.
O efeito de crowding-out é parcial:
∆Ḡ > ∆Ī ⇒ 45 > - 10,80.

O aumento dos gastos públicos, ceteris paribus, origina um aumento de taxa de juro do
mercado e a curva IS desloca-se para a direita. Está-se na presença de uma política
orçamentária expansionista. O aumento da taxa de juro do mercado origina uma
diminuição do investimento de 10,80, valor inferior ao aumento dos gastos públicos de
45. Portanto, ocorreu um efeito crowding out parcial.
9- Qual o efeito na actividade económica da utilização em simultâneo das políticas
orçamentais e monetárias expansionistas?

Resolução:
As medidas da política orçamental expansionista (ceteris paribus) deslocam a curva IS
para a direita e aumentam o rendimento para Y1. O aumento da taxa de juro de mercado
origina uma diminuição do investimento, mas, se for acompanhada de uma política
monetária expansionista, a curva LM desloca-se para baixo e para a direita, diminuindo
a taxa de juro e consequentemente um aumento do rendimento em relação a Y1.
Graficamente, tem-se:

58
Se as duas políticas forem implementadas com o objectivo de mantiverem a taxa de juro,
o rendimento passa de Y0 para Y2 e o investimento não altera. Isto acontece quando a
amplitude de deslocamento das curvas IS e LM for igual. Esta é considerada uma política
de acomodação, pois, há um aumento do rendimento sem alteração do investimento, dada
a não variação da taxa de juro.

10- No modelo IS/LM, entre que valores varia o multiplicador do orçamento equilibrado?

Resolução:
O multiplicador do orçamento equilibrado varia entre 0 e 1, tudo dependendo das
inclinações das curvas IS e LM. Supondo que, a IS é bem comportada, ou seja, de
inclinação negativa, o multiplicador do orçamento será 1 se a LM for horizontal, e 0 se
for vertical.
Consideremos, em termos matemáticos, que em todos os períodos o orçamento está
equilibrado, ou seja, que Tx = G + TR. O modelo na forma estrutural é:
AD = C + I + G
C = C0 + çYd
Yd=Y-Tx+TR⇒Yd = Y – (G+TR) +TR⇒Yd=Y-G

I = Ī – bi; G = Ḡ; Y = AD; e 𝑀/ 𝑃 = 𝑘𝑌 − ℎ𝑖.


Com a forma reduzida, vem:

[𝐶0 + (1 – ç) ∗ Ḡ + Ī + (b/h) ∗ ( 𝑀/ 𝑃)]


𝑌=
[1 – ç + b ∗ (k/h)]
Pelo que o multiplicador do orçamento equilibrado é igual a:
𝜕𝑌 1−ç
= 𝑘
𝜕Ḡ 1−ç + 𝑏∗( )

59
Quando b = 0 (IS vertical), ou h = ∞ (LM horizontal), o multiplicador é igual a 1. Se b =
∞ (IS horizontal) ou h = 0 (LM vertical) o multiplicador é igual a 0. Nos restantes casos
situar-se-á entre 0 e 1.

60
V. MODELO AS/AD

5.1. Dedução da Curva da Procura Agregada (AD)

A curva da procura agregada, deduz-se da equação do produto de equilíbrio


simultâneo (IS/LM) mediante a hipótese da flexibilização do nível de preços.
O modelo LM explica os motivos de detenção da moeda pelos agentes económicos
(Transação e especulação) e a necessidade da oferta de moeda (Ms) autónoma igual a
demanda por moeda (Md). A Md é uma procura por saldos reais e consequentemente a
oferta de moeda deve ter em conta o nível de preços (P). Deste modo, na equação do
produto exprime-se Ms por Ms/P (nominal por real). A partir daí resolvendo a equação
em função do nível de preços (P), obtém-se a equação da procura agregada, que mostra a
relação inversa entre o nível de preços (P) e o produto (Y).
𝑏 𝑀𝑠 ̅̅̅̅ + 𝑏𝑀𝑠
ℎ𝑃𝐴𝐷 ̅̅̅̅
̅̅̅̅
𝐴𝐷 (𝑃)
𝑌= + ℎ ⇒𝑌= ℎ𝑃
𝑏𝑘 𝑏𝑘 𝑏𝑘
1 − ç(1 − 𝑡) + 1 − ç(1 − 𝑡) + 1 − ç(1 − 𝑡) +
ℎ ℎ ℎ
𝑏𝑘 ̅̅̅̅ +𝑏𝑀𝑠
ℎ𝑃𝐴𝐷 ̅̅̅̅ 𝑏𝑘
⇒𝑌 [1 − ç(1 − 𝑡) + ]= ⇒ℎ𝑃𝑌 [1 − ç(1 − 𝑡) + ̅̅̅̅ = 𝑏𝑀𝑠
] − ℎ𝑃𝐴𝐷 ̅̅̅̅
ℎ ℎ𝑃 ℎ

𝑏𝑘
⇒𝑃 {[1 − ç(1 − 𝑡) + ̅̅̅̅} = 𝑏𝑀𝑠
] ℎ𝑌 − ℎ𝐴𝐷 ̅̅̅̅

̅̅̅̅
𝒃𝑴𝒔
𝑷=
𝒃𝒌 ̅̅̅̅
[𝟏 − ç(𝟏 − 𝒕) + ] 𝒉𝒀 − 𝒉𝑨𝑫
𝒉
A equação mostra que, o nível geral de preço (P) depende positivamente da oferta
de moeda (emissão monetária) e, portanto, da política monetária adoptada pelo Banco
Central. Depende também negativamente da produção da economia, influenciada pelos
parâmetros, (b, k, h, ç, e t), bem como pela política orçamental e obviamente pelas
componentes da procura autónoma.
Recordar sempre que, os parâmetros medem as diferentes sensibilidades das
variáveis dependentes face a alteração das variáveis independentes, ou seja, propensões
marginais do consumo (ç) em relação a rendimento disponível (Yd), dos impostos (t) em
relação ao rendimento (Y), do investimento (b) relativamente a taxa de juros (i), da
procura por moeda (k) pelo motivo de transação (Y) e da procura por moeda (h) pelo
motivo especulativo (i).
5.2. Oferta Agregada (AS)

Entende-se como oferta agregada (AS), o produto total (bens e serviços) que os
agentes económicos estão dispostos a produzir e a vender durante um certo período de
tempo (geralmente um ano), dado o nível de preços, condições de mercado e os custos.
A curva da oferta agregada é determinada a partir do mercado de trabalho e de
uma função de produção neoclássica.

61
5.2.1. Mercado de Trabalho e Determinação de Salário
O mercado de trabalho é o mecanismo de transação do factor trabalho. Determina
o salário e o nível de emprego (desemprego).
É importante tecer alguns conceitos fundamentais sobre população em idade
activa, população economicamente activa ou força de trabalho, taxa de actividade, taxa
de emprego e taxa de desemprego.
Teoricamente considera-se população activa aquela com idade compreendida
entre os 15 a 64 anos de idade (ou 15 anos e mais). Em rigor exclui-se da população em
idade activa, com vista a obter a disponível para trabalhar, a população que exerce
serviços militar, prisional, a com incapacidade físico-mental para trabalhar, entre outros.
A força de trabalho também conhecida como população economicamente activa
(PEA) é a soma dos indivíduos que estão a trabalhar (empregada) ou a procurarem
emprego (desempregada). A que não está trabalhando nem a procura de emprego
considera-se população economicamente não activa (PEnA).
A taxa de actividade será a razão entre a PEA e a população em idade activa.
A taxa de desemprego é a proporção do número de desempregados e a população
economicamente activa.
Consideramos como U desemprego, N emprego e L força de trabalho (PEA).
FIGURA 6- ESTRUTURA DA POPULAÇÃO

Fonte: Elaboração Própria.

Duas teorias podem ser utilizadas para explicar os factores determinantes do


salário, nomeadamente, a teoria da negociação e a do Salário-eficiência.
O poder negocial do trabalhador depende de quanto custaria a empresa substituir
o trabalhador e da dificuldade do trabalhador encontrar outro emprego. Por esta razão o
poder de negociação depende da natureza do trabalho (alta ou baixa qualificação) e das
condições do mercado de trabalho (taxa desemprego).

62
Quanto a teoria do salário-eficiência mostra que normalmente os trabalhadores
recebem um salário que excede o seu salário de reserva (o salário que poderia torna-lo
indiferente entre trabalhar ou permanecer desempregado). Independentemente do poder
negocial as empresas podem pagar um salário acima do de reserva para atrair os melhores
trabalhadores7.
Salário, Preços e Desemprego
Considera-se que o salário real (w), que serve de base para a negociação e o salário
nominal (W), depende do nível esperado de preços (Pe), taxa de desemprego (u) e de
outros factores (k).
we=W/Pe=k-ɛu ou W=wePe=k-ɛu
Dado que os trabalhadores se preocupam com o salário real e não o nominal, um
aumento do nível esperado de preços eleva o salário nominal na mesma proporção.
Quanto ao desemprego, um aumento na sua taxa diminui o salário nominal.
Os outros factores incluem a legislação laboral, o subsídio de desemprego, o
salário mínimo, etc. Por esta razão, k normalmente é considerado como parâmetro
positivo (+).
5.2.2. Função de Produção Neoclássica e Determinação de Nível de Preços
Determina-se o nível de preços utilizando a função de produção que ilustra a
relação entre a quantidade produzida numa economia e os factores de produção utilizados
(capital, trabalho e terra), isto é, Y= f(K,L,T). Para simplificação considera-se o trabalho
como o único factor e com produtividade constante.
No rigor, a produção depende não da força de trabalho (L) mas sim da força de
trabalho empregada (N), pelo que, tem-se: Y=aN, onde a é uma constante, representando
a produtividade marginal da força de trabalho empregada (PmgN).
Com a hipótese de concorrência perfeita, o preço de uma unidade de produto seria
igual ao custo marginal (P=W/a), ou seja, o salário é definido pela produtividade marginal
do trabalho (Lei dos rendimentos decrescentes) e este pelo preço de mercado (como dado
no mercado). Contudo muitos mercados não são concorrenciais, pelo que, as empresas
cobram um preço superior (incluindo uma margem de lucro) ao custo marginal,
resultando na seguinte relação:
𝑾
𝑷 = (𝟏 + 𝒛) 𝒂 , com 𝑧 representando a margem de lucro (Markup).

Para uma melhor ilustração do Markup utiliza-se o caso extremo de mercado


monopolista, onde o produtor fixa um preço (PP) acima do preço de equilíbrio (Pe) em
função da demanda que ele enfrenta (nem a quantidade Q0 e preço P0) e não da condição
do custo marginal (Cmg) igual a receita marginal (Rmg).

7
Teoria de Gestão de Henry Ford.

63
GRÁFICO 9- MODELO DE MARKUP

Fonte: Elaboração Própria.

5.2.3. Taxa Natural de Desemprego


Consideramos agora como hipótese o salário nominal dependente do nível
efectivo de preços (P) e não do esperado (Pe) ou P=Pe. Determinamos a relação de fixação
de salário (custo) e a relação de fixação de preços (proveito).
𝑊
= 𝑘 − ɛ𝑢
𝑃
𝑊 𝑃 (1+𝑧) 𝑊 𝑎
𝑃 = (1 + 𝑘) 𝑎 ⇒ 𝑊 = ⇒ 𝑃 = 1+𝑧
𝑎

Salário de Equilíbrio
A igualdade entre as duas expressões resulta o salário que garante o equilíbrio no
mercado de trabalho, é o salário real escolhido na sua fixação como na fixação do preço
no mercado de bens.
𝑎 𝑎 𝑎 𝑘 𝒌(𝟏+𝒛)−𝒂 𝟏 𝒂
= 𝑘 − ɛ𝑢 ⇒ ɛ𝑢 = − 𝑘 ⇒ 𝑢 = (1+𝑧)ɛ − ⇒ 𝒖 = (𝟏+𝒛)ɛ
= [𝒌 − ]
1+𝑧 1+𝑧 ɛ 𝜺 𝟏+𝒛

Taxa Natural de Desemprego


A taxa de desemprego correspondente a taxa de salário de equilíbrio é considerada
natural. Este só existe se o nível de preços esperado for diferente do seu nível efectivo.
Esta taxa é conhecida também como a taxa de desemprego não aceleradora da inflação,
sigla em inglês, NAIRU (Non-Acelerating Infletion Rate of unemployment).
Se Pet=Pt⇒ut=un
Não se verificando a identidade acima o salário real esperado será determinado
pela diferença entre o nível de salário efectivo e o hiato entre a taxa de desemprego
efectivo, e a taxa de desemprego natural.

64
Wt/Pet =k-ɛut e Wt/Pt=k-ɛun, fazendo a diferença, entre o nível de salário real esperado e
o efectivo tem:
Wt/Pet –Wt/Pt=k-ɛut-(k-ɛun)⇒Wt/Pet=k-ɛut-k+ɛun+Wt/Pt⇒Wt/Pet=Wt/Pt-ɛ(ut-un)
GRÁFICO 10-TAXA NATURAL DE DESEMPREGO

Fonte: Elaboração Própria.

Pelo Gráfico nº 10, conclui-se que as políticas que visam o aumento de salário
podem criar desemprego.
Curva de Phillips
A curva de Phillips (original) demonstra a relação entre o nível de salário e o
desemprego. Uma diminuição da taxa de desemprego aumenta o salário nominal.
△𝑾
= −𝜺(𝒖𝒕 − 𝒖𝒏 )
𝑾
A variação de salário em geral é substituída pela variação de preços para explicar
a relação existente entre a taxa de desemprego e a taxa de inflação (π).
A versão moderna inclui as expectativas do nível esperado de preços (Pe).
Substituindo a variação de salário pela variação de preços (𝜋), obtém-se a curva de
Phillips aumentada as expectativas.
𝝅𝒕 = 𝝅𝒆 − 𝜺(𝒖𝒕 − 𝒖𝒏 )
Esta equação mostra que, se os agentes económicos conseguirem acertar as suas
previsões de inflação a taxa de desemprego estará em equilíbrio, isto é, a taxa de
desemprego será igual a taxa de desemprego natural. Deste modo, o desemprego não
depende do nível de inflação (variação de salários) mas sim do excesso de inflação ao que
era esperado.

65
5.2.4. Desemprego vs Emprego
A taxa natural de desemprego está relacionada com o nível natural de emprego
que corresponde ao nível de emprego que prevalece quando o desemprego é igual a sua
taxa natural.
Consideremos: Desemprego U, emprego N e força de trabalho L.
𝐿 =𝑁+𝑈 ⇒𝑈 =𝐿−𝑁
𝑈 𝐿−𝑁 𝑁
𝑢= ⇒𝑢= ⇒ 𝑢 = 1−
𝐿 𝐿 𝐿
O nível natural de emprego será:
𝐿−𝑁
𝑢= ⇒ 𝑢𝐿 = 𝐿 − 𝑁 ⇒ 𝑁 = 𝐿 − 𝑢𝐿 ⇒ 𝑁 = (1 − 𝑢)𝐿
𝐿
Considerando a taxa de desemprego natural tem-se: Nn=L(1-un). Desta relação resulta:
𝐿−𝑁𝑡 𝐿−𝑁𝑛 𝐿−𝑁𝑡 −𝐿+𝑁𝑛 𝟏
ut-un=Nt-Nn⇒ut-un=( )−( ) ⇒ut-un= ⇒ut-un=− 𝑳 (𝑵𝒕 − 𝑵𝒏 )
𝐿 𝐿 𝐿

Emprego vs Produto
O nível natural de emprego está relacionado ao nível natural de produto. O nível
natural de produto é o nível de output obtido quando o desemprego está em equilíbrio.
Também é conhecido como produto de pleno emprego ou produto potencial (Yn).
Considerando Yn=aNn⇒Yn=aL(1-un)
Existindo um hiato entre o emprego efectivo e o natural existirá um hiato entre o
produto efectivo e o produto potencial. Com isso estabelece-se a seguinte relação:
𝟏
ut – un=− 𝒂𝑳 (Yt-Yn)

Lei de Okun
Dado que o produto mantém forte relação com emprego e este com desemprego,
logo, o produto tem relação com o desemprego. A lei de Okun exprime a relação entre
variação do produto e a taxa de desemprego. A mesma, demonstra que, um ponto
percentual a mais de desemprego diminui o produto em cerca de 2%.
𝒀𝒕 −𝒀𝒏
= −𝛽(𝑢𝑡 − 𝑢𝑛 ) , com β≡ 2.
𝒀𝒏

Em conclusão:
i. O salário real escolhido na fixação de salários é função decrescente da taxa de
desemprego;
ii. O salário real resultante da fixação de preços é constante;
iii. O equilíbrio no mercado de trabalho requer que o salário real escolhido na fixação
de salário seja igual ao salário escolhido na fixação de preços;
iv. O Equilíbrio de mercado de trabalho determina a taxa de salário de equilíbrio, que
por sua vez determina a taxa de desemprego de equilíbrio (Taxa natural de
desemprego ou taxa estrutural de desemprego);

66
v. A taxa natural de desemprego está relacionada com o nível natural de emprego e
o nível natural de produto (Produto de pleno emprego).

5.2.5. Derivação da Oferta Agregada


A Oferta agregada (AS) é a quantidade de produto que uma economia despõe dada
os seus factores de produção e a tecnologia disponível.
A função oferta agregada representa a relação entre o nível de produto da
economia e o nível de preços.
A função AS é derivada do mercado de trabalho e da função de produção como
anteriormente estudado, ou seja, com base na determinação dos salários e na
determinação dos preços no mercado de trabalho pela função produção.
1
Sendo Wt/Pet=Wt/Pt-ɛ(ut-un) e ut - un=− 𝑎𝐿 (Yt - Yn), substituindo, tem:
1
Wt/Pet=Wt/Pt-ɛ[− 𝑎𝐿 (𝑌𝑡 − 𝑌𝑛 )] considerando Wt=(a/1+z)Pt e substituindo, vem:

𝑃𝑡 𝑎/(1 + 𝑧) 𝑃𝑡 𝑎/1 + 𝑧 ɛ
= + (𝑌 − 𝑌𝑛 )
𝑃𝑒 𝑃𝑡 𝑎𝐿 𝑡
𝑃𝑡 𝑎/1 + 𝑧 𝑃𝑡 𝑎𝑎𝐿/(1 + 𝑧) + ɛ𝑃𝑡 (𝑌𝑡 − 𝑌𝑛 )
=
𝑃𝑒 𝑃𝑡 𝑎𝐿
𝑃𝑡 𝑎 𝑃𝑡 𝑎𝑎𝐿
. 𝑃𝑡 𝑎𝐿 = 𝑃𝑒 . + 𝑃𝑒 . ɛ𝑃𝑡 (𝑌𝑡 − 𝑌𝑛 )/: 𝑃𝑡
1+𝑧 1+𝑧
𝑃𝑡 𝑎 𝑃𝑡 𝑎𝐿 𝑃𝑒 𝑃𝑡 𝑎𝑎𝐿 ɛ𝑃𝑒 𝑃𝑡 (𝑌𝑡 − 𝑌𝑛 )
= +
(1 + 𝑧) 𝑃𝑡 𝑃𝑡 (1 + 𝑧) 𝑃𝑡
𝑃𝑡 𝑎2 𝐿 𝑎2 𝐿
= 𝑃𝑒 . + ɛ𝑃𝑒 (𝑌𝑡 − 𝑌𝑛 )
1+𝑧 1+𝑧
𝑎2 𝐿 (1 + 𝑧) (1 + 𝑧)
𝑃𝑡 = 𝑃𝑒 . 2
+ ɛ𝑃𝑒 (𝑌𝑡 − 𝑌𝑛 ). 2
(1 + 𝑧) 𝑎 𝐿 𝑎 𝐿
𝜀(𝑌𝑡 − 𝑌𝑛 )
𝑃𝑡 = 𝑃𝑒 [1 + (1 + 𝑧)]
𝑎2 𝐿
ɛ(1 + 𝑧)
𝑃𝑡 = 𝑃𝑒 [1 + (𝑌𝑡 − 𝑌𝑛 )]
𝑎2 𝐿
O nível de preços depende fundamentalmente do nível esperado de preços, da taxa
de desemprego e outros factores.
A função AS acima derivada, pode ser escrita da seguinte maneira:
ɛ(1+𝑧)
Considerando, = 𝜆, tem-se:
𝑎2 𝐿
𝑃𝑡 = 𝑃𝑒 [1 + 𝜆(𝑌𝑡 − 𝑌𝑛 )]

Exprimindo o produto em função do nível de preços obtem-se:


e
𝑃𝑡 =P [1 + 𝜆(𝑌𝑡 − 𝑌𝑛 )]

67
𝑃𝑡
− 1 = 𝜆𝑌𝑡 − 𝜆𝑌𝑛
𝑃𝑒
𝑃𝑡
− 1 + 𝜆𝑌𝑛 = 𝜆𝑌𝑡 /: 𝜆
𝑃𝑒
𝑃𝑡 𝜆𝑌𝑛
𝑌𝑡 = ( 𝑒
− 1) : 𝜆 +
𝑃 𝜆
1 𝑃𝑡
𝑌𝑡 = 𝑌𝑛 + ( 𝑒 − 1)
𝜆 𝑃
𝟏 𝑷𝒕
𝒀𝒕 = ( − 𝟏) + 𝒀𝒏
𝝀 𝑷𝒆
GRÁFICO 11- CURVA AS

Fonte: Elaboração Própria.

Se o nível esperado de preços for igual ao nível de preços então não há desemprego
e o nível de produto obtido é de pleno emprego.
Em conclusão:
 Um aumento do nível de produto leva ao aumento do nível de preços, pois:
i. Aumento do produto leva ao aumento de emprego;
ii. Aumento do emprego diminui a taxa de desemprego;
iii. Diminuição da taxa de desemprego aumenta o salário nominal; e
iv. Aumento do salário nominal aumenta os preços fixados pelas empresas e
portanto, o nível de preços.
 Um aumento do nível esperado de preços leva ao aumento do nível efectivo de preços
de mesma magnitude, dado que:
i. Se os fixadores de preços esperam que o nível de preços seja mais alto, fixam
um salário nominal alto; e

68
ii.Aumento do salário nominal aumenta os custos de produção das empresas que
por sua vez aumenta o nível de preços.
 Se o nível esperado de preços for igual ao nível efectivo de preços então não há
desemprego e o nível de produto obtido é de pleno emprego.
Assim, quando o produto efectivo está acima do produto potencial o nível de
preços é maior (inflação) e quando este está abaixo do nível de pleno emprego o nível de
preços é menor (deflação e desemprego). Logo as políticas que visam a redução de
inflação tendem a aumentar o desemprego no curto prazo.
Portanto, os três elementos necessários para determinação da AS são:
i. Relação Preço-Custo;
ii. Lei de Okun;
iii. Curva de Phillips.

5.2.6. Formação de Expectativas


A formação de expectativas é dada mediante dois mecanismos, nomeadamente,
expectativas adaptativas e racionais, que permitem fazer previsões sobre os preços.
Expectativas Adaptadas
As expectativas adaptativas são mecanismos de formação de previsões sobre os
preços que supõem correcção sequencial dos erros em função do último erro observado.
Deste modo, a expectativa do nível de preços para o período t é igual a que era
feita no período anterior (t-1) adicionada a parte do erro observado.
Pet=Pet-1+α(Pt-1-Pet-1)
Se o nível de preços observado é superior ao esperado, as expectativas são revistas
para cima, o contrário são revistas para baixo, considerando sempre e apenas a fracção
do último erro.
Exprimindo o nível esperado em função dos valores observados do passado,
obtemos:
Pet=Pet-1+αPt-1- α Pet-1
Pet= αPt-1- Pet-1α Pet-1
Pet= αPt-1 +(1-α)Pet-1
A expectativa da variável para um determinado período é uma média aritmética
ponderada da expectativa que tinha sido formada para essa variável para o período
anterior e do valor observado da variável nesse período anterior, com ponderadores cada
vez menores a medida que se recua no passado (minimização dos erros).
Considerando o caso extremo de α=1 então Pet=Pt-1 e a Curva de Oferta agregada é dada
pela equação: Pt=Pt-1[1+λ(Yt-Yn)].
Expectativas Racionais
A hipótese das expectativas racionais, supõe que os agentes económicos na
formação das suas previsões tomam em conta toda a informação relevante pelo que não

69
cometerão erros sistemáticos. Podem errar nas suas expectativas, mas em média o seu
erro é nulo.
Pet=Et-1(Pt)=E(Pt/It-1)
Pelas expectativas racionais, o nível de preços esperado no período t é igual a
esperança matemática dessa variável obtida a partir de um modelo económico
“verdadeiro” dada toda a informação disponível no período t-1(It-1), ou seja:
𝐸𝑡−1 (𝑃𝑡 ) = 𝐸( 𝑃𝑡 ∣ 𝐼𝑡−1 ).
Os erros das expectativas racionais são iguais a zero em média, não exibindo
qualquer padrão e são precisas pois a variância dos seus erros é mínima.
Pet=Pt+erro aleatório.
Pet≈Pt e Yt≈Yn
Pt=Pt-1[1+λ(Yt-Yn)]
Pt=Pt[1+λ(Yt-Yn)]
Pt/Pt=1+ λ(Yt-Yn)
1-1= λYt – λYn
λYn= λYt/: λ
Yt=Yn
O hiato entre o produto efectivo e o produto potencial é explicado apenas por
variações inesperadas nos níveis de preço na formulação das expectativas, que promove
um afastamento temporário entre Pt e Pet.
Ciclo de Negócio e Hiato
O ciclo de negócio é o padrão mais ou menos regular de expansão (recuperação)
e contração (recessão) da actividade económica em torno da linha de tendência de
crescimento (trajectória do produto potencial).

70
GRÁFICO 12- CICLO ECONÓMICO

Fonte: Elaboração Própria.

5.3. Efeito das Políticas Económicas no Modelo AD-AS

No gráfico nº 13, mostra os efeitos das políticas económicas no modelo AD-AS,


observando simultaneamente o que acontece em termos de equilíbrio do modelo.
Gráfico 13- RESUMO DO EFEITO DAS POLÍTICAS ECONÓMICAS

Fonte: Elaboração Própria.

71
Caso Geral
Uma Política fiscal expansionista (aumento de gastos públicos ou diminuição dos
impostos) faz deslocar a curva da procura agregada (AD) para cima e a direita,
aumentando o nível de produto e de preços; os agentes económicos expectantes do
aumento de futuros impostos ou dívida pública para financiar o défice, diminuem o
consumo e o investimento, contraindo a produção e elevando o nível de preço. O
contrário, uma contração diminui o nível de preço e a quantidade de produção
(rendimento); entretanto, o efeito final, por um lado, depende do Cowding-out inverso,
que faz deslocar a curva da oferta para baixo e a direita, fruto da política monetária que
visa manter o mercado monetário em equilíbrio, resultante na diminuição da taxa de juro
e consequentemente aumentando o investimento e por sua vez o produto.
Caso Keynesiano (AS Horizontal)
Considerando a hipótese de preços fixos, o efeito evicção (crowding-out) da
política expansionista é nulo para o modelo keynesiano, pelo que, a deslocação da curva
da procura agregada aumenta apenas o nível de rendimento (produto) e não afecta o nível
de preços.
Caso Clássico (AS Vertical)
Com base na hipótese das expectativas racionais os agentes económicos
conseguem antever a subida dos preços resultantes das políticas expansionistas, assim, a
curva de oferta também se desloca para cima e à esquerda anulando o feito da deslocação
da curva da procura agregada, pelo que o nível de produto será sempre o de pleno emprego
(produto potencial).

72
5.4. Exercícios Resolvidos

1- Numa economia fechada, o governo diminui o consumo público. Os preços são


flexíveis no longo prazo.
a) Quais as consequências, no curto e no longo prazo, sobre os preços, o desemprego
e o produto? Justifique devidamente e represente a solução em termos gráficos.
b) No longo prazo, o que sucede à taxa de juro nominal? Represente graficamente e
explique devidamente.
Resolução:
a) Uma diminuição do consumo colectivo (ΔG <0), provoca uma contracção da
procura agregada para cada nível de preços, ou seja, para que haja equilíbrio
simultâneo dos mercados de bens e serviços (MBS) e monetário (MM), vai ser
necessário um rendimento menor. Assim, a curva de procura agregada desloca-se
para a esquerda (e para baixo) de AD0 para AD1.

i. No curto prazo (t=1), admitindo que, a oferta agregada de curto prazo é


horizontal, o novo ponto de equilíbrio de curto prazo passa a ser E1. Desta
forma, o produto efectivo cai para Y1 abaixo do produto potencial (Y*) e, por
conseguinte, o desemprego sobe acima da NAIRU (Non-accelerating inflation
rate of unemployment) ou seja, “taxa de desemprego não aceleradora da
inflação (NAIRU)”. O nível de preços mantém-se em P0.
ii. No longo prazo (t=∞): Enquanto o produto efectivo estiver abaixo do
potencial (ou seja, enquanto a taxa de desemprego estiver a cima da NAIRU),
haverá uma descida dos salários nominais e, por consequência, do nível de
preços compatível com o equilíbrio do mercado de trabalho (MT) para cada
nível de produto. Assim, em cada período, a oferta agregada de curto prazo
situa-se mais abaixo que no período anterior, até que seja eliminada a

73
diferença entre os produtos efectivo e potencial. Isto só acontece no ponto 𝐸∞ ,
onde o produto efectivo é igual a Y*, a taxa de desemprego é igual à NAIRU
e o nível de preços desceu para 𝑃∞ .
b) Para representarmos o que acontece à taxa de juro nominal, necessitamos de um
outro espaço onde possamos visualizar as curvas IS e LM. Assim, uma queda do
consumo colectivo conduz a um deslocamento da IS para a esquerda:

i. No curto prazo (t=1), dado que não existe alteração do nível de preços a curva
LM mantém-se a mesma que em t=0. Desta forma, no novo equilíbrio (E1), a
taxa de juro nominal cai para i1.
ii. No longo prazo (t=∞), à medida que o nível de preços vai caindo, o que
corresponde a uma subida da oferta de liquidez ao longo do tempo, a curva
LM vai-se deslocando para a direita até o novo equilíbrio de longo prazo ser
restabelecido com uma taxa de juro nominal de equilíbrio mais baixa e igual
a 𝑖∞ .
2- A economia da Angolândia não tem relações relevantes com o exterior. Sabe-se que
em 2019 a taxa de inflação foi de 3% e que para este ano o governo anuncia uma
redução substancial do consumo colectivo de forma a equilibrar as contas públicas.
Sabe-se ainda que por cada ponto percentual que a taxa de desemprego apresente
abaixo do seu nível natural, a taxa de inflação verificada será superior à esperada em
dois pontos percentuais.

a) Sabendo que, no início de 2019 os agentes económicos (em especial os


trabalhadores) esperavam uma taxa de inflação de 2,5% para esse ano, e que a
taxa de desemprego foi de 5,25%, será possível determinar a taxa natural de
desemprego? Em caso afirmativo calcule essa taxa e caso não o possa fazer diga
de que informação necessitaria para o fazer. Em qualquer dos casos justifique
economicamente.
b) Tendo em conta a referida mudança de política económica, três centros de estudos
económicos com grande credibilidade divulgaram as suas estimativas para a

74
inflação em 2020, todas elas muito próximas do valor médio de 2%. Supondo que
o governo cumprirá o seu compromisso e que não existirão choques inesperados
este ano, calcule a taxa de desemprego para 2020 nos casos de os trabalhadores
terem expectativas racionais e no caso de terem expectativas adaptativas.
Justifique cuidadosamente todos os seus cálculos.
Resolução:
a) Sabe-se que a curva de Philips relaciona as variáveis taxas de inflação verificada (𝜋𝑡 )
e esperada ( 𝜋𝑡𝑒 ), e taxas de desemprego verificada (𝑢𝑡 ) e natural ) (𝑢𝑛 ) da seguinte
forma:
𝜋𝑡 = 𝜋𝑡𝑒 - 𝜀(𝑢𝑡 − 𝑢𝑛 ), onde 𝜀 é constante que mede sensibilidade da inflação ao
desemprego.
Sabemos ainda que por cada ponto percentual que a taxa de desemprego apresente abaixo
do seu nível natural (𝑢𝑡 − 𝑢𝑛 = -0,01), a taxa de inflação verificada será superior à
esperada em dois pontos percentuais (𝜋𝑡 − 𝜋𝑡𝑒 = 0,02), ou seja, tem-se 0,02 = − 𝜀*(-
0,01) ⇒ 𝜀 = 2.
𝑒
Em relação ao ano 2019 sabe-se ainda que 𝜋2019 = 0,03, 𝜋2019 = 0,025 e que 𝑢2019 =
0,0525. Utilizando esses dados na expressão analítica da curva de Philips, vem:
0,03 = 0,025 – 2*(0,052 5 - 𝑢𝑛 ) ⇒ 𝑢𝑛 = 0,055.
Desta forma, pode-se concluir que a taxa natural de desemprego é de 5,5%. Assim, a taxa
de desemprego em 2019 esteve abaixo do seu nível natural, pelo que a inflação foi
superior à esperada no início do período.
b) Com a informação dada pelos três centros de estudos pode-se prever, caso não existam
choques inesperados, uma inflação de cerca de 2% para 2020, ou seja, 𝜋2020 = 0,02.
Se os trabalhadores tiverem expectativas racionais utilizarão toda a informação
(credível) disponível para as suas negociações salariais deste ano, incluindo as
estimativas divulgadas pelos referidos institutos. Assim, a sua estimativa para a taxa
𝑒
de inflação será dada por 𝜋2020 = 0,02. Utilizando estes dados na curva de Philips,
tem-se:
0,02 = 0,02 - 2*( 𝑢2020 − 0,055) ⇒ 𝑢2020= 0,055.
Pode-se então concluir que, caso não existam choques (ou políticas) inesperados a
inflação esperada com expectativas racionais será igual à verificada, pelo que não existem
razões para que a taxa de desemprego seja diferente da taxa natural. No caso de existirem
expectativas adaptativas, os trabalhadores apenas utilizarão os valores passados da taxa
de inflação para prever a inflação em 2020 (ignorando as estimativas divulgadas pelos
três institutos). No caso mais simples destes agentes terem expectativas estáticas, ou seja:
𝜋𝑡𝑒 = 𝜋𝑡−1 , temos uma previsão de inflação para 2020 igual ao valor verificado em 2019
𝑒
(𝜋2020 = 𝜋2019 = 0,03).
Utilizando a curva de Philips, tem-se:
0,02 = 0,03 – 2(𝑢2020 - 0,055) ⇒ 𝑢𝑡 = 0,06.
Assim, dado que os trabalhadores esperam uma taxa de inflação superior à que se irá
verificar, a taxa de desemprego será superior à taxa natural.

75
𝑒 𝑒 𝑒
Nota que, se considerar-se o caso geral: 𝜋2020 = 𝜋2019 + 𝜀(𝜋2019 − 𝜋2019 ) = 0,025 +
𝜀(0,03 − 0,025), com 𝜀 ∈[0; 1], e substituirmos este valor na expressão da curva de
Philips, obtem-se:
𝑒
𝜋2019
𝑢2019 = 0,045 + ∈ [0,0575;0,06 2]. Os resultados assim obtidos não alteram as
2
conclusões apresentadas. Note-se que no caso das expectativas estáticas utiliza-se 𝜀 = 1
(correcção total), onde 𝜀 é o parâmetro de correcção do erro das expectativas adaptativas.

3- Considere a expressão da oferta agregada dada por:


𝑃𝑡 = 𝑃𝑡𝑒 [1 + 𝜆(𝑌𝑡 − 𝑌𝑛 )], onde Yt representa o produto verificado, Yn o produto
potencial, Pt o índice de preços verificado, 𝑃𝑡𝑒 é o índice de preços esperado e t o período
em causa.
Descreva dois exemplos de alterações na economia que podem levar a que, para cada
nível de produto, o mercado de trabalho se equilibre para um nível de preços mais
elevado. Justifique economicamente.
Resolução:
A curva da oferta agregada (AS) representa o conjunto de pontos de equilíbrio do mercado
de trabalho que são compatíveis com a tecnologia e capacidade existentes no período.
Assim, a consequência gráfica das alterações propostas é um deslocamento para cima da
curva da AS no habitual espaço (Yt, Pt). Considerando a função apresentada, pode-se
verificar que:
𝜕𝑃𝑡
= 1 + 𝛌(Yt - Yn) = Pt /𝑃𝑡𝑒 > 0
𝜕𝑃𝑡𝑒
𝜕𝑃𝑡
= 𝑃𝑡𝑒 𝛌(Yt - Yn)
𝜕𝜆
𝜕𝑃𝑡
= −𝑃𝑡𝑒 𝛌 < 0.
𝜕𝑌𝑛

Desta forma, um aumento do índice de preços esperado e uma diminuição do produto


potencial levam, inequivocamente a um deslocamento da AS no sentido pretendido. Um
aumento de 𝛌 só tem esse efeito para Yt > Yn.
No entanto, 𝛌 e Yn dependem de parâmetros fundamentais do modelo que nos dão
justificações económicas mais precisas:
1 𝑎
𝛌 = 𝜀(1 + 𝑧)/𝑎2 𝐿, Yn = a(1 - 𝑢𝑛 )L, 𝑢𝑛 = (𝜀 ) [𝑘 − (1+𝑧)].

Desta forma, pode-se obter uma forma reduzida para a função de oferta agregada dada
por:
1+𝑧
𝑃𝑡 = 𝑃𝑡𝑒 * 𝑎2 𝐿 ∗ [−𝑎𝐿𝑘 − 𝜀(𝑎𝐿 − 𝑌𝑡 )].

Pode-se então dividir as alterações possíveis de explicar este deslocamento da AS em


cinco classes:
1- Alterações de expectativas
Como já verificámos, um aumento do índice de preços esperado conduz a um
deslocamento da curva AS no sentido indicado.

76
i. No caso de um modelo com expectativas racionais este pode dever-se a efeitos
de choques ou de políticas antecipadas pelos trabalhadores antes da
negociação dos salários para o período;
ii. No caso de expectativas adaptativas, se o índice de preços no período anterior
(t - 1) foi mais elevado do que há dois períodos atrás (t - 2) então tem-se para
este período uma AS situada mais acima do que no período anterior.
2- Subida da margem
Podemos verificar que uma subida da margem de marcação dos preços sobre os custos
salariais unitários provoca uma descida dos salários reais para cada nível de salário
nominal. Com essa descida haverá uma subida da taxa natural de desemprego e
consequente diminuição do produto potencial. Para além disso 𝛌 também crescerá, mas o
resultado final é inequivocamente uma deslocação para cima da AS:

𝜕𝑃𝑡 𝑃𝑡
= > 0.
𝜕𝑧 1+𝑧

Este tipo de alteração poderá ser devido a:


i. Um aumento dos preços dos outros factores primários (capital e terra);
ii. Um aumento dos preços dos bens intermédios;
iii. Um aumento de impostos indirectos;
iv. Um maior poder de mercado das empresas.
3- Alteração de funcionamento do mercado de trabalho
Este tipo de modificação pode corresponder a um aumento do valor de k ou uma
diminuição do valor de 𝜀.
Qualquer destas alterações conduz a um aumento da taxa natural de desemprego e, desta
forma, a uma redução do produto potencial. Uma diminuição de 𝜀 também diminui o valor
de 𝜆, mas uma vez mais o efeito final não oferece dúvidas:
𝜕𝑃𝑡 𝑃 𝑒 (1+𝑧) 𝜕𝑃
= 𝑡 𝑎 > 0, 𝜕𝜀𝑡 = [- 𝑃𝑡𝑒 (1 + 𝑧)/(𝑎2 L)]* (𝑎L – Yt) < 0, onde 𝑎L > Yn é o produto
𝜕𝑘
máximo que a economia pode atingir no curto prazo.
Este tipo de modificações sugerem uma maior rigidez no mercado de trabalho que
pode ser explicada por:
i. Nova legislação que dificulte a contratação e despedimentos;
ii. Maior poder dos sindicatos;
iii. Uma política de habitação que dificulte a mobilidade dos trabalhadores;
iv. Menor informação que faça o "encontro" entre empresas e trabalhadores.

4- Variação da quantidade de trabalho disponível


Uma diminuição da população activa conduz, para uma mesma taxa natural de
desemprego, a uma diminuição do produto potencial. Esta alteração também reduz o
valor de 𝛌, mas o efeito final é, uma vez mais, inequívoco e dado por:

77
𝜕𝑃𝑡 𝑌𝑡 ∗𝑃𝑡𝑒 ∗λ
=- <0
𝜕𝐿 𝐿

Este tipo de modificação pode ser explicado por:


i. Uma diminuição da idade de reforma (ou de reformas antecipadas);
ii. Um aumento da idade mínima de admissão ao mercado de trabalho (ou um
aumento da escolaridade obrigatória);
iii. Uma política de incentivo ao prosseguimento dos estudos;
iv. Um aumento do tempo de serviço militar obrigatório;
v. Uma diminuição dos apoios à maternidade/paternidade (ou da implementação
da igualdade entre sexos na família local de trabalho).
5- Variação da produtividade média do trabalho
Uma diminuição da produtividade média do trabalho leva a:
i. Um aumento de 𝛌 ;
ii. Numa tendência para a diminuição do produto potencial pelo aumento da taxa
natural de desemprego;
iii. Uma tendência para a diminuição do produto potencial visto que os mesmos
trabalhadores agora produzem menos. O resultado final não é óbvio:

𝜕𝑃𝑡 𝜕𝜆
= 𝑃𝑡𝑒 [(Yt – Yn)*𝜕𝑎 – 𝛌*(𝜕𝑌𝑛 / 𝜕𝑎]> 0,
𝜕𝑎
𝜕𝜆 2𝜆
=– < 0,
𝜕𝑎 𝑎
𝜕𝑌𝑡 1
= (1– 𝑢𝑛 )*L + 𝜆𝑎 > 0.
𝜕𝑎

Como podemos verificar o efeito final sobre o produto potencial é inequívoco já que o
caso descrito em (iii) se sobrepõe a descrito em (ii). Assim, perante uma diminuição de a
para valores acima ou iguais ao produto potencial temos um deslocamento da AS para
cima. Para valores do produto abaixo do seu valor potencial não é simples verificar, mas
𝜕𝑃
demonstra-se que a derivada 𝜕𝑎𝑡 mantém o seu sinal negativo. No curto prazo, uma
diminuição desta produtividade pode ser explicada por:
i. Uma redução brusca do stock de capital existente no período (motivado por uma
catástrofe natural, por exemplo);
ii. Uma perturbação temporária na capacidade de trabalho dos empregados (uma
epidemia, greves, perturbações da ordem pública, etc.);
iii. Falhas no fornecimento de bens intermédios indispensáveis como a energia
eléctrica;
iv. Condições climáticas e ambientais alteradas (uma seca num país com um grande
peso do sector agrícola ou chuvas fortes num país dependente do turismo).
Dos cinco casos apresentados, bastaria a avaliação de dois para uma resposta correcta. A
demonstração matemática do sinal da respectiva derivada não seria necessário, mas para
muitos dos exemplos não é fácil justificar se é o efeito sobre Yn ou sobre 𝛌 que prevalece,
quando apresentam sinais contrários.

78
4- Comente a seguinte afirmação: “A prova de que a curva de Phillips não existe é a
constatação empírica da queda significativa da taxa de inflação em certos períodos,
sem que haja variação apreciável da taxa de desemprego.”
Resolução:
A curva de Phillips traduz o trade off de curto prazo que existirá entre inflação (𝜋𝑡 ) e
desemprego (𝑢𝑡 ). Dada a expressão analítica utilizado neste livro, vem:
𝜋𝑡 = 𝜋𝑡𝑒 - 𝜀(𝑢𝑡 − 𝑢𝑛 )
A variação da taxa de inflação, entre o período t-1 e o período t, será dada por:
𝑒
∆𝜋𝑡 = 𝜋𝑡 - 𝜋𝑡−1 = [𝜋𝑡𝑒 - 𝜀(𝑢𝑡 − 𝑢𝑛 )] - [𝜋𝑡−1 - 𝜀(𝑢𝑡−1 − 𝑢𝑛 )] = Δ𝜋𝑡𝑒 - 𝜀Δ𝑢𝑡 , supondo que
não existem alterações estruturais (que afectam 𝜀 e/ou 𝑢𝑛 ). Se não existir uma variação
apreciável do desemprego entre o período 0 e o período 1 (Δ𝑢1 ≈ 0) este facto poderá
ser compatível com uma queda significativa da taxa de inflação (Δ𝜋1 <0), se observar:
𝛥𝜋 < 0 ∆𝜋 𝑒 − 𝛾∆𝑢1 < 0
{ 1 ⇒{ 1 ⇒ ∆𝜋1𝑒 < 0
∆𝑢1 ≈ 0 ∆𝑢1 ≈ 0
Assim, podemos verificar que a situação descrita é compatível com a existência de uma
curva de Phillips (decrescente) desde que se verifique simultaneamente (à queda da
inflação verificada) uma queda na taxa de inflação esperada pelos trabalhadores. Na
figura seguinte, verifica-se que a queda nas expectativas de inflação desloca a curva de
Phillips de Curto Prazo (CP0) para CP1. Assim, a passagem de um equilíbrio de curto
prazo em E0 para um outro E1 corresponde à situação descrita no enunciado.

Portanto, podemos concluir que a afirmação não é verdadeira. Note-se, no entanto, que
caso as expectativas de inflação se mantivessem de um ano para o outro (Δ𝜋1𝑒 =0), a curva
de Phillips não se moveria entre os dois períodos e a observação de frequentes descidas
na inflação (verificada) sem o correspondente aumento no desemprego constituiria uma
forte evidência empírica da não existência de uma curva de Phillips decrescente no curto
prazo.

79
Refira-se ainda que, caso os trabalhadores prevejam perfeitamente a inflação na época
das suas negociações salariais tem-se 𝜋1𝑒 = 𝜋𝑡 , deixando de existir o mesmo trade off de
curto prazo já que teremos, para este caso, 𝑢𝑡 = 𝑢𝑛 , ou seja, uma curva de Phillips
vertical. Logo, para que haja algum trade off entre as duas variáveis referidas terá de
existir de algum erro de previsão, ou seja, alguma componente não antecipável da inflação
pelos trabalhadores.
5- Considere a expressão da oferta agregada dada por:
𝑃𝑡 = 𝑃𝑡𝑒 ∗[1 + 𝜆(𝑌𝑡 − 𝑌𝑛 )], em que a notação é a habitual. Considere que as expectativas
dos trabalhadores são de natureza adaptativa (𝑃𝑡𝑒 =𝑃𝑡−1 ). Neste ano, uma inesperada
epidemia de uma estirpe de gripe particularmente debilitante baixou consideravelmente a
produtividade média do trabalho, levando a que, para cada nível de produto, o mercado
de trabalho se equilibre para um nível de preços mais elevado. Explique como as
autoridades de política económica podem estabilizar o produto, no curto prazo, em face
do choque descrito. Utilize uma representação gráfica adequada e justifique
economicamente.
Resolução:
A expressão da AS para as expectativas adaptativas é dada por:
𝑃𝑡 = 𝑃𝑡−1 [1 + 𝜆(𝑌𝑡 − 𝑌𝑛 )]
O choque descrito traduz-se numa diminuição da produtividade média do trabalho (o
parâmetro a na função de produção de curto prazo), agindo assim sobre os valores de 𝛌 e
de Yn, que passarão a ser 𝛌' e 𝑌´𝑛 . Dado que esta alteração faz com que “para cada nível
de produto, o mercado de trabalho se equilibre para um nível de preços mais elevado,”
podemos representá-la por um deslocamento da curva AS para cima.

Perante este choque negativo de oferta, no período t = 1 a AS de curto prazo deixaria de


ser a que passa por E0 para ser a que passa por A, E1 e E´1 na figura seguinte:

Se nada fosse feito pelas autoridades de política económica, o produto reduzir-se-ia de Y*


(Yn) para Y1, já que o equilíbrio seria representado por E1. Se, no entanto, fosse posta em

80
prática uma política de expansão da procura (um aumento do consumo público, por
exemplo) que deslocasse a procura agregada (AD) de AD0 para AD1, o equilíbrio de curto
prazo dar-se-ia no ponto E'1, onde o produto de equilíbrio será dado por Yn, ou seja,
estabilizando-o ao seu nível inicial.
6- Numa actividade económica, com uma população economicamente activa (L) de
3.450.000, contabilizaram-se os seguintes dados:
Y = 13N
Z = 15 – 90,52𝑢𝑡
A margem de lucro sobre os custos salariais (z) = 20%
a) Calcule a taxa natural de desemprego.
b) Calcule o produto natural.
c) Escreva a expressão da curva da oferta agregada.
Resolução:
a) Sabe-se que o custo por cada unidade de trabalho é dado por W/𝑎, onde W- representa
o gastos com o pessoal, 𝑎 representa o parâmetro constante que mede a produtividade
média e marginal do trabalho. Neste caso, os custos por unidades produzida será igual
a W/13.
O preço será dado por P = W(1 + z)/𝑎.
Assim vem: P = (1+0,2)W/13⇒P = 0,0923W.
Salário real é dado por: Z = W/P⇒ Z = W/(0,0923W) ⇒Z = 10,83.
Substituindo na curva de determinação de salários, tem-se:
Z = 15 – 90,52𝑢𝑡 ⇒ 10,83 = 15 – 90,52𝑢𝑡 ⇒ 𝑢𝑡 = 𝑢𝑛 = 4,6%, onde 𝑢𝑛 - representa a taxa
natural de desemprego.
O número de desempregados (U) será: U=4,6%* 3.450.000 = 158.700.
Empregados (N) será: N = L - U = 3.450.000 – 158.700 = 3.291.300

b) Substituindo o número de empregados na função de produção, vem:


Y = 13N ⇒Y = 13*3.291.300 ⇒Y = 42.786.900
c) Considerando que W/𝑃𝑒 = Z, tem-se:
W/𝑃𝑒 = 15 – 90,52𝑢𝑡 ⇒ 10,8𝑃𝑡 /𝑃𝑡𝑒 = 15 – 90,52𝑢𝑡 .
𝑢𝑡 = (L – N)/L, onde L– representa a população economicamente activa, N- População
empregada, então:
𝑁
𝑢𝑡 = (3.450.000 – N)/3.450.000 ⇒ 𝑢𝑡 = 1 – 3.450.000, com N = Y/13, Vem:

𝑢𝑡 = 1 – Y/44.850.000. Substituindo 𝑢𝑡 na expressão 10,8𝑃𝑡 /𝑃𝑡𝑒 = 15 – 90,52𝑢𝑡 ,


determina-se a curva da oferta agregada, assim tem-se:

81
𝑌
10,8𝑃𝑡 /𝑃𝑡𝑒 = 15 – 90,52(1 – ) ⇒ 𝑃𝑡 = 𝑃𝑡𝑒 (0,0000001863Y – 6,973).
44.850.000

Um dos pontos desta curva é (𝑃𝑡𝑒 , 42.786.900), pelo que a curva pode ser ainda:
𝜀(1+𝑧)
𝜆 = 𝑎2𝐿 ⇒90,52(1 + 0,2)/169*3.450.000 ⇒ 𝜆 = 0,000000186.

𝑃𝑡 = 𝑃𝑡𝑒 [1 + 𝜆(𝑌𝑡 − 𝑌𝑛 )] ⇒ 𝑃𝑡 = 𝑃𝑡𝑒 [1 + 0,000000186 ∗ (𝑌𝑡 − 42.786.900)].


7- Considere no modelo AS-AD as seguintes equações:
Procura agregada:
̅̅̅̅
𝑏𝑀𝑠
P= 𝑘
̅̅̅̅
[ 1−ç (1−𝑡)+𝑏( )]ℎ𝑌−ℎ𝐴𝐷

0,42∗150
̅̅̅̅2012 =600; P2011 = 1; 𝑏 = 0,42; h = 2,5 e P2012 =
̅̅̅̅2012 =150; 𝐴𝐷
𝑀𝑠
𝑌2012 −2,5∗600
Oferta agregada:
𝑃𝑡 = 𝑃𝑡−1 [1 + 𝜆(𝑌𝑡 − 𝑌𝑛 )]
P2012 = P2011[1 + 0,013(Y2012 – 876,50)]
a) Determine o montante do rendimento em 2012 e o respectivo nível de preços.
b) Se em 2012 o Banco Central expandir a massa monetária em 10%, calcule o
respectivo rendimento e nível de preços.
c) Quais os efeitos de um aumento dos gastos públicos e de uma diminuição da taxa
de reservas legais?
d) Numa economia em que se verifica um aumento do preço de matérias-primas, o
Governo aumenta a taxa de imposto. Aponte algumas consequências desta
política.
Resolução:
a) Uma vez que a procura e oferta já é dada, tem-se:

0,42∗150
AD: P2012 =
𝑌2012−2,5∗600

AS: P2012 = P2011[1 + 0,013(Y2012 – 876,50)]

Se 𝑃𝑡−1 = 1, a curva da oferta agregada do ano 2012 será:

P2012 = 1[1 + 0,013(Y2012 – 876,50)] ⇒ P2012 = [1 + 0,013(Y2012 – 876,50)].

Criando sistema de duas equações e resolvendo, vem:

0,42∗150
𝑃2012 = 𝑌 𝑌 = 1506,85
{ 2012 −2,5∗600 ⇒ { 2012
𝑃2012 = [1 + 0,013(𝑌2012 – 876,50)] 𝑃2012 = 9,19

82
O rendimento está acima do produto natural ou de pleno emprego. A economia está
em expansão. Se o produto igualasse o produto natural ou de pleno emprego a
economia não estaria em recessão nem em expansão.

b) Neste caso ̅̅̅̅


𝑀𝑠 = 150(1 + 0,1) ⇒ ̅̅̅̅
𝑀𝑠 = 165, substituindo na procura agregada,
vem:

0,42∗165
Procura agregada: P2012 =
𝑌2012 −2,5∗600

Oferta agregada: P2012 = P2011[1 + 0,013(Y2012 – 876,50)]

Criando sistema de duas equações e resolvendo, vem:

0,42∗165
𝑃2012 = 𝑌 𝑌 = 1507,5
{ 2012 −2,5∗600 ⇒ { 2012
𝑃2012 = [1 + 0,013(𝑌2012 – 876,50)] 𝑃2012 = 9,20

O aumento da massa monetária em 10% fez aumentar ligeiramente o rendimento


e gerou um aumento dos preços.

c) Numa política orçamental expansionista, o aumento dos gastos públicos, ceteris


paribus, faz deslocar a curva AD para a direita e, consequentemente, aumentam o
preço e o rendimento de equilíbrios.

A diminuição da taxa de reservas legais conduz a um aumento da massa monetária


e origina um deslocamento não paralelo da curva AD para a direita. O preço e o
rendimento de equilíbrios aumentam. Nas duas situações a curva AD desloca-se
para a direita menos do que a IS devido ao efeito de crowding-out. Como se
verifica, há dois deslocamentos para a direita para além dos desvios já referidos
nos preços e no rendimento há uma diminuição da taxa de desemprego.

d) O aumento do preço das matérias-primas faz aumentar os custos de produção, mas


mantendo os outros factores constantes origina um deslocamento da curva AS
para a esquerda. Há um aumento dos preços e uma diminuição do rendimento de
equilíbrio.

Por sua vez, o aumento de uma taxa de imposto, mantendo-se os outros factores
constantes, origina um aumento dos preços e uma diminuição do rendimento de
equilíbrio.
A conjugação das duas medidas faz sempre diminuir o rendimento de equilíbrio.
O montante está dependente da amplitude dos deslocamentos das curvas AD e
AS. Os preços tanto podem aumentar como diminuir. Está dependente das
amplitudes de deslocamento.

Estas medidas afectam o saldo da Balança corrente: BC = X – 𝑀0 – mY.

83
Com a diminuição do rendimento, as importações induzidas diminuem
consequentemente, o saldo da Balança corrente melhora.
8- Uma economia estava caracterizada no início de 2011, pelas seguintes funções:

Y = 20N0,5
NX = BC = 0
C = 0,7Yd – 100r, o consumo vária linearmente com rendimento disponível e com a
taxa de juro real.
G = 140
t = 20%
I = 140 – 2200r
Md = 1,1Y – 100i
Ms = 29,70
Ls = 2W (Oferta de trabalho)
Taxa de inflação (𝜋) = 0%
a) Determine os valores de equilíbrio das diversas variáveis macroeconómicas.
b) O Estado aumentou as despesas públicas de 140 unidades monetárias para 160
unidades monetárias. Quais os efeitos desta medida de política orçamental no
equilíbrio das variáveis macroeconómicas?

Resolução:
a) Neste caso, a quantidade de trabalho (L) que as empresas pretendem empregar
(N) será:

𝜕𝑌
N=L; PmgL = W; 𝑌 = 20𝑁 0,5 ⇒ 𝜕𝑁 = 10𝑁 −0,5 ⇒ 10𝑁 −0,5 = W ⇒1/N0,5 = W/10
⇒ 10 = W*N0,5 ⇒ 10/W =N1/2 ⇒10/W = √𝑁 ⇒ (10/W)2 = (√𝑁 )2 ⇒N=100/W2.

O salário real de equilíbrio será dado por:

Ld = Ls ⇒ Ls=N ⇒2W=100/W2 ⇒ 100 = 2W3 ⇒ 100/2 = W3 ⇒ W3 = 50 ⇒ W =


3
√50 ⇒ W = 3, 68. 𝜋 = 0 ⇒w=W-𝜋 ⇒w=W.

Substituindo o valor de W na função de procura de trabalho ou na função da oferta de


trabalho, determina-se o emprego de equilíbrio, assim vem:

N = 100/W2 ⇒ N = 100/(3,68)2 = 7.
Substituindo N na função de produção, encontra-se então o produto de equilíbrio,
assim tem-se:

Y = 20N0,5 ⇒ Y = 20(7)0,5 ⇒ Y* = 53.

Buscando a curva IS, vem:

84
Y = C + G +I +NX ⇒ Y = 0,75*0,8Y – 100r +140 + 140 – 2200r ⇒ r = 0,1217 –
0,000173Y. Substituindo o rendimento de equilíbrio na IS, encontraremos a taxa de
juro real de equilíbrio, assim vem:

r = 0,1217 – 0,000173Y ⇒ r = 0,1217 – 0,000173*53 ⇒ r = 11%. Tendo a taxa de


juro real facilmente se determina a taxa nominal de juro, assim temos:

i = r + 𝜋 ⇒ i = 11% + 0% = 11%. Substituindo Y e i na função da procura real da


moeda, tem-se:

Md = 1,1Y – 100i ⇒ L = 1,1*53 – 100*11% ⇒ Md = 47,30 (Procura real da moeda


em equilíbrio).

Sabe-se que Md = Ms/P, então 47,30 = 29,70/P ⇒ P = 0,63.

b) Já temos a expressão da curva IS: Y = 0,75*0,8Y – 100r +160 + 140 – 2200r ⇒ r


= 0,13043 – 0,000173Y. Nota que r = i.

Com um aumento dos gastos públicos, a curva IS desloca-se para a direita e


alteram-se as condições de equilíbrio no mercado. A curto prazo, o preço (P =
0,63) e o salário nominais (3,68) são fixos.

Neste caso a expressão da curva LM, será dado por:

Md = Ms/P ⇒ 1,1Y – 100i = 29,70/0,63 ⇒ 1,1Y – 100i = 47,30 ⇒ 1,1Y = 100i +


47,30. Logo o produto e taxa de juro real de curto prazo, será dado formando sistema
de duas equações e resolvendo, assim vem:

𝑖 = 0,13043 – 0,000173𝑌 𝑖 = 12%


{ ⇒{
1,1Y = 100i + 47,30 Y = 54,3

A passagem do consumo público de 140 unidades monetárias para 160 unidades


monetárias faz aumentar, a curto prazo, o produto de equilíbrio para 54,3 unidades
monetárias e a taxa de juro passa para 12%.

9- Uma determinada economia aberta apresentou em 2012 uma taxa de inflação de 2,8%.
O governo implementou um conjunto de medidas para reduzir o défice orçamental,
onde se destaca a redução das despesas públicas. O governo estimou que, por cada
ponto percentual a taxa de desemprego estará abaixo do seu nível natural e a taxa de
inflação verificada será superior à esperada em dois pontos percentuais.
No início de 2012 era esperada uma taxa de inflação de 2,3% para esse ano e a taxa
de desemprego foi de 4,2%.

Determine a taxa natural de desemprego e comente a referida situação?

Resolução:

85
A curva de Philips relaciona as taxas de inflação verificada e esperada e as taxas de
desemprego verificada e natural, tal como se apresenta na expressão:

𝜋𝑡 = 𝜋𝑡𝑒 − 𝜀( 𝑢𝑡 − 𝑢𝑛 ). Utilizando os dados anteriores vem:


Se a cada taxa de inflação verificada é superior à esperada em dois pontos percentuais,
então 0,02 = 𝜀*0,01 ⇒ 𝜀 = 2 em que 𝜀 > 0.

Logo: 0,028 = 0,023 – 2*(0,42 - 𝑢𝑛 ) ⇒ 𝑢𝑛 = 0,0445.

A taxa natural de desemprego é de 4,45%. Em 2012, a taxa de desemprego está abaixo


da taxa natural, pelo que a inflação foi superior àquela que era esperada no início do
ano.

A moderna teoria da inflação baseia-se no conceito de taxa de desemprego não


aceleradora de inflação, ou NAIRU, que é a mais baixa taxa de desemprego
sustentável que um país pode ter sem provocar um aumento desenfreado da inflação.
No contexto do modelo AS-AD, representa o nível de desemprego de recursos, com
o qual os mercados do trabalho e de bens e serviços estão em equilíbrio.

10- A expressão de determinação dos salários num a economia é dada por:

W/Pe = 110 – 200𝑢.

A produção depende apenas do trabalho utilizado, de acordo com a função Y = 120N.


Sabe-se que as empresas praticam uma margem de 20% sobre os custos salariais.

a) Interprete economicamente a expressão de determinação dos salários.


b) Calcule a taxa natural de desemprego e o salário real de equilíbrio, e faça uma
representação gráfica.
c) Os trabalhadores acordaram com as empresas um salário nominal igual a 100, com
base numa expectativa para o nível de preços de 0,98. Nestas condições, calcule
o nível de preço, o salário real e a taxa de desemprego efectivamente verificadas.
d) No contexto da alínea anterior, calcule o produto e o desvio do produto, sabendo
que a população activa é igual a 6 milhões de trabalhadores.

Resolução:

a) Sabe-se que a curva de determinação de salários traduz um processo de


negociação entre trabalhadores e empregadores. Uma vez que ambas as partes se
preocupam com o salário real esperado, 𝑤 𝑒 = W/Pe:

i. Real, porque os trabalhadores preocupam-se com o poder de compra do


seu salário nominal, e os empregadores com os custos salariais em termos
dos preços dos produtos que vendem;
ii. Esperado, porque a negociação é feita tendo por base uma, Pe, para o nível
de preços, P, que vigorará nesse período.

86
O poder de negociação dos trabalhadores aumenta quando o desemprego diminui,
resultando um salário real esperado negociado que depende negativamente de 𝑢.
b) A taxa natural de desemprego calcula-se como a taxa de desemprego que
compatibiliza a determinação dos salários com a determinação do nível de preços
quando a previsão para o nível de preços coincide com o nível efectivo (Pe = P).
Assim, tem-se que: sendo a produtividade do trabalho igual a Y/N = 120, os custos
salariais por unidade produzida são iguais a W/120. Como as empresas praticam
uma margem de 20%, resulta a seguinte expressão para a determinação dos
preços:

P = (1 + z)W/𝑎, onde z- representa a margem, 𝑎 − representa a produtividade marginal


e média do trabalho. Assim vem:
P = 1,2W/120 ⇒ P = 0,01W. Substituindo Pe = P na expressão de determinação dos
salários, tem-se:

Conjugando a expressão P = 0,01W e W/P = 110 - 200𝑢, vem:

P = 0,01W ⇒ 0,01W/P = 1 ⇒ W/P = 1/0,01 ⇒ W/P = 100. Substituindo o valor de W/P


em W/P = 110 - 200𝑢, obtém-se:

W/P = 110 - 200𝑢 ⇒ 100 = 110 - 200𝑢 ⇒ -10 = - 200𝑢 ⇒ 𝑢 = -10/(-200) ⇒ 𝑢𝑛 = 0,05.
Logo temos os valores do salário real de equilíbrio e a taxa natural de desemprego. As
curvas de determinação dos preços e dos salários, bem como os valores do salário real de
equilíbrio e da taxa natural encontram-se representados no gráfico a seguir:

c) Pela expressão de determinação dos preços, sabe-se que o salário real


efectivamente verificado permanece constante:

𝑊
P = 0,01W⇒ 𝑤 = = 100. Com w = 100, resulta então, para o nível verificado
𝑃
de preços: P = 1.

Neste caso, como foi negociado um salário real esperado, tem-se:

87
𝑊 100
𝑤 𝑒 = 𝑃𝑒 = 0,98 = 102,04. É superior ao salário real de equilíbrio. Substituindo
este valor na expressão de determinação de salários, vem:

W/Pe = 110 - 200𝑢𝑡 ⇒ 102,04 = 110 - 200𝑢𝑡 ⇒ 𝑢𝑡 = 0,040. A taxa de desemprego


verificado é assim inferior à taxa natural de desemprego.

d) Sendo a população activa L=6.000.000,00, vem, para a população desempregada:


U = 𝑢 ∗ 𝐿 ⇒ U = 0,040*6.000.000,00 ⇒ U = 240.000,00. Para o emprego, tem-
se:

N = L - U ⇒ N = 6.000.000,00 – 240.000,00 ⇒ N = 5.760.000,00. Tendo em


consideração a função de produção, vem:

Y = 120N = 120*5.760.000,00 = 691.200.000,00.

O produto natural é o produto que se obteria se a taxa de desemprego igualasse a


taxa natural. O emprego natural calcula-se como Nn = (1 - 𝑢𝑛 ) ∗ 𝐿, assim tem-se:

Nn = (1 – 0,05)*6.000.000,00 ⇒ Nn = 5.700.000,00. Logo o produto natural vem:

Yn = 120Nn = 120* 5.700.000 = 684.000.000,00. Com esse resultado pode-se


calcular o desvio do produto, assim vem:

Y – Yn = 691.200.000,00 – 684.000.000,00 = 7.200.000,00, sendo positivo


evidencia que a está acima do pleno emprego.

11- Suponha que a oferta agregada de uma economia é dada por:

Pt = Pt - 1[1 + 0,01( Yt – 1000)],

Enquanto a procura agregada se representa por:

̅̅̅̅𝑡
0,5𝑀𝑠
Pt =
̅̅̅̅𝑡
𝑌𝑡 −2𝐴𝐷

Sabe-se ainda que 𝑀𝑠 = 200, 𝐴𝐷̅̅̅̅ = 450 e 𝑃𝑡−1 = 1.


a) Calcule o produto e o nível de preços no período 0. A economia encontra-se em
expansão ou em recessão?
b) No período t+1, o banco central expande a massa monetária em 10%. Calcule o
produto e o nível de preços nesse período.
c) Qual o nível de preços de longo prazo decorrente da expansão monetária
mencionada na alínea anterior. Justifique devidamente.
Resposta:
̅̅̅̅ na expressão da procura agregada para o
a) Substituindo os valores de 𝑀𝑠 e 𝐴𝐷
período 0 resulta que:

88
̅̅̅̅𝑡
0,5𝑀𝑠 0,5∗200
Pt =
̅̅̅̅𝑡
⇒ Pt = .
𝑌𝑡 −2𝐴𝐷 𝑌𝑡 −2∗450

Considerando que 𝑃𝑡−1 = 1, a curva da oferta agregada do período t é:

Pt = Pt - 1[1 + 0,01(Yt – 1000)] ⇒ Pt = 1*[1 + 0,01( Yt – 1000)]

Criando um sistema de duas equações e resolvendo, desprezando a solução que implicaria


preços negativos, tem-se a determinação dos preços e do produto no período 0, assim
vem:
0,5∗200
𝑃𝑡 = 𝑌 −2∗450 𝑃 =1
{ 𝑡 ⇒{ 𝑡
𝑌𝑡 = 1000
𝑃𝑡 = 1 ∗ [1 + 0,01( 𝑌𝑡 – 1000)]
A economia não se encontra nem em recessão nem em expansão. O nível de preços
coincide com o nível de preços anteriores, e o produto iguala o produto natural ou de
pleno emprego.
̅̅̅̅𝑡 = 𝐴𝐷
̅̅̅̅𝑡+1 = 220, 𝐴𝐷
b) No período t+1, tem-se que 𝑀𝑠 ̅̅̅̅𝑡+1 . A curva da procura
agregada é agora:

̅̅̅̅𝑡+1
0,5𝑀𝑠 0,5∗220
Pt+1 = ⇒ Pt+1 =
̅̅̅̅𝑡+1
𝑌𝑡+1 −2𝐴𝐷 𝑌𝑡+1 −2∗450

Por seu turno, a curva da oferta agregada, é dado que Pt = 1, vem:


Pt+1 = 1*[1 + 0,01( Yt+1 – 1000)].
Criando um sistema de duas equações e resolvendo, desprezando a solução que implicaria
preços negativos, tem-se a determinação dos preços e do produto no período 1, assim
vem:
0,5∗220
𝑃𝑡+1 = 𝑌 −2∗450 𝑃 = 1,0488
{ 𝑡+1 ⇒ { 𝑡+1
𝑌𝑡+1 = 1004,88
𝑃𝑡+1 = 1 ∗ [1 + 0,01( 𝑌𝑡+1 – 1000)]
A expressão monetária levou a um aumento do produto de cerca de 4,9 unidades e a um
aumento de cerca de 4,9% dos preços.
c) À medida que os agentes económicos vão revendo as suas expectativas para os
preços, a curva da oferta agregada desloca-se para cima no plano (Pt ,Yt). Como a
curva da procura agregada permanece constante após a expansão monetária, à
medida que os preços vão aumentando a massa monetária real vai diminuindo
(deslocação ao longo da curva). Após o aumento inicial, o produto ao longo do
tempo vai diminuindo até que, no longo prazo, iguala novamente o produto
natural: Y = Yn = 1000. Pela expressão da procura agregada, tem-se que:

̅̅̅̅̅̅
0,5∗𝑀𝑠
P = ̅̅̅̅̅̅
𝑌−2∗𝐴𝐷

89
̅̅̅̅ = 220 e ̅̅̅̅
Substituindo Y, 𝑀𝑠 𝐴𝐷 = 450, vem:

̅̅̅̅̅̅
0,5∗𝑀𝑠 0,5∗220
P = ̅̅̅̅̅̅ ⇒ 𝑃𝐹 = 1004,88 −2∗450 ⇒ P = 1,1.
𝑌−2∗𝐴𝐷

No longo prazo, os preços aumentaram 10%, tal como a massa monetária nominal.
O produto e a massa monetária reais permaneceram constantes- a moeda é neutra
no longo prazo.

12- Suponha que a curva de Phillips seja dada por:


𝜋𝑡 = 𝜋𝑡𝑒 − 0,2(𝑢𝑡 − 𝑢𝑛 ) e 𝜋𝑡𝑒 = 𝜋𝑡−1
e que a taxa natural de desemprego, 𝑢𝑛 , seja 6%. Considere que a inflação no ano t-1
seja zero. No ano t, a autoridade monetária decide manter a taxa de desemprego em
4%, a qual permanece para os próximos quatro anos.

a) Calcule a taxa de inflação para os anos t, t+1, t+2 e t+3.

b) Suponha que metade dos assalariados tenha contratos de trabalho indexados à


inflação: Qual é a nova equação da curva de Phillips? Qual é o efeito da indexação
na relação entre 𝜋𝑡 e 𝑢𝑡 ?

Resolução:

a) Inflação para os anos t, t+1, t+2 e t+3:

sendo 𝑢𝑡 = 0,04, 𝑢𝑛 = 0,06 e 𝜋𝑡−1 = 0, temos:

𝜋𝑡 − 𝜋𝑡−1 = −0,2(𝑢𝑡 − 𝑢𝑛 ) ⇒ 𝜋𝑡 − 𝜋𝑡−1 = −0,2(0,04 − 0,06) ⇒

𝜋𝑡 = −0,2(− 0,02) ⇒ 𝜋𝑡 = 0,004 = 0,4%.

𝜋𝑡+1 = 𝜋𝑡 − 0,2 (0,04 − 0,06), sendo 𝜋𝑡 = 0,4%, vem:

𝜋𝑡+1 = 0,004 − 0,2 (0,04 − 0,06) ⇒ 𝜋𝑡+1 = 0,004 + 0,004 ⇒ 𝜋𝑡+1 = 0,008

⇒ 𝜋𝑡+1 = 0,8%.
Da mesma forma:
𝜋𝑡+2 = 𝜋𝑡+1 + 0,004 = 0,008 + 0,004 = 0,012 = 1,2%.

𝜋𝑡+3 = 𝜋𝑡+2 + 0,004 = 0,012 + 0,004 = 0,016 = 1,6%.

b) Nova equação da curva de Phillips, será:

𝜋𝑡 = 𝜋𝑡𝑒 − 0,2(𝑢𝑡 − 𝑢𝑛 ), 𝜋𝑡𝑒 = 𝜋𝑡−1, expectativas adaptativas e 𝜀 = 0,2.

𝜋𝑡 = 𝜋𝑡𝑒 − 𝜀(𝑢𝑡 − 𝑢𝑛 ) ⇒ 𝜋𝑡 = [𝜆𝜋𝑡 + (1 − 𝜆)𝜋𝑡𝑒 − 𝜀(𝑢𝑡 − 𝑢𝑛 )], onde:

90
𝛌 = Proporção de contratos indexados à inflação corrente.
1 – 𝛌 = Proporção de contratos não indexados.
𝜋𝑡 − 𝜆𝜋𝑡 = (1 − 𝜆)𝜋𝑡𝑒 − 𝜀(𝑢𝑡 − 𝑢𝑛 ) ⇒ (1 – 𝛌) 𝜋𝑡 = (1 − 𝜆)𝜋𝑡𝑒 − 𝜀(𝑢𝑡 − 𝑢𝑛 )
𝜀(𝑢𝑡 −𝑢𝑛
⇒ 𝜋𝑡 = [(1 − 𝜆)𝜋𝑡𝑒 − 𝜀(𝑢𝑡 − 𝑢𝑛 )]/ (1 – 𝛌) ⇒ 𝜋𝑡 = 𝜋𝑡𝑒 − ⇒
(1−λ)
0,2(𝑢𝑡 − 𝑢𝑛 )
𝜋𝑡 = 𝜋𝑡𝑒 − ⇒ 𝜋𝑡 = 𝜋𝑡𝑒 − 0,4(𝑢𝑡 − 𝑢𝑛 ).
(1−0,5)

Efeito da indexação na relação entre 𝝅𝒕 e 𝒖𝒕 :

A inflação indexada aumenta o efeito do desemprego sobre a inflação. Quanto


maior a proporção de contratos indexados (maior λ) maior o efeito da taxa de
desemprego sobre a variação da inflação. A intuição é a seguinte: sem salários
indexados, o desemprego menor aumenta os salários, o que, por sua vez, aumenta
os preços. No entanto, como os salários não são indexados o aumento de salário
não ocorre rapidamente (dentro do mesmo ano). Já com a indexação a elevação
dos salários ocorre no mesmo período t o que leva a um aumento dos preços e
assim por diante. De modo que o efeito do desemprego sobre a inflação dentro do
mesmo período é maior. Se, e quando, λ se aproxima de 1 pequenas mudanças no
desemprego podem levar a grandes mudanças na taxa de inflação. Dessa forma é
possível que haja grande impacto sobre a inflação e muito pouco sobre o
desemprego.

13- Seja uma economia descrita pelas seguintes equações:


∆𝑌
𝑢𝑡 − 𝑢𝑡−1 = -0,25( 𝑌𝑡 – 0,04)
𝜋𝑡 − 𝜋𝑡−1 = - (𝑢𝑡 – 0,05)
∆𝑌𝑡 ∆𝑀𝑡
= – 𝜋𝑡 ,
𝑌 𝑀
a) Descreva o estado de equilíbrio desta economia em termos de taxa de crescimento
do produto, desemprego e crescimento real e para o caso em que a moeda nominal
está crescendo à 19,0% a.a?
b) Calcule a NAIRU.
c) Suponhamos que a inflação seja de 15% ao ano e que a economia opere no nível
natural de desemprego. Para manter o desemprego em seu nível natural, qual deve
ser a taxa de crescimento do produto e a taxa de aumento da oferta de moeda?
d) Nestas condições, se o Banco Central decidir usar a política monetária para reduzir
a taxa de inflação de uma vez por todas para 10% em um único período e mantê-
la neste patamar, quais seriam os efeitos observados sobre a taxa de crescimento
do nível de produto, a taxa de crescimento da oferta real de moeda e a taxa de
desemprego?
e) Tendo em vista o alto sacrifício concentrado em único período, a autoridade
monetária opta por reduzir a inflação para 10% ao longo de 5 períodos. Neste caso
qual deveria ser a política monetária para a variação da taxa de crescimento
nominal de moeda?
Resolução:

91
a) Em equilíbrio:
𝑢𝑡 − 𝑢𝑡−1 = 0
𝜋𝑡 − 𝜋𝑡−1 = 0
∆𝑌𝑡 ∆𝑀𝑡
= – 𝜋𝑡
𝑌 𝑀
Assim:
∆𝑌 ∆𝑀𝑡
0 = -0,25( 𝑌𝑡 – 0,04) ⇒0 = -0,25( – 𝜋𝑡 – 0,04) ⇒ 0 = -0,25(0,19 – 𝜋𝑡 – 0,04)
𝑀
⇒ 0 = -0,25(0,15 – 𝜋𝑡 ) ⇒ 0,15 = 𝜋𝑡 .
0 = -(𝑢𝑡 – 0,05) ⇒ 𝑢𝑡 = 0,05
∆𝑌𝑡 ∆𝑀𝑡
= – 𝜋𝑡
𝑌 𝑀

b) Pela expressão 𝜋𝑡 − 𝜋𝑡−1 = - (𝑢𝑡 – 0,05), observamos que a taxa natural de


desemprego é de 5%.
∆𝑌 ∆𝑌𝑡
c) Vemos que: 𝑢𝑡 - 𝑢𝑡−1= 0, logo: 0 = -0,25( 𝑌𝑡 - 0,04)⇒ = 0,04, ou seja, o produto
𝑌
deverá crescer em 4%.
∆𝑌𝑡 ∆𝑀𝑡
Da expressão = – 𝜋𝑡 , determina-se o crescimento da oferta monetária:
𝑌 𝑀
∆𝑀𝑡 ∆𝑀𝑡
0,04 = - 0,15 ⇒ = 0,19, isto é, a oferta monetária deverá crescer 19% para
𝑀 𝑀
que não haja aumento no desemprego entre um período e outro em uma economia
com taxa de inflação de 15% e 𝑢𝑛 = 5%.
d) Se 𝜋𝑡 - 𝜋𝑡−1 = -0,05 ⇒ -0,05 = - (𝑢𝑡 -0,05) ⇒ -0,05 = - 𝑢𝑡 + 0,05 ⇒ 0,10 = 𝑢𝑡 .
∴ A taxa de desemprego no período t atingirá 10%.
∆𝑌 ∆𝑌𝑡
Se 𝑢𝑡 − 𝑢𝑡−1 = 5% ⇒ 0,05 = -0,25( 𝑌𝑡 – 0,04) ⇒ 0,05 = -0,25∗ + 0,01 ⇒
𝑌
∆𝑌𝑡 ∆𝑌𝑡 ∆𝑌𝑡 ∆𝑌𝑡
0,05-0,01 = -0,25* ⇒ 0,04 = -0,25* ⇒ -0,16 = ⇒ = -16%, para
𝑌 𝑌 𝑌 𝑌
ocorrer a desinflação para 10% “once-and-for-all” a redução do produto atingirá
-16%.
∆𝑀𝑡 ∆𝑀𝑡
Se -0,16 = – 0,1 ⇒ = -0,06, a taxa de crescimento do stock nominal de
𝑀 𝑀
moeda será de -6%.
Para reduzir a taxa de inflação para 10% em um único período a taxa de
crescimento da moeda em termos nominais dever ser de -6% no período 1.
e) Tendo em vista o alto sacrifício de combater a inflação em um único período tal
medida é impossível de ser implementada, na prática, devida à grande recessão (-
16%) e desemprego (10%) que iria gerar num período 1. Uma alternativa de
política monetária seria distribuir o sacrifício ao longo de cinco anos, fazendo a
inflação reduzir de 1,0% a cada ano, até reduzir-se para a meta de 10%. Isto pode
ser obtido fazendo a moeda em termos nominais crescer 0% no período 1, crescer
no nível do produto natural, 4% a.a, até que a inflação caia para 10% no período
5. A fim de recuperar o desemprego, fazendo-o retornar ao nível natural de 5%, a
moeda deve crescer, em termos reais 8,0% no período 6, e logo em seguida volta
para o nível de equilíbrio de 4% a.a. Após cinco períodos de ajustes, a economia
encontrará uma nova situação de equilíbrio, crescendo, como antes, 4%aa, com
5% de desemprego só que agora com inflação de 10% apenas.

92
VI. MOEDA E INFLAÇÃO
6.1. Moeda
6.1.1. Definição e Funções
Moeda pode ser definida como um activo financeiro de aceitação geral, utilizado
na troca de bens e serviços, que tem poder liberatório (capacidade de pagamento)
instantâneo. A sua aceitação é garantida por lei (ou seja, a moeda tem “curso forçado” e
sua única garantia é a legalidade).
As principais funções da moeda são as seguintes:
i. Meio ou instrumento de troca: Num sistema económico baseado na especialização
e divisão do trabalho é imprescindível que exista um instrumento que facilite as
trocas de mercadorias, o contrário as trocas teriam que ser directas, o que exigiria
dupla coincidência de desejos.
ii. Unidade de medida (ou unidade de conta): A moeda serve para comparar e agregar
o valor de mercadorias diferentes, servindo como medida do valor de troca das
mercadorias.
iii. Reserva de valor: A moeda representa um direito que seu possuidor tem sobre
outras mercadorias. Ela pode ser guardada para uso posterior, pelo que ela serve
como reserva de valor ou forma de poupança. A moeda serve de reserva de valor
para uma pessoa, mas não para toda a sociedade (falácia ou sofisma da
composição), pois, o que determina a riqueza de um país é sua produção global e
não o montante de moeda existente.
6.1.2. Oferta de Moeda e Agregados Monetários
Existem vários agregados monetários distinguindo-se pelo grau de liquidez
(capacidade de um activo em se tornar em meio de pagamento imediato). Actualmente
consideram-se três principais agregados monetários, conhecidos como M1, M2 e M3.
O agregado M1 abrange moedas em circulação e os depósitos à ordem, são activos
mais líquidos com faculdade de serem utilizados imediatamente em pagamento, é a
moeda no sentido restrito (narrow Money).
M2 (intermediate Money) inclui M1 e outros dois activos que sendo menos
líquidos, possui um grau aceitável de liquidez. São os depósitos com prazos de
vencimento até dois anos e depósitos com aviso prévio.
M3 é o agregado mais alargado (broad Money) que inclui além de M2 os acordos
de recompra, participação em fundos do mercado monetário e títulos de dívida até dois
anos.
Os agregados acima referidos constituem a oferta (Stock) de moeda, a escolha do
agregado a utilizar na análise económica depende do modelo e do assunto a tratar, bem
como do fornecimento de melhores resultados (correlação).
6.1.3. Multiplicador Monetário
Para efeitos de modelagem, podemos definir a massa monetária (oferta) como M
constituído pela moeda em circulação (C) e depósitos (D), portanto, M=C+D e a base

93
monetária (H)8, como constituída pela moeda em circulação e palas reservas (R) que são
os depósitos dos bancos comerciais sob controlo dos bancos centrais, isto é, H=C+R.
Determinando os coeficientes de circulação (k) e de reserva (r), temos:
𝑪 𝑹
𝒌= 𝒆𝒓=
𝑫 𝑫
Considerando que a o multiplicador monetário (mm) é o rácio entre a massa
monetária e a base monetária, rearranjando e substituindo nas expressões anteriores
teremos:
𝐶 = 𝑘. 𝐷 𝑒 𝑅 = 𝑟. 𝐷
𝑀 𝑀 𝐶+𝐷 𝑀 𝑘𝐷 + 𝐷 𝑀 (𝑘 + 1)𝐷 𝟏+𝒌
𝑚𝑚 = ⇒ = ⇒ = ⇒ = ⇒ 𝒎𝒎 =
𝐻 𝐻 𝐶+𝑅 𝐻 𝑘𝐷 + 𝑟𝐷 𝐻 (𝑘 + 𝑟)𝐷 𝒌+𝒓
Sendo o mm a medida do impacto da alteração da base monetária sobre a massa
monetária pode ser definido como se segue:
𝝏𝑴 𝟏 + 𝒌
=
𝝏𝑯 𝒌 + 𝒓
𝑘+1 𝜕𝑀 1+𝑘 𝜕𝑀
𝑀 = (𝑘+𝑟 ) 𝐻 ⇒ = 𝑘+𝑟, logo: 𝑀 = ∗𝐻
𝜕𝐻 𝜕𝐻

Nota-se que a massa monetária é o múltiplo de H e sendo este múltiplo de mm.


Este multiplicador é maior que a unidade desde que o coeficiente de reserva (r) seja
inferior a 1 e é tanto maior quanto menor for r.
Portanto o processo dinâmico de criação da moeda pelos bancos comerciais está
associado ao multiplicador monetário.
Por outro lado, conhecendo a proporção do depósito à ordem sobre a massa
monetária (não conhecendo a moeda em circulação) e a taxa de reservas (r), pode-se
𝟏
determinar o multiplicador através da expressão: 𝒎𝒎 = 𝟏−𝒅 (𝟏−𝒓).
Demonstração
1+𝑘
Sabe-se que 𝑚𝑚 = 𝑘+𝑟 ; M=C+D e Dividendo a expressão M = C+D por D, tem-se:
𝑀 𝐶 𝐷 𝑀 𝐶 𝐶 𝑀
M = C+D/:D⇒ = +𝐷 ⇒ = +1⇒𝐷 = − 1. Substituindo 𝑘 em 𝑚𝑚, vem:
𝐷 𝐷 𝐷 𝐷 𝐷
𝐶
1+𝑘 1+ 𝐶 𝑀
𝐷
𝑚𝑚 = 𝑘+𝑟 ⇒ 𝑚𝑚 = 𝐶 , sendo 𝐷 = − 1, tem-se:
+𝑟 𝐷
𝐷
𝐶 𝑀 𝑀
1+ 1+ −1 𝑀
𝐷 𝐷 𝐷
𝑚𝑚 = 𝐶 ⇒ 𝑚𝑚 = 𝑀 ⇒ 𝑚𝑚 = 𝑀 . Sabe-se que representa a proporção da
+𝑟 −1+𝑟 −1+𝑟 𝐷
𝐷 𝐷 𝐷
𝑀
massa monetária em relação aos depósitos e é igual a 𝑑 −1 , ou seja, 𝑑 −1 = 𝐷 . Substituindo
𝑀 1 1
𝐷 𝑑−1 𝑑 𝑑
na expressão 𝑚𝑚 = 𝑀 , vem: 𝑚𝑚 = 𝑑−1 −1+𝑟 ⇒ 𝑚𝑚 = 1 ⇒ 𝑚𝑚 = 1−𝑑+𝑑𝑟 ⇒
−1+𝑟 −1+𝑟
𝐷 𝑑 𝑑
1
𝑚𝑚 = 1−𝑑(1−𝑟).

8
Moeda de alto poder de expansão (High Powered Money)

94
6.1.4. Teoria Quantitativa da Moeda
A teoria quantitativa da moeda baseia-se na equação: PY=VM, onde P é o nível
de preços, Y é o produto em termos reais (portanto PY é o produto nominal), V a
velocidade da circulação da moeda e M massa monetária.
Considerando o produto real constante, ou seja, de pleno emprego e a velocidade
monetária constante, qualquer aumento na massa monetária terá repercussão na mesma
proporção no nível de preços (aumento do nível de preços ou inflação).
Com esta equação pode-se demonstrar que a taxa de variação de preços é
directamente proporcional a variação da oferta de moeda e que o crescimento da massa
monetária é dado pelo crescimento do nível de preços e do produto, sendo constante a
velocidade monetária.
∆𝑴
𝑃𝑌 = 𝑀𝑉 ⇒ 𝑴 = ∆𝑷
𝑷
+ ∆𝒀
𝒀
𝑙𝑛𝑃𝑌 = 𝑙𝑛𝑀𝑉 ⇒ 𝑙𝑛𝑃 + 𝑙𝑛𝑌 = 𝑙𝑛𝑀 + 𝑙𝑛𝑉 ⇒ 𝑙𝑛𝑀 = 𝑙𝑛𝑃 + 𝑙𝑛𝑌 + 𝑙𝑛𝑉 ⇒
𝑑𝑀 𝑑𝑃 𝑑𝑌 𝑑𝑉 𝒅𝑴 𝒅𝑷 𝒅𝒀
= + − ⇒ = +
𝑀 𝑃 𝑌 𝑉 𝑴 𝑷 𝒀

6.1.5. Controlo Monetário


Para simplificar os modelos, normalmente considera-se o coeficiente de
circulação monetária nulo e o rácio de reserva como a taxa de reserva legal. Com isso, a
massa monetária varia inversamente em relação a taxa de reserva legal, pois o
multiplicador monetário será o inverso da taxa de reserva legal.
𝟏+𝒌 𝟏 𝟏
𝒎𝒎 = , 𝒔𝒆 𝒌 = 𝟎 ⇒ 𝒎𝒎 = ⇒ 𝑴 = ∗ 𝑯
𝒌+𝒓 𝒓 𝒓
A criação e a destruição da oferta de moeda dependem do comportamento da taxa
de reserva legal. Um aumento da taxa de reserva (r) reduz a capacidade dos bancos
comerciais de concederem crédito, diminuindo consequentemente a oferta de moeda.
O Banco Central (BC) pode também controlar a massa monetária através da base
monetária com a realização de operações em marcado aberto (open market), vendendo ou
comprando títulos de dívida (geralmente emitidos pelos governos). A venda de um título
diminui a base monetária e tem como consequência a diminuição da massa monetária ao
retirar moeda detida pelos particulares. O contrário, a aquisição de um título aumenta a
oferta de moeda. Por outro, o BC empresta aos bancos comerciais cobrando taxa de juro
(Taxa de Redesconto).
6.1.6. Endogeneidade da Moeda
A moeda aumenta ou diminui em função do nível da actividade económica,
independentemente do BC poder influencia-lo. A moeda é exógena por depender da
política monetária adoptada pelo BC mas esta pode ser endógena em virtude do BC optar
pelo controlo da taxa de juro.
Dada a procura da moeda, se o BC fixa a taxa de juro, a massa monetária torna-se
endógena para manter o equilíbrio no mercado monetário (Md=Ms). Um aumento da taxa

95
de juro deverá ser acompanhado por uma operação no mercado aberto com vista a
diminuição da massa monetária para manter o equilíbrio.
Os BC alteram as taxas de juros de referência com a finalidade de manter um nível
de preços sustentável e aproximar o produto ao produto de pleno emprego.
𝑀𝑠
= 𝑘𝑌 − ℎ𝑖 ⇒ 𝑴𝒔 = 𝑷(𝒌𝒀 − 𝒉𝒊)
𝑃
Considerando, no curto prazo, constante o nível de preços e o produto, qualquer
alteração na taxa de juro implica alteração na massa monetária para manter o equilíbrio
monetário.
6.2. Inflação

O quadro mágico da política económica prevê a estabilidade do nível de preços


como um dos objectivos macroeconómicos primordiais.
Uma análise acirrada da inflação permite identificar as possíveis causas e medidas
para mitigar o efeito inflacionário na economia.
6.2.1. Conceitos
Por definição, a inflação é o aumento contínuo do nível geral de preços. Os
movimentos inflacionários são dinâmicos e não podem ser confundidos com altas
esporádicas de preços. Devem também ser generalizados, porque a maioria dos preços
deve ser registar aumentos.
6.2.2. Causas
Para propósitos de análise, torna-se útil classificarmos a inflação de acordo com
seus factores causais. Nesse sentido, a literatura económica costuma distinguir a inflação
provocada pelo excesso de demanda agregada (inflação de demanda) da inflação causada
por elevação de custos (inflação de custos).
A inflação de procura, considerada como o tipo mais “clássico” de inflação,
prende-se ao excesso de procura agregada em relação à produção disponível de bens e
serviços.
A inflação de custos, pode ser associada a uma inflação tipicamente de oferta. O
nível de demanda permanece o mesmo, mas os custos de certos insumos importantes
aumentam e eles são repassados aos preços dos produtos.
Além dos factores tradicionalmente considerados como os principais causadores
de processo inflacionário, tem-se associado à esse processo também a inércia
inflacionária, as expectativas de inflação futura e a estrutura económica.
De acordo com a visão “inercialista”, os mecanismos de indexação formal
(contratos, aluguéis, salários) e informal (reajustes de preços no comércio, indústria,
tarifas públicas) provocam a perpetuação das taxas de inflação anteriores, que são sempre
repassadas aos preços correntes. Ademais, mesmo sem terem apresentado aumentos
significativos de seus custos, muitos sectores simplesmente elevam os preços de bens e
serviços pela inflação geral do país, divulgada pelas instituições de pesquisa.

96
A inflação de expectativas estaria associada aos aumentos de preços provocados
pelas expectativas dos agentes de que a inflação futura tende a crescer, e eles procuram
resguardar suas margens de lucro.
A corrente estruturalista, desenvolvida na América Latina, a partir dos anos 50,
pressupõe que a inflação estaria associada estreitamente a tensões de custos, causados por
deficiências na estrutura económica.
Uma outra causa de inflação é o processo de emissão de moeda com vista a
obtenção de receita pelo Governo, fenómeno conhecido como “Senhoriagem” ou Imposto
inflacionário.
6.2.3. Efeitos da Inflação
A inflação afecta os fundamentos de uma economia de um modo geral e em
particular a distribuição de rendimentos, a balança de pagamentos, os investimentos das
empresas, bem como o mercado de capitais.
A inflação diz respeito à redução do poder aquisitivo das classes que dependem
de rendimentos fixos, que possuem prazos legais de reajuste. Neste caso, estão os
assalariados que, com o passar do tempo, ficam com seus orçamentos cada vez mais
reduzidos, até a chegada de um novo reajuste. Os que mais perdem são os trabalhadores
de baixa renda, que não têm condições de manter alguma aplicação financeira, pois tudo
o que ganham gastam com sua subsistência. Portanto, percebe-se que, a inflação é,
principalmente, um imposto sobre os mais pobres.
Elevadas taxas de inflação, em níveis superiores ao aumento de preços
internacionais, encarecem o produto nacional relativamente ao produzido no exterior.
Assim, provocam estímulo às importações e desestimulo às exportações, diminuindo o
saldo da balança comercial (exportações menos importações), podendo inclusive
provocar um verdadeiro círculo vicioso, se o país estiver um Défice cambial.
Outra distorção provocada por elevadas taxas de inflação prende-se com a
formação das expectativas sobre o futuro e, portanto, sobre a decisão de investir do sector
privado. Particularmente, o sector empresarial é bastante sensível a esse tipo de situação,
dadas a instabilidade e a imprevisibilidade de seus lucros. O empresário fica num
compasso de espera enquanto a situação perdurar e dificilmente tomará iniciativas para
aumentar seus investimentos na expansão da capacidade produtiva. Assim, a própria
capacidade de produção futura e, consequentemente, o nível de emprego são afectados
negativamente pelo processo inflacionário.
Dado que, num processo inflacionário intenso, o valor a moeda deteriora-se
rapidamente, ocorre desestimulo à aplicação de recursos no mercado de capitais
financeiros. As aplicações em carteira de títulos, devem sofrer retração. Por outro lado, a
inflação estimula a aplicação de recursos em bens de raiz, como terras e imóveis, que
costumam valorizar-se durante o processo inflacionário.
Conclui-se que, independentemente dos possíveis ganhos de alguns agentes
económicos com a inflação a curto prazo, a longo prazo, quase ninguém ganha com ela,
porque seu processo, funcionando como um rolo compressor, desarticula todo o sistema
económico. Assim, embora a inflação onere principalmente os trabalhadores, ao corroer

97
seus salários, é evidente que, com o empobrecimento dos trabalhadores, as empresas vão
vender menos e o governo arrecadará menos.
6.2.4. Estratégias de Política Monetária para Desinflação
São duas as principais estratégias adoptadas de políticas monetárias, que
objectivam manter a inflação sob controlo, o estabelecimento de “Metas de Inflação”, ou
o acompanhamento do designado “núcleo da inflação”.
As Metas de Inflação tratam-se de uma política monetária em que se estabelece
uma “âncora” nominal para orientar expectativas de mercado. São “bandas” fixadas para
a inflação futura, controlada através da política monetária, principalmente taxa de juros.
O núcleo da inflação (core inflation) é um índice de preços em que são
expurgadas, do índice geral, as variações transitórias, sazonais ou acidentais, que não
provocam pressões persistentes sobre os preços. As variações transitórias ou sazonais
estão normalmente associadas aos choques de oferta.

98
6.3. Exercícios Resolvidos

1. Suponha que na situação de equilíbrio e no modelo clássico se tem: massa


monetária em circulação = 1.200 u.m.; rendimento real (Y) = 1.000 u.m. e o nível
geral de preços = 6.
a) Qual a percentagem do rendimento nominal que os agentes económicos desejarão
manter na forma de moeda?
b) Se as autoridades monetárias decidirem aumentar a quantidade de moeda para M =
1.800, qual será o novo nível de preços de equilíbrio?
Resolução:
a) Modelo Clássico:
Extraindo os dados no problema, vem: M = 1200, Y = 1000 e P = 6. Neste caso,
𝑃𝑌 6∗1000
MV= PY ⇒ 𝑉 = 𝑀 ⇒ 𝑉 = 1200 ⇒ 𝑉 = 5.
1
Sendo k = 𝑉 considerado como coeficiente de circulação, tem-se:
1
𝑘 = 5 ⇒ 𝑘 = 0,2 = 20%.

b) Com M1 = 1800, a variação da massa monetária em percentagem será dada por:


(𝑀1 − 𝑀0 )
∆𝑀 = ∗ 100
𝑀0
ΔM = [(1800-1200)/1200] *100 = 50%. Logo o nível de preços de equilíbrio será P = ΔM
= 50%.
P1= P0 + P * P0 = 6 + 0,5*6 = 6 + 3 = 9.
2. Suponha uma economia funcionando em situação de pleno emprego em que Yn =
800, sendo M=160. Considere o modelo clássico de determinação do produto ou
rendimento e preços. Admita que os agentes económicos mantêm 10% da sua
riqueza na forma de moeda.
a) Determine a velocidade rendimento da moeda e explicite o seu significado.
b) Deduza as funções procura agregada (AD) e oferta agregada (AS). Qual o nível de
preços (P) na situação inicial?
c) Suponha que as autoridades monetárias aumentam a massa monetária em circulação
(M) para 192. Quais os novos valores das variáveis reais? E os das variáveis
nominais?
d) Suponha que, partindo da situação inicial de pleno emprego, se verifica uma
deterioração das expectativas dos empresários relativamente ao comportamento
futuro da economia. Represente graficamente e explicite o processo de ajustamento
da economia em face dessa alteração exógena. Na nova situação de equilíbrio, o nível
da despesa em consumo (C), será maior ou menor do que na situação inicial?
Justifique.

99
Resolução:
a) Extraindo os dados no problema, vem: M = 160, Yn = 800 e considerando que P = 1.
Neste caso, MV= PY⇒M = k* P* Y⇒ k = M / (P* Y) ⇒k = 160/(1* 800) ⇒
k = 0,2 = 20%. Dado que k = 1/V, vem: 0,2 = 1/V ⇒ V =1/0,2⇒ 𝑉 = 5, pelo que k
indica o número de vezes que, em média, cada unidade monetária é utilizada em
transacções de bens e serviços finais, isto é, em transacções com o rendimento.
b) No modelo clássico:

AD: MV = PY⇒ P = M*V/ Y⇒ P = 160*5/ Y ⇒P = 800/ Y (Curva AD)


AS: Y = Yn= 800.
Nível de Preço inicial: P0 = 800/Yn ⇒ 𝑃𝑜 = 800/800 ⇒ 𝑃𝑜 = 1.
c) No modelo clássico, aumentos em M geram aumentos proporcionais em P e em W.
Logo: ∆M/ M = (192-160)/ 160 = 20% e P1 = P0 (1+20%) = 1,2. Neste caso a Política
Monetária não afecta as variáveis reais no modelo clássico. As variáveis nominais
crescem na mesma proporção do aumento na massa monetária P*Y = 1,2 *800 = 960.
d) Graficamente, tem-se:

onde i é taxa de juros reais.


Devido à deterioração das expectativas, diminui a procura de fundos para empréstimos a
cada nível de taxa de juro, isto é, a curva da procura de fundos desloca-se para a esquerda.
Então: ↓ i ⇒ ↓ S ⇒↓ I.
↓ S ⇒ ↑ C, devido ao deslocamento para baixo e para a esquerda da curva de procura de
fundos, I.

100
Logo: Yn = ∆C + ∆ I (alteração apenas da composição de Yn), ∆Y*= 0.
(+) (-)
A queda da taxa de juro constitui um desincentivo à poupança, pelo que o nível da despesa
em consumo irá aumentar, sendo, por isso, maior do que na situação inicial.
3. Numa economia, a circulação monetária tem o valor de 600 unidades monetárias
(u.m), os depósitos de 8000 u.m e a taxa de reservas de 10%. Qual é o valor de
base monetária (H)? e do multiplicador da base monetária?
Solução:

𝑅
Sabe-se que 𝑟 = , então tem-se:
𝐷
𝑅 𝑅
𝑟= ⇒ 0,1 = ⇒ 𝑅 = 800
𝐷 8000

Conhecendo R, facilmente pode se calcular a base monetária. Assim, vem:

H = C + R ⇒ H = 600 + 800 = 1400.

𝐶 600
𝑘= ⇒𝑘= = 0,075
𝐷 800

𝑘+1 0,075 + 1 1,075


𝑚𝑚 = = = = 6,14.
𝑘 + 𝑟 0,075 + 0,1 0,175
4. Numa dada economia, o coeficiente circulação-depósitos tem o valor de 0,4, a
taxa de reservas é de 10% e a base monetária é de 3000 unidade monetárias.
Calcule o valor da massa monetária?
Solução:

Neste caso, primeiro determina-se o multiplicador da base monetária. Assim, vem:

𝑘+1 0,4+1 1,4


𝑚𝑚 = 𝑘+𝑟 = 0,4+0,1 = 0,5 = 2,8. Logo a massa monetária, será: M = mm*H =
2,8*3000 ⇒ M= 8400.
5. Numa economia, a circulação monetária é igual a 300 unidades monetárias, os
depósitos são iguais a 1800 unidades monetárias e as reservas totais igual a 800
unidades monetárias. Se a base monetária aumentar em 30 unidades monetárias,
qual a variação da massa monetária.
Solução:

Neste caso, temos que determinar primeiro o coeficiente circulação-depósito. Assim,


vem:

𝐶 300
𝑘= ⇒𝑘= = 0,17
𝐷 1800

101
A taxa de reservas será dado por:

𝑅 800
𝑟= = = 0,44
𝐷 1800

Tendo r e k, podemos determinar o multiplicador da massa monetário. Assim, vem:

𝑘+1 0,17 + 1 1,17


𝑚𝑚 = = = = 1,92.
𝑘 + 𝑟 0,17 + 0,44 0,61

Tendo estas variáveis, facilmente se pode determinar a variação da massa monetária.


Assim, vem: ∆M = mm*∆H = 1,92*30= 57,54.
6. Numa economia, o coeficiente circulação-depósito tem o valor de 0,6, a taxa de
reservas é de 10% e a massa monetária é de 1900 unidade monetária. Calcular o
montante da base monetária?
Solução:
𝑀
Sabe-se que 𝐻 = 𝑚𝑚, então, uma vez conhecido o valor da massa monetária, temos
que determinar o valor de mm, de modo a encontrarmos o montante da base monetária.
Assim vem:

𝑘+1 0,6 + 1 1,6


𝑚𝑚 = = = = 2,28.
𝑘 + 𝑟 0,6 + 0,1 0,7

𝑀 1900
Logo, 𝐻 = 𝑚𝑚 = = 833,33.
2,29

7. Considerando os seguintes balancetes consolidados hipotéticos dos bancos


comerciais e das autoridades monetárias, assinale verdadeira ou falsa nas
afirmações subsequentes:
BANCOS COMERCIAIS (EM U.M.)
ACTIVO VALOR PASSIVO VALOR
Encaixe em moeda corrente. 400 Depósitos à vista 2800
Encaixe em depósitos nas autoridades monetárias. 1400 Depósitos à prazo 4600
Empréstimo ao sector privado. 5500 Empréstimos das autoridades monetárias 400
Demais contas 1800 Demais contas 1300
Total 9100 Total 9100

AUTORIDADES MONETÁRIAS (EM U.M.)


ACTIVO VALOR PASSIVO VALOR
Encaixe em moeda corrente. 100 Depósitos do Tesouro Nacional 300
Empréstimos aos bancos comerciais 400 Depósitos dos bancos comerciais 1400
Empréstimo ao Tesouro Nacional 1400 Papel moeda emitido 800
Demais contas 700 Demais contas 100
Total 2600 Total 2600

a) O saldo do papel-moeda em poder do público representa 20% do stock de meios


de pagamentos.

102
b) O multiplicador bancário é superior ao multiplicador monetário.
c) O saldo do papel-moeda em circulação é igual ao do papel-moeda emitido.

Solução:

a) Falsa.

Vejamos, moeda em circulação (C) = Papel moeda emitido – encaixe em moeda


corrente nas autoridades monetárias – encaixe em moeda corrente nos bancos
comerciais. Assim, temos:

C = 800 -100 – 400 = 300.

Meios de pagamentos (M1 = C+ D)⇒ M1 = 300 +2800 = 3100.


Logo, o Saldo do papel moeda em poder de público = (C/M1) *100 = (300/3100)
*100 = 9,7%.

b) Verdadeira.

Sabe-se que o multiplicador monetário = M1/H. Assim, vem:


H= M + R = 300 + 1800 = 2100

mm = 3100/2100 = 1,47

Multiplicador bancário (mm simplificado, considerando k=0), vem:


mm=1/r 𝑜𝑢 𝑚𝑚 = 𝐷/𝑅 ⇒ 𝑚𝑚 =2800/1800=1,55≅ 1,6 ou r = 1800/2800=0,64
⇒mm=1/0,64= 1,56≅ 1,6.

c) Falsa.

O papel moeda em circulação é igual ao papel moeda emitido menos o encaixe em moeda
corrente das autoridades monetárias, assim estes dois valores serão iguais quando os
encaixes em moeda corrente nas autoridades monetárias for igual a zero. Como neste caso
os encaixes em unidades monetárias são de 100. O papel moeda em circulação será de
700 unidades monetárias, enquanto o emitido é 800 unidades monetárias.
8. Supondo que o Parlamento Angolano aprova uma lei que ilegaliza os cartões de
débito, o que pensa que aconteceria à velocidade de circulação da moeda no país?
Justifique a sua resposta.
Resolução:

Se os cartões de débito fossem ilegalizados, muito mais trocas teriam que ser efectuadas
em dinheiro (cash) aumentando a quantidade de moeda necessária para corresponder ao
nível do produto nominal. E com mais moeda disponível, menos vezes cada uma das
unidades monetárias seria utilizada nas trocas. Pode-se, assim, concluir que a ilegalização
dos cartões de débito provocaria a diminuição da velocidade de circulação da moeda.

103
9. Avalie a seguinte proposição, usando a teoria quantitativa da moeda e assumindo:
Primeiro, que a velocidade de circulação é constante e, Segundo, que o PIB cresce
à taxa anual de 4%, uma expansão de 3% da oferta de moeda levará a uma inflação
de 1%.
Resposta:
A proposição é Falsa.
É uma deflação. TQM: MV = PY
Mankiw define também: ΔM + ΔV = ΔP + ΔY ⇒3% + 0% = ΔP + 4% ⇒ ΔP = – 1%.
10. Com base nos dados que seguem, calcule o montante dos Meios de Pagamentos
como proporção dos depósitos à vista. O público mantém 20% de seus Meios de
Pagamento (M) na forma de papel-moeda (C).
Respostas:

Pergunta: Qual é a proporção dos depósitos à vista em relação ao total dos M?


É diferente de: Qual é o montante dos M como proporção (que assumem a forma) de D?

Portanto, o enunciado solicita o cálculo do coeficiente (m) do meio de pagamento em


relação aos depósitos à vista (D) e não o coeficiente de D em relação a M. Ou seja,
deseja-se:

𝑀 𝐷
𝑑 −1 = e não 𝑑 =
𝐷 𝑀

𝑀
A primeira coisa a observar é que a razão tem que ser maior ou igual a 1 , pois M ≥ D.
𝐷
Dados do problema:
Coeficiente da moeda em circulação em relação aos meios de pagamento (c=C/M), ou
seja, c= 0,2
Problema: M/D.
𝑀
Sabemos M=C+D/: 𝑀 ⇒ M/M=C/M+D/M⇒1=c + d , onde 𝑑 = ( 𝐷 )−1então 1=0,2+d⇒
−1
𝑀 −1 𝑀 −1 𝑀 1
𝑑 = 1 − 0,2 ⇒ 𝑑 = 0,8 ⇒ 0,8 = ( 𝐷 ) ⇒ (0,8)−1 = [( 𝐷 ) ] ⇒ = 0,8 = 1,25.
𝐷

11. Se o público retém 80% de seus meios de pagamentos na forma de depósitos à


vista nos bancos comerciais (d) e o papel moeda em circulação (C) for 10 unidades
monetárias, calcule o stock de meios de pagamentos (M).
Solução:
Neste caso, sabe-se que M =C+D. Dividindo toda expressão por M, tem-se:
M=C+D/:M⇒M/M=C/M+D/M⇒1=C/M+D/M. A partir do enunciado pode-se
observar que D/M=0,8 e C=10, substituindo em 1=C/M+D/M, vem:
1=C/M+D/M⇒1= 10/M+0,8⇒1-0,8=10/M⇒0,2=10/M⇒M=10/0,2⇒M=50.

Aplicando outra fórmula, tem-se:

104
1 1 1
𝑚𝑚 = 1−𝑑 (1−𝑟) ⇒ 𝑚𝑚 = 1−0,8(1−0,375) = 1−0,5 = 2.

H = C + R ⇒ H = 10 + 0,375D. Sendo M = 𝑚𝑚 ∗ 𝐻, vem:


M = 𝑚𝑚 ∗ 𝐻⇒ M = 2H⇒ M = 2(10+0,375D). A partir do enunciado dado, D = 0,8M,
substituindo na expressão M = 2(10+0,375D), tem-se:

M =2(10+0,375D)⇒M=2[(10 + 0,375(0,8𝑀))]⇒M=2(10+0,3M)⇒ M =20+0,6M⇒


M- 0,6M = 20 ⇒0,4M =20⇒ M =20/0,4⇒ M =50 u.m.

105
VII. ASPECTOS MICROECONÓMICOS DA MACROECONOMIA
7.1.Teorias de Consumo

A teoria do consumidor analisa o comportamento das famílias sobre decisões de


consumo presente relativamente ao consumo futuro, dado o seu rendimento e a riqueza
acumulada. Essas decisões microeconómicas afectam o comportamento da economia
como um todo.
7.1.1. Função Keynesiana
A função Keynesiana de consumo desempenha um papel fundamental na análise
macroeconómica, constituindo o ponto central da teoria das oscilações económicas de
J.M. Keynes. É nessa base que a função consumo na óptica do Keynesianismo é dada pela
expressão: C=C0+çYd.
A função mostra que, o consumo depende positivamente do rendimento e a
propensão marginal do consumo (PmgC) representada por ç varia entre 0 e 1. Deste modo,
a propensão média do consumo (PmC) é maior que a PmgC.
∆𝐶 𝐶 𝐶
𝑃𝑚𝑔𝐶 = ç = ∆𝑌𝑑 , 0 < ç < 1 𝑒 𝑃𝑚𝐶 = 𝑌𝑑 ⇒ 𝑃𝑚𝐶 = 𝑌𝑑0 + ç, logo, PmC>PmgC

Da função Keynesiana destaca-se as seguintes hipóteses:


i. A propensão marginal a consumir descreve “a lei fundamental da psicologia, na
qual temos o direito de nos basear com grande confiança, é que os homens estão
predispostos, como regra geral e em média, a fazer crescer o seu consumo à
medida que o rendimento aumenta, mas não em um montante equivalente ao
crescimento da sua renda”, ou seja, quando uma pessoa ganha uma unidade de
moeda corrente adicional, ela geralmente gasta uma parte dela e poupa a outra.
ii. A proporção do consumo no rendimento, conhecida como propensão média a
consumir, diminui à medida que a renda aumenta. Acreditava-se que a poupança
era um bem de luxo, de modo que, esperava-se que os ricos poupassem maior
proporção de seus rendimentos do que os pobres. Embora não fosse essencial para
a análise do próprio Keynes, o postulado de que a propensão média a consumir
diminui à medida que aumenta o rendimento, passou a ser uma parte central do
início da economia keynesiana.
iii. O rendimento seria o determinante primordial para o consumo, e que a taxa de
juros não desempenhava um papel importante. Essa conjectura era uma
contraposição veemente às convicções dos economistas clássicos que o
antecederam. Os economistas clássicos sustentavam que uma taxa de juros mais
alta estimularia a poupança e desestimularia o consumo. Keynes admitia que a
taxa de juros podia influenciar o consumo, como uma questão teórica. Contudo,
escreveu que “a principal conclusão sugerida pela experiência, penso eu, é que o
curto período de influência da taxa de juros sobre o gasto individual, a partir de
um determinado rendimento, é secundário e relativamente insignificante”.

106
7.1.2. Estagnação Secular e o Paradoxo de Kuznets
A primeira anomalia da teoria Keynesiana tornou-se patente depois de alguns
economistas fazerem uma previsão errada, durante a Segunda Guerra Mundial, com base
na função de consumo keynesiana. Esses economistas argumentaram que, à medida que
os rendimentos da economia aumentassem com o decorrer do tempo, as famílias
passariam a consumir uma fracção cada vez menor de suas rendas. Eles receavam que
poderia não existir uma quantidade suficiente de projectos de investimentos lucrativos de
modo a absorver toda essa poupança. Se isso viesse a ocorrer, o baixo consumo levaria a
uma demanda inadequada por bens e serviços, resultando em recessão, depois que
cessasse a demanda do governo inerente a períodos de guerra. Em outras palavras, com
base na função consumo keynesiana, previa-se que a economia passaria pelo que eles
chamaram de “estagnação secular”, uma longa recessão, de duração indefinida, a menos
que o governo fizesse uso da política fiscal de modo a expandir a demanda agregada.
Mas, felizmente para a economia, porém infelizmente para a função consumo keynesiana,
o final da Segunda Guerra Mundial não lançou os Estados Unidos em outra recessão.
Embora os níveis de rendimento estivessem muito mais altos depois da guerra
comparativamente ao período anterior, esses rendimentos mais altos não acarretaram
grandes aumentos na taxa de poupança. A hipótese de Keynes de que a propensão média
a consumir diminuiria à medida que a renda crescesse parecia não se mostrar verdadeira.
O estudo empírico de Kuznets realizado para a economia dos Estados Unidos, que
ficou conhecido como o “Paradoxo de Kuznets”, identificou uma igualdade entre a PmC
e a PmgC no longo prazo e superior a Pmg de curto prazo.
Pela constatação resulta a seguinte função de longo prazo do consumo:
C=αYd
GRÁFICO 14-FUNÇÃO DE CONSUMO DE CURTO E DE LONGO PRAZO

Fonte: Elaboração Própria.

107
As teorias que seguem procuram resolver o referido paradoxo e modernamente
utiliza-se a combinação de uma delas para explicar o comportamento do consumo, a
exemplo da conhecida Hipótese do Rendimento Permanente e do Ciclo de Vida (PIH-
LC)9.
7.1.3. Teoria do Rendimento Relativo de Duesembery
O comportamento pessoal do consumidor é função da sua posição na distribuição
do rendimento (renda relativa). É um modelo sectorial e considera como sector o grupo
social. No tempo, o comportamento do consumo não é facilmente reversível, a reação do
consumidor quando o rendimento aumenta é diferente de quando diminui (efeito padrão
de vida).
Sendo o consumo individual de um individuo dado pelo 𝐶𝑖 = 𝐶0𝑖 + ç𝑌̅𝑡 ,
considerando 𝑌̅𝑡 como rendimento social ou da classe (média de rendimento).
Relativizando com o rendimento individual, obtem-se:
𝐶𝑖𝑡 𝑌̅
= 𝐶0 + ç ∗ 𝑌 𝑡 , multiplicando toda a expressão por 𝑌𝑖𝑡 , tem-se: 𝐶𝑖𝑡 = 𝐶0 . 𝑌𝑖𝑡 + ç. 𝑌̅𝑡
𝑌𝑖𝑡 𝑖𝑡

Somando o consumo individual e o rendimento individual, vem:


𝑘 𝑘

∑ 𝐶𝑖𝑡 = 𝐶0 . ∑ 𝑌𝑖𝑡 + 𝑛ç𝑌̅𝑡


𝑖=1 𝑖=1

𝐶𝑡 = 𝐶0 𝑌𝑡 + ç. 𝑌𝑡 = (𝐶0 + ç)𝑌𝑡
Portanto Ct = (C0+ç)Yt
Nota que, tanto ç como a média do rendimento são constantes (número real), o
somatório de uma constante é igual a própria constante a multiplicar pelo tamanho da
amostra e a média de uma variável a multiplicar pelo tamanho da amostra é igual ao
somatório das observações desta mesma variável.
A propensão marginal do grupo (C0+ç) é maior do que a propensão marginal
individual, indicando que o consumo na sociedade depende também de factores sociais
(resultante da imitação), criando um padrão social do grupo e consequentemente um
hábito.
O Efeito temporal (que produz hábito) do rendimento no consumo do período t
depende do rendimento previamente estabelecido (Y0) que é igual ao do período anterior,
com o crescimento contínuo do rendimento, e este é igual ao consumo anterior:
Ct = C0+ç0 Yt+ç1 Y0⇒Ct = C0+ç0 Yt+ç1 Yt-1⇒Ct = C0+ç𝟎 Yt+ç𝟏 Ct-1
7.1.4. Diagrama de Fisher e Escolha Intertemporal
O Diagrama de Fisher de Optimização Intertemporal ou simplesmente Diagrama
de Fisher procura não só explicar a variação do consumo resultante da alteração dos
rendimentos, mas também o papel da poupança e o recurso ao crédito.
Considerando um consumidor que enfrenta a decisão de consumir hoje (C1) ou
consumir amanhã (C2), com máximo de utilidade, para a sua restrição orçamental contará

9
Permanent Income Hipotese and Life Cicle

108
com os processos de capitalização (valor futuro) ou actualização (valor presente) de
valores.

GRÁFICO 15-ESCOLHA INTERTEMPORAL DO CONSUMIDOR

Fonte: Elaboração Própria

A recta de restrição orçamental que representa as combinações possíveis de


consumo (C1,C2) nos dois períodos, dada a doctação em termos de receita do consumidor
(Y1,Y2) e a taxa de juro (r), é obtida igualando o consumo e o rendimento, pelo que:
𝐶2 𝑌2
𝐶1 + = 𝑌1 +
1+𝑟 1+𝑟
Exprimindo C2 em função de C1 tem-se a recta de restrição orçamental, assim
vem:
(1 + 𝑟)𝐶1 + 𝐶2 (1 + 𝑟)𝑌1 + 𝑌2 [(1 + 𝑟)𝑌1 + 𝑌2 ]
= ⇒ (1 + 𝑟)𝐶1 + 𝐶2 = (1 + 𝑟) ∗ ⇒
1+𝑟 1+𝑟 1+𝑟
𝐶2 = −(1 + 𝑟)𝐶1 + (1 + 𝑟)𝑌1 + 𝑌2
Portanto, a inclinação (negativa) da recta de restrição orçamental depende
unicamente da taxa de juros, exprimindo o número de unidades que um consumidor tem
de prescindir de consumir num período, se quiser consumir mais uma unidade no outro
período.
O Consumo do presente (C1) depende da taxa de juro e da riqueza adquirida no
presente, dada pela soma do rendimento presente e do valor actualizado do rendimento
futuro.
Considerando o rendimento como receita pode-se concluir que, o rendimento de
um período pode aumentar e não aumentar o consumo desse período, desde que exista
uma expectativa de diminuição do rendimento futuro. Portanto, o consumo depende do

109
rendimento permanente, não responde as variações do rendimento num dado período que
se prevê compensações por variações de sentido oposto.
Considerando o caso anterior de dois períodos, o rendimento permanente (Yp)
para um consumidor que possui rendimentos não constantes ao longo do tempo, será
aquele rendimento constante que lhe permite situar-se na mesma recta de restrição
orçamental intertemporal.
𝑌𝑝 𝑌2 1+𝑟 𝑌2
𝑌𝑝 + = 𝑌1 + ∴ 𝑌𝑝 = (𝑌1 + )
1+𝑟 1+𝑟 2+𝑟 1+𝑟
Demostração
(1 + 𝑟)𝑌𝑝 + 𝑌𝑝 (1 + 𝑟)𝑌1 + 𝑌2 𝑌𝑝[(1 + 𝑟) + 1] (1 + 𝑟)𝑌1 + 𝑌2
= ⇒ = ⇒
1+𝑟 1+𝑟 1+𝑟 1+𝑟
2+𝑟 (1 + 𝑟)𝑌1 + 𝑌2 (1 + 𝑟)𝑌1 + 𝑌2 1 + 𝑟
𝑌𝑝 ( )= ⇒ 𝑌𝑝 = ∗( )⇒
1+𝑟 1+𝑟 1+𝑟 2+𝑟
1+𝑟 𝑌2
𝑌𝑝 = ( ) (𝑌1 + )
2+𝑟 1+𝑟
Dada a impossibilidade de boa parte dos consumidores, de pedirem emprestado
pela falta de garantias, enfrentarão a hipótese de restrição de liquidez podendo apenas
maximizar a sua utilidade consumindo a totalidade do rendimento do presente. Neste caso
estar-se-ia diante da função Keynesiana. Como a economia como um todo é composto
por vários consumidores fica claro a conclusão anterior da importância das expectativas
do rendimento futuro nas decisões de consumo.
7.1.5. Teoria do Rendimento Permanente de Fredman
O consumidor não leva em conta variações ocasionais no seu rendimento para a
elaboração dos seus planos de consumo. O consumo é determinado pelo rendimento
normal (esperado) ou permanente. Este é definido como o montante que o consumidor
pensa gastar em consumo, mantendo intacta a sua riqueza.
A diferença entre o rendimento observado (Yt) e o permanente (YP) é o
rendimento transitório ou ocasional (YT), ou seja, YT = Yt –YP⇒ 𝑌𝑃=Yt –YT.
A propensão marginal a consumir é alta para o rendimento permanente e é muito
baixa (quase zero) para o rendimento transitório. O consumo actual depende unicamente
do rendimento permanente.
𝑪𝒕 = 𝜶𝒀𝒑
O rendimento permanente é a taxa estável de consumo que uma pessoa pode
manter para o resto de sua vida, dado o nível de riqueza actual (stock) e o rendimento
(fluxo) ganho agora e no futuro.
7.1.6. Teoria do Ciclo de Vida de Ando-Modigliani
Na década de 1950, Franco Modigliani e seus colaboradores Albert Ando e
Richard Brumberg, utilizaram o modelo de Fisher do comportamento do consumidor para
estudar a função consumo. Modigliani enfatizou que o rendimento varia sistematicamente
ao longo da vida das pessoas, e que a poupança permite que os consumidores transfiram

110
rendimentos dos momentos em que estes são altos para os momentos em que são baixos.
Essa interpretação do comportamento do consumidor constituiu a base para a sua hipótese
do ciclo de vida.
Os indivíduos planeiam o seu consumo e a poupança de modo a maximizar
utilidade ao longo de sua vida, adoptando opções que garantem um padrão de vida estável.
Portanto, para simplificar, as pessoas tendem a consumir o mesmo montante todos
os anos. A medida que a pessoa vai envelhecendo, a quantidade de anos trabalhados e de
anos de vida diminui. Como a economia é composta por várias pessoas de faixas etárias
diferentes, terão estruturas de consumo diferente.

GRÁFICO 16-CICLO DE VIDA DO CONSUMIDOR

Fonte: Elaboração Própria.


𝛺+𝑊𝐿∗𝑌𝐿 1 𝑊𝐿 1 𝑊𝐿
𝐶= ⇒ 𝐶 = 𝑁𝐿 ∗ 𝛺 + ∗ 𝑌𝐿 ⇒ 𝐶 = 𝛼𝛺 + 𝛽𝑌𝐿, onde 𝛼 = 𝑁𝐿 e 𝛽 =
𝑁𝐿 𝑁𝐿 𝑁𝐿

As fracções (como propensão marginal a consumir) exprimem o padrão de


consumo adoptado que depende dos anos a viver (NL) e da vida profissional (WL). YL é
o rendimento anual proveniente do trabalho (rendimento permanente). Portanto, pela
teoria, o consumo depende do rendimento e da riqueza acumulada ao longo da vida (𝛺).
O parâmetro α corresponde à propensão marginal a consumir à riqueza e o parâmetro β
corresponde à propensão marginal a consumir para o rendimento.
7.1.7. Teorias Modernas baseadas em PIH-LC
As teorias modernas do consumo combinam a teoria do ciclo de vida e a hipótese
do rendimento permanente (PIH-LC).

111
Teoria do Percurso Aleatório de Robert Hall
A versão moderna das teorias de consumo baseadas no modelo PIH-LC enfatizam
a relação entre a incerteza do rendimento e as variações no consumo e aborda a
maximização do consumidor de maneira mais formal. As variações no consumo surgem
de mudanças inprevisíveis no rendimento, não havendo surpresas de rendimento o
consumo nesse período deveria ser igual ao consumo do período anterior.
E(UmgCt+1)=UmgCt ⇒ E(Ct+1)=Ct
A utilidade esperada durante toda a vida é a soma das utilidades de cada período
e a restrição orçamental do consumidor durante toda vida é a soma do consumo de cada
período. Os consumidores optam por um consumo em cada período que maximiza a
utilidade durante toda a vida sujeita ao consumo total de toda vida igual aos recursos de
toda vida.
Dado que o consumidor não pode estabelecer uma regra de igualar as utilidades
marginais, porque a utilidade futura é incerta no período t, pode igualar a utilidade
marginal hoje com a melhor estimativa da utilidade marginal do período t+1.
Robert Hall, aplicando a teoria das expectativas racionais de Robert Lucas,
conclui que, o consumo do futuro é igual ao consumo de hoje adicionado ao erro de
estimação (efeito surpresa) e, portanto, o consumo segue um percurso aleatório.
Ct+1 = Ct + erro ⇒ Ct+1 = Ct+ɛ
Portanto, com base nesta teoria, se os consumidores seguem a hipótese da renda
permanente e têm expectativas racionais, então apenas as mudanças não esperadas na
política económica influenciam o consumo. Essas mudanças na política económica
passam a ter efeito quando modificam as expectativas.
Economia Comportamental
Recentemente, os economistas começaram a retornar à psicologia. Eles sugeriram
que as decisões sobre consumo não são tomadas pelo “Homo economicus” ultrarracional,
mas sim por seres humanos reais, cujo comportamento pode estar bem distante do
racional. Esse novo campo de estudo, que introduz a psicologia na economia, é chamado
de economia comportamental. O mais proeminente economista comportamental,
especializado no estudo sobre consumo, é David Laibson, observou que muitos
consumidores se consideram tomadores imperfeitos de decisões.

112
7.2. Teoria da Procura de Moeda

A teoria clássica da procura por moeda (Md) é uma procura por saldos reais com
motivos apenas de transação ou precaução. O keynesianismo acrescenta a preocupação
por especulação, ou seja, os agentes económicos podem deter moeda para com ela
obterem ganhos. Deste modo, e com vista a simplificação de modelos, usando função
linear, a procura por moeda é determinada pelo nível de produto (Y) e pela taxa de juro
(i).
Sendo a procura por moeda uma procura por saldos reais qualquer aumento no
nível de preços afecta apenas a procura nominal, na mesma proporção, por moeda.
𝑴𝒅
= 𝒌𝒀 − 𝒉𝒊
𝑷
7.2.1. Fórmula de Baumol-Tobin
Esta teoria exprime uma função não linear, considerando a minimização do custo
total de deter moeda, composto pelo custo de ida ao banco e o custo de oportunidade que
são os juros abnegados ao retirar a moeda no sistema bancário.
Consideramos: θ o custo de cada ida ao banco, n o número de ida ao banco, a
procura por moeda será dada pelo Saldo Médio (Y/2n). Minimizando o custo total (CT)
em função do número de idas ao banco, obtém-se a Fórmula da Raiz Quadrada de
Baumol-Tobin.
𝑴𝒅 𝒀 𝒀
Sendo: = 𝒆 𝑪𝑻 = 𝜽𝒏 + 𝒊
𝑷 𝟐𝒏 𝟐𝒏
Pela minização da função tem-se:
𝜕𝐶𝑇 𝑖𝑌 1 𝑖𝑌 𝑖𝑌 𝒊𝒀
= 0 ⇒ 𝜃 + (− 2 ) = 0 ⇒ 2 = 𝜃 ⇒ 𝜃𝑛2 = ⇒ 𝒏 = √
𝜕𝑛 2 𝑛 2𝑛 2 𝟐𝜽

Substituindo o número de ida ao banco que minimiza o custo total em possuir


moeda na expressão do saldo médio, tem-se:

𝑀𝑑 𝑌 𝑀𝑑 √𝑌 2 𝑀𝑑 𝑌 2 𝜃 𝑴𝒅 𝜽𝒀
= ⇒ = ⇒ =√ ⇒ =√
𝑃 𝑖𝑌 𝑃 𝑃 2𝑖𝑌 𝑷 𝟐𝒊
2√2𝜃 √4𝑖𝑌
2𝜃

𝑴𝒅 𝜽𝒀
=√
𝑷 𝟐𝒊

Esta teoria confirma o resultado anterior da procura por moeda depender


positivamente do produto (incluindo o custo unitário de ida ao banco) e negativamente da
taxa de juro.

113
7.3. Teoria do Investimento

A teoria do investimento é uma teoria de procura por capital. O investimento é a


segunda componente da procura agregada e é determinante na avaliação do
comportamento do produto. Os investimentos ligam o presente ao futuro, bem como os
mercados financeiros aos mercados de bens e serviços. Os investimentos realizados ao
longo dos vários períodos determinam a magnitude do stock de capital e
consequentemente o crescimento de longo prazo.
No sentido amplo, investimento refere-se a aquisição de activos financeiros ou
bens físicos existentes, mas no sentido restrito, na abordagem macroeconómica, é
considerado como fluxo de gastos que contribui para o aumento do stock de capital
físico.10
O investimento além da formação bruta do capital fixo inclui variação de
existências (inventários ou stock).
O primeiro modelo de determinação de rendimentos estudado no capítulo 3,
considera o investimento como dependente do estado de alma dos empresários (animals
spirits) e portanto, determinado fora do modelo (exógeno), já no modelo IS/LM o
investimento deixou de ser uma variável exógena passou a depender negativamente da
taxa de juros (I = I0 - bi).
7.3.1. Valor Actual Líquido e Taxa de Rentabilidade Interna
Um empresário que pretende investir em um projecto com vida útil de n períodos,
que no período inicial espera obter receitas (R) e custos (C) em cada um dos n+1 períodos
subsequentes, estima o resultado da sua decisão. Para a estimação dos valores futuros
utiliza-se o processo de capitalização (com 1+i como factor de capitalização) enquanto
para apurar o valor dos futuros rendimentos no presente, utiliza-se a actualização (com
1
como factor de actualização).
1+𝑖
O Valor Actual Líquido (VAL) é a diferença entre a receita e o custo do futuro
(lucro estimado) avaliado hoje.
𝑅 𝐶
𝑉𝐴𝐿 = −
(1 + 𝑖) (1 + 𝑖)
Considerando que o empresário incorre no custo inicial (C0), designado
investimento (I), a Taxa de Rendibilidade Interna (TIR) será a taxa de juro (i) que faz
com que a soma dos valores actualizados dos lucros esperados seja igual ao custo inicial,
ou seja o valor da taxa de juro de mercado que anula o VAL.
𝑛−1
𝑅1 − 𝐶1 𝑅2 − 𝐶2 𝑅𝑛 − 𝐶𝑛 𝑅𝑛 − 𝐶𝑛
𝐼= + + ⋯ + ⇒ 0 = −𝐼 + ∑
1+𝑖 (1 + 𝑖)2 (1 + 𝑖)𝑛 (1 + 𝑖)𝑛
𝑗=1

Na análise da carteira de investimentos, os empresários ordenam os seus


investimentos em função da rendibilidade e optam em realizar aqueles que possuem TIR

10
Para distinguir investimento de capital, recorre-se a metáfora da banheira, investimento é semelhante ao
fluxo da torneira e capital representa a altura da água na banheira.

114
maior que a taxa de juro do mercado, especialmente a de longo prazo. Logo, um aumento
da taxa de juro, torna não rentável alguns projectos de investimentos e portanto, o
investimento diminui.
7.3.2. Multiplicador de Investimento
O modelo Keynesiano (simples) de determinação de renda, estabelece uma
relação entre a variação do investimento e a variação do produto (conhecido como o
multiplicador da despesa autónoma. Com base neste paradigma, pode-se afirmar que o
investimento é afectado por comportamentos de consumo (C) e consequentemente de
poupança (S), ou seja, se por um lado o investimento exerce um efeito multiplicador sobre
o produto, variações de produto afectam o investimento.
∆𝑌 1
= ⇒ ∆𝐼 = (1 − ç)∆𝑌
∆𝐼 1 − ç
7.3.3. Teoria do Acelerador
Admitindo que em cada período (t) existe um stock de capital desejável (Kt*) para
produzir a quantidade Yt de produto, dada a tecnologia disponível, o rácio capital/produto,
que mede quantas unidade de capital são necessárias para produzir uma unidade produto,
será determinante na estimação do capital desejado para os períodos seguintes, conhecida
a expectativa sobre o comportamento do produto.
Kt*/Yt = v ⇒ Kt*= vYt⇒ K*t+1 = vYt+1
O investimento líquido necessário a realizar no período t para obter o capital
desejo dependerá da variação do nível de produto.
It = K*t+1 - Kt*= v(Yt+1 - Yt )⇒ It = v∆Yt
O coeficiente (v), o mesmo que o rácio capital-produto, é designado por
Acelerador Fixo, parâmetro que permite medir o aumento do produto necessário para se
obter um investimento líquido positivo. É denominado acelerador simples (ou fixo) pelas
seguintes hipóteses:
i. Capacidade produtiva plenamente utilizada;
ii. Aumento permanente da procura que dá origem ao aumento do produto;
iii. Ajuste imediato do stock de capital actual ao Stock de capital desejado (K*t =Kt);
Considerando que o ajuste do capital actual face ao capital desejável não é
imediato e que o ajuste se realiza parcialmente ao longo de vários períodos, chega-se a
teoria do Acelerador Flexível. O acelerador flexível mede a velocidade do ajuste do Stock
de capital actual face ao Stock de capital desejado.
It= b(K*t+1 - Kt*)
Parâmetro b do tipo “acelerador flexível” é positivo e compreendido entre 0 e 1.
A abordagem Neoclássica considera a expressão a seguir para ajustar
paulatinamente o stock de capital existente face ao desejado.
Kt+1 = Kt +λ(K*- Kt)

115
Com λ positivo entre 0 e 1, se o stock de capital no início do período t for inferior
ao stock de capital desejado a diferença será parcialmente colmatada nesse período. O
investimento neste período será determinado pelo hiato ponderado pelo acelerador.
I=Kt+1-Kt ⇒It= Kt +λ(K*- Kt)- Kt ⇒It= λ(K*- Kt)
A questão de como a empresa decide que stock de capital deseja possuir (quanto
ou qual é a magnitude), responde-se supondo que: i) a empresa opera em concorrência
perfeita; ii) aluga equipamento de produção a uma outra empresa, pagando uma taxa de
juro de aluguer (ra) que é igual a taxa de juro real (r) adicionada a taxa de amortização
do capital (δ), isto é, ra = r+δ; iii) a função de produção é do tipo Cobb-Douglas; e que
iv) o preço do produto é igual a 1.
O stock de capital desejado será o Stock de capital que maximiza o lucro.
𝒀 = 𝑨𝑲𝜶 𝑵𝟏−𝜶 , com A constante (tecnologia) e 0<α<1
Maximizando a produtividade marginal do capital, tem-se:
𝝏𝒀𝒕 𝒀𝒕
=𝜶
𝝏𝑲𝒕 𝑲𝒕
Demostração
𝜕𝑌 𝜕𝐾 𝜕𝑌 𝜕𝐾 𝝏𝒀 𝒀
𝑙𝑛𝑌 = 𝑙𝑛𝐴 + 𝛼𝑙𝑛𝐾 + (1 − 𝛼)𝑙𝑛𝑁 ⇒ =0+𝛼 +0⇒ =𝛼 ⇒ =𝜶
𝑌 𝐾 𝑌 𝐾 𝝏𝑲 𝑲
Sendo o preço do aluguer de capital igual a produtividade marginal de capital tem-
se o capital desejado:
𝑌𝑡 𝛼𝑌𝑡
𝑟𝑎 = 𝛼 ⇒ 𝐾𝑡 = =K*
𝐾𝑡 𝑟𝑎

O investimento do período t, é determinado pelo nível do produto actual, pela taxa


de aluguer de capital e pelo capital actual ponderados ao acelerador. O rendimento a
considerar será o rendimento normal esperado (rendimento permanente).
𝛼𝑌𝑡
It = Kt+1 - Kt ⇒It = λ( − 𝐾𝑡 )
𝑟𝑎
Portanto, mais uma vez demostra-se que, o investimento depende positivamente
do produto e negativamente da taxa de juro, pois, a taxa de aluguer de capital é composta
pela taxa de juro de mercado e pela taxa de amortização do capital.
7.3.4. Teoria q de Tobin dos Investimentos
A teoria q dos investimentos, conhecida como q de Tobin, enfatiza a ligação entre
os investimentos e o mercado de acções. Um mercado de acções próspero é favorável
para o investimento.
𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑑𝑒 𝑚𝑒𝑟𝑐𝑎𝑑𝑜 𝑑𝑎𝑠 𝐴𝑐çõ𝑒𝑠
𝑞=
𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑑𝑒 𝑟𝑒𝑝𝑜𝑠𝑖çã𝑜 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎𝑙
O q é a razão do valor de mercado da totalidade das acções de uma firma
relativamente ao seu custo de reposição do capital. Quando essa razão é alta as empresas
ficam mais dispostas a produzir mais bens e consequentemente o investimento aumenta.

116
Na verdade, se q for maior que um (1) as empresas têm maior incetivo em investir e se q
for inferior a um (1), significando baixo quociente, diminui o incentivo ao investimento
empresarial. Portanto, o investimento aumenta com o aumento do valor de mercado das
acções e com a diminuição do custo de reposição do capital.
7.4. Expectativas no Modelo IS-LM

As teorias estudadas do consumo e do investimento deixam claro que esses


agregados dependem positivamente do rendimento presente e esperado no futuro e
negativamente da taxa de juro real actual e esperada no futuro.
A introdução no modelo IS-LM de dois períodos (presente e futuro) e das
expectativas dos agentes económicos sobre a evolução futura das variáveis permitem a
consideração de efeitos não Keynesianos na política orçamental, ou seja, a possibilidade
de políticas expansionista/restritiva terem efeitos adversos em determinados contextos.
Supondo uma economia com défices orçamentais acumulados ao longo dos
últimos anos, por conseguinte, com stock de dívida alto avaliado pelo rácio da dívida/PIB
e pretenda uma política expansionista; mantendo o resto constante, os agentes
económicos estimarão aumentos nas taxas de juros, tanto do presente como do futuro,
como consequência do défice acumulado. Como o Governo para financiar a sua dívida
pública vai recorrer a empréstimos internacionais que exigirá taxas de juro altos pelos
riscos de incumprimento, no presente, tanto os consumidores como os investidores,
prevendo o aumento das taxas de juros no futuro poderão diminuir o consumo e o
investimento, o que pode compensar o aumento do gasto público, anulando o efeito da
política expansionista.
Inversamente, pelo mesmo raciocínio, uma política restritiva pode ter efeitos
expansionistas nas condições acima referidas.
Por outro lado, a dívida pública emitida (Banco Central) hoje terá de ser
desembolsada no futuro, o que exigirá mais receitas, em geral obtidas através de um
aumento de impostos. A expectativa de mais impostos no futuro afecta negativamente o
consumo privado no presente, diminuindo o gasto público e consequentemente aumenta
a necessidade de emissão de títulos (aos privados). Portanto, sob determinadas condições,
é possível demostrar que o efeito da expansão orçamental seria o mesmo emitindo dívida
ou aumentando impostos para evitar a ocorrência de um défice11.

11
Equivalência Ricardiana (Robert Barro/David Ricardo).

117
7.5. Exercícios Resolvidos

1- Considere um agente representativo com uma esperança de vida de dois períodos e


preferências descritas pela função de utilidade U = 2𝐶10,2 ∗ 𝐶20,8. Os seus rendimentos
esperados no primeiro e no segundo período são iguais a 1.300 e a 625 unidades
monetárias, respectivamente. Sabe-se ainda que, a taxa de juro é igual a 25%.
a) Calcule o rendimento permanente do agente.
b) O agente pondera manter um nível de consumo constante ao longo do tempo.
Será essa a escolha que maximiza o seu bem-estar?
Resolução:
a) Riqueza do agente representativo será dado por:
1 1
Ω = 𝑌1 + 1+𝑟 ∗ 𝑌2 ⇒ 𝛺 = 1300 + 1,25 ∗ 625 = 1800.

Se o agente representativo receber em ambos os períodos o seu rendimento permanente,


a sua riqueza e as suas possibilidades de consumo manter-se-ão inalteradas.
1 1
𝑌𝑝 + ∗ 𝑌𝑝 = Ω ⇒ 𝑌𝑝 + ∗ 𝑌 = 1800 ⇒ 𝑌𝑝 (1 + 0,8) = 1800 ⇒ 𝑌𝑝 = 1000.
1+𝑟 1,25 𝑝
b) O valor máximo do fluxo constante de consumo, será dado por:
1 1
𝐶+ ∗𝐶 =Ω ⇒ 𝐶+ ∗ 𝐶 = 1800 ⇒ 𝐶(1 + 0,8) = 1800 ⇒ 𝐶 = 1000.
1+𝑟 1,25
Este resultado não é surpreendente. Teria necessariamente de coincidir com o valor do
rendimento permanente. Este fluxo constante de consumo proporciona ao agente a
seguinte utilidade:
𝑈 = 2𝐶10,2 ∗ 𝐶20,8 = 2 ∗ 10000,2 ∗ 10000,8 = 2000.
Regra de escolha óptima:
𝑈𝑀𝑔1 0,4𝐶1−0,8 ∗ 𝐶20,8 𝐶2
𝑇𝑀𝑆12 = (1 + 𝑟) ⇒ = 1,25 ⇒ 0,2 −0,2 = 1,25 ⇒ = 5 ⇒ 𝐶2 = 5𝐶1.
𝑈𝑀𝑔2 1,6𝐶1 ∗ 𝐶2 𝐶1
Determinação da escolha óptima:
1 1 1800
𝐶1 + 1+𝑟 ∗ 𝐶2 = Ω ⇒ 𝐶1 + 1,25 ∗ 5𝐶1 = 1800 ⇒ 𝐶1 = = 360. Substituindo em
5
𝐶2 , vem: 𝐶2 = 5 ∗ 360 = 1800.
Substituindo 𝐶1 e 𝐶2 na função de utilidade, tem-se:
𝑈 = 2 ∗ 3600,2 ∗ 18000,8 = 2609,2.
2- De acordo com um estudo recente, o agente representativo de uma economia tem as
seguintes características:
i. As suas preferências relativamente ao consumo presente e futuro são
descritas pela função de utilidade 𝑈(𝐶1 , 𝐶2 ) = 𝐶10,4 ∗ 𝐶20,6 ;
ii. Os seus rendimentos, no presente e no futuro, são Y1 = 1600 e Y2 = 2200.

118
a) Sabendo que a taxa de juro em vigor é igual a 10%, classifique o agente
representativo quanto à sua capacidade ou necessidade de financiamento.
b) Se o Governo fixar uma contribuição para a segurança social de 600, que se
reflectirá num aumento do rendimento futuro igual a 660, como se irá comportar
o agente representativo?
c) Suponha agora que o agente apenas consegue um empréstimo de 400 unidades
monetárias à taxa de juro de 10%. Poderá obter financiamento adicional, mas
suportando juros de 20% sobre o montante adicional. Determine, neste contexto,
o impacto da política de segurança social considerada na alínea anterior.
Resolução:
a) Restrição orçamental intertemporal do agente representativo, será dado por:
1 1 1 1
𝐶1 + ∗ 𝐶2 = 𝑌1 + ∗ 𝑌2 ⇒ 𝐶1 + ∗ 𝐶2 = 1600 + ∗ 2200 ⇒
1+𝑟 1+𝑟 1,1 1,1
1
𝐶1 + 1,1 ∗ 𝐶2 = 3600.

Regra de escolha óptima:


𝑈𝑀𝑔1 0,4𝐶1−0,6 ∗ 𝐶20,6 𝐶2
𝑇𝑀𝑆12 = (1 + 𝑟) ⇒ = 1,1 ⇒ 0,4 −0,4 = 1,1 ⇒ = 1,65 ⇒
𝑈𝑀𝑔2 0,6𝐶1 ∗ 𝐶2 𝐶1
⇒ 𝐶2 = 1,65𝐶1.
Determinação da escolha óptima:
1 1 3600
𝐶1 + ∗ 𝐶2 = Ω ⇒ 𝐶1 + ∗ 1,65𝐶1 = 3600 ⇒ 𝐶1 = = 1440 ⇒
1+𝑟 1,1 2,5
𝐶2 = 1,65 ∗ 1440 = 2376 ⇒ 𝑈 = 14400,4 ∗ 23760,6 = 1944,7.
O agente representativo tem um rendimento de 1600 no presente e pretende consumir
1440, portanto, tem uma capacidade de financiamento igual a 160 unidades monetárias.
1
b) Neste caso, 𝛺 = (𝑌1 − 600) + 1+𝑟 ∗ (𝑌2 + 660) ⇒
1 1
𝛺 = (1600-600) + 1+0,1 ∗ (2200 + 660) ⇒ 𝛺 = 1000 + 1,1*2860 ⇒ 𝛺 = 3600.

A restrição orçamental intertemporal não se modifica, dado que a riqueza se mantém


constante e igual a 3600. Logo:
1 1 1
𝐶1 + ∗ 𝐶2 = 𝛺 ⇒ 𝐶1 + ∗ 𝐶2 = 3600 ⇒ 𝐶1 + ∗ 𝐶2 = 3600.
1+𝑟 1+0,1 1,1

A função objectiva também se mantém constante, portanto o comportamento do agente


não se altera. Mas agora a sua poupança é negativa. É o Estado que poupa em vez das
famílias. 𝐶1 = 1440; 𝐶2 = 2376; 𝑆1 = 1000 − 1440 = −440; 𝑈 = 1944,7.
c) No caso em que o agente não recorre a um empréstimo adicional, a sua restrição
orçamental intertemporal mantém-se:
1
𝐶1 + 1,1
∗ 𝐶2 = 3600/: 1,1 ⇒ 1,1𝐶1 + 𝐶2 = 3960 ⇒ 𝐶2 = 3960 – 1,1𝐶1 .

119
Mas agora tem uma restrição adicional: o seu consumo presente não poderá ultrapassar
as 1400 unidades monetárias (1000+400=1400). Assim, vem:
𝐶1 ≤ 1400 ⇒ 𝐶2 ≥ 3960 − 1,1 ∗ 1400 ⇒ 𝐶2 ≥ 3960 − 1540 ⇒ 𝐶2 ≥ 2420.
Por outro lado, isso vai-lhe permitir um consumo futuro sempre igual ou superior a 2420
unidades monetárias.
A taxa marginal de substituição entre consumo futuro e consumo presente é dada por:
𝑈𝑀𝑔1 0,4𝐶1−0,6 ∗ 𝐶20,6 2 𝐶2
𝑇𝑀𝑆12 = = 0,4 −0,4 = ∗
𝑈𝑀𝑔2 0,6𝐶1 ∗ 𝐶2 3 𝐶1
A 𝑇𝑀𝑆12 , aumenta com o consumo futuro e diminui com o consumo presente. O valor da
TMS no ponto da fronteira, C1 = 1400 e C2 = 2420 é igual a 1,152. Para o agente, é
indiferente ter mais uma unidade de consumo no presente ou mais 1,152 unidades
2∗2420
monetárias (TMS = 3∗1400 = 1,152) no futuro.

Como para ter uma unidade adicional de consumo presente, o agente tem de abdicar de
1,2 unidades de consumo no futuro (1+ r), o agente não vai contrair um empréstimo
adicional.
Abdicando de uma unidade consumo presente, o agente poderá consumir 1,1 unidades
adicionais no futuro. Mas o agente prefere 1 unidade no presente.
O agente vai aproveitar até ao limite de 400 a possibilidade de contrair um empréstimo a
uma taxa de juro de 10%, mas não vai contrair qualquer empréstimo adicional. Assim,
tem-se:
𝐶1 = 1400; 𝐶2 = 2420; 𝑆1 = −400; 𝑈 = 1944,2.
3- Imagine que a evolução do produto de uma dada economia nos últimos dez períodos
é conhecida e dada pelos valores que constam do quadro abaixo:

𝑡 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9

𝑌𝑡 1250 1250 1500 1250 1250 1250 1500 1500 1500 1500

Sabe-se, adicionalmente, que a função imposto nesta economia é dada por T = 0,2Y, a
propensão marginal ao consumo de longo prazo é de 0,90 e a propensão marginal ao
consumo de curto prazo é de 0,18. Recorrendo à hipótese do rendimento permanente, e
sabendo que os agentes têm expectativas adaptativas, responda às seguintes questões:
a) Determine o rendimento permanente e o nível de consumo do período 0 ao período
9.
b) Descreva o processo de ajustamento das expectativas do consumidor
relativamente ao seu rendimento permanente, entre o período 2 e o período 5, e
entre o período 6 e o período 9. Represente graficamente.
c) Confronte as variações percentuais anuais do consumo com as do produto entre
o período 0 e o período 9 e retire as devidas conclusões quanto à estabilidade ou
volatilidade do consumo ao longo do tempo.
Resolução:
120
a) O rendimento disponível dos agentes, em cada período é apenas 80% do produto
da economia, dado que 20% são transferidos para o Estado sob a forma de
impostos.

𝑡 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9

𝑌𝑡 1250 1250 1500 1250 1250 1250 1500 1500 1500 1500

𝑌𝑑𝑡 1000 1000 1200 1000 1000 1000 1200 1200 1200 1200

Sabe-se que os agentes procuram consumir 90% do seu rendimento permanente (𝛼 = 0,9).
O facto de a PMgC de curto prazo ser 0,18 implica que o parâmetro j de ajustamento das
𝑃𝑀𝑔𝐶𝑐𝑝 0,18
expectativas é igual a 0,2 (𝑃𝑀𝑔𝐶𝐶𝑃 = α*j⇒ j= = = 0,2).
𝛼 0,9

A percepção dos agentes relativamente ao seu rendimento permanente evolui de acordo


com a seguinte condição:
𝑌𝑝𝑡 = 𝑌𝑝𝑡−1 + 𝑗(𝑌𝑑𝑡 − 𝑌𝑝𝑡−1 ) ⇒ 𝑌𝑝𝑡 = 𝑌𝑝𝑡−1 + 0,2(𝑌𝑑𝑡 − 𝑌𝑝𝑡−1 ) ⇒
⇒𝑌𝑝𝑡 = 𝑌𝑝𝑡−1 + 0,2𝑌𝑡 − 0,2𝑌𝑝𝑡−1 ⇒ 𝑌𝑝𝑡 = 0,8𝑌𝑝𝑡−1 + 0,2𝑌𝑡
O consumo em cada período é igual a 90% do rendimento permanente. Calculando,
obtemos os resultados que constam da tabela seguinte.

𝑡 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9

𝑌𝑡 1250 1250 1500 1250 1250 1250 1500 1500 1500 1500

𝑌𝑑𝑡 1000 1000 1200 1000 1000 1000 1200 1200 1200 1200

𝑌𝑝𝑡 1000 1000 1040 1032 1026 1020 1056 1085 1108 1126

𝐶𝑡 900 900 936 929 923 918 951 977 997 1014

b) No período 2, o agente tem um rendimento disponível de 1200, enquanto que as


suas expectativas eram de que o seu rendimento permanente seria igual a 1000.
Estima que, desse aumento de 200 unidades monetárias, 40 unidades monetárias
sejam uma variação permanente, e 160 unidades monetárias sejam uma variação
temporária. Passa, portanto, a considerar que o seu rendimento permanente é igual
a 1040, consumindo 90% desse valor, ou seja, 936 unidades monetárias.
Nos períodos seguintes (3, 4 e 5), o rendimento disponível voltou a ser igual a 1000. O
aumento de 200 unidades foi temporário. Logo, o rendimento permanente e o nível de
consumo voltam a descer na direcção de Yp = 1000 e C = 900. Se a alteração fosse
permanente, o rendimento permanente e o consumo ajustar-se-iam, progressivamente, na
direcção de Yp = 1200 e C = 1080.
É isso o que acontece entre os períodos 6 e 9. O aumento do rendimento disponível é um
aumento permanente. O rendimento permanente e o consumo vão aumentando na
direcção de Yp = 1200 e C = 1080.

121
c) Cálculo das variações percentuais:

𝑡 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9

𝑌𝑡 1250 1250 1500 1250 1250 1250 1500 1500 1500 1500

𝑌𝑑𝑡 1000 1000 1200 1000 1000 1000 1200 1200 1200 1200

𝑌𝑝𝑡 1000 1000 1040 1032 1026 1020 1056 1085 1108 1126

𝐶𝑡 900 900 936 929 923 918 951 977 997 1014

∆𝑌𝑡
»»» 0% 20% -17% 0% 0% 20% 0% 0% 0%
𝑌𝑡

∆𝐶𝑡
»»» 0% 4% -1% -1% 0% 4% 3% 2% 2%
𝐶𝑡

De acordo com esta análise teórica com base na hipótese do rendimento permanente, o
consumo é muito mais estável do que o produto. Na realidade, observamos que as séries
do consumo e do produto têm uma variabilidade semelhante.
4- Numa determinada economia, a família representativa tem um horizonte de vida de
dois períodos (presente e futuro) e preferências representadas por 𝑈 = 𝐶10,6 ∗ 𝐶20,4 . No
presente, tem um rendimento de 2000 unidades monetárias, e espera que o seu
rendimento futuro seja 40% superior. Sabendo que os impostos vão aumentar de 400
unidades monetárias no presente para 910 unidades monetárias no futuro, a família
estima que a sua riqueza ascende a 3400 unidades monetárias.
a) Deduza a restrição orçamental da família representativa e calcule a repartição do
rendimento entre consumo e poupança que a família deverá escolher.
b) Suponha que a taxa de juro passa ser igual a 8%. Nesse caso, qual será a nova
repartição óptima de rendimento entre consumo e poupança? Qual será o impacto
sobre o bem-estar da família? Quantifique e represente graficamente.
Resolução:

122
a) Neste caso, primeiramente tem de se determinar a taxa de juro a partir da riqueza
estimada, que será dado por:
1
Ω = (𝑌1 − 𝑇𝑥1 ) + 1+𝑟 ∗ (𝑌2 − 𝑇𝑥2 ). Substituindo os valores, tem-se:
1 1
3400 = (2000 − 400) + 1+𝑟 ∗ (1,4 ∗ 2000 − 910)⇒3400 = 1600 + 1+𝑟 ∗ 1890 ⇒
1890 1890 1890
3400 − 1600 = (1+𝑟) ⇒ 1800 = (1+𝑟)
⇒ 1800(1 + 𝑟) = 1890 ⇒ 1 + 𝑟 = −
1800
1 ⇒ 𝑟 = 1,05 − 1⇒ 𝑟 = 0,05 ⇒ 𝑟 = 5%.
A restrição orçamental da família representativa, será dado por:
1 1 1
𝐶1 + ∗ 𝐶2 = (𝑌1 − 𝑇𝑥1 ) + ∗ (𝑌2 − 𝑇𝑥2 ) ⇒ 𝐶1 + ∗ 𝐶 = 3400.
1+𝑟 1+𝑟 1,05 2
Taxa marginal de substituição entre consumo futuro e consumo presente, será:
𝑈𝑀𝑔1 0,6𝐶1−0,4 ∗ 𝐶20,4 𝐶2
𝑇𝑀𝑆12 = = 0,6 −0,6 = 1,5 ∗
𝑈𝑀𝑔2 0,4𝐶1 ∗ 𝐶2 𝐶1
Regra de escolha óptima:
𝐶2 1,05
𝑇𝑀𝑆12 = (1 + 𝑟) ⇒ 1,5 ∗ = 1,05 ⇒ 𝐶2 = ∗ 𝐶1
𝐶1 1,5
Determinação da escolha óptima:
1 1 1,05 1
𝐶1 + ∗ 𝐶2 = 3400 ⇒ 𝐶1 + ∗ 𝐶1 = 3400 ⇒ 𝐶1 + ∗ 𝐶 = 3400 ⇒
1,05 1,05 1,5 1,5 1
5100
1,5𝐶1 + 𝐶1 = 3400 ∗ 1,5 ⇒ 2,5𝐶1 = 5100 ⇒ 𝐶1 = ⇒ 𝐶1 = 2040. Substituindo o
2,5
1,05
valor de 𝐶1 em 𝐶2 , vem: 𝐶2 = ∗ 2040 = 1428.
1,5

𝑆1 = 𝑌1 − 𝑇𝑥1 − 𝐶1 = 2000 − 400 − 2040 = −440;


𝑈 = 20400,6 ∗ 14280,4 = 1768,8.
b) O novo valor actualizado de riqueza, com r = 8%, e nova restrição orçamental,
1 1
será: Ω = (2000 − 400) + 1,08 ∗ (2800 − 910) = 3350. Logo 𝐶1 + 1,08 ∗ 𝐶2 =
3350.
Regra de escolha óptima, e determinação de nova escolha óptima: 𝑇𝑀𝑆12 = (1 + 𝑟) ⇒
𝐶 1,08
1,5 ∗ 𝐶2 = 1,08 ⇒ 𝐶2 = ∗ 𝐶1, substituindo em 𝐶1 , vem:
1 1,5

1 1,08 1
𝐶1 + ∗ ∗ 𝐶1 = 3350 ⇒ 𝐶1 + ∗ 𝐶 = 3350 ⇒ 1,5𝐶1 + 𝐶1 = 3350 ∗ 1,5
1,08 1,5 1,5 1
5025
⇒ 2,5𝐶1 = 5025 ⇒ 𝐶1 = ⇒ 𝐶1 = 2010. Logo 𝑆1 = 𝑌1 − 𝑇1 − 𝐶1 ⇒ 𝑆1 = 2000 −
2,5
400 − 2010 ⇒ 𝑆1 = −410.
1,08
𝐶2 = ∗ 2010 = 1447,2 e 𝑈 = 20100,6 ∗ 1447,20,4 = 1762,5.
1,5

O aumento da taxa de juro faz com que a família diminua o seu nível de consumo presente,
diminuindo o seu grau de endividamento. Isto permite-lhe aumentar o consumo futuro.

123
Como a família é devedora, é natural que seu bem-estar tenha diminuído com o aumento
da taxa de juro.

5- O agente representativo da economia Angolana tem um horizonte temporal de 2


períodos. Este agente dispõe no período 1 de um rendimento de 2000 unidades
monetárias e espera que no período 2 o seu rendimento aumenta em 5%. Numa
situação sem Estado, ele avalia a sua riqueza em 4000 unidades monetárias e consome
1600 unidades monetárias.
Suponha ainda que, em Angola é eleito um governo que se propõe efectuar uma despesa
pública por agente de 400 unidades monetárias no período 1 e de 315 unidades monetárias
no período 2. Compromete-se ainda assegurar um superávit orçamental de 380 unidades
monetárias no período 2. Com base nesta informação, responda à seguinte questão:
Assumindo que não são cobrados impostos no período 1, calcule qual a taxa de juro real
que incide sobre o governo desta economia.
Resolução:
Sabe-se que a restrição orçamentária do governo pode ser definida por:
𝑇𝑥 𝐺 𝑇𝑥 315
𝑇𝑥1 + 1+𝑟2 = 𝐺1 + 1+𝑟
2
⇒ 0 + 1+𝑟2 = 400 + 1+𝑟. Neste caso, é necessário determinar o
𝑇𝑥2 , assim vem: 𝑆𝑂2 = 𝑇𝑥2 − 𝐺2 ⇒ 𝑇𝑥2 − 𝐺2 = 380 ⇒ 𝑇𝑥2 = 380 + 𝐺2 ⇒ 𝑇𝑥2 =
380 + 315 ⇒ 𝑇𝑥2 = 695. Assim:
𝑇𝑥 315 695 315
0 + 1+𝑟2 = 400 + 1+𝑟 ⇒ 0 + 1+𝑟 = 400 + 1+𝑟, multiplicando a expressão por 1+ r, vem:
𝑔

695 315
(1 + 𝑟) ∗ = 400(1 + 𝑟) + (1 + 𝑟) ∗ 1+𝑟 ⇒ 695 = 400 + 400𝑟 + 315 ⇒
1+𝑟
−20
⇒ 400𝑟 = 695 − 715 ⇒ 400𝑟 = −20 ⇒ 𝑟 = ⇒ 𝑟 = −0,05 ≈ −5%.
400
6- O agente representativo de uma dada economia vive 2 períodos (presente e futuro),
tendo um rendimento de 1100 unidades monetárias em cada período. Tem acesso a
uma tecnologia de produção dada por F(K) = 44K0,5, em que a taxa de depreciação do
capital é igual a 100%, o agente decidiu poupar e investir 900 unidades monetárias
(no presente) e enfrenta uma taxa de juro de 10%.

124
a) Determine a restrição orçamental intertemporal consolidada do sector privado.
b) Verifique se este investimento maximizou a riqueza do agente representativo.
Resolução:
a) Restrição orçamental intertemporal do sector privado:
2 𝐶 2 𝑌 𝐹(𝐾1 ) 𝐶 1100 𝐹(900)
𝐶1 + 1+𝑟 = Ω0 + 𝑌1 + 1+𝑟 − 𝐼1 + ⇒ 𝐶 + 1,12 = 0 + 1100 +
1 − 900 + ⇒
1+𝑟 1,1 1,1
𝐶 44∗9000,5 𝐶
𝐶1 + 1,12 = 1100 + 1000 − 900 + ⇒𝐶1 + 1,12 = 2400.
1,1

b) Riqueza do agente representativo, com K=I, será:


2 𝑌 𝐹(𝐾1 ) 1100 𝐹(𝐾1 )
Ω = Ω0 + 𝑌1 + 1+𝑟 − 𝐼1 + ⇒Ω = 0 + 1100 + − 𝐼1 + ⇒ 𝛺 = 2100 −
1+𝑟 1,1 1,1
𝐹(𝐼1 ) 44∗𝐼 0,5
𝐼1 + ⇒ 𝛺 = 2100 − 𝐼1 + 1,11 ⇒Ω = 2100 − 𝐼1 + 40 ∗ 𝐼10,5 .
1,1

Determinando o investimento que maximiza a riqueza, vem:


𝑑Ω(𝐼1 ) 1
= 0 ⇒ −1 + 20𝐼1−0,5 = 0 ⇒ 20𝐼1−0,5 = 1 ⇒ 𝐼1−0,5 = ⇒ 𝐼1−0,5 = 0,05 ⇒
𝑑𝐼1 20
1
1 1
= 0,05 ⇒ 0,05𝐼10,5 = 1 ⇒ 𝐼12 = ⇒ √𝐼1 = 20 ⇒ 𝐼1 = 400.
𝐼10,5 0,05
O investimento óptimo é inferior ao que foi realizado pelo agente. Para maximizar a sua
riqueza o agente representativo deveria ter poupado e investir apenas 400 unidades
monetárias.
7- O agente representativo recebeu de herança o negócio do pai, Produções SKF. A SKF
labora actualmente segundo a função de produção Y = 500K0,2 e com um stock de
capital de 200 unidades monetárias, a taxa de depreciação é de 100%. O agente
representativo, com esperança de vida de 2 períodos, espera receber regularmente
(todos os períodos) 500 unidades monetárias de dividendos de participações que
detém em outras empresas e enfrenta uma taxa de juro de 5%.
O governo estima que as despesas nos dois períodos, actualizada para o período 1,
ascendam a 400 unidades monetárias e que sejam financiadas por 200 e 205 unidades
monetárias de impostos nos períodos 1 e 2, respectivamente.
Tendo em conta a informação acima:
a) Determine o montante de investimento que o agente representativo realizará no
período 1.
b) O chefe do governo reconheceu recentemente que a indústria em que opera a SKF
está a atravessar um período difícil em termos de liquidez devido à concorrência de
empresas estrangeiras. Por isso, anunciou que iria permitir o adiamento de cobrança
de impostos referentes ao período 1 para o período 2. Comente esta medida à luz dos
seus efeitos sobre o bem-estar do agente representativo.
Resolução:
a) Neste caso, vem:

125
1,05
F´(K) = 1+ r ⇒ 0,2 ∗ 500𝐾 −0,8 = 1 + 0,05 ⇒ 100𝐾 −0,8 = 1,05 ⇒ 𝐾 −0,8 = ⇒
100

1 1
𝐾 −0,8 = 0,0105 ⇒ = 0,0105 ⇒ 0,0105𝐾10,8 = 1 ⇒ 𝐾10,8 = ⇒
𝐾10,8 0,0105
1
0,8
𝐾10,8 = 95,24 ⇒ 𝐾1 = √95,24 ⇒ 𝐾1 = 95,240,8 ⇒ 𝐾1 = 95,241,25 ⇒ 𝐾1 = 297,53.
𝐼 ∗ = 𝐾 ∗ − 𝐾𝑡−1 = 297,53 − 200 = 97,53.
b) Determinando a r, vem:
𝐺2 𝑇𝑥2 205
𝐺1 + = 400 ⇒ 𝑇𝑥1 + = 400 ⇒ 200 + = 400 ⇒
1+𝑟 1+𝑟 1+𝑟
⇒ 200(1 + 𝑟) + 205 = 400(1 + 𝑟) ⇒ 200 + 200𝑟 + 205 = 400 + 400𝑟⇒
−5
⇒ 200𝑟 − 400𝑟 = 400 − 405 ⇒ −200𝑟 = −5 ⇒ 𝑟 = ⇒ 𝑟 = 0,025.
−200
Neste caso, 𝑟´ = 0,025 < 𝑟 = 0,05. Com 𝑟´ < 𝑟, o adiamento na cobrança de impostos
do agente , aumenta o seu bem estar.
(𝑌2 − 𝐺2 ) (𝐺1 − 𝑇𝑥1 )(𝑟 − 𝑟´) 𝐹(𝐾) 𝐾(1 + 𝑟) 𝐾(1 − 𝛿)
Ω = (𝑌1 − 𝐺1 ) + + + − +
1+𝑟 1+𝑟 (1 + 𝑟) 1+𝑟 1+𝑟
(500 − 205) 500 ∗ 297,530,2
Ω0 = (500 − 200) + +0+ − 297,53 + 0 = 1771,027
1,05 1,05
(500 − 410) 500 ∗ 297,530,2
Ω1 = (500 − 0) + +0+ − 297,53 + 0 = 1775,79
1,05 1,05
𝑇𝑥2
𝑇𝑥1 = 0 ⇒ 0 + = 400 ⇒ 𝑇𝑥2 = 410.
1,05
8- O país K está actualmente a enfrentar uma das maiores crises de sempre, estando o
financiamento internacional completamente congelado quer para o sector privado,
quer para o sector público. O agente representativo do sector privado do país K, tem
um horizonte de vida de 2 períodos, aufere um rendimento bruto de 3100 unidades
monetárias no período 1 e o seu rendimento permanente é de 𝑌𝑝 = 2200.
a) Sabendo que o consumo máximo que o agente representativo poderia realizar no
período 1 seria de 4200 unidades monetárias e que a sua utilidade pode ser
representada pela função 𝑈 = 𝐶10,55 ∗ 𝐶10,45 .
i. Calcule a taxa de juro enfrentado pelo sector privado.
ii. Admitindo a ausência de restrição ao crédito, qual seria o perfil óptimo de
consumo do agente representativo?
Sabe-se que o governo do país K, para sinalizar o compromisso de correcção das contas
pública, anunciou que ia cobrar todos os impostos no período 1, 𝑇𝑥1 = 1000, para
financiar integralmente as despesas previstas para os períodos 1 e 2.
b) Admita que a taxa de juro enfrentada pelo governo é igual à do sector privado. Calcule
o perfil óptimo de imposto que permitiria maximizar o bem-estar do agente
representativo que teria o mínimo impacto no superávit orçamental do período 1.
126
Suponha agora que o anúncio do governo exerce um impacto positivo sobre os
mercados e que os agentes deixam de enfrentar quaisquer restrições ao crédito. Surge
igualmente uma oportunidade de investimento na construção de um aeroporto cuja
dimensão máxima é de 500 unidades monetárias. Sabe-se ainda que a função de
produção é F(K) = 55K0,5 e que a taxa de depreciação é de 100%. Aconselharia o
agente representativo a realizar o investimento máximo?
Resolução:
a) Neste caso, a taxa de juro enfrentado pelo sector privado será dado por:
𝑌𝑃 2200 2200 2200
𝐶 = 𝑌𝑃 + ⇒ 4200 = 2200 + ⇒ 4200 − 2200 = ⇒ 2000 =
1+𝑟 1+𝑟 1+𝑟 1+𝑟
2200
⇒ 2000(1 + 𝑟) = 2200 ⇒ 1 + 𝑟 = ⇒ 𝑟 = 1,1 − 1 = 0,1 ≈ 10%.
2000
Admitindo a ausência de restrição ao crédito, o perfil óptimo de consumo do agente será
determinado de seguinte maneira:
𝑈𝑀𝑔𝐶1 0,55𝐶1−0,45 ∗ 𝐶20,55 0,55𝐶1−0,45 ∗ 𝐶20,55
= (1 + 𝑟) −0,55 0,45 = 1 + 0,1 −0,55 0,45 = 1,1
𝑈𝑀𝑔𝐶2 0,45𝐶 ∗ 𝐶 0,45𝐶 ∗ 𝐶
⇒ 2 1 ⇒ 2 1
𝐶2 𝐶2 𝐶2
{𝐶1 + = 4200 𝐶1 + = 4200 𝐶1 + = 4200
1+𝑟 { 1 + 0,1 { 1,1
𝐶1∗ = 2310
⇒{
𝐶2∗ = 2079

𝐶1∗ = 2310 ⇒ 𝑌𝑑1 = 2310. Como 𝑌𝑑1 = 𝑌1 − 𝑇𝑥1 = 3100 − 1000 = 2100, 𝑇𝑥1
deveria cair 210 unidades monetárias (𝑟 ∗ 𝑌𝑑1 = 0,1 ∗ 2100 = 210). Então, o perfil
óptimo de imposto será:
𝑇𝑥 𝑇𝑥2
𝑇1∗ = 𝑇1 − 210 = 1000 − 210 = 790; 𝑇𝑥1 + 1,052 = 1000 ⇒ 790 + = 1000 ⇒
1,1
𝑇𝑥2∗ = 231.
b) Neste caso, tem-se F(K) = 55 ∗ 5000,5 = 1229,8 > 1,1 ∗ 500 = 550 (investimento
dentro do valor produtivo). PMgK ou (1 + r) = 0,5 ∗ 55 ∗ 500−0,5 > 1,1 ⇒ 1,23 >
1,1. Logo, 500 < K*, seria o melhor investimento a realizar.
9- Suponha um consumidor que vive dois períodos e cuja função de utilidade é a
𝑙𝑛𝐶
seguinte: U = ln 𝐶1 + 1,052 , onde C1 representa o consumo no primeiro período e C2 o
consumo no segundo período. A taxa de juro praticada é de 5% por período, tanto
para depósitos que o agente faça como para empréstimos que obtenha. Sabe-se ainda
que os bancos lhe emprestam qualquer quantia desde que ele tenha condições de a
pagar até ao final da sua vida. Que proporção do seu rendimento permanente deve
este agente consumir no período 1? Justifique os seus cálculos.
Resolução:
O programa de optimização intertemporal para este agente é dado por:
ln(𝐶2 ) 𝐶 1 2 𝑌
Max 𝑈(𝐶1 , 𝐶2 ) = ln(𝐶1 ) + e 𝐶1 + 1+𝑟 = 𝑌1 + 1+𝑟 , onde Y1 e Y2 representam os
1,05
rendimentos disponíveis deste agente respectivamente no período 1 e 2. Dado que o

127
rendimento permanente (Yp) é aquele que, se o agente dele desfrutasse em ambos os
períodos, a sua riqueza (reportada a qualquer dos períodos) seria exactamente a mesma,
assim tem-se:
𝑌𝑝 2 𝑌 2 1 2 𝑌 1 𝑌
𝑌𝑝 + 1+𝑟 = 𝑌1 + 1+𝑟 ⇒ 𝑌𝑝 (1 + 1+0,05) = 𝑌1 + 1+0,05 ⇒ 𝑌𝑝 (1 + 1,05) = 𝑌1 + 1,05 ⇒
𝑌
2 2,05
𝑌1 + 1,05 = 1,05 ∗ 𝑌𝑃 , que podemos utilizar como forma alternativa de representação da
restrição orçamental intertemporal. Construindo um lagrangiano para a resolução do
problema acima indicado, obtem-se:
ln(𝐶2 ) 2,05 2 𝐶
L = ln(𝐶1 ) + + 𝜆 [1,05 ∗ 𝑌𝑃 − (𝐶1 + 1+0,05)]. As condições de primeira ordem de
1,05
maximização desta função são dadas por:
𝜕𝐿 1 1
i. =𝐶 −𝜆 =0 ⇒𝜆 =𝐶
𝜕𝐶1 1 1
1
𝜕𝐿 𝐶2 𝜆 1 1 𝜆
ii. = − 1+0,05 = 𝐶 ∗ 1,05 − 1,05 = 0. Substituindo 𝜆 na expressão, tem-se:
𝜕𝐶2 1,05 2
1
1 𝐶1 1 1
− =0⇒ = ⇒ 1,05𝐶2 = 1,05𝐶1 ⇒ 𝐶2 = 𝐶1 . Substituindo
1,05𝐶2 1,05 1,05𝐶2 1,05𝐶1
o valor óptimo de C2 na restrição orçamental intertemporal pode-se obter o valor
1 𝐶 2,05 1 2,05
óptimo para C1: 𝐶1 + 1+0,05 = 1,05 ∗ 𝑌𝑃 ⇒ 𝐶1 (1 + 1+0,5) = 1,05 ∗ 𝑌𝑃 ⇒
2,05 2,05
∗ 𝐶1 = 1,05 ∗ 𝑌𝑃 ⇒ 𝐶1 = 𝑌𝑝 , ou seja, o agente deve consumir a totalidade
1,05
(100%) do seu rendimento permanente no período 1, de forma a maximizar a sua
utilidade intertemporal.
10- Considere os seguintes dados, relativos à economia A:
Produto real: Y = 100.000,00; Custos de transacção: 𝜃 = 0,5; Taxa de juro nominal: i =
10%;
Taxa de reserva (total): r = 25%.
Sabendo que o Banco Central vai manter a taxa de inflação num valor estável, igual a 3%,
os agentes, que procuram moeda de acordo com o modelo de Baumol-Tobin, sabem que
o nível geral de preços do próximo período será igual a 2,06.
Nestas circunstâncias determine, para o período actual:
a) O nível geral de preços.
b) A procura média real de moeda.
c) A oferta nominal de moeda
d) A base monetária
e) A velocidade de circulação da moeda
Resolução:
a) Neste caso, o nível geral de preços será dado por:
𝑃 = 𝑃0 (1 + 𝜋) ⇒ 2,06 = 𝑃0 (1 + 0,03) ⇒ 𝑃0 = 2.
b) Neste caso, tem-se:

128
𝑃2 𝜃𝑌 22 ∗ 0,5 ∗ 100000 𝑀𝑑 1000
𝑀𝑑 = √ ⇒ 𝑀𝑑 = √ ⇒ 𝑀𝑑 = 1000 ⇒ = = 500.
2𝑖 2 ∗ 0,1 𝑃0 2

c) Em equilíbrio no mercado monetário, Ms = 1000.


1 1
d) 𝑀 = (𝑟 ) ∗ 𝐻 ⇒ 1000 = 0,25 ∗ 𝐻 ⇒ 𝐻 = 250.
200000
e) MV = 𝑃0 Y ⇒ 1000V = 2*100000 ⇒V= ⇒V =200.
1000

11- Considerando o modelo Tobin-Baumol de demanda por moeda, determina o número


óptimo de idas aos bancos, dados: Y = 4800; i = 0,1; 𝜃 = 15.
Resolução:
𝑖𝑌 𝑖𝑌 0,1∗4800
Aplicando a fórmula 𝑛 = √2𝜃, vem: 𝑛 = √2𝜃 = √ = √16 = 4.
2∗15

12- Considere uma pessoa que recebe 1.800 unidades monetárias por mês. Suponha que
a taxa de juros dos depósitos seja tão alta quanto 0,5% ao mês. O indivíduo não pode
evitar de fazer uma transacção inicial, uma vez que recebe a renda na conta poupança,
para começar. Compensa fazer uma segunda transacção?
Resolução:
𝑌 1800 1800
Para n = 2, o saldo médio de dinheiro será: = = = 450. Assim os juros
2𝑛 2∗2 4
𝑌
obtidos seriam: 𝐽 = 𝑖 ∗ 𝑆𝑀 , onde 𝑆𝑀 (SM =2𝑛) é o saldo médio. Assim, 𝐽 = 0,005 ∗ 450 =
2,25. Se o custo de transação exceder 2,25 unidade monetária, o indivíduo não se
importará em fazer mais de uma transação.
13- O Hotel Kiame considera a possibilidade de adquirir, já este ano, um equipamento
audiovisual que permita a realização de eventos integrados nas comemorações dos
500 anos da cidade em 2020. Desse projecto conhecem-se os seguintes dados (em
unidade monetária):

Custo de aquisição do equipamento novo (em 2019) 10.000

Receitas adicionais esperadas (em 2020) 20.000

Custos adicionais esperados (em 2002) 12.000

Venda do equipamento em segunda mão (no final de 2020) 2.500

Como economista poderia aconselhar este hotel sobre a realização deste projecto de
investimento? Em caso afirmativo qual seria a sua decisão? Caso não o pudesse fazer diga
de que informação adicional necessitaria e como a utilizaria.

Resolução:
Se o hotel resolver realizar este projecto, os fluxos financeiros (cash flows)
correspondentes serão dados pelo seguinte quadro (em unidade monetária):

129
Ano 2019 -10.000

Ano 2020 20000-12000+2500 = 10.500

Neste ano haverá um dispêndio de 10000 unidades monetárias para a aquisição do


equipamento. No próximo ano este dispêndio permitirá a obtenção de maiores receitas
(20.000), mas também levará a um aumento dos custos (12.000). No final desse ano
poder-se-á reaver parte dos fundos investidos vendendo o equipamento em segunda mão
(2.500). A alternativa para os proprietários do hotel será aplicar os 10.000 em títulos sem
risco (certificados de aforro, por exemplo), a uma taxa i durante um ano.
No final de 2020, os proprietários teriam 10.000*(1 + i). Desta forma, poder-se-ia
aconselhar o hotel a realizar o investimento neste equipamento se e só se: 10000*(1 + i)
105500
<10.500 ⇒1+ i < 10000
⇒ 1 + i < 1,05 ⇒ i < 1,05-1⇒ i < 1,05/ano.
Dado que não possuímos dados sobre a taxa de juro dos títulos, poderia aconselhar o hotel
a:
i. Não realizar o investimento se a taxa de juro dos títulos for superior a 5% ao
ano;
ii. Realizar o investimento se a taxa de juro dos títulos for inferior a 5% ao ano.
14- Comente a seguinte afirmação: "A teoria do acelerador flexível diz-nos que as
empresas devem acelerar as suas decisões de investimento quando os preços e salários
são mais flexíveis."
Resolução:
O modelo do acelerador flexível pretende retratar o comportamento de investimento das
empresas. Este modelo baseia-se na constatação de que a instalação de novos bens de
capital fixo implica custo de ajustamento elevados, pelo que, qualquer desvio em relação
ao projecto planeado terá que ser faseado ao longo do tempo para minimizar esses custos.
Por isso, as empresas utilizarão o investimento líquido (I) de um dado período t para
eliminar uma parte 𝛌 ∈ [0; 1] da diferença entre o stock de capital que desejam (K*) e
aquele de que realmente dispõe para utilizar na produção neste período (Kt-1), ou seja,
matematicamente: 𝐼𝑡 = 𝜆(𝐾 ∗ − 𝐾𝑡−1 ). Este modelo nada nos diz quanto à relação entre
o timing do investimento e a flexibilidade de preços e salários. Segundo o modelo, este
tipo de comportamento (do lado da procura agregada) não depende do formato da AS
(este ligado à flexibilidade dos preços e salários). Em relação à altura ideal para realizar
um determinado investimento, esta tem a ver com razões que, uma vez mais, não se ligam
à flexibilidade dos preços: procura esperada, custo do capital, diferença entre o capital
desejado e o existente, custos de ajustamento, etc. Assim, podemos concluir que a
afirmação é falsa.
1 2
15- A função de produção agregada de uma economia é dada por Y = 𝐾 3 𝑁 3 , onde Y
representa o produto, K o stock de capital existente no início do período e N o
emprego. Calcule o stock de capital óptimo para o futuro, sabendo que se prevê que
Y = 1200 unidade monetária e que o custo de utilização do capital seja igual a 0,08.
Justifique os seus cálculos. Explique porque é que o investimento pode depender não
só da taxa de juro, mas também do produto.
130
Resolução:
Para uma empresa que maximiza os seus lucros em concorrência perfeita, a regra de
afectação do stock de capital óptimo implica igualar a produtividade marginal do capital
(MPK) ao custo marginal da sua utilização (ra): MPK = ra.
Se todas as empresas assim actuarem, tem-se que esta regra também se aplica ao nível da
economia como um todo. Assim, dado que a produtividade marginal do capital é dada
𝜕𝐹
por: 𝑀𝑃𝐾(𝐾, 𝑁) ≡ (𝐾, 𝑁) = 𝑟𝑎, onde Y = F(K, N) representa a função de produção
𝜕𝐾
macroeconómica, Y o produto, K o stock de capital e N a quantidade de trabalho utilizado,
tem-se para este caso em que a função de produção é do tipo Cobb-Douglas (com
rendimentos constantes à escala):
𝜕𝐹 𝐴 𝜃𝑌
𝑀𝑃𝐾 (𝐾, 𝑁) ≡ (𝐾, 𝑁) ≡ 𝐴 ∗ 𝐾 𝜃−1 ∗ 𝑁1−𝜃 ≡ (𝐾 𝜃 𝑁1−𝜃 ) ≡ .
𝜕𝐾 𝐾 𝐾
Tendo ainda em conta que, neste exercício, 𝜃 = 1/3, ra = 0,08 e Y = 1200 unidade
monetária., podemos substituir na equação dada e obter o stock de capital óptimo para
este nível de produto e de custo de utilização do capital:
1
𝜃𝑌 ∗1200
= 𝑟𝑎 ⇒ 3
= 0,08 ⇒ 𝐾 ∗ = 5.000 unidades monetárias.
𝐾 𝐾
𝜃𝑌
Considerando 𝐼𝑡𝐿𝑖𝑞 = 𝜆( 𝑟𝑎 − 𝐾
̅𝑡−1 ), pode-se verificar que o investimento líquido
depende negativamente da taxa de juro real, mas também depende positivamente do
produto que se espera que o stock de capital desejado venha a gerar. Isto acontece porque
quanto mais as empresas pensem vir a vender, maior será o stock de capital desejado para
gerar essa produção e, dado o stock de capital existente (esse é o que está instalado e não
pode ser alterado), maior será o investimento líquido necessário desde já.
16- Considere um individuo que deseja adquirir um computador no período t, tendo a
opção de revendê-lo no período t + 1.
a) Sob qual condição essa decisão valerá a pena?
b) Resolva o exercício anterior supondo-se que o preço de revenda do computador
seja igual a zero.
Resolução:
a) Em sua decisão de investir comprando o computador, o indivíduo deverá levar em
conta:
i. Custo do computador no período t = ΔI;
ii. Aumento da produção no período t + 1 = ΔI*PmgKt+1;
iii. Preço de revenda no período t + 1 = ΔI*(1 – 𝛿), onde 𝛿 representa a taxa de
depreciação.
Considerando o aumento da riqueza do indivíduo pela compra do computador, ou o Valor
∆𝐼.∗𝑃𝑚𝑔𝐾𝑡+1 (1−𝛿)
Actual Líquido do Investimento (VALI), tem-se: VAL = - ΔI +[ ]+ [ ].
(1+𝑟) (1+𝑟)

Rearranjando-se os termos dessa expressão, chega-se a:

131
[𝑃𝑚𝑔𝐾𝑡+1 −(1−𝛿)]
VAL = ΔI{−1 + }. Para que seja vantajoso comprar o computador,
(1+𝑟)
VAL ≥ 0, que só ocorrerá na situação em que PmgKt+1 ≥ (r +𝛿).
b) Nesse caso, para que seja vantajoso comprar o computador, VAL ≥ 0, que só
ocorrerá na situação em que PmgKt+1 ≥ (1 +𝛿). o computador tem seu preço de
revenda igual a zero, significa que a sua taxa de depreciação é igual a 1 (𝛿 = 1).
17- O índice de stock/vendas desejado é 0,20. Encontre a variação no nível desejado de
stock, se as vendas forem correntemente 2000 unidade monetária e se expandirem no
período 1 para 2.200 unidade monetária, no período 2 para 2.250 unidade monetária,
no período 3 para 2.400 unidade monetária, no período 4 para 2250 unidade monetária
e no período 5 para 2.350 unidade monetária.
Resolução:
Neste caso, tem-se:
i. Período 1: ∆I = 0,2*200 = 40
ii. Período 2: ∆I = 0,2*50 = 10
iii. Período 3: ∆I = 0,2*150 = 30
iv. Período 4: ∆I = 0,2*(-150) = - 30
v. Período 5: ∆I = 0,2*100 = 40.

132
VIII. ECONOMIA ABERTA

8.1. Introdução

O mundo actualmente, do ponto de vista económico, apresenta-se cada vez mais


interligado, seja pelos fluxos comerciais, seja pelos fluxos financeiros. É deste modo que
a “Economia Internacional”, como um ramo específico da Teoria Económica, ganhou
destaque. É comum dividir as questões teóricas em duas grandes categorias: os aspectos
microeconómicos, ou a teoria real do comércio internacional, que procura justificar os
benefícios para cada país, resultantes do comércio internacional e os aspectos
macroeconómicos, relativos à taxa de câmbio e ao Balanço de Pagamentos.
8.2. Balança de Pagamento

A Balança de Pagamento (BP) pode ser definida como o quadro de registro


contabilístico de todas as transacções de um país com o resto do mundo, ou seja, de registo
de pagamentos de residentes em dado país à residentes no exterior ou vice-versa,
pagamentos de residentes no exterior a residentes nesse país.12
O lançamento das operações na BP obedece ao princípio de partidas dobradas,
cada crédito corresponde um débito. Para decidir quais as transacções a serem debitadas
ou a serem creditadas, o princípio basilar é que, toda transacção que envolve entrada de
meios financeiros é uma rubrica de crédito e é computada com sinal positivo, por outro,
toda a transacção que implica saída de meios financeiros representa um débito e é
registada com sinal negativo.
A BP é composta por três balanças fundamentais: Balança de Transacções
Correntes, Balança de Capitais e Balança Financeira. Neste caso, a BP resulta da
agregação do saldo das três balanças.
A conta corrente regista o comércio de bens e serviços e as transferências
unilaterais entre países. Por conveniência é dividida em três componentes: i) Exportações
líquidas de bens e serviços (saldo da balança comercial adicionado ao saldo da balança
de serviços); ii) Rendimento líquido recebido do exterior (diferença entre os rendimentos
recebidos do exterior e enviados para o exterior); e iii) Transferências unilaterais líquidas.
Os rendimentos de trabalho, bem como de investimentos, incluindo pagamentos ou
recebimento de juros, dividendos, royalties, entre outras remunerações, como títulos,
acções e patentes, são registados na conta corrente (conta de rendimentos).
A conta de capitais, intimamente ligada a conta financeira, regista as transacções
internacionais de activos reais, abrangem as transferências unilaterais de activos entre
países como perdão da dívida ou transferências de migrantes. O saldo desta conta mede
o fluxo líquido de activos unilateralmente transferidos para dentro do país.
A Conta Financeira representa o fluxo de entrada financeira (item de crédito)
menos o valor do fluxo de saída financeira (item de débito). Uma especificidade é
reservada ao saldo das liquidações oficiais que representa as transacções internacionais

12
Critério de residência e não de nacionalidade.

133
de activos de reservas oficiais, realizadas pelos Bancos Centrais (meios de pagamentos
internacionais).
TABELA 4-BALANÇA ANGOLANA DE PAGAMENTOS (EM MILHÕES DE USD)

Contas 2000 2005 2010 2015


1. Exportação de bens (FOB) 7 920,70 24 109,40 50 594,90 33 181,10
2. Importação de bens (FOB) 3 039,50 8 353,20 16 666,90 20 692,50
3. Saldo Comercial (1-2) 4 881,20 15 756,20 33 928,00 12 488,60
4. Exportação de serviços 261,70 176,80 856,90 1 256,20
5. Importação de serviços 2 693,90 6 791,00 18 754,40 17 276,20
6. Saldo da Balança de serviços (4-5) -2 432,20 -6 614,20 -17 897,50 -16 020,00
7. Saldo de Balança de Bens e Serviços (3+6) 2 449,00 9 142,00 16 030,50 -3 531,40
8. Rendimentos primários recebidos no exterior 34,40 25,80 134,00 166,40
9. Rendimentos primários pagos ao exterior 1 715,20 4 056,60 8 220,90 6 073,90
10. Saldo da Balança de Rendimentos Primários (8-9) -1 680,80 -4 030,80 -8 086,90 -5 907,50
11. Transferências correntes do exterior 98,80 172,50 58,40 28,20
12. Transferências correntes para o exterior 71,40 145,80 496,10 862,10
13. Salado da Balança de Transferências (11-12) 27,40 26,70 -437,70 -833,90
14. Saldo da Balança de Transações Correntes (7+10+13) 795,60 5 137,90 7 505,90 -10 272,80
15. Transferências de Capital do exterior 18,20 7,80 0,90 6,30
16. Transferências de capital para o exterior 0,00 0,00 0,00 0,00
17. Saldo da Balança de Transferências de Capital (15-16) 18,20 7,80 0,90 6,30
18. Capacidade (+)/Necessidade (-) de Financiamento (14+17) 813,80 5 145,70 7 506,80 -10 266,50
19. Balança Financeira -468,10 -2 754,20 -1 645,60 -9 956,70
20. Erros e omissões -50,40 -574,20 239,70 309,90
21. Saldo da Balança de Pagamentos (18+19+20) 295,30 1 817,30 6 100,90 -19 913,30
22. Variação de Reservas (-21) -295,30 -1 817,30 -6 100,90 19 913,30
Fonte: Elaboração própria, com base os dados do BNA.

Contabilisticamente, com excepção de erros derivados de problemas de


mensuração, em cada período o saldo das contas corrente (STC), capital (SCC) e
financeira (SCF), incluindo a discrepância estatística (d), devem somar zero, pois, toda
operação internacional envolve uma troca de bens, serviços ou activo entre países, ou
seja, em qualquer período o valor de activos estrangeiro que um país adquire é igual ao
seu superávit de conta corrente e vice-versa, um défice na conta corrente representa
diminuição de activos do país.
BP=STC+SCC+SCF+d⇒BP=0
Um saldo negativo da Balança Corrente, significa que um país pede emprestado o
respectivo montante ao estrangeiro e consequentemente a dívida externa aumenta. Por
outro, um saldo positivo na conta corrente exprime a capacidade que um dado país tem
de gerar divisas externas, realçando a competitividade do seu aparelho produtivo no
contexto das nações.

134
8.3. Regimes Cambiais

Taxa de câmbio nominal é o preço da moeda (divisa) estrangeira, em termos da


moeda nacional. Esta pode definir-se de duas maneiras: “Cotação ao incerto” como valor
em moeda nacional (Ex. Kwanzas) que é necessário dar em troca de uma unidade da
moeda estrangeira ou a “cotação ao certo” como a quantidade de moeda estrangeira que
se compra com uma unidade de moeda nacional. Na cotação ao incerto teríamos, na forma
fraccionária, a moeda local no numerador (Ex. Kz/Usd), enquanto ao certo, a moeda
estrangeira seria o numerador (Usd/Kz). É deste modo que, ao incerto, um aumento da
quantidade de moeda local a pagar por uma unidade de moeda estrangeira resulta em
aumento da taxa de câmbio e exprime uma depreciação da taxa de câmbio. Ao certo o
aumento da taxa de câmbio representa apreciação e a diminuição da taxa de câmbio
considera-se depreciação.
Por convecção, a abordagem adoptada nas análises seguintes baseia-se na cotação
ao incerto.
De modo geral, existem dois grandes tipos de regime cambial, o de taxas fixas e
o de taxas flutuantes de câmbio.
i. Taxas fixas de câmbio: Neste regime o Banco Central fixa antecipadamente a
taxa de câmbio, e compromete-se a comprar divisas à taxa fixada, ajustando a
oferta e a demanda de divisas, ao valor fixado.
ii. Taxas de câmbio flutuantes ou flexíveis: A taxa de câmbio, neste regime, varia
de acordo com a demanda e a oferta de divisas, ajustando-se a taxa de câmbio
ao mecanismo de mercado sem o compromisso do Banco Central em controla-
lo.
Na verdade, entre os dois casos, existem regimes intermediários, como a chamada
flutuação suja ou flutuação administrada, na qual é adoptado o regime de câmbio
flutuante, com o mercado determinando a taxa, mas com intervenções do Banco Central,
comprando e vendendo divisas de forma a manter a taxa de câmbio em níveis adequados,
sem grandes oscilações.
Outro regime intermediário, merecedor de destaque, é o de bandas cambiais,
adoptado por certo período, em que se admite flutuação dentro de limites fixados pelo
Banco Central. Enquadra-se dentro das regras do câmbio fixo, porque permanece a
obrigação do Banco Central de disponibilizar reservas para atender ao mercado, se
necessário.
No regime de câmbio flexível se a taxa de câmbio sobe tem-se uma depreciação
cambial, equivalente a desvalorização no regime de câmbio fixo, ocorrendo uma
apreciação ou valorização cambial quando a taxa diminui, conforme se trate de câmbio
flexível ou fixo.
Uma vantagem frequentemente apontada para a manutenção de uma taxa de
câmbio relativamente fixa refere-se ao facto de que, como o comércio exterior é
relativamente instável, uma taxa estável dá maior previsibilidade para os agentes do
mercado (principalmente exportadores, importadores e devedores em dólar). Além disso,

135
evita aumentos de preços de produtos importados, sendo, portanto, útil para o controlo da
inflação.
Entretanto, o regime de câmbio fixo apresenta algumas desvantagens importantes.
Como o Banco Central é obrigado a disponibilizar suas reservas, estas ficam muito
vulneráveis a ataques especulativos. Como defesa, seja para atrair capital financeiro
externo, seja para manter divisas no país, o Banco Central precisa aumentar a taxa de
juros. Ou seja, além de todas as implicações de aumento da taxa de juros sobre o sector
produtivo (retração dos investimentos, e, consequentemente, do nível de actividade e
emprego), faz com que a política monetária torne-se passiva, pois fica dependente da
situação cambial. Em outras palavras, se o Banco Central fixa o câmbio, deixa de realizar
política monetária.
Ademais, os países que adoptam o câmbio fixo tendem a valorizar sua moeda, o
que, como veremos em seguida, desestimula exportações e estimula importações, levando
ao Défice na Balança Comercial.
Com relação ao regime de câmbio flutuante, sua principal vantagem é que o Banco
Central não precisa disponibilizar suas reservas, o que as torna mais protegidas em face
de ataques especulativos. Com isso, a política monetária torna-se mais independente da
situação cambial.
As principais desvantagens do câmbio flutuante referem-se à maior dependência
da volatilidade do mercado financeiro internacional e à maior dificuldade de controlar as
pressões inflacionárias, devido ao aumento do custo dos produtos importados, como
veremos mais adiante.
É importante considerar que, a depreciação de uma moeda aumenta a
competitividade da respectiva economia, no entanto, pode não acontecer se a inflação
interna (do país em causa) for superior que a inflação externa. Isso leva-nos a diferenciar
a taxa de câmbio nominal da real. A taxa de câmbio nominal (e), tal como já referido, é o
preço da moeda estrangeira relativamente a moeda nacional, enquanto a taxa de câmbio
real (R) é o preço relativo de produtos estrangeiros, expresso em moeda nacional. É esta
última que exprime o grau de competitividade da economia nacional.
R=eP*/P
Pela fórmula acima P* é o nível de preços no exterior, expressos na respectiva
moeda e P é o nível de preços locais expressos em moeda nacional, sendo e a taxa de
câmbio.
Quando R, sobe diz-se que há uma depreciação real e os produtos do exterior
tornam-se mais caros relativamente aos produtos nacionais, aumentando assim a
competitividade do país e consequentemente o aumento das exportações e a diminuição
das importações.
A taxa de câmbio até agora definida é uma taxa bilateral por referir-se a duas
moedas apenas, considerando as várias relações que uma economia estabelece com o resto
do mundo implicarem diferentes taxas de câmbio, torna-se necessária uma taxa que
sintetiza as várias taxas de câmbios. Esta taxa é designada por “Taxa de Cambio
Efectiva” (TCE) definida como a média ponderada das taxas de câmbios bilaterais (R),

136
sendo o ponderador (𝜑) de cada moeda resultar do peso do comércio com o respectivo
país na totalidade do comércio externo.
𝜑𝑖 ∑ 𝑅𝑖
𝑇𝐶𝐸 =
𝑛
8.4. Economia Aberta com Preços Fixos

Por simplificação volta-se a hipótese do modelo IS/LM dos modelos Keynesianos


de preços fixos, no curto prazo as medidas de política orçamental e monetária afectam o
nível de produto mantendo os preços constantes. Parte-se desta análise, considerando a
existência ou a ausência da mobilidade de capital, para depois avaliar os impactos de
medidas económicas para um modelo de preços flexíveis13.
8.4.1. Modelo IS-LM sem Mobilidade de Capitais
Em economia aberta sem mobilidade de capital as relações económicas se limitam
apenas ao comércio de bens e serviços, não havendo movimentação de capitais entre os
países.
Com a comercialização de bens e serviços, o equilíbrio no mercado de produto,
deixa de ser dado pela igualdade entre o produto e a procura interna, pois, a procura
interna passa a ser satisfeita não só pelas empresas residentes, mas também por produtos
importados.
Assim, o equilíbrio no mercado de bens e serviços, em economia aberta, resulta
da condição de igualdade entre a procura total (agregada), que é a soma da procura interna
(absorção) e das exportações, e a oferta total dada pela soma da produção interna com as
importações.
𝑌 + 𝑀 = 𝐶 + 𝐼 + 𝐺 + 𝑋 ⇒ 𝑌 = 𝐶 + 𝐼 + 𝐺 + 𝑋 − 𝑀 ⇒ 𝑌 = 𝐶 + 𝐼 + 𝐺 + 𝑁𝑥
As exportações líquidas (Nx), referem-se ao saldo da balança de bens e serviços.
Supondo que as exportações dependem da taxa de câmbio real efectiva e do
rendimento do resto do mundo (Y*) e que as importações dependem do rendimento
interno e de igual modo da taxa de câmbio real efectiva, tem-se:
X=X0+a1R+fY* e M=M0-a2R+mY
De acordo com as equações apresentadas, um aumento da taxa de câmbio real
efectiva (depreciação real) aumenta as exportações e diminui as importações. As
importações tendem a aumentar com o aumento do rendimento porque o aumento do
produto exige o uso de mais energia, matéria-prima, bens de consumo intermedio e de
equipamento, sendo uma boa parte destes produtos importados. Por outro, o aumento do
rendimento origina um aumento do consumo e parte deste consumo é satisfeita por bens
importados.
Se o aumento do rendimento do país faz aumentar as importações em m
(propensão marginal a importar), o aumento do rendimento do resto do mundo aumenta
as exportações do país em f (propensão marginal a exportar).
O saldo da balança de bens e serviços, como conhecido, é dado pela expressão:

13
Hipótese de preços fixos ou flexíveis é diferente de regimes de câmbios fixos ou flexível.

137
Nx=X-M⇒Nx= X0+a1R+fY*- (𝑀0 -a2R+mY)⇒Nx=X0-M0+(a1+a2)R+fY*-mY
Considerando o rendimento estrangeiro exógeno e representando a soma de a1 e a2 por a,
tem-se:
Nx=Nx0 +aR-mY onde Nx0=X0+fY*-M0
As implicações da abertura da economia ao exterior dependem do regime cambial
adpotado.
No regime de taxas de câmbio fixo equação da curva IS será:
̅̅̅̅
𝐴𝐷 + 𝑎𝑅 − 𝑏𝑖
𝑌=
1 − ç(1 − 𝑡) + 𝑚
Os multiplicadores das exportações autónomas, bem como da taxa de câmbio real
efectivo, são respectivamente:
𝜕𝑌 1 𝜕𝑌 𝑎
= 𝑒 =
𝜕𝑁𝑥0 1 − ç(1 − 𝑡) + 𝑚 𝜕𝑅 1 − ç(1 − 𝑡) + 𝑚
Sendo um modelo que não admite mobilidade de capitais a curva LM não altera
pela exogeneidade da taxa de juro internacional, que é igual a taxa de juro interna e
portanto o equilíbrio simultâneo IS/LM terá a seguinte equação:
̅̅̅̅ 𝑏 𝑀
𝐴𝐷 + 𝑎𝑅 + ( 𝑃 )
𝑌= ℎ
𝑏𝑘
1 − ç(1 − 𝑡) + +𝑚

Finalmente, importa destacar, mais uma vez a curva das exportações líquidas, que
supondo não existir transferências unilaterais nem transferências de rendimentos de
capitais, estas balanças coincidem e o seu saldo é igual ao saldo da balança de
pagamentos, não havendo movimento de capitais.
BP=Nx⇒BP=Nx0+aR-mY
Nota-se que, um aumento do rendimento do país diminui o saldo da BP, pois,
aumenta as importações, fruto do aumento do rendimento.
Em regime de taxas flexíveis, o rendimento de equilíbrio é o mesmo que o obtido
numa economia fechada, isto significa que, o multiplicador da despesa em câmbio
flexível é igual ao da economia fechada, porque a BP de encontra-se permanentemente
em equilíbrio.
Portanto, num regime cambial fixo, um aumento da procura reparte-se entre
produto interno e importações, mantendo as exportações constantes. Em câmbio flexível
o aumento da procura dá origem a um aumento das importações, desequilibrando a BP e
deprecia-se a moeda, fazendo aumentar as exportações, logo, o aumento das importações
é sempre acompanhado por um aumento igual das exportações.
8.4.2. Modelo IS-LM com Mobilidade de Capitais-Mundell/Fleming
Considera-se mobilidade de capitais, a possibilidade de os agentes económicos
movimentarem capitais entre países. Esses movimentos são registados na balança
financeira, como já estudado.

138
A mobilidade de capitais pode dever-se por motivos de melhorar o acesso aos
mercados, valorização futura das acções ou ainda pela diferença de taxas de juro.
Como hipótese simplificadora, considera-se que a mobilidade de capitais dependa
apenas do diferencial de taxas de juro entre o país e o resto do mundo. Se a taxa de juro
no país for maior a do exterior, os agentes com necessidade de financiamento tenderão a
pedir emprestado ao resto do Mundo e os investidores estrangeiros terão preferência em
aplicar os seus capitais em obrigações no país, consequentemente, tanto um ou outro
motivo, contribuirá para a entrada de capitais.
Assim, o saldo da balança financeira aumenta com o aumento da taxa de juro
interna (i) e diminui com o aumento da taxa de juro externa (i*).
BF=BF(i-i*)
Admitindo como nulo o saldo da balança de rendimentos e das transferências, por
outro, considerando que a Balança de Pagamentos (BP) depende do produto e da taxa de
câmbio real, tem-se:
BP=Nx+BF⇒BP=Nx0+aR-mY+BF(i-i*)
A BP dependerá também da taxa de juro interna e da taxa de juro externa, está
última considerada exógena. A curva da BP será o conjunto de pares de produto e taxa de
juro para os quais o saldo da BP é nulo, dada a taxa de câmbio real. A inclinação da curva
dependerá da propensão marginal a importar e do grau de mobilidade de capital.

GRÁFICO 17- CURVA DA BALANÇA DE PAGAMENTO

Fonte: Elaboração própria.

A gráfico nº 17 mostra que, qualquer ponto abaixo da curva da BP representará


um défice na BP. Para restaurar o equilíbrio será necessário um aumento da Taxa de juro,
com vista a atrair capital e consequentemente melhorar o saldo da BF, o que permite
compensar o défice da balança de bens e serviços. Um ponto acima reflectirá um superavit
na BP que causará uma diminuição da taxa de juro para equilibrar a BP.

139
Um aumento nas exportações e/ou diminuição das importações faz deslocar a BP
para direita. A desvalorização ou depreciação da moeda nacional faz deslocar a BP para
a direita.
Uma política orçamental expansionista aumenta o défice da BP e em regime de
câmbio fixo leva a diminuição da oferta da moeda alterando o equilíbrio interno e externo
para um ponto em que tanto a taxa de juro como o nível de rendimento aumentam.
A mobilidade de capitais depende da elasticidade de capital face as alterações na
taxa de juro interna (podendo ser perfeita ou não) e a curva da BP pode ser ou não mais
inclinada que a curva LM resultando em diferentes implicações sobre o equilíbrio dos
mercados (IS/LM). Portanto, a análise de políticas para o modelo em causa considerará
três curvas IS, LM e BP, com a hipótese da ausência da mobilidade perfeita do capital,
tanto em regime de câmbio fixo ou flexível. A análise considera ainda a comparação das
sensibilidades das curvas LM e BP, no que diz respeito às suas inclinações (positiva).
Finalmente, de referir que, se o capital for perfeitamente móvel entre os países a
curva BP será horizontal. Esta hipótese é adoptada para facilitar a compreensão do
modelo de Mundell-Fleming. Mobilidade perfeita de capital, significa a possibilidade dos
agentes económicos movimentar rapidamente a quantidade de capital desejada, à custo
muito reduzido, entre países. Nesta hipótese, a taxa de juro interna (i) tenderá a igualar-
se a taxa de juro externa (i*). Na prática, as taxas de juros diferem fruto dos sistemas
fiscais e de riscos cambiais, entre outros factores.
A seguir, é feita a análise das implicações da mobilidade perfeita de capitais em
função dos regimes cambiais.
Regime Cambial Fixo
No regime de câmbios fixo, quando o Banco Central compra divisa paga moeda
nacional, aumentando assim a massa monetária e quando vende moeda estrangeira recebe
em troca moeda nacional, reduzindo a quantidade de moeda (nacional) em circulação na
economia. Dada a elevada mobilidade de capitais, estas compras e vendas de moeda
estrangeira podem ser em quantidade significativa, tornando endógena a massa
monetária, o que inviabiliza o seu controlo pelo Banco Central.
Uma vez que a taxa de câmbio real (R) é fixa e a taxa de juro interna iguala a taxa
de juro externa, pela perfeita mobilidade de capitais, a curva IS será dada pela expressão:
̅̅̅̅ + 𝑎𝑅0 − 𝑏𝑖 ∗
𝐴𝐷
𝑌=
1 − ç(1 − 𝑡) + 𝑚
No que diz respeito ao mercado monetário (curva LM), a quantidade da moeda
será igual àquela que é procurada quando o rendimento é Y0 e a taxa de juro é i*.
M=P(kY0-hi*)

140
Gráfico 18: IMPACTO DA POLÍTICA MONETÁRIA NO REGIME DE CÂMBIO FIXO

Fonte: Elaboração própria.

GRÁFICO 19: IMPACTO DA POLÍTICA EXPANSIONISTA NO REGIME CAMBIAL FIXO

Fonte: Elaboração própria.

Conclui-se que, com a perfeita mobilidade de capital, num regime cambial fixo, a
moeda se torna endógena, pelo que, o Banco Central perde o controlo da oferta de moeda.
Neste caso, a política monetária deixa de ter qualquer efeito sobre o produto ou taxa de
juro. Assim, as únicas políticas que afectarão o rendimento são a Política orçamental e a
política cambial.

141
Regime Cambial Flexível
Como já estudado, em regime de taxas de câmbio flexível o Banco Central não
intervém no mercado cambial, pelo que a taxa de câmbio se ajusta em função da procura
e oferta por forma a equilibrar a BP14. Com a liberdade do Banco Central fixar a massa
monetária que desejar, sendo a taxa de juro interna igual a taxa de juro externa
(considerada exógena), o rendimento é determinado apenas pelo equilíbrio no mercado
monetário (LM), pois, tanto a massa monetária como a taxa de juro são exógenas e estas
variáveis determinam imediatamente o nível de rendimento.
𝑀̅𝑠
𝑀𝑠 + ℎ𝑖 ∗
= 𝑘𝑌 − ℎ𝑖 ⇒ 𝑌0 = 𝑃
𝑃 𝑘
A taxa de câmbio será determinada no mercado de bens e serviços, dado o nível
de rendimento.
̅̅̅̅ + 𝑎𝑅 − 𝑏𝑖
𝐴𝐷 ̅̅̅̅ + 𝑏𝑖 ∗
[1 − ç(1 − 𝑡) + 𝑚]𝑌0 − 𝐴𝐷
𝑌= ⇒ 𝑅0 =
1 − ç(1 − 𝑡) + 𝑚 𝑎
Facilmente se demostra:
̅̅̅̅ + 𝑎𝑅 − 𝑏𝑖⇒𝑌[1 − ç(1 − 𝑡) + 𝑚] − 𝐴𝐷
𝑌[1 − ç(1 − 𝑡) + 𝑚] = 𝐴𝐷 ̅̅̅̅ + 𝑏𝑖 = 𝑎𝑅 ⇒
̅̅̅̅ + 𝑏𝑖
[1 − ç(1 − 𝑡) + 𝑚]𝑌 − 𝐴𝐷
𝑅=
𝑎
GRÁFICO 20: POLÍTICA ORÇAMENTAL EXPANSIONISTA EM REGIME CAMBIAL FLEXÍVEL

Fonte: Elaboração própria.

14
A taxa de câmbio real (R) para o caso varia em função da taxa nominal (e) e não do nível de preços (P e
P* são constantes como hipótese).

142
GRÁFICO 21: IMPACTO MONETÁRIA EXPANSIONISTA EM REGIME DE CÂMBIO FLEXÍVEL

Fonte: Elaboração própria.


Em regime de câmbios flexível com a mobilidade perfeita de capitais, a política
monetária é eficaz, contrariamente a política orçamental. Importa ainda destacar que, os
mecanismos de transmissão da política monetária são diferentes no modelo de economia
sem mobilidade de capital relativamente ao modelo descrito com mobilidade de capital.
Sem a mobilidade de capitais, a massa monetária altera a taxa de juro, afectando o
investimento, enquanto que, com a mobilidade de capitais o efeito da alteração da massa
monetária é sobre a taxa de câmbio e exportações líquidas.
8.4.3. Trindade Impossível
A análise dos regimes da taxa de câmbio leva a uma conclusão simples: não se
pode ter tudo, ou seja, mais precisamente, é impossível um país ter fluxos livres de capital,
uma taxa de câmbio fixa e políticas monetárias independentes. Esse facto, que costuma
ser chamado de trindade impossível, designado também por “Trilema das Finanças
Internacionais”.
A figura nº 7 mostra a impossibilidade de um país adoptar as três opções, e
portanto deve optar por um dos lados desse triângulo, abrindo mão da característica
institucional no ângulo oposto do triângulo.

143
FIGURA 7: TRILEMA DAS FINANÇAS INTERNACIONAIS

Fonte: Elaboração própria.

8.5. Economia Aberta com Preços Flexíveis

Para a análise da economia aberta com preços flexíveis pode-se utilizar o modelo
de Mundell-Fleming, mas adoptando as hipóteses de uma curva de oferta agregada
dinâmica e a formação de expectativas quanto a evolução da taxa de câmbio por parte dos
agentes económicos. Para isso, é necessário o estudo de algumas relações de base
estabelecidas em economia aberta.
8.5.1. Teoria da Paridade do Poder de Compra
A teoria da paridade de poder de compra (PPC) procura explicar a possibilidade
de igualdade dos custos dos bens considerando a taxa de câmbio e os níveis de preços nos
diferentes países.
De acordo com esta teoria, em termos absolutos, um determinado bem deverá
custar o mesmo nos diversos países em que é vendido, pois, as taxas de câmbios ajustar-
se-iam de modo a que os preços expressos nas diferentes moedas nacionais sejam iguais
quando convertidos para uma mesma moeda. Em termos relativos considera que, apesar
de os níveis de preços de determinado bem diferirem de país para país, quando expressos
nas respectivas moedas, as variações percentuais serão iguais, em moeda comum.
πt+1-π*t+1=∆et/et
Dado que, pela definição, a inflação é variação do nível de preços, a taxa de
câmbio real manter-se-ia constante ao longo do tempo.
πt+1= ∆Pt/Pt ; π*t+1=∆ P*t / P*t⇒∆Pt/Pt - ∆ P*t / P*t = ∆et/et
A PPC empiricamente não se verifica em termos absolutos, em termos relativos
não se verifica, no curto prazo, sendo possível verificar-se no longo prazo. Os motivos da
não verificação empírica desta teoria prendem-se com o facto de existirem barreiras na
144
circulação dos bens entre os diversos países e pelo facto de que em regimes cambiais
flexíveis as taxas nominais ajustarem-se mais rapidamente do que os níveis de preços,
gerando flutuações de curto prazo nas taxas de câmbio reais.
8.5.2. Paridade das Taxas de Juros
Com a perfeita mobilidade de capitais como já estudado, verifica-se a igualdade
entre as taxas de juro nacionais e internacionais, sendo indiferente para um investidor
optar em alocar os seus recursos no país ou no exterior. No entanto a rentabilidade de
títulos no exterior depende também da evolução das taxas de câmbios, pelo que, o
equilíbrio entre as taxas de juros incorporará a variação cambial na taxa de juro do
exterior.
it=it*+(eet+1 –et)/et
A expressão acima é conhecida como paridade não coberta das taxas de juros (UIP
do inglês “Uncovered Interest Parity), que considera a expectativa da taxa de câmbio no
período t+1. A expressão decorre do risco cambial não coberto do investimento em
obrigações denominadas em moeda estrangeira. Para eliminar ou cobrir esse risco
cambial é comum recorrer-se ao contrato de futuros (Forward contract) permitindo trocar
moedas no período t+1 a uma taxa de câmbio conhecida, designada por taxa de câmbio
para transações a prazo (Forward exchange rate), no período t. Designando a taxa
forward por F e a taxa de câmbio actual (et) por sport (S), omitindo os índices t, tem-se a
paridade coberta das taxas de juros, pela expressão que segue:
(1+i)=(1+i*)F/S
8.5.3. Preços Flexíveis em Regime de Câmbios Fixos
O modelo AD/AS em regime de câmbio fixo parte do princípio de que a taxa de
câmbio fixada é credível com a garantia da sua manutenção ao longo do tempo, pelo que,
a taxa de câmbio esperada é igual a taxa actual (variação cambial nula) e pela paridade
não coberta das taxas de juros (UIP) a taxa de juro interna será igual a taxa de juro do
exterior.
eet+1=et⇒i=i*
Como já referido, nos tópicos anteriores, a curva da AD é determinada no modelo
IS/LM. No entanto, como em regime de câmbios fixos a massa monetária se torna
endógena, dispensa-se a curva LM na determinação da AD, por conseguinte a expressão
da curva da AD será igual a expressão da curva IS, dada por:
̅̅̅̅ 𝑎𝑒𝑃∗
𝐴𝐷 + 𝑃 − 𝑏𝑖 ∗
𝑌=
1 − ç(1 − 𝑡) + 𝑚
Pela expressão acima descrita, nota-se que a curva AD é negativamente inclinada
(com P denominador)15. Considerando as variáveis internacionais exógenas, o nível de
produção é dependente do nível de preços e vice-versa (resolvendo em função de P).
Aumentos no nível geral de preços (P) induzem uma apreciação da taxa de câmbio real

15
Derivando pela fórmula U/V=(U´V-UV´)/V2

145
(R=eP*/P)16, diminuindo as exportações líquidas (Nx), a procura agregada (AD) e
consequentemente o produto (Y).
𝑎𝑒𝑃∗
𝜕𝑌 1 𝑎𝑒𝑃 ∗ 𝜕𝑌 − 2
= (0 − 2 − 0) ⇒ = 𝑃
𝜕𝑃 1 − ç(1 − 𝑡) + 𝑚 𝑃 𝜕𝑃 1 − ç(1 − 𝑡) + 𝑚
No que diz respeito a curva da oferta agregada (AS), neste modelo, admitindo o
nível de preço esperado no período t é igual ao nível de preços observado em t-1, utiliza-
se a já conhecida expressão abaixo:
P=Pe[1 + 𝜆(𝑌 − 𝑌𝑛)]
Recorda-se que, se a inflação for nula, então o produto será de pleno emprego.
Com as duas expressões acima expostas, pode-se avaliar o impacto das políticas
orçamentais e monetárias. A seguir analisa-se, utilizando gráficos, os efeitos das políticas
orçamental expansionista e monetária expansionista.
GRÁFICO 22: IMPACTO DA POLÍTICA FISCAL EM REGIME DE CÂMBIOS FIXOS COM
PREÇOS FLEXÍVEIS

Fonte: Elaboração própria.

Quanto a política monetária expansionista, tal como já referido anteriormente, a


adopção de câmbios fixos associada a mobilidade perfeita de capitais impossibilita o
controlo monetário. O aumento da massa monetária acarreta imediatamente uma saída de
divisas e portanto, a LM nem chega a deslocar e não produz efeito sobre os níveis de
produto (Y) e de preço (P), nem mesmo no curto prazo.
Em conclusão, a política orçamental numa economia aberta, com a hipótese de
preços flexíveis e regime de câmbio fixo, é capaz de produzir efeitos no curto prazo e não

16
Por outro, em regime de câmbio fixo a depreciação leva o BC a injectar divisas retirando a moeda
nacional que diminui a massa monetária e consequentemente o produto.

146
no longo prazo, quanto a política monetária, é totalmente ineficaz tanto no curto como no
longo prazo.
8.5.4. Preços Flexíveis em Regime de Câmbios Flexíveis
Os efeitos das políticas económicas no modelo de economia aberta com preços
flexíveis e taxa de câmbio flexível dependem de como os agentes económicos formam as
suas expectativas (adaptadas ou racionais).
Expectativas Adaptadas
A previsão da taxa de câmbio futura baseada em expectativas adaptadas considera
que a taxa de câmbio esperada no período t+1 será igual a taxa de câmbio verificada no
período t, pelo que a UIP permite igualar a taxa de juro interna a taxa internacional.
it = it*+(eet+1 –et)/et se eet+1 = et ⇒ i=i*
Numa economia com preços flexíveis, ao contrário da descrita com preços fixos,
o rendimento de equilíbrio não é determinado no mercado monetário, mas sim pela
procura agregada (AD), não obstante depender também da oferta agregada (AS). A
expressão da curva AD coincide com a LM e para obtê-lo basta substituir a taxa de juro
interna pela do exterior (considerada exógena) no mercado monetário17.
ℎ 1 𝑀𝑠
𝑌 = ∗ 𝑖∗ + ∗
𝑘 𝑘 𝑃
A curva AD é decrescente, com aumentos no nível de preços induzirem à redução
da massa monetária e, consequentemente, a diminuição da procura agregada (produto/
rendimento).
Considerando a anterior curva da oferta agregada (AS), partindo de um ponto em
que o produto é de pleno emprego e o nível de preços é estável (inflação nula) pode-se
tirar ilações pela análise gráfica a seguir.

17
Pela liberdade do Banco Central fixar a massa monetária (exógena) que desejar, sendo ainda a taxa de
juro interna igual a taxa de juro externa (considerada exógena), o nível de rendimento é determinado
imediatamente.

147
GRÁFICO 23: IMPACTO DA POLÍTICA MONETÁRIA EM REGIME DE CÂMBIOS FIXO COM
PREÇOS FLEXÍVEIS

Fonte: Elaboração própria.


Conclui-se que, a Paridade de Poder de Compra (PPC) não se verifica a curto
prazo, pois a taxa de câmbio real sofre oscilações no decurso do processo de ajustamentos.
No longo prazo, porém, a PPC é validada na medida em que a taxa de câmbio real (R)
regressa ao seu nível inicial.
Por outro, durante o processo de ajustes, a taxa de câmbio nominal deprecia,
aprecia e no longo prazo atinge o estado inicial, no entanto, durante este período há uma
apreciação real, mesmo que se registe depreciação nominal, esta será relativamente
inferior ao aumento do nível de preços.
Portanto, em síntese, o rendimento voltará sempre ao seu nível de pleno emprego.
O nível de preços varia proporcionalmente a massa monetária, levando a oferta de moeda
real a situação inicial e a taxa de câmbio nominal aumenta (deprecia-se) na mesma
proporção que a oferta nominal da moeda e o nível de preços, levando a taxa de câmbio
real ao seu estado inicial.
YF =Y0 =Yn
MsF/PF = Ms0/P0⇒MsF = M1
eF P*F/PF = e0 P*0 /P0⇒ P*F = P*0
Expectativas Racionais

A hipótese das expectativas adaptadas é sujeita a crítica, ao assumir a igualdade


das taxas de juros interna e internacional que não se verifica empiricamente, por um lado
e por outro, ao não utilizar toda informação disponível na previsão da taxa de câmbio. É
deste modo, que se adopta a hipótese das expectativas racionais para colmatar essa
insuficiência.

148
Com as expectativas racionais, utiliza-se toda informação disponível no período
t, que inclui a estrutura funcional da economia. Segundo essa hipótese, a taxa de câmbio
esperada em t+1 é exactamente igual a taxa a verificar em t+1, a menos que haja
acontecimentos inesperados no período t+1. Esta hipótese é designada também como
hipótese das expectativas coerentes com o modelo.
eet+1=et+1
A hipótese das expectativas racionais não implica necessariamente igualdade
entre as taxas de juros i e i*, pelo que, o mercado monetário deixa de ser suficiente para
determinar a procura agregada (AD). O produto resultará da interação entre os mercados
de bens e serviços (IS) e monetário (LM).
̅̅̅̅ 𝑎𝑒𝑃 ∗ 𝑏 𝑀𝑠
𝐴𝐷 + 𝑃 + ∗ 𝑃
𝑌= ℎ
𝑏𝑘
1 − ç(1 − 𝑡) + 𝑚 +

A expressão acima descrita contém três variáveis endógenas, designadamente o
produto (Y), o nível de preços (P) e a taxa de câmbio nominal (e). Para a resolução deste
modelo é necessária uma terceira equação, precisamente a da paridade não coberta das
taxas de juros (UIP) para além da habitual equação da AS.
Considerando a UIP, as taxas de juros internas e internacionais igualam-se mais
outra vez e os valores das variáveis são iguais aos valores do período inicial.
O ajustamento de salários e preços conduzem a economia em direcção ao pleno
emprego. A taxa de câmbio estabiliza num dado valor eF pelas previsões (racionais) dos
agentes económicos. Considerando o acima referido, tem-se:
eet+1 = et = eF
MsF/PF = Ms0/P0
eF P*F/PF = e0 P*0 /P0
eF = e0 PF/P0 = e0 MsF/Ms0 = e0 Ms1/Ms0

149
8.6. Exercícios Resolvidos

1. Considere as seguintes funções de comportamento agregado dos agentes económicos


para o ano de 2007:
C = 14,24 + 0,7Yd; G = 26,22; Tx = 0,47Y; TR=32,98; I = 31,12 – 49,9i; P = 1,24;
Nx = 50,69 + 5,26R – 0,5Y; P* = 1,02; Md = 0,96.Y – 224,44i; i* = 0,0426.
Sabe-se que a quantidade nominal de moeda detida pelos agentes económicos do sector
não monetário foi de ̅̅̅̅
𝑀𝑠 = 144,02.
a) A Angolândia I é uma pequena economia aberta que é bem representada pelas
funções anteriores. Esta economia encontra-se num regime de câmbios fixos com
o exterior (com e = 1,07 com o mesmo ano base) e existe perfeita liberdade de
circulação de capitais. Se o governo deste país tivesse optado por um consumo
público inferior em 5% ao valor apresentado, quais seriam os efeitos sobre os
valores de equilíbrio do produto, saldo orçamental e saldo da balança de bens e
serviços? Justifique economicamente a sua resposta.
b) A Angolândia II é também uma pequena economia aberta semelhante à anterior.
No entanto, a sua moeda está num regime de câmbios perfeitamente flexíveis e
estão totalmente proibidos os movimentos internacionais de capitais. Qual teria
sido o impacto de uma alteração de política orçamental semelhante à da alínea
anterior sobre as mesmas variáveis? Justifique economicamente a sua resposta.
Resolução:
a) Sabe-se que a Angolândia I adoptou um regime de câmbios fixos (e = 𝑒̅ ) e existe
perfeita mobilidade de capitais (i = i*). Desta forma, o produto de equilíbrio nesta
economia será dado, usando a notação habitual, por:
̅𝑃
𝑎𝑒. ∗
𝐴𝐷+ ̅ −𝑏𝑖 ∗
̅̅̅̅
𝑃
Y= ; onde a procura autónoma é dada por ̅̅̅̅
𝐴𝐷 = 𝐶0 + (𝐼 ̅ + 𝑏𝑖) + 𝐺̅ +
1−ç(1−𝑡)+𝑚
̅̅̅̅ − 𝑇𝑥0 ). Uma alternativa seria calcular o produto de equilíbrio inicial (Y0)
𝑁𝑥0 + ç(𝑇𝑅
com 𝐺̅ = 26,22 e depois o produto de equilíbrio alternativo (Y1) com 𝐺̅ = 26,22*(1 - 0,05)
= 24,91, obtendo a diferença entre os dois produtos como ∆Y = Y1 – Y0.
No entanto, é mais simples utilizar a aproximação de primeira ordem dada pela fórmula
𝜕𝑌
de Taylor para uma alteração na variável exógena 𝐺̅ : ∆Y = ̅
∗ ∆𝐺̅ . O efeito
𝜕𝐺
multiplicador do consumo público sobre o produto de equilíbrio é dado pela seguinte
𝜕𝑌 1
derivada parcial: = 1−ç(1−𝑡)+𝑚. Como conhece-se o valor da propensão marginal a
𝜕𝐺̅
consumir das famílias (ç = 0,7), a taxa marginal de imposto sobre o rendimento primário
dos particulares (t = 0,47) e a propensão marginal a importar dos agentes residentes (m =
0,5), então o multiplicador anterior assume o seguinte valor na Angolândia I:
𝜕𝑌 1 1 1
= = 1−0,7∗(1−0,47) +0,5 = ≈ 0,886. Sabe-se que a diferença entre
𝜕𝐺̅ 1−ç(1−𝑡)+𝑚 1,129
o consumo público hipotético e o realizado é dado por ΔḠ = 24,91 – 26,22 = - 1,31, então
tem-se: ΔY = 0,886*(- 1,31) = - 1,16. Como seria de esperar, um menor consumo público

150
e consequentemente uma menor procura autónoma conduziria a um valor do produto de
equilíbrio mais baixo na Angolândia I.
Nesta economia o valor do saldo orçamental é definido como: SO ≡ Tx – (G + TR).
̅̅̅̅) +
Substituindo as funções de comportamento correspondentes, tem-se: SO = (𝑇𝑥0 - 𝑇𝑅
𝑡𝑌 − 𝐺̅ . Desta forma, o efeito da alteração no consumo público no saldo orçamental,
𝜕𝑆𝑂 𝜕𝑆𝑂
mantendo tudo o resto constante, é dado por: ΔSO = ∗ ∆𝐺̅ = (𝑡 ∗ − 1) ∗ ∆𝐺̅ .
𝜕𝐺̅ 𝜕𝐺̅
Substituindo os valores obtidos anteriormente tem-se então: ΔSO = (0,47*0,886 – 1) * (-
1,31) = 0,77. Apesar da quebra de receitas fiscais (no valor de 0,47*1,16 ≈ 0,55), que
decorreria de um menor produto de equilíbrio, o saldo orçamental melhoraria porque a
redução na despesa pública (no valor de 1,31) seria bastante maior. Finalmente, o saldo
da balança de bens e serviços (ou exportações líquidas de bens e serviços) de equilíbrio
𝑎𝑒̅ ̅𝑃̅̅∗̅
corresponde, neste caso, a: NX = 𝑁𝑥0 + – mY, pelo que o efeito da alteração no
𝑃̅
consumo público apenas se faria sentir neste saldo através do efeito sobre o produto de
𝜕𝑁 𝜕𝑌
equilíbrio, ou seja: ΔNX = 𝑋 ∗ ∆𝐺̅ = −𝑚 ∗ ∗ ∆𝐺̅, sendo aqui este valor dado por:
𝜕𝐺̅ 𝜕𝐺̅
ΔNX = - 0,5*0,886*(-1,31) = 0,58. Com um produto de equilíbrio menor, também as
importações seriam menores, razão pela qual o saldo da balança de bens e serviços
melhoraria.
b) A Angolândia II é muito semelhante à Angolândia I, mas encontra-se num regime
de câmbios flexíveis (e é uma variável endógena que faz com que BP = 0) e não
existe mobilidade de capitais (BF = 0). Como consequência destas duas hipóteses,
a balança de bens e serviços tem sempre um saldo nulo, já que a taxa de câmbio
nominal (e) se ajusta de forma a ter sempre Nx = 0. Desta forma, o produto de
equilíbrio nesta economia será dado, usando a notação habitual, por: Y =
̅̅̅
̅̅̅̅ + 𝑏∗𝑀
𝐴𝐷 ̅
ℎ 𝑃
𝑏𝑘, onde a procura autónoma é dada por ̅̅̅̅
𝐴𝐷 = 𝐶0 + (𝐼 ̅ + 𝑏𝑖) + 𝐺̅ +
1−ç(1−𝑡)+ ℎ
̅̅̅̅ − 𝑇𝑥0 ).
𝑁𝑥0 + ç(𝑇𝑅
Note-se que esta economia se comporta como uma economia fechada, já que temos BF =
NX = 0. Procedendo da mesma forma que na alínea anterior, temos um efeito
𝜕𝑌
multiplicador do consumo público sobre o produto de equilíbrio dado por: =
𝜕𝐺̅
1
𝑏𝑘 . Como conhece-se os valores das sensibilidades das intenções de
1−ç(1−𝑡)+

investimento (b = 49,9) e de procura de liquidez (h = 224,44) em relação à taxa de juro,
bem como a sensibilidade das mesmas intenções de procura de liquidez em relação ao
rendimento (k = 0,96), então o multiplicador anterior assume o seguinte valor na
𝜕𝑌 1 1 1
Angolândia II: 𝜕𝐺̅ = 𝑏𝑘 = 49,9∗0,96 = ≈ 1,187. Tem-se então:
1−ç(1−𝑡)+ 1−0,7∗(1−0,47) + 0,842
ℎ 224,44

ΔY = 1,187* (- 1,31) = - 1,56.


Note-se que esta redução no consumo público na Angolândia II teria um maior efeito (em
𝑘
valor absoluto) sobre o produto de equilíbrio do que na Angolândia I porque b*ℎ < m para
estas economias.

151
Para verificarmos qual seria o efeito sobre o saldo orçamental deste valor diferente para
o consumo público, usando a mesma abordagem que para a alínea anterior, tem-se: ΔSO
= (0,47*1,187- 1)*(-1,31) = 0,58. O efeito da mesma redução do consumo público sobre
o saldo orçamental seria menor na Angolândia II do que na Angolândia I, dado que a
redução do produto seria maior na primeira economia e, em consequência deste facto, a
redução no montante de receitas fiscais também seria maior. Por último, sabe-se que na
Angolândia II a taxa de câmbio nominal (e) ajusta-se de forma a termos sempre Nx = 0,
𝜕𝑁𝑋
pelo que: = 0, assim, o efeito desta diferente política orçamental sobre a balança de
𝜕𝐺̅
bens e serviços seria nulo na Angolândia II: ΔNX = 0*(-1,31) = 0. Este efeito distingue-
se do que acontecia na Angolândia I onde o regime de câmbios fixos permitiria um efeito
positivo da redução do consumo público.
2. A Lusitânia é uma pequena economia aberta que mantém um regime de câmbios fixos
com os seus principais parceiros comerciais. As suas funções de comportamento
macroeconómicas e algumas previsões de variáveis para o ano de 2019 são dadas por:
C = 3,56 + 0,75Yd; G = 27,04 ; I = 16,56 – 60i; TR = 44,52; Tx = 0,47Y; P = 1,278; Nx
= 57,5 + 5,26R – 0,5Y; P* = 1,083; Md = 0,96Y – 224,44i; e = 1,056;Yn = 129,02; i* =
0,015 por ano.
a) Sabendo que, neste momento, estão proibidos os movimentos de capitais com o
̅ ) em 153,4, calcule
exterior e o banco central pretende fixar a massa monetária (𝑀
o produto de equilíbrio. Proponha, quantificando, uma medida de política
económica que permita eliminar o desvio cíclico de 2019. Justifique
economicamente todos os seus cálculos.
b) Calcule o produto de equilíbrio que existiria em 2019 nesta economia se os
movimentos de capitais fossem completamente livres. Apresente, quantificando,
uma medida de política económica que permitisse eliminar o desvio cíclico que
existiria nesta situação e compare-a com a sua proposta da alínea anterior.
Justifique economicamente todos os seus cálculos.
Resolução:
a) Em primeiro lugar podemos concluir, a partir do enunciado, que a economia da
Lusitânia pode ser bem representada por um modelo de Mundell-Fleming, já que
se trata de uma pequena economia aberta onde a curva da oferta agregada de curto
prazo para 2019 é perfeitamente horizontal ao nível P2019 = 1,278. Como estamos
numa situação de câmbios fixos e ausência de liberdade de circulação de capitais,
̅𝑃
𝑎𝑒 𝑏 𝑀∗ ̅̅̅
̅̅̅̅
𝐴𝐷+ 𝑃 ̅ + ℎ∗ 𝑃̅
a forma reduzida para o produto de equilíbrio é dada por: Y = 𝑏𝑘,
1−ç(1−𝑡)+𝑚+ ℎ
onde a procura autónoma é dada por 𝐴𝐷̅̅̅̅ = 𝐶0 + (𝐼 ̅ + 𝑏𝑖) + 𝐺̅ + 𝑁𝑥0 + ç(𝑇𝑅
̅̅̅̅ −
𝑇𝑥0 ).
Substituindo estes valores na forma reduzida obtém-se:
1,056∗1,083 60 153,4
[3,56+16,56+27,04+57,5+0,75(44,52−0)]+5,26∗ + 224,44∗1,278
1,278
Y= 60∗0,96 ⇒
1−0,75(1−0,47)+0,5+
224,44

152
𝑌 = 128,64.
Estima-se então que desvio cíclico para 2019 seja de Y2019 – Yn = 128,64 – 129,02 = -
0,38, ou seja, estima-se que o PIB de 2019 da Lusitânia esteja 0,3% abaixo do seu
potencial. Para eliminar este desvio cíclico do produto existem potencialmente três
alternativas de políticas disponíveis (ou combinações destas): - a política orçamental (que
vamos supor ser apenas de manipulação do consumo público); - a política monetária; - a
política cambial, já que estamos num regime de câmbios fixos.
Política orçamental:
Em primeiro lugar calcula-se o multiplicador do consumo público, como sendo:
𝜕𝑌 1 1
= 𝑏𝑘 = 60∗0,96 = 0,736. Usando a fórmula de Taylor de
𝜕𝐺̅ 1−ç(1−𝑡)+𝑚+ 1−0,75(1−0,47)+0,5+
ℎ 224,44
𝜕𝑌
primeira ordem para este tipo de política, tem-se: ∆Y = ∗ ∆𝐺̅ . Dado que pretende-se
𝜕𝐺̅
eliminar o desvio cíclico do produto, então deseja-se obter ΔY = 129,02 – 128,64 = 0,38,
pelo que 0,38 = 0,73*∆Ḡ ⇒ ∆Ḡ = 0,51, ou seja, seria necessário que o consumo público
fosse superior em 1,9% (𝐺1 = 𝐺0 + ∆𝐺 ⇒ 𝐺1 = 27,04 + 0,51 = 27,55
𝐺1 −𝐺0 27,55−27,04 0,51
⇒ = = 27,04 = 0,019 ≈ 1,9%) ao valor inicialmente programado.
𝐺0 27,04

Política monetária:
Calcula-se agora o multiplicador da massa monetária, como sendo:
𝑏 60
𝜕𝑌 ℎ𝑃̅ 224,44∗1,278
̅
= 𝑏𝑘 = 60∗0,96 = 0,154. Usando a
𝜕𝑀 1−ç(1−𝑡)+𝑚+ ℎ 1−0,75(1−0,47)+0,5+ 224,44
𝜕𝑌
̅;
fórmula de Taylor de primeira ordem para este tipo de política, tem-se: ∆Y = ̅ ∗ ∆𝑀 𝜕𝑀
̅ ⇒ ∆𝑀
pelo que, 0,38 = 0,154.∆𝑀 ̅ = 2,45, ou seja, seria necessário que a massa monetária
fosse superior em 1,6% (𝑀 ̅̅̅̅1 = ̅̅̅̅
𝑀0 + ∆𝑀 ̅ ⇒ ̅̅̅̅
𝑀1 = 153,4 + 2,45 ⇒ ̅̅̅̅ 𝑀1 = 155,85 ⇒
̅̅̅̅
𝑀1 −𝑀 ̅̅̅̅
0 155,85−153,4
̅̅̅̅
= = 0,016 ≈ 1,6%) ao valor inicialmente programado. Dado que esta
𝑀0 153,4
política corresponde a um deslocamento da curva LM para a direita, ao contrário das
restantes duas que implicam um deslocamento da curva IS para a direita, é necessário
verificar se esta política monetária é compatível com uma taxa de juro nominal positiva.
Sendo o novo valor da massa monetária dado por ̅̅̅̅ ̅ + ∆𝑀
𝑀´ = 𝑀 ̅ = 153,4 + 2,45 = 155,85
de forma a conduzir a um produto de equilíbrio de Y2019´ = Y2019 + ∆Y = 128,64 + 0,38
= 129,02. Sendo assim, a nova taxa de juro nominal de equilíbrio será:
1 ̅̅̅̅
𝑀´ 1 155,85
i´ = ℎ (𝑘𝑌´ − ) = (0,96 ∗ 129,02 − ) = 0,009/ano, ou seja, uma taxa de
𝑃̅ 224,44 1,278
juro nominal muito pequena, mas ainda assim positiva.
Política cambial:
Finalmente, calcula-se o multiplicador do índice de taxa de câmbio nominal como sendo:

153
̅∗
𝑎𝑃 1,083
𝜕𝑌 ̅
5,26∗
𝑃 1,278
= 𝑏𝑘 = 60∗0,96 = 3,28. Usando a fórmula de Taylor de
𝜕𝑒̅ 1−ç(1−𝑡)+𝑚+ 1−0,75(1−0,47)+0,5+
ℎ 224,44
𝜕𝑌
primeira ordem para este tipo de política, tem-se: ∆Y = ∗ ∆𝑒̅, pelo que, 0,38 =
𝜕𝑒̅
3,28*∆𝑒̅ ⇒∆𝑒̅ = 0,115, ou seja, seria necessário que o índice de taxa de câmbio nominal
fosse superior em 10,9% (𝑒̅1 = 𝑒̅0 + ∆𝑒̅ ⇒ 𝑒̅1 = 1,056 + 0,115 ⇒ 𝑒̅1 = 1,171 ⇒
̅̅̅−𝑒
𝑒 1 ̅̅̅
0 1,171−1,056
̅̅̅
= = 0,109 ≈ 10,9%) ao valor inicialmente programado, isto é, seria
𝑒 0 1,056
necessária uma desvalorização da moeda nacional.
b) Se a Lusitânia liberalizasse completamente os seus movimentos internacionais de
capitais, teríamos uma forma reduzida para o produto de equilíbrio dada por:
̅.𝑃
𝑎𝑒 ∗
̅̅̅̅
𝐴𝐷+ 𝑃 ∗
̅ − 𝑏𝑖
Y = . Substituindo os valores na forma reduzida, obtem-se o valor
1−ç(1−𝑡)+𝑚
alternativo para o PIB que existiria na Lusitânia em 2019 nesta situação hipotética:
1,056 ∗ 1,083
[3,56 + 16,56 + 27,04 + 57,5 + 0,75(44,52 − 0)] + 5,26 ∗ − 60 ∗ 0,015
1,278
𝑌=
1 − 0,75(1 − 0,47) + 0,5
⇒ 𝑌 = 128,67.
Estimar-se-ia então que, desvio cíclico para 2019 fosse de Y2019 – Yn = 128,67 – 129,02
= -0,35, ou seja, estimar-se-ia que o PIB de 2019 da Lusitânia estivesse 0,27% abaixo do
seu potencial. Para eliminar este desvio cíclico do produto existem apenas duas das três
alternativas de políticas disponíveis anteriormente estudadas, dado que a massa monetária
se torna endógena numa economia aberta em câmbios fixos e com plena liberdade de
circulação de capitais, retirando qualquer eficácia à política monetária.
Política orçamental:
Em primeiro lugar vamos calcular o multiplicador do consumo público como sendo:
𝜕𝑌 1 1
= 1−ç(1−𝑡)+𝑚 = = 0,91, Usando a fórmula de Taylor de primeira
𝜕𝐺̅ 1−0,75(1−0,47)+0,5
𝜕𝑌
ordem para este tipo de política, tem-se: ∆Y = 𝜕𝐺̅ ∗ ∆𝐺̅ . Dado que pretende-se atenuar o
desvio cíclico do produto, então deseja-se obter ∆Y = 129,02 – 128,67 ⇒∆Y = 0,35, pelo
que 0,35 = 0,91∆Ḡ ⇒ ∆Ḡ = 0,39, ou seja, seria necessário que o consumo público fosse
superior em 1,4% ao valor inicialmente programado.
Note-se que, o esforço orçamental exigido é menor que na alínea anterior porque a
eficácia da política orçamental, medida pelo multiplicador do consumo público, seria
maior neste caso. Isto deve-se ao facto da perfeita mobilidade de capitais eliminar o
crowding-out já que a taxa de juro interna se mantém igual à internacional. Note-se que
o produto de equilíbrio também está ligeiramente mais próximo do potencial o que
contribui apenas marginalmente para este menor esforço exigido.
Política cambial:
Finalmente, calcula-se o multiplicador do índice de taxa de câmbio nominal como sendo:

154
𝑃∗ 1,083
𝜕𝑌 𝑎∗ ̅ 5,26∗
𝑃 1,278
= = = 4,04. Usando a fórmula de Taylor de primeira
𝜕𝑒̅ 1−ç(1−𝑡)+𝑚 1−0,75(1−0,47)+0,5
𝜕𝑌
ordem para este tipo de política tem-se: ∆Y = ∗ ∆𝑒̅ , pelo que, 0,35 = 4,04.∆𝑒̅ ⇒ ∆𝑒̅ =
𝜕𝑒̅
0,087, ou seja, seria necessário que o índice de taxa de câmbio nominal fosse superior
em 8,3% ao valor inicialmente programado, isto é, seria necessária uma desvalorização
da moeda nacional.
Note-se que, a desvalorização exigida é menor que na alínea anterior porque a eficácia da
política cambial, medida pelo multiplicador do índice de taxa de câmbio nominal, seria
maior neste caso. Também aqui a ausência de aumento na taxa de juro interna contribui
para uma eficácia acrescida desta política. Vê-se que, o produto de equilíbrio também está
ligeiramente mais próximo do potencial o que contribui apenas marginalmente para este
menor esforço exigido.
3. Uma economia em regime de câmbios fixos e onde existe perfeita mobilidade de
capitais é descrita pelas seguintes equações (unidades monetárias):
C = 210 + 0,8Yd – 400i; Tx = 20%; G = 150; I = 160 – 800i; Ms = 1200; P = 3; P*= 6; X
– M = 120 – 0,2Y – 110e ; BF = 1800i – 200; Md = 3Y – 4500i; e = 1,8 (taxa de câmbio
nominal).
Determina a expressão da Curva BP?
Resolução:
Neste caso, deve-se calcular primeiro a taxa de câmbio real (R) (ao certo). Assim vem:
𝑒𝑃∗ 3∗1,8
R= = ⇒ R = 0,9. A curva BP representa as combinações de produto e taxa de
𝑃 6
juro que equilibram a balança de pagamentos não monetária: BP = BC + BF = 0 ⇒ BP =
120 – 0,2Y – 110*0,9 + 1800i – 200 = 0 ⇒ 21 – 0,2Y + 1800i – 200 = 0 ⇒ 0,2Y = 1800i
– 179. Agora determina-se o produto e a taxa de juro de equilíbrio.
O equilíbrio surge quando a despesa é igual ao produto (curva IS), assim, vem:
Y = C + G + I + X – M ⇒ Y = 210 + 0,8(Y –Tx +TR) - 400i + 150 + 160 – 800i + 21 –
0,2Y⇒ Y = 210 + 0,8(Y –0,2Y +0) - 400i + 150 + 160 – 800i + 21 – 0,2Y ⇒Y = 210 +
0,8(1-0,2)Y - 400i + 150 + 160 – 800i + 21 – 0,2Y ⇒Y = 541 + 0,44Y – 1200i ⇒Y –
0,44Y=541 – 1200i ⇒ 0,56Y=541-1200i.
No regime cambial de câmbios fixos, o equilíbrio obtém-se pela intersecção das curvas
IS e BP, assim, tem-se:
0,2𝑌 = 1800𝑖 − 179 𝑌 = 9000𝑖 − 895 𝑌 = 608
{ ⇒{ ⇒{
0,56𝑌 = 541 − 1200𝑖 𝑌 = 966 − 2142,85𝑖 𝑖 = 0,167
Portanto a taxa de juro interna é de 16,7%.
4. Uma determinada economia pequena, em regime de câmbios flexíveis, é descrita
pelas seguintes equações (unidade monetária):

155
C = 50 + 0,8Yd; I = 45 – 150i; Tx = 0,25Y; G = 50; Nx = BC = 60 – 150R; Ms = 600;
𝑃 𝑃 1
taxa de câmbio real (R´) ao incerto R´ = 𝑃∗ ∗ 𝑒´; Md = 1,5Y – 300i; 𝑃∗ = ; i* = 6%. Há
2
uma perfeita mobilidade de capitais.
a) Determine os valores de equilíbrio do rendimento, da taxa de juro e da taxa de
câmbio nominal.
b) Quais os reflexos do aumento da taxa de juro externa para 8%?
Resolução:
a) Numa economia aberta com perfeita mobilidade de capitais, o equilíbrio no
mercado cambial pressupõe que i = i* = 6%.
𝐴𝐷+𝑎𝑅´−𝑏𝑖 ∗
̅̅̅̅ 205−150𝑅´ −150∗0,06
Y= ⇒Y= ⇒ 0,4Y = 196 – 150R´ (IS)
1−𝑏(1−𝑡)+𝑚 1−0,8(1−0,25)+0
̅̅̅̅ = 𝐶0 − ç𝑇̅𝑥 + ç𝑇𝑅
Nota que, 𝐴𝐷 ̅𝑥 + 𝐺̅ ⇒ 𝐴𝐷
̅̅̅̅ + 𝐼 ̅ + 𝑁 ̅̅̅̅ = 50 + 0 + 0 + 45 + 60 + 50 =
205.
A curva LM será:
𝑀 1 ̅
𝑀 𝑘 1 600 1,5
Md = ⇒ i = - ℎ ∗ 𝑃̅ + ℎ ∗ 𝑌 ⇒ i = - ∗ + 300 ∗ 𝑌 ⇒ 1,5Y – 300i = 600. Se i =
𝑃 300 1
6%, tem-se: 1,5Y – 300i = 600 ⇒ 1,5Y – 300*0,06 = 600 ⇒ Y = 415. Substituindo na
curva IS, obtemos a taxa de câmbio real ao certo, assim vem: 0,4Y = 196 – 150R´ ⇒
0,4*412 = 196 – 150R´ ⇒ R´ = 0,208.
Cálculo da taxa de câmbio nominal:
i. Pelo incerto:
𝑃 1
R´ = 𝑃∗ ∗ 𝑒´ ⇒ 0,208 = 2 ∗ 𝑒´ ⇒ e´ = 0,416.

ii. Pelo certo:


𝑃∗ 1 2 1
R= ∗ 𝑒 ⇒ 0,208 = ∗ 𝑒 ⇒ 𝑒 = 2,4. Nota que, R = 𝑅´.
𝑃 1

b) Aumentando a taxa de juro externa para 8%, tem-se:


Curva LM: 1,5Y – 300i = 600 ⇒ 1,5Y – 300*0,08 = 600 ⇒ Y = 416. A subida da taxa de
juro tem impacto na Balança corrente. Tem-se de determinar o novo de equilíbrio da taxa
de câmbio real. Substituindo Y = 416 na curva IS, vem: 0,4Y = 196 – 150R´ ⇒ 0,4*416
= 196 – 150R´ ⇒ R´ = 0,201. O novo saldo da Balança corrente, será:
Para R´ = 0,208: BC = 60 – 150*0,208 ⇒ BC = 28,8.
Para R´= 0,201: BC = 60 – 150*0,201 ⇒ BC = 29,8.
Graficamente, vem:

156
5. Certa economia é descrita pelas seguintes equações:
𝑒𝑃∗
C = 0,8Yd; Tx = 0,2Y; I = 20 – 80i; Nx = 32R – 0,28Y – 4; R = ; Md = 0,18Y – 40i;
𝑃
P = P* = 1. Não há mobilidade de capitais, a taxa de câmbio é fixa e inicialmente tem-se
G = 20, M = 16 e e = 1.
a) Obtenha o rendimento, a taxa de juro de equilíbrio e o saldo da balança corrente.
b) Calcule os efeitos de uma desvalorização de 20% sobre o rendimento, taxa de juro
e saldo da balança corrente.
c) Repita as alíneas anteriores admitindo perfeita mobilidade de capitais e que a taxa
de juro internacional é de 0,05. Calcule a variação na massa monetária.
Resolução:
a) É fundamental começarmos por obter a forma reduzida do modelo. Assim vem:
Curva IS:
̅𝑥 + 𝑎𝑅 − 𝑚𝑌 ⇒Y = ç(Y – Tx+TR) + Ḡ
Y = C + G + I + Nx ⇒Y = çYd + Ḡ + Ī – bi + 𝑁
𝑎𝑒𝑃 ∗
̅𝑥 +
+ Ī – bi + 𝑁 ̅ 𝑥 + 𝑎𝑒 − 𝑚𝑌⇒
− 𝑚𝑌⇒Y = ç(Y –Tx- tY +TR) + Ḡ + Ī – bi + 𝑁
𝑃
̅̅̅̅-𝑇𝑥0 )+Ḡ+ Ī + 𝑁
[1 – ç(1 – t) + 𝑚]Y = ç(𝑇𝑅 ̅ 𝑥 + 𝑎𝑒 − 𝑏𝑖⇒
̅̅̅̅−𝑇𝑥0 )+𝐺̅ + 𝐼+
ç(𝑇𝑅 ̅ 𝑁
̅ 𝑥+𝑎𝑒−𝑏𝑖
Y=
1−ç(1−𝑡)+𝑚
Curva LM:
𝑀̅ 𝑘 1 ̅
𝑀
Md = M/P ⇒ kY – hi = ⇒i= ∗𝑌− ∗ . Da intercepção da IS e da LM sai o
𝑃̅ ℎ ℎ 𝑃̅
rendimento de equilíbrio:
̅̅̅
̅̅̅̅ −𝑇𝑥0 )+𝐺̅ + 𝐼 +
ç(𝑇𝑅 ̅ 𝑥+𝑎𝑒+ 𝑏∗𝑀
̅ 𝑁
ℎ 𝑃 ̅
Y = . Por substituição dos parâmetros e das variáveis
1−ç(1−𝑡)+𝑚
exógenas na equação anterior pelos seus valores obtém-se Y = 100. Da LM, obtem-se
então i = 0,05.
Nx = 32R – 0,28Y – 4 ⇒ Nx = 32*1 – 0,28*100 – 4 ⇒Nx = 0.

157
b) Como os preços internos e externos são fixos, a desvalorização de 20% torna os
nossos produtos mais baratos relativamente aos produtos oriundos do estrangeiro.
Assim, para cada nível de rendimento as exportações líquidas aumentam: ∆Nx =
32∆𝑒 ⇒ΔNx = 32*0,2 ⇒ΔNx = 6,4. O aumento das exportações líquidas desloca
a IS de IS0 para IS1 (vê-se que um aumento de 𝑒, dada a taxa de juro, aumenta Y,
o que implica que o produto e a taxa de juro aumentem. O aumento do produto
induz um aumento de importações, pelo que, o aumento das exportações líquidas
será inferior a 6,4, que seria o aumento que aconteceria se o produto permanecesse
constante.
O multiplicador da taxa de câmbio será:
𝜕𝑌 𝑎 𝜕𝑌 𝜕𝑌
= 𝑘 , ou seja, = 32. Então ∆Y = ∗ ∆𝑒 = 32*0,2 = 6,4. Então ∆i =
𝜕𝑒 [1−ç(1−𝑡)+𝑚+𝑏∗ 𝜕𝑒 𝜕𝑒

0,0045∆Y ⇒Δi = 0,0045*6,4 ⇒Δi = 0,0288. Da função de exportações líquidas resulta
∆NX = 32∆R – 0,28∆Y = 32*0,2 – 0,28*6,4 = 4,608.

c) A perfeita mobilidade de capitais obriga a que a taxa de juro interna seja igual à
taxa de juro extena. Como na alínea a se obteve uma taxa de juro de 0,05, e a taxa
de juro internacional é também 0,05, então a introdução da hipótese de perfeita
mobilidade de capitais não altera os valores de equilíbrio obtidos na alínea a. No
entanto, na alínea b, na ausência de movimentos de capitais, a desvalorização fez
aumentar a taxa em 0,0288, pelo que, os valores de equilíbrio obtidos na alínea b,
e que representamos no gráfico abaixo por 𝐸0´ , sob perfeita mobilidade de capitais,
já não são de equilíbrio. Em 𝐸0´ a taxa de juro interna é superior à taxa de juro
internacional. Logo dão-se entradas de capitais o que significa que no mercado
cambial aumenta a oferta e diminui a procura de moeda estrangeira. Para evitar a
apreciação da moeda nacional a que este desequilíbrio entre procura e oferta da
moeda estrangeira, levaria o banco central intervir no mercado cambial,
adquirindo moeda estrangeira que paga com moeda nacional. Assim, a base
monetária e consequentemente a massa monetária aumentam; a taxa de juro
diminui e o produto aumenta em consequência. O equilíbrio só é de novo atingido

158
quando a taxa de juro interna for de novo 0,05. Graficamente isto traduz-se numa
deslocação da LM de LM0 para LM1.
Como a taxa de juro é a mesma nos dois pontos de equilíbrio, o aumento do produto pode
ser obtido a partir da curva IS:
𝜕𝑌 𝑎
∆Y = ∗ ∆𝑒 = ∗ 0,2 = 50 ∗ 0,2 = 10. ∆Nx = 32∆𝑒 − 0,28∆𝑌 ⇒ 𝑁𝑥 =
𝜕𝑒 1−ç(1−𝑡)+𝑚
32 ∗ 0,2 − 0,28 ∗ 10 ⇒ 𝑁𝑥 = 3,6. O aumento da massa monetária é igual ao aumento da
procura de moeda: ∆M = ∆Md ⇒ΔM= 0,18∆Y - 40∆i ⇒ΔM=0,18*10 – 40*0⇒ ΔM =
1,8.

6. A economia A é descrita pelas seguintes equações:


C = 0,8Yd; Yd = Y – Tx; Tx = 0,15Y; G = 12; I = 22 – 25i; Nx = 32R – 0,32Y; R =
𝑒𝑃∗ /𝑃; 𝑒 = 𝑃 = 𝑃∗ = 1; Md = 0,18Y – 18,75i; Ms = 16,5.
A economia B distingue-se da economia A apenas na função de exportações líquidas, que
Nx = 8R – 0,08Y. Em nenhuma das economias existe mobilidade de capitais.
a) Determine o rendimento, a taxa de juro de equilíbrio, e o saldo da balança corrente
em cada uma das economias.
b) Em cada uma das economias, o Estado aumenta os gastos públicos em 2 unidades
monetárias e os bancos centrais seguem uma política monetária acomodatícia de
forma a manter constantes as respectivas taxas de juro. Determine para cada um
dos países os efeitos destas políticas sobre o produto e sobre a balança corrente.
Compare a evolução nos dois países e explique eventuais diferenças.
c) Quantifique as políticas monetárias da alínea anterior.
d) Calcule os efeitos sobre o produto e taxa de câmbio das políticas da alínea b num
regime de taxas de câmbio flexíveis. Compare os resultados com os obtidos na
alínea b e justifique as diferenças encontradas.
Resolução:
a) Os parâmetros e variáveis que diferem entre as duas economias são assinalados
pelos índices A e B.

159
Economia A
Curva IS: Y = C + G + I + Nx⇒Y = çYd + Ḡ + Ī – bi + 𝑎𝐴 𝑅 − 𝑚𝐴 𝑌⇒
𝑎𝐴 𝑒𝑃 ∗
Y = ç(Y – Tx +TR) + Ḡ + Ī – bi + ̅̅̅̅) + Ḡ + Ī – bi +
− 𝑚𝐴 𝑌⇒Y = ç(Y -𝑇𝑥0 – tY +𝑇𝑅
𝑃
𝑎𝐴 𝑒 − 𝑚𝐴 Y⇒
̅̅̅̅ − 𝑇𝑥0 ) + Ḡ + Ī + 𝑎𝐴 𝑒 − 𝑏𝑖⇒
[1 – ç(1 – t) + 𝑚𝐴 ]𝑌 = ç(𝑇𝑅
̅̅̅̅−𝑇𝑥0 )+𝐺̅ + 𝐼+
ç(𝑇𝑅 ̅ 𝑎𝐴 𝑒−𝑏𝑖
Y=
1−ç(1−𝑡)+ 𝑚𝐴
𝑀̅ 𝑘 1 𝑀̅
Curva LM: Md = M/P ⇒ kY – hi = ⇒ i = ℎ𝑌 −ℎ ∗
𝑃̅ 𝑃̅

Da intercepção da IS e da LM, resulta o rendimento de equilíbrio:


̅̅̅
ç(𝑇𝑅 ̅ 𝑎𝐴 𝑒+ 𝑏∗𝑀
̅̅̅̅−𝑇𝑥0 )+𝐺̅ + 𝐼+ ̅
ℎ 𝑃
Y= 𝑏𝑘 . Substituindo os valores, obtém: Y = 100 e i = 0,08.
1−ç(1−𝑡)+ 𝑚𝐴 + ℎ

Nx = 32R – 0,32Y = 32*1 – 0,32*100 = 0.


Economia B (apenas a função de exportações líquidas é diferente).
̅̅̅̅ +𝑇𝑥0 )+𝐺̅ + 𝐼+
ç(𝑇𝑅 ̅ 𝑎𝐵 𝑒−𝑏𝑖
Curva IS: Y =
1−ç(1−𝑡)+ 𝑚𝐵
A curva LM é igual à da economia A. Então a forma reduzida para o rendimento de
̅̅̅
ç(𝑇𝑅 ̅ 𝑎𝐵 𝑒+ 𝑏∗𝑀
̅̅̅̅−𝑇𝑥0 )+𝐺̅ + 𝐼+ ̅
ℎ 𝑃
equilíbrio é: Y = 𝑏𝑘
1−ç(1−𝑡)+ 𝑚𝐵 +

Da substituição das variáveis e parâmetros pelos seus valores resulta também Y = 100 e
i = 0,08 e NX = 0.
b) O aumento dos gastos públicos aumenta a procura, pelo que a IS se desloca para
a direita. Para manterem as taxas de juro, os bancos centrais terão de aumentar a
oferta de moeda, já que a procura aumenta com o aumento do produto se a taxa
de juro ficar constante. Assim, a LM desloca-se igualmente para a direita.
Como a taxa de juro se mantém, o aumento do produto é igual ao deslocamento horizontal
da IS (multiplicador dos gastos públicos x acréscimo desses gastos):
Economia A
̅̅̅̅−𝑇𝑥0 )+𝐺̅ + 𝐼+
ç(𝑇𝑅 ̅ 𝑎𝐴 𝑒−𝑏𝑖
Da equação Y = , obtém-se o multiplicador simples dos
1−ç(1−𝑡)+ 𝑚𝐴
𝜕𝑌 1
gastos públicos: 𝛼𝐴 = = = 1, 5625. Então, ∆Y = 𝛼𝐴 ∗ ∆𝐺 ⇒
𝜕𝐺 1−ç(1−𝑡)+𝑚𝐴

𝛥𝑌 = 1,5625 ∗ 2 ⇒ 𝛥𝑌 = 3,125; ∆Nx = - 𝑚𝐴 ∗ ∆𝑌 ⇒ 𝑁𝑥 = −0,32 ∗ 3,125 ⇒


𝛥𝑁𝑥 = −1.

160
Economia B
̅̅̅̅−𝑇𝑥0 )+𝐺̅ + 𝐼+
ç(𝑇𝑅 ̅ 𝑎𝐵 𝑒−𝑏𝑖
Da equação Y = , obtém-se o multiplicador simples dos
1−ç(1−𝑡)+ 𝑚𝐵
𝜕𝑌 1
gastos públicos: 𝛼𝐵 = = = 2,5. Então, ∆Y = 𝛼𝐵 ∗ ∆𝐺 = 2,5 ∗ 2 ⇒
𝜕𝐺 1−ç(1−𝑡)+𝑚𝐵
𝛥𝑌 = 5; ∆Nx = - 𝑚𝐵 ∗ ∆𝑌 ⇒ 𝛥𝑁𝑥 = −0,08 ∗ 5 ⇒ 𝛥𝑁𝑥 = −0,4.
Na economia A o produto aumenta menos e o saldo da balança de bens e serviços diminui
mais do que na economia B. isto resulta da maior propensão a importar da economia A:
à medida que o rendimento aumenta, uma grande parte deste aumento (32% contra apenas
8% na economia B) gera uma procura por bens importados e não de bens produzidos
internamente. Daí as importações aumentarem muito e o produto aumenta pouco.

c) Como já se disse, a oferta de moeda tem que aumentar:


Economia A: com a taxa de juro constante, ∆Md = 𝑘∆𝑌 ⇒ 𝛥𝑀𝑑 = 0,18 ∗ 3,125 =
0,5625; então ∆M = 0,5625.
Economia B: com a taxa de juro constante, ∆Md = 𝑘∆𝑌 ⇒ 𝛥𝑀𝑑 = 0,18 ∗ 5 = 0,9; então
∆M = 0,9.
d) Com câmbios flexíveis a balança de pagamentos está sempre equilibrada. Como
neste caso não há mobilidade de capitais, a balança de pagamentos coincide com
a balança corrente, pelo que, desta é igualmente nulo. Os valores de equilíbrio
obtidos na alínea a são igualmente de equilíbrio num regime de câmbios flexíveis,
uma vez que a balança de bens e serviços se encontrava equilibrada. O aumento
do produto provocado pelo aumento dos gastos e da moeda acarreta, no entanto,
um aumento das importações, gerando um défice na balança corrente, pelo que, a
moeda se deprecia, fazendo aumentar as exportações líquidas. Então a IS volta a
deslocar-se para direita e a curva Nx desloca-se igualmente para a direita, de
forma a que as exportações líquidas sejam nulas no novo ponto de equilíbrio. O
produto aumenta, portanto, mais do que num regime de câmbios fixos.

161
Curva IS:
Se é sempre Nx = 0, então:
Y = C + G + I + NX ⇒Y= C + G + I⇒Y = çYd + Ḡ + Ī – bi⇒
̅̅̅̅) + Ḡ + Ī – bi⇒[1 – ç(1 – t)]Y =
Y = ç(Y – Tx+TR) + Ḡ + Ī – bi⇒ Y = ç(Y-𝑇𝑥0 – tY+𝑇𝑅
̅̅̅̅ − 𝑇𝑥0 ) +Ḡ + Ī – bi ⇒
ç(𝑇𝑅
̅̅̅̅−𝑇𝑥0 )+𝐺̅ + 𝐼−
ç(𝑇𝑅 ̅ 𝑏𝑖
Y= .
1−ç(1−𝑡)
Esta curva IS é válida para ambas as economias, já que a única diferença entre elas reside
na função das exportações líquidas e estas, num regime de câmbios flexíveis, são nulas.
𝜕𝑌 1
O multiplicador dos gastos do Estado é, então: 𝛼𝐴 = = = 3,125. Então, ∆Y
𝜕𝐺 1−ç(1−𝑡)
= 𝛼𝐴 ∗ ∆𝐺 = 3,125 ∗ 2 = 6,25.
Economia A:
0,32𝑌
NX = 32R – 0,32Y = 0 ⇒ 32R = 0,32Y⇒R= ⇒ 𝑅 = 0,01𝑌; ∆R = 0,01∆Y ⇒ΔR=
32
0,01*6,25 ⇒ΔR= 0,0625.
Economia B:
0,08𝑌
NX = 8R – 0,08Y = 0 ⇒32R= 0,08Y⇒R = ⇒ 𝑅 = 0,01Y; ∆R = 0,01∆Y ⇒ΔR=
8
0,01*6,25 ⇒ΔR= 0,0625.
7. O funcionamento de uma economia é descrito pelas seguintes equações:
5
C = 𝑌𝑑 ; Yd = Y + TR – Tx; Tx = 0,2Y; I = 21 – 50i; Md = 0,2Y – 45i;
6
100 𝑌
Nx = ∗ 𝑅 − ; P = P* = 1.
3 3
No ano passado verificou-se ainda que TR = 7; G = 11,5; Ms = 15,5 e i* = 0,1.

162
a) Num regime de câmbios fixos, com 𝑒 = 1, e sem qualquer mobilidade de capitais,
calcule o rendimento de equilíbrio, a taxa de juro e as exportações líquidas do ano
passado.
b) Neste ano verificou-se um aumento dos gastos do Estado de 2 unidades
monetárias. Calcule o efeito deste aumento sobre o rendimento, taxa de juro e
exportações líquidas.
c) Calcule o efeito sobre as mesmas variáveis de um aumento da massa monetária
de 1,5 unidades monetária.
d) Admita agora que os câmbios são flexíveis e que continua a não haver mobilidade
de capitais. Obtenha o rendimento, a taxa de juro e a taxa de câmbio de equilíbrio
do ano passado. Calcule o efeito sobre aquelas variáveis das políticas das alíneas
b e c.
e) Repita a alínea anterior admitindo perfeita mobilidade de capitias e câmbios fixos.
f) Repita a alínea d admitindo perfeita mobilidade de capitais e câmbios flexíveis.
Resolução:
a) Curva IS:
Y = C + G + I +Nx⇒Y = çYd + Ḡ + Ī − 𝑏𝑖 + 𝑎𝑅 − 𝑚𝑌⇒
Y = ç(Y – Tx + TR) + Ḡ + Ī − 𝑏𝑖 + 𝑎𝑒𝑃∗ /𝑃 − 𝑚𝑌⇒
̅̅̅̅) + Ḡ + Ī − 𝑏𝑖 + 𝑎𝑒 − 𝑚𝑌⇒
Y = ç(Y- 𝑇𝑥0 – tY + 𝑇𝑅
̅̅̅̅−ç𝑇𝑥0 + 𝐺̅ + 𝐼+
ç𝑇𝑅 ̅ 𝑎𝑒−𝑏𝑖
̅̅̅̅ − ç𝑇𝑥0 + 𝐺̅ + 𝐼 ̅ + 𝑎𝑒 − 𝑏𝑖⇒Y =
[1 – ç(1 – t) + 𝑚]𝑌 = ç𝑇𝑅 .
1−ç(1−𝑡)+𝑚
Curva LM:
𝑀̅ 𝑘 1 ̅
𝑀
Md = Ms/P ⇒ kY – hi = ⇒i=ℎ∗𝑌− ∗ 𝑃̅ .
𝑃̅ ℎ

Da interação da IS e da LM resulta a forma reduzida para o rendimento do equilibrado:


̅̅̅
ç𝑇𝑅 ̅ 𝑎𝑒+ 𝑏∗𝑀
̅̅̅̅−ç𝑇𝑥0 + 𝐺̅ + 𝐼 + ̅
ℎ 𝑃
Y= 𝑏𝑘 , substituindo os parâmetros e variáveis exógenas em
1−ç(1−𝑡)+𝑚+ ℎ
𝑘 1 𝑀 ̅
Y, pelos seus valores resulta Y = 100. Substituindo os parâmetros em i = ∗ 𝑌 − ∗ ̅ , ℎ ℎ 𝑃
0,2 15,5 100 𝑌 100 100
obtém-se: i = ∗ 100 − = 0,1. Nx = ∗ 𝑅− ⇒ 𝑁𝑥 = ∗1− ⇒
45 45∗1 3 3 3 3
𝑁𝑥 = 0.
b) O aumento dos gastos do Estado aumenta a procura, o que se traduz graficamente
numa deslocação da curva IS para a direita. O rendimento aumenta e a taxa de
juro aumenta também para que se mantenha o equilíbrio no mercado monetário.
O aumento do rendimento provoca um aumento das importações, pelo que a
balança de bens e serviços se torna deficitária.
Quantificando estas variações, vem:

163
̅̅̅
ç𝑇𝑅 ̅ 𝑎𝑒+ 𝑏∗𝑀
̅̅̅̅−ç𝑇𝑥0 𝐺̅ + 𝐼 + ̅
ℎ 𝑃
Da equação Y = 𝑏𝑘 , obtém-se o multiplicador dos gastos
1−ç(1−𝑡)+𝑚+

públicos, tem-se:
𝜕𝑌 1
= 𝑏𝑘 = 1,125, então ∆Y = 1,12∆G ⇒ΔY= 1,125*2 ⇒ΔY= 2,25, e,
𝜕𝐺 1−ç(1−𝑡)+𝑚+

𝑘 1 ̅
𝑀 𝑘 1
utilizando a equação i = ℎ ∗ 𝑌 − ∗ 𝑃̅ , obtém-se: ∆𝑖 = ∗ ∆𝑌 − ℎ ∗ ∆𝑀 ⇒
ℎ ℎ

0,2 1 0,2 1
𝛥𝑖 = ∗ ∆𝑌 − ∗ ∆𝑀 ⇒ 𝛥𝑖 = ∗ 1,875 − ∗ 1,5 ⇒ 𝛥𝑖 = −0,025.
45 45 45 45
∆𝑌
Da função de exportações líquidas sai ∆𝑁𝑥 = − = - 0,625.
3

c) O aumento da massa monetária faz deslocar a curva LM para a direita. A taxa de


juro baixa, o investimento sobe, e consequentemente o rendimento sobe também.
As exportações líquidas descem, tal como no caso anterior, devido ao aumento do
rendimento.
̅̅̅
ç𝑇𝑅 ̅ 𝑎𝑒+ 𝑏∗𝑀
̅̅̅̅−ç𝑇𝑥0 + 𝐺̅ + 𝐼 + ̅
ℎ 𝑃
O multiplicador monetário calcula-se a partir de Y = 𝑏𝑘 :
1−ç(1−𝑡)+𝑚+ ℎ
𝜕𝑌 𝑏/ℎ
= 𝑏𝑘 = 1,25, então ∆Y = 1,25∆M ⇒ΔY= 1,25*1,5 ⇒ΔY= 1,875.
𝜕𝑀 1−ç(1−𝑡)+𝑚+

𝑘 1 ̅
𝑀 𝑘 1 𝑀̅ 0,2 1
De i = ℎ ∗ 𝑌 − ∗ 𝑃̅ , resulta que: i = ℎ ∗ 𝑌 − ∗ ⇒Δi= ∆𝑌 − ∆𝑀 ⇒
ℎ ℎ 𝑃̅ 45 45

0,2 1
𝛥𝑖 = ∗ 1,875 − ∗ 1,5 ⇒ 𝛥𝑖 = −0,025.
45 45
Da função de exportações líquidas sai, ∆Nx = - ∆Y/3 = - 0,625.

164
d) Num regime de câmbios flexíveis, para além das condições de equilíbrio exigidas
em câmbios fixos, isto é, equilíbrio no mercado de bens e serviços e no mercado
monetário, exige-se também que a taxa de câmbio seja tal que a balança de
pagamentos esteja equilibrada. Neste caso, esta balança coincide com a balança
de bens e serviços. Na alínea a, com R = e = 1, obteve-se Y = 100 e NX = 0. Então
estes valores da taxa de câmbio e do rendimento são valores de equilíbrio num
regime de câmbios flexíveis. Então a taxa de juro de equilíbrio inicial será 0,1,
também como na alínea a. Contudo, os valores do rendimento e da taxa de juro
obtidos nas alíneas b e c representados nos gráficos anteriores por E1 e no gráfico
a seguir por 𝐸0´ , após a expansão orçamental e monetária, respectivamente, já não
são de equilíbrio, uma vez que as exportações líquidas ficaram negativas em
consequências do aumento do rendimento provocado pelas polícias
expansionistas. O défice na balança de pagamentos faz a moeda depreciar-se até
que as exportações líquidas sejam de novo nulas. Este aumento das exportações
líquidas constitui um aumento da procura dirigida aos produtos internos, o que
significa que a curva IS se desloca para a direita. O produto e a taxa de juro
aumentam em consequência.
Para quantificar estas variações é necessário calcular os multiplicadores do regime de
câmbios flexíveis.
𝑚
Como Nx = 𝑎𝑅 − 𝑚𝑌 = 0 ⇒ 𝑎𝑅 − 𝑚𝑌 = 0 ⇒ 𝑎𝑅 = 𝑚𝑌 ⇒ 𝑅 = ∗ 𝑌.
𝑎
̅̅̅
𝑚 ç𝑇𝑅 ̅ 𝑎𝑒+ 𝑏∗𝑀
̅̅̅̅ −ç𝑇𝑥0 + 𝐺̅ + 𝐼 +
̅
ℎ 𝑃
Logo R = 𝑒 = ∗ 𝑌, substituindo e em Y = 𝑏𝑘 , obtém-se:
𝑎 1−ç(1−𝑡)+𝑚+

̅̅̅ ̅̅̅ ̅̅̅
ç𝑇𝑅 ̅ 𝑎𝑒+ 𝑏∗𝑀
̅̅̅̅ −𝑇𝑥0 + 𝐺̅ + 𝐼 + ̅ 𝑎𝑚∗𝑌+ 𝑏∗𝑀
̅̅̅̅ −ç𝑇𝑥0 + 𝐺̅ + 𝐼 +
ç𝑇𝑅 ̅ 𝑚𝑌+ 𝑏∗𝑀
̅̅̅̅ −ç𝑇𝑥0 + 𝐺̅ + 𝐼+
ç𝑇𝑅
̅
ℎ 𝑃 𝑎 ̅
ℎ 𝑃 ̅ℎ 𝑃
Y = 𝑏𝑘 ⇒Y= 𝑏𝑘 ⇒Y= 𝑏𝑘
1−ç(1−𝑡)+𝑚+ 1−ç(1−𝑡)+𝑚+ 1−ç(1−𝑡)+𝑚+
ℎ ℎ ℎ
𝑏𝑘 𝑏 𝑀̅
⇒Y[1 − ç(1 − 𝑡) + 𝑚 + ̅̅̅̅ − ç𝑇𝑥0 + 𝐺̅ + 𝐼 ̅ +
] − 𝑚𝑌 = ç𝑇𝑅 ∗ ⇒
ℎ ℎ 𝑃̅

165
̅̅̅
̅ 𝑏∗𝑀
̅̅̅̅ −ç𝑇𝑥0 + 𝐺̅ + 𝐼 +
ç𝑇𝑅 ̅
ℎ 𝑃
Y= 𝑏𝑘 , ou seja, a forma reduzida para o rendimento em câmbios
1−ç(1−𝑡)+

flexíveis, que é igual à que se obtém em economia fechada. Substituindo em
̅̅̅
̅ 𝑏∗𝑀
̅̅̅̅ −ç𝑇𝑥0 + 𝐺̅ + 𝐼 +
ç𝑇𝑅 ̅ℎ 𝑃
Y = 𝑏𝑘 os parâmetros e as variáveis exógenas pelos seus valores,
1−ç(1−𝑡)+

confirma-se que Y=100 é o valor de equilíbrio do rendimento. Por substituição de Y por
𝑚
100 em R = 𝑒 = 𝑎 ∗ 𝑌, confirma-se que o valor de equilíbrio da taxa de câmbio é 1, ou
seja, R = 1.
Efeito da expansão orçamental
O multiplicador dos gastos do Estado obtém-se derivando a equação
̅̅̅
̅ 𝑏∗𝑀
̅̅̅̅ −ç𝑇𝑥0 + 𝐺̅ + 𝐼+
ç𝑇𝑅 ̅ ℎ 𝑃
Y= 𝑏𝑘 em função de G, assim vem:
1−ç(1−𝑡)+

𝜕𝑌 1
= = 1,8, então ∆Y = 1,8∆G ⇒ΔY= 1,8*2 ⇒ΔY= 3,6. Substituindo na
𝜕𝐺 1−ç(1−𝑡)+𝑏𝑘/ℎ
𝑘 1 ̅
𝑀 𝑘 0,2 0,2
equação i = ∗𝑌− ∗ , obtém-se: Δi = ∆𝑌 ⇒ 𝛥𝑖 = ∗ ∆𝑌 ⇒ 𝛥𝑖 = ∗ 3,6 ⇒
ℎ ℎ 𝑃̅ ℎ 45 45
𝛥𝑖 = 0,016.
𝑚 𝑚
De R = 𝑒 = ∗ 𝑌, resulta ΔR = ∆𝑌 ⇒ 𝛥𝑅 = 0,01 ∗ 3,6 ⇒ 𝛥𝑅 = 0,036.
𝑎 𝑎

Efeito da expansão monetária


̅̅̅
̅ 𝑏∗𝑀
̅̅̅̅ −ç𝑇𝑥0 + 𝐺̅ + 𝐼 +
ç𝑇𝑅 ̅
ℎ 𝑃
O multiplicador monetário é dado pela derivada da equação Y = 𝑏𝑘 em
1−ç(1−𝑡)+

função de M, assim vem:
𝜕𝑌 𝑏/ℎ
= = 2, então ΔY = 2∆M ⇒ΔY= 2*1,5 ⇒ΔY= 3. Substituindo na
𝜕𝑀 1−ç(1−𝑡)+𝑏𝑘/ℎ
𝑘 1 ̅
𝑀 𝑘 1 0,2 1
equação i = ℎ ∗ 𝑌 − ℎ
∗ 𝑃̅ , obtém-se: Δi = ℎ ∆𝑌 − ℎ
∆𝑀 ⇒ 𝛥𝑖 = 45
∆𝑌 − 45
∆𝑀 ⇒
0,2 1
𝛥𝑖 = ∗3− ∗ 1,5 ⇒ 𝛥𝑖 = −0,02.
45 45
𝑚 𝜕𝑅
De R = 𝑒 = ∗ 𝑌, resulta ΔR = 𝜕𝑌 ∗ ∆𝑌 ⇒ 𝛥𝑅 = 0,01* 3 ⇒ΔR= 0,03.
𝑎

166
e) A perfeita mobilidade de capitais exige que, em equilíbrio, a taxa de juro interna
seja igual à taxa de juro externa. Como a taxa de juro interna inicial obtida com
câmbios fixos e sem mobilidade de capitais (alínea a) é 0,1, igual à taxa de juro
internacional, os valores de equilíbrio iniciais do rendimento e das exportações
líquidas continuam a ser de equilíbrio com perfeita mobilidade de capitais.
Após as expansões orçamental e monetária, a taxa de juro interna ficou diferente da taxa
de juro internacional, pelo que os valores obtidos para o rendimento na alínea b e c,
respectivamente após a expansão orçamental e após a expansão monetária, com perfeita
mobilidade de capitais, não são de equilíbrio.
Efeito da expansão orçamental
No gráfico a seguir, o ponto 𝐸0´ é o ponto de equilíbrio que se obteve na alínea b
(representado por E1 no gráfico dessa alínea) em que não havia mobilidade de capitais,
após a expansão orçamental. Com perfeita mobilidade de capitais, a taxa de juro interna
é superior à internacional, atrai quantidades enormes de capitais, criando um excesso de
oferta de moeda estrangeira. Para manter a taxa de câmbio fixo, o banco central tem que
comprar essa moeda estrangeira, pagando-a com a moeda nacional, pelo que a massa
monetária aumenta. Em consequência, a curva LM desloca-se para a direita, a taxa de
juro diminui e o produto aumenta.
Como a taxa de juro de equilíbrio não varia e os câmbios são fixos, o multiplicador dos
gastos públicos obtém-se directamente da curva IS do regime de câmbios fixos, a partir
̅̅̅̅ −ç𝑇𝑥0 + 𝐺̅ + 𝐼 +
ç𝑇𝑅 ̅ 𝑎𝑒−𝑏𝑖
da equação Y = , assim vem:
1−ç(1−𝑡)+𝑚

𝜕𝑌 1
= = 1,5, então ∆Y = 1,5∆G ⇒ΔG= 1,5*2 ⇒ΔG= 3. O equilíbrio no
𝜕𝐺 1−ç(1−𝑡)+𝑚
mercado monetário exige que seja ∆M = ∆Md = k∆Y - h∆i ⇒ΔM= 0,2*3 – 45*0 ⇒

167
ΔM= 0,6.
∆Nx = 𝑚∆Y ⇒ΔNx= - ∆Y/3 = - 1.

Efeito da expansão monetária


No ponto 𝐸0´ , em que a economia se encontra após a expansão monetária (representado
por E1 no gráfico da alínea c), a taxa de juro interna é inferior à taxa de juro internacional,
pelo que, se verifica uma saída de capitais para o exterior. A massa monetária contrai-se,
fazendo subir a taxa de juro. Este processo continua até que a taxa de juro e a massa
monetária atinjam o valor inicial. Graficamente isto traduz-se num regresso da LM à sua
posição inicial. Assim, o produto não sofre qualquer variação em relação ao valor inicial.
O saldo da balança de bens e serviços permanece nulo. Note-se, no entanto, que a balança
de capitais registou um défice de 1,5 unidades monetárias, montantes em que a massa
monetária aumentou inicialmente.

168
f) Tal como no caso dos câmbios fixos, no regime de câmbios flexíveis a introdução
da hipótese de perfeita mobilidade de capitais não afecta o equilíbrio inicial, já
que inicialmente a taxa de juro interna era igual à taxa de juro internacional. A
introdução da hipótese da perfeita mobilidade de capitais afecta, no entanto, os
equilíbrios obtidos na alínea d, após as expansões orçamental e monetária, já que,
após estas políticas expansionistas, a taxa de juro variou deixando de ser igual à
taxa de juro internacional.
Efeito da expansão orçamental
O ponto 𝐸0´ (E1 no gráfico da alínea d) é o ponto de equilíbrio após a expansão orçamental
quando não há mobilidade de capitais. Havendo perfeita mobilidade de capitais, contudo,
a taxa de juro interna é superior à internacional, atrai capitais do exterior, gerando um
excesso de oferta de moeda estrangeira. Como num regime de câmbios flexíveis o banco
central não intervém no mercado cambial, o excesso de oferta de moeda estrangeira
provoca uma apreciação da moeda nacional, o que faz diminuir as exportações líquidas
e, consequentemente, o produto e a taxa de juro. Graficamente isto traduz-se numa
deslocação da IS em direcção à posição inicial. Isto acontece até que a taxa de juro interna
seja de novo igual à taxa de juro internacional, o que só acontece quando a IS regressar à
sua posição inicial. No fim do ajustamento, o produto é igual ao que era inicialmente.

Calculando agora a variação das exportações líquidas e a apreciação da moeda, vem: O


valor de equilíbrio da taxa de câmbio obtém-se através da curva IS, usando a equação
̅̅̅̅ −ç𝑇𝑥0 + 𝐺̅ + 𝐼 +
ç𝑇𝑅 ̅ 𝑎𝑒−𝑏𝑖 ̅̅̅̅ +ç𝑇𝑥0 − 𝐺̅ −𝐼 +
[1−ç(1−𝑡)+𝑚]𝑌−ç𝑇𝑅 ̅ 𝑏𝑖
Y= ⇒𝑒 = ⇒
1−ç(1−𝑡)+𝑚 𝑎
̅ 𝑏𝑖 ∗
̅̅̅̅+ç𝑇𝑥0 − 𝐺̅ − 𝐼 +
[1−ç(1−𝑡)+𝑚]𝑌−ç𝑇𝑅
𝑒= 𝑎
. Então:
𝜕𝑒 𝜕𝑒 1−ç(1−𝑡)+𝑚 1
∆𝑅 = ∆𝑒 = ∆𝑌 + ∆𝐺 = ∆𝑌 − ∆𝐺 ⇒ 𝛥𝑅 = 0,02 ∗ 0 − 0,03 ∗ 2 ⇒
𝜕𝑌 𝜕𝐺 𝑎 𝑎
𝛥𝑅 = −0,06.
100 0
∆𝑁𝑥 = 𝑎∆𝑅 − 𝑚∆𝑌 ⇒ 𝛥𝑁𝑥 = .(-0,06) - 3 = - 2. Como já sabíamos que nada variava
3
além dos gastos do Estado e das exportações líquidas, poderíamos ter já concluído que
∆Nx = - ∆G = - 2; doutro modo o produto variaria. Então a variação da taxa de câmbio
poderia ser calculada através da função de exportações líquidas:
100 𝑌
Como Nx = 𝑅 − 3, então, R = 0,03Nx + 0,01Y ⇒ ∆R = 0,03∆NX + 0,01∆Y ⇒
3

169
ΔR= 0,03*(-2) + 0,01*0 ⇒ΔR= - 0,06.
Efeito da expansão monetária
O ponto 𝐸0´ (E1 no gráfico da alínea d) é o ponto de equilíbrio após a expansão monetária
quando não há mobilidade de capitais. Havendo perfeita mobilidade de capitais, contudo,
a taxa de juro interna inferior à internacional, provoca uma tentativa de saída de capitais
para o exterior, gerando um excesso de procura de moeda estrangeira. Como no regime
de câmbios flexíveis o banco central não intervém no mercado cambial, o excesso de
procura de moeda estrangeira provoca uma depreciação da moeda nacional, o que faz
aumentar as exportações líquidas e, consequentemente, o produto e a taxa de juro.
Graficamente isto traduz-se numa deslocação da IS para a direita. Isto acontece até que a
taxa de juro interna seja de novo igual à taxa de juro internacional, o que só acontece
quando o ponto E1 for atingido.

Como a taxa de juro, em equilíbrio, é sempre igual à taxa de juro internacional e a massa
monetária, ao contrário do que acontece com câmbios fixos, em que o banco central tem
de intervir no mercado cambial para manter a taxa de câmbio, o produto é determinado
pela curva LM.
𝑘 1 ̅
𝑀 ℎ 1 𝑀̅
A Curva LM, é dada pela equação i = ℎ ∗ 𝑌 − ∗ ⇒Y = 𝑘 ∗ 𝑖 − ∗ , então,
ℎ 𝑃̅ 𝑘 𝑃̅
1 ̅̅̅̅+ç𝑇𝑥0 − 𝐺̅ −𝐼 +
[1−ç(1−𝑡)+𝑚]𝑌−ç𝑇𝑅 ̅ 𝑏𝑖
∆Y = 𝑘 ∆𝑀 ⇒ 𝛥𝑌 = 5 ∗ 1,5 = 7,5. Pela equação 𝑒 = ⇒
𝑎
̅ 𝑏𝑖 ∗
̅̅̅̅+ç𝑇𝑥0 − 𝐺̅ − 𝐼 +
[1−ç(1−𝑡)+𝑚]𝑌−ç𝑇𝑅
𝑒= , resulta que:
𝑎
1−ç(1−𝑡)+𝑚 1
∆𝑅 = ∆𝑒 = ∗ ∆𝑌 − ∗ ∆𝐺 ⇒ 𝛥𝑅 = 0,02 ∗ 75 − 0,03 ∗ 0 = −0,06.
𝑎 𝑎
100 7,5
∆Nx = 𝑎∆𝑅 − 𝑚∆𝑌 ⇒ 𝛥𝑁𝑥 = ∗ 0,15 − ⇒ 𝛥𝑅 = 2,5.
3 3

8. Em regime de câmbios flexíveis com perfeita mobilidade de capital e expectativas


racionais quanto à taxa de câmbio, considere uma economia cujas curvas IS, LM e
AS são dadas pelas seguintes equações:
𝑒𝑃 ∗ 𝑀
IS: Y = 25 + 500 − 125𝑖; LM: = 0,5𝑌 − 750𝑖; AS: 𝑃𝑡 = 𝑃𝑡−1 [1 + 𝜆(𝑌𝑡−1 − 𝑌𝑛 ) ]
𝑃 𝑃

O produto potencial é igual a 1000 unidade monetária, P* = 1, e a taxa de juro


internacional é de 0,2. No período -1 tem-se e = 1, M = 100, P =1 e Y = 500. No período
0, o banco central decide aumentar M, de forma inesperada e permanente, em 30%.

170
a) Partindo da paridade não coberta das taxas de juro (UIP- do inglês uncovered
interest partity), obtenha uma expressão que permita determinar 𝑒0 com base na
expectativa 𝑒1𝑒 .
b) Admitindo que o equilíbrio de longo é atingido no período 1, determine 𝑒1 e 𝑃1 .
c) Utilizando os resultados das duas alíneas anteriores, calcule e, Y e i no período 0.
d) Por que razão se tem 𝑒0 ≠ 𝑒1 ? Interprete à luz do equilíbrio no mercado
monetário.
e) Qual o valor de 𝜆 que é consistente com a hipótese feita na alínea b?
Resolução:
a) A UIP (paridade não coberta das taxas de juro) é escrita da forma:
𝑒1𝑒 − 𝑒0
𝑖0 = 0,2 + , relacionando, tal como pretendido, 𝑒0 com 𝑒1𝑒 . Porém, para que
𝑒0
possamos determinar 𝑒0 com base na expectativa 𝑒1𝑒 é necessário eliminar as restantes
variáveis endógenas- neste caso, 𝑖0 . Tal consegue-se utilizando as restantes equações do
modelo.
Começa-se por notar, observando a expressão da AS, que o nível de preços num certo
período é determinado única e exclusivamente por variáveis referentes ao período
anterior. Quer isto dizer que P é conhecido à partida, ou, graficamente, que a curva de
oferta agregada de curto prazo é horizontal. Com preços fixos no curto prazo, a resolução
do modelo vem consideravelmente simplificada, na medida em que as restantes variáveis
são determinadas sem ser necessário recorrer à curva AS.
No caso concreto do período 0, a expressão da AS e a informação relativa ao período t-1
permite concluir que 𝑃0 = 1. Uma vez que P* é constante ao nível unitário, e que
𝑀𝑠0 = 130, as curvas IS e LM, vêm, respectivamente:
IS: 𝑌0 = 25 + 500𝑒0 − 125𝑖0 e LM: 130 = 0,5𝑌0 − 750𝑖0 . Resolvendo a LM em ordem
à taxa de juro, e eliminando em seguida 𝑌0 com recurso à IS, pode-se escrever:
0,5(25+500𝑒0 −125𝑖0 )−130 250𝑒0 −117,5
𝑖0 = ⇒ 𝑖0 = . Inserindo este resultado na UIP,
750 812,5
obtemos, tal como pretendido, uma expressão que permite calcular 𝑒0 com base num valor
para 𝑒1𝑒 :
250𝑒0 −117,5 𝑒1𝑒 − 𝑒0
= 0,2 + ⇒ 𝑒02 + 2,13𝑒0 − 3,25𝑒1𝑒 = 0. Chega-se assim a um
812,5 𝑒0
resultado que típico dos modelos com expectativas racionais: as variáveis no presente
(𝑒0 ) dependem das expectativas quanto às variáveis no futuro (𝑒1𝑒 ), reflectindo o facto de
os agentes económicos tomarem decisões hoje com base no que esperam que venha
amanhã a acontecer.
b) Como sabe-se, o equilíbrio de longo prazo caracteriza-se pelo regresso aos níveis
de Y, M/P e eP*/P prevalecentes antes da expressão monetária. Uma vez que M
cresceu 30%, P também o fará, e portanto 𝑃1 = 1,3. Por seu turno, o retorno da
taxa de câmbio real ao nível do período t-1 (nível esse igual à unidade) exige que
𝑒1 = 1,3.

171
c) A hipótese de que o equilíbrio de longo prazo se atinge no período 1 fornece aos
agentes económicos uma base para a formação de expectativas relativas a
variáveis desse mesmo período. Pressupondo expectativas racionais, os agentes
sabem que o novo equilíbrio de longo prazo e será igual a 1,3; decorre desse
conhecimento, por conseguinte, que 𝑒1𝑒 = 1,3.
Utilizando agora a equação de 2º grau (rejeitando, obviamente, a raiz negativa
𝑒0 = −3,38) a que se chegou na alínea a, vem 𝑒0 = 1,25. Da UIP decorre que 𝑖0 = 0,24.
Inserindo estes dois valores na curva IS (ou alternativa, recorrendo à curva LM), obtém-
se 𝑌0 = 620.
d) Vêm por que razão a taxa de câmbio nominal não assume no período 0 o seu novo
valor de longo prazo. Se 𝑒0 = 1,3 a paridade não coberta das taxas de juro
implicaria 𝑖0 = 0,2. Face a tais valores das taxas de câmbio e de juro, o equilíbrio
no mercado do produto exigiria 𝑌0 = 650. Facilmente se conclui, porém, que
estes resultados nos conduziriam a uma situação de excesso de procura no
130
mercado monetário: 1 < 0,5 ∗ 650 − 750 ∗ 0,2.

O equilíbrio deste mercado exige portanto uma redução da procura de moeda, conseguida
através de um menor valor para Y e de uma taxa de juro mais elevada. Pela UIP, uma
taxa de juro interna superior à internacional implica necessariamente uma expectativa de
depreciação. Logo, 𝑒0 tem de ser inferior a 1,3 – para que ocorre efectivamente uma
depreciação na passagem do equilíbrio de curto prazo (período 0) ao de longo prazo
(período 1).
Este exercício ilustra que o overshooting não é consequência inevitável de uma expansão
monetária sob expectativas racionais. No caso presente temos, pelo contrário, uma
situação de undershooting (subajustamento): a taxa de câmbio de curto prazo fica aquém
do valor de longo prazo.
e) A curva AS implica que: 𝑃1 = 𝑃0 [1 + 𝜆(𝑌0 − 𝑌𝑛 )], ou seja que,
1,3 = 1 + 𝛌(620 – 500). Conclui-se portanto que, o valor de 𝛌 que é coerente com
a hipótese de o equilíbrio de longo prazo ser atingido no período 1 é de 0,0025.

172
IX. CRESCIMENTO ECONÓMICO
As teorias do crescimento económico concentram-se na discussão de estratégias
de longo prazo, analisando as medidas que devem ser adoptadas, para um crescimento
económico equilibrado e sustentável.
Essas teorias têm como foco os determinantes da oferta agregada (AS) ou
produção agregada de longo prazo e supõe-se que, os recursos estejam plenamente
empregados, analisando o comportamento do produto potencial da economia.
9.1. Crescimento vs Desenvolvimento

Crescimento e desenvolvimento económico são dois conceitos diferentes mas


complementares. Crescimento económico é o aumento contínuo da renda per capita ao
longo do tempo. O desenvolvimento económico é um conceito mais qualitativo, incluindo
as alterações da composição do produto e a alocação dos recursos pelos diferentes
sectores da economia, de forma a melhorar os indicadores de bem-estar económico e
social (pobreza, desemprego, desigualdade, condições de saúde, nutrição, educação e
habitação, etc).
9.2. Fontes de Crescimento Económico

Com base na função de produção agregada, pode-se analisar as fontes de


crescimento económico. O crescimento da produção e do rendimento resulta de variações
na quantidade e na qualidade de dois factores de produção fundamentais: capital (K) e
força de trabalho (L), especialmente a força de trabalho empregada (N).
Y= f(K, N)
Assim, as fontes de crescimento económico são:
i. Aumento na força de trabalho (quantidade de mão-de-obra), derivado do
crescimento demográfico e da imigração;
ii. Aumento do stock de capital, ou da capacidade produtiva;
iii. Melhoria na qualidade da mão-de-obra, por meio de programas de educação,
treinamento e especialização;
iv. Melhoria tecnológica, que aumenta a eficiência na utilização do stock de capital;
v. Eficiência organizacional, ou seja, eficiência na forma como os factores de
produção interagem.
Nesta abordagem, enfatiza-se apenas os factores económicos estratégicos que
explicam o crescimento, pois, o desenvolvimento é um fenómeno global da sociedade,
que atinge toda a estrutura social, política e económica.

173
9.3. Modelos de Crescimento Económico

Desde o século XVIII, com os clássicos, que a economia procura explicar as


causas do crescimento económico, isto é, os factores determinantes na criação da riqueza
material, quantificada em produto ou rendimento.
Como já foi referido, as fontes de crescimento acima enumeradas para efeitos de
modelagem resumem-se em dois factores fundamentais (capital e trabalho).
A seguir apresenta-se, entre outros, os modelos que procuram explicar os
determinantes do crescimento económico.
9.3.1. Modelo de Harrod-Domar
Harrod e Domar partiram da teoria Keynesiana do multiplicador e formalmente o
modelo é apresentado matematicamente tornando-o mais simples.
Considerando as condições de equilíbrio:
Y= C+I e Y= C+S⇒S=I
O modelo simples de determinação de rendimento já estudado permitem exprimir
a poupança como função do produto.
Pelo lado da procura e definindo o investimento como variação de stock de capital,
tem-se:
Y=C+I e I=∆K⇒Y=C+∆K
Do lado da oferta deriva-se a poupança como função do produto e determina-se o
rácio capital/produto, que é o inverso da produtividade marginal de capital (rácio
produto/capital).
Y=C+S⇒S=Y-C; C=C0+çY⇒S=Y-C0-çY⇒S=-C0+(1-ç)Y; ∆S/∆Y=1- ç ; 1- ç = s,
considerando C0=0⇒S=sY
Por outro o nível de rendimento varia com o nível do stock de capital, através do
coeficiente K/Y=k, resultando em Y=K/k ou K=kY (formulação de HD). Como Δ𝐾 =
𝐼 ⇒ ∆K = 𝑘Δ𝑌 e sendo S=I⇒ 𝑆 = 𝑘Δ𝑌.
𝚫𝒀 𝒔
Considerando que S=sY tem-se 𝑠𝑌 = 𝑘Δ𝑌 e finalmente =𝒌
𝒀
Em conclusão, este modelo tem os seguintes pressupostos básicos:
i. O crescimento económico, entre os períodos t e t+1, é determinado pelo aumento
𝑌.𝑠 Δ𝐾 1
líquido na formação do capital (Δ𝑌 = ⇒ Δ𝑌 = com 𝛼 = 𝑘 );
𝑘 𝛼
ii. Os investimentos líquidos são limitados pelo nível de poupança que por sua vez
depende do rendimento através da PmgS; e
iii. A produtividade marginal do capital é constante, facto que torna o modelo menos
realista, pois a hipótese do acelerador constante sobre tudo em períodos de grande
desenvolvimento tecnológico, não corresponde à realidade do desenvolvimento
económico.

174
9.3.2. Modelo de Robert Solow

Como resposta a insuficiência do modelo de Harrod-Domar que considera


constante a produtividade de capital, o modelo de Solow baseia-se na substituição
contínua dos factores de produção (capital, trabalho), sendo o produto marginal (Pmg) de
cada factor variável.
Com a hipótese de rendimentos constantes de escala (α+β=1), uma duplicação dos
factores de produção resulta na duplicação do produto, permitindo esta propriedade
incorporar uma constante (𝜆=1/N) na função neoclássica de produção.
𝜆Y= f(𝜆K, 𝜆N)
Definindo todas as variáveis por factor trabalho, tem-se:
𝑌 𝐾 𝐶 𝑆 𝐼
𝑦= ;𝑘 = ;𝑐 = ;𝑠 = ;𝑖 =
𝑁 𝑁 𝑁 𝑁 𝑁
Das relações acima definidas obtém-se uma nova função de produção expressa
por unidade de trabalho empregue.
𝜆=1/N e 𝜆Y=f(𝜆K,𝜆N)⇒Y/N=f(K/L,N/N)⇒Y/N=f(K/N,1)⇒y=f(K/N,e)⇒y=f(k,e)
A função que determina o equilíbrio do estado estacionário deriva das relações
entre o consumo e poupança (por trabalhador).
Sendo y = c + i e y = c + s; c = y - s e conhecendo a função S=sY transformando-
a por trabalhador (para obter a propensão marginal a poupar por trabalhador “σ”),
teremos:
C = y – σy ⇒ c = (1- σ)y
y=c+i⇒i=y-c⇒i=y-(1-σ)y⇒i=y-y+σy⇒i=σy

O investimento só aumenta quando a variação do stock de capital excede a


depreciação (investimento líquido). Deste facto resulta as seguintes relações:
∆k = i - δk onde δ é a depreciação.
Substituindo o investimento por trabalhador pelo produto da propensão marginal a poupar e
produto, tem-se:
∆k = i - δK; i = σy ⇒ ∆k = σy - δk; y = f(k)⇒ ∆k = σf(k) - δk. Se Δk=0⇒ σf(k)= δk = k*.
Equilíbrio de Crescimento de Solow

Da equação anterior, se a poupança e, por isso, o investimento σf(k) for maior que
a depreciação δk então, o stock de capital por trabalhador (k) aumenta. Por outro se o
investimento for inferior a depreciação então, o stock de capital por trabalhador decresce.
O stock de capital (k) tenderá para o ponto de equilíbrio (k*, y*) em que todas as
variáveis do modelo crescerão a taxas constantes e y* = f(k*) representará o “estado
estacionário”.
Portanto, o modelo de Solow mostra que: se i) a função de produção tem
rendimentos constantes à escala, ii) rendimentos decrescentes para um factor variável, e
iii) parâmetros σ e δ constantes, então a longo prazo o rácio capital-trabalho tem um nível
k* e o rendimento percapita y*. Neste equilíbrio em estado estacionário a taxa de
crescimento tanto de k como de y é nulo.

175
GRÁFICO 24-EQUILÍBRIO NO ESTADO ESTACIONÁRIO

Fonte: Elaboração Própria

Em síntese, segundo o modelo, conclui-se que:


i) A Economia evului para um equilíbrio estável do estado estacionário;
ii) No equilíbrio não existirá aumentos do produto nem do stock de capital;
iii) Na mudança de um estado estacionário para outro, ocorre crescimento de
produto percapita e stock percapita, a médio prazo; e
iv) Só há crescimento a médio prazo mas este não ocorre permanentemente.
Impacto do Crescimento da População no Modelo de Solow
Uma das insuficiências do modelo de Solow reside na incapacidade de explicar o
crescimento económico de longo prazo. O crescimento do produto percapita depende do
crescimento de capital, se o capital não pode aumentar de forma permanente, devido a
existência de rendimentos decrescentes, deve existir outros factores que explicam o
crescimento persistente que ocorre em alguns países e em determinados momentos. É
comum atribuir este crescimento ao progresso tecnológico e ao crescimento da
população18.
O crescimento da população varia muito de país a país, pelo que a população e a
força de trabalho não são constantes, justificando a necessidade de incorporação desta
variável no modelo.
Suponha-se que o crescimento da população implica aumento da força de trabalho
a uma taxa constante n, ou seja: ΔL/L = n, isso implica uma mudança na condição do
estado estacionário da Economia. Como o rácio capital por trabalhador (k=K/L) deve

18
Hipótese de trabalho.

176
manter-se constante quando a força de trabalho (L) cresce, então, k deverá crescer à
mesma taxa de L (n).
O montante do novo capital por trabalhador será igual ao crescimento da
população multiplicada pelo stock de capital por trabalhador.
ΔK = i – δk – nk ⇒ Δk = σf(k) - (δ+n)k
Como já referido, a consideração de n altera o estado estacionário de k. Se n > 0,
o equilíbrio no estado estacionário ocorre no nível abaixo da situação inicialmente
estudada.
O investimento não sofre do efeito de rendimentos decrescentes se ocasionar um
aumento do stock de capital na mesma proporação da força de trabalho. Admitindo
rendimentos constantes à escala (se todos factores aumentam a mesma escala, o produto
também aumenta na mesma proporção), o produto total (Y) aumenta, mas o crescimento
é medido em termos percapita (y), significando que, o crescimento da população não
implica um crescimento económico permanente (Δy = Δk = ΔL = n; Δy = Δk = 0).
Impacto do Progresso Tecnológico no Modelo de Solow

O crescimento da população não explica o aumento permanente do produto


percapita deixando espaço para a análise do progresso tecnológico, entendido como a
expansão da capacidade de um país converter recursos naturais em bem-estar através do
aumento da produção, ou ainda, a criação de novas ideias (Know-how), isto é, o aumento
da eficiência económica. Qualquer definição dada ao progresso tecnológico tem como
efeito a deslocação da curva da função produção Y= f(K, L).
Adimitindo que a incorporação do progresso tecnológico melhora a eficiência
económica de todos os factoresprodutivos. A forma mais comum de modela-lo é: Y=Ef(K,
L), com E exprimindo a eficiência económica ou produtividade total dos factores.
A diferença entre a variação do produto e a variação de outros factores mede as
mudanças na produção que não podem ser atribuídas aos insumos e factores de produção
e é conhecida como “Resíduo de Solow.”19
Y= Ef(K, L) ⇒ Y= f(EK, EL)/:L ⇒ y=f(k,E) ⇒ Δy = ΔE+Δk ⇒ ΔE = Δy - Δk

19
O Resíduo de Solow é usada para a quantificação do progresso tecnológico (estimativa ou aproximação),
considerado exógeno ao modelo.

177
GRÁFICO 25-ALTERAÇÕES DO EQUILÍBRIO NO ESTADO ESTACIONÁRIO

Fonte: Elaboração Própria

9.3.3. Modelos de Crescimento Endógeno

O modelo de Solow, identificou as várias variáveis determinantes do crescimento


económico, mas deixa por explicar a sua participação no processo de crescimento
económico, levando a que o estudo deste tema seja complementado pela análise do papel
das variáveis exógenas ao modelo, tornando-os endógenos.
A endogeneização da tecnologia tem-se revelado uma tarefa muito difícil,
partindo mesmo das divergências quanto ao significado do termo tecnologia. A tecnologia
é considerada, frequentemente, como o nível de aprimoramento com que uma unidade
produtiva combina os factores de produção necessários para produzir determinado
produto. Paul Romer, considera a tecnologia como um conceito mais abrangente,
preferindo o termo ideias.
Numa perpectiva macroeconómica pode pensar-se em tecnologia como uma caixa
negra, dentro do qual se colocam todos os recursos produtivos da economia para a
obtenção de bens e serviços que proporcionam bem-estar e contribuem,
simulteaneamente, para o nível de vida da população.

178
FIGURA 8-CAIXA NEGRA DA TECNOLOGIA

Fonte: Elaboração-Adaptada em Crescimento e Desenvolvimento, Francisco Diniz, Pag. 159.

Uma parte da tecnologia, interpretando a caixa negra, é incorporada nos factores


produtivos, passando a ser designada por qualidade dos factores de produção. Uma outra
pode ser entendida como o conhecimento que permite uma combinação de factores e
recursos para produzir novos produtos e finalmente, a tecnologia também pode ser
considerada sob forma de instituições que orientam a economia. Assim, os modelos de
crescimento endógeno tentam explicar o processo pelo qual a economia faz crescer a sua
função de produção.
GRÁFICO 26-CURVA S DA TECNOLOGIA

Fonte: Adaptação em Crescimento e Desenvolvimento, Francisco Diniz, Pag. 163.

179
O gráfico nº25, representa a curva em forma de S da tecnologia, mostrando as
principais características do progresso tecnológico. Na fase inicial, uma nova ideia
expande-se lentamente, depois começa a ser aplicada frequente e amplamente, à medida
que a sua aceitação for maior, atingindo a sua difusão total. Portanto, a capacidade de
criar novas tecnologias depende da tecnologia já acumulada, tornando o processo
tecnológico como processo de crescimento com trajectória regular e contínua ligada ao
passado.

Em conclusão, a tecnologia pode caracterizar-se como:


i. Processo gradual que resulta de conhecimento acumulado, consistindo numa
sequência de pequenos passos ao longo de uma trajectória contínua;
ii. Processo não é constante, pode rapidamente crescer, estagnar ou mesmo
decrescer;
iii. Um bem parcialmente não rival (não concorrencial); e
iv. Frequentemente um bem não exclusivo.

Existe duas formas de incorporar o progresso tecnológico nos modelos de


crescimento económico, a saber:
i. Considerar o progresso tecnológico como externalidade positiva de outras
variáveis do modelo; e
ii. Avaliar o progresso tecnológico como resultado de actividades intencionais de
investigação e desenvolvimento (I&D ou P&D)20.

Considerando 𝒀 = 𝑲𝜶 (𝑬𝑳)𝟏−𝜶, onde E é a eficiência de cada trabalhador pela


adopção de novas tecnologias. Admitindo que as empresas actuam num mercado
concorrencial e que enfrentam a lei dos rendimentos decrescentes e, por conseguinte,
custos crescentes, um aumento do investimento em capital físico aumenta a eficiência em
toda economia porque as novas ideias e novas tecnologias estão, de alguma forma, ligadas
a equipamentos específicos, edifícios e instrumentos de trabalho utilizados no processo
produtivo. Pela atomicidade de mercado (pequenas unidades), as empresas
individualmente consideram a eficiência como exógena, isto é, uma externalidade.
Existe um conjunto de modelos designados por modelos de “aprender-fazendo”21
que descrevem o progresso tecnológico como um produto, ou uma externalidade, face ao
nível de produção. Quanto mais uma economia produz mais as pessoas fazem por
aprender, melhorando a tecnologia. Mas, como os custos unitários diminuem as taxas
decrescentes, quanto mais longo for o processo produtivo, mais a aprendizam acumulada
se deprecia, e a eficiência líquida do aprender-fazendo e do esquecer torna-se mais
evidente.

20
P&D significa Pesquisa e Desenvolvimento. Muitos modelos que seguem esta aboradagem consideram
o modelo Shumperiano da criação destruidora.
21
Adam Smith, falara da divisão do trabalho e especialização, tendo notado que os trabalhadores se tornam
mais eficientes se se concentrarem em poucas tarefas, isto é, a especialização aumenta o aprender-fazendo.

180
Considerando que a eficiência está directamente relacionado com a produção,
através da expressão E=BY, em que B é uma constante maior de zero, substituindo na
função 𝒀 = 𝑲𝜶 (𝑬𝑳)𝟏−𝜶 , tem-se:
𝑌 𝑌𝛼
𝑌 = 𝐾 𝛼 (𝐵𝑌𝐿)1−𝛼 ⇒ 1−𝛼 = 𝐵1−𝛼 𝐾 𝛼 𝐿1−𝛼 ⇒ 𝑌 ∗ = 𝐵1−𝛼 𝐾 𝛼 𝐿1−𝛼
𝑌 𝑌
Admitindo que o crescimento da população é nulo, então L é constante. Elevando
todos membros da equação por 1/α e designando a parte constante por A, tem-se:
1/𝛼 1 1 1
𝑌 (𝛼) = (𝐵1−𝛼 𝐾 𝛼 𝐿1−𝛼 )𝛼 ⇒ 𝑌 = 𝐾(𝐵1−𝛼 𝐿1−𝛼 )𝛼 ⇒ 𝒀 = 𝑨𝑲, onde A=(𝐵1−𝛼 𝐿1−𝛼 )𝛼.
Portanto, o acto de produzir gera externalidade de tecnologias que compensam os
rendimentos decrescentes, permitindo um crescimento económico permanente. Os
modelos AK de externalidades do progresso tecnológico representam um grande avanço
a visão simplista do modelo de Solow.
Paul Romer, desenvolveu modelos de crescimento endógeno baseados na
hipótese de que o crescimento económico é determinado por empresários que investem
em actividades de I&D com o intuito de obtenção de lucros. Neste modelo, o empresário
só investe em P&D numa situação de conseguir o “Mark up” maior e, portanto, só as
maiores empresas (monopólios) são capazes de propiciarem a inovação. Afirmava
Shumpter que as actividades inovadoras só teriam lugar se o “lucro do monopólio” fosse
suficiente para cobrir os custos da inovação, pelo que, quanto maior for o lucro, maior
será a capacidade para inovar.
Em conclusão, no modelo de crescimento tecnológico endógeno, o lucro, a oferta
de trabalho, a eficiência das actividades de I&D e a taxa de juro determinam o número de
inovações por ano. Assim, enquanto o modelo de Solow só descreve o estado estacionário
no qual o crescimento económico é nulo, os modelos endógenos de progresso tecnológico
descrevem o processo através do qual ocorrerá crescimento económico no longo prazo.

181
9.4. Exercícios Resolvido

1. A função de produção 𝑌 = 𝐾 𝛼 𝑁1−𝛼 , com 0 < 𝛼 < 1, é uma função de produção


conhecida por função de Cobb-Douglas.
a) Mostre que a função de Cobb-Douglas é uma função de produção neoclássica.
b) Calcule a elasticidade-produto do capital e do trabalho.
c) Calcule a parte do trabalho e parte do capital no rendimento quando ambos os
factores são remunerados de acordo com a sua produtividade marginal.
Resolução:
a) A função de produção 𝑌 = 𝐹(𝐾, 𝑁) = 𝐾 𝛼 𝑁1−𝛼 , com 0 < 𝛼 < 1, obedece às
propriedades que caracterizam uma função neoclássica.
i. As produtividades marginais dos factores são positivas:
𝜕𝐹 𝐾 𝛼−1 𝜕𝐹 𝐾 𝛼
= 𝛼( ) > 0𝑒 = (1 − 𝛼) ( ) > 0.
𝜕𝐾 𝑁 𝜕𝑁 𝑁
ii. As produtividades marginais são decrescentes com o próprio factor:
𝜕 2𝐹 𝛼−2 1−𝛼
𝜕 2𝐹
= −𝛼(1 − 𝛼)𝐾 𝑁 < 0 𝑒 = −𝛼(1 − 𝛼)𝐾 𝛼 𝑁 −1−𝛼 < 0.
𝜕𝐾 2 𝜕𝑁 2
iii. Os rendimentos são constantes à escala:
𝐹(𝜆𝐾, 𝜆𝑁) = (𝜆𝐾)𝛼 (𝜆𝑁)1−𝛼 = 𝜆𝐾 𝛼 𝑁1−𝛼 = 𝜆𝐹(𝐾, 𝑁).
iv. As produtividades marginais tendem para 0 (zero) quando o próprio factor
tende para +∞:
𝐾 𝛼−1 𝐾 𝛼
lim 𝛼 ( ) = 0 𝑒 lim (1 − 𝛼) ( ) = 0.
𝐾→+∞ 𝑁 𝑁→+∞ 𝑁
v. As produtividades marginais tendem para +∞ quando o próprio factor
tende para 0 (zero):
𝐾 𝛼−1 𝐾 𝛼
lim 𝛼 ( ) = +∞ 𝑒 lim (1 − 𝛼) ( ) = +∞.
𝐾→0 𝑁 𝑁→0 𝑁
𝑑 log 𝑌
b) Seja 𝜀𝐾 = a elasticidade-produto do capital, tem-se que:
𝑑 log 𝐾
𝑑 log 𝑌
log 𝑌 = 𝛼 log 𝐾 + (1 − 𝛼) log 𝑁, logo: 𝜀𝐾 = 𝑑 log 𝐾 = 𝛼. Quando o capital aumenta um
ponto percentual, mantendo-se o trabalho constante, o produto aumenta 𝛼 por cento.
A elasticidade-produto do trabalho calcula-se de forma semelhante:
𝑑 log 𝑌
𝜀𝑁 = = 1 − 𝛼.
𝑑 log 𝐾
c) Sendo o salário real 𝑤 igual à produtividade marginal do trabalho, ou seja:

182
𝐾 𝑎
𝑤 = (1 − 𝛼) (𝑁) , tem-se que as remunerações totais do trabalho será dado por wN,
substituindo w, vem:
𝐾 𝑎
𝑤𝑁 = (1 − 𝛼) (𝑁) ∗ 𝑁 = (1 − 𝛼)𝐾 𝛼 𝑁1−𝛼 . Logo, a parte do trabalho no rendimento
𝑤𝑁
será dado por , substituindo wN, vem:
𝑌

𝑤𝑁 (1 − 𝛼)𝐾 𝛼 𝑁 1−𝛼
= = 1 − 𝛼.
𝑌 𝐾 𝛼 𝑁1−𝛼
De forma semelhante, sendo a remuneração real de capital, r, igual à produtividade
marginal desse factor, tem-se, para a parte do capital no rendimento, assim vem:
𝜕𝐹 𝐾 𝛼−1 𝑟𝐾
𝑟 = 𝜕𝐾 ⇒ 𝑟 = 𝛼 (𝑁) , substituindo r em , tem-se:
𝑌
𝐾 𝛼−1
𝑟𝐾 𝛼( ) 𝐾 𝛼𝐾𝛼 𝑁 1−𝛼
𝑁
= = = 𝛼, as partes do capital e do trabalho no rendimento igualam
𝑌 𝑌 𝐾𝛼 𝑁 1−𝛼
as respectivas elasticidades-produto.
2. Considere a seguinte função de produção:
𝑌 = 𝑁 0,2 𝐾 0,8. Se os custos dos factores de produção capital e trabalho forem 4 e 2,
respectivamente e o produtor dispuser de 400 unidades monetárias:
a) Define taxa marginal de substituição técnica (TMST).
b) Determine a produção Y, correspondente à utilização óptima dos factores
considerados.
c) O que entende por produtividade marginal de um factor?
Resolução:
a) A taxa marginal de substituição técnica (TMST) trata-se de um rácio que permite
calcular a taxa com que uma empresa pode substituir um factor produtivo por
outro, mantendo o mesmo nível de produção. A taxa marginal de substituição é
igual ao quociente entre as produtividades marginais do trabalho e do capital.
A TMST corresponde ao número de unidades de capital que têm de ser sacrificadas por
uma unidade a mais de trabalho, mantendo-se inalterável a produção. Neste caso, o nível
𝑃𝑚𝑔𝑁 𝑤 𝑃𝑚𝑔𝑁 𝑃𝑚𝑔𝐾
de produção óptimo corresponde à = 𝑜𝑢 = .
𝑃𝑚𝑔𝐾 𝑟 𝑤 𝑟

A produção óptima atinge-se quando aquilo que se obtém por usar mais uma unidade
adicional de trabalho, a dividir pelo custo que tem essa unidade adicional do trabalho, for
idêntico para o capital e para os outros factores.
b) Para determinar a produção Y, correspondente à utilização óptima dos factores
capital e trabalho, deverão ser determinadas primeiro as quantidades óptimas e
depois substituídas na função produção dada. Assim, vem:
𝑃𝑚𝑔𝑁 𝑤 (𝑁 0,2 𝐾 0,8 )´𝑁 2 0,2𝑁 −0,8 ∗ 𝐾 0,8
= =
{ 𝑃𝑚𝑔𝐾 𝑟 ⇒ { (𝑁 0,2 𝐾 0,8 )´
𝐾 4 ⇒ {𝑁 0,2 ∗ 0,8𝐾 −0,2 = 0,5 ⇒
𝐶 = 𝑤∗𝑁+𝑟∗𝐾 400 = 2 ∗ 𝑁 + 4 ∗ 𝐾 _______________________

183
0,2 𝑁 −0,8 ∗ 𝐾 0,8 0,2 𝐾 0,2 ∗ 𝐾 0,8 𝐾
{ ∗ 0,2 −0,2
= 0,5 ⇒{ ∗ 0,2 0,8
= 0,5 ⇒ { 0,25 ∗ = 0,5 ⇒
0,8 𝑁 ∗ 𝐾 0,8 𝑁 ∗ 𝑁 𝑁
_________________________ _________________________ _________________________

𝐾 0,5 𝐾 𝐾 = 2𝑁 ____________________ ____________________


{ 𝑁 = 0,25 ⇒ { 𝑁 = 2 ⇒ { ⇒ {400 = 2𝑁 + 4 ∗ 2𝑁 ⇒ { 400 = 2𝑁 + 8𝑁
_____________ ________ _________
_____________ _____________ _______ 𝐾 = 2 ∗ 40 𝐾 = 80 𝐾 ∗ = 80
⇒{400 = 10𝑁 ⇒ { 𝑁 = 400 ⇒ {𝑁 = 40 ⇒ { ⇒{ ⇒{ ∗
10 _________ _________ 𝑁 = 40
De forma a verificar a veracidade do resultado, podemos substituir os valores das
quantidades na equação da recta isocusto:
𝐶 = 𝑤 ∗ 𝐿 + 𝑟 ∗ 𝐾 ⇒ 400 = 2 ∗ 40 + 4 ∗ 80 ⇒ 400 = 400.
Assim, as quantidades óptimas do produtor são 40 unidades de factor N e 80 unidades do
factor K, sendo a produção 𝑌 = 𝑁 0,2 ∗ 𝐾 0,8 ⇒ 𝑌 = 400,2 ∗ 800.8 ⇒ 𝑌 ∗ = 53,4
unidades.
c) A produtividade marginal de um factor expressa a quantidade adicional de
produto ou serviço que se pode obter, se aumentar a quantidade utilizada desse
factor em uma unidade, mantendo o outro constante. As produtividades marginais
dos factores são muito importantes para as decisões empresariais, uma vez que
exprimem os valores relativos que internamente a empresa atribui a cada um dos
factores.
1 1
3. Uma economia tem como função de produção 𝑌 = 𝐾 2 ∗ 𝑁 2 . Sabe-se ainda que a taxa
de poupança é de 24%, o capital deprecia-se a 5% ao ano, e a população tem um
crescimento anual de 1%. Não ocorre qualquer progresso técnico.
a) Calcule o valor do produto e do capital por trabalhador no estado estacionário.
b) No ano 0, tem-se que K = 50 e que N = 10. Represente graficamente esta situação
inicial e o estado estacionário, evidenciando a dinâmica de transição.
𝐾 𝑌
c) Calcule a taxa de crescimento de 𝑘 = 𝑁 e de 𝑦 = 𝑁, no ano 0.

Resolução:
a) O produto por trabalhador é função do capital por trabalhador, assim vem:
1 1 1
𝑌 𝐾2 ∗ 𝑁2 𝐾 2 1
𝑦= ⇒𝑦= ⇒ 𝑦 = ( ) ⇒ 𝑦 = (𝑘)2 ⇒ 𝑦 = 𝑓(𝑘).
𝑁 𝑁 𝑁
A equação dinâmica fundamental escreve-se, para esta economia como:
1
𝑑𝑘 𝑑𝑘
= 𝜎𝑓(𝑘) − (𝑛 + 𝛿)𝑘, 𝑜𝑢 𝑠𝑒𝑗𝑎, 𝑘 ∗ = ⇒ 𝑘 ∗ = 0,24𝑘 2 − 0,06𝑘.
𝑑𝑡 𝑑𝑡

No estado estacionário, tem-se que 𝑘 = 0.
1 1
0,06𝑘
Logo, 0,24𝑘 2 − 0,06𝑘 = 0 ⇒ 0,24𝑘 2 = 0,06𝑘 ⇒ √𝑘 = ⇒ √𝑘 = 0,25𝑘 ⇒ 𝑘 =
0,24
0,0625𝑘 2 ⇒ 𝑘 − 0,0625𝑘 2 = 0 ⇒ 𝑘(1 − 0,0625𝑘) = 0, aplicando a lei do anulamento
do produto, vem:

184
−1
𝑘 = 0 𝑉 1 − 0,0625𝑘 = 0 ⇒ −0,0625𝑘 = −1 ⇒ 𝑘 = −0,0625 ⇒ 𝑘 = 16, conclui-se
1
que 𝑘 = 16. Da função de produção, resulta que 𝑦 = 𝑘 2 ⇒ 𝑦 = √16 ⇒ 𝑦 = 4.
𝐾 50
b) O capital por trabalhador no ano 0 iguala 𝑘0 = 𝑁0 ⇒ 𝑘0 = 10 ⇒ 𝑘0 = 5 e o
0
1
produto por trabalhador corresponde à 𝑦0 = 𝑘0 ⇒ 𝑦0 = (5)0,5 ⇒ 𝑦0 = 2,236,
2

desta forma, 𝑘 ∗ > 0, isto é, o capital por trabalhador e consequentemente o


produto por trabalhador tendem a aumentar até atingirem os valores de longo
prazo, respectivamente 𝑘 𝑒 𝑦. Graficamente, vem:

c) No ano 0, a variação do capital por trabalhador é igual a:


1
∆𝑘 = 0,24𝑘02 − 0,06𝑘0 ⇒ ∆𝑘 = 0,24(5)0,5 − 0,06 ∗ 5 ⇒ ∆𝑘 ≈ 0,237.
A taxa de crescimento do capital por trabalhador é igual a:
∆𝑘 0,237
= ≈ 4,7%.
𝑘0 5
Para o produto por trabalhador, calcula-se a variação como sendo:
𝑑𝑦 𝑑𝑦 𝑑𝑘 1 ´ 1 1
∆𝑦 = = ∗ ⇒ ∆𝑦 = (𝑘 2 ) ∗ ∆𝑘 ⇒ ∆𝑦 = ∗ 𝑘 −2 ∗ ∆𝑘 ⇒
𝑑𝑡 𝑑𝑘 𝑑𝑡 2
∆𝑦 = 0,5(5)−0,5 ∗ 0,237 ⇒ ∆𝑦 = 0,0529.
∆𝑦 0,0529
Para a taxa de crescimento de y, resulta então que = ≈ 2,37%.
𝑦0 2,236

4. A empresa SKF, com actividade num mercado de concorrência perfeita, produz o seu
𝐾𝑁
único produto consoante a seguinte função produção 𝑌 = √𝐾2 . O preço do capital
+𝑁2
é de 64 unidades monetárias e do trabalho é de 27 unidades monetárias.
𝑁3 𝐾3
As produtividades marginais são expressas por 𝑃𝑚𝑔𝐾 = √𝐾2 +𝑁2
𝑒 𝑃𝑚𝑔𝑁 = √𝐾2 +𝑁2
.

a) Quais as quantidades que devem ser utilizadas de cada factor para produzir 24
unidades?
b) Quais os consumos óptimos de inputs se a empresa produzir 30 unidades?

185
c) Qual a função de custo da empresa? Qual o preço de equilíbrio desse mercado?
Resolução:
𝑃𝑚𝑔𝑁 𝑃𝑚𝑔𝑁 𝑤
a) Como 𝑇𝑀𝑆𝑇𝑁𝐾 = 𝑃𝑚𝑔𝐾 ⇒ 𝑃𝑚𝑔𝐾 = 𝑟 , vem:

𝐾 3 27 3
(𝑁) = 64 ⇒ 𝐾 = 4 ∗ 𝑁. Portanto, para produzir 24 unidades do produto, devem utilizar-
se os factores em quantidades que satisfaçam:
3
𝐾= ∗𝑁
4 𝐾 = 30
𝐾𝑁 ⇒{
𝑁 = 40
24 =
{ √𝐾 2 + 𝑁 2
b) A função produção tem rendimentos constantes à escala:
(𝜆𝐾)∗(𝜆𝑁) 𝜆2 𝐾𝑁 𝜆2 𝐾𝑁 𝜆𝐾𝑁
= √𝜆2 = = √𝐾2
√(𝜆𝐾)2 +(𝜆𝑁)2 𝐾 2 +𝜆2 𝑁2 𝜆√𝐾2 +𝑁 2 +𝑁2

∆𝑌 = 𝑌1 − 𝑌0 ⇒ ∆𝑌 = 30 − 24 ⇒ ∆𝑌 = 6.
∆𝑌 6 ∆𝑌 ∆𝑌
= 24 ⇒ = 0,25 ∗ 100 ⇒ = 25% . Se a produção aumentar 25%, o capital e o
𝑌 𝑌 𝑌
trabalho aumentam em:
3
𝐾= ∗𝑁
4 𝐾 = 37,5
𝐾𝑁 ⇒{
𝑁 = 50
30 =
{ √𝐾 2 + 𝑁 2
∆𝐾 = 𝐾1 − 𝐾0 ⇒ ∆𝐾 = 37,5 − 30 ⇒ ∆𝐾 = 7,5.
∆𝐾 7,5 ∆𝑌 ∆𝐾
= ⇒ = 0,25 ∗ 100 ⇒ = 25%, o capital aumentar 25%.
𝐾 30 𝑌 𝐾

∆𝑁 = 𝑁1 − 𝑁0 ⇒ ∆𝑁 = 50 − 40 ⇒ ∆𝐾 = 10.
∆𝑁 10 ∆𝑁 ∆𝑁
= 40 ⇒ = 0,25 ∗ 100 ⇒ = 25%, o trabalho também aumentar 25%.
𝑁 𝑁 𝑁

c) As procuras de factores são as seguintes:


3 5
𝐾= ∗𝑁 ∗𝑌 𝐾=
4 4
⇒{
𝐾𝑁 5
𝑌= 𝑁 = ∗𝑌
{ √𝐾 2 + 𝑁 2 3
Pelo que, a função custo da SKF, será:
5𝑌 5𝑌
𝐶 = 64 ∗ + 27 ∗ ⇒ 𝐶 = 125𝑌.
4 3
Sendo o custo marginal de produção constante e igual a CmgY =125, esse será o preço
de equilíbrio de longo prazo no mercado de concorrência perfeita.
5. Uma economia onde o progresso técnico exógeno “aumenta o trabalho” tem a
1 2
seguinte função de produção 𝑌 = 𝐾 3 (𝐸𝑁)3 . O progresso técnico ocorre a uma taxa
de 3%. Sabe-se ainda que 𝛿 = 0,04; n = 0,01 e que 𝜎 = 0,2.

186
a) Calcule o valor do capital e do produto por unidade eficiente de trabalho no longo
prazo.
b) Mostre que a taxa de crescimento do produto por trabalho no longo prazo iguala
a taxa de progresso técnico.
c) Suponha que a taxa de poupança aumenta para 25%, calcule o impacto deste
aumento sobre o valor do produto por trabalho e a sua taxa de crescimento no
longo prazo.
Resolução:
a) O produto por unidades eficientes de trabalho é função do capital por unidades
eficientes de trabalho. Assim, vem:
1 2 1
𝑌 𝐾 3 ∗ (𝐸𝑁)3 𝐾 3 1
𝑦= ⇒𝑦= ⇒ 𝑦 = ( ) ⇒ 𝑦 = 𝑘 3 = 𝑓(𝑘)
𝐸𝑁 (𝐸𝑁) 𝐸𝑁
Com progresso técnico, a equação dinâmica fundamental é:
𝑑𝑘
= 𝜎𝑓(𝑘) − (𝑛 + 𝛿 + 𝑥)𝑘, ou seja, neste caso:
𝑑𝑡
1 1
𝑑𝑘 𝑑𝑘
= 0,2𝑘 3 − (0,01 + 0,04 + 0,03)𝑘⇒ = 0,2𝑘 3 − 0,08𝑘, onde x é a taxa do
𝑑𝑡 𝑑𝑡
progresso técnico.
1
𝑑𝑘 3 3 0,08𝑘 3
= 0 ⇒ 0,2𝑘 3 − 0,08𝑘 = 0 ⇒ 0,2√𝑘 =0,08k ⇒ √𝑘= ⇒ √𝑘= 0,4k
𝑑𝑡 0,2

⇒k =(0,4𝑘)3 ⇒ 𝑘 = 0,064𝑘 3 ⇒ 𝑘 − 0,064𝑘 3 = 0 ⇒ 𝑘(1 − 0,064𝑘 2 ) = 0. Aplicando


a lei de anulamento do produto, vem:
−1
𝑘 = 0 𝑉 (1 − 0,064𝑘 3 ) = 0 ⇒ −0,064𝑘 2 = −1 ⇒ 𝑘 2 = ⇒ 𝑘 2 = 15,625
−0,064
⇒ 𝑘 = √15,625 ⇒ 𝑘 = 3,953. Pela função de produção, resulta que, no longo prazo, o
1 1
produto por unidades eficientes de trabalho iguala 𝑦𝐹 = 𝑘 3 ⇒ 𝑦𝐹 = (3,953)3 ⇒ 𝑦𝐹 =
1,581.
𝑦
b) Na alínea anterior, calculou-se que 𝑦𝐹 = 1,581. Como 𝑦𝐹 = 𝐸 e saba-se que a taxa
de crescimento do quociente de duas variáveis é igual à diferença entre as duas as
∆𝑦𝐹 ∆𝑦 ∆𝐸
taxas de crescimento dessas variáveis, assim tem-se que: = − . Na alínea
𝑦𝐹 𝑦 𝐸
∆𝑦𝐹
anterior calculou-se que 𝑦𝐹 = 1,581 (é constante), logo, = 0.
𝑦𝐹
∆𝑦 ∆𝑦 ∆𝑦
Consequentemente, resulta que 0 = − 0,03 ⇒ − = −0,03 ⇒ = 0,03,
𝑦 𝑦 𝑦
∆𝑦 ∆𝐸
portanto = = 3%. O produto por trabalhador cresce, no longo prazo, à taxa
𝑦 𝐸
de progresso técnico exógeno de 3%.
1
𝑑𝑘
c) Com esta alteração passa-se a ter que, no longo prazo, = 0 ⇒ 0,25𝑘 3 −
𝑑𝑡
0,08𝑘 = 0.

187
1 1
Assim, agora resulta que 𝑘 = 5,524 e que 𝑦𝐹 = 𝑘 3 ⇒ 𝑦𝐹 = (5,524)3 ⇒ 𝑦𝐹 = 1,768. No
longo prazo, o produto por unidades eficientes de trabalho, e consequentemente o nível
do produto por trabalhador, aumenta em cerca de:
𝑦1 −𝑦0 1,768−1,581 0,187
∆𝑦 = ⇒ ∆𝑦 = ⇒ ∆𝑦 = 1,571 ⇒ ∆𝑦 = 0,118 ∗ 100 ⇒ ∆𝑦 = 11,8%.
𝑦0 1,581
𝑘1 −𝑘0 5,524−3,953 1,571
∆𝑘 = ⇒ ∆𝑦 = ⇒ ∆𝑘 = 3,953 ⇒ ∆𝑘 = 0,397 ∗ 100 ⇒ ∆𝑘 = 39,7%.
𝑘0 3,953

6. Uma determinada actividade económica, onde não há progresso técnico, tem a


seguinte função de produção 𝑌 = 𝑁 0,5 ∗ 𝐾 0,5 .
Outras informações:
vi. Depreciação do capital: 𝛿 = 8%;
vii. Crescimento anual da população: n = 1%;
viii. Taxa de poupança por trabalhador: 𝜎 = 20%.
a) Proceda à apresentação gráfica da função produção na forma intensiva. Assinala
o estado estacionário.
b) No ano de 2019, a função de produção utilizou 20 unidades de K e 10 unidades
de N. Situe no gráfico esta situação e calcule as diversas taxas de crescimento do
capital por trabalhador (k) e do produto por trabalhador (y).
Resolução:
a) O produto por trabalhador será:
𝑌 𝑁 0,5 ∗𝐾05 𝐾 0,5
𝑦=𝑁⇒𝑦= ⇒ 𝑦 = (𝑁) ⇒ 𝑦 = 𝑘 0,5 = 𝑓(𝑘).
𝑁

A equação dinâmica fundamental no modelo de Solow será:


𝑑𝑘 𝑑𝑘 𝑑𝑘
= 𝜎𝑦 − (𝛿 + 𝑛)𝑘 ⇒ = 0,2𝑦 − (0,08 + 0,01)𝑘 ⇒ = 0,2𝑘 0,5 − 0,09𝑘.
𝑑𝑡 𝑑𝑡 𝑑𝑡
𝑑𝑘
No estado estacionário, tem-se que = 0 ⇒ 0,2𝑘 0,5 − 0,09𝑘 = 0. Logo:
𝑑𝑡

0,09𝑘
0,2𝑘 0,5 − 0,09𝑘 = 0 ⇒ 0,2√𝑘 = 0,09𝑘 ⇒ √𝑘 = ⇒ √𝑘 = 0,45𝑘 ⇒
0,2
𝑘 = −0,2025𝑘 2 ⇒ 0,2025𝑘 2 − 𝑘 = 0 ⇒ 𝑘(0,2025𝑘 − 1) = 0. Aplicando a lei de
anulamento do produto, vem:
1
𝑘 = 0 𝑉 0,2025𝑘 − 1 = 0 ⇒ 0,2025𝑘 = 1 ⇒ 𝑘 = ⇒ 𝑘 ∗ = 4,93.
0,2025
Com base na função produção por trabalhador, tem-se 𝑦 = (𝑘)0,5 ⇒ 𝑦 = (4,93)0,5 ⇒
𝑦 ∗ = 2,22.
𝑑𝑘
> 0, isto é, o capital por trabalhador e o produto por trabalhador tendem a aumentar
𝑑𝑡
até atingirem os valores de longo prazo (k* = 4,93 e y* = 2,22).
A variação do capital por trabalhador será:

188
𝑑𝑘 𝑑𝑘 𝑑𝑘
= 𝜎𝑦 − (𝛿 + 𝑛)𝑘 ⇒ = 0,2𝑦 − (0,08 + 0,01)𝑘 ⇒ = 0,2𝑘 0,5 − 0,09𝑘 ⇒
𝑑𝑡 𝑑𝑡 𝑑𝑡
𝑑𝑘 𝑑𝑘
= 0,2 ∗ (4,93)0,5 − 0,09 ∗ 4,93 ⇒ = 0,00037 = ∆𝑘.
𝑑𝑡 𝑑𝑡

b) O capital por trabalhador no ano de 2019 será:


𝐾 20
𝑘2019 = 𝑁 ⇒ 𝑘2019 = 10 ⇒ 𝑘2019 = 2.

O produto por trabalhador em 2019, será:


𝑌 = 𝑁 0,5 ∗ 𝐾 0,5 ⇒ 𝑌 = 100,5 ∗ 500,5 ⇒ 𝑌 = 14,14, logo:
𝑌 14,14
𝑦2019 = 𝑁 ⇒ 𝑦2019 = ⇒ 𝑦2019 = 1,14, é inferior ao valor de longo prazo y* =2,22.
10

Em 2019, a variação do capital por trabalhador, será:


𝑑𝑘2019 0,5 𝑑𝑘2019
= 0,2𝑘2019 − 0,09𝑘2019 ⇒ = 0,2 ∗ (2)0,5 − 0,09 ∗ 2 ⇒
𝑑𝑡 𝑑𝑡
𝑑𝑘2019
= 0,10284 = ∆𝑘2019 .
𝑑𝑡

A taxa de crescimento do capital por trabalhador será:


∆𝑘2019 0,10284 ∆𝑘2019 ∆𝑘2019
= ⇒ = 0,051 ∗ 100 ⇒ = 5,1%.
𝑘2019 2 𝑘2019 𝑘2019
A taxa de crescimento do produto por trabalhador (y), será:
𝑑𝑦2019 𝑑𝑦 𝑑𝑘 𝑑𝑦2019
= ∗ ⇒ = [(𝑘2019 )0,5 ]´ ∗ ∆𝑘2019 ⇒
𝑑𝑡 𝑑𝑘 𝑑𝑡 𝑑𝑡
𝑑𝑦2019 −0,5 𝑑𝑦2019
= 0,5𝑘2019 ∗ 0,10284 ⇒ = 0,5 ∗ (2)−0,5 ∗ 0,10284 ⇒
𝑑𝑡 𝑑𝑡
𝑑𝑦2019
= 0,036359 = ∆𝑦2019 .
𝑑𝑡
∆𝑦2019 0,036359 ∆𝑦2019
= ⇒ = 0,0257 ∗ 100 = 2,57%.
𝑦2019 1,41 𝑦2019
7. Suponha que a produção agregada de uma economia é dada por Y = 0,8K.

189
a) A função de produção é neoclássica? Justifique.
b) Se a taxa de poupança for de 10%, a população se mantiver constante e o capital
se depreciar à taxa de 4%, qual é a taxa de crescimento do produto por habitante?
c) Que sucede se a taxa de poupança aumentar para 15%?
d) O crescimento desta economia é endógeno ou exógeno? Porquê?
Resolução:
a) A função de produção dada não é neoclássica. A produtividade marginal do capital
𝜕𝑌
não é decrescente, ou seja, é constante e igual a 0,8, ou seja 𝜕𝐾 = (0,8𝐾)´ = 0,8.

b) De acordo com a equação dinâmica do capital, vem:


𝑑𝐾 𝑑𝐾 𝑑𝐾
= 𝜎𝐴𝐾 − 𝛿𝐾⇒ 𝑑𝑡 = 0,1 ∗ 0,8𝐾 − 0,04𝐾 ⇒ = 0,08𝐾 − 0,04𝐾 ⇒
𝑑𝑡 𝑑𝑡
𝑑𝐾
= 0,04𝐾 = ∆𝐾, ou, por trabalhador, que:
𝑑𝑡
𝑑𝑘 𝑑𝑘 𝑑𝑘
= 𝜎𝐴𝑘 − (𝛿 + 𝑛)𝑘 ⇒ = 𝜎𝐴𝑘 − (𝛿 + 𝑛)𝑘 ⇒ = 0,1 ∗ 0,8𝑘 − (0,04 + 0)𝑘 ⇒
𝑑𝑡 𝑑𝑡 𝑑𝑡
𝑑𝑘 𝑑𝑘
= 0,08𝑘 − 0,04𝑘 ⇒ = 0,04𝑘 = ∆𝑘. Logo:
𝑑𝑡 𝑑𝑡
∆𝐾 0,04𝐾 ∆𝐾 ∆𝑘 0,04𝑘 ∆𝑘
= ⇒ = 0,04 𝑉 = ⇒ = 0,04.
𝐾 𝐾 𝐾 𝑘 𝑘 𝑘

Como o produto é proporcional ao capital, também o produto cresce à taxa de 4%.


Mantendo-se a população constante, o produto por habitante crescerá igualmente à taxa
de 4%.
c) Se a taxa de poupança aumentar para 15%, passa-se a ter que:
𝑑𝐾 𝑑𝐾 𝑑𝐾
= 𝜎𝐴𝐾 − 𝛿𝐾⇒ 𝑑𝑡 = 0,15 ∗ 0,8𝐾 − 0,04𝐾 ⇒ = 0,12𝐾 − 0,04𝐾 ⇒
𝑑𝑡 𝑑𝑡
𝑑𝐾 ∆𝐾 0,08𝐾 ∆𝐾
𝑑𝑡
= 0,08𝐾 = ∆𝐾. Em consequência, 𝐾
= 𝐾
⇒ 𝐾
= 0,08. O capital, o produto e o
produto por habitante passam a crescer a uma taxa de 8%.
d) Trata-se de um modelo de crescimento endógeno. O aumento da taxa de
poupança, um parâmetro do modelo, levou a um aumento permanente da taxa de
crescimento da economia.
8. Supondo que de acordo com FMI, Angola tinha em 1989 um PIB por habitante igual
a 41,4% do valor de Portugal. Partindo do princípio que, a partir desse ano, o PIB por
habitante nas duas economias referidas cresce à taxa média que caracterizou a década
de 80 (hipoteticamente, 3,1% para Angola e 1,9% para Portugal), calcule o número
de anos necessário para que o valor Angolano atinja 90% do valor Português.
Resolução:
Neste caso, na década 80, o PIB por habitante Angolano cresceu 3,1% ao ano, e o PIB
por habitante dos Portugueses cresceu 1,9% de acordo o problema apresentado.
Admitindo que estas taxas se mantêm, podemos escrever, respectivamente para Angola e
para Portugal.
Para Angola:

190
𝐴 𝐴
𝑦1989+𝑡 = 𝑦1989 𝑒 0,031𝑡
Para Portugal:
𝑃 𝑃
𝑦1989+𝑡 = 𝑦1989 𝑒 0,019𝑡
Em que t é o número de anos após 1989.
O PIB por habitante angolano em relação ao valor português é então dado por:
𝑦𝐴1989+𝑡 𝑦𝐴1989 𝑒0,031𝑡 𝑦𝐴1989+𝑡 𝑦𝐴1989 (0,031𝑡−0,019𝑡)
= ⇒ = ∗𝑒 ⇒
𝑦𝑃1989+𝑡 𝑦𝑃1989 𝑒0,019𝑡 𝑦𝑃1989+𝑡 𝑦𝑃1989
𝑦𝐴 𝑦𝐴
1989 0,012𝑡 𝑦𝐴
⇒ 1989+𝑡
= 𝑒 ⇒ 𝑦1989+𝑡 = 0,414𝑒0,012𝑡 .
𝑦𝑃
1989+𝑡 𝑦𝑃
1989
𝑃
1989+𝑡

𝑦𝐴
1989+𝑡
Pretende-se calcular t tal modo que = 0,9, substituindo em
𝑦𝑃
1989+𝑡

𝑦𝐴
1989+𝑡
= 0,414𝑒0,012𝑡 , vem:
𝑦𝑃
1989+𝑡

0,9 = 0,414𝑒 0,012𝑡 ⇒ 𝑒 0,012𝑡 = 2,1739. Aplicando logaritmo natural em ambos os


membros, vem:
0,7765
𝑙𝑛𝑒 0,012𝑡 = 𝑙𝑛2,1739 ⇒ 0,012𝑡 = 0,7765 ⇒ 𝑡 = ⇒ 𝑡 = 64,7.
0,012
Apenas em 2054 (1989 + 65 = 2054), o PIB de Angola atingirá um valor superior a 90%
por habitante de Portugal.
9. O PIB por habitante do país A é duas vezes maior que o do país B. prevendo que o
PIB por habitante do país A cresça à taxa média anual de 2,3%, calcule a taxa de
crescimento por habitante necessária para que o país B alcance o PIB por habitante
do país A:
a) Em 20 anos.
b) Em 50 anos.
Resolução:
a) Neste caso, 𝑦𝑡𝐴 = 𝑦𝐴 ∗ 𝑒 𝑔𝐴.𝑡 e 𝑦𝑡𝐵 = 𝑦𝐵 ∗ 𝑒 𝑔𝐵 .𝑡 , onde 𝑔𝐴 𝑒 𝑔𝐵 representam a taxa
média de crescimento do país A e do país B, respectivamente. Fazendo 𝑦𝑡𝐴 = 𝑦𝑡𝐵 ,
tem-se: 𝑦𝐴 ∗ 𝑒 𝑔𝐴.𝑡 = 𝑦𝐵 ∗ 𝑒 𝑔𝐵 .𝑡 .
De acordo o problema 𝑦𝐴 = 2𝑦𝐵 , substituindo em 𝑦𝐴 ∗ 𝑒 𝑔𝐴.𝑡 = 𝑦𝐵 ∗ 𝑒 𝑔𝐵 .𝑡 , vem:
𝑦𝐴 ∗ 𝑒 𝑔𝐴.𝑡 = 𝑦𝐵 ∗ 𝑒 𝑔𝐵 .𝑡 ⇒ 2𝑦𝐵 ∗ 𝑒 𝑔𝐴.𝑡 = 𝑦𝐵 ∗ 𝑒 𝑔𝐵 .𝑡 ⇒ 2 ∗ 𝑒 𝑔𝐴.𝑡 = 𝑒 𝑔𝐵 .𝑡 .
Fazendo 𝑔𝐴 = 2,3% = 0,023 𝑒 𝑔𝐵 = 𝑥, tem-se:
2 ∗ 𝑒 𝑔𝐴.𝑡 = 𝑒 𝑔𝐵 .𝑡 ⇒ 2 ∗ 𝑒 0,023∗𝑡 = 𝑒 𝑥∗𝑡
Para t = 20, vem:
2𝑒 0,023∗20 = 𝑒 𝑥∗20 ⇒ 2 ∗ 𝑒 0,46 = 𝑒 20∗𝑥 . Aplicando logaritmo natural em ambos os
membros, vem:

191
𝑙𝑛2 ∗ 𝑒 0,46 = 𝑙𝑛𝑒 20∗𝑥 ⇒ 𝑙𝑛2 + 0,46𝑙𝑛𝑒 = 20𝑥𝑙𝑛𝑒 ⇒ 0,693 + 0,46 = 20𝑥 ⇒
1,153
⇒ 20𝑥 = 1,153 ⇒ 𝑥 = = 0,058 ∗ 100 = 5,8%, ∴ 𝑥 = 5,8%.
20
b) De forma análoga a alínea anterior, tem-se:
Neste caso, deve-se apenas fazer t = 50. Assim vem:
2 ∗ 𝑒 0,023∗𝑡 = 𝑒 𝑥∗𝑡 ⇒ 2 ∗ 𝑒 0,023∗50 = 𝑒 𝑥∗50 ⇒ 2 ∗ 𝑒 1,15 = 𝑒 50𝑥 . Aplicando logaritmo
natural em ambos os membros, vem:
𝑙𝑛2 ∗ 𝑒 1,15 = 𝑙𝑛𝑒 50𝑥 ⇒ 𝑙𝑛2 + 1,15𝑙𝑛𝑒 = 50𝑥𝑙𝑛𝑒 → 0,693 + 1,15 = 50𝑥 ⇒
1,843
⇒50𝑥 = 1,843 ⇒ 𝑥 = = 0,037 ∗ 100 = 3,7%, ∴ 𝑥 = 3,7%.
50
1 1
10. Considere a função de produção 𝑌 = 𝐾 2 ∗ 𝑁 2 , no modelo de Solow, onde Y
representa o produto, K o stock de capital e N a mão-de-obra.
a) Prove que esta função tem retornos constantes de escala.
b) Encontre a função de produção per capita.
c) Ache o nível de capital per capita do estado estacionário, considerando uma taxa
de poupança igual a 0,35 e uma taxa de depreciação igual a 0,10.
Resolução:
a) Para que a função em questão tenha retornos constantes de escala,
1 1
1 1 1 1 𝜆2 (𝐾2 )(𝑁 2 ) 1 1
𝜆𝑌 = (𝜆𝐾 ) (𝜆𝑁 ) ⇒ 𝜆𝑌 = 𝜆2 (𝐾 ) (𝑁 ) ⇒ 𝑌 =
2 2 2 2 ⇒ 𝑌 = 𝜆𝐾 2 ∗ 𝑁 2 , o
𝜆
que é facilmente verificado.
1 1 1
1
𝑌 𝐾 2 ∗𝑁 2 𝐾 2
b) Neste caso, tem-se: =𝑦=( )= (𝑁 ) = 𝑘2.
𝑁 𝑁

c) Sabe-se que ∆𝑘 = 𝜎𝑓(𝑘) − 𝛿𝑘. Fazendo ∆𝑘 = 0 e substituindo os valores para 𝜎


e 𝛿, vem:
1 0,10𝑘
0,35𝑘 2 − 0,10𝑘 = 0 ⇒ 0,35√𝑘 = 0,01𝑘 ⇒ √𝑘 = ⇒ √𝑘 = 0,286𝑘 ⇒
0,35
𝑘 = 0,082𝑘 2 ⇒ 𝑘 − 0,082𝑘 2 = 0 ⇒ 𝑘(1 − 0,082𝑘) = 0. Aplicando a lei de
anulamento do produto, tem-se:
−1
𝑘 = 0 𝑉 1 − 0,082𝑘 = 0 ⇒ −0,082𝑘 = −1 ⇒ 𝑘 = −0,082 ⇒k* = 12,23.

11. Suponha, dentro do modelo de Solow, as seguintes informações:


1
i. Função de produção per capita: 𝑦 = 𝑘 2 ;
ii. Taxa de depreciação: 𝛿 = 0,1;
iii. Taxa de crescimento da população: n = 0;
iv. Taxa de inovações tecnológicas: x = 0.

192
Considerando que o objectivo da autoridade pública consiste em maximizar o bem-estar
da população (maximizando o consumo), que taxa de poupança ele escolheria para tal
objectivo seja alcançado no estado estacionário?
Resolução:
1
Sabe-se que ∆𝑘 = 𝜎𝑓(𝑘) − (𝛿 + 𝑛 + 𝑥)𝑘 ⇒ 𝜎𝑘 2 − (0,1 + 0 + 0)𝑘 = 0 ⇒
1 1 0,1𝑘 0,01𝑘 2
𝜎𝑘 2 − 0,1𝑘 = 0 ⇒ 𝜎𝑘 2 = 0,1𝑘 ⇒ √𝑘 = ⇒𝑘= ⇒ 𝜎 2 𝑘 = 0,01𝑘 2 ⇒
𝜎 𝜎2
𝜎 2 𝑘 − 0,01𝑘 2 = 0 ⇒ 𝑘(𝜎 2 − 0,01𝑘) = 0. Aplicando a lei do anulamento do produto,
vem:

2
−𝜎 2 2
𝑘 = 0 𝑉 𝜎 − 0,01𝑘 = 0 ⇒ −0,01𝑘 = −𝜎 ⇒ 𝑘 = ⇒ 𝑘 ∗ = 100𝜎 2 .
−0,01
Suponha-se c = y – i´, onde c representa o consumo per capita, y o produto per capita e i´
o investimento per capita. Então: i´ = 𝛿𝑘 ∗ ⇒ 𝑖´ = 0,1 ∗ 100𝜎 2 ⇒ 𝑖´ = 10𝜎 2 . Calculando
c, vem:
1 1
c =𝑘 2 − 10𝜎 2 ⇒ 𝑐 = (100𝜎 2 )2 − 10𝜎 2 ⇒ 𝑐 = √100𝜎 2 − 10𝜎 2 ⇒ 𝑐 = 10𝜎 − 10𝜎 2 .
𝜕𝑐
Derivando c em relação a 𝜎, tem-se =10-20𝜎, igualando este resultado a zero, vem:
𝜕𝜎
−10
10-20𝜎=0⇒ -20𝜎 = −10⇒ 𝜎 = −20 ⇒ 𝜎 = 0,5, substituindo em 𝑘 ∗ = 100𝜎 2 , então,
vem:
𝑘 ∗ = 100 ∗ 0,52 ⇒ 𝑘 ∗ = 25, esse equilibrio é denominado na literatura económica como
nível óptimo de acumulação de capital, também conhecido como “Regra de Ouro”.
Observação: i´ = 𝛿𝑘 ∗ ; i´ = 𝜎𝑦 ou ainda i´ = 𝜎𝑓(𝑘).
y = c + i´⇒ y = c+ 𝜎y ⇒ c = y – 𝜎y = c ⇒ c = (1 - 𝜎)𝑦.
12. Considere uma economia com a seguinte função de produção: 𝑌 = 0,5𝐾 0,5 ∗ 𝑁 0,5. A
população cresce a uma taxa anual de 2%, a taxa de poupança por trabalhador é de
2% e a depreciação é inexistente. Utilizando o modelo de crescimento de Solow,
calcula-se a relação capital-trabalho no steady state.
Resposta:
Para este caso, sabe-se que no modelo de crescimento de solow, para uma função de
1
∗ 𝜆𝜎 1−𝛼
Cobb-Douglas, 𝑘 = ( ) . Então tem-se:
𝑛+𝛿
1 1

𝜆𝜎 1−𝛼 ∗
0,5 ∗ 0,02 1−0,5 1 2 1
𝑘 =( ) ⇒ 𝑘 = [( )] ⇒ 𝑘 = ( ) ⇒ 𝑘∗ = .

𝑛+𝛿 0,02 + 0 2 4
Nota:
1
∗ 𝜆𝜎 1−𝛼
Demostrando que 𝑘 = ( ) , para uma função do tipo 𝑌 = 𝜆𝐾 𝛼 ∗ 𝑁1−𝛼 , vem:
𝑛+𝛿

193
𝐾 𝛼
𝑘 = 𝜆 (𝑁) 𝑒 Δ𝑘 = 𝜎𝑓(𝑘) − (𝑛 + 𝛿)𝑘, então: Δ𝑘 = 𝜎𝑓(𝑘) − (𝑛 + 𝛿)𝑘 ⇒
𝐾 𝛼 𝐾
𝜎𝜆 (𝑁) − (𝑛 + 𝑑)𝑘 = ∆𝑘. No estado estacionário ∆𝑘 = 0 e sabe-se que que 𝑘 = 𝑁,
𝜎𝜆 𝑘
assim vem: 𝜎𝜆𝑘 𝛼 − (𝑛 + 𝛿)𝑘 = 0 ⇒ 𝜎𝜆𝑘 𝛼 = (𝑛 + 𝛿)𝑘 ⇒ (𝑛+𝛿) = 𝑘 𝛼 ⇒
1
𝜎𝜆 1−𝛼 𝜎𝜆 𝜎𝜆 1−𝛼
= 𝑘1−𝛼 ⇒ √ = 𝑘∗ ⇒ 𝑘∗ = ( ) 𝑐. 𝑞. 𝑑.
(𝑛 + 𝛿) 𝑛+𝛿 𝑛+𝑑

13. Considere o modelo de crescimento de Solow, com função de produção dada por 𝑌 =
1 1
𝐾 2 ∗ 𝑁 2 , sendo Y = produto, K = stock de capital, N = número de trabalhadores. Nessa
economia, a população cresce a uma taxa constante igual a 5%, a taxa de depreciação
do stock de capital é de 5%, e a taxa de poupança por trabalhador é de 20%. Calcule
o valor do salário real no estado de crescimento equilibrado.
Respostas:
1 1
𝑌 𝐾
Sabe-se que 𝑌 = (𝐾𝑁)2 ⇒ 𝑦 = ( ) = 𝑘 2 , onde 𝑘 = . A equação de movimento para o
𝑁 𝑁
capital no modelo de Solow sem progresso técnico é: ∆𝑘 = 𝜎𝑦 − (𝑛 + 𝛿)𝑘.
No estado estacionário, é sabido que ∆𝑘 = 0. Assim, vem:
1
𝜎 2 0,2 2
𝜎𝑘 2 = (𝑛 + 𝛿)𝑘 ⇒ 𝑘 = (𝑛+𝛿) , ou 𝑘 ∗ = (0,05+0,05) ⇒ 𝑘 ∗ = 4.

Para determinar o salário real no estado estacionário, basta recordar que sob hipótese da
concorrência perfeita subjacente às premissas básicas do modelo de Solow, tem-se que:
1
𝜕𝑌 𝑊 𝑊 1 𝐾 2 1 1 1 1
≡ 𝑃𝑀𝑔𝑁 = ⇒ = 𝑤 = ( ) ⇒ 𝑤 = ∗ (𝑘)2 ⇒ 𝑤 = ∗ (4)2 = 1.
𝜕𝑁 𝑃 𝑃 2 𝑁 2 2

194
X. ESCOLAS DO PENSAMENTO MACROECONÓMICO
10.1. Introdução

O modo como os economistas concebem as suas ideias é resultado de um processo


de construção teórica realizada ao longo dos tempos. Os esforços para entender as causas
das crises económicas, bem como as soluções a adoptar para mitigar o seu efeito levou
sempre os economistas a descobrirem novas técnicas com vista a dar melhor explicação
da realidade e lidar com problemas emergente.
10.2. Keynes e a Grande Recessão

A abordagem da macroeconomia moderna começa em 1936, com a publicação da


obra “Teoria Geral do emprego, do juro e da moeda de John Maynard Keynes”. O sucesso
desta obra deveu-se não só pela capacidade de explicar a “Grande Recessão” mas também
pelo fracasso intelectual dos economistas que estudavam a “Teoria dos Ciclos
Económicos, antiga designação da macroeconomia”.
A obra de Keynes enfatizava a procura efectiva, hoje conhecida como procura
agregada. Explica que no curto prazo a procura determina o produto, mesmo que este
retorne ao seu nível de pleno emprego seria na melhor hipótese um processo lento.
Aconselha a intervenção do Estado para estimular a procura agregada, pois, no longo
prazo “estaremos todos mortos”.
Na determinação da procura efectiva, Keynes introduz elementos básicos da
macroeconomia moderna, tais como:
i. A relação entre o consumo e a renda, bem como o multiplicador que
explica o impacto da alteração dos componentes da procura agregada sobre
o produto;
ii. A preferência pela liquidez, expressão utilizada para a procura por moeda,
explicando como a política monetária pode afectar as taxas de juro e a
procura agregada;
iii. A importância das expectativas ao afectar o consumo e o investimento,
pela ideia de instinto animal (Animal Spirit).
Portanto, esperar pelo ajusto natural da economia era imprudente diante da
recessão do momento e equilibrar o orçamento era incoerente e perigoso, assim, a política
orçamental (fiscal) era essencial para fazer face a crise e relançar a economia para a
trajectória de crescimento.

195
10.3. Síntese Neoclássica

A síntese neoclássica é um consenso, que surgiu no início da década de 1950,


baseado na integração de muitas ideias de Keynes e de seus antecessores. Paul Samuelson
notou que, em 1955, 90% dos economistas deixam de ser “Keynesianos” ou
“Antikeynesianos”, trabalhando numa abordagem do que tem valor tanto na economia
mais antiga (clássica) quanto nas teorias modernas de determinação do rendimento.
Na síntese neoclássica pode se destacar a formulação matemática das ideias de
Keynes por John Hicks e Alvin Hansen conhecido como modelo IS/LM, sendo criticado
por mutilar muitas ideias originais de Keynes. As teorias de consumo de Franco
Modigliani e de Milton Fredman, a teoria de investimento de James Tobin, bem como o
modelo de crescimento económico desenvolvido por Robert Solow, permitiram conceber
uma estrutura de pensamento dos determinantes do crescimento económico, resultando
na publicação de vários trabalhos sobre a importância da poupança e do progresso
tecnológico na promoção do crescimento económico.
10.4. Keynesianos vs Monetaristas

Na deácada de 1960 os debates entre Keynesianos e Monetarista (poucos


economistas cepticos liderados por Fredman) dominavam as manchetes de economia. As
discussões centravam-se em torno de três principais assuntos:
i. Eficácia da política monetária versus política fiscal;
ii. Curva de Phillips; e
iii. Papel da política económica.
Keynes e seus seguidores consideravam que a política fiscal era mais eficaz em
relação a política monetária, pois, a curva IS segundo eles era bastante inclinada (caso
keynesiano) e portanto mudanças na taxa de juro tinham pequenos impactos sobre a
procura agregada e o produto. Estudos de Milton Fredman e Anna Schwartz, mostraram
posteriormente que a política monetária para alem de ser muito eficaz, os movimentos da
moeda explicavam na maior parte as flutuações do produto. Depois desta constatação
foram realizados vários estudos que concluíram que tanto a política fiscal como a
monetária afectam claramente a economia.
As evidências empíricas dos estudos realizados por Keynesianos na década de
1960 mostravam a existência de um dilema confiável entre inflação e desemprego (curva
de Phillips) mesmo no longo prazo. Fredman e Edmund Phelps discordavam totalmente
dessa ideia. Segundo eles se os formuladores de política económica tentassem obter um
desemprego baixo aceitando uma inflação maior o dilema de longo prazo desaparecia
rapidamente. Em meados de 1970, anos de “estagflação” (caracterizada por alto
desemprego e alta inflação), o consenso era de facto de que no longo prazo não haveria
“Trad-off” entre inflação e desemprego.
Finalmente, quanto ao papel da política económica, a discussão baseia-se no
conhecimento que os fazedores de política possuem sobre o comportamento das variáveis
económicas para estabilizar o produto. Os monetaristas acreditam que os formuladores

196
de políticas não têm conhecimento suficiente para tomarem as decisões certas, para isso
deviam ser implementadas regras mais simples como o crescimento constante da moeda,
em vez de políticas de estímulo da procura agregada. O debate sobre o papel da política
económica na estabilização da economia ainda não está resolvido.

10.5. Expectativas Racionais

A explicação convincente das causas da crise dos meados da década de 1970


baseada nos efeitos de “choques adversos” tanto sobre os preços quanto sobre o produto
surgiu tarde de mais para salvar a imagem da Macroeconomia que tinha uma estrutura
intelectual comum, apesar das discussões entre Keynesianos e Monetaristas. Esta crise
adicionada as ideias de um pequeno grupo de economistas, tais como, Robert Lucas,
Thomas Sargent e Robert Barro, revolucionou o pensamento económico assente na
formação de expectativas sobre o comportamento das variáveis económicas.
As expectativas racionais geraram três implicações na abordagem da ciência
económica:
i. A crítica de R. Lucas, considerando que os modelos macroeconómicos
existentes (Keynesianos) não podiam ser utilizados na formulação de
políticas, pois, não incorporavam as expectativas sobre o comportamento
da economia;
ii. A introdução das expectativas nos modelos Keynesianos produziram
resultados completamente não keynesianos, a exemplo de modelos de
ajustes nos preços que levam o produto a retomar o seu nível de pleno
emprego; e
iii. A ferramenta apropriada para a formulação de políticas económicas seria
a “Teoria dos jogos” e não o “controlo óptimo”.

10.6. Novos Clássicos e Teoria dos Ciclos Económicos Reais

A teoria das expectativas racionais foi mais do que uma crítica a macroeconomia
keynesiana. Forneceu uma interpretação própria as flutuações do produto baseada nas
imperfeições dos mercados de trabalho e no ajuste lento de salários e preços.
Robert Lucas, considerou que os macroeconomistas deveriam ver até que ponto
podiam explicar as oscilações na actvidade económica como efeitos de choques nos
mercados competitivos com preços e salários totalmente flexíveis. Esta nova abordagem,
liderada por Edward Prescott, e seus seguidores considerados “Novos Clássicos”, baseado
em modelos dos ciclos económicos reais (real businesss cicle-RBC), tem como duas
premissas fundamentais:
i. Metodologicamente, os modelos macroeconómicos deveriam ser
concebidos em fundamentos microeconómicos de maximização de
utilidades pelos trabalhadores, maximização de lucros pelas empresas e
expectativas racionais dos respectivos agentes económicos;

197
ii. As flutuações poderiam ser interpretadas como tendo origem em choques
tecnológicos nos mercados competitivos com preços e salários totalmente
flexíveis.

10.7. Novos Keynesianos

Os economistas considerados novos keynesianos partilham as mesmas convicções


no que diz respeito a validade da crítica das expectativas racionais e a necessidade de
apreender sobre a natureza das imperfeições em mercados diferentes e sobre as suas
implicações para as flutuações macroeconómicas.
Nesta abordagem, pode-se distinguir três principais linhas de investigação, a
saber:
i. Determinação dos salários no mercado de trabalho pela noção de salários
de eficiência, que consiste na ideia de que, se os salários forem
considerados baixos pelos trabalhadores podem induzi-los a
negligenciarem os empregos, baixarem a motivação dentro da empresa e
causar dificuldades de recrutamento de bons trabalhadores para a empresa;
ii. O papel das imperfeições no mercado de créditos, as razões
“excepcionais” que levam os bancos a recusarem com frequência
tomadores potenciais de empréstimos, apesar de estarem dispostos a
pagarem a taxa de juro cobrada por esses bancos;
iii. A rigidez nominal caracterizada pelo não ajuste imediato com frequência
dos preços e salários. Gerge Akerlof e N. Gregor Mankiw descobriram um
dos motivos conhecidos na literatura económicos como “Custos de menu”,
as empresas preferem manter os preços do que trocarem constantemente
os preços.
10.8. Nova Teoria do Crescimento Económico

A nova teoria do crescimento económico, amplamente estudada na década de 60,


retomada em 1980, com contribuições de Robert Lucas e Paul Romer, centra a sua abordagem
em duas questões fundamentais:

i. Papel dos rendimentos crescentes de escala, e;


ii. Determinantes do progresso tecnológico.
Nesta abordagem, recupera-se a ideia de Joseph Schumpeter da “Destruição critiva”, no
qual novos produtos são constantemente introduzidos no mercado, tornando os antigos absoletos.
As pesquisas tentam também identificar o papel das instituições específicas na determinação do
crescimento económico, a exemplo dos efeitos do sistema jurídico na organização da economia,
mercado financeiro, de trabalho, bem como o próprio Estado Democrático e de Direito.

198
10.9. Convicções Comuns e Divergências

A maioria dos macroeconomistas está em concordância com o conjunto básico de


preposições, a saber:
i. No curto prazo, os deslocamentos da procura agregada afectam o produto;
ii. No médio prazo, o produto retorna ao nível de pleno emprego (natural) e
este depende da taxa natural de emprego, do stock de capital e do estado
da tecnologia;
iii. No longo prazo, dois factores principais determinam a evolução do
produto, designadamente a acumulação de capital e o progresso
tecnológico;
iv. A política monetária afecta o produto no curto prazo, mas não no médio
prazo ou no longo prazo;
v. A política fiscal tem efeito sobre o produto em todos horizontes temporais.
Défices orçamentais maiores podem afectar o produto no curto prazo, mas
não no médio prazo e provavelmente, diminuem a acumulação de capital
e o produto no longo prazo.
As preposições acima definidas abrem espaço para a discordância, designadamente:
i. Tamanho do curto prazo-o período de tempo do qual a procura agregada
afecta o produto é discutível, os pesquisadores dos Ciclos Reais de
Negócios, (RBC) acreditam que, em caso extremo, pode ser ainda muito
curto, ao considerarem o nível de produto estar sempre em pleno emprego.
Noutro extremo, o estudo das crises e das depressões indicam que os
efeitos da procura podem ser extremamente longos, concluindo que o curto
prazo pode ser muito longo;
ii. Papel da Política económica-como consequência da avaliação do
tamanho do curto prazo, os que acreditam que o produto volta rapidamente
ao pleno emprego aconselham normalmente regras rígidas às políticas
fiscal e monetária, que vão do crescimento constante da moeda à exigência
de orçamento equilibrado, os que acreditam no ajusto lento, optam em
políticas de estabilização mais flexíveis.
No entanto, independentemente das divergências, existe uma estrutura em grande
parte comum, na qual a maioria das pesquisas é conduzida e organizada e é, esta estrutura
que permite interpretar os acontecimentos e discutir políticas económicas. Portanto, existe
ainda um longo caminho por percorrer para descerever os fenómenos económicos do
mundo real, caracterizado por crises económicas sequenciais. “Filosofia-Amizada ao
conhecimento-Busca constante do conhecimento”.

199
BIBLIOGRAFIA

ABEL, Andrew B; BERNANKE, Bem S; CROUSHORE, Dean; Macroeconomia, 6ª


Edição; São Paulo; Person; 2008.
BLANCHARD, Olivier. Macroeconomia. 2. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2001.
BRAMSON, William H; Macroeconomia, Teoria e Política; 2ª Edição; Função Calouste
Gulbenkian; Lisboa; 2001.
BURDA, Michael; WYPLOSZ Charles. Macroeconomia. 5. ed. Lisboa: Verlang
Dashöfer, 2011.
CERQUEIRA, José; Nova Economia Angolana; 1ª Edição; Luanda; Edições de Angola;
2017.CRUZ, João Neves; Economia e Política; Coimbra editora; Coimbra, 2008;
DINIZ, Francisco; Crescimento e Desenvolvimento Económico; 2ª Edição; Lisboa;
Edições Sílabo; 2010.
DORNBUSCH, Rudiger; FISCHER, Stanley; STARTZ, Richard; Macroeconomia, 8ª
edição, Rio de Janeiro, Mc graw hill, interamericana do Brasil Lda, 2003.
FIGUEIREDO, António Manuel; PESSOA, Argentino; SILVA, Mário Rui. Crescimento
Económico. 2. ed. Lisboa: Escolar Editora, 2008.
FROYEN, Richard T; Tradução de Esther E. H. Herskovitz e Cecília C. Bartalotti;
Macroeconomia; 5ª Edição; Editora Saraiva; Sd.
HANDERSON, David R; NEVES, João César das; Enciclopédia de Economia; 2ª Edição;
Principia, publicações universitárias e científicas; 2001.
LOPES, Luis Martins at. al., Manual de Macroeconomia, 2ª edição, São Paulo, Atlas,
2000.
MAIA, Redento; Economia; Porto; Plural Editores-Grupo Porto Editora; 2014.
MANKIW, Gregory N; Tradução Ana Beatriz Rodrigues; Macroeconomia; 8ª Edição;
Rio de Janeiro; LTC Lda; 2015.
MEDEIROS, Eduardo Raposo; Economia Internacional; 9ª Edição; Lisboa; Escolar
Editora; 2013.
SANTOS, Jorge; PINA, Álvaro; BRAGA, Jacinto; AUBYN, Miguel; Macroeconomia,
4ª Edição; Lisboa; Escolar Editora, 2016.
SNOWDON, Brian; VANE, Howard R; Modern Macroeconomics; Edward Elgar;
Publishing Limited; UK and USA; 2005.
SOUSA, Maria E. Fialho de; GOMES, Orlando; Análise Económia; 2º Edição; Lisboa;
Edições Sílabo; 2011.

200

Você também pode gostar