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MACROECONOMIA Material de Apoio
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MACROECONOMIA
Instrumentos para Análise Económica
SUMÁRIO
I. INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 1
1.1. Análise do Circuito Económico e Conceito de Macroeconomia................................... 1
1.2. Objectivos e Instrumentos de Política Económica ........................................................ 2
II. FLUXO DE RENDIMENTO E CONTABILIDADE NACIONAL ................................. 5
2.1. Conceito de Contas Nacionais e Medição ..................................................................... 5
2.2. Medição da Produção na Óptica do Produto ................................................................. 5
2.3. Medição da Produção na Óptica da Despesa................................................................. 7
2.4. Medição da Produção na Óptica do Rendimento .......................................................... 7
2.5. Fluxo de Rendimento/Circuito Económico ................................................................. 11
2.6. Exercícios Resolvidos ................................................................................................. 15
III. MODELO DE DETERMINAÇÃO DO RENDIMENTO .............................................. 23
3.1. Conceito ...................................................................................................................... 23
3.2. Economia de Dois Sectores ......................................................................................... 23
3.2.1. Interpretação Dinâmica do Conceito de Multiplicador ....................................... 24
3.3. Economia de Três Sectores ......................................................................................... 25
3.3.1. Saldo Orçamental e Multiplicadores de Política Fiscal ....................................... 26
3.4. Economia de Quatro Sector......................................................................................... 30
3.5. Exercícios Resolvidos ................................................................................................. 31
IV. MODELO IS/LM ............................................................................................................ 42
4.1. Conceito ...................................................................................................................... 42
4.2. Mercado de Bens e Serviços ....................................................................................... 42
4.2.1. Curva IS............................................................................................................... 43
4.3. Mercado Monetário ..................................................................................................... 44
4.3.1. Curva LM ............................................................................................................ 44
4.4. Equilíbrio Simultâneo nos Mercados de Bens e no Mercado Monetário (IS-LM) ..... 46
4.4.1. Multiplicadores do Modelo IS-LM ..................................................................... 48
4.5. Efeitos das Políticas Orçamental e Monetária ............................................................. 48
4.6. Exercícios Resolvidos ................................................................................................. 51
V. MODELO AS/AD ............................................................................................................... 61
5.1. Dedução da Curva da Procura Agregada (AD) ........................................................... 61
5.2. Oferta Agregada (AS) ................................................................................................. 61
5.2.1. Mercado de Trabalho e Determinação de Salário ............................................... 62
5.2.2. Função de Produção Neoclássica e Determinação de Nível de Preços ............... 63
5.2.3. Taxa Natural de Desemprego .............................................................................. 64
i
5.2.4. Desemprego vs Emprego .................................................................................... 66
5.2.5. Derivação da Oferta Agregada ............................................................................ 67
5.2.6. Formação de Expectativas ................................................................................... 69
5.3. Efeito das Políticas Económicas no Modelo AD-AS .................................................. 71
5.4. Exercícios Resolvidos ................................................................................................. 73
VI. MOEDA E INFLAÇÃO.................................................................................................. 93
6.1. Moeda.......................................................................................................................... 93
6.1.1. Definição e Funções ............................................................................................ 93
6.1.2. Oferta de Moeda e Agregados Monetários.......................................................... 93
6.1.3. Multiplicador Monetário ..................................................................................... 93
6.1.4. Teoria Quantitativa da Moeda ............................................................................. 95
6.1.5. Controlo Monetário ............................................................................................. 95
6.1.6. Endogeneidade da Moeda ................................................................................... 95
6.2. Inflação ........................................................................................................................ 96
6.2.1. Conceitos ............................................................................................................. 96
6.2.2. Causas ................................................................................................................. 96
6.2.3. Efeitos da Inflação ............................................................................................... 97
6.2.4. Estratégias de Política Monetária para Desinflação ............................................ 98
6.3. Exercícios Resolvidos ................................................................................................. 99
VII. ASPECTOS MICROECONÓMICOS DA MACROECONOMIA............................... 106
7.1. Teorias de Consumo .................................................................................................. 106
7.1.1. Função Keynesiana ........................................................................................... 106
7.1.2. Estagnação Secular e o Paradoxo de Kuznets ................................................... 107
7.1.3. Teoria do Rendimento Relativo de Duesembery............................................... 108
7.1.4. Diagrama de Fisher e Escolha Intertemporal .................................................... 108
7.1.5. Teoria do Rendimento Permanente de Fredman ............................................... 110
7.1.6. Teoria do Ciclo de Vida de Ando-Modigliani................................................... 110
7.1.7. Teorias Modernas baseadas em PIH-LC ........................................................... 111
7.2. Teoria da Procura de Moeda ..................................................................................... 113
7.2.1. Fórmula de Baumol-Tobin ................................................................................ 113
7.3. Teoria do Investimento.............................................................................................. 114
7.3.1. Valor Actual Líquido e Taxa de Rentabilidade Interna..................................... 114
7.3.2. Multiplicador de Investimento .......................................................................... 115
7.3.3. Teoria do Acelerador ......................................................................................... 115
7.3.4. Teoria q de Tobin dos Investimentos ................................................................ 116
7.4. Expectativas no Modelo IS-LM ................................................................................ 117
ii
7.5. Exercícios Resolvidos ............................................................................................... 118
VIII. ECONOMIA ABERTA ............................................................................................ 133
8.1. Introdução ................................................................................................................. 133
8.2. Balança de Pagamento .............................................................................................. 133
8.3. Regimes Cambiais ..................................................................................................... 135
8.4. Economia Aberta com Preços Fixos ......................................................................... 137
8.4.1. Modelo IS-LM sem Mobilidade de Capitais ..................................................... 137
8.4.2. Modelo IS-LM com Mobilidade de Capitais-Mundell/Fleming ....................... 138
8.4.3. Trindade Impossível .......................................................................................... 143
8.5. Economia Aberta com Preços Flexíveis.................................................................... 144
8.5.1. Teoria da Paridade do Poder de Compra ........................................................... 144
8.5.2. Paridade das Taxas de Juros .............................................................................. 145
8.5.3. Preços Flexíveis em Regime de Câmbios Fixos ............................................... 145
8.5.4. Preços Flexíveis em Regime de Câmbios Flexíveis .......................................... 147
8.6. Exercícios Resolvidos ............................................................................................... 150
IX. CRESCIMENTO ECONÓMICO ................................................................................. 173
9.1. Crescimento vs Desenvolvimento ............................................................................. 173
9.2. Fontes de Crescimento Económico ........................................................................... 173
9.3. Modelos de Crescimento Económico ........................................................................ 174
9.3.1. Modelo de Harrod-Domar ................................................................................. 174
9.3.2. Modelo de Robert Solow................................................................................... 175
9.3.3. Modelos de Crescimento Endógeno .................................................................. 178
9.4. Exercícios Resolvido ................................................................................................. 182
X. ESCOLAS DO PENSAMENTO MACROECONÓMICO ............................................... 195
10.1. Introdução.............................................................................................................. 195
10.2. Keynes e a Grande Recessão ................................................................................. 195
10.3. Síntese Neoclássica ............................................................................................... 196
10.4. Keynesianos vs Monetaristas ................................................................................ 196
10.5. Expectativas Racionais .......................................................................................... 197
10.6. Novos Clássicos e Teoria dos Ciclos Económicos Reais ...................................... 197
10.7. Novos Keynesianos ............................................................................................... 198
10.8. Nova Teoria do Crescimento Económico ............................................................. 198
10.9. Convicções Comuns e Divergências ..................................................................... 199
BIBLIOGRAFIA....................................................................................................................... 200
iii
I. INTRODUÇÃO
2
QUADRO 1-OBJECTIVOS E INSTRUMENTOS DA POLÍTICA ECONÓMICA
1
BTC: Balança de transações correntes, isto é, a soma da Balança comercial (Exportações-Importações) e
da Balança de rendimentos.
2
Cibernética: estudo dos mecanismos de comunicação e de controlo nas máquinas e nos seres vivos.
Etimologicamente, é a arte de governar.
3
FIGURA 2-FORMULAÇÃO DE POLÍTICA ECONÓMICA
4
II. FLUXO DE RENDIMENTO E CONTABILIDADE NACIONAL
Produto≡Rendimento≡Despesa.
5
Produtor Produção Consumos Intermédios VAB
i. Pela técnica do produto final o PIB desta economia é avaliado pelo valor do bem
de consumo final (pão) subtraída o valor dos factores importados. Deste modo:
PIB=1000-200
PIB=800 u.m.
ii. Pela técnica do VAB o PIB será a soma dos VABs de todos sectores de
actividades, pelo que:
𝑷𝑰𝑩 = ⅀𝑽𝑨𝑩
PIB=300+250+250
PIB=800 u.m.
3
Os impostos indirectos incidem sobre o consumo/despesa, enquanto os directos incidem sobre os
rendimentos.
6
Se RRE˂ REE⇒ RLRM=RLEE (-); se RRE˃REE⇒RLRM=RLRE (+)
A distinção entre Produto Interno Bruto (PIB) e Produto Nacional Bruto (PNB) é
feita pelo critério de residência e não de nacionalidade.
2.3. Medição da Produção na Óptica da Despesa
7
PIBpm+RLRM=RNBpm
⸫ RNBpm=PNBpm
O rendimento disponível (Yd) é o rendimento das famílias, definida como
rendimento gerado na economia após pagamento de impostos e recebimentos de
transferências por parte das famílias.
O rendimento disponível obtém-se a rigor subtraindo do PNBcf os lucros não
distribuídos (Lnd), os impostos directos e contribuições para a segurança social (Tx) e
adicionando as transferências do Estado (TR) que são as pensões, abonos de famílias,
entre outros, e transferências líquidas recebidas do resto do mundo (TLRM) que
geralmente são as remessas de emigrantes, embora incluindo outras componentes.
Yd = PNBcf - Lnd -Tx+TR+TLRM
Como já foi referido, as três ópticas formam uma identidade. De forma rigorosa,
pela óptica da despesa calcula-se o PIBpm e pelas ópticas do rendimento e do produto o
PIBcf.
O rendimento disponível (Yd) é alocado em consumo e em poupança que financia
o investimento das empresas pelos mercados financeiros.
Agregados Brutos vs Agregados Líquidos
As variáveis acima definidas e outras podem ser brutos ou líquidos em função da
inclusão ou não da amortização ou depreciação (δ). Deste modo, tem-se:
PNL = PNB - δ
PIL = PIB - δ
Finalmente importa destacar dois indicadores: do sector fiscal e do sector externo.
o Saldo Orçamental (SO), a diferença entre a receita do Estado (Tx) constituídas
principalmente por Impostos indirectos (Ti) e directos (Td), e a despesa pública composta
por consumo ou gasto público (G), transferências as famílias (TR) e subsídios à produção
(Sp). O Saldo da Balança Comercial, como indicador do sector externo (Nx) já
anteriormente definida como Exportações líquidas (Nx), é a diferença entre as
Exportações (X) e as Importações (M).
SO = Ti +Td - (G+TR+Sp) e Nx = X - M
8
No que tange a perspectiva do crescimento económico, os agregados são
expressos em termos reais e não nominais para excluir o efeito da variação dos preços.
Os agregados reais são os valorizados à preços constantes (produção de cada ano
valorizada à preços de um ano base), enquanto os agregados nominais são valorizados à
preços correntes (produção de cada ano determinada à preços dos respectivos anos). Com
isto, deriva-se os conceitos de produto nominal (Pn) ou à preços correntes, produto real
(Pr) ou à preços constantes, deflactor (Def) que é um dos índices dentre os índices de
preços de Laspeyres (IL) e de Paasche (IP).
O IL toma em conta as quantidades do ano base (Qb) e IP as quantidades do ano
corrente (Qc). Neste caso, o Def. seria determinado pelo índice de preços de Paasche, pois
é definido como o quociente entre o produto nominal e o produto real.
∑𝑸𝒃 ∗ 𝑷𝒄 ∑𝑸𝒄 ∗ 𝑷𝒄
𝑰𝑳 = 𝒆 𝑰𝑷 =
∑𝑸𝒃 ∗ 𝑷𝒃 ∑𝑸𝒄 ∗ 𝑷𝒃
𝑷𝑰𝑩𝒏 ∑𝑸𝒄∗𝑷𝒄
𝑫𝒆𝒇. 𝑷𝑰𝑩 = ∗ 𝟏𝟎𝟎 ⇒ 𝑫𝒆𝒇. 𝑷𝑰𝑩 = ∑𝑸𝒄∗𝑷𝒃 *100
𝑷𝑰𝑩𝒓
A taxa de inflação, que mede a variação percentual do nível geral de preços, neste
caso, é definida como a diferença dos deflactores de um ano relativamente a outro e a
taxa de crescimento económico (real), que mede quanto se produziu a mais (ou a menos)
de um ano para o outro, é dada pela variação do PIB real. Recordar que a variação de uma
variável é dada pela seguinte fórmula:
∆𝑿 (𝑿𝒕 −𝑿𝒕−𝟏 ) ∆𝑿 𝑿𝒕
= ∗ 𝟏𝟎𝟎 ou = (𝑿 − 𝟏) ∗ 𝟏𝟎𝟎
𝑿 𝑿𝒕−𝟏 𝑿 𝒕−𝟏
Deflator
Produto Interno Bruto Produto Interno Bruto per capita
População implícito
Valor em (1 000 000 Kz) residente Valor em Kwanzas
Ano Variação Variação Variação
Preços do 1 000 hab. Preços do
Preços real anual Preços real anual anual
ano (1) ano
correntes (%) correntes (%) (%)
anterior anterior
2005 3 222 352 2 263 276 15,00 14 948 215 568 151 408 12,00 42,00
2006 4 209 762 3 594 459 12,00 15 410 273 180 233 252 8,00 17,00
2007 5 006 335 4 799 555 14,01 15 889 315 090 302 076 10,58 4,31
2008 6 643 353 5 565 343 11,17 16 368 405 877 340 016 7,91 19,37
2009 5 803 484 6 785 617 2,14 16 889 343 628 401 781 (-) 1,01 (-) 14,47
2010 7 662 130 6 010 227 3,56 17 430 439 604 344 828 0,35 27,48
2011 10 416 478 7 804 472 1,86 17 992 578 949 433 774 (-) 1,33 33,47
2012 11 974 557 11 211 721 7,63 18 577 644 605 603 541 4,25 6,80
2013 13 195 004 12 830 646 4,95 18 706 705 374 685 897 2,34 2,84
2014 14 323 859 13 831 349 4,8 2 25 901 553 023 534 008 * 3,56
2015 13 950 291 14 459 015 0,9 4 26 681 522 855 541 922 -2,01 -3,52
Fonte: INE – Contas Nacionais.
* Dado omitido por incomparabilidade das informações sobre a população antes e depois de 2014.
9
TABELA 2-COMPONENTES DO PRODUTO SOB ÓPTICAS DE MEDIÇÃO
B - Óptica da despesa
Produto Interno Bruto 5 006 335 6 643 353 5 803 484 7 662 130 10 416 478 11 974 557 13 195 004 14 323 859 13 950 291
Consumo final 2 328 843 3 030 073 3 419 501 3 979 257 5 238 354 5 986 331 7 808 116 8 944 162 9 650 369
Despesa de consumo das famílias 1 551 012 1 913 019 2 303 263 2 646 397 3 304 895 3 806 437 4 955 099 6 369 354 7 357 941
Despesa de consumo da administração pública 777 831 1 117 054 1 116 238 1 332 860 1 933 459 2 179 894 2 853 017 2 574 808 2 292 428
Formação bruta de capital 1 288 159 2 046 422 2 436 365 2 222 440 2 935 397 3 533 436 3 449 566 3 939 127 4 771 347
Formação bruta de capital fixo 1 259 386 1 941 186 2 452 293 2 234 458 2 868 305 3 560 451 3 451 615 3 936 026 3 935 322
Variação de existencia 28 773 105 236 - 15 928 - 12 018 67 092 - 27 015 - 2 049 3 101 836 025
Exportação de bens e serviços 3 399 591 4 814 772 3 696 401 4 739 836 6 370 916 6 838 653 6 696 080 6 402 053 4 150 853
Importação de bens e serviços (-) 2 010 258 3 247 914 3 748 783 3 279 403 4 128 189 4 383 863 4 758 758 4 961 483 4 622 278
C - Óptica do rendimento
Produto Interno Bruto 5 006 335 6 643 353 5 803 484 7 662 130 10 416 478 11 974 557 13 195 004 14 323 859 13 950 291
Remuneração dos empregados 964 251 1 348 711 1 601 141 1 819 917 2 395 047 2 760 020 2 910 922 3 044 949 3 539 703
Impostos, líquidos de subsídios sobre a produção e importação - 9 532 156 428 162 622 111 178 80 351 - 106 688 - 335 847 - 235 215 112 474
Excedente bruto de exploração/rendimento misto 4 051 616 5 138 214 4 039 721 5 731 035 7 941 080 9 321 225 10 619 929 11 514 125 10 298 114
10
2.5. Fluxo de Rendimento/Circuito Económico
Um circuito económico, tal como já referido, é uma representação dos fluxos entre
agentes económicos de forma a termos uma visão simplificada da realidade.
Hipóteses Simplificadoras
11
O rendimento desta Economia será: Y≡YC+YI⇒Y≡80+20⇒Y=100
Y≡C+S⇒S≡Y-C e Y≡C+I então C+I≡C+S⇒I≡S⇒20=20.
Assim, ao produzir-se os bens e serviços a serem fornecidos às famílias, as
empresas utilizam os factores de produção fornecidos por essas famílias. Ao serem
utilizados, os factores são remunerados, permitindo às famílias auferir um rendimento
que é destinado a aquisição dos bens e serviços produzidos pelas empresas e parte deste
rendimento é poupado e canalizado no sector financeiro para financiar o investimento
empresarial.
Economia Fechada com Estado
O governo (sentido restrito de Estado) está presente em inúmeras actividades da
economia, seja disponibilizando ou consumindo bens e serviços, seja regulamentando
mercados. Por governo, entende-se apenas o exercício das funções típicas do Estado
(administração directa, judiciário, legislativo, provisão de segurança nacional etc.), que
dependem de dotação orçamental. As empresas públicas, que oferecem bens e serviços
no mercado, cobrando um preço ou taxas, não são diferenciadas na Contabilidade
Nacional das empresas privadas. Assim, o governo tem por função prover os chamados
“bens públicos” com recursos que provêm da arrecadação de impostos. A figura abaixo
ilustra este modelo económico.
FIGURA 4– ECONOMIA FECHADA COM ESTADO
a. Y = C+I+G
Y= 63+20+17⇒Y=100
b. Yd = Y-Tx+TR
Yd = 100-33+18⇒Yd = 85
c. S = Yd-C
S = 85-63 ⇒ S=22
d. SO=Tx-G-TR
SO=33-17-18⇒SO=-2⇒DO=2
e. Nota: S = I-SO⇒S=I+DO⇒S=20+2⇒S=22⇒I=S+SO⇒I=S-DO⇒20=22-2.
12
Portanto, numa economia fechada é sempre verificável que o investimento é
financiado pela poupança total (soma da poupança privada e poupança pública ou saldo
orçamental) e, portanto, um défice orçamental diminui a poupança total, ou seja, retira
recursos disponíveis as famílias para cumprir as necessidades de investimento no
mercado financeiro.
S ≡ Yd-C ≡ Y-Tx+TR-C ≡ C+I+G-Tx+TR-C ≡ I+G+TR-Tx ≡ I-SO ≡ I+DO
S≡I-SO⇒S≡I+DO⇒I≡S+SO⇒I≡S-DO
Economia Aberta
13
FIGURA 5– ECONOMIA ABERTA
a. Y=C+I+G+Nx
Y=66+27+17+(28-38) ⇒Y=110+(-10) ⇒Y=100
b. Yd=Y-Tx+TR+TLRM
Yd=100-33+18+7⇒Y=92
c. S=Yd-C
S=92-66⇒S=26
d. BTC=X-M+TLRM
BTC=-10+7⇒BTC=-3
DBTC=3
e. Nota: I=S+SO+DBTC⇒I=26+(-2) +3⇒I=27⇒27=27
A poupança total é determinada pela soma da poupança privada, pública e externa.
Se a economia registar um défice na Balança de Transacções Correntes (DBTC), o
investimento do país é financiado pelo RM, se for um superavit (SBTC), o país financia
o exterior. Pelo exemplo acima, dada a BTC deficitária a poupança externa financia (soma
na poupança total) o investimento interno, no caso de ser superavitária (subtrai na
poupança total) parte da poupança interna financiaria o RM.
S=Yd-C⇒S=Y-Tx+TR+TLRM-C⇒S=C+I+G+NX-Tx+TR+TLRM-C⇒
S=I+(G+TR-Tx) +(Nx+TLRM) ⇒S=I-SO+BTC⇒I=S+SO+DBTC⇒I=S+SO-SBTC
14
2.6. Exercícios Resolvidos
Resolução:
Índice de Preços de Laspeyres (base fixa)
∑ 𝑃 ∗𝑄 (1,2∗10) + (5,4∗1)
IL = ∑ 𝑃𝑐 ∗𝑄𝑏 ∗ 100 ⇒ IL= ∗ 100 = 116%.
𝑏 𝑏 (1∗10) + (5∗1)
2- Considere os seguintes dados estatísticos para uma certa economia (anos de 1997,
1998 e 1999).
Designação 1997 1998 1999
PIB à preços correntes (em Kzs) 92,4 100,5 106,9
PIB à preços de 1995 (em Kzs) 87,4 91,0 93,8
Determine:
a) O deflactor (implícito) do PIB.
b) O crescimento dos preços.
Resolução:
a) O Deflactor (implícito) do PIB = (PIB à preços corrente/PIB à preços constantes) *
100. Assim, tem-se:
1997: (92,4 / 87,4) * 100 = 105,7
1998: (100,5 / 91,0) * 100 = 110,4
1999: (106,9/93,8) * 100 = 113,9
b) O crescimento dos preços (taxas de inflação) será dado por:
𝜋𝑡
Taxa de inflação = (𝜋 – 1)*100. Então vem:
𝑡−1
15
1999/97 = [(113,9 / 105,7) - 1]*100 = 7,75 %
3- Interprete o seguinte fluxo de uma economia fechada sem Estado (Em unidade
monetária):
Resolução:
Pode-se observar que, esta economia tem um Rendimento (Y) = 1040 + 260 = 1300, onde
o consumo (C) = 1040. As empresas de bens de produção fornecem equipamentos às
empresas de bens de consumo, estas investem 260. Nesta economia Y = Yd (rendimento
disponível). Outrossim, Poupança (S) = Y – C = 1300 – 1040 = 260, este valor é
depositado pelas famílias nos bancos. Pelo que, I = 260, ou seja, os bancos financiam as
empresas em 260, verificando-se neste caso que S = I.
4- Suponha que numa actividade económica tem-se (em unidade monetária):
i. Consumo das famílias (C) = 1071
ii. Gastos do Estado (G) = 289
iii. Investimento (I) =340
iv. Transferência (TR) = 306
v. Impostos pagos pelas famílias (Tx) = 561
vi. Depósitos das famílias (S) = 374
Atendendo as informações dada, construa o fluxo desta economia fechada com Estado.
Resolução:
É fundamental previamente determinar a despesa interna desta economia. Assim tem-se:
16
S = I + G + TR – Tx ⇒ S = I + DO.
Logo, S = I + DO, ou seja, S = 374 e I + SO = 340 + 34 ⇒ I + DO = 374. No caso de o
saldo orçamental ser superavitário (SO), S = I – SO ⇒ S + SO = I.
Portanto, o fluxo dessa economia será:
17
A poupança total (S)= (SP + SG) +SX = 442 + 51 = 493 é aplicada no financiamento do
investimento e do défice orçamental, ou seja: 493 = 459 + 34⇒493=493.
Portanto, o fluxo dessa economia será:
18
Resolução:
Lembra-se que: RNB = PIB – RLEE – Ti + Sp
A poupança externa é igual ao superavit negativo, ou seja: SX = - SBTC=DBTC.
Sabemos que: FBCF + VE = SBruta + SX.
I=S+SO-SBTC
A partir dos dados do problema, tem-se:
SX= FBCF + VE - SBruto = 276.741 + 30.750 – 317.172 = - 9.681=DBTC.
A partir das contas do BP (Transações correntes), tem-se que:
SBTC =X – M – RLEE + TLRE.
RLEE = X –M + TLRE-SBTC
RLEE = X-M+TLRE+DBTC
RLEE=-56078+8753+(-9681)
RLEE= - 57.006
Tem-se pela óptica de despesa:
PIB = C+G +I + (X – M)
I = FBCF + VE
PIB = 1.192.613 + 276.741 + 30.750 + (- 56.078) = 1.444.026
Por último: RNB = PIB – RLEE = 1.444.026 – 57.006 = 1.387.020
8- Considere a seguinte informação para uma determinada economia (Em Kz):
Consumo privado 600 Imposto directos 100
Consumo público 160 Impostos indirectos – Subsídios 200
Investimento 280 Transferências internas líquidas para os particulares 200
Exportações 310 Transferências externas líquidas para os particulares 60
Importações 380 Amortizações 140
Rendimentos líquidos recebidos no resto do mundo 20 »»
19
O PNBpm será dado por PNBpm = PIBpm + RLRE (Renda líquida recebida no resto
do mundo) = 970 + 20 = 990.
Portanto, PNBcf = PNBpm – (Ti-Sp) = 990 – 200 = 790.
20
Resolução:
a) O VAB de cada família representa a diferença entre as vendas e os consumos
intermédios. No caso da família servo, que não efectua vendas, o VAB é a
remuneração da família, ou seja, a remuneração será o total de impostos cobrados.
Os impostos indirectos (sobre o pão) são 15%*60, isto é, 9 unidade monetária e
os impostos directos são 4 unidade monetária por cada uma das restantes 4
famílias, totalizando 16 unidade monetária. A remuneração da família é, portanto,
25 unidade monetária. Assim vem:
Cálculo dos VAB e do PIB (Em unidade monetária)
Produtor Vendas Consumo VAB = Vendas – consumo
Intermédio intermédio
Lavrador 50 0 50
Moleiro 70 50 20
Padeiro 60 40 20
Moleiro 30 0 30
Servo 25 0 25
Total 235 90 145
21
serviços prestados pela família servo, pois são pagos através de impostos e não
directamente pelo utilizador. Portanto, G = 25. O investimento é a despesa feita
nas construções do pedreiro, logo I = 30. Já vimos acima que X = 30 e M = 10,
então:
DI = C + G + I+ X – M = 79 + 25 + 30 + 30 – 10 = 154. Pode-se verificar este valor
através da identidade PIBpm = DI. Assim, tem-se:
PIBpm = PIBcf + Ti - Sp = 145 + 9 – 0 = 154.
22
III. MODELO DE DETERMINAÇÃO DO RENDIMENTO
3.1. Conceito
4
Segundo a lei de Hegel, com o aumento do rendimento a proporção de despesas afecto à aquisição de bens
para satisfação de necessidade básica diminui (Base da pirâmide de necessidade de Maslow).
23
Multiplicador
O multiplicador mede a variação do valor de equilíbrio de uma variável endógena
resultante de uma variação unitária de uma variável exógena.
No modelo em consideração o multiplicador da despesa autónoma é o inverso da
propensão marginal a poupar.
∆𝒀 ∆𝒀 𝟏 𝟏
= = =
∆𝑪𝟎 ∆𝑰 𝟏 − ç 𝒔
onde s é a propensão marginal a poupar e o rendimento aumenta com acréscimos na
propensão marginal a consumir (redução da propensão marginal a poupar), fenómeno
conhecido como o “Paradoxo da Parcimónia”. Note, a seguir, que:
Y=C+S
∆𝑌 ∆𝐶 ∆𝑆
∆𝑌 = ∆𝐶 + ∆𝑆/: ∆𝑌⇒ ∆𝑌 = ∆𝑌 + ∆𝑌 ⇒ 1 = ç + 𝑠 ⇒ 𝑠 = 1 − ç
∆𝑌 = ∆𝐼 + ç∆𝐼 + ç2 ∆𝐼 + ç3 ∆I …
∆𝑌 = ∆𝐼(1 + ç + ç2 + ç3 … )
∆𝑌 = lim ∆𝐼(1 + ç + ç2 + ç3 … )
𝑛→∞
24
∞
∆𝑌
= ∑ 1ç𝑘 = (1. ç0 + 1. ç1 + 1. ç2 + ç3 … )
∆𝐼
𝑘=0
∆𝑌
. ç = ç(1 + ç + ç2 + ⋯ )
∆𝐼
𝛼 = 1. ç0 + 1. ç1 + 1. ç2 + 1. ç3 + ⋯
(−) {
ç. 𝛼 = ç. ç0 + ç. ç1 + ç. ç2 + ⋯
α = 1 + ç + ç2 + ç3 … ∆𝑌
{ 2 3 onde α = ∆𝐼
−ç. 𝛼 = −ç − ç − ç + ⋯
∆𝑌 ∆𝑌 ∆𝑌 ∆𝒀 𝟏
−ç =1⇒ (1 − ç) = 1 ⇒ =
∆𝐼 ∆𝐼 ∆𝐼 ∆𝑰 𝟏 − ç
Nota que 1 é o primeiro termo da progressão geométrica e ç é a razão.
25
O rendimento gerado na Economia depende das componentes da demanda (C, I e
G) e dos parâmetros que as influenciam (comportamento das famílias face ao consumo,
perspectivas de investimento das empresas, políticas económicas adoptadas pelo
Governo).
∆𝒀 ç
=
̅̅̅̅ 𝟏 − ç(𝟏 − 𝒕)
∆𝑻𝑹
A intervenção do Governo mediante a cobrança de impostos diminui o
multiplicador. Os gastos públicos (G) têm efeito mais directo do que as transferências
(TR). As transferências são consideradas impostos negativos com a mesma magnitude de
impacto sobre o rendimento e são “estabilizadores automáticos” com efeito amortecedor
na alteração face as medidas de políticas (expansionistas ou restritivas).
3.3.1. Saldo Orçamental e Multiplicadores de Política Fiscal
̅ +𝑻𝑹
SO=Tx-G-TR⇒SO=𝑻𝒙𝟎 +t.Y-(𝑮 ̅̅̅̅)
Multiplicador da Despesa
𝝏𝑺𝑶 −(𝟏 − 𝒕)(𝟏 − ç)
=
̅
𝝏𝑮 𝟏 − ç(𝟏 − 𝒕)
Demostração
𝑆𝑂 = 𝑇𝑥0 + 𝑡𝑌 − 𝐺̅ − 𝑇𝑅
̅̅̅̅
26
𝜕𝑆𝑂 −[(1 − 𝑡) − ç(1 − 𝑡)]
=
𝜕𝐺̅ 1 − ç(1 − 𝑡)
𝝏𝑺𝟎 −(𝟏 − 𝒕)(𝟏 − ç)
= <𝟎
𝝏𝐺̅ 𝟏 − ç(𝟏 − ç)
𝜕𝑆𝑂 𝑡ç 𝑡ç − 1 + ç − 𝑡ç
= −1=
̅̅̅̅ 1 − ç(1 − 𝑡)
𝜕𝑇𝑅 1 − ç(1 − 𝑡)
𝝏𝑺𝑶 −𝟏 + ç
= <𝟎
̅̅̅̅
𝝏𝑇𝑅 𝟏 − ç(𝟏 − 𝒕)
Multiplicador dos Impostos Autónomos
𝝏𝑺𝑶 𝟏−ç
=
𝝏𝑻𝒙𝟎 𝟏 − ç(𝟏 − 𝒕)
Demostração
𝜕𝑆𝑂 = 𝜕𝑇𝑥 − 𝜕𝐺 − 𝜕𝑇𝑅
𝜕𝑆𝑂 𝜕𝑇𝑥0 𝜕𝑌 𝜕𝐺 ̅̅̅̅
𝜕𝑇𝑅
= +𝑡 − −
𝜕𝑇𝑥0 𝜕𝑇𝑥0 𝜕𝑇𝑥0 𝜕𝑇𝑥0 𝜕𝑇𝑥0
𝜕𝑆𝑂 −ç
=1+𝑡 −0−0
𝜕𝑇𝑥0 1 − ç(1 − 𝑡)
𝜕𝑆𝑂 1 − ç(1 − 𝑡) − ç𝑡
=
𝜕𝑇𝑥0 1 − ç(1 − 𝑡)
𝜕𝑆𝑂 1 − ç + ç𝑡 − ç𝑡
=
𝜕𝑇𝑥0 1 − ç(1 − 𝑡)
𝝏𝑺𝑶 𝟏−ç
= >𝟎
𝝏𝑇𝑥0 𝟏 − ç(𝟏 − 𝒕)
27
Multiplicador da Taxa de Imposto sobre o Produto
𝝏𝒀 −ç𝒀
=
𝝏𝒕 𝟏 − ç(𝟏 − 𝒕)
Demostração
̅̅̅̅ = 𝐶0 − ç𝑇𝑥0 + ç𝑇𝑅
𝐴𝐷 ̅̅̅̅ + 𝐼 ̅ + 𝐺̅
̅̅̅̅
𝐴𝐷
𝑌= ⇒ ̅̅̅̅
𝐴𝐷 = 𝑌[1 − ç(1 − 𝑡)]
1 − ç(1 − 𝑡)
𝜕𝑌 𝐴𝐷̅̅̅̅´[1 − ç(1 − 𝑡)] − 𝐴𝐷
̅̅̅̅[1 − ç(1 − 𝑡)]´
=
𝜕𝑡 [1 − ç(1 − 𝑡)]2
𝜕𝑌 ̅̅̅̅ç
−𝐴𝐷
=
𝜕𝑡 [1 − ç(1 − 𝑡)]2
𝜕𝑌 −𝑌[1 − ç(1 − 𝑡)]ç
=
𝜕𝑡 [1 − ç(1 − 𝑡)]2
𝝏𝒀 −ç𝒀
= <𝟎
𝝏𝒕 𝟏 − ç(𝟏 − 𝒕)
Multiplicador da Taxa de Impostos sobre o Saldo Orçamental
𝝏𝑺𝑶 (𝟏 − ç)𝒀
=
𝝏𝒕 𝟏 − ç(𝟏 − 𝒕)
𝜕𝑆𝑂
= 𝑇𝑥0 ´ + (𝑡𝑌)´ − 𝐺̅ ´ − 𝑇𝑅
̅̅̅̅ ´
𝜕𝑡
𝜕𝑆𝑂
= 𝑡´𝑌 + 𝑡𝑌´
𝜕𝑡
𝜕𝑆𝑂 𝜕𝑌
=𝑌+𝑡
𝜕𝑡 𝜕𝑡
𝜕𝑆𝑂 −ç𝑌
= 𝑌+𝑡∗[ ]
𝜕𝑡 1 − ç(1 − 𝑡)
𝜕𝑆𝑂 𝑌[1 − ç(1 − 𝑡)] − ç𝑡𝑌
=
𝜕𝑡 1 − ç(1 − 𝑡)
𝜕𝑆𝑂 𝑌 − ç𝑌 + ç𝑡𝑌 − ç𝑡𝑌
=
𝜕𝑡 1 − ç(1 − 𝑡)
𝝏𝑺𝑶 (𝟏 − ç)𝒀
= >𝟎
𝝏𝒕 𝟏 − ç(𝟏 − 𝒕)
Demonstração do Teorema de Haavelmo
∆𝒀
= 𝟏 𝒔𝒆 𝑺𝑶 = 𝟎
∆𝑮
28
𝑇𝑥 = 𝐺 + 𝑇𝑅
∆𝑇𝑥 = ∆𝐺 + ∆𝑇𝑅
∆𝑌 1 ∆𝐺̅
= ⇒ ∆𝑌 =
∆𝐺̅ 1 − ç(1 − 𝑡) 1 − ç(1 − 𝑡)
∆𝑌 ç ̅̅̅̅
ç∆𝑇𝑅
= ⇒ ∆𝑌 =
̅̅̅̅ 1 − ç(1 − 𝑡)
∆𝑇𝑅 1 − ç(1 − 𝑡)
Sendo 𝑇𝑥 = 𝑇𝑥0 + 𝑡. 𝑌 ⇒ ∆𝑇𝑥 = ∆𝑇𝑥0 + 𝑡∆𝑌 ⇒ ∆𝑇𝑥0 = ∆𝑇𝑥 − 𝑡∆𝑌
Efeito total sobre o nível de rendimento será:
∆𝐺̅ ̅̅̅̅
ç∆𝑇𝑅 ç∆𝑇𝑥0
∆𝑌 = + − 𝑒 𝑠𝑒𝑛𝑑𝑜 ∆𝑇𝑥0 = ∆𝑇𝑥 − 𝑡∆𝑌 ⇒
1 − ç(1 − 𝑡) 1 − ç(1 − 𝑡) 1 − ç(1 − 𝑡)
∆𝐺̅ ̅̅̅̅
ç∆𝑇𝑅 ç(∆𝑇𝑥−𝑡∆𝑌)
∆𝑌 = 1−ç(1−𝑡) + 1−ç(1−𝑡) − 1−ç(1−𝑡)
∆𝐺̅ ̅̅̅̅
ç∆𝑇𝑅 ̅̅̅̅ − 𝑡∆𝑌)
ç(∆𝐺0 + ∆𝑇𝑅
∆𝑌 = + −
1 − ç(1 − 𝑡) 1 − ç(1 − 𝑡) 1 − ç(1 − 𝑡)
∆𝐺̅ ̅̅̅̅
ç∆𝑇𝑅 ç∆𝐺̅ ̅̅̅̅
ç∆𝑇𝑅 ç𝑡∆𝑌
∆𝑌 = + − − +
1 − ç(1 − 𝑡) 1 − ç(1 − 𝑡) 1 − ç(1 − 𝑡) 1 − ç(1 − 𝑡) 1 − ç(1 − 𝑡)
ç𝑡∆𝑌 (1 − ç)∆𝐺̅
∆𝑌 − =
1 − ç(1 − 𝑡) 1 − ç(1 − 𝑡)
∆𝑌 − ç(1 − 𝑡)∆𝑌 − ç𝑡∆𝑌 (1 − ç)∆𝐺̅
=
1 − ç(1 − 𝑡) 1 − ç(1 − 𝑡)
(1 − ç)∆𝐺̅
∆𝑌(1 − ç + ç𝑡 − ç𝑡) = ∗ [1 − ç(1 − 𝑡)]
1 − ç(1 − 𝑡)
∆𝑌 1 − ç ∆𝑌
= ⇒ =1
∆𝐺̅ 1 − ç ∆𝐺̅
O aumento da despesa pública (G ou TR) diminui o saldo orçamental, ao passo
que, acréscimos nos impostos aumentam o saldo. A variação dos impostos na mesma
proporção que a despesa pública impacta o nível de rendimento em 100%.
29
3.4. Economia de Quatro Sector
𝟏
Sendo o multiplicador 𝟏−ç(𝟏−𝒕)+𝒎 = 𝛼 ⇒ 𝑌 = 𝛼 ∗ ̅̅̅̅
𝐴𝐷
A consideração do resto do mundo no modelo económico enfraquece o
multiplicador, diminuindo o impacto das políticas internas adoptadas como resultado da
das variáveis externas serem exógenas.
30
3.5. Exercícios Resolvidos
1. A função consumo respeitante a determinada comunidade é expressa pela recta C =
50 + 0,6* Y e as despesas de investimento, em dado período são iguais a 10.
a) Determine gráfica e analiticamente a situação de equilíbrio pela via da igualdade entre
o produto e a despesa global.
b) Determine gráfica e analiticamente, a situação de equilíbrio pela via da igualdade S =
I.
c) Calcule o valor da propensão marginal à poupar e o multiplicador do investimento.
Resolução:
a) Neste caso, há equilíbrio quando Y = AD. Sabe-se que AD = C+I, onde C = 50 +
0,6*Y e I = Ī = 10. Então:
AD = C + I = (50 + 0,6*Y) +10 ⇒ AD = 60 + 0,6*Y (Função procura agregada).
̅̅̅̅/(1-ç), onde 𝐴𝐷
Y = AD = 60 + 0,6*Y ⇒ Y0 = 𝐴𝐷 ̅̅̅̅ = C0 + Ī = 50+10= 60. Portanto:
Y0 = ̅̅̅̅
𝐴𝐷/(1-ç) = 60/(1-0,6) = 60/0,4 = 150. Graficamente, tem-se
31
c) Pms = s = 1- ç = 1- 0,6 = 0,4.
α = ∆Y/∆𝐼 ̅ ⇒ ∆Y = α* ∆𝐼 ,̅ sendo: α = 1/1-ç = 1/s, α = 1 /(1-0,6) = 1/0,4 = 2,5.
2. A função poupança é determinada por S = 0,4* Y – 60 e o investimento é I = 160.
a) Determine, analiticamente, o rendimento de equilíbrio. Calcule a expressão
numérica do multiplicador da procura autónoma.
b) Indique a expressão analítica da correspondente função consumo.
c) Supondo que o rendimento correspondente ao pleno emprego é de 750, indicar o
investimento total necessário para o atingir.
d) Calcular o acréscimo da propensão marginal ao consumo necessário para obter o
mesmo efeito anterior sobre o nível de Y0.
Resolução:
a) Fazendo S = I, temos: - 60 + 0,4*Y = 160 ⇒0,4*Y = 220 ⇒ Y0 = 220/0,4 = 550.
α = 1/(1-ç) = 1/s = 1/0,4 = 2,5.
b) A expressão analítica da corresponde função consumo é dado de seguinte forma:
C = Y – S. Então C = Y- (- 60 + 0,4*Y) ⇒ C = Y + 60 – 0,4*Y ⇒ C = 60 + 0,6*Y.
Substituindo o rendimento do equilíbrio na função de consumo encontrado e na
função poupança, tem-se:
C = 60+ 0,6*550 = 390; S = - 60 + 0,4*550 = 160. Portanto S = I = 160.
c) Neste caso, Y´ - Y0 = 750 – 550 = 200. Então ΔY = α*Δ𝐼 ̅ ⇒ Δ𝐼 ̅ = ΔY / α ⇒
∆𝐼 ̅ = 200/ 2,5 = 80. Logo Ī´ = Ī0 + ΔĪ ⇒ Ī´ = 160 + 80 = 240.
d) Substituindo o rendimento correspondente ao pleno emprego na função poupança,
vem:
S = 160 ⇒ - 60 + s´(750) = 160 ⇒750. s´ = 220 ⇒ s´ = 220/750 ⇒ s´ = 0,2933333333
(s↓). Fazendo Δç = - Δs, tem-se: Δs = s´ - s = 0,2933333333 – 0,4 = - 0,11 ⇒ Δç = - (-
32
0,11) ⇒ Δç = 0,11 ⇒ ç´ = ç + Δç = 0,6 + 0,11 = 0,71 (ç↑). Representando num gráfico o
exercício efectuado, tem-se:
3. Suponha que a função consumo é representada por C = 200 + (2/3) * Y e que o nível
de investimento é I = 120.
a) Determine, gráfica e analiticamente, o nível do rendimento de equilíbrio compatível
com este nível de despesa.
b) Verifique que para as condições dadas e face as características das funções consumo
e investimento, um Y = 900 ou um Y = 1000 não são níveis de equilíbrio da economia.
c) Calcule o valor numérico do multiplicador da procura autónoma e diga qual o seu
significado.
d) Suponha que para as condições existentes o Y* (rendimento de pleno emprego) é de
1200. Calcule o acréscimo de investimento necessário para o aumento de Y (até Y*).
Resolução:
a) Fazendo AD = Y, onde AD = C + I, com C = 200 + (2/3)*Y e I = Ī = 120, então tem-
se:
AD = 200 + 2/3*Y +120 = 320 + 2/3*Y, substituindo na identidade, vem:
AD = Y ⇒ 320 + 2/3*Y = Y ⇒ 1/3*Y = 320 ⇒ Y = 320*3 ⇒ Y0 = 960. Ou ainda, fazendo
S = I, tem-se: - 200 + 1/3*Y = 120 ⇒ 1/3*Y = 320 ⇒ Y0 = 320*3 = 960. Neste caso, C =
200 + 2/3*960 = 840, I = 120, S = - 200 + 1/3*960 = 120, logo:
AD = C + I = 840 + 120 = 960.
33
b) Neste caso, tem-se: AD = Y, S = I e Iu = 0, onde Iu é o investimento involuntário ou
não planeado. Substituindo os níveis de rendimentos (Y = 900 e Y = 1000) na função
de consumo e poupança, vem:
Y C(Y) S(Y) I=Ī AD = C + I
Y ˂ AD ↑Y (↑N)
900 800 100 120 920
S˂I Iu ˂ 0
Y ˃ AD I0 ˃ 0
1000 866,67 133,33 120 986,67
S˃I ↓Y (↓N)
̅̅̅̅ = α*𝐴𝐷
c) Sabe-se que ΔY0 = Δ𝐴𝐷 ̅̅̅̅ , então ΔY0 = α*Δ𝐴𝐷
̅̅̅̅ *𝐴𝐷
̅̅̅̅ , onde Δ𝐴𝐷
̅̅̅̅ é o factor
de impulso e ΔC = ç*ΔY0 é o factor de propagação.
Logo α = 1/(1-ç) = 1/s = 1/(1/3) = 3.
d) Neste caso, ΔY0 = Y´ - Y0 = 1200 – 960 = 240. Logo ΔY = α*ΔĪ ⇒ α = ΔY0/ ΔĪ ⇒
ΔĪ = ΔY/ α = 240/3 = 80.
4. Se uma economia for adequadamente descrita através da consideração única do seu
mercado de produto (e as transferências são exógenas), diga o que acontece ao saldo
orçamental quando se verifica:
a) Aumento dos impostos lump-sum.
b) Aumento da taxa marginal de imposto.
c) Aumento das transferências do Estado para os particulares.
d) Quantifique as alíneas anteriores, supondo uma economia em que ç = 0,8; t = 0,25
e Y = 1250. Os impostos lump-sum ou autónomos aumentam Δ𝑇𝑥0 = 10, a taxa
̅̅̅̅ =20.
marginal de imposto sobe para t´= 0,3 e Δ𝑇𝑅
34
Resolução:
a) Considerando o multiplicador dos impostos autónomos (lump-sum), tem-se:
𝜕𝑆𝑂 1−ç
=
𝜕𝑇𝑥0 1−ç(1−𝑡)
𝜕𝑆𝑂
Como tanto o numerador quanto o denominador são positivos, então o
𝜕𝑇𝑥0
também é positivo e menor que 1. Portando, um aumento dos impostos lump-sum tem um
efeito positivo sobre o saldo orçamental.
𝜕𝑆𝑂 (1−ç)𝑦
b) Dado o multiplicador da taxa de imposto (alíquota) ˃ 0,
=
𝜕𝑡 1−ç(1−𝑡)
significa que um aumento da taxa marginal de imposto tem efeitos positivos sobre
o saldo orçamental.
𝜕𝑆𝑂 − (1− ç)
c) Sendo
̅̅̅̅
= ˂ 0, com numerador negativo e denominador positivo,
𝜕𝑇𝑅 1−ç(1−𝑡)
podemos concluir que um aumento das transferências deteriora (diminui) o saldo
orçamental.
d) Em relação à alínea a:
𝜕𝑆𝑂 1− ç 1− 0,8 0,2
= = = = 0,5;
𝜕𝑇𝑥0 1−ç(1−𝑡) 1−0,8(1−0,3) 0,4
𝜕𝑆𝑂
ΔSO =Δ𝑇𝑥0 ∗ 𝜕𝑇𝑥 = 10*0,5 = 5.
0
Em relação à alínea b:
Δt = 0,3 – 0,25 = 0,05;
𝜕𝑆𝑂 (1− ç)𝑌 (1− 0,8)1250 0,2∗1250 250
= = = = =568,18
𝜕𝑡 1−ç(1−𝑡) 1−0,8(1−0,3) 1−0,8∗0,7 0,44
𝜕𝑆𝑂
ΔSO = Δt∗ 𝜕𝑡 = 0,05*568,18 = 28,41.
Em relação à alínea c:
̅̅̅̅ 𝜕𝑆𝑂
ΔSO = Δ𝑇𝑅 ̅̅̅̅̅
𝜕𝑇𝑅
= 20*(-0,2)/0,4 = - 10.
5. Analise as seguintes frases:
a) Quando o Governo recorre a um aumento simultâneo e do mesmo montante dos
gastos públicos (𝐺̅ ) e dos impostos autónomos (𝑇𝑥0 ) implementa uma política
orçamental expansionista.
b) Recorrendo a variáveis de política orçamental, o Governo tem possibilidade, em
simultâneo, de aumentar o rendimento e melhorar o saldo orçamental.
c) A implementação de medidas de política orçamental pode afectar o saldo da
balança corrente.
35
Resolução:
a) Sabe-se que os multiplicadores dos gastos públicos e dos impostos autónomos
são dados por:
𝜕𝑌 1
Multiplicado dos gastos públicos: =
𝜕𝐺̅ 1−ç(1−𝑡)
𝜕𝑌 −ç
Multiplicador dos impostos autónomos: =
𝜕𝑇𝑥0 1−ç(1−𝑡)
36
importações tiverem uma parte induzida (BC = X – 𝑀0 – mY), o aumento das
transferências autónomas, ou dos gastos públicos, ou da taxa de imposto, ou dos
impostos autónomos, faz alterar o rendimento, o que vai ter como consequência
uma variação negativa no saldo da balança corrente através da parcela mY.
6. Numa dada economia consideremos as seguintes equações (em milhares de Kz):
C = 100 + 0,7Y
T = 30 + 0,2Y
G = 200
I = 400
TR = 40 – 0,1Y.
Tendo em conta o acima enunciado:
a) Escreve a expressão dos multiplicadores dos gastos púbicos e das transferências.
b) Calcule o rendimento de equilíbrio.
c) Calcule o rendimento de equilíbrio e os multiplicadores se as transferências forem
̅̅̅̅.
exógenas, TR = 𝑇𝑅
Resolução
a) Como as transferências são endógenas teríamos:
̅̅̅̅ –zY para z ˂ 0. Sabe-se que Y = C + I + G, onde C = C0 + çYd, I e G
TR = 𝑇𝑅
são autónomos.
Yd = Y + TR – Tx e Y = C0 + çYd + 𝐼 ̅ + 𝐺̅ , então Y = C0 + ç(Y + TR – Tx )+ 𝐼 ̅ + 𝐺̅ ⇒
̅ 𝐺̅ ⇒
Y = C0 + ç[(Y + 𝑇𝑅0 – zY - 𝑇𝑥0 - tY)] + 𝐼 +
Y = C0 + çY + ç𝑇𝑅0 – çzY - ç𝑇𝑥0 - çtY + 𝐼 ̅ + 𝐺̅ ⇒
Y - çY + çzY + çtY = C0 + ç𝑇𝑅0 - ç𝑇𝑥0 + 𝐼 ̅ + 𝐺̅ ⇒
𝐶0 −ç𝑇𝑥0 +ç𝑇𝑅0 +𝐼+̅ 𝐺̅
Y[1 − ç(1 − 𝑡) + ç𝑧] = C0 + ç𝑇𝑅0 - ç𝑇𝑥0 + 𝐼 ̅ + 𝐺̅ ⇒ Y =
1−ç(1−𝑡)+ç𝑧
𝜕𝑌 1
=
𝜕𝐺̅ 1−ç(1−𝑡)+ç𝑧
𝜕𝑌 ç
̅̅̅̅
=
𝜕𝑇𝑅 1−ç(1−𝑡)+ç𝑧
̅ 𝐺̅
Co−ç𝑇𝑥0 +ç𝑇𝑅0 +𝐼 + 100−0,7∗30+0,7∗40+400+200
Y= ⇒Y= ⇒
1−ç(1−𝑡)+ç𝑧 1−0,7∗(1−0,2)+0,7∗0,1
Y = 1.386,27 milhares de Kz.
̅̅̅̅, o rendimento é dado por:
c) Uma vez que TR = 𝑇𝑅
37
̅ 𝐺̅
𝐶0 −ç𝑇𝑥0 +ç𝑇𝑅0 +𝐼+ 100−0,7∗30+0,7∗40+400+200
Y= ⇒Y= ⇒
1−ç(1−𝑡) 1−0,7∗(1−0,2)
Y= 1.606,81 milhares de Kz.
Como z < 0 as transferências para os particulares diminuem quando aumenta o
rendimento, e aumentam quando o rendimento diminui. Ex: a situação de desemprego
origina uma redução do rendimento e a concessão de subsídio de desemprego.
7. Numa determinada economia fechada a despesa pública aumentou 6 milhões de Kz e
os subsídios 7 milhões de Kz. O produto do equilíbrio macroeconómico aumentou em
24 milhões de Kz. Considerando o modelo do multiplicador simples, determine o
valor:
a) Do multiplicador do investimento.
b) Da propensão marginal para o consumo.
c) Da taxa de imposto.
Resolução:
a) Como se verifica, um aumento da despesa pública implica que o produto de
equilíbrio aumenta na proporção, com base no multiplicador (𝛼).
ΔY = 𝛼* ΔG ⇒ 24 = 𝛼*6 ⇒ 𝛼 = 24/6 ⇒ 𝛼 = 4. Neste caso o valor do multiplicador
Keynesiano é de 4.
b) O aumento dos subsídios conduz a um aumento do produto de equilíbrio na
proporção ç.
ΔY = ç𝛼ΔS ⇒ ç = ΔY/𝛼ΔS ⇒ ç = 24/4*7 ⇒ ç = 0,857. O valor da propensão marginal a
consumir.
c) O valor do multiplicador Keynesiano, em economia fechada e com Estado, é
𝛼 = 4. Assim, vem:
1 1
𝛼= ⇒4= ⇒ t = 0,12485. A taxa de imposto é de 12,48%.
1−ç(1−𝑡) 1−0,857∗(1−𝑡)
8. Suponha as transferências (TR) passam a ser endógenas, existindo a seguinte relação:
TR = 𝑇𝑅0 + zY. Admita que z pode ser positivo ou negativo.
a) Escreve o modelo para esta economia na sua forma estrutural e reduzida (em
relação a Y).
b) Diga quais são os novos valores que os multiplicadores dos gastos, do
investimento autónomo e das transferências.
c) Qual sinal deve ter z para que as transferências constituam um estabilizador
automático nesta economia? Justifique.
d) Se numa dada economia se verificarem as seguintes relações:
C = 100 + 0,8Yd
Tx = 50 + 0,25Y
TR = 80 – 0,125Y
I = 200
G = 300.
38
Calcule o rendimento de equilíbrio, bem como os multiplicadores dos gastos e das
transferências. Compare esses valores com os que existirem se as transferências fossem
exógenas (TR = 80).
Resolução:
a) A forma estrutural do modelo é dado por:
AD = C + I + G
C = C0 +çYd
Yd = Y – Tx + TR
Tx = 𝑇𝑥0 + tY
TR = 𝑇𝑅0 + zY
I=Ī
G = 𝐺̅
Y = AD
E a forma reduzida é dado por:
Y = C0 + ç(Y + TR – Tx )+ Ī + Ḡ ⇒ Y = C0 + ç[(Y + 𝑇𝑅0 + zY - 𝑇𝑥0 - tY)] + Ī + Ḡ ⇒
Y = C0 + çY + ç𝑇𝑅0 + çzY - ç𝑇𝑥0 - çtY + Ī + Ḡ ⇒
Y - çY - çzY + çtY = C0 + ç𝑇𝑅0 - ç𝑇𝑥0 + Ī + Ḡ ⇒
Co−ç𝑇𝑥0 +ç𝑇𝑅0 +Ī+Ḡ
Y[1 − ç(1 − 𝑡) − ç𝑧] = C0 + ç𝑇𝑅0 - ç𝑇𝑥0 + Ī + Ḡ ⇒ Y = .
1−ç(1−𝑡)− ç𝑧
𝜕𝑌 𝜕𝑌 1 𝜕𝑌 ç
= = 𝑒 =
𝜕Ḡ 𝜕Ī 1−ç(1−𝑡) − ç𝑧 𝜕𝑇𝑅0 1−ç(1−𝑡)− ç𝑧
39
𝜕𝑌
= 1 / [1 – 0,8(1 – 0,25) + 0,8*0,125] = 2.
𝜕Ḡ
𝜕𝑌
= 0,8 / [1 – 0,8(1 – 0,25) + 0,8*0,125] = 1,6.
𝜕𝑇𝑅0
No caso de as transferências serem exógenas, a parcela çz nos denominadores das
expressões anteriores é nula, pelo que se obtêm os seguintes valores:
𝜕𝑌 𝜕𝑌
Y = 1560; = 2,5 = 2, onde se verifica que estes valores são superiores aos
𝜕Ḡ 𝜕𝑇𝑅
calculados anteriormente.
9. Vamos supor uma economia em que a despesa governamental é contracíclica, ou seja,
em que os gastos diminuem quando o rendimento aumenta, e aumentam quando o
rendimento diminui. Essas variações são tanto maiores, quanto mais afastada do
rendimento de pleno emprego estiver a economia. A expressão matemática para os
gastos é então a seguinte:
G = Ḡ + d(Yn – Y), em que d é um parâmetro positivo compreendido ente 0 e 1, e Yn é
o rendimento do pleno emprego. A economia concreta que estamos a considerar apresenta
as seguintes equações:
C = 100 + 0,8Yd; Tx = 50 + 0,25Y; TR = 80; I = 150; G = 50; G = 200 + 0,1(Yn – Y);
Yn = 1500.
a) Deduza a forma reduzida deste modelo e obtenha o valor de equilíbrio do
rendimento, bem como os multiplicadores dos gastos autónomos, do
investimento, dos impostos autónomos e das transferências, e compare-os com os
obtidos no caso em que os gastos são exógenos. Interprete as diferenças
observadas.
b) No caso presente, uma diminuição dos impostos, ao aumentar o rendimento, fará
diminuir a despesa governamental. Será que uma diminuição dos impostos pode
fazer aumentar o saldo orçamental? Justifique.
c) Se aumentarmos os impostos autónomos no mesmo montante dos gastos
autónomos, o saldo orçamental melhorará?
Resolução:
a) A forma reduzída deste modelo é a seguinte:
Y = C0 + ç(Y + TR – Tx )+ Ī + G ⇒ Y = C0 + ç[(Y + 𝑇𝑅0 - 𝑇𝑥0 - tY)] + Ī + Ḡ +dYn -dY
⇒ Y = C0 + çY + ç𝑇𝑅0 - ç𝑇𝑥0 - çtY + Ī + Ḡ + dYn - dY ⇒
Y - çY + çtY + dY = C0 + ç𝑇𝑅0 - ç𝑇𝑥0 + Ī + Ḡ +dYn ⇒
Y[1 − ç(1 − 𝑡) + 𝑑] = C0 + ç𝑇𝑅0 - ç𝑇𝑥0 + Ī + Ḡ + dYn ⇒
Co−ç𝑇𝑥0 +ç𝑇𝑅0 +Ī+Ḡ+𝑑Yn
Y= .
1−ç(1−𝑡)+𝑑
Donde Y = (100 – 0,8*50 + 0,8*80 + 150 + 200 + 0,1*1500) / [1 – 0,8(1 – 0,25) + 0,1]
⇒ Y = 1248.
40
𝜕𝑌 𝜕𝑌 1
= = = 1/[ 1 − 0,8(1 − 0,25) + 0,1] = 2.
𝜕Ḡ 𝜕Ī 1−ç(1−𝑡)+𝑑
𝜕𝑌 −ç
= = - 0,8 / [1 -0,8(1 – 0,25) + 0,1] = - 1,6.
𝜕𝑇𝑥0 1−ç(1−𝑡)+𝑑
𝜕𝑌 ç
= = 0,8 / [1 -0,8(1 – 0,25) + 0,1] = 1,6.
𝜕𝑇𝑅0 1−ç(1−𝑡)+𝑑
𝜕𝑌 𝜕𝑌
𝜕𝑇𝑥0
= 0,35 +1 = 0,35(-1,6) + 1 = 0,44. Como o multiplicador é positivo, se
𝜕𝑇𝑥0
houver uma diminuição dos impostos, então o saldo orçamental também diminuirá.
c) Na alínea anterior já foi calculado o multiplicador do saldo orçamental em relação
aos impostos autónomos, que era igual a 0,44. O multiplicador do saldo
orçamental em relação aos gastos autónomos é igual a:
𝜕𝑌 𝜕𝑌
= 0,35* - 1= 0,35*2 – 1 = - 0,3. O efeito total sobre o saldo orçamental será igual
𝜕Ḡ 𝜕Ḡ
a 0,44 – 0,3 = 0,14, concluindo-se que haverá de facto melhoria no saldo orçamental.
41
IV. MODELO IS/LM
4.1. Conceito
Este tópico analisa a relação entre a moeda e a taxa de juro e esta com o produto,
via variação do gasto com investimentos. As taxas de juros e o rendimento (produto) são
determinadas conjuntamente pelo equilíbrio nos mercados de bens e monetário.
As autoridades influenciam este equilíbrio por meio das políticas fiscais (IS) e
monetárias (LM).
O modelo IS-LM é um modelo de equilíbrio simultâneo do mercado de bens e
serviços (IS) e do mercado monetário (LM). Baseia-se na hipótese fundamental
Keynesiana de rigidez dos preços.
A interligação dos dois mercados acontece por intermédio da taxa de juros (i).
4.2. Mercado de Bens e Serviços
5
b é um parâmetro que mede a sensibilidade da variação do investimento face as variações da taxa de
juro (Derivada de I em função de i).
42
Determinação da Taxa de Juro de Equilíbrio
1
Se =𝛼 ̅̅̅̅ − 𝛼. 𝑏𝑖, Isolando a taxa de juro e
Substituindo em (1) 𝑌 = 𝛼. 𝐴𝐷
1−ç(1−𝑡)
rearranjando a expressão, tem-se:
̅̅̅̅ 𝑌
𝐴𝐷
𝑖= −
𝑏 𝛼𝑏
A taxa de juro, a variável da ordenada, representa o preço no mercado monetário,
deste modo a equação é conhecida como a equação da Curva IS.
4.2.1. Curva IS
A curva IS exprime a relação entre os pares de valores (Y, i) que fazem com que
o mercado de bens e serviço esteja em equilíbrio. Ela tem uma inclinação negativa porque
um nível de taxa de juro elevado reduz os gastos com investimentos, reduzindo assim a
procura agregada e consequentemente o nível de rendimento de equilíbrio.
A curva IS desloca com a variação nos gastos autónomos (𝐴𝐷 ̅̅̅̅). Assim um
aumento nos gastos autónomos deslocará a curva IS para fora e para a direita e vice-versa,
uma diminuição em 𝐴𝐷̅̅̅̅ fará deslocar a curva para dentro e para a esquerda.
GRÁFICO 2- MERCADO DE BENS E SERVIÇOS
43
GRÁFICO 3- CURVA IS
4.3.1. Curva LM
44
A curva LM tem uma inclinação positiva porque, dada a oferta de moeda fixa, um
aumento no nível de rendimento, que aumenta a quantidade de moeda procurada, tem de
ser seguido de um aumento na taxa de juros, reduzindo a quantidade de moeda procurada
para manter o equilíbrio do mercado monetário.
Esta curva é deslocada por variações na oferta de moeda. Um aumento da ̅̅̅̅ 𝑀𝑠
desloca LM para direita.
45
Gráfico 5-CURVA LM PARA CASOS EXTREMOS
𝛼𝑏𝑘 𝛼𝑏
𝑌(1+ ̅̅̅̅ +
) = 𝛼𝐴𝐷 ∗ ̅̅̅̅
𝑀𝑠
ℎ ℎ
ℎ+𝛼𝑏𝑘
𝑌( ̅̅̅̅ + 𝛼𝑏 ∗ ̅̅̅̅
) = 𝛼𝐴𝐷 𝑀𝑠
ℎ ℎ
𝛼𝑏 ℎ
̅̅̅̅ +
𝑌 = (𝛼𝐴𝐷 ̅̅̅̅ ) (
∗ 𝑀𝑠 )
ℎ ℎ+𝛼𝑏𝑘
𝜶𝒉 𝜶𝒃 ̅̅̅̅+𝜶𝒃𝑴𝒔
𝜶𝒉𝑨𝑫 ̅̅̅̅
̅̅̅̅ +
𝒀 = 𝒉+𝜶𝒃𝒌 ∗ 𝑨𝑫 ̅̅̅̅ ou 𝒀 =
∗ 𝑴𝒔
𝒉+𝜶𝒃𝒌 𝒉+𝜶𝒃𝒌
46
̅̅̅̅ 𝛼𝑏𝑀𝑠
𝛼ℎ𝐴𝐷 ̅̅̅̅ 𝑏
+ ̅̅̅̅
𝐴𝐷 + ̅̅̅̅
𝑀𝑠
𝑌= 𝛼ℎ 𝛼ℎ ⇒ 𝑌= ℎ
ℎ 𝛼𝑏𝑘 1 𝑏𝑘
+
𝛼ℎ 𝛼ℎ 𝛼+ ℎ
1
Substituindo α = 1−ç(1−t) , vem:
̅̅̅̅ + 𝑏 ∗ 𝑀𝑠
𝐴𝐷 ̅̅̅̅
𝑌= ℎ
1 𝑏𝑘
1 +
ℎ
1 − ç(1 − 𝑡)
̅̅̅̅ 𝒃
𝑨𝑫 + ∗ ̅̅̅̅
𝑴𝒔
𝒀= 𝒉
𝒃𝒌
𝟏 − ç(𝟏 − 𝒕) +
𝒉
Taxa de Juro de Equilíbrio
A taxa de juro que matem os mercados de bens e monetário em equilíbrio será:
𝑘 1 𝑘 𝛼ℎ 𝛼𝑏 1
𝑀𝑠 implica 𝑖 = ℎ (ℎ+𝛼𝑏𝑘 ∗ ̅̅̅̅
Se 𝑖 = ℎ ∗ 𝑌 − ℎ ∗ ̅̅̅̅ 𝐴𝐷 + ℎ+𝛼𝑏𝑘 ∗ ̅̅̅̅
𝑀𝑠) − ℎ ∗ ̅̅̅̅
𝑀𝑠
𝛼ℎ𝑘 𝛼𝑏𝑘 1
̅̅̅̅ +
𝑖 = ℎ(ℎ+𝛼𝑏𝑘) ∗ 𝐴𝐷 ̅̅̅̅ − ∗ 𝑀𝑠
∗ 𝑀𝑠 ̅̅̅̅
ℎ(ℎ+𝛼𝑏𝑘) ℎ
𝛼𝑘 𝛼𝑏𝑘−(ℎ+𝛼𝑏𝑘)
𝑖= ̅̅̅̅ + 𝑀𝑠
∗ 𝐴𝐷 ̅̅̅̅ [ ]
ℎ+𝛼𝑏𝑘 ℎ(ℎ+𝛼𝑏𝑘)
𝛼𝑘 𝛼𝑏𝑘−ℎ−𝛼𝑏𝑘
̅̅̅̅ +
𝑖 = ℎ+𝛼𝑏𝑘 ∗ 𝐴𝐷 ̅̅̅̅
∗ 𝑀𝑠
ℎ(ℎ+𝛼𝑏𝑘)
𝛂𝒌 𝟏 ̅̅̅̅−𝑴𝒔
𝜶𝒌.𝑨𝑫 ̅̅̅̅
̅̅̅̅ −
𝒊 = 𝒉+𝛂𝒃𝒌 ∗ 𝑨𝑫 ̅̅̅̅ ou
∗ 𝑴𝒔 𝒊=
𝒉+𝛂𝒃𝒌 𝒉+𝜶𝒃𝒌
47
Fonte: Elaboração Própria.
𝝏𝒀 −ç 𝝏𝒀 ç
= 𝒃𝒌 e ̅̅̅̅
= 𝒃𝒌
𝝏𝑻𝒙𝟎 𝟏−ç(𝟏−𝒕)+ 𝝏𝑻𝑹 𝟏−ç(𝟏−𝒕)+
𝒉 𝒉
𝒃
𝝏𝒀 𝒉
̅̅̅̅
= 𝒃𝒌
𝝏𝑴𝒔 𝟏−ç(𝟏−𝒕)+
𝒉
48
GRÁFICO 7- EFEITOS DAS POLÍTICAS ORÇAMENTAL E MONETÁRIA
6
Ver a incorporação das expectativas no modelo IS/LM.
49
GRÁFICO 8- IMPACTO DAS POLÍTICA ORÇAMENTAIS E MONETÁRIAS NOS CASOS
EXTREMOS
50
4.6. Exercícios Resolvidos
Curva IS:
Ā 𝑌
i= -
𝑏 𝛼𝑏
1 1
𝛼 = ⇒𝛼 = ⇒ 𝛼 = 2,78.
1−ç (1−𝑡) 1−0,8(1−0,20)
3- O investimento planeado é dado por I=70 – 4i, enquanto a poupança planeada é dada
por S=-30+0,20Y. Sendo a taxa de juro igual a 5%, determine o rendimento de
equilíbrio?
Resolução:
Pode-se determinar a expressão analítica que representa o equilíbrio, por duas vias:
Via Despesa (Y=AD):
Y = AD
AD = C + I
Y = C + S⇒Y = C – 30 + 0,20Y⇒Y – 0,20Y = C – 30⇒C = 30 + 0,8Y.
I = 70 – 4i
Substituindo a função do consumo e investimento em AD, vem:
AD = 30 + 0,8Y + 70 – 4i⇒AD = 100 + 0,80Y – 4i. Fazendo Y = AD, tem-se:
Y = 100 + 0,80Y – 4iY⇒ Y-0,80Y = 100 – 4i⇒ 0,20Y = 100 – 4i ⇒ Y0 = 500 – 20i ou
i = 25 – 0,05Y. Para i = 5%, vem: Y0 = 500 – 20*0,05⇒Y0 = 499.
Via S = I:
S=I
S = - 30 + 0,20Y
I = 70 – 4i
Substituindo as equações na identidade, tem-se:
-30 + 0,20*Y = 70 – 4i ⇒0,20Y = 100 – 4i ⇒Y0 = 500 – 20i. Para i = 5%, vem:
Y0 = 500 – 20*0,05⇒Y0 = 499. Graficamente, tem-se:
52
4- Dada a “propensão marginal a consumir” (pmc) igual a 0,8 e uma variação do
Investimento privado igual a 10.
a) Diz qual será o deslocamento da curva IS?
b) Supanha I=100-5i, se o objectivo de política económica é “fixar” o nível inicial
(Y0). Qual será o nível de investimento necessário para anular os efeitos do
deslocamento descrito na alínea anterior.
Resolução:
a) Dados ç = 0,8 e ΔI = 10, tem-se:
ΔI = 10⇒ΔY0 = 𝛼ΔI; sendo: 𝛼 =(1 /1-ç), dado que (t = 0, modelo de 2 sectores),
1
𝛼 = 1−0,8 = 5. Para qualquer valor de i⇒ΔY0 = 5*10 = 50.
Neste caso, tem-se um deslocamento horizontal da curva IS, para a direita de 50.
b) Se o objectivo de política económica é “fixar” o nível inicial (Y0). ↑ i deverá ser
precisamente igual a: Δi=1/b.ΔI (variação da ordenada na origem) implicará um
deslocamento paralelo de IS: i = (1/5)*(+10)=+2 pontos percentuais. Exemplo, se
i = 3 % ⇒ i´ = 5 %.
Na verdade: ΔĪ = - b*Δi⇒ΔĪ = - b * (10 / b) = - 10 (implicando, via multiplicador uma
ΔY0 = - 50 ⇒ neutralizando a ΔY0 inicial = +50.
Então, dever-se-á verificar uma ↑ i (que resulte em ↓ I “suficiente” para anular os efeitos
económicos reais iniciais, isto é, uma ΔY0 negativo e de valor absoluto igual ao acréscimo
de Y inicial de + 50).
5- Para uma dada economia o consumo é expresso pela relação C = 30+0.8* Yd; o
investimento é função da taxa de juro de tal modo que I = 200-10i; o Estado realiza
despesas em um montante de 200 u.m. e as suas receitas fiscais são 25% do
rendimento.
a) Deduza analiticamente a Função IS.
b) Verifique qual o comportamento das variáveis endógenas do modelo em questão
quando se efectua uma redução da taxa de juro de 10% para 5%.
c) Suponha que a “propensão marginal ao consumo” passa a ser de 60%. Quais as
consequências desta alteração na curva IS.
53
d) Supondo que o parâmetro anterior (pmc) não se altera, mas que os gastos públicos
passam a ser de 250 u.m., que alterações serão previsíveis na curva IS.
Resolução:
a) Pode-se encontrar a função por duas vias, assim vem:
Via Y = AD:
Y = AD
AD = C + G + I
C = 30 + 0,8Yd
Yd = Y + TR – Tx
Ḡ = 200;
TR = 0
I = 200 – 10i
Tx = 0,25Y
Substituindo as equações em AD, tem-se:
AD = 30 + 0,8Yd + 200 + 200 – 10 i ⇒ AD = 30 + 0,8* (Y + 0 – 0,25Y ) + 200 + 200 –
10i⇒AD = 30 + 0,6Y – 10i + 400⇒AD= 430 – 10i + 0,6Y⇒AD = 𝐴𝐷 ̅̅̅̅ – bi + ç(1 – t)Y.
Então:
Y = AD = 430 – 10 i + 0,6Y⇒0,4Y = 430 – 10i⇒Y = 1075 – 25i ou
i = 430/10– (0,4 /10)Y⇒ i = 43 – 0,04Y.
54
Para i´⇒= 5%⇒ ↓ i ⇒↑ I ⇒ via multiplicador ↑ Y.
ΔI = - b*Δi⇒ ΔI = - 10*(0,05 – 0,1) ⇒ΔI = 0,5.
ΔY = 𝛼 ∗ΔI⇒ΔY = 2,5 ∗0,5 = 1,25.
Y´ = 1075 – (25 *0,05) = 1073,75
C´ = 30 + 0,6*1073,75 = 674,25
I´ = 200 – (10 * 0,05) = 199,5
S´ = - 30 + 0,15* 1073,75 = 131,06
Tx´ = 0,25 *1073,75 = 268,44.
c) Com ↓Pmc de ç = 0,8 para ç´ = 0,6, tem-se os seguintes efeitos sobre IS:
𝛼´ = 1 / [1 – ç´(1 – t )] = 1,8 (< 2,5, quando ç= 0 ,8 ). Agora tem-se um multiplicador
menor.
Declive IS: Para (ç = 0,8) ⇒|1 / 2,5 | <|1 / 1,8 |. Para ç´ = 0,6 ⇒Aumento do declive de
IS⇒ para dada Δi, agora, ΔY é menor. Neste caso a nova função IS, será:
̅̅̅̅– 𝛼´bi ⇒Y = 1,8* 430 – 1,8*10i⇒Y = 774 – 18i ou i = 43 * 0,06Y.
Y = 𝛼´𝐴𝐷
d) Para ç = 0,8 e G = 250⇒∆G = + 50. Neste caso tem-se os seguintes efeitos sobre
IS:
Agora: ∆Y = 𝛼 ∗ ∆𝐺 = 2,5 * 50 = 125. Logo tem-se um deslocamento horizontal de IS
para fora e paralelo.
Declive de IS⇒ |1 / 2,5 | = |1 /𝛼 * b |.
̅
̅̅̅̅´/ b), agora: (480 / 10 = 48). Δi =∆𝐺 = 50 = 5, ou seja, subida
Ordenada na origem: (𝐴𝐷 𝑏 10
de i em 5 pontos percentuais (ver análise sobre “deslocamento de IS pela alteração da
inclinação”).
̅̅̅̅̅ = 2,5 * 480 = 1200).
Abcissa na origem: (𝛼*𝐴𝐷´
A nova função IS, será:
55
̅̅̅̅´ – 𝛼bi⇒ Y = 1200 – 25i ou i = ̅̅̅̅
Y = 𝛼*𝐴𝐷 𝐴𝐷´ / b – (1 /𝛼b) Y⇒i = 48 – 0,04Y
̅̅̅̅
𝐴𝐷´ = ̅̅̅̅ ̅̅̅̅ = 430 + 50 = 480⇒ ̅̅̅̅
𝐴𝐷 + ∆𝐴𝐷 𝐴𝐷´/ b = 480 /10 = 48.
56
8- Consideremos as seguintes informações referentes a uma economia aberta (em
milhares de Kz):
C = 197 + 0,8Yd; I = 700 – 120i; Tx = 60 + 0,25Y; TR = 70; G= 1300; Md = 0,25Y –
190i; M = 200 + 0,12Y; Ms = 1380; X= 980.
O governo aumenta os gastos públicos em 45 milhares de Kz, ceteris paribus.
Determina o efeito de crowding out?
Resolução:
Para tal, começa-se por determinar o rendimento de equilíbrio, assim vem:
̅̅̅̅ + Ī + Ḡ + 𝑋̅ – 𝑀0 + (b/h)∗( 𝑀𝑠/ 𝑃)]
[C0 − ç𝑇𝑥0 + ç𝑇𝑅
Y= ⇒
[1 – ç(1 – t) + 𝑚 +𝑏∗ (k/h)]
[197 – 0,8∗60 + 0,8∗70 + 700 + 1300 + 980 – 200 + (120/190)∗(1380/1)]
Y= ⇒
[1 – 0,8(1 – 0,25) + 0,12 + 120∗ (0,25/190)]
Y = 5690,68.
Neste caso, o multiplicador dos gastos públicos será:
𝜕𝑌 1 1
= 𝑘 = 0,25 = 1, 48.
𝜕Ḡ 1−ç(1−𝑡)+𝑚+𝑏∗( ) 1−0,8(1−0,25)+0,12+120∗( )
ℎ 190
Tendo o multiplicador dos gastos, determina-se o novo rendimento de equilíbrio. Assim
vem:
𝜕𝑌
ΔY = 𝜕Ḡ ∗ ΔḠ = 1,48* 45 ⇒∆Y = 66,6. Portanto, Y = 5690,68 + 66,6 ⇒Y = 5757,28.
Curva IS:
̅̅̅̅/b – Y/𝛼𝑏
i = 𝐴𝐷
̅̅̅̅= C0 - ç𝑇𝑥0 + ç𝑇𝑅
𝐴𝐷 ̅̅̅̅ + Ī + Ḡ + 𝑋̅– 𝑀0
O aumento dos gastos públicos, ceteris paribus, origina um aumento de taxa de juro do
mercado e a curva IS desloca-se para a direita. Está-se na presença de uma política
orçamentária expansionista. O aumento da taxa de juro do mercado origina uma
diminuição do investimento de 10,80, valor inferior ao aumento dos gastos públicos de
45. Portanto, ocorreu um efeito crowding out parcial.
9- Qual o efeito na actividade económica da utilização em simultâneo das políticas
orçamentais e monetárias expansionistas?
Resolução:
As medidas da política orçamental expansionista (ceteris paribus) deslocam a curva IS
para a direita e aumentam o rendimento para Y1. O aumento da taxa de juro de mercado
origina uma diminuição do investimento, mas, se for acompanhada de uma política
monetária expansionista, a curva LM desloca-se para baixo e para a direita, diminuindo
a taxa de juro e consequentemente um aumento do rendimento em relação a Y1.
Graficamente, tem-se:
58
Se as duas políticas forem implementadas com o objectivo de mantiverem a taxa de juro,
o rendimento passa de Y0 para Y2 e o investimento não altera. Isto acontece quando a
amplitude de deslocamento das curvas IS e LM for igual. Esta é considerada uma política
de acomodação, pois, há um aumento do rendimento sem alteração do investimento, dada
a não variação da taxa de juro.
10- No modelo IS/LM, entre que valores varia o multiplicador do orçamento equilibrado?
Resolução:
O multiplicador do orçamento equilibrado varia entre 0 e 1, tudo dependendo das
inclinações das curvas IS e LM. Supondo que, a IS é bem comportada, ou seja, de
inclinação negativa, o multiplicador do orçamento será 1 se a LM for horizontal, e 0 se
for vertical.
Consideremos, em termos matemáticos, que em todos os períodos o orçamento está
equilibrado, ou seja, que Tx = G + TR. O modelo na forma estrutural é:
AD = C + I + G
C = C0 + çYd
Yd=Y-Tx+TR⇒Yd = Y – (G+TR) +TR⇒Yd=Y-G
59
Quando b = 0 (IS vertical), ou h = ∞ (LM horizontal), o multiplicador é igual a 1. Se b =
∞ (IS horizontal) ou h = 0 (LM vertical) o multiplicador é igual a 0. Nos restantes casos
situar-se-á entre 0 e 1.
60
V. MODELO AS/AD
𝑏𝑘
⇒𝑃 {[1 − ç(1 − 𝑡) + ̅̅̅̅} = 𝑏𝑀𝑠
] ℎ𝑌 − ℎ𝐴𝐷 ̅̅̅̅
ℎ
̅̅̅̅
𝒃𝑴𝒔
𝑷=
𝒃𝒌 ̅̅̅̅
[𝟏 − ç(𝟏 − 𝒕) + ] 𝒉𝒀 − 𝒉𝑨𝑫
𝒉
A equação mostra que, o nível geral de preço (P) depende positivamente da oferta
de moeda (emissão monetária) e, portanto, da política monetária adoptada pelo Banco
Central. Depende também negativamente da produção da economia, influenciada pelos
parâmetros, (b, k, h, ç, e t), bem como pela política orçamental e obviamente pelas
componentes da procura autónoma.
Recordar sempre que, os parâmetros medem as diferentes sensibilidades das
variáveis dependentes face a alteração das variáveis independentes, ou seja, propensões
marginais do consumo (ç) em relação a rendimento disponível (Yd), dos impostos (t) em
relação ao rendimento (Y), do investimento (b) relativamente a taxa de juros (i), da
procura por moeda (k) pelo motivo de transação (Y) e da procura por moeda (h) pelo
motivo especulativo (i).
5.2. Oferta Agregada (AS)
Entende-se como oferta agregada (AS), o produto total (bens e serviços) que os
agentes económicos estão dispostos a produzir e a vender durante um certo período de
tempo (geralmente um ano), dado o nível de preços, condições de mercado e os custos.
A curva da oferta agregada é determinada a partir do mercado de trabalho e de
uma função de produção neoclássica.
61
5.2.1. Mercado de Trabalho e Determinação de Salário
O mercado de trabalho é o mecanismo de transação do factor trabalho. Determina
o salário e o nível de emprego (desemprego).
É importante tecer alguns conceitos fundamentais sobre população em idade
activa, população economicamente activa ou força de trabalho, taxa de actividade, taxa
de emprego e taxa de desemprego.
Teoricamente considera-se população activa aquela com idade compreendida
entre os 15 a 64 anos de idade (ou 15 anos e mais). Em rigor exclui-se da população em
idade activa, com vista a obter a disponível para trabalhar, a população que exerce
serviços militar, prisional, a com incapacidade físico-mental para trabalhar, entre outros.
A força de trabalho também conhecida como população economicamente activa
(PEA) é a soma dos indivíduos que estão a trabalhar (empregada) ou a procurarem
emprego (desempregada). A que não está trabalhando nem a procura de emprego
considera-se população economicamente não activa (PEnA).
A taxa de actividade será a razão entre a PEA e a população em idade activa.
A taxa de desemprego é a proporção do número de desempregados e a população
economicamente activa.
Consideramos como U desemprego, N emprego e L força de trabalho (PEA).
FIGURA 6- ESTRUTURA DA POPULAÇÃO
62
Quanto a teoria do salário-eficiência mostra que normalmente os trabalhadores
recebem um salário que excede o seu salário de reserva (o salário que poderia torna-lo
indiferente entre trabalhar ou permanecer desempregado). Independentemente do poder
negocial as empresas podem pagar um salário acima do de reserva para atrair os melhores
trabalhadores7.
Salário, Preços e Desemprego
Considera-se que o salário real (w), que serve de base para a negociação e o salário
nominal (W), depende do nível esperado de preços (Pe), taxa de desemprego (u) e de
outros factores (k).
we=W/Pe=k-ɛu ou W=wePe=k-ɛu
Dado que os trabalhadores se preocupam com o salário real e não o nominal, um
aumento do nível esperado de preços eleva o salário nominal na mesma proporção.
Quanto ao desemprego, um aumento na sua taxa diminui o salário nominal.
Os outros factores incluem a legislação laboral, o subsídio de desemprego, o
salário mínimo, etc. Por esta razão, k normalmente é considerado como parâmetro
positivo (+).
5.2.2. Função de Produção Neoclássica e Determinação de Nível de Preços
Determina-se o nível de preços utilizando a função de produção que ilustra a
relação entre a quantidade produzida numa economia e os factores de produção utilizados
(capital, trabalho e terra), isto é, Y= f(K,L,T). Para simplificação considera-se o trabalho
como o único factor e com produtividade constante.
No rigor, a produção depende não da força de trabalho (L) mas sim da força de
trabalho empregada (N), pelo que, tem-se: Y=aN, onde a é uma constante, representando
a produtividade marginal da força de trabalho empregada (PmgN).
Com a hipótese de concorrência perfeita, o preço de uma unidade de produto seria
igual ao custo marginal (P=W/a), ou seja, o salário é definido pela produtividade marginal
do trabalho (Lei dos rendimentos decrescentes) e este pelo preço de mercado (como dado
no mercado). Contudo muitos mercados não são concorrenciais, pelo que, as empresas
cobram um preço superior (incluindo uma margem de lucro) ao custo marginal,
resultando na seguinte relação:
𝑾
𝑷 = (𝟏 + 𝒛) 𝒂 , com 𝑧 representando a margem de lucro (Markup).
7
Teoria de Gestão de Henry Ford.
63
GRÁFICO 9- MODELO DE MARKUP
Salário de Equilíbrio
A igualdade entre as duas expressões resulta o salário que garante o equilíbrio no
mercado de trabalho, é o salário real escolhido na sua fixação como na fixação do preço
no mercado de bens.
𝑎 𝑎 𝑎 𝑘 𝒌(𝟏+𝒛)−𝒂 𝟏 𝒂
= 𝑘 − ɛ𝑢 ⇒ ɛ𝑢 = − 𝑘 ⇒ 𝑢 = (1+𝑧)ɛ − ⇒ 𝒖 = (𝟏+𝒛)ɛ
= [𝒌 − ]
1+𝑧 1+𝑧 ɛ 𝜺 𝟏+𝒛
64
Wt/Pet =k-ɛut e Wt/Pt=k-ɛun, fazendo a diferença, entre o nível de salário real esperado e
o efectivo tem:
Wt/Pet –Wt/Pt=k-ɛut-(k-ɛun)⇒Wt/Pet=k-ɛut-k+ɛun+Wt/Pt⇒Wt/Pet=Wt/Pt-ɛ(ut-un)
GRÁFICO 10-TAXA NATURAL DE DESEMPREGO
Pelo Gráfico nº 10, conclui-se que as políticas que visam o aumento de salário
podem criar desemprego.
Curva de Phillips
A curva de Phillips (original) demonstra a relação entre o nível de salário e o
desemprego. Uma diminuição da taxa de desemprego aumenta o salário nominal.
△𝑾
= −𝜺(𝒖𝒕 − 𝒖𝒏 )
𝑾
A variação de salário em geral é substituída pela variação de preços para explicar
a relação existente entre a taxa de desemprego e a taxa de inflação (π).
A versão moderna inclui as expectativas do nível esperado de preços (Pe).
Substituindo a variação de salário pela variação de preços (𝜋), obtém-se a curva de
Phillips aumentada as expectativas.
𝝅𝒕 = 𝝅𝒆 − 𝜺(𝒖𝒕 − 𝒖𝒏 )
Esta equação mostra que, se os agentes económicos conseguirem acertar as suas
previsões de inflação a taxa de desemprego estará em equilíbrio, isto é, a taxa de
desemprego será igual a taxa de desemprego natural. Deste modo, o desemprego não
depende do nível de inflação (variação de salários) mas sim do excesso de inflação ao que
era esperado.
65
5.2.4. Desemprego vs Emprego
A taxa natural de desemprego está relacionada com o nível natural de emprego
que corresponde ao nível de emprego que prevalece quando o desemprego é igual a sua
taxa natural.
Consideremos: Desemprego U, emprego N e força de trabalho L.
𝐿 =𝑁+𝑈 ⇒𝑈 =𝐿−𝑁
𝑈 𝐿−𝑁 𝑁
𝑢= ⇒𝑢= ⇒ 𝑢 = 1−
𝐿 𝐿 𝐿
O nível natural de emprego será:
𝐿−𝑁
𝑢= ⇒ 𝑢𝐿 = 𝐿 − 𝑁 ⇒ 𝑁 = 𝐿 − 𝑢𝐿 ⇒ 𝑁 = (1 − 𝑢)𝐿
𝐿
Considerando a taxa de desemprego natural tem-se: Nn=L(1-un). Desta relação resulta:
𝐿−𝑁𝑡 𝐿−𝑁𝑛 𝐿−𝑁𝑡 −𝐿+𝑁𝑛 𝟏
ut-un=Nt-Nn⇒ut-un=( )−( ) ⇒ut-un= ⇒ut-un=− 𝑳 (𝑵𝒕 − 𝑵𝒏 )
𝐿 𝐿 𝐿
Emprego vs Produto
O nível natural de emprego está relacionado ao nível natural de produto. O nível
natural de produto é o nível de output obtido quando o desemprego está em equilíbrio.
Também é conhecido como produto de pleno emprego ou produto potencial (Yn).
Considerando Yn=aNn⇒Yn=aL(1-un)
Existindo um hiato entre o emprego efectivo e o natural existirá um hiato entre o
produto efectivo e o produto potencial. Com isso estabelece-se a seguinte relação:
𝟏
ut – un=− 𝒂𝑳 (Yt-Yn)
Lei de Okun
Dado que o produto mantém forte relação com emprego e este com desemprego,
logo, o produto tem relação com o desemprego. A lei de Okun exprime a relação entre
variação do produto e a taxa de desemprego. A mesma, demonstra que, um ponto
percentual a mais de desemprego diminui o produto em cerca de 2%.
𝒀𝒕 −𝒀𝒏
= −𝛽(𝑢𝑡 − 𝑢𝑛 ) , com β≡ 2.
𝒀𝒏
Em conclusão:
i. O salário real escolhido na fixação de salários é função decrescente da taxa de
desemprego;
ii. O salário real resultante da fixação de preços é constante;
iii. O equilíbrio no mercado de trabalho requer que o salário real escolhido na fixação
de salário seja igual ao salário escolhido na fixação de preços;
iv. O Equilíbrio de mercado de trabalho determina a taxa de salário de equilíbrio, que
por sua vez determina a taxa de desemprego de equilíbrio (Taxa natural de
desemprego ou taxa estrutural de desemprego);
66
v. A taxa natural de desemprego está relacionada com o nível natural de emprego e
o nível natural de produto (Produto de pleno emprego).
𝑃𝑡 𝑎/(1 + 𝑧) 𝑃𝑡 𝑎/1 + 𝑧 ɛ
= + (𝑌 − 𝑌𝑛 )
𝑃𝑒 𝑃𝑡 𝑎𝐿 𝑡
𝑃𝑡 𝑎/1 + 𝑧 𝑃𝑡 𝑎𝑎𝐿/(1 + 𝑧) + ɛ𝑃𝑡 (𝑌𝑡 − 𝑌𝑛 )
=
𝑃𝑒 𝑃𝑡 𝑎𝐿
𝑃𝑡 𝑎 𝑃𝑡 𝑎𝑎𝐿
. 𝑃𝑡 𝑎𝐿 = 𝑃𝑒 . + 𝑃𝑒 . ɛ𝑃𝑡 (𝑌𝑡 − 𝑌𝑛 )/: 𝑃𝑡
1+𝑧 1+𝑧
𝑃𝑡 𝑎 𝑃𝑡 𝑎𝐿 𝑃𝑒 𝑃𝑡 𝑎𝑎𝐿 ɛ𝑃𝑒 𝑃𝑡 (𝑌𝑡 − 𝑌𝑛 )
= +
(1 + 𝑧) 𝑃𝑡 𝑃𝑡 (1 + 𝑧) 𝑃𝑡
𝑃𝑡 𝑎2 𝐿 𝑎2 𝐿
= 𝑃𝑒 . + ɛ𝑃𝑒 (𝑌𝑡 − 𝑌𝑛 )
1+𝑧 1+𝑧
𝑎2 𝐿 (1 + 𝑧) (1 + 𝑧)
𝑃𝑡 = 𝑃𝑒 . 2
+ ɛ𝑃𝑒 (𝑌𝑡 − 𝑌𝑛 ). 2
(1 + 𝑧) 𝑎 𝐿 𝑎 𝐿
𝜀(𝑌𝑡 − 𝑌𝑛 )
𝑃𝑡 = 𝑃𝑒 [1 + (1 + 𝑧)]
𝑎2 𝐿
ɛ(1 + 𝑧)
𝑃𝑡 = 𝑃𝑒 [1 + (𝑌𝑡 − 𝑌𝑛 )]
𝑎2 𝐿
O nível de preços depende fundamentalmente do nível esperado de preços, da taxa
de desemprego e outros factores.
A função AS acima derivada, pode ser escrita da seguinte maneira:
ɛ(1+𝑧)
Considerando, = 𝜆, tem-se:
𝑎2 𝐿
𝑃𝑡 = 𝑃𝑒 [1 + 𝜆(𝑌𝑡 − 𝑌𝑛 )]
67
𝑃𝑡
− 1 = 𝜆𝑌𝑡 − 𝜆𝑌𝑛
𝑃𝑒
𝑃𝑡
− 1 + 𝜆𝑌𝑛 = 𝜆𝑌𝑡 /: 𝜆
𝑃𝑒
𝑃𝑡 𝜆𝑌𝑛
𝑌𝑡 = ( 𝑒
− 1) : 𝜆 +
𝑃 𝜆
1 𝑃𝑡
𝑌𝑡 = 𝑌𝑛 + ( 𝑒 − 1)
𝜆 𝑃
𝟏 𝑷𝒕
𝒀𝒕 = ( − 𝟏) + 𝒀𝒏
𝝀 𝑷𝒆
GRÁFICO 11- CURVA AS
Se o nível esperado de preços for igual ao nível de preços então não há desemprego
e o nível de produto obtido é de pleno emprego.
Em conclusão:
Um aumento do nível de produto leva ao aumento do nível de preços, pois:
i. Aumento do produto leva ao aumento de emprego;
ii. Aumento do emprego diminui a taxa de desemprego;
iii. Diminuição da taxa de desemprego aumenta o salário nominal; e
iv. Aumento do salário nominal aumenta os preços fixados pelas empresas e
portanto, o nível de preços.
Um aumento do nível esperado de preços leva ao aumento do nível efectivo de preços
de mesma magnitude, dado que:
i. Se os fixadores de preços esperam que o nível de preços seja mais alto, fixam
um salário nominal alto; e
68
ii.Aumento do salário nominal aumenta os custos de produção das empresas que
por sua vez aumenta o nível de preços.
Se o nível esperado de preços for igual ao nível efectivo de preços então não há
desemprego e o nível de produto obtido é de pleno emprego.
Assim, quando o produto efectivo está acima do produto potencial o nível de
preços é maior (inflação) e quando este está abaixo do nível de pleno emprego o nível de
preços é menor (deflação e desemprego). Logo as políticas que visam a redução de
inflação tendem a aumentar o desemprego no curto prazo.
Portanto, os três elementos necessários para determinação da AS são:
i. Relação Preço-Custo;
ii. Lei de Okun;
iii. Curva de Phillips.
69
cometerão erros sistemáticos. Podem errar nas suas expectativas, mas em média o seu
erro é nulo.
Pet=Et-1(Pt)=E(Pt/It-1)
Pelas expectativas racionais, o nível de preços esperado no período t é igual a
esperança matemática dessa variável obtida a partir de um modelo económico
“verdadeiro” dada toda a informação disponível no período t-1(It-1), ou seja:
𝐸𝑡−1 (𝑃𝑡 ) = 𝐸( 𝑃𝑡 ∣ 𝐼𝑡−1 ).
Os erros das expectativas racionais são iguais a zero em média, não exibindo
qualquer padrão e são precisas pois a variância dos seus erros é mínima.
Pet=Pt+erro aleatório.
Pet≈Pt e Yt≈Yn
Pt=Pt-1[1+λ(Yt-Yn)]
Pt=Pt[1+λ(Yt-Yn)]
Pt/Pt=1+ λ(Yt-Yn)
1-1= λYt – λYn
λYn= λYt/: λ
Yt=Yn
O hiato entre o produto efectivo e o produto potencial é explicado apenas por
variações inesperadas nos níveis de preço na formulação das expectativas, que promove
um afastamento temporário entre Pt e Pet.
Ciclo de Negócio e Hiato
O ciclo de negócio é o padrão mais ou menos regular de expansão (recuperação)
e contração (recessão) da actividade económica em torno da linha de tendência de
crescimento (trajectória do produto potencial).
70
GRÁFICO 12- CICLO ECONÓMICO
71
Caso Geral
Uma Política fiscal expansionista (aumento de gastos públicos ou diminuição dos
impostos) faz deslocar a curva da procura agregada (AD) para cima e a direita,
aumentando o nível de produto e de preços; os agentes económicos expectantes do
aumento de futuros impostos ou dívida pública para financiar o défice, diminuem o
consumo e o investimento, contraindo a produção e elevando o nível de preço. O
contrário, uma contração diminui o nível de preço e a quantidade de produção
(rendimento); entretanto, o efeito final, por um lado, depende do Cowding-out inverso,
que faz deslocar a curva da oferta para baixo e a direita, fruto da política monetária que
visa manter o mercado monetário em equilíbrio, resultante na diminuição da taxa de juro
e consequentemente aumentando o investimento e por sua vez o produto.
Caso Keynesiano (AS Horizontal)
Considerando a hipótese de preços fixos, o efeito evicção (crowding-out) da
política expansionista é nulo para o modelo keynesiano, pelo que, a deslocação da curva
da procura agregada aumenta apenas o nível de rendimento (produto) e não afecta o nível
de preços.
Caso Clássico (AS Vertical)
Com base na hipótese das expectativas racionais os agentes económicos
conseguem antever a subida dos preços resultantes das políticas expansionistas, assim, a
curva de oferta também se desloca para cima e à esquerda anulando o feito da deslocação
da curva da procura agregada, pelo que o nível de produto será sempre o de pleno emprego
(produto potencial).
72
5.4. Exercícios Resolvidos
73
diferença entre os produtos efectivo e potencial. Isto só acontece no ponto 𝐸∞ ,
onde o produto efectivo é igual a Y*, a taxa de desemprego é igual à NAIRU
e o nível de preços desceu para 𝑃∞ .
b) Para representarmos o que acontece à taxa de juro nominal, necessitamos de um
outro espaço onde possamos visualizar as curvas IS e LM. Assim, uma queda do
consumo colectivo conduz a um deslocamento da IS para a esquerda:
i. No curto prazo (t=1), dado que não existe alteração do nível de preços a curva
LM mantém-se a mesma que em t=0. Desta forma, no novo equilíbrio (E1), a
taxa de juro nominal cai para i1.
ii. No longo prazo (t=∞), à medida que o nível de preços vai caindo, o que
corresponde a uma subida da oferta de liquidez ao longo do tempo, a curva
LM vai-se deslocando para a direita até o novo equilíbrio de longo prazo ser
restabelecido com uma taxa de juro nominal de equilíbrio mais baixa e igual
a 𝑖∞ .
2- A economia da Angolândia não tem relações relevantes com o exterior. Sabe-se que
em 2019 a taxa de inflação foi de 3% e que para este ano o governo anuncia uma
redução substancial do consumo colectivo de forma a equilibrar as contas públicas.
Sabe-se ainda que por cada ponto percentual que a taxa de desemprego apresente
abaixo do seu nível natural, a taxa de inflação verificada será superior à esperada em
dois pontos percentuais.
74
inflação em 2020, todas elas muito próximas do valor médio de 2%. Supondo que
o governo cumprirá o seu compromisso e que não existirão choques inesperados
este ano, calcule a taxa de desemprego para 2020 nos casos de os trabalhadores
terem expectativas racionais e no caso de terem expectativas adaptativas.
Justifique cuidadosamente todos os seus cálculos.
Resolução:
a) Sabe-se que a curva de Philips relaciona as variáveis taxas de inflação verificada (𝜋𝑡 )
e esperada ( 𝜋𝑡𝑒 ), e taxas de desemprego verificada (𝑢𝑡 ) e natural ) (𝑢𝑛 ) da seguinte
forma:
𝜋𝑡 = 𝜋𝑡𝑒 - 𝜀(𝑢𝑡 − 𝑢𝑛 ), onde 𝜀 é constante que mede sensibilidade da inflação ao
desemprego.
Sabemos ainda que por cada ponto percentual que a taxa de desemprego apresente abaixo
do seu nível natural (𝑢𝑡 − 𝑢𝑛 = -0,01), a taxa de inflação verificada será superior à
esperada em dois pontos percentuais (𝜋𝑡 − 𝜋𝑡𝑒 = 0,02), ou seja, tem-se 0,02 = − 𝜀*(-
0,01) ⇒ 𝜀 = 2.
𝑒
Em relação ao ano 2019 sabe-se ainda que 𝜋2019 = 0,03, 𝜋2019 = 0,025 e que 𝑢2019 =
0,0525. Utilizando esses dados na expressão analítica da curva de Philips, vem:
0,03 = 0,025 – 2*(0,052 5 - 𝑢𝑛 ) ⇒ 𝑢𝑛 = 0,055.
Desta forma, pode-se concluir que a taxa natural de desemprego é de 5,5%. Assim, a taxa
de desemprego em 2019 esteve abaixo do seu nível natural, pelo que a inflação foi
superior à esperada no início do período.
b) Com a informação dada pelos três centros de estudos pode-se prever, caso não existam
choques inesperados, uma inflação de cerca de 2% para 2020, ou seja, 𝜋2020 = 0,02.
Se os trabalhadores tiverem expectativas racionais utilizarão toda a informação
(credível) disponível para as suas negociações salariais deste ano, incluindo as
estimativas divulgadas pelos referidos institutos. Assim, a sua estimativa para a taxa
𝑒
de inflação será dada por 𝜋2020 = 0,02. Utilizando estes dados na curva de Philips,
tem-se:
0,02 = 0,02 - 2*( 𝑢2020 − 0,055) ⇒ 𝑢2020= 0,055.
Pode-se então concluir que, caso não existam choques (ou políticas) inesperados a
inflação esperada com expectativas racionais será igual à verificada, pelo que não existem
razões para que a taxa de desemprego seja diferente da taxa natural. No caso de existirem
expectativas adaptativas, os trabalhadores apenas utilizarão os valores passados da taxa
de inflação para prever a inflação em 2020 (ignorando as estimativas divulgadas pelos
três institutos). No caso mais simples destes agentes terem expectativas estáticas, ou seja:
𝜋𝑡𝑒 = 𝜋𝑡−1 , temos uma previsão de inflação para 2020 igual ao valor verificado em 2019
𝑒
(𝜋2020 = 𝜋2019 = 0,03).
Utilizando a curva de Philips, tem-se:
0,02 = 0,03 – 2(𝑢2020 - 0,055) ⇒ 𝑢𝑡 = 0,06.
Assim, dado que os trabalhadores esperam uma taxa de inflação superior à que se irá
verificar, a taxa de desemprego será superior à taxa natural.
75
𝑒 𝑒 𝑒
Nota que, se considerar-se o caso geral: 𝜋2020 = 𝜋2019 + 𝜀(𝜋2019 − 𝜋2019 ) = 0,025 +
𝜀(0,03 − 0,025), com 𝜀 ∈[0; 1], e substituirmos este valor na expressão da curva de
Philips, obtem-se:
𝑒
𝜋2019
𝑢2019 = 0,045 + ∈ [0,0575;0,06 2]. Os resultados assim obtidos não alteram as
2
conclusões apresentadas. Note-se que no caso das expectativas estáticas utiliza-se 𝜀 = 1
(correcção total), onde 𝜀 é o parâmetro de correcção do erro das expectativas adaptativas.
Desta forma, pode-se obter uma forma reduzida para a função de oferta agregada dada
por:
1+𝑧
𝑃𝑡 = 𝑃𝑡𝑒 * 𝑎2 𝐿 ∗ [−𝑎𝐿𝑘 − 𝜀(𝑎𝐿 − 𝑌𝑡 )].
76
i. No caso de um modelo com expectativas racionais este pode dever-se a efeitos
de choques ou de políticas antecipadas pelos trabalhadores antes da
negociação dos salários para o período;
ii. No caso de expectativas adaptativas, se o índice de preços no período anterior
(t - 1) foi mais elevado do que há dois períodos atrás (t - 2) então tem-se para
este período uma AS situada mais acima do que no período anterior.
2- Subida da margem
Podemos verificar que uma subida da margem de marcação dos preços sobre os custos
salariais unitários provoca uma descida dos salários reais para cada nível de salário
nominal. Com essa descida haverá uma subida da taxa natural de desemprego e
consequente diminuição do produto potencial. Para além disso 𝛌 também crescerá, mas o
resultado final é inequivocamente uma deslocação para cima da AS:
𝜕𝑃𝑡 𝑃𝑡
= > 0.
𝜕𝑧 1+𝑧
77
𝜕𝑃𝑡 𝑌𝑡 ∗𝑃𝑡𝑒 ∗λ
=- <0
𝜕𝐿 𝐿
𝜕𝑃𝑡 𝜕𝜆
= 𝑃𝑡𝑒 [(Yt – Yn)*𝜕𝑎 – 𝛌*(𝜕𝑌𝑛 / 𝜕𝑎]> 0,
𝜕𝑎
𝜕𝜆 2𝜆
=– < 0,
𝜕𝑎 𝑎
𝜕𝑌𝑡 1
= (1– 𝑢𝑛 )*L + 𝜆𝑎 > 0.
𝜕𝑎
Como podemos verificar o efeito final sobre o produto potencial é inequívoco já que o
caso descrito em (iii) se sobrepõe a descrito em (ii). Assim, perante uma diminuição de a
para valores acima ou iguais ao produto potencial temos um deslocamento da AS para
cima. Para valores do produto abaixo do seu valor potencial não é simples verificar, mas
𝜕𝑃
demonstra-se que a derivada 𝜕𝑎𝑡 mantém o seu sinal negativo. No curto prazo, uma
diminuição desta produtividade pode ser explicada por:
i. Uma redução brusca do stock de capital existente no período (motivado por uma
catástrofe natural, por exemplo);
ii. Uma perturbação temporária na capacidade de trabalho dos empregados (uma
epidemia, greves, perturbações da ordem pública, etc.);
iii. Falhas no fornecimento de bens intermédios indispensáveis como a energia
eléctrica;
iv. Condições climáticas e ambientais alteradas (uma seca num país com um grande
peso do sector agrícola ou chuvas fortes num país dependente do turismo).
Dos cinco casos apresentados, bastaria a avaliação de dois para uma resposta correcta. A
demonstração matemática do sinal da respectiva derivada não seria necessário, mas para
muitos dos exemplos não é fácil justificar se é o efeito sobre Yn ou sobre 𝛌 que prevalece,
quando apresentam sinais contrários.
78
4- Comente a seguinte afirmação: “A prova de que a curva de Phillips não existe é a
constatação empírica da queda significativa da taxa de inflação em certos períodos,
sem que haja variação apreciável da taxa de desemprego.”
Resolução:
A curva de Phillips traduz o trade off de curto prazo que existirá entre inflação (𝜋𝑡 ) e
desemprego (𝑢𝑡 ). Dada a expressão analítica utilizado neste livro, vem:
𝜋𝑡 = 𝜋𝑡𝑒 - 𝜀(𝑢𝑡 − 𝑢𝑛 )
A variação da taxa de inflação, entre o período t-1 e o período t, será dada por:
𝑒
∆𝜋𝑡 = 𝜋𝑡 - 𝜋𝑡−1 = [𝜋𝑡𝑒 - 𝜀(𝑢𝑡 − 𝑢𝑛 )] - [𝜋𝑡−1 - 𝜀(𝑢𝑡−1 − 𝑢𝑛 )] = Δ𝜋𝑡𝑒 - 𝜀Δ𝑢𝑡 , supondo que
não existem alterações estruturais (que afectam 𝜀 e/ou 𝑢𝑛 ). Se não existir uma variação
apreciável do desemprego entre o período 0 e o período 1 (Δ𝑢1 ≈ 0) este facto poderá
ser compatível com uma queda significativa da taxa de inflação (Δ𝜋1 <0), se observar:
𝛥𝜋 < 0 ∆𝜋 𝑒 − 𝛾∆𝑢1 < 0
{ 1 ⇒{ 1 ⇒ ∆𝜋1𝑒 < 0
∆𝑢1 ≈ 0 ∆𝑢1 ≈ 0
Assim, podemos verificar que a situação descrita é compatível com a existência de uma
curva de Phillips (decrescente) desde que se verifique simultaneamente (à queda da
inflação verificada) uma queda na taxa de inflação esperada pelos trabalhadores. Na
figura seguinte, verifica-se que a queda nas expectativas de inflação desloca a curva de
Phillips de Curto Prazo (CP0) para CP1. Assim, a passagem de um equilíbrio de curto
prazo em E0 para um outro E1 corresponde à situação descrita no enunciado.
Portanto, podemos concluir que a afirmação não é verdadeira. Note-se, no entanto, que
caso as expectativas de inflação se mantivessem de um ano para o outro (Δ𝜋1𝑒 =0), a curva
de Phillips não se moveria entre os dois períodos e a observação de frequentes descidas
na inflação (verificada) sem o correspondente aumento no desemprego constituiria uma
forte evidência empírica da não existência de uma curva de Phillips decrescente no curto
prazo.
79
Refira-se ainda que, caso os trabalhadores prevejam perfeitamente a inflação na época
das suas negociações salariais tem-se 𝜋1𝑒 = 𝜋𝑡 , deixando de existir o mesmo trade off de
curto prazo já que teremos, para este caso, 𝑢𝑡 = 𝑢𝑛 , ou seja, uma curva de Phillips
vertical. Logo, para que haja algum trade off entre as duas variáveis referidas terá de
existir de algum erro de previsão, ou seja, alguma componente não antecipável da inflação
pelos trabalhadores.
5- Considere a expressão da oferta agregada dada por:
𝑃𝑡 = 𝑃𝑡𝑒 ∗[1 + 𝜆(𝑌𝑡 − 𝑌𝑛 )], em que a notação é a habitual. Considere que as expectativas
dos trabalhadores são de natureza adaptativa (𝑃𝑡𝑒 =𝑃𝑡−1 ). Neste ano, uma inesperada
epidemia de uma estirpe de gripe particularmente debilitante baixou consideravelmente a
produtividade média do trabalho, levando a que, para cada nível de produto, o mercado
de trabalho se equilibre para um nível de preços mais elevado. Explique como as
autoridades de política económica podem estabilizar o produto, no curto prazo, em face
do choque descrito. Utilize uma representação gráfica adequada e justifique
economicamente.
Resolução:
A expressão da AS para as expectativas adaptativas é dada por:
𝑃𝑡 = 𝑃𝑡−1 [1 + 𝜆(𝑌𝑡 − 𝑌𝑛 )]
O choque descrito traduz-se numa diminuição da produtividade média do trabalho (o
parâmetro a na função de produção de curto prazo), agindo assim sobre os valores de 𝛌 e
de Yn, que passarão a ser 𝛌' e 𝑌´𝑛 . Dado que esta alteração faz com que “para cada nível
de produto, o mercado de trabalho se equilibre para um nível de preços mais elevado,”
podemos representá-la por um deslocamento da curva AS para cima.
80
prática uma política de expansão da procura (um aumento do consumo público, por
exemplo) que deslocasse a procura agregada (AD) de AD0 para AD1, o equilíbrio de curto
prazo dar-se-ia no ponto E'1, onde o produto de equilíbrio será dado por Yn, ou seja,
estabilizando-o ao seu nível inicial.
6- Numa actividade económica, com uma população economicamente activa (L) de
3.450.000, contabilizaram-se os seguintes dados:
Y = 13N
Z = 15 – 90,52𝑢𝑡
A margem de lucro sobre os custos salariais (z) = 20%
a) Calcule a taxa natural de desemprego.
b) Calcule o produto natural.
c) Escreva a expressão da curva da oferta agregada.
Resolução:
a) Sabe-se que o custo por cada unidade de trabalho é dado por W/𝑎, onde W- representa
o gastos com o pessoal, 𝑎 representa o parâmetro constante que mede a produtividade
média e marginal do trabalho. Neste caso, os custos por unidades produzida será igual
a W/13.
O preço será dado por P = W(1 + z)/𝑎.
Assim vem: P = (1+0,2)W/13⇒P = 0,0923W.
Salário real é dado por: Z = W/P⇒ Z = W/(0,0923W) ⇒Z = 10,83.
Substituindo na curva de determinação de salários, tem-se:
Z = 15 – 90,52𝑢𝑡 ⇒ 10,83 = 15 – 90,52𝑢𝑡 ⇒ 𝑢𝑡 = 𝑢𝑛 = 4,6%, onde 𝑢𝑛 - representa a taxa
natural de desemprego.
O número de desempregados (U) será: U=4,6%* 3.450.000 = 158.700.
Empregados (N) será: N = L - U = 3.450.000 – 158.700 = 3.291.300
81
𝑌
10,8𝑃𝑡 /𝑃𝑡𝑒 = 15 – 90,52(1 – ) ⇒ 𝑃𝑡 = 𝑃𝑡𝑒 (0,0000001863Y – 6,973).
44.850.000
Um dos pontos desta curva é (𝑃𝑡𝑒 , 42.786.900), pelo que a curva pode ser ainda:
𝜀(1+𝑧)
𝜆 = 𝑎2𝐿 ⇒90,52(1 + 0,2)/169*3.450.000 ⇒ 𝜆 = 0,000000186.
0,42∗150
̅̅̅̅2012 =600; P2011 = 1; 𝑏 = 0,42; h = 2,5 e P2012 =
̅̅̅̅2012 =150; 𝐴𝐷
𝑀𝑠
𝑌2012 −2,5∗600
Oferta agregada:
𝑃𝑡 = 𝑃𝑡−1 [1 + 𝜆(𝑌𝑡 − 𝑌𝑛 )]
P2012 = P2011[1 + 0,013(Y2012 – 876,50)]
a) Determine o montante do rendimento em 2012 e o respectivo nível de preços.
b) Se em 2012 o Banco Central expandir a massa monetária em 10%, calcule o
respectivo rendimento e nível de preços.
c) Quais os efeitos de um aumento dos gastos públicos e de uma diminuição da taxa
de reservas legais?
d) Numa economia em que se verifica um aumento do preço de matérias-primas, o
Governo aumenta a taxa de imposto. Aponte algumas consequências desta
política.
Resolução:
a) Uma vez que a procura e oferta já é dada, tem-se:
0,42∗150
AD: P2012 =
𝑌2012−2,5∗600
0,42∗150
𝑃2012 = 𝑌 𝑌 = 1506,85
{ 2012 −2,5∗600 ⇒ { 2012
𝑃2012 = [1 + 0,013(𝑌2012 – 876,50)] 𝑃2012 = 9,19
82
O rendimento está acima do produto natural ou de pleno emprego. A economia está
em expansão. Se o produto igualasse o produto natural ou de pleno emprego a
economia não estaria em recessão nem em expansão.
0,42∗165
Procura agregada: P2012 =
𝑌2012 −2,5∗600
0,42∗165
𝑃2012 = 𝑌 𝑌 = 1507,5
{ 2012 −2,5∗600 ⇒ { 2012
𝑃2012 = [1 + 0,013(𝑌2012 – 876,50)] 𝑃2012 = 9,20
Por sua vez, o aumento de uma taxa de imposto, mantendo-se os outros factores
constantes, origina um aumento dos preços e uma diminuição do rendimento de
equilíbrio.
A conjugação das duas medidas faz sempre diminuir o rendimento de equilíbrio.
O montante está dependente da amplitude dos deslocamentos das curvas AD e
AS. Os preços tanto podem aumentar como diminuir. Está dependente das
amplitudes de deslocamento.
83
Com a diminuição do rendimento, as importações induzidas diminuem
consequentemente, o saldo da Balança corrente melhora.
8- Uma economia estava caracterizada no início de 2011, pelas seguintes funções:
Y = 20N0,5
NX = BC = 0
C = 0,7Yd – 100r, o consumo vária linearmente com rendimento disponível e com a
taxa de juro real.
G = 140
t = 20%
I = 140 – 2200r
Md = 1,1Y – 100i
Ms = 29,70
Ls = 2W (Oferta de trabalho)
Taxa de inflação (𝜋) = 0%
a) Determine os valores de equilíbrio das diversas variáveis macroeconómicas.
b) O Estado aumentou as despesas públicas de 140 unidades monetárias para 160
unidades monetárias. Quais os efeitos desta medida de política orçamental no
equilíbrio das variáveis macroeconómicas?
Resolução:
a) Neste caso, a quantidade de trabalho (L) que as empresas pretendem empregar
(N) será:
𝜕𝑌
N=L; PmgL = W; 𝑌 = 20𝑁 0,5 ⇒ 𝜕𝑁 = 10𝑁 −0,5 ⇒ 10𝑁 −0,5 = W ⇒1/N0,5 = W/10
⇒ 10 = W*N0,5 ⇒ 10/W =N1/2 ⇒10/W = √𝑁 ⇒ (10/W)2 = (√𝑁 )2 ⇒N=100/W2.
N = 100/W2 ⇒ N = 100/(3,68)2 = 7.
Substituindo N na função de produção, encontra-se então o produto de equilíbrio,
assim tem-se:
84
Y = C + G +I +NX ⇒ Y = 0,75*0,8Y – 100r +140 + 140 – 2200r ⇒ r = 0,1217 –
0,000173Y. Substituindo o rendimento de equilíbrio na IS, encontraremos a taxa de
juro real de equilíbrio, assim vem:
9- Uma determinada economia aberta apresentou em 2012 uma taxa de inflação de 2,8%.
O governo implementou um conjunto de medidas para reduzir o défice orçamental,
onde se destaca a redução das despesas públicas. O governo estimou que, por cada
ponto percentual a taxa de desemprego estará abaixo do seu nível natural e a taxa de
inflação verificada será superior à esperada em dois pontos percentuais.
No início de 2012 era esperada uma taxa de inflação de 2,3% para esse ano e a taxa
de desemprego foi de 4,2%.
Resolução:
85
A curva de Philips relaciona as taxas de inflação verificada e esperada e as taxas de
desemprego verificada e natural, tal como se apresenta na expressão:
Resolução:
86
O poder de negociação dos trabalhadores aumenta quando o desemprego diminui,
resultando um salário real esperado negociado que depende negativamente de 𝑢.
b) A taxa natural de desemprego calcula-se como a taxa de desemprego que
compatibiliza a determinação dos salários com a determinação do nível de preços
quando a previsão para o nível de preços coincide com o nível efectivo (Pe = P).
Assim, tem-se que: sendo a produtividade do trabalho igual a Y/N = 120, os custos
salariais por unidade produzida são iguais a W/120. Como as empresas praticam
uma margem de 20%, resulta a seguinte expressão para a determinação dos
preços:
W/P = 110 - 200𝑢 ⇒ 100 = 110 - 200𝑢 ⇒ -10 = - 200𝑢 ⇒ 𝑢 = -10/(-200) ⇒ 𝑢𝑛 = 0,05.
Logo temos os valores do salário real de equilíbrio e a taxa natural de desemprego. As
curvas de determinação dos preços e dos salários, bem como os valores do salário real de
equilíbrio e da taxa natural encontram-se representados no gráfico a seguir:
𝑊
P = 0,01W⇒ 𝑤 = = 100. Com w = 100, resulta então, para o nível verificado
𝑃
de preços: P = 1.
87
𝑊 100
𝑤 𝑒 = 𝑃𝑒 = 0,98 = 102,04. É superior ao salário real de equilíbrio. Substituindo
este valor na expressão de determinação de salários, vem:
̅̅̅̅𝑡
0,5𝑀𝑠
Pt =
̅̅̅̅𝑡
𝑌𝑡 −2𝐴𝐷
88
̅̅̅̅𝑡
0,5𝑀𝑠 0,5∗200
Pt =
̅̅̅̅𝑡
⇒ Pt = .
𝑌𝑡 −2𝐴𝐷 𝑌𝑡 −2∗450
̅̅̅̅𝑡+1
0,5𝑀𝑠 0,5∗220
Pt+1 = ⇒ Pt+1 =
̅̅̅̅𝑡+1
𝑌𝑡+1 −2𝐴𝐷 𝑌𝑡+1 −2∗450
̅̅̅̅̅̅
0,5∗𝑀𝑠
P = ̅̅̅̅̅̅
𝑌−2∗𝐴𝐷
89
̅̅̅̅ = 220 e ̅̅̅̅
Substituindo Y, 𝑀𝑠 𝐴𝐷 = 450, vem:
̅̅̅̅̅̅
0,5∗𝑀𝑠 0,5∗220
P = ̅̅̅̅̅̅ ⇒ 𝑃𝐹 = 1004,88 −2∗450 ⇒ P = 1,1.
𝑌−2∗𝐴𝐷
No longo prazo, os preços aumentaram 10%, tal como a massa monetária nominal.
O produto e a massa monetária reais permaneceram constantes- a moeda é neutra
no longo prazo.
Resolução:
𝜋𝑡+1 = 0,004 − 0,2 (0,04 − 0,06) ⇒ 𝜋𝑡+1 = 0,004 + 0,004 ⇒ 𝜋𝑡+1 = 0,008
⇒ 𝜋𝑡+1 = 0,8%.
Da mesma forma:
𝜋𝑡+2 = 𝜋𝑡+1 + 0,004 = 0,008 + 0,004 = 0,012 = 1,2%.
90
𝛌 = Proporção de contratos indexados à inflação corrente.
1 – 𝛌 = Proporção de contratos não indexados.
𝜋𝑡 − 𝜆𝜋𝑡 = (1 − 𝜆)𝜋𝑡𝑒 − 𝜀(𝑢𝑡 − 𝑢𝑛 ) ⇒ (1 – 𝛌) 𝜋𝑡 = (1 − 𝜆)𝜋𝑡𝑒 − 𝜀(𝑢𝑡 − 𝑢𝑛 )
𝜀(𝑢𝑡 −𝑢𝑛
⇒ 𝜋𝑡 = [(1 − 𝜆)𝜋𝑡𝑒 − 𝜀(𝑢𝑡 − 𝑢𝑛 )]/ (1 – 𝛌) ⇒ 𝜋𝑡 = 𝜋𝑡𝑒 − ⇒
(1−λ)
0,2(𝑢𝑡 − 𝑢𝑛 )
𝜋𝑡 = 𝜋𝑡𝑒 − ⇒ 𝜋𝑡 = 𝜋𝑡𝑒 − 0,4(𝑢𝑡 − 𝑢𝑛 ).
(1−0,5)
91
a) Em equilíbrio:
𝑢𝑡 − 𝑢𝑡−1 = 0
𝜋𝑡 − 𝜋𝑡−1 = 0
∆𝑌𝑡 ∆𝑀𝑡
= – 𝜋𝑡
𝑌 𝑀
Assim:
∆𝑌 ∆𝑀𝑡
0 = -0,25( 𝑌𝑡 – 0,04) ⇒0 = -0,25( – 𝜋𝑡 – 0,04) ⇒ 0 = -0,25(0,19 – 𝜋𝑡 – 0,04)
𝑀
⇒ 0 = -0,25(0,15 – 𝜋𝑡 ) ⇒ 0,15 = 𝜋𝑡 .
0 = -(𝑢𝑡 – 0,05) ⇒ 𝑢𝑡 = 0,05
∆𝑌𝑡 ∆𝑀𝑡
= – 𝜋𝑡
𝑌 𝑀
92
VI. MOEDA E INFLAÇÃO
6.1. Moeda
6.1.1. Definição e Funções
Moeda pode ser definida como um activo financeiro de aceitação geral, utilizado
na troca de bens e serviços, que tem poder liberatório (capacidade de pagamento)
instantâneo. A sua aceitação é garantida por lei (ou seja, a moeda tem “curso forçado” e
sua única garantia é a legalidade).
As principais funções da moeda são as seguintes:
i. Meio ou instrumento de troca: Num sistema económico baseado na especialização
e divisão do trabalho é imprescindível que exista um instrumento que facilite as
trocas de mercadorias, o contrário as trocas teriam que ser directas, o que exigiria
dupla coincidência de desejos.
ii. Unidade de medida (ou unidade de conta): A moeda serve para comparar e agregar
o valor de mercadorias diferentes, servindo como medida do valor de troca das
mercadorias.
iii. Reserva de valor: A moeda representa um direito que seu possuidor tem sobre
outras mercadorias. Ela pode ser guardada para uso posterior, pelo que ela serve
como reserva de valor ou forma de poupança. A moeda serve de reserva de valor
para uma pessoa, mas não para toda a sociedade (falácia ou sofisma da
composição), pois, o que determina a riqueza de um país é sua produção global e
não o montante de moeda existente.
6.1.2. Oferta de Moeda e Agregados Monetários
Existem vários agregados monetários distinguindo-se pelo grau de liquidez
(capacidade de um activo em se tornar em meio de pagamento imediato). Actualmente
consideram-se três principais agregados monetários, conhecidos como M1, M2 e M3.
O agregado M1 abrange moedas em circulação e os depósitos à ordem, são activos
mais líquidos com faculdade de serem utilizados imediatamente em pagamento, é a
moeda no sentido restrito (narrow Money).
M2 (intermediate Money) inclui M1 e outros dois activos que sendo menos
líquidos, possui um grau aceitável de liquidez. São os depósitos com prazos de
vencimento até dois anos e depósitos com aviso prévio.
M3 é o agregado mais alargado (broad Money) que inclui além de M2 os acordos
de recompra, participação em fundos do mercado monetário e títulos de dívida até dois
anos.
Os agregados acima referidos constituem a oferta (Stock) de moeda, a escolha do
agregado a utilizar na análise económica depende do modelo e do assunto a tratar, bem
como do fornecimento de melhores resultados (correlação).
6.1.3. Multiplicador Monetário
Para efeitos de modelagem, podemos definir a massa monetária (oferta) como M
constituído pela moeda em circulação (C) e depósitos (D), portanto, M=C+D e a base
93
monetária (H)8, como constituída pela moeda em circulação e palas reservas (R) que são
os depósitos dos bancos comerciais sob controlo dos bancos centrais, isto é, H=C+R.
Determinando os coeficientes de circulação (k) e de reserva (r), temos:
𝑪 𝑹
𝒌= 𝒆𝒓=
𝑫 𝑫
Considerando que a o multiplicador monetário (mm) é o rácio entre a massa
monetária e a base monetária, rearranjando e substituindo nas expressões anteriores
teremos:
𝐶 = 𝑘. 𝐷 𝑒 𝑅 = 𝑟. 𝐷
𝑀 𝑀 𝐶+𝐷 𝑀 𝑘𝐷 + 𝐷 𝑀 (𝑘 + 1)𝐷 𝟏+𝒌
𝑚𝑚 = ⇒ = ⇒ = ⇒ = ⇒ 𝒎𝒎 =
𝐻 𝐻 𝐶+𝑅 𝐻 𝑘𝐷 + 𝑟𝐷 𝐻 (𝑘 + 𝑟)𝐷 𝒌+𝒓
Sendo o mm a medida do impacto da alteração da base monetária sobre a massa
monetária pode ser definido como se segue:
𝝏𝑴 𝟏 + 𝒌
=
𝝏𝑯 𝒌 + 𝒓
𝑘+1 𝜕𝑀 1+𝑘 𝜕𝑀
𝑀 = (𝑘+𝑟 ) 𝐻 ⇒ = 𝑘+𝑟, logo: 𝑀 = ∗𝐻
𝜕𝐻 𝜕𝐻
8
Moeda de alto poder de expansão (High Powered Money)
94
6.1.4. Teoria Quantitativa da Moeda
A teoria quantitativa da moeda baseia-se na equação: PY=VM, onde P é o nível
de preços, Y é o produto em termos reais (portanto PY é o produto nominal), V a
velocidade da circulação da moeda e M massa monetária.
Considerando o produto real constante, ou seja, de pleno emprego e a velocidade
monetária constante, qualquer aumento na massa monetária terá repercussão na mesma
proporção no nível de preços (aumento do nível de preços ou inflação).
Com esta equação pode-se demonstrar que a taxa de variação de preços é
directamente proporcional a variação da oferta de moeda e que o crescimento da massa
monetária é dado pelo crescimento do nível de preços e do produto, sendo constante a
velocidade monetária.
∆𝑴
𝑃𝑌 = 𝑀𝑉 ⇒ 𝑴 = ∆𝑷
𝑷
+ ∆𝒀
𝒀
𝑙𝑛𝑃𝑌 = 𝑙𝑛𝑀𝑉 ⇒ 𝑙𝑛𝑃 + 𝑙𝑛𝑌 = 𝑙𝑛𝑀 + 𝑙𝑛𝑉 ⇒ 𝑙𝑛𝑀 = 𝑙𝑛𝑃 + 𝑙𝑛𝑌 + 𝑙𝑛𝑉 ⇒
𝑑𝑀 𝑑𝑃 𝑑𝑌 𝑑𝑉 𝒅𝑴 𝒅𝑷 𝒅𝒀
= + − ⇒ = +
𝑀 𝑃 𝑌 𝑉 𝑴 𝑷 𝒀
95
de juro deverá ser acompanhado por uma operação no mercado aberto com vista a
diminuição da massa monetária para manter o equilíbrio.
Os BC alteram as taxas de juros de referência com a finalidade de manter um nível
de preços sustentável e aproximar o produto ao produto de pleno emprego.
𝑀𝑠
= 𝑘𝑌 − ℎ𝑖 ⇒ 𝑴𝒔 = 𝑷(𝒌𝒀 − 𝒉𝒊)
𝑃
Considerando, no curto prazo, constante o nível de preços e o produto, qualquer
alteração na taxa de juro implica alteração na massa monetária para manter o equilíbrio
monetário.
6.2. Inflação
96
A inflação de expectativas estaria associada aos aumentos de preços provocados
pelas expectativas dos agentes de que a inflação futura tende a crescer, e eles procuram
resguardar suas margens de lucro.
A corrente estruturalista, desenvolvida na América Latina, a partir dos anos 50,
pressupõe que a inflação estaria associada estreitamente a tensões de custos, causados por
deficiências na estrutura económica.
Uma outra causa de inflação é o processo de emissão de moeda com vista a
obtenção de receita pelo Governo, fenómeno conhecido como “Senhoriagem” ou Imposto
inflacionário.
6.2.3. Efeitos da Inflação
A inflação afecta os fundamentos de uma economia de um modo geral e em
particular a distribuição de rendimentos, a balança de pagamentos, os investimentos das
empresas, bem como o mercado de capitais.
A inflação diz respeito à redução do poder aquisitivo das classes que dependem
de rendimentos fixos, que possuem prazos legais de reajuste. Neste caso, estão os
assalariados que, com o passar do tempo, ficam com seus orçamentos cada vez mais
reduzidos, até a chegada de um novo reajuste. Os que mais perdem são os trabalhadores
de baixa renda, que não têm condições de manter alguma aplicação financeira, pois tudo
o que ganham gastam com sua subsistência. Portanto, percebe-se que, a inflação é,
principalmente, um imposto sobre os mais pobres.
Elevadas taxas de inflação, em níveis superiores ao aumento de preços
internacionais, encarecem o produto nacional relativamente ao produzido no exterior.
Assim, provocam estímulo às importações e desestimulo às exportações, diminuindo o
saldo da balança comercial (exportações menos importações), podendo inclusive
provocar um verdadeiro círculo vicioso, se o país estiver um Défice cambial.
Outra distorção provocada por elevadas taxas de inflação prende-se com a
formação das expectativas sobre o futuro e, portanto, sobre a decisão de investir do sector
privado. Particularmente, o sector empresarial é bastante sensível a esse tipo de situação,
dadas a instabilidade e a imprevisibilidade de seus lucros. O empresário fica num
compasso de espera enquanto a situação perdurar e dificilmente tomará iniciativas para
aumentar seus investimentos na expansão da capacidade produtiva. Assim, a própria
capacidade de produção futura e, consequentemente, o nível de emprego são afectados
negativamente pelo processo inflacionário.
Dado que, num processo inflacionário intenso, o valor a moeda deteriora-se
rapidamente, ocorre desestimulo à aplicação de recursos no mercado de capitais
financeiros. As aplicações em carteira de títulos, devem sofrer retração. Por outro lado, a
inflação estimula a aplicação de recursos em bens de raiz, como terras e imóveis, que
costumam valorizar-se durante o processo inflacionário.
Conclui-se que, independentemente dos possíveis ganhos de alguns agentes
económicos com a inflação a curto prazo, a longo prazo, quase ninguém ganha com ela,
porque seu processo, funcionando como um rolo compressor, desarticula todo o sistema
económico. Assim, embora a inflação onere principalmente os trabalhadores, ao corroer
97
seus salários, é evidente que, com o empobrecimento dos trabalhadores, as empresas vão
vender menos e o governo arrecadará menos.
6.2.4. Estratégias de Política Monetária para Desinflação
São duas as principais estratégias adoptadas de políticas monetárias, que
objectivam manter a inflação sob controlo, o estabelecimento de “Metas de Inflação”, ou
o acompanhamento do designado “núcleo da inflação”.
As Metas de Inflação tratam-se de uma política monetária em que se estabelece
uma “âncora” nominal para orientar expectativas de mercado. São “bandas” fixadas para
a inflação futura, controlada através da política monetária, principalmente taxa de juros.
O núcleo da inflação (core inflation) é um índice de preços em que são
expurgadas, do índice geral, as variações transitórias, sazonais ou acidentais, que não
provocam pressões persistentes sobre os preços. As variações transitórias ou sazonais
estão normalmente associadas aos choques de oferta.
98
6.3. Exercícios Resolvidos
99
Resolução:
a) Extraindo os dados no problema, vem: M = 160, Yn = 800 e considerando que P = 1.
Neste caso, MV= PY⇒M = k* P* Y⇒ k = M / (P* Y) ⇒k = 160/(1* 800) ⇒
k = 0,2 = 20%. Dado que k = 1/V, vem: 0,2 = 1/V ⇒ V =1/0,2⇒ 𝑉 = 5, pelo que k
indica o número de vezes que, em média, cada unidade monetária é utilizada em
transacções de bens e serviços finais, isto é, em transacções com o rendimento.
b) No modelo clássico:
100
Logo: Yn = ∆C + ∆ I (alteração apenas da composição de Yn), ∆Y*= 0.
(+) (-)
A queda da taxa de juro constitui um desincentivo à poupança, pelo que o nível da despesa
em consumo irá aumentar, sendo, por isso, maior do que na situação inicial.
3. Numa economia, a circulação monetária tem o valor de 600 unidades monetárias
(u.m), os depósitos de 8000 u.m e a taxa de reservas de 10%. Qual é o valor de
base monetária (H)? e do multiplicador da base monetária?
Solução:
𝑅
Sabe-se que 𝑟 = , então tem-se:
𝐷
𝑅 𝑅
𝑟= ⇒ 0,1 = ⇒ 𝑅 = 800
𝐷 8000
𝐶 600
𝑘= ⇒𝑘= = 0,075
𝐷 800
𝐶 300
𝑘= ⇒𝑘= = 0,17
𝐷 1800
101
A taxa de reservas será dado por:
𝑅 800
𝑟= = = 0,44
𝐷 1800
𝑀 1900
Logo, 𝐻 = 𝑚𝑚 = = 833,33.
2,29
102
b) O multiplicador bancário é superior ao multiplicador monetário.
c) O saldo do papel-moeda em circulação é igual ao do papel-moeda emitido.
Solução:
a) Falsa.
b) Verdadeira.
mm = 3100/2100 = 1,47
c) Falsa.
O papel moeda em circulação é igual ao papel moeda emitido menos o encaixe em moeda
corrente das autoridades monetárias, assim estes dois valores serão iguais quando os
encaixes em moeda corrente nas autoridades monetárias for igual a zero. Como neste caso
os encaixes em unidades monetárias são de 100. O papel moeda em circulação será de
700 unidades monetárias, enquanto o emitido é 800 unidades monetárias.
8. Supondo que o Parlamento Angolano aprova uma lei que ilegaliza os cartões de
débito, o que pensa que aconteceria à velocidade de circulação da moeda no país?
Justifique a sua resposta.
Resolução:
Se os cartões de débito fossem ilegalizados, muito mais trocas teriam que ser efectuadas
em dinheiro (cash) aumentando a quantidade de moeda necessária para corresponder ao
nível do produto nominal. E com mais moeda disponível, menos vezes cada uma das
unidades monetárias seria utilizada nas trocas. Pode-se, assim, concluir que a ilegalização
dos cartões de débito provocaria a diminuição da velocidade de circulação da moeda.
103
9. Avalie a seguinte proposição, usando a teoria quantitativa da moeda e assumindo:
Primeiro, que a velocidade de circulação é constante e, Segundo, que o PIB cresce
à taxa anual de 4%, uma expansão de 3% da oferta de moeda levará a uma inflação
de 1%.
Resposta:
A proposição é Falsa.
É uma deflação. TQM: MV = PY
Mankiw define também: ΔM + ΔV = ΔP + ΔY ⇒3% + 0% = ΔP + 4% ⇒ ΔP = – 1%.
10. Com base nos dados que seguem, calcule o montante dos Meios de Pagamentos
como proporção dos depósitos à vista. O público mantém 20% de seus Meios de
Pagamento (M) na forma de papel-moeda (C).
Respostas:
𝑀 𝐷
𝑑 −1 = e não 𝑑 =
𝐷 𝑀
𝑀
A primeira coisa a observar é que a razão tem que ser maior ou igual a 1 , pois M ≥ D.
𝐷
Dados do problema:
Coeficiente da moeda em circulação em relação aos meios de pagamento (c=C/M), ou
seja, c= 0,2
Problema: M/D.
𝑀
Sabemos M=C+D/: 𝑀 ⇒ M/M=C/M+D/M⇒1=c + d , onde 𝑑 = ( 𝐷 )−1então 1=0,2+d⇒
−1
𝑀 −1 𝑀 −1 𝑀 1
𝑑 = 1 − 0,2 ⇒ 𝑑 = 0,8 ⇒ 0,8 = ( 𝐷 ) ⇒ (0,8)−1 = [( 𝐷 ) ] ⇒ = 0,8 = 1,25.
𝐷
104
1 1 1
𝑚𝑚 = 1−𝑑 (1−𝑟) ⇒ 𝑚𝑚 = 1−0,8(1−0,375) = 1−0,5 = 2.
105
VII. ASPECTOS MICROECONÓMICOS DA MACROECONOMIA
7.1.Teorias de Consumo
106
7.1.2. Estagnação Secular e o Paradoxo de Kuznets
A primeira anomalia da teoria Keynesiana tornou-se patente depois de alguns
economistas fazerem uma previsão errada, durante a Segunda Guerra Mundial, com base
na função de consumo keynesiana. Esses economistas argumentaram que, à medida que
os rendimentos da economia aumentassem com o decorrer do tempo, as famílias
passariam a consumir uma fracção cada vez menor de suas rendas. Eles receavam que
poderia não existir uma quantidade suficiente de projectos de investimentos lucrativos de
modo a absorver toda essa poupança. Se isso viesse a ocorrer, o baixo consumo levaria a
uma demanda inadequada por bens e serviços, resultando em recessão, depois que
cessasse a demanda do governo inerente a períodos de guerra. Em outras palavras, com
base na função consumo keynesiana, previa-se que a economia passaria pelo que eles
chamaram de “estagnação secular”, uma longa recessão, de duração indefinida, a menos
que o governo fizesse uso da política fiscal de modo a expandir a demanda agregada.
Mas, felizmente para a economia, porém infelizmente para a função consumo keynesiana,
o final da Segunda Guerra Mundial não lançou os Estados Unidos em outra recessão.
Embora os níveis de rendimento estivessem muito mais altos depois da guerra
comparativamente ao período anterior, esses rendimentos mais altos não acarretaram
grandes aumentos na taxa de poupança. A hipótese de Keynes de que a propensão média
a consumir diminuiria à medida que a renda crescesse parecia não se mostrar verdadeira.
O estudo empírico de Kuznets realizado para a economia dos Estados Unidos, que
ficou conhecido como o “Paradoxo de Kuznets”, identificou uma igualdade entre a PmC
e a PmgC no longo prazo e superior a Pmg de curto prazo.
Pela constatação resulta a seguinte função de longo prazo do consumo:
C=αYd
GRÁFICO 14-FUNÇÃO DE CONSUMO DE CURTO E DE LONGO PRAZO
107
As teorias que seguem procuram resolver o referido paradoxo e modernamente
utiliza-se a combinação de uma delas para explicar o comportamento do consumo, a
exemplo da conhecida Hipótese do Rendimento Permanente e do Ciclo de Vida (PIH-
LC)9.
7.1.3. Teoria do Rendimento Relativo de Duesembery
O comportamento pessoal do consumidor é função da sua posição na distribuição
do rendimento (renda relativa). É um modelo sectorial e considera como sector o grupo
social. No tempo, o comportamento do consumo não é facilmente reversível, a reação do
consumidor quando o rendimento aumenta é diferente de quando diminui (efeito padrão
de vida).
Sendo o consumo individual de um individuo dado pelo 𝐶𝑖 = 𝐶0𝑖 + ç𝑌̅𝑡 ,
considerando 𝑌̅𝑡 como rendimento social ou da classe (média de rendimento).
Relativizando com o rendimento individual, obtem-se:
𝐶𝑖𝑡 𝑌̅
= 𝐶0 + ç ∗ 𝑌 𝑡 , multiplicando toda a expressão por 𝑌𝑖𝑡 , tem-se: 𝐶𝑖𝑡 = 𝐶0 . 𝑌𝑖𝑡 + ç. 𝑌̅𝑡
𝑌𝑖𝑡 𝑖𝑡
𝐶𝑡 = 𝐶0 𝑌𝑡 + ç. 𝑌𝑡 = (𝐶0 + ç)𝑌𝑡
Portanto Ct = (C0+ç)Yt
Nota que, tanto ç como a média do rendimento são constantes (número real), o
somatório de uma constante é igual a própria constante a multiplicar pelo tamanho da
amostra e a média de uma variável a multiplicar pelo tamanho da amostra é igual ao
somatório das observações desta mesma variável.
A propensão marginal do grupo (C0+ç) é maior do que a propensão marginal
individual, indicando que o consumo na sociedade depende também de factores sociais
(resultante da imitação), criando um padrão social do grupo e consequentemente um
hábito.
O Efeito temporal (que produz hábito) do rendimento no consumo do período t
depende do rendimento previamente estabelecido (Y0) que é igual ao do período anterior,
com o crescimento contínuo do rendimento, e este é igual ao consumo anterior:
Ct = C0+ç0 Yt+ç1 Y0⇒Ct = C0+ç0 Yt+ç1 Yt-1⇒Ct = C0+ç𝟎 Yt+ç𝟏 Ct-1
7.1.4. Diagrama de Fisher e Escolha Intertemporal
O Diagrama de Fisher de Optimização Intertemporal ou simplesmente Diagrama
de Fisher procura não só explicar a variação do consumo resultante da alteração dos
rendimentos, mas também o papel da poupança e o recurso ao crédito.
Considerando um consumidor que enfrenta a decisão de consumir hoje (C1) ou
consumir amanhã (C2), com máximo de utilidade, para a sua restrição orçamental contará
9
Permanent Income Hipotese and Life Cicle
108
com os processos de capitalização (valor futuro) ou actualização (valor presente) de
valores.
109
rendimento permanente, não responde as variações do rendimento num dado período que
se prevê compensações por variações de sentido oposto.
Considerando o caso anterior de dois períodos, o rendimento permanente (Yp)
para um consumidor que possui rendimentos não constantes ao longo do tempo, será
aquele rendimento constante que lhe permite situar-se na mesma recta de restrição
orçamental intertemporal.
𝑌𝑝 𝑌2 1+𝑟 𝑌2
𝑌𝑝 + = 𝑌1 + ∴ 𝑌𝑝 = (𝑌1 + )
1+𝑟 1+𝑟 2+𝑟 1+𝑟
Demostração
(1 + 𝑟)𝑌𝑝 + 𝑌𝑝 (1 + 𝑟)𝑌1 + 𝑌2 𝑌𝑝[(1 + 𝑟) + 1] (1 + 𝑟)𝑌1 + 𝑌2
= ⇒ = ⇒
1+𝑟 1+𝑟 1+𝑟 1+𝑟
2+𝑟 (1 + 𝑟)𝑌1 + 𝑌2 (1 + 𝑟)𝑌1 + 𝑌2 1 + 𝑟
𝑌𝑝 ( )= ⇒ 𝑌𝑝 = ∗( )⇒
1+𝑟 1+𝑟 1+𝑟 2+𝑟
1+𝑟 𝑌2
𝑌𝑝 = ( ) (𝑌1 + )
2+𝑟 1+𝑟
Dada a impossibilidade de boa parte dos consumidores, de pedirem emprestado
pela falta de garantias, enfrentarão a hipótese de restrição de liquidez podendo apenas
maximizar a sua utilidade consumindo a totalidade do rendimento do presente. Neste caso
estar-se-ia diante da função Keynesiana. Como a economia como um todo é composto
por vários consumidores fica claro a conclusão anterior da importância das expectativas
do rendimento futuro nas decisões de consumo.
7.1.5. Teoria do Rendimento Permanente de Fredman
O consumidor não leva em conta variações ocasionais no seu rendimento para a
elaboração dos seus planos de consumo. O consumo é determinado pelo rendimento
normal (esperado) ou permanente. Este é definido como o montante que o consumidor
pensa gastar em consumo, mantendo intacta a sua riqueza.
A diferença entre o rendimento observado (Yt) e o permanente (YP) é o
rendimento transitório ou ocasional (YT), ou seja, YT = Yt –YP⇒ 𝑌𝑃=Yt –YT.
A propensão marginal a consumir é alta para o rendimento permanente e é muito
baixa (quase zero) para o rendimento transitório. O consumo actual depende unicamente
do rendimento permanente.
𝑪𝒕 = 𝜶𝒀𝒑
O rendimento permanente é a taxa estável de consumo que uma pessoa pode
manter para o resto de sua vida, dado o nível de riqueza actual (stock) e o rendimento
(fluxo) ganho agora e no futuro.
7.1.6. Teoria do Ciclo de Vida de Ando-Modigliani
Na década de 1950, Franco Modigliani e seus colaboradores Albert Ando e
Richard Brumberg, utilizaram o modelo de Fisher do comportamento do consumidor para
estudar a função consumo. Modigliani enfatizou que o rendimento varia sistematicamente
ao longo da vida das pessoas, e que a poupança permite que os consumidores transfiram
110
rendimentos dos momentos em que estes são altos para os momentos em que são baixos.
Essa interpretação do comportamento do consumidor constituiu a base para a sua hipótese
do ciclo de vida.
Os indivíduos planeiam o seu consumo e a poupança de modo a maximizar
utilidade ao longo de sua vida, adoptando opções que garantem um padrão de vida estável.
Portanto, para simplificar, as pessoas tendem a consumir o mesmo montante todos
os anos. A medida que a pessoa vai envelhecendo, a quantidade de anos trabalhados e de
anos de vida diminui. Como a economia é composta por várias pessoas de faixas etárias
diferentes, terão estruturas de consumo diferente.
111
Teoria do Percurso Aleatório de Robert Hall
A versão moderna das teorias de consumo baseadas no modelo PIH-LC enfatizam
a relação entre a incerteza do rendimento e as variações no consumo e aborda a
maximização do consumidor de maneira mais formal. As variações no consumo surgem
de mudanças inprevisíveis no rendimento, não havendo surpresas de rendimento o
consumo nesse período deveria ser igual ao consumo do período anterior.
E(UmgCt+1)=UmgCt ⇒ E(Ct+1)=Ct
A utilidade esperada durante toda a vida é a soma das utilidades de cada período
e a restrição orçamental do consumidor durante toda vida é a soma do consumo de cada
período. Os consumidores optam por um consumo em cada período que maximiza a
utilidade durante toda a vida sujeita ao consumo total de toda vida igual aos recursos de
toda vida.
Dado que o consumidor não pode estabelecer uma regra de igualar as utilidades
marginais, porque a utilidade futura é incerta no período t, pode igualar a utilidade
marginal hoje com a melhor estimativa da utilidade marginal do período t+1.
Robert Hall, aplicando a teoria das expectativas racionais de Robert Lucas,
conclui que, o consumo do futuro é igual ao consumo de hoje adicionado ao erro de
estimação (efeito surpresa) e, portanto, o consumo segue um percurso aleatório.
Ct+1 = Ct + erro ⇒ Ct+1 = Ct+ɛ
Portanto, com base nesta teoria, se os consumidores seguem a hipótese da renda
permanente e têm expectativas racionais, então apenas as mudanças não esperadas na
política económica influenciam o consumo. Essas mudanças na política económica
passam a ter efeito quando modificam as expectativas.
Economia Comportamental
Recentemente, os economistas começaram a retornar à psicologia. Eles sugeriram
que as decisões sobre consumo não são tomadas pelo “Homo economicus” ultrarracional,
mas sim por seres humanos reais, cujo comportamento pode estar bem distante do
racional. Esse novo campo de estudo, que introduz a psicologia na economia, é chamado
de economia comportamental. O mais proeminente economista comportamental,
especializado no estudo sobre consumo, é David Laibson, observou que muitos
consumidores se consideram tomadores imperfeitos de decisões.
112
7.2. Teoria da Procura de Moeda
A teoria clássica da procura por moeda (Md) é uma procura por saldos reais com
motivos apenas de transação ou precaução. O keynesianismo acrescenta a preocupação
por especulação, ou seja, os agentes económicos podem deter moeda para com ela
obterem ganhos. Deste modo, e com vista a simplificação de modelos, usando função
linear, a procura por moeda é determinada pelo nível de produto (Y) e pela taxa de juro
(i).
Sendo a procura por moeda uma procura por saldos reais qualquer aumento no
nível de preços afecta apenas a procura nominal, na mesma proporção, por moeda.
𝑴𝒅
= 𝒌𝒀 − 𝒉𝒊
𝑷
7.2.1. Fórmula de Baumol-Tobin
Esta teoria exprime uma função não linear, considerando a minimização do custo
total de deter moeda, composto pelo custo de ida ao banco e o custo de oportunidade que
são os juros abnegados ao retirar a moeda no sistema bancário.
Consideramos: θ o custo de cada ida ao banco, n o número de ida ao banco, a
procura por moeda será dada pelo Saldo Médio (Y/2n). Minimizando o custo total (CT)
em função do número de idas ao banco, obtém-se a Fórmula da Raiz Quadrada de
Baumol-Tobin.
𝑴𝒅 𝒀 𝒀
Sendo: = 𝒆 𝑪𝑻 = 𝜽𝒏 + 𝒊
𝑷 𝟐𝒏 𝟐𝒏
Pela minização da função tem-se:
𝜕𝐶𝑇 𝑖𝑌 1 𝑖𝑌 𝑖𝑌 𝒊𝒀
= 0 ⇒ 𝜃 + (− 2 ) = 0 ⇒ 2 = 𝜃 ⇒ 𝜃𝑛2 = ⇒ 𝒏 = √
𝜕𝑛 2 𝑛 2𝑛 2 𝟐𝜽
𝑀𝑑 𝑌 𝑀𝑑 √𝑌 2 𝑀𝑑 𝑌 2 𝜃 𝑴𝒅 𝜽𝒀
= ⇒ = ⇒ =√ ⇒ =√
𝑃 𝑖𝑌 𝑃 𝑃 2𝑖𝑌 𝑷 𝟐𝒊
2√2𝜃 √4𝑖𝑌
2𝜃
𝑴𝒅 𝜽𝒀
=√
𝑷 𝟐𝒊
113
7.3. Teoria do Investimento
10
Para distinguir investimento de capital, recorre-se a metáfora da banheira, investimento é semelhante ao
fluxo da torneira e capital representa a altura da água na banheira.
114
maior que a taxa de juro do mercado, especialmente a de longo prazo. Logo, um aumento
da taxa de juro, torna não rentável alguns projectos de investimentos e portanto, o
investimento diminui.
7.3.2. Multiplicador de Investimento
O modelo Keynesiano (simples) de determinação de renda, estabelece uma
relação entre a variação do investimento e a variação do produto (conhecido como o
multiplicador da despesa autónoma. Com base neste paradigma, pode-se afirmar que o
investimento é afectado por comportamentos de consumo (C) e consequentemente de
poupança (S), ou seja, se por um lado o investimento exerce um efeito multiplicador sobre
o produto, variações de produto afectam o investimento.
∆𝑌 1
= ⇒ ∆𝐼 = (1 − ç)∆𝑌
∆𝐼 1 − ç
7.3.3. Teoria do Acelerador
Admitindo que em cada período (t) existe um stock de capital desejável (Kt*) para
produzir a quantidade Yt de produto, dada a tecnologia disponível, o rácio capital/produto,
que mede quantas unidade de capital são necessárias para produzir uma unidade produto,
será determinante na estimação do capital desejado para os períodos seguintes, conhecida
a expectativa sobre o comportamento do produto.
Kt*/Yt = v ⇒ Kt*= vYt⇒ K*t+1 = vYt+1
O investimento líquido necessário a realizar no período t para obter o capital
desejo dependerá da variação do nível de produto.
It = K*t+1 - Kt*= v(Yt+1 - Yt )⇒ It = v∆Yt
O coeficiente (v), o mesmo que o rácio capital-produto, é designado por
Acelerador Fixo, parâmetro que permite medir o aumento do produto necessário para se
obter um investimento líquido positivo. É denominado acelerador simples (ou fixo) pelas
seguintes hipóteses:
i. Capacidade produtiva plenamente utilizada;
ii. Aumento permanente da procura que dá origem ao aumento do produto;
iii. Ajuste imediato do stock de capital actual ao Stock de capital desejado (K*t =Kt);
Considerando que o ajuste do capital actual face ao capital desejável não é
imediato e que o ajuste se realiza parcialmente ao longo de vários períodos, chega-se a
teoria do Acelerador Flexível. O acelerador flexível mede a velocidade do ajuste do Stock
de capital actual face ao Stock de capital desejado.
It= b(K*t+1 - Kt*)
Parâmetro b do tipo “acelerador flexível” é positivo e compreendido entre 0 e 1.
A abordagem Neoclássica considera a expressão a seguir para ajustar
paulatinamente o stock de capital existente face ao desejado.
Kt+1 = Kt +λ(K*- Kt)
115
Com λ positivo entre 0 e 1, se o stock de capital no início do período t for inferior
ao stock de capital desejado a diferença será parcialmente colmatada nesse período. O
investimento neste período será determinado pelo hiato ponderado pelo acelerador.
I=Kt+1-Kt ⇒It= Kt +λ(K*- Kt)- Kt ⇒It= λ(K*- Kt)
A questão de como a empresa decide que stock de capital deseja possuir (quanto
ou qual é a magnitude), responde-se supondo que: i) a empresa opera em concorrência
perfeita; ii) aluga equipamento de produção a uma outra empresa, pagando uma taxa de
juro de aluguer (ra) que é igual a taxa de juro real (r) adicionada a taxa de amortização
do capital (δ), isto é, ra = r+δ; iii) a função de produção é do tipo Cobb-Douglas; e que
iv) o preço do produto é igual a 1.
O stock de capital desejado será o Stock de capital que maximiza o lucro.
𝒀 = 𝑨𝑲𝜶 𝑵𝟏−𝜶 , com A constante (tecnologia) e 0<α<1
Maximizando a produtividade marginal do capital, tem-se:
𝝏𝒀𝒕 𝒀𝒕
=𝜶
𝝏𝑲𝒕 𝑲𝒕
Demostração
𝜕𝑌 𝜕𝐾 𝜕𝑌 𝜕𝐾 𝝏𝒀 𝒀
𝑙𝑛𝑌 = 𝑙𝑛𝐴 + 𝛼𝑙𝑛𝐾 + (1 − 𝛼)𝑙𝑛𝑁 ⇒ =0+𝛼 +0⇒ =𝛼 ⇒ =𝜶
𝑌 𝐾 𝑌 𝐾 𝝏𝑲 𝑲
Sendo o preço do aluguer de capital igual a produtividade marginal de capital tem-
se o capital desejado:
𝑌𝑡 𝛼𝑌𝑡
𝑟𝑎 = 𝛼 ⇒ 𝐾𝑡 = =K*
𝐾𝑡 𝑟𝑎
116
Na verdade, se q for maior que um (1) as empresas têm maior incetivo em investir e se q
for inferior a um (1), significando baixo quociente, diminui o incentivo ao investimento
empresarial. Portanto, o investimento aumenta com o aumento do valor de mercado das
acções e com a diminuição do custo de reposição do capital.
7.4. Expectativas no Modelo IS-LM
11
Equivalência Ricardiana (Robert Barro/David Ricardo).
117
7.5. Exercícios Resolvidos
118
a) Sabendo que a taxa de juro em vigor é igual a 10%, classifique o agente
representativo quanto à sua capacidade ou necessidade de financiamento.
b) Se o Governo fixar uma contribuição para a segurança social de 600, que se
reflectirá num aumento do rendimento futuro igual a 660, como se irá comportar
o agente representativo?
c) Suponha agora que o agente apenas consegue um empréstimo de 400 unidades
monetárias à taxa de juro de 10%. Poderá obter financiamento adicional, mas
suportando juros de 20% sobre o montante adicional. Determine, neste contexto,
o impacto da política de segurança social considerada na alínea anterior.
Resolução:
a) Restrição orçamental intertemporal do agente representativo, será dado por:
1 1 1 1
𝐶1 + ∗ 𝐶2 = 𝑌1 + ∗ 𝑌2 ⇒ 𝐶1 + ∗ 𝐶2 = 1600 + ∗ 2200 ⇒
1+𝑟 1+𝑟 1,1 1,1
1
𝐶1 + 1,1 ∗ 𝐶2 = 3600.
119
Mas agora tem uma restrição adicional: o seu consumo presente não poderá ultrapassar
as 1400 unidades monetárias (1000+400=1400). Assim, vem:
𝐶1 ≤ 1400 ⇒ 𝐶2 ≥ 3960 − 1,1 ∗ 1400 ⇒ 𝐶2 ≥ 3960 − 1540 ⇒ 𝐶2 ≥ 2420.
Por outro lado, isso vai-lhe permitir um consumo futuro sempre igual ou superior a 2420
unidades monetárias.
A taxa marginal de substituição entre consumo futuro e consumo presente é dada por:
𝑈𝑀𝑔1 0,4𝐶1−0,6 ∗ 𝐶20,6 2 𝐶2
𝑇𝑀𝑆12 = = 0,4 −0,4 = ∗
𝑈𝑀𝑔2 0,6𝐶1 ∗ 𝐶2 3 𝐶1
A 𝑇𝑀𝑆12 , aumenta com o consumo futuro e diminui com o consumo presente. O valor da
TMS no ponto da fronteira, C1 = 1400 e C2 = 2420 é igual a 1,152. Para o agente, é
indiferente ter mais uma unidade de consumo no presente ou mais 1,152 unidades
2∗2420
monetárias (TMS = 3∗1400 = 1,152) no futuro.
Como para ter uma unidade adicional de consumo presente, o agente tem de abdicar de
1,2 unidades de consumo no futuro (1+ r), o agente não vai contrair um empréstimo
adicional.
Abdicando de uma unidade consumo presente, o agente poderá consumir 1,1 unidades
adicionais no futuro. Mas o agente prefere 1 unidade no presente.
O agente vai aproveitar até ao limite de 400 a possibilidade de contrair um empréstimo a
uma taxa de juro de 10%, mas não vai contrair qualquer empréstimo adicional. Assim,
tem-se:
𝐶1 = 1400; 𝐶2 = 2420; 𝑆1 = −400; 𝑈 = 1944,2.
3- Imagine que a evolução do produto de uma dada economia nos últimos dez períodos
é conhecida e dada pelos valores que constam do quadro abaixo:
𝑡 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
𝑌𝑡 1250 1250 1500 1250 1250 1250 1500 1500 1500 1500
Sabe-se, adicionalmente, que a função imposto nesta economia é dada por T = 0,2Y, a
propensão marginal ao consumo de longo prazo é de 0,90 e a propensão marginal ao
consumo de curto prazo é de 0,18. Recorrendo à hipótese do rendimento permanente, e
sabendo que os agentes têm expectativas adaptativas, responda às seguintes questões:
a) Determine o rendimento permanente e o nível de consumo do período 0 ao período
9.
b) Descreva o processo de ajustamento das expectativas do consumidor
relativamente ao seu rendimento permanente, entre o período 2 e o período 5, e
entre o período 6 e o período 9. Represente graficamente.
c) Confronte as variações percentuais anuais do consumo com as do produto entre
o período 0 e o período 9 e retire as devidas conclusões quanto à estabilidade ou
volatilidade do consumo ao longo do tempo.
Resolução:
120
a) O rendimento disponível dos agentes, em cada período é apenas 80% do produto
da economia, dado que 20% são transferidos para o Estado sob a forma de
impostos.
𝑡 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
𝑌𝑡 1250 1250 1500 1250 1250 1250 1500 1500 1500 1500
𝑌𝑑𝑡 1000 1000 1200 1000 1000 1000 1200 1200 1200 1200
Sabe-se que os agentes procuram consumir 90% do seu rendimento permanente (𝛼 = 0,9).
O facto de a PMgC de curto prazo ser 0,18 implica que o parâmetro j de ajustamento das
𝑃𝑀𝑔𝐶𝑐𝑝 0,18
expectativas é igual a 0,2 (𝑃𝑀𝑔𝐶𝐶𝑃 = α*j⇒ j= = = 0,2).
𝛼 0,9
𝑡 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
𝑌𝑡 1250 1250 1500 1250 1250 1250 1500 1500 1500 1500
𝑌𝑑𝑡 1000 1000 1200 1000 1000 1000 1200 1200 1200 1200
𝑌𝑝𝑡 1000 1000 1040 1032 1026 1020 1056 1085 1108 1126
𝐶𝑡 900 900 936 929 923 918 951 977 997 1014
121
c) Cálculo das variações percentuais:
𝑡 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
𝑌𝑡 1250 1250 1500 1250 1250 1250 1500 1500 1500 1500
𝑌𝑑𝑡 1000 1000 1200 1000 1000 1000 1200 1200 1200 1200
𝑌𝑝𝑡 1000 1000 1040 1032 1026 1020 1056 1085 1108 1126
𝐶𝑡 900 900 936 929 923 918 951 977 997 1014
∆𝑌𝑡
»»» 0% 20% -17% 0% 0% 20% 0% 0% 0%
𝑌𝑡
∆𝐶𝑡
»»» 0% 4% -1% -1% 0% 4% 3% 2% 2%
𝐶𝑡
De acordo com esta análise teórica com base na hipótese do rendimento permanente, o
consumo é muito mais estável do que o produto. Na realidade, observamos que as séries
do consumo e do produto têm uma variabilidade semelhante.
4- Numa determinada economia, a família representativa tem um horizonte de vida de
dois períodos (presente e futuro) e preferências representadas por 𝑈 = 𝐶10,6 ∗ 𝐶20,4 . No
presente, tem um rendimento de 2000 unidades monetárias, e espera que o seu
rendimento futuro seja 40% superior. Sabendo que os impostos vão aumentar de 400
unidades monetárias no presente para 910 unidades monetárias no futuro, a família
estima que a sua riqueza ascende a 3400 unidades monetárias.
a) Deduza a restrição orçamental da família representativa e calcule a repartição do
rendimento entre consumo e poupança que a família deverá escolher.
b) Suponha que a taxa de juro passa ser igual a 8%. Nesse caso, qual será a nova
repartição óptima de rendimento entre consumo e poupança? Qual será o impacto
sobre o bem-estar da família? Quantifique e represente graficamente.
Resolução:
122
a) Neste caso, primeiramente tem de se determinar a taxa de juro a partir da riqueza
estimada, que será dado por:
1
Ω = (𝑌1 − 𝑇𝑥1 ) + 1+𝑟 ∗ (𝑌2 − 𝑇𝑥2 ). Substituindo os valores, tem-se:
1 1
3400 = (2000 − 400) + 1+𝑟 ∗ (1,4 ∗ 2000 − 910)⇒3400 = 1600 + 1+𝑟 ∗ 1890 ⇒
1890 1890 1890
3400 − 1600 = (1+𝑟) ⇒ 1800 = (1+𝑟)
⇒ 1800(1 + 𝑟) = 1890 ⇒ 1 + 𝑟 = −
1800
1 ⇒ 𝑟 = 1,05 − 1⇒ 𝑟 = 0,05 ⇒ 𝑟 = 5%.
A restrição orçamental da família representativa, será dado por:
1 1 1
𝐶1 + ∗ 𝐶2 = (𝑌1 − 𝑇𝑥1 ) + ∗ (𝑌2 − 𝑇𝑥2 ) ⇒ 𝐶1 + ∗ 𝐶 = 3400.
1+𝑟 1+𝑟 1,05 2
Taxa marginal de substituição entre consumo futuro e consumo presente, será:
𝑈𝑀𝑔1 0,6𝐶1−0,4 ∗ 𝐶20,4 𝐶2
𝑇𝑀𝑆12 = = 0,6 −0,6 = 1,5 ∗
𝑈𝑀𝑔2 0,4𝐶1 ∗ 𝐶2 𝐶1
Regra de escolha óptima:
𝐶2 1,05
𝑇𝑀𝑆12 = (1 + 𝑟) ⇒ 1,5 ∗ = 1,05 ⇒ 𝐶2 = ∗ 𝐶1
𝐶1 1,5
Determinação da escolha óptima:
1 1 1,05 1
𝐶1 + ∗ 𝐶2 = 3400 ⇒ 𝐶1 + ∗ 𝐶1 = 3400 ⇒ 𝐶1 + ∗ 𝐶 = 3400 ⇒
1,05 1,05 1,5 1,5 1
5100
1,5𝐶1 + 𝐶1 = 3400 ∗ 1,5 ⇒ 2,5𝐶1 = 5100 ⇒ 𝐶1 = ⇒ 𝐶1 = 2040. Substituindo o
2,5
1,05
valor de 𝐶1 em 𝐶2 , vem: 𝐶2 = ∗ 2040 = 1428.
1,5
1 1,08 1
𝐶1 + ∗ ∗ 𝐶1 = 3350 ⇒ 𝐶1 + ∗ 𝐶 = 3350 ⇒ 1,5𝐶1 + 𝐶1 = 3350 ∗ 1,5
1,08 1,5 1,5 1
5025
⇒ 2,5𝐶1 = 5025 ⇒ 𝐶1 = ⇒ 𝐶1 = 2010. Logo 𝑆1 = 𝑌1 − 𝑇1 − 𝐶1 ⇒ 𝑆1 = 2000 −
2,5
400 − 2010 ⇒ 𝑆1 = −410.
1,08
𝐶2 = ∗ 2010 = 1447,2 e 𝑈 = 20100,6 ∗ 1447,20,4 = 1762,5.
1,5
O aumento da taxa de juro faz com que a família diminua o seu nível de consumo presente,
diminuindo o seu grau de endividamento. Isto permite-lhe aumentar o consumo futuro.
123
Como a família é devedora, é natural que seu bem-estar tenha diminuído com o aumento
da taxa de juro.
695 315
(1 + 𝑟) ∗ = 400(1 + 𝑟) + (1 + 𝑟) ∗ 1+𝑟 ⇒ 695 = 400 + 400𝑟 + 315 ⇒
1+𝑟
−20
⇒ 400𝑟 = 695 − 715 ⇒ 400𝑟 = −20 ⇒ 𝑟 = ⇒ 𝑟 = −0,05 ≈ −5%.
400
6- O agente representativo de uma dada economia vive 2 períodos (presente e futuro),
tendo um rendimento de 1100 unidades monetárias em cada período. Tem acesso a
uma tecnologia de produção dada por F(K) = 44K0,5, em que a taxa de depreciação do
capital é igual a 100%, o agente decidiu poupar e investir 900 unidades monetárias
(no presente) e enfrenta uma taxa de juro de 10%.
124
a) Determine a restrição orçamental intertemporal consolidada do sector privado.
b) Verifique se este investimento maximizou a riqueza do agente representativo.
Resolução:
a) Restrição orçamental intertemporal do sector privado:
2 𝐶 2 𝑌 𝐹(𝐾1 ) 𝐶 1100 𝐹(900)
𝐶1 + 1+𝑟 = Ω0 + 𝑌1 + 1+𝑟 − 𝐼1 + ⇒ 𝐶 + 1,12 = 0 + 1100 +
1 − 900 + ⇒
1+𝑟 1,1 1,1
𝐶 44∗9000,5 𝐶
𝐶1 + 1,12 = 1100 + 1000 − 900 + ⇒𝐶1 + 1,12 = 2400.
1,1
125
1,05
F´(K) = 1+ r ⇒ 0,2 ∗ 500𝐾 −0,8 = 1 + 0,05 ⇒ 100𝐾 −0,8 = 1,05 ⇒ 𝐾 −0,8 = ⇒
100
1 1
𝐾 −0,8 = 0,0105 ⇒ = 0,0105 ⇒ 0,0105𝐾10,8 = 1 ⇒ 𝐾10,8 = ⇒
𝐾10,8 0,0105
1
0,8
𝐾10,8 = 95,24 ⇒ 𝐾1 = √95,24 ⇒ 𝐾1 = 95,240,8 ⇒ 𝐾1 = 95,241,25 ⇒ 𝐾1 = 297,53.
𝐼 ∗ = 𝐾 ∗ − 𝐾𝑡−1 = 297,53 − 200 = 97,53.
b) Determinando a r, vem:
𝐺2 𝑇𝑥2 205
𝐺1 + = 400 ⇒ 𝑇𝑥1 + = 400 ⇒ 200 + = 400 ⇒
1+𝑟 1+𝑟 1+𝑟
⇒ 200(1 + 𝑟) + 205 = 400(1 + 𝑟) ⇒ 200 + 200𝑟 + 205 = 400 + 400𝑟⇒
−5
⇒ 200𝑟 − 400𝑟 = 400 − 405 ⇒ −200𝑟 = −5 ⇒ 𝑟 = ⇒ 𝑟 = 0,025.
−200
Neste caso, 𝑟´ = 0,025 < 𝑟 = 0,05. Com 𝑟´ < 𝑟, o adiamento na cobrança de impostos
do agente , aumenta o seu bem estar.
(𝑌2 − 𝐺2 ) (𝐺1 − 𝑇𝑥1 )(𝑟 − 𝑟´) 𝐹(𝐾) 𝐾(1 + 𝑟) 𝐾(1 − 𝛿)
Ω = (𝑌1 − 𝐺1 ) + + + − +
1+𝑟 1+𝑟 (1 + 𝑟) 1+𝑟 1+𝑟
(500 − 205) 500 ∗ 297,530,2
Ω0 = (500 − 200) + +0+ − 297,53 + 0 = 1771,027
1,05 1,05
(500 − 410) 500 ∗ 297,530,2
Ω1 = (500 − 0) + +0+ − 297,53 + 0 = 1775,79
1,05 1,05
𝑇𝑥2
𝑇𝑥1 = 0 ⇒ 0 + = 400 ⇒ 𝑇𝑥2 = 410.
1,05
8- O país K está actualmente a enfrentar uma das maiores crises de sempre, estando o
financiamento internacional completamente congelado quer para o sector privado,
quer para o sector público. O agente representativo do sector privado do país K, tem
um horizonte de vida de 2 períodos, aufere um rendimento bruto de 3100 unidades
monetárias no período 1 e o seu rendimento permanente é de 𝑌𝑝 = 2200.
a) Sabendo que o consumo máximo que o agente representativo poderia realizar no
período 1 seria de 4200 unidades monetárias e que a sua utilidade pode ser
representada pela função 𝑈 = 𝐶10,55 ∗ 𝐶10,45 .
i. Calcule a taxa de juro enfrentado pelo sector privado.
ii. Admitindo a ausência de restrição ao crédito, qual seria o perfil óptimo de
consumo do agente representativo?
Sabe-se que o governo do país K, para sinalizar o compromisso de correcção das contas
pública, anunciou que ia cobrar todos os impostos no período 1, 𝑇𝑥1 = 1000, para
financiar integralmente as despesas previstas para os períodos 1 e 2.
b) Admita que a taxa de juro enfrentada pelo governo é igual à do sector privado. Calcule
o perfil óptimo de imposto que permitiria maximizar o bem-estar do agente
representativo que teria o mínimo impacto no superávit orçamental do período 1.
126
Suponha agora que o anúncio do governo exerce um impacto positivo sobre os
mercados e que os agentes deixam de enfrentar quaisquer restrições ao crédito. Surge
igualmente uma oportunidade de investimento na construção de um aeroporto cuja
dimensão máxima é de 500 unidades monetárias. Sabe-se ainda que a função de
produção é F(K) = 55K0,5 e que a taxa de depreciação é de 100%. Aconselharia o
agente representativo a realizar o investimento máximo?
Resolução:
a) Neste caso, a taxa de juro enfrentado pelo sector privado será dado por:
𝑌𝑃 2200 2200 2200
𝐶 = 𝑌𝑃 + ⇒ 4200 = 2200 + ⇒ 4200 − 2200 = ⇒ 2000 =
1+𝑟 1+𝑟 1+𝑟 1+𝑟
2200
⇒ 2000(1 + 𝑟) = 2200 ⇒ 1 + 𝑟 = ⇒ 𝑟 = 1,1 − 1 = 0,1 ≈ 10%.
2000
Admitindo a ausência de restrição ao crédito, o perfil óptimo de consumo do agente será
determinado de seguinte maneira:
𝑈𝑀𝑔𝐶1 0,55𝐶1−0,45 ∗ 𝐶20,55 0,55𝐶1−0,45 ∗ 𝐶20,55
= (1 + 𝑟) −0,55 0,45 = 1 + 0,1 −0,55 0,45 = 1,1
𝑈𝑀𝑔𝐶2 0,45𝐶 ∗ 𝐶 0,45𝐶 ∗ 𝐶
⇒ 2 1 ⇒ 2 1
𝐶2 𝐶2 𝐶2
{𝐶1 + = 4200 𝐶1 + = 4200 𝐶1 + = 4200
1+𝑟 { 1 + 0,1 { 1,1
𝐶1∗ = 2310
⇒{
𝐶2∗ = 2079
∗
𝐶1∗ = 2310 ⇒ 𝑌𝑑1 = 2310. Como 𝑌𝑑1 = 𝑌1 − 𝑇𝑥1 = 3100 − 1000 = 2100, 𝑇𝑥1
deveria cair 210 unidades monetárias (𝑟 ∗ 𝑌𝑑1 = 0,1 ∗ 2100 = 210). Então, o perfil
óptimo de imposto será:
𝑇𝑥 𝑇𝑥2
𝑇1∗ = 𝑇1 − 210 = 1000 − 210 = 790; 𝑇𝑥1 + 1,052 = 1000 ⇒ 790 + = 1000 ⇒
1,1
𝑇𝑥2∗ = 231.
b) Neste caso, tem-se F(K) = 55 ∗ 5000,5 = 1229,8 > 1,1 ∗ 500 = 550 (investimento
dentro do valor produtivo). PMgK ou (1 + r) = 0,5 ∗ 55 ∗ 500−0,5 > 1,1 ⇒ 1,23 >
1,1. Logo, 500 < K*, seria o melhor investimento a realizar.
9- Suponha um consumidor que vive dois períodos e cuja função de utilidade é a
𝑙𝑛𝐶
seguinte: U = ln 𝐶1 + 1,052 , onde C1 representa o consumo no primeiro período e C2 o
consumo no segundo período. A taxa de juro praticada é de 5% por período, tanto
para depósitos que o agente faça como para empréstimos que obtenha. Sabe-se ainda
que os bancos lhe emprestam qualquer quantia desde que ele tenha condições de a
pagar até ao final da sua vida. Que proporção do seu rendimento permanente deve
este agente consumir no período 1? Justifique os seus cálculos.
Resolução:
O programa de optimização intertemporal para este agente é dado por:
ln(𝐶2 ) 𝐶 1 2 𝑌
Max 𝑈(𝐶1 , 𝐶2 ) = ln(𝐶1 ) + e 𝐶1 + 1+𝑟 = 𝑌1 + 1+𝑟 , onde Y1 e Y2 representam os
1,05
rendimentos disponíveis deste agente respectivamente no período 1 e 2. Dado que o
127
rendimento permanente (Yp) é aquele que, se o agente dele desfrutasse em ambos os
períodos, a sua riqueza (reportada a qualquer dos períodos) seria exactamente a mesma,
assim tem-se:
𝑌𝑝 2 𝑌 2 1 2 𝑌 1 𝑌
𝑌𝑝 + 1+𝑟 = 𝑌1 + 1+𝑟 ⇒ 𝑌𝑝 (1 + 1+0,05) = 𝑌1 + 1+0,05 ⇒ 𝑌𝑝 (1 + 1,05) = 𝑌1 + 1,05 ⇒
𝑌
2 2,05
𝑌1 + 1,05 = 1,05 ∗ 𝑌𝑃 , que podemos utilizar como forma alternativa de representação da
restrição orçamental intertemporal. Construindo um lagrangiano para a resolução do
problema acima indicado, obtem-se:
ln(𝐶2 ) 2,05 2 𝐶
L = ln(𝐶1 ) + + 𝜆 [1,05 ∗ 𝑌𝑃 − (𝐶1 + 1+0,05)]. As condições de primeira ordem de
1,05
maximização desta função são dadas por:
𝜕𝐿 1 1
i. =𝐶 −𝜆 =0 ⇒𝜆 =𝐶
𝜕𝐶1 1 1
1
𝜕𝐿 𝐶2 𝜆 1 1 𝜆
ii. = − 1+0,05 = 𝐶 ∗ 1,05 − 1,05 = 0. Substituindo 𝜆 na expressão, tem-se:
𝜕𝐶2 1,05 2
1
1 𝐶1 1 1
− =0⇒ = ⇒ 1,05𝐶2 = 1,05𝐶1 ⇒ 𝐶2 = 𝐶1 . Substituindo
1,05𝐶2 1,05 1,05𝐶2 1,05𝐶1
o valor óptimo de C2 na restrição orçamental intertemporal pode-se obter o valor
1 𝐶 2,05 1 2,05
óptimo para C1: 𝐶1 + 1+0,05 = 1,05 ∗ 𝑌𝑃 ⇒ 𝐶1 (1 + 1+0,5) = 1,05 ∗ 𝑌𝑃 ⇒
2,05 2,05
∗ 𝐶1 = 1,05 ∗ 𝑌𝑃 ⇒ 𝐶1 = 𝑌𝑝 , ou seja, o agente deve consumir a totalidade
1,05
(100%) do seu rendimento permanente no período 1, de forma a maximizar a sua
utilidade intertemporal.
10- Considere os seguintes dados, relativos à economia A:
Produto real: Y = 100.000,00; Custos de transacção: 𝜃 = 0,5; Taxa de juro nominal: i =
10%;
Taxa de reserva (total): r = 25%.
Sabendo que o Banco Central vai manter a taxa de inflação num valor estável, igual a 3%,
os agentes, que procuram moeda de acordo com o modelo de Baumol-Tobin, sabem que
o nível geral de preços do próximo período será igual a 2,06.
Nestas circunstâncias determine, para o período actual:
a) O nível geral de preços.
b) A procura média real de moeda.
c) A oferta nominal de moeda
d) A base monetária
e) A velocidade de circulação da moeda
Resolução:
a) Neste caso, o nível geral de preços será dado por:
𝑃 = 𝑃0 (1 + 𝜋) ⇒ 2,06 = 𝑃0 (1 + 0,03) ⇒ 𝑃0 = 2.
b) Neste caso, tem-se:
128
𝑃2 𝜃𝑌 22 ∗ 0,5 ∗ 100000 𝑀𝑑 1000
𝑀𝑑 = √ ⇒ 𝑀𝑑 = √ ⇒ 𝑀𝑑 = 1000 ⇒ = = 500.
2𝑖 2 ∗ 0,1 𝑃0 2
12- Considere uma pessoa que recebe 1.800 unidades monetárias por mês. Suponha que
a taxa de juros dos depósitos seja tão alta quanto 0,5% ao mês. O indivíduo não pode
evitar de fazer uma transacção inicial, uma vez que recebe a renda na conta poupança,
para começar. Compensa fazer uma segunda transacção?
Resolução:
𝑌 1800 1800
Para n = 2, o saldo médio de dinheiro será: = = = 450. Assim os juros
2𝑛 2∗2 4
𝑌
obtidos seriam: 𝐽 = 𝑖 ∗ 𝑆𝑀 , onde 𝑆𝑀 (SM =2𝑛) é o saldo médio. Assim, 𝐽 = 0,005 ∗ 450 =
2,25. Se o custo de transação exceder 2,25 unidade monetária, o indivíduo não se
importará em fazer mais de uma transação.
13- O Hotel Kiame considera a possibilidade de adquirir, já este ano, um equipamento
audiovisual que permita a realização de eventos integrados nas comemorações dos
500 anos da cidade em 2020. Desse projecto conhecem-se os seguintes dados (em
unidade monetária):
Como economista poderia aconselhar este hotel sobre a realização deste projecto de
investimento? Em caso afirmativo qual seria a sua decisão? Caso não o pudesse fazer diga
de que informação adicional necessitaria e como a utilizaria.
Resolução:
Se o hotel resolver realizar este projecto, os fluxos financeiros (cash flows)
correspondentes serão dados pelo seguinte quadro (em unidade monetária):
129
Ano 2019 -10.000
131
[𝑃𝑚𝑔𝐾𝑡+1 −(1−𝛿)]
VAL = ΔI{−1 + }. Para que seja vantajoso comprar o computador,
(1+𝑟)
VAL ≥ 0, que só ocorrerá na situação em que PmgKt+1 ≥ (r +𝛿).
b) Nesse caso, para que seja vantajoso comprar o computador, VAL ≥ 0, que só
ocorrerá na situação em que PmgKt+1 ≥ (1 +𝛿). o computador tem seu preço de
revenda igual a zero, significa que a sua taxa de depreciação é igual a 1 (𝛿 = 1).
17- O índice de stock/vendas desejado é 0,20. Encontre a variação no nível desejado de
stock, se as vendas forem correntemente 2000 unidade monetária e se expandirem no
período 1 para 2.200 unidade monetária, no período 2 para 2.250 unidade monetária,
no período 3 para 2.400 unidade monetária, no período 4 para 2250 unidade monetária
e no período 5 para 2.350 unidade monetária.
Resolução:
Neste caso, tem-se:
i. Período 1: ∆I = 0,2*200 = 40
ii. Período 2: ∆I = 0,2*50 = 10
iii. Período 3: ∆I = 0,2*150 = 30
iv. Período 4: ∆I = 0,2*(-150) = - 30
v. Período 5: ∆I = 0,2*100 = 40.
132
VIII. ECONOMIA ABERTA
8.1. Introdução
12
Critério de residência e não de nacionalidade.
133
de activos de reservas oficiais, realizadas pelos Bancos Centrais (meios de pagamentos
internacionais).
TABELA 4-BALANÇA ANGOLANA DE PAGAMENTOS (EM MILHÕES DE USD)
134
8.3. Regimes Cambiais
135
evita aumentos de preços de produtos importados, sendo, portanto, útil para o controlo da
inflação.
Entretanto, o regime de câmbio fixo apresenta algumas desvantagens importantes.
Como o Banco Central é obrigado a disponibilizar suas reservas, estas ficam muito
vulneráveis a ataques especulativos. Como defesa, seja para atrair capital financeiro
externo, seja para manter divisas no país, o Banco Central precisa aumentar a taxa de
juros. Ou seja, além de todas as implicações de aumento da taxa de juros sobre o sector
produtivo (retração dos investimentos, e, consequentemente, do nível de actividade e
emprego), faz com que a política monetária torne-se passiva, pois fica dependente da
situação cambial. Em outras palavras, se o Banco Central fixa o câmbio, deixa de realizar
política monetária.
Ademais, os países que adoptam o câmbio fixo tendem a valorizar sua moeda, o
que, como veremos em seguida, desestimula exportações e estimula importações, levando
ao Défice na Balança Comercial.
Com relação ao regime de câmbio flutuante, sua principal vantagem é que o Banco
Central não precisa disponibilizar suas reservas, o que as torna mais protegidas em face
de ataques especulativos. Com isso, a política monetária torna-se mais independente da
situação cambial.
As principais desvantagens do câmbio flutuante referem-se à maior dependência
da volatilidade do mercado financeiro internacional e à maior dificuldade de controlar as
pressões inflacionárias, devido ao aumento do custo dos produtos importados, como
veremos mais adiante.
É importante considerar que, a depreciação de uma moeda aumenta a
competitividade da respectiva economia, no entanto, pode não acontecer se a inflação
interna (do país em causa) for superior que a inflação externa. Isso leva-nos a diferenciar
a taxa de câmbio nominal da real. A taxa de câmbio nominal (e), tal como já referido, é o
preço da moeda estrangeira relativamente a moeda nacional, enquanto a taxa de câmbio
real (R) é o preço relativo de produtos estrangeiros, expresso em moeda nacional. É esta
última que exprime o grau de competitividade da economia nacional.
R=eP*/P
Pela fórmula acima P* é o nível de preços no exterior, expressos na respectiva
moeda e P é o nível de preços locais expressos em moeda nacional, sendo e a taxa de
câmbio.
Quando R, sobe diz-se que há uma depreciação real e os produtos do exterior
tornam-se mais caros relativamente aos produtos nacionais, aumentando assim a
competitividade do país e consequentemente o aumento das exportações e a diminuição
das importações.
A taxa de câmbio até agora definida é uma taxa bilateral por referir-se a duas
moedas apenas, considerando as várias relações que uma economia estabelece com o resto
do mundo implicarem diferentes taxas de câmbio, torna-se necessária uma taxa que
sintetiza as várias taxas de câmbios. Esta taxa é designada por “Taxa de Cambio
Efectiva” (TCE) definida como a média ponderada das taxas de câmbios bilaterais (R),
136
sendo o ponderador (𝜑) de cada moeda resultar do peso do comércio com o respectivo
país na totalidade do comércio externo.
𝜑𝑖 ∑ 𝑅𝑖
𝑇𝐶𝐸 =
𝑛
8.4. Economia Aberta com Preços Fixos
13
Hipótese de preços fixos ou flexíveis é diferente de regimes de câmbios fixos ou flexível.
137
Nx=X-M⇒Nx= X0+a1R+fY*- (𝑀0 -a2R+mY)⇒Nx=X0-M0+(a1+a2)R+fY*-mY
Considerando o rendimento estrangeiro exógeno e representando a soma de a1 e a2 por a,
tem-se:
Nx=Nx0 +aR-mY onde Nx0=X0+fY*-M0
As implicações da abertura da economia ao exterior dependem do regime cambial
adpotado.
No regime de taxas de câmbio fixo equação da curva IS será:
̅̅̅̅
𝐴𝐷 + 𝑎𝑅 − 𝑏𝑖
𝑌=
1 − ç(1 − 𝑡) + 𝑚
Os multiplicadores das exportações autónomas, bem como da taxa de câmbio real
efectivo, são respectivamente:
𝜕𝑌 1 𝜕𝑌 𝑎
= 𝑒 =
𝜕𝑁𝑥0 1 − ç(1 − 𝑡) + 𝑚 𝜕𝑅 1 − ç(1 − 𝑡) + 𝑚
Sendo um modelo que não admite mobilidade de capitais a curva LM não altera
pela exogeneidade da taxa de juro internacional, que é igual a taxa de juro interna e
portanto o equilíbrio simultâneo IS/LM terá a seguinte equação:
̅̅̅̅ 𝑏 𝑀
𝐴𝐷 + 𝑎𝑅 + ( 𝑃 )
𝑌= ℎ
𝑏𝑘
1 − ç(1 − 𝑡) + +𝑚
ℎ
Finalmente, importa destacar, mais uma vez a curva das exportações líquidas, que
supondo não existir transferências unilaterais nem transferências de rendimentos de
capitais, estas balanças coincidem e o seu saldo é igual ao saldo da balança de
pagamentos, não havendo movimento de capitais.
BP=Nx⇒BP=Nx0+aR-mY
Nota-se que, um aumento do rendimento do país diminui o saldo da BP, pois,
aumenta as importações, fruto do aumento do rendimento.
Em regime de taxas flexíveis, o rendimento de equilíbrio é o mesmo que o obtido
numa economia fechada, isto significa que, o multiplicador da despesa em câmbio
flexível é igual ao da economia fechada, porque a BP de encontra-se permanentemente
em equilíbrio.
Portanto, num regime cambial fixo, um aumento da procura reparte-se entre
produto interno e importações, mantendo as exportações constantes. Em câmbio flexível
o aumento da procura dá origem a um aumento das importações, desequilibrando a BP e
deprecia-se a moeda, fazendo aumentar as exportações, logo, o aumento das importações
é sempre acompanhado por um aumento igual das exportações.
8.4.2. Modelo IS-LM com Mobilidade de Capitais-Mundell/Fleming
Considera-se mobilidade de capitais, a possibilidade de os agentes económicos
movimentarem capitais entre países. Esses movimentos são registados na balança
financeira, como já estudado.
138
A mobilidade de capitais pode dever-se por motivos de melhorar o acesso aos
mercados, valorização futura das acções ou ainda pela diferença de taxas de juro.
Como hipótese simplificadora, considera-se que a mobilidade de capitais dependa
apenas do diferencial de taxas de juro entre o país e o resto do mundo. Se a taxa de juro
no país for maior a do exterior, os agentes com necessidade de financiamento tenderão a
pedir emprestado ao resto do Mundo e os investidores estrangeiros terão preferência em
aplicar os seus capitais em obrigações no país, consequentemente, tanto um ou outro
motivo, contribuirá para a entrada de capitais.
Assim, o saldo da balança financeira aumenta com o aumento da taxa de juro
interna (i) e diminui com o aumento da taxa de juro externa (i*).
BF=BF(i-i*)
Admitindo como nulo o saldo da balança de rendimentos e das transferências, por
outro, considerando que a Balança de Pagamentos (BP) depende do produto e da taxa de
câmbio real, tem-se:
BP=Nx+BF⇒BP=Nx0+aR-mY+BF(i-i*)
A BP dependerá também da taxa de juro interna e da taxa de juro externa, está
última considerada exógena. A curva da BP será o conjunto de pares de produto e taxa de
juro para os quais o saldo da BP é nulo, dada a taxa de câmbio real. A inclinação da curva
dependerá da propensão marginal a importar e do grau de mobilidade de capital.
139
Um aumento nas exportações e/ou diminuição das importações faz deslocar a BP
para direita. A desvalorização ou depreciação da moeda nacional faz deslocar a BP para
a direita.
Uma política orçamental expansionista aumenta o défice da BP e em regime de
câmbio fixo leva a diminuição da oferta da moeda alterando o equilíbrio interno e externo
para um ponto em que tanto a taxa de juro como o nível de rendimento aumentam.
A mobilidade de capitais depende da elasticidade de capital face as alterações na
taxa de juro interna (podendo ser perfeita ou não) e a curva da BP pode ser ou não mais
inclinada que a curva LM resultando em diferentes implicações sobre o equilíbrio dos
mercados (IS/LM). Portanto, a análise de políticas para o modelo em causa considerará
três curvas IS, LM e BP, com a hipótese da ausência da mobilidade perfeita do capital,
tanto em regime de câmbio fixo ou flexível. A análise considera ainda a comparação das
sensibilidades das curvas LM e BP, no que diz respeito às suas inclinações (positiva).
Finalmente, de referir que, se o capital for perfeitamente móvel entre os países a
curva BP será horizontal. Esta hipótese é adoptada para facilitar a compreensão do
modelo de Mundell-Fleming. Mobilidade perfeita de capital, significa a possibilidade dos
agentes económicos movimentar rapidamente a quantidade de capital desejada, à custo
muito reduzido, entre países. Nesta hipótese, a taxa de juro interna (i) tenderá a igualar-
se a taxa de juro externa (i*). Na prática, as taxas de juros diferem fruto dos sistemas
fiscais e de riscos cambiais, entre outros factores.
A seguir, é feita a análise das implicações da mobilidade perfeita de capitais em
função dos regimes cambiais.
Regime Cambial Fixo
No regime de câmbios fixo, quando o Banco Central compra divisa paga moeda
nacional, aumentando assim a massa monetária e quando vende moeda estrangeira recebe
em troca moeda nacional, reduzindo a quantidade de moeda (nacional) em circulação na
economia. Dada a elevada mobilidade de capitais, estas compras e vendas de moeda
estrangeira podem ser em quantidade significativa, tornando endógena a massa
monetária, o que inviabiliza o seu controlo pelo Banco Central.
Uma vez que a taxa de câmbio real (R) é fixa e a taxa de juro interna iguala a taxa
de juro externa, pela perfeita mobilidade de capitais, a curva IS será dada pela expressão:
̅̅̅̅ + 𝑎𝑅0 − 𝑏𝑖 ∗
𝐴𝐷
𝑌=
1 − ç(1 − 𝑡) + 𝑚
No que diz respeito ao mercado monetário (curva LM), a quantidade da moeda
será igual àquela que é procurada quando o rendimento é Y0 e a taxa de juro é i*.
M=P(kY0-hi*)
140
Gráfico 18: IMPACTO DA POLÍTICA MONETÁRIA NO REGIME DE CÂMBIO FIXO
Conclui-se que, com a perfeita mobilidade de capital, num regime cambial fixo, a
moeda se torna endógena, pelo que, o Banco Central perde o controlo da oferta de moeda.
Neste caso, a política monetária deixa de ter qualquer efeito sobre o produto ou taxa de
juro. Assim, as únicas políticas que afectarão o rendimento são a Política orçamental e a
política cambial.
141
Regime Cambial Flexível
Como já estudado, em regime de taxas de câmbio flexível o Banco Central não
intervém no mercado cambial, pelo que a taxa de câmbio se ajusta em função da procura
e oferta por forma a equilibrar a BP14. Com a liberdade do Banco Central fixar a massa
monetária que desejar, sendo a taxa de juro interna igual a taxa de juro externa
(considerada exógena), o rendimento é determinado apenas pelo equilíbrio no mercado
monetário (LM), pois, tanto a massa monetária como a taxa de juro são exógenas e estas
variáveis determinam imediatamente o nível de rendimento.
𝑀̅𝑠
𝑀𝑠 + ℎ𝑖 ∗
= 𝑘𝑌 − ℎ𝑖 ⇒ 𝑌0 = 𝑃
𝑃 𝑘
A taxa de câmbio será determinada no mercado de bens e serviços, dado o nível
de rendimento.
̅̅̅̅ + 𝑎𝑅 − 𝑏𝑖
𝐴𝐷 ̅̅̅̅ + 𝑏𝑖 ∗
[1 − ç(1 − 𝑡) + 𝑚]𝑌0 − 𝐴𝐷
𝑌= ⇒ 𝑅0 =
1 − ç(1 − 𝑡) + 𝑚 𝑎
Facilmente se demostra:
̅̅̅̅ + 𝑎𝑅 − 𝑏𝑖⇒𝑌[1 − ç(1 − 𝑡) + 𝑚] − 𝐴𝐷
𝑌[1 − ç(1 − 𝑡) + 𝑚] = 𝐴𝐷 ̅̅̅̅ + 𝑏𝑖 = 𝑎𝑅 ⇒
̅̅̅̅ + 𝑏𝑖
[1 − ç(1 − 𝑡) + 𝑚]𝑌 − 𝐴𝐷
𝑅=
𝑎
GRÁFICO 20: POLÍTICA ORÇAMENTAL EXPANSIONISTA EM REGIME CAMBIAL FLEXÍVEL
14
A taxa de câmbio real (R) para o caso varia em função da taxa nominal (e) e não do nível de preços (P e
P* são constantes como hipótese).
142
GRÁFICO 21: IMPACTO MONETÁRIA EXPANSIONISTA EM REGIME DE CÂMBIO FLEXÍVEL
143
FIGURA 7: TRILEMA DAS FINANÇAS INTERNACIONAIS
Para a análise da economia aberta com preços flexíveis pode-se utilizar o modelo
de Mundell-Fleming, mas adoptando as hipóteses de uma curva de oferta agregada
dinâmica e a formação de expectativas quanto a evolução da taxa de câmbio por parte dos
agentes económicos. Para isso, é necessário o estudo de algumas relações de base
estabelecidas em economia aberta.
8.5.1. Teoria da Paridade do Poder de Compra
A teoria da paridade de poder de compra (PPC) procura explicar a possibilidade
de igualdade dos custos dos bens considerando a taxa de câmbio e os níveis de preços nos
diferentes países.
De acordo com esta teoria, em termos absolutos, um determinado bem deverá
custar o mesmo nos diversos países em que é vendido, pois, as taxas de câmbios ajustar-
se-iam de modo a que os preços expressos nas diferentes moedas nacionais sejam iguais
quando convertidos para uma mesma moeda. Em termos relativos considera que, apesar
de os níveis de preços de determinado bem diferirem de país para país, quando expressos
nas respectivas moedas, as variações percentuais serão iguais, em moeda comum.
πt+1-π*t+1=∆et/et
Dado que, pela definição, a inflação é variação do nível de preços, a taxa de
câmbio real manter-se-ia constante ao longo do tempo.
πt+1= ∆Pt/Pt ; π*t+1=∆ P*t / P*t⇒∆Pt/Pt - ∆ P*t / P*t = ∆et/et
A PPC empiricamente não se verifica em termos absolutos, em termos relativos
não se verifica, no curto prazo, sendo possível verificar-se no longo prazo. Os motivos da
não verificação empírica desta teoria prendem-se com o facto de existirem barreiras na
144
circulação dos bens entre os diversos países e pelo facto de que em regimes cambiais
flexíveis as taxas nominais ajustarem-se mais rapidamente do que os níveis de preços,
gerando flutuações de curto prazo nas taxas de câmbio reais.
8.5.2. Paridade das Taxas de Juros
Com a perfeita mobilidade de capitais como já estudado, verifica-se a igualdade
entre as taxas de juro nacionais e internacionais, sendo indiferente para um investidor
optar em alocar os seus recursos no país ou no exterior. No entanto a rentabilidade de
títulos no exterior depende também da evolução das taxas de câmbios, pelo que, o
equilíbrio entre as taxas de juros incorporará a variação cambial na taxa de juro do
exterior.
it=it*+(eet+1 –et)/et
A expressão acima é conhecida como paridade não coberta das taxas de juros (UIP
do inglês “Uncovered Interest Parity), que considera a expectativa da taxa de câmbio no
período t+1. A expressão decorre do risco cambial não coberto do investimento em
obrigações denominadas em moeda estrangeira. Para eliminar ou cobrir esse risco
cambial é comum recorrer-se ao contrato de futuros (Forward contract) permitindo trocar
moedas no período t+1 a uma taxa de câmbio conhecida, designada por taxa de câmbio
para transações a prazo (Forward exchange rate), no período t. Designando a taxa
forward por F e a taxa de câmbio actual (et) por sport (S), omitindo os índices t, tem-se a
paridade coberta das taxas de juros, pela expressão que segue:
(1+i)=(1+i*)F/S
8.5.3. Preços Flexíveis em Regime de Câmbios Fixos
O modelo AD/AS em regime de câmbio fixo parte do princípio de que a taxa de
câmbio fixada é credível com a garantia da sua manutenção ao longo do tempo, pelo que,
a taxa de câmbio esperada é igual a taxa actual (variação cambial nula) e pela paridade
não coberta das taxas de juros (UIP) a taxa de juro interna será igual a taxa de juro do
exterior.
eet+1=et⇒i=i*
Como já referido, nos tópicos anteriores, a curva da AD é determinada no modelo
IS/LM. No entanto, como em regime de câmbios fixos a massa monetária se torna
endógena, dispensa-se a curva LM na determinação da AD, por conseguinte a expressão
da curva da AD será igual a expressão da curva IS, dada por:
̅̅̅̅ 𝑎𝑒𝑃∗
𝐴𝐷 + 𝑃 − 𝑏𝑖 ∗
𝑌=
1 − ç(1 − 𝑡) + 𝑚
Pela expressão acima descrita, nota-se que a curva AD é negativamente inclinada
(com P denominador)15. Considerando as variáveis internacionais exógenas, o nível de
produção é dependente do nível de preços e vice-versa (resolvendo em função de P).
Aumentos no nível geral de preços (P) induzem uma apreciação da taxa de câmbio real
15
Derivando pela fórmula U/V=(U´V-UV´)/V2
145
(R=eP*/P)16, diminuindo as exportações líquidas (Nx), a procura agregada (AD) e
consequentemente o produto (Y).
𝑎𝑒𝑃∗
𝜕𝑌 1 𝑎𝑒𝑃 ∗ 𝜕𝑌 − 2
= (0 − 2 − 0) ⇒ = 𝑃
𝜕𝑃 1 − ç(1 − 𝑡) + 𝑚 𝑃 𝜕𝑃 1 − ç(1 − 𝑡) + 𝑚
No que diz respeito a curva da oferta agregada (AS), neste modelo, admitindo o
nível de preço esperado no período t é igual ao nível de preços observado em t-1, utiliza-
se a já conhecida expressão abaixo:
P=Pe[1 + 𝜆(𝑌 − 𝑌𝑛)]
Recorda-se que, se a inflação for nula, então o produto será de pleno emprego.
Com as duas expressões acima expostas, pode-se avaliar o impacto das políticas
orçamentais e monetárias. A seguir analisa-se, utilizando gráficos, os efeitos das políticas
orçamental expansionista e monetária expansionista.
GRÁFICO 22: IMPACTO DA POLÍTICA FISCAL EM REGIME DE CÂMBIOS FIXOS COM
PREÇOS FLEXÍVEIS
16
Por outro, em regime de câmbio fixo a depreciação leva o BC a injectar divisas retirando a moeda
nacional que diminui a massa monetária e consequentemente o produto.
146
no longo prazo, quanto a política monetária, é totalmente ineficaz tanto no curto como no
longo prazo.
8.5.4. Preços Flexíveis em Regime de Câmbios Flexíveis
Os efeitos das políticas económicas no modelo de economia aberta com preços
flexíveis e taxa de câmbio flexível dependem de como os agentes económicos formam as
suas expectativas (adaptadas ou racionais).
Expectativas Adaptadas
A previsão da taxa de câmbio futura baseada em expectativas adaptadas considera
que a taxa de câmbio esperada no período t+1 será igual a taxa de câmbio verificada no
período t, pelo que a UIP permite igualar a taxa de juro interna a taxa internacional.
it = it*+(eet+1 –et)/et se eet+1 = et ⇒ i=i*
Numa economia com preços flexíveis, ao contrário da descrita com preços fixos,
o rendimento de equilíbrio não é determinado no mercado monetário, mas sim pela
procura agregada (AD), não obstante depender também da oferta agregada (AS). A
expressão da curva AD coincide com a LM e para obtê-lo basta substituir a taxa de juro
interna pela do exterior (considerada exógena) no mercado monetário17.
ℎ 1 𝑀𝑠
𝑌 = ∗ 𝑖∗ + ∗
𝑘 𝑘 𝑃
A curva AD é decrescente, com aumentos no nível de preços induzirem à redução
da massa monetária e, consequentemente, a diminuição da procura agregada (produto/
rendimento).
Considerando a anterior curva da oferta agregada (AS), partindo de um ponto em
que o produto é de pleno emprego e o nível de preços é estável (inflação nula) pode-se
tirar ilações pela análise gráfica a seguir.
17
Pela liberdade do Banco Central fixar a massa monetária (exógena) que desejar, sendo ainda a taxa de
juro interna igual a taxa de juro externa (considerada exógena), o nível de rendimento é determinado
imediatamente.
147
GRÁFICO 23: IMPACTO DA POLÍTICA MONETÁRIA EM REGIME DE CÂMBIOS FIXO COM
PREÇOS FLEXÍVEIS
148
Com as expectativas racionais, utiliza-se toda informação disponível no período
t, que inclui a estrutura funcional da economia. Segundo essa hipótese, a taxa de câmbio
esperada em t+1 é exactamente igual a taxa a verificar em t+1, a menos que haja
acontecimentos inesperados no período t+1. Esta hipótese é designada também como
hipótese das expectativas coerentes com o modelo.
eet+1=et+1
A hipótese das expectativas racionais não implica necessariamente igualdade
entre as taxas de juros i e i*, pelo que, o mercado monetário deixa de ser suficiente para
determinar a procura agregada (AD). O produto resultará da interação entre os mercados
de bens e serviços (IS) e monetário (LM).
̅̅̅̅ 𝑎𝑒𝑃 ∗ 𝑏 𝑀𝑠
𝐴𝐷 + 𝑃 + ∗ 𝑃
𝑌= ℎ
𝑏𝑘
1 − ç(1 − 𝑡) + 𝑚 +
ℎ
A expressão acima descrita contém três variáveis endógenas, designadamente o
produto (Y), o nível de preços (P) e a taxa de câmbio nominal (e). Para a resolução deste
modelo é necessária uma terceira equação, precisamente a da paridade não coberta das
taxas de juros (UIP) para além da habitual equação da AS.
Considerando a UIP, as taxas de juros internas e internacionais igualam-se mais
outra vez e os valores das variáveis são iguais aos valores do período inicial.
O ajustamento de salários e preços conduzem a economia em direcção ao pleno
emprego. A taxa de câmbio estabiliza num dado valor eF pelas previsões (racionais) dos
agentes económicos. Considerando o acima referido, tem-se:
eet+1 = et = eF
MsF/PF = Ms0/P0
eF P*F/PF = e0 P*0 /P0
eF = e0 PF/P0 = e0 MsF/Ms0 = e0 Ms1/Ms0
149
8.6. Exercícios Resolvidos
150
e consequentemente uma menor procura autónoma conduziria a um valor do produto de
equilíbrio mais baixo na Angolândia I.
Nesta economia o valor do saldo orçamental é definido como: SO ≡ Tx – (G + TR).
̅̅̅̅) +
Substituindo as funções de comportamento correspondentes, tem-se: SO = (𝑇𝑥0 - 𝑇𝑅
𝑡𝑌 − 𝐺̅ . Desta forma, o efeito da alteração no consumo público no saldo orçamental,
𝜕𝑆𝑂 𝜕𝑆𝑂
mantendo tudo o resto constante, é dado por: ΔSO = ∗ ∆𝐺̅ = (𝑡 ∗ − 1) ∗ ∆𝐺̅ .
𝜕𝐺̅ 𝜕𝐺̅
Substituindo os valores obtidos anteriormente tem-se então: ΔSO = (0,47*0,886 – 1) * (-
1,31) = 0,77. Apesar da quebra de receitas fiscais (no valor de 0,47*1,16 ≈ 0,55), que
decorreria de um menor produto de equilíbrio, o saldo orçamental melhoraria porque a
redução na despesa pública (no valor de 1,31) seria bastante maior. Finalmente, o saldo
da balança de bens e serviços (ou exportações líquidas de bens e serviços) de equilíbrio
𝑎𝑒̅ ̅𝑃̅̅∗̅
corresponde, neste caso, a: NX = 𝑁𝑥0 + – mY, pelo que o efeito da alteração no
𝑃̅
consumo público apenas se faria sentir neste saldo através do efeito sobre o produto de
𝜕𝑁 𝜕𝑌
equilíbrio, ou seja: ΔNX = 𝑋 ∗ ∆𝐺̅ = −𝑚 ∗ ∗ ∆𝐺̅, sendo aqui este valor dado por:
𝜕𝐺̅ 𝜕𝐺̅
ΔNX = - 0,5*0,886*(-1,31) = 0,58. Com um produto de equilíbrio menor, também as
importações seriam menores, razão pela qual o saldo da balança de bens e serviços
melhoraria.
b) A Angolândia II é muito semelhante à Angolândia I, mas encontra-se num regime
de câmbios flexíveis (e é uma variável endógena que faz com que BP = 0) e não
existe mobilidade de capitais (BF = 0). Como consequência destas duas hipóteses,
a balança de bens e serviços tem sempre um saldo nulo, já que a taxa de câmbio
nominal (e) se ajusta de forma a ter sempre Nx = 0. Desta forma, o produto de
equilíbrio nesta economia será dado, usando a notação habitual, por: Y =
̅̅̅
̅̅̅̅ + 𝑏∗𝑀
𝐴𝐷 ̅
ℎ 𝑃
𝑏𝑘, onde a procura autónoma é dada por ̅̅̅̅
𝐴𝐷 = 𝐶0 + (𝐼 ̅ + 𝑏𝑖) + 𝐺̅ +
1−ç(1−𝑡)+ ℎ
̅̅̅̅ − 𝑇𝑥0 ).
𝑁𝑥0 + ç(𝑇𝑅
Note-se que esta economia se comporta como uma economia fechada, já que temos BF =
NX = 0. Procedendo da mesma forma que na alínea anterior, temos um efeito
𝜕𝑌
multiplicador do consumo público sobre o produto de equilíbrio dado por: =
𝜕𝐺̅
1
𝑏𝑘 . Como conhece-se os valores das sensibilidades das intenções de
1−ç(1−𝑡)+
ℎ
investimento (b = 49,9) e de procura de liquidez (h = 224,44) em relação à taxa de juro,
bem como a sensibilidade das mesmas intenções de procura de liquidez em relação ao
rendimento (k = 0,96), então o multiplicador anterior assume o seguinte valor na
𝜕𝑌 1 1 1
Angolândia II: 𝜕𝐺̅ = 𝑏𝑘 = 49,9∗0,96 = ≈ 1,187. Tem-se então:
1−ç(1−𝑡)+ 1−0,7∗(1−0,47) + 0,842
ℎ 224,44
151
Para verificarmos qual seria o efeito sobre o saldo orçamental deste valor diferente para
o consumo público, usando a mesma abordagem que para a alínea anterior, tem-se: ΔSO
= (0,47*1,187- 1)*(-1,31) = 0,58. O efeito da mesma redução do consumo público sobre
o saldo orçamental seria menor na Angolândia II do que na Angolândia I, dado que a
redução do produto seria maior na primeira economia e, em consequência deste facto, a
redução no montante de receitas fiscais também seria maior. Por último, sabe-se que na
Angolândia II a taxa de câmbio nominal (e) ajusta-se de forma a termos sempre Nx = 0,
𝜕𝑁𝑋
pelo que: = 0, assim, o efeito desta diferente política orçamental sobre a balança de
𝜕𝐺̅
bens e serviços seria nulo na Angolândia II: ΔNX = 0*(-1,31) = 0. Este efeito distingue-
se do que acontecia na Angolândia I onde o regime de câmbios fixos permitiria um efeito
positivo da redução do consumo público.
2. A Lusitânia é uma pequena economia aberta que mantém um regime de câmbios fixos
com os seus principais parceiros comerciais. As suas funções de comportamento
macroeconómicas e algumas previsões de variáveis para o ano de 2019 são dadas por:
C = 3,56 + 0,75Yd; G = 27,04 ; I = 16,56 – 60i; TR = 44,52; Tx = 0,47Y; P = 1,278; Nx
= 57,5 + 5,26R – 0,5Y; P* = 1,083; Md = 0,96Y – 224,44i; e = 1,056;Yn = 129,02; i* =
0,015 por ano.
a) Sabendo que, neste momento, estão proibidos os movimentos de capitais com o
̅ ) em 153,4, calcule
exterior e o banco central pretende fixar a massa monetária (𝑀
o produto de equilíbrio. Proponha, quantificando, uma medida de política
económica que permita eliminar o desvio cíclico de 2019. Justifique
economicamente todos os seus cálculos.
b) Calcule o produto de equilíbrio que existiria em 2019 nesta economia se os
movimentos de capitais fossem completamente livres. Apresente, quantificando,
uma medida de política económica que permitisse eliminar o desvio cíclico que
existiria nesta situação e compare-a com a sua proposta da alínea anterior.
Justifique economicamente todos os seus cálculos.
Resolução:
a) Em primeiro lugar podemos concluir, a partir do enunciado, que a economia da
Lusitânia pode ser bem representada por um modelo de Mundell-Fleming, já que
se trata de uma pequena economia aberta onde a curva da oferta agregada de curto
prazo para 2019 é perfeitamente horizontal ao nível P2019 = 1,278. Como estamos
numa situação de câmbios fixos e ausência de liberdade de circulação de capitais,
̅𝑃
𝑎𝑒 𝑏 𝑀∗ ̅̅̅
̅̅̅̅
𝐴𝐷+ 𝑃 ̅ + ℎ∗ 𝑃̅
a forma reduzida para o produto de equilíbrio é dada por: Y = 𝑏𝑘,
1−ç(1−𝑡)+𝑚+ ℎ
onde a procura autónoma é dada por 𝐴𝐷̅̅̅̅ = 𝐶0 + (𝐼 ̅ + 𝑏𝑖) + 𝐺̅ + 𝑁𝑥0 + ç(𝑇𝑅
̅̅̅̅ −
𝑇𝑥0 ).
Substituindo estes valores na forma reduzida obtém-se:
1,056∗1,083 60 153,4
[3,56+16,56+27,04+57,5+0,75(44,52−0)]+5,26∗ + 224,44∗1,278
1,278
Y= 60∗0,96 ⇒
1−0,75(1−0,47)+0,5+
224,44
152
𝑌 = 128,64.
Estima-se então que desvio cíclico para 2019 seja de Y2019 – Yn = 128,64 – 129,02 = -
0,38, ou seja, estima-se que o PIB de 2019 da Lusitânia esteja 0,3% abaixo do seu
potencial. Para eliminar este desvio cíclico do produto existem potencialmente três
alternativas de políticas disponíveis (ou combinações destas): - a política orçamental (que
vamos supor ser apenas de manipulação do consumo público); - a política monetária; - a
política cambial, já que estamos num regime de câmbios fixos.
Política orçamental:
Em primeiro lugar calcula-se o multiplicador do consumo público, como sendo:
𝜕𝑌 1 1
= 𝑏𝑘 = 60∗0,96 = 0,736. Usando a fórmula de Taylor de
𝜕𝐺̅ 1−ç(1−𝑡)+𝑚+ 1−0,75(1−0,47)+0,5+
ℎ 224,44
𝜕𝑌
primeira ordem para este tipo de política, tem-se: ∆Y = ∗ ∆𝐺̅ . Dado que pretende-se
𝜕𝐺̅
eliminar o desvio cíclico do produto, então deseja-se obter ΔY = 129,02 – 128,64 = 0,38,
pelo que 0,38 = 0,73*∆Ḡ ⇒ ∆Ḡ = 0,51, ou seja, seria necessário que o consumo público
fosse superior em 1,9% (𝐺1 = 𝐺0 + ∆𝐺 ⇒ 𝐺1 = 27,04 + 0,51 = 27,55
𝐺1 −𝐺0 27,55−27,04 0,51
⇒ = = 27,04 = 0,019 ≈ 1,9%) ao valor inicialmente programado.
𝐺0 27,04
Política monetária:
Calcula-se agora o multiplicador da massa monetária, como sendo:
𝑏 60
𝜕𝑌 ℎ𝑃̅ 224,44∗1,278
̅
= 𝑏𝑘 = 60∗0,96 = 0,154. Usando a
𝜕𝑀 1−ç(1−𝑡)+𝑚+ ℎ 1−0,75(1−0,47)+0,5+ 224,44
𝜕𝑌
̅;
fórmula de Taylor de primeira ordem para este tipo de política, tem-se: ∆Y = ̅ ∗ ∆𝑀 𝜕𝑀
̅ ⇒ ∆𝑀
pelo que, 0,38 = 0,154.∆𝑀 ̅ = 2,45, ou seja, seria necessário que a massa monetária
fosse superior em 1,6% (𝑀 ̅̅̅̅1 = ̅̅̅̅
𝑀0 + ∆𝑀 ̅ ⇒ ̅̅̅̅
𝑀1 = 153,4 + 2,45 ⇒ ̅̅̅̅ 𝑀1 = 155,85 ⇒
̅̅̅̅
𝑀1 −𝑀 ̅̅̅̅
0 155,85−153,4
̅̅̅̅
= = 0,016 ≈ 1,6%) ao valor inicialmente programado. Dado que esta
𝑀0 153,4
política corresponde a um deslocamento da curva LM para a direita, ao contrário das
restantes duas que implicam um deslocamento da curva IS para a direita, é necessário
verificar se esta política monetária é compatível com uma taxa de juro nominal positiva.
Sendo o novo valor da massa monetária dado por ̅̅̅̅ ̅ + ∆𝑀
𝑀´ = 𝑀 ̅ = 153,4 + 2,45 = 155,85
de forma a conduzir a um produto de equilíbrio de Y2019´ = Y2019 + ∆Y = 128,64 + 0,38
= 129,02. Sendo assim, a nova taxa de juro nominal de equilíbrio será:
1 ̅̅̅̅
𝑀´ 1 155,85
i´ = ℎ (𝑘𝑌´ − ) = (0,96 ∗ 129,02 − ) = 0,009/ano, ou seja, uma taxa de
𝑃̅ 224,44 1,278
juro nominal muito pequena, mas ainda assim positiva.
Política cambial:
Finalmente, calcula-se o multiplicador do índice de taxa de câmbio nominal como sendo:
153
̅∗
𝑎𝑃 1,083
𝜕𝑌 ̅
5,26∗
𝑃 1,278
= 𝑏𝑘 = 60∗0,96 = 3,28. Usando a fórmula de Taylor de
𝜕𝑒̅ 1−ç(1−𝑡)+𝑚+ 1−0,75(1−0,47)+0,5+
ℎ 224,44
𝜕𝑌
primeira ordem para este tipo de política, tem-se: ∆Y = ∗ ∆𝑒̅, pelo que, 0,38 =
𝜕𝑒̅
3,28*∆𝑒̅ ⇒∆𝑒̅ = 0,115, ou seja, seria necessário que o índice de taxa de câmbio nominal
fosse superior em 10,9% (𝑒̅1 = 𝑒̅0 + ∆𝑒̅ ⇒ 𝑒̅1 = 1,056 + 0,115 ⇒ 𝑒̅1 = 1,171 ⇒
̅̅̅−𝑒
𝑒 1 ̅̅̅
0 1,171−1,056
̅̅̅
= = 0,109 ≈ 10,9%) ao valor inicialmente programado, isto é, seria
𝑒 0 1,056
necessária uma desvalorização da moeda nacional.
b) Se a Lusitânia liberalizasse completamente os seus movimentos internacionais de
capitais, teríamos uma forma reduzida para o produto de equilíbrio dada por:
̅.𝑃
𝑎𝑒 ∗
̅̅̅̅
𝐴𝐷+ 𝑃 ∗
̅ − 𝑏𝑖
Y = . Substituindo os valores na forma reduzida, obtem-se o valor
1−ç(1−𝑡)+𝑚
alternativo para o PIB que existiria na Lusitânia em 2019 nesta situação hipotética:
1,056 ∗ 1,083
[3,56 + 16,56 + 27,04 + 57,5 + 0,75(44,52 − 0)] + 5,26 ∗ − 60 ∗ 0,015
1,278
𝑌=
1 − 0,75(1 − 0,47) + 0,5
⇒ 𝑌 = 128,67.
Estimar-se-ia então que, desvio cíclico para 2019 fosse de Y2019 – Yn = 128,67 – 129,02
= -0,35, ou seja, estimar-se-ia que o PIB de 2019 da Lusitânia estivesse 0,27% abaixo do
seu potencial. Para eliminar este desvio cíclico do produto existem apenas duas das três
alternativas de políticas disponíveis anteriormente estudadas, dado que a massa monetária
se torna endógena numa economia aberta em câmbios fixos e com plena liberdade de
circulação de capitais, retirando qualquer eficácia à política monetária.
Política orçamental:
Em primeiro lugar vamos calcular o multiplicador do consumo público como sendo:
𝜕𝑌 1 1
= 1−ç(1−𝑡)+𝑚 = = 0,91, Usando a fórmula de Taylor de primeira
𝜕𝐺̅ 1−0,75(1−0,47)+0,5
𝜕𝑌
ordem para este tipo de política, tem-se: ∆Y = 𝜕𝐺̅ ∗ ∆𝐺̅ . Dado que pretende-se atenuar o
desvio cíclico do produto, então deseja-se obter ∆Y = 129,02 – 128,67 ⇒∆Y = 0,35, pelo
que 0,35 = 0,91∆Ḡ ⇒ ∆Ḡ = 0,39, ou seja, seria necessário que o consumo público fosse
superior em 1,4% ao valor inicialmente programado.
Note-se que, o esforço orçamental exigido é menor que na alínea anterior porque a
eficácia da política orçamental, medida pelo multiplicador do consumo público, seria
maior neste caso. Isto deve-se ao facto da perfeita mobilidade de capitais eliminar o
crowding-out já que a taxa de juro interna se mantém igual à internacional. Note-se que
o produto de equilíbrio também está ligeiramente mais próximo do potencial o que
contribui apenas marginalmente para este menor esforço exigido.
Política cambial:
Finalmente, calcula-se o multiplicador do índice de taxa de câmbio nominal como sendo:
154
𝑃∗ 1,083
𝜕𝑌 𝑎∗ ̅ 5,26∗
𝑃 1,278
= = = 4,04. Usando a fórmula de Taylor de primeira
𝜕𝑒̅ 1−ç(1−𝑡)+𝑚 1−0,75(1−0,47)+0,5
𝜕𝑌
ordem para este tipo de política tem-se: ∆Y = ∗ ∆𝑒̅ , pelo que, 0,35 = 4,04.∆𝑒̅ ⇒ ∆𝑒̅ =
𝜕𝑒̅
0,087, ou seja, seria necessário que o índice de taxa de câmbio nominal fosse superior
em 8,3% ao valor inicialmente programado, isto é, seria necessária uma desvalorização
da moeda nacional.
Note-se que, a desvalorização exigida é menor que na alínea anterior porque a eficácia da
política cambial, medida pelo multiplicador do índice de taxa de câmbio nominal, seria
maior neste caso. Também aqui a ausência de aumento na taxa de juro interna contribui
para uma eficácia acrescida desta política. Vê-se que, o produto de equilíbrio também está
ligeiramente mais próximo do potencial o que contribui apenas marginalmente para este
menor esforço exigido.
3. Uma economia em regime de câmbios fixos e onde existe perfeita mobilidade de
capitais é descrita pelas seguintes equações (unidades monetárias):
C = 210 + 0,8Yd – 400i; Tx = 20%; G = 150; I = 160 – 800i; Ms = 1200; P = 3; P*= 6; X
– M = 120 – 0,2Y – 110e ; BF = 1800i – 200; Md = 3Y – 4500i; e = 1,8 (taxa de câmbio
nominal).
Determina a expressão da Curva BP?
Resolução:
Neste caso, deve-se calcular primeiro a taxa de câmbio real (R) (ao certo). Assim vem:
𝑒𝑃∗ 3∗1,8
R= = ⇒ R = 0,9. A curva BP representa as combinações de produto e taxa de
𝑃 6
juro que equilibram a balança de pagamentos não monetária: BP = BC + BF = 0 ⇒ BP =
120 – 0,2Y – 110*0,9 + 1800i – 200 = 0 ⇒ 21 – 0,2Y + 1800i – 200 = 0 ⇒ 0,2Y = 1800i
– 179. Agora determina-se o produto e a taxa de juro de equilíbrio.
O equilíbrio surge quando a despesa é igual ao produto (curva IS), assim, vem:
Y = C + G + I + X – M ⇒ Y = 210 + 0,8(Y –Tx +TR) - 400i + 150 + 160 – 800i + 21 –
0,2Y⇒ Y = 210 + 0,8(Y –0,2Y +0) - 400i + 150 + 160 – 800i + 21 – 0,2Y ⇒Y = 210 +
0,8(1-0,2)Y - 400i + 150 + 160 – 800i + 21 – 0,2Y ⇒Y = 541 + 0,44Y – 1200i ⇒Y –
0,44Y=541 – 1200i ⇒ 0,56Y=541-1200i.
No regime cambial de câmbios fixos, o equilíbrio obtém-se pela intersecção das curvas
IS e BP, assim, tem-se:
0,2𝑌 = 1800𝑖 − 179 𝑌 = 9000𝑖 − 895 𝑌 = 608
{ ⇒{ ⇒{
0,56𝑌 = 541 − 1200𝑖 𝑌 = 966 − 2142,85𝑖 𝑖 = 0,167
Portanto a taxa de juro interna é de 16,7%.
4. Uma determinada economia pequena, em regime de câmbios flexíveis, é descrita
pelas seguintes equações (unidade monetária):
155
C = 50 + 0,8Yd; I = 45 – 150i; Tx = 0,25Y; G = 50; Nx = BC = 60 – 150R; Ms = 600;
𝑃 𝑃 1
taxa de câmbio real (R´) ao incerto R´ = 𝑃∗ ∗ 𝑒´; Md = 1,5Y – 300i; 𝑃∗ = ; i* = 6%. Há
2
uma perfeita mobilidade de capitais.
a) Determine os valores de equilíbrio do rendimento, da taxa de juro e da taxa de
câmbio nominal.
b) Quais os reflexos do aumento da taxa de juro externa para 8%?
Resolução:
a) Numa economia aberta com perfeita mobilidade de capitais, o equilíbrio no
mercado cambial pressupõe que i = i* = 6%.
𝐴𝐷+𝑎𝑅´−𝑏𝑖 ∗
̅̅̅̅ 205−150𝑅´ −150∗0,06
Y= ⇒Y= ⇒ 0,4Y = 196 – 150R´ (IS)
1−𝑏(1−𝑡)+𝑚 1−0,8(1−0,25)+0
̅̅̅̅ = 𝐶0 − ç𝑇̅𝑥 + ç𝑇𝑅
Nota que, 𝐴𝐷 ̅𝑥 + 𝐺̅ ⇒ 𝐴𝐷
̅̅̅̅ + 𝐼 ̅ + 𝑁 ̅̅̅̅ = 50 + 0 + 0 + 45 + 60 + 50 =
205.
A curva LM será:
𝑀 1 ̅
𝑀 𝑘 1 600 1,5
Md = ⇒ i = - ℎ ∗ 𝑃̅ + ℎ ∗ 𝑌 ⇒ i = - ∗ + 300 ∗ 𝑌 ⇒ 1,5Y – 300i = 600. Se i =
𝑃 300 1
6%, tem-se: 1,5Y – 300i = 600 ⇒ 1,5Y – 300*0,06 = 600 ⇒ Y = 415. Substituindo na
curva IS, obtemos a taxa de câmbio real ao certo, assim vem: 0,4Y = 196 – 150R´ ⇒
0,4*412 = 196 – 150R´ ⇒ R´ = 0,208.
Cálculo da taxa de câmbio nominal:
i. Pelo incerto:
𝑃 1
R´ = 𝑃∗ ∗ 𝑒´ ⇒ 0,208 = 2 ∗ 𝑒´ ⇒ e´ = 0,416.
156
5. Certa economia é descrita pelas seguintes equações:
𝑒𝑃∗
C = 0,8Yd; Tx = 0,2Y; I = 20 – 80i; Nx = 32R – 0,28Y – 4; R = ; Md = 0,18Y – 40i;
𝑃
P = P* = 1. Não há mobilidade de capitais, a taxa de câmbio é fixa e inicialmente tem-se
G = 20, M = 16 e e = 1.
a) Obtenha o rendimento, a taxa de juro de equilíbrio e o saldo da balança corrente.
b) Calcule os efeitos de uma desvalorização de 20% sobre o rendimento, taxa de juro
e saldo da balança corrente.
c) Repita as alíneas anteriores admitindo perfeita mobilidade de capitais e que a taxa
de juro internacional é de 0,05. Calcule a variação na massa monetária.
Resolução:
a) É fundamental começarmos por obter a forma reduzida do modelo. Assim vem:
Curva IS:
̅𝑥 + 𝑎𝑅 − 𝑚𝑌 ⇒Y = ç(Y – Tx+TR) + Ḡ
Y = C + G + I + Nx ⇒Y = çYd + Ḡ + Ī – bi + 𝑁
𝑎𝑒𝑃 ∗
̅𝑥 +
+ Ī – bi + 𝑁 ̅ 𝑥 + 𝑎𝑒 − 𝑚𝑌⇒
− 𝑚𝑌⇒Y = ç(Y –Tx- tY +TR) + Ḡ + Ī – bi + 𝑁
𝑃
̅̅̅̅-𝑇𝑥0 )+Ḡ+ Ī + 𝑁
[1 – ç(1 – t) + 𝑚]Y = ç(𝑇𝑅 ̅ 𝑥 + 𝑎𝑒 − 𝑏𝑖⇒
̅̅̅̅−𝑇𝑥0 )+𝐺̅ + 𝐼+
ç(𝑇𝑅 ̅ 𝑁
̅ 𝑥+𝑎𝑒−𝑏𝑖
Y=
1−ç(1−𝑡)+𝑚
Curva LM:
𝑀̅ 𝑘 1 ̅
𝑀
Md = M/P ⇒ kY – hi = ⇒i= ∗𝑌− ∗ . Da intercepção da IS e da LM sai o
𝑃̅ ℎ ℎ 𝑃̅
rendimento de equilíbrio:
̅̅̅
̅̅̅̅ −𝑇𝑥0 )+𝐺̅ + 𝐼 +
ç(𝑇𝑅 ̅ 𝑥+𝑎𝑒+ 𝑏∗𝑀
̅ 𝑁
ℎ 𝑃 ̅
Y = . Por substituição dos parâmetros e das variáveis
1−ç(1−𝑡)+𝑚
exógenas na equação anterior pelos seus valores obtém-se Y = 100. Da LM, obtem-se
então i = 0,05.
Nx = 32R – 0,28Y – 4 ⇒ Nx = 32*1 – 0,28*100 – 4 ⇒Nx = 0.
157
b) Como os preços internos e externos são fixos, a desvalorização de 20% torna os
nossos produtos mais baratos relativamente aos produtos oriundos do estrangeiro.
Assim, para cada nível de rendimento as exportações líquidas aumentam: ∆Nx =
32∆𝑒 ⇒ΔNx = 32*0,2 ⇒ΔNx = 6,4. O aumento das exportações líquidas desloca
a IS de IS0 para IS1 (vê-se que um aumento de 𝑒, dada a taxa de juro, aumenta Y,
o que implica que o produto e a taxa de juro aumentem. O aumento do produto
induz um aumento de importações, pelo que, o aumento das exportações líquidas
será inferior a 6,4, que seria o aumento que aconteceria se o produto permanecesse
constante.
O multiplicador da taxa de câmbio será:
𝜕𝑌 𝑎 𝜕𝑌 𝜕𝑌
= 𝑘 , ou seja, = 32. Então ∆Y = ∗ ∆𝑒 = 32*0,2 = 6,4. Então ∆i =
𝜕𝑒 [1−ç(1−𝑡)+𝑚+𝑏∗ 𝜕𝑒 𝜕𝑒
ℎ
0,0045∆Y ⇒Δi = 0,0045*6,4 ⇒Δi = 0,0288. Da função de exportações líquidas resulta
∆NX = 32∆R – 0,28∆Y = 32*0,2 – 0,28*6,4 = 4,608.
c) A perfeita mobilidade de capitais obriga a que a taxa de juro interna seja igual à
taxa de juro extena. Como na alínea a se obteve uma taxa de juro de 0,05, e a taxa
de juro internacional é também 0,05, então a introdução da hipótese de perfeita
mobilidade de capitais não altera os valores de equilíbrio obtidos na alínea a. No
entanto, na alínea b, na ausência de movimentos de capitais, a desvalorização fez
aumentar a taxa em 0,0288, pelo que, os valores de equilíbrio obtidos na alínea b,
e que representamos no gráfico abaixo por 𝐸0´ , sob perfeita mobilidade de capitais,
já não são de equilíbrio. Em 𝐸0´ a taxa de juro interna é superior à taxa de juro
internacional. Logo dão-se entradas de capitais o que significa que no mercado
cambial aumenta a oferta e diminui a procura de moeda estrangeira. Para evitar a
apreciação da moeda nacional a que este desequilíbrio entre procura e oferta da
moeda estrangeira, levaria o banco central intervir no mercado cambial,
adquirindo moeda estrangeira que paga com moeda nacional. Assim, a base
monetária e consequentemente a massa monetária aumentam; a taxa de juro
diminui e o produto aumenta em consequência. O equilíbrio só é de novo atingido
158
quando a taxa de juro interna for de novo 0,05. Graficamente isto traduz-se numa
deslocação da LM de LM0 para LM1.
Como a taxa de juro é a mesma nos dois pontos de equilíbrio, o aumento do produto pode
ser obtido a partir da curva IS:
𝜕𝑌 𝑎
∆Y = ∗ ∆𝑒 = ∗ 0,2 = 50 ∗ 0,2 = 10. ∆Nx = 32∆𝑒 − 0,28∆𝑌 ⇒ 𝑁𝑥 =
𝜕𝑒 1−ç(1−𝑡)+𝑚
32 ∗ 0,2 − 0,28 ∗ 10 ⇒ 𝑁𝑥 = 3,6. O aumento da massa monetária é igual ao aumento da
procura de moeda: ∆M = ∆Md ⇒ΔM= 0,18∆Y - 40∆i ⇒ΔM=0,18*10 – 40*0⇒ ΔM =
1,8.
159
Economia A
Curva IS: Y = C + G + I + Nx⇒Y = çYd + Ḡ + Ī – bi + 𝑎𝐴 𝑅 − 𝑚𝐴 𝑌⇒
𝑎𝐴 𝑒𝑃 ∗
Y = ç(Y – Tx +TR) + Ḡ + Ī – bi + ̅̅̅̅) + Ḡ + Ī – bi +
− 𝑚𝐴 𝑌⇒Y = ç(Y -𝑇𝑥0 – tY +𝑇𝑅
𝑃
𝑎𝐴 𝑒 − 𝑚𝐴 Y⇒
̅̅̅̅ − 𝑇𝑥0 ) + Ḡ + Ī + 𝑎𝐴 𝑒 − 𝑏𝑖⇒
[1 – ç(1 – t) + 𝑚𝐴 ]𝑌 = ç(𝑇𝑅
̅̅̅̅−𝑇𝑥0 )+𝐺̅ + 𝐼+
ç(𝑇𝑅 ̅ 𝑎𝐴 𝑒−𝑏𝑖
Y=
1−ç(1−𝑡)+ 𝑚𝐴
𝑀̅ 𝑘 1 𝑀̅
Curva LM: Md = M/P ⇒ kY – hi = ⇒ i = ℎ𝑌 −ℎ ∗
𝑃̅ 𝑃̅
160
Economia B
̅̅̅̅−𝑇𝑥0 )+𝐺̅ + 𝐼+
ç(𝑇𝑅 ̅ 𝑎𝐵 𝑒−𝑏𝑖
Da equação Y = , obtém-se o multiplicador simples dos
1−ç(1−𝑡)+ 𝑚𝐵
𝜕𝑌 1
gastos públicos: 𝛼𝐵 = = = 2,5. Então, ∆Y = 𝛼𝐵 ∗ ∆𝐺 = 2,5 ∗ 2 ⇒
𝜕𝐺 1−ç(1−𝑡)+𝑚𝐵
𝛥𝑌 = 5; ∆Nx = - 𝑚𝐵 ∗ ∆𝑌 ⇒ 𝛥𝑁𝑥 = −0,08 ∗ 5 ⇒ 𝛥𝑁𝑥 = −0,4.
Na economia A o produto aumenta menos e o saldo da balança de bens e serviços diminui
mais do que na economia B. isto resulta da maior propensão a importar da economia A:
à medida que o rendimento aumenta, uma grande parte deste aumento (32% contra apenas
8% na economia B) gera uma procura por bens importados e não de bens produzidos
internamente. Daí as importações aumentarem muito e o produto aumenta pouco.
161
Curva IS:
Se é sempre Nx = 0, então:
Y = C + G + I + NX ⇒Y= C + G + I⇒Y = çYd + Ḡ + Ī – bi⇒
̅̅̅̅) + Ḡ + Ī – bi⇒[1 – ç(1 – t)]Y =
Y = ç(Y – Tx+TR) + Ḡ + Ī – bi⇒ Y = ç(Y-𝑇𝑥0 – tY+𝑇𝑅
̅̅̅̅ − 𝑇𝑥0 ) +Ḡ + Ī – bi ⇒
ç(𝑇𝑅
̅̅̅̅−𝑇𝑥0 )+𝐺̅ + 𝐼−
ç(𝑇𝑅 ̅ 𝑏𝑖
Y= .
1−ç(1−𝑡)
Esta curva IS é válida para ambas as economias, já que a única diferença entre elas reside
na função das exportações líquidas e estas, num regime de câmbios flexíveis, são nulas.
𝜕𝑌 1
O multiplicador dos gastos do Estado é, então: 𝛼𝐴 = = = 3,125. Então, ∆Y
𝜕𝐺 1−ç(1−𝑡)
= 𝛼𝐴 ∗ ∆𝐺 = 3,125 ∗ 2 = 6,25.
Economia A:
0,32𝑌
NX = 32R – 0,32Y = 0 ⇒ 32R = 0,32Y⇒R= ⇒ 𝑅 = 0,01𝑌; ∆R = 0,01∆Y ⇒ΔR=
32
0,01*6,25 ⇒ΔR= 0,0625.
Economia B:
0,08𝑌
NX = 8R – 0,08Y = 0 ⇒32R= 0,08Y⇒R = ⇒ 𝑅 = 0,01Y; ∆R = 0,01∆Y ⇒ΔR=
8
0,01*6,25 ⇒ΔR= 0,0625.
7. O funcionamento de uma economia é descrito pelas seguintes equações:
5
C = 𝑌𝑑 ; Yd = Y + TR – Tx; Tx = 0,2Y; I = 21 – 50i; Md = 0,2Y – 45i;
6
100 𝑌
Nx = ∗ 𝑅 − ; P = P* = 1.
3 3
No ano passado verificou-se ainda que TR = 7; G = 11,5; Ms = 15,5 e i* = 0,1.
162
a) Num regime de câmbios fixos, com 𝑒 = 1, e sem qualquer mobilidade de capitais,
calcule o rendimento de equilíbrio, a taxa de juro e as exportações líquidas do ano
passado.
b) Neste ano verificou-se um aumento dos gastos do Estado de 2 unidades
monetárias. Calcule o efeito deste aumento sobre o rendimento, taxa de juro e
exportações líquidas.
c) Calcule o efeito sobre as mesmas variáveis de um aumento da massa monetária
de 1,5 unidades monetária.
d) Admita agora que os câmbios são flexíveis e que continua a não haver mobilidade
de capitais. Obtenha o rendimento, a taxa de juro e a taxa de câmbio de equilíbrio
do ano passado. Calcule o efeito sobre aquelas variáveis das políticas das alíneas
b e c.
e) Repita a alínea anterior admitindo perfeita mobilidade de capitias e câmbios fixos.
f) Repita a alínea d admitindo perfeita mobilidade de capitais e câmbios flexíveis.
Resolução:
a) Curva IS:
Y = C + G + I +Nx⇒Y = çYd + Ḡ + Ī − 𝑏𝑖 + 𝑎𝑅 − 𝑚𝑌⇒
Y = ç(Y – Tx + TR) + Ḡ + Ī − 𝑏𝑖 + 𝑎𝑒𝑃∗ /𝑃 − 𝑚𝑌⇒
̅̅̅̅) + Ḡ + Ī − 𝑏𝑖 + 𝑎𝑒 − 𝑚𝑌⇒
Y = ç(Y- 𝑇𝑥0 – tY + 𝑇𝑅
̅̅̅̅−ç𝑇𝑥0 + 𝐺̅ + 𝐼+
ç𝑇𝑅 ̅ 𝑎𝑒−𝑏𝑖
̅̅̅̅ − ç𝑇𝑥0 + 𝐺̅ + 𝐼 ̅ + 𝑎𝑒 − 𝑏𝑖⇒Y =
[1 – ç(1 – t) + 𝑚]𝑌 = ç𝑇𝑅 .
1−ç(1−𝑡)+𝑚
Curva LM:
𝑀̅ 𝑘 1 ̅
𝑀
Md = Ms/P ⇒ kY – hi = ⇒i=ℎ∗𝑌− ∗ 𝑃̅ .
𝑃̅ ℎ
163
̅̅̅
ç𝑇𝑅 ̅ 𝑎𝑒+ 𝑏∗𝑀
̅̅̅̅−ç𝑇𝑥0 𝐺̅ + 𝐼 + ̅
ℎ 𝑃
Da equação Y = 𝑏𝑘 , obtém-se o multiplicador dos gastos
1−ç(1−𝑡)+𝑚+
ℎ
públicos, tem-se:
𝜕𝑌 1
= 𝑏𝑘 = 1,125, então ∆Y = 1,12∆G ⇒ΔY= 1,125*2 ⇒ΔY= 2,25, e,
𝜕𝐺 1−ç(1−𝑡)+𝑚+
ℎ
𝑘 1 ̅
𝑀 𝑘 1
utilizando a equação i = ℎ ∗ 𝑌 − ∗ 𝑃̅ , obtém-se: ∆𝑖 = ∗ ∆𝑌 − ℎ ∗ ∆𝑀 ⇒
ℎ ℎ
0,2 1 0,2 1
𝛥𝑖 = ∗ ∆𝑌 − ∗ ∆𝑀 ⇒ 𝛥𝑖 = ∗ 1,875 − ∗ 1,5 ⇒ 𝛥𝑖 = −0,025.
45 45 45 45
∆𝑌
Da função de exportações líquidas sai ∆𝑁𝑥 = − = - 0,625.
3
𝑘 1 ̅
𝑀 𝑘 1 𝑀̅ 0,2 1
De i = ℎ ∗ 𝑌 − ∗ 𝑃̅ , resulta que: i = ℎ ∗ 𝑌 − ∗ ⇒Δi= ∆𝑌 − ∆𝑀 ⇒
ℎ ℎ 𝑃̅ 45 45
0,2 1
𝛥𝑖 = ∗ 1,875 − ∗ 1,5 ⇒ 𝛥𝑖 = −0,025.
45 45
Da função de exportações líquidas sai, ∆Nx = - ∆Y/3 = - 0,625.
164
d) Num regime de câmbios flexíveis, para além das condições de equilíbrio exigidas
em câmbios fixos, isto é, equilíbrio no mercado de bens e serviços e no mercado
monetário, exige-se também que a taxa de câmbio seja tal que a balança de
pagamentos esteja equilibrada. Neste caso, esta balança coincide com a balança
de bens e serviços. Na alínea a, com R = e = 1, obteve-se Y = 100 e NX = 0. Então
estes valores da taxa de câmbio e do rendimento são valores de equilíbrio num
regime de câmbios flexíveis. Então a taxa de juro de equilíbrio inicial será 0,1,
também como na alínea a. Contudo, os valores do rendimento e da taxa de juro
obtidos nas alíneas b e c representados nos gráficos anteriores por E1 e no gráfico
a seguir por 𝐸0´ , após a expansão orçamental e monetária, respectivamente, já não
são de equilíbrio, uma vez que as exportações líquidas ficaram negativas em
consequências do aumento do rendimento provocado pelas polícias
expansionistas. O défice na balança de pagamentos faz a moeda depreciar-se até
que as exportações líquidas sejam de novo nulas. Este aumento das exportações
líquidas constitui um aumento da procura dirigida aos produtos internos, o que
significa que a curva IS se desloca para a direita. O produto e a taxa de juro
aumentam em consequência.
Para quantificar estas variações é necessário calcular os multiplicadores do regime de
câmbios flexíveis.
𝑚
Como Nx = 𝑎𝑅 − 𝑚𝑌 = 0 ⇒ 𝑎𝑅 − 𝑚𝑌 = 0 ⇒ 𝑎𝑅 = 𝑚𝑌 ⇒ 𝑅 = ∗ 𝑌.
𝑎
̅̅̅
𝑚 ç𝑇𝑅 ̅ 𝑎𝑒+ 𝑏∗𝑀
̅̅̅̅ −ç𝑇𝑥0 + 𝐺̅ + 𝐼 +
̅
ℎ 𝑃
Logo R = 𝑒 = ∗ 𝑌, substituindo e em Y = 𝑏𝑘 , obtém-se:
𝑎 1−ç(1−𝑡)+𝑚+
ℎ
̅̅̅ ̅̅̅ ̅̅̅
ç𝑇𝑅 ̅ 𝑎𝑒+ 𝑏∗𝑀
̅̅̅̅ −𝑇𝑥0 + 𝐺̅ + 𝐼 + ̅ 𝑎𝑚∗𝑌+ 𝑏∗𝑀
̅̅̅̅ −ç𝑇𝑥0 + 𝐺̅ + 𝐼 +
ç𝑇𝑅 ̅ 𝑚𝑌+ 𝑏∗𝑀
̅̅̅̅ −ç𝑇𝑥0 + 𝐺̅ + 𝐼+
ç𝑇𝑅
̅
ℎ 𝑃 𝑎 ̅
ℎ 𝑃 ̅ℎ 𝑃
Y = 𝑏𝑘 ⇒Y= 𝑏𝑘 ⇒Y= 𝑏𝑘
1−ç(1−𝑡)+𝑚+ 1−ç(1−𝑡)+𝑚+ 1−ç(1−𝑡)+𝑚+
ℎ ℎ ℎ
𝑏𝑘 𝑏 𝑀̅
⇒Y[1 − ç(1 − 𝑡) + 𝑚 + ̅̅̅̅ − ç𝑇𝑥0 + 𝐺̅ + 𝐼 ̅ +
] − 𝑚𝑌 = ç𝑇𝑅 ∗ ⇒
ℎ ℎ 𝑃̅
165
̅̅̅
̅ 𝑏∗𝑀
̅̅̅̅ −ç𝑇𝑥0 + 𝐺̅ + 𝐼 +
ç𝑇𝑅 ̅
ℎ 𝑃
Y= 𝑏𝑘 , ou seja, a forma reduzida para o rendimento em câmbios
1−ç(1−𝑡)+
ℎ
flexíveis, que é igual à que se obtém em economia fechada. Substituindo em
̅̅̅
̅ 𝑏∗𝑀
̅̅̅̅ −ç𝑇𝑥0 + 𝐺̅ + 𝐼 +
ç𝑇𝑅 ̅ℎ 𝑃
Y = 𝑏𝑘 os parâmetros e as variáveis exógenas pelos seus valores,
1−ç(1−𝑡)+
ℎ
confirma-se que Y=100 é o valor de equilíbrio do rendimento. Por substituição de Y por
𝑚
100 em R = 𝑒 = 𝑎 ∗ 𝑌, confirma-se que o valor de equilíbrio da taxa de câmbio é 1, ou
seja, R = 1.
Efeito da expansão orçamental
O multiplicador dos gastos do Estado obtém-se derivando a equação
̅̅̅
̅ 𝑏∗𝑀
̅̅̅̅ −ç𝑇𝑥0 + 𝐺̅ + 𝐼+
ç𝑇𝑅 ̅ ℎ 𝑃
Y= 𝑏𝑘 em função de G, assim vem:
1−ç(1−𝑡)+
ℎ
𝜕𝑌 1
= = 1,8, então ∆Y = 1,8∆G ⇒ΔY= 1,8*2 ⇒ΔY= 3,6. Substituindo na
𝜕𝐺 1−ç(1−𝑡)+𝑏𝑘/ℎ
𝑘 1 ̅
𝑀 𝑘 0,2 0,2
equação i = ∗𝑌− ∗ , obtém-se: Δi = ∆𝑌 ⇒ 𝛥𝑖 = ∗ ∆𝑌 ⇒ 𝛥𝑖 = ∗ 3,6 ⇒
ℎ ℎ 𝑃̅ ℎ 45 45
𝛥𝑖 = 0,016.
𝑚 𝑚
De R = 𝑒 = ∗ 𝑌, resulta ΔR = ∆𝑌 ⇒ 𝛥𝑅 = 0,01 ∗ 3,6 ⇒ 𝛥𝑅 = 0,036.
𝑎 𝑎
166
e) A perfeita mobilidade de capitais exige que, em equilíbrio, a taxa de juro interna
seja igual à taxa de juro externa. Como a taxa de juro interna inicial obtida com
câmbios fixos e sem mobilidade de capitais (alínea a) é 0,1, igual à taxa de juro
internacional, os valores de equilíbrio iniciais do rendimento e das exportações
líquidas continuam a ser de equilíbrio com perfeita mobilidade de capitais.
Após as expansões orçamental e monetária, a taxa de juro interna ficou diferente da taxa
de juro internacional, pelo que os valores obtidos para o rendimento na alínea b e c,
respectivamente após a expansão orçamental e após a expansão monetária, com perfeita
mobilidade de capitais, não são de equilíbrio.
Efeito da expansão orçamental
No gráfico a seguir, o ponto 𝐸0´ é o ponto de equilíbrio que se obteve na alínea b
(representado por E1 no gráfico dessa alínea) em que não havia mobilidade de capitais,
após a expansão orçamental. Com perfeita mobilidade de capitais, a taxa de juro interna
é superior à internacional, atrai quantidades enormes de capitais, criando um excesso de
oferta de moeda estrangeira. Para manter a taxa de câmbio fixo, o banco central tem que
comprar essa moeda estrangeira, pagando-a com a moeda nacional, pelo que a massa
monetária aumenta. Em consequência, a curva LM desloca-se para a direita, a taxa de
juro diminui e o produto aumenta.
Como a taxa de juro de equilíbrio não varia e os câmbios são fixos, o multiplicador dos
gastos públicos obtém-se directamente da curva IS do regime de câmbios fixos, a partir
̅̅̅̅ −ç𝑇𝑥0 + 𝐺̅ + 𝐼 +
ç𝑇𝑅 ̅ 𝑎𝑒−𝑏𝑖
da equação Y = , assim vem:
1−ç(1−𝑡)+𝑚
𝜕𝑌 1
= = 1,5, então ∆Y = 1,5∆G ⇒ΔG= 1,5*2 ⇒ΔG= 3. O equilíbrio no
𝜕𝐺 1−ç(1−𝑡)+𝑚
mercado monetário exige que seja ∆M = ∆Md = k∆Y - h∆i ⇒ΔM= 0,2*3 – 45*0 ⇒
167
ΔM= 0,6.
∆Nx = 𝑚∆Y ⇒ΔNx= - ∆Y/3 = - 1.
168
f) Tal como no caso dos câmbios fixos, no regime de câmbios flexíveis a introdução
da hipótese de perfeita mobilidade de capitais não afecta o equilíbrio inicial, já
que inicialmente a taxa de juro interna era igual à taxa de juro internacional. A
introdução da hipótese da perfeita mobilidade de capitais afecta, no entanto, os
equilíbrios obtidos na alínea d, após as expansões orçamental e monetária, já que,
após estas políticas expansionistas, a taxa de juro variou deixando de ser igual à
taxa de juro internacional.
Efeito da expansão orçamental
O ponto 𝐸0´ (E1 no gráfico da alínea d) é o ponto de equilíbrio após a expansão orçamental
quando não há mobilidade de capitais. Havendo perfeita mobilidade de capitais, contudo,
a taxa de juro interna é superior à internacional, atrai capitais do exterior, gerando um
excesso de oferta de moeda estrangeira. Como num regime de câmbios flexíveis o banco
central não intervém no mercado cambial, o excesso de oferta de moeda estrangeira
provoca uma apreciação da moeda nacional, o que faz diminuir as exportações líquidas
e, consequentemente, o produto e a taxa de juro. Graficamente isto traduz-se numa
deslocação da IS em direcção à posição inicial. Isto acontece até que a taxa de juro interna
seja de novo igual à taxa de juro internacional, o que só acontece quando a IS regressar à
sua posição inicial. No fim do ajustamento, o produto é igual ao que era inicialmente.
169
ΔR= 0,03*(-2) + 0,01*0 ⇒ΔR= - 0,06.
Efeito da expansão monetária
O ponto 𝐸0´ (E1 no gráfico da alínea d) é o ponto de equilíbrio após a expansão monetária
quando não há mobilidade de capitais. Havendo perfeita mobilidade de capitais, contudo,
a taxa de juro interna inferior à internacional, provoca uma tentativa de saída de capitais
para o exterior, gerando um excesso de procura de moeda estrangeira. Como no regime
de câmbios flexíveis o banco central não intervém no mercado cambial, o excesso de
procura de moeda estrangeira provoca uma depreciação da moeda nacional, o que faz
aumentar as exportações líquidas e, consequentemente, o produto e a taxa de juro.
Graficamente isto traduz-se numa deslocação da IS para a direita. Isto acontece até que a
taxa de juro interna seja de novo igual à taxa de juro internacional, o que só acontece
quando o ponto E1 for atingido.
Como a taxa de juro, em equilíbrio, é sempre igual à taxa de juro internacional e a massa
monetária, ao contrário do que acontece com câmbios fixos, em que o banco central tem
de intervir no mercado cambial para manter a taxa de câmbio, o produto é determinado
pela curva LM.
𝑘 1 ̅
𝑀 ℎ 1 𝑀̅
A Curva LM, é dada pela equação i = ℎ ∗ 𝑌 − ∗ ⇒Y = 𝑘 ∗ 𝑖 − ∗ , então,
ℎ 𝑃̅ 𝑘 𝑃̅
1 ̅̅̅̅+ç𝑇𝑥0 − 𝐺̅ −𝐼 +
[1−ç(1−𝑡)+𝑚]𝑌−ç𝑇𝑅 ̅ 𝑏𝑖
∆Y = 𝑘 ∆𝑀 ⇒ 𝛥𝑌 = 5 ∗ 1,5 = 7,5. Pela equação 𝑒 = ⇒
𝑎
̅ 𝑏𝑖 ∗
̅̅̅̅+ç𝑇𝑥0 − 𝐺̅ − 𝐼 +
[1−ç(1−𝑡)+𝑚]𝑌−ç𝑇𝑅
𝑒= , resulta que:
𝑎
1−ç(1−𝑡)+𝑚 1
∆𝑅 = ∆𝑒 = ∗ ∆𝑌 − ∗ ∆𝐺 ⇒ 𝛥𝑅 = 0,02 ∗ 75 − 0,03 ∗ 0 = −0,06.
𝑎 𝑎
100 7,5
∆Nx = 𝑎∆𝑅 − 𝑚∆𝑌 ⇒ 𝛥𝑁𝑥 = ∗ 0,15 − ⇒ 𝛥𝑅 = 2,5.
3 3
170
a) Partindo da paridade não coberta das taxas de juro (UIP- do inglês uncovered
interest partity), obtenha uma expressão que permita determinar 𝑒0 com base na
expectativa 𝑒1𝑒 .
b) Admitindo que o equilíbrio de longo é atingido no período 1, determine 𝑒1 e 𝑃1 .
c) Utilizando os resultados das duas alíneas anteriores, calcule e, Y e i no período 0.
d) Por que razão se tem 𝑒0 ≠ 𝑒1 ? Interprete à luz do equilíbrio no mercado
monetário.
e) Qual o valor de 𝜆 que é consistente com a hipótese feita na alínea b?
Resolução:
a) A UIP (paridade não coberta das taxas de juro) é escrita da forma:
𝑒1𝑒 − 𝑒0
𝑖0 = 0,2 + , relacionando, tal como pretendido, 𝑒0 com 𝑒1𝑒 . Porém, para que
𝑒0
possamos determinar 𝑒0 com base na expectativa 𝑒1𝑒 é necessário eliminar as restantes
variáveis endógenas- neste caso, 𝑖0 . Tal consegue-se utilizando as restantes equações do
modelo.
Começa-se por notar, observando a expressão da AS, que o nível de preços num certo
período é determinado única e exclusivamente por variáveis referentes ao período
anterior. Quer isto dizer que P é conhecido à partida, ou, graficamente, que a curva de
oferta agregada de curto prazo é horizontal. Com preços fixos no curto prazo, a resolução
do modelo vem consideravelmente simplificada, na medida em que as restantes variáveis
são determinadas sem ser necessário recorrer à curva AS.
No caso concreto do período 0, a expressão da AS e a informação relativa ao período t-1
permite concluir que 𝑃0 = 1. Uma vez que P* é constante ao nível unitário, e que
𝑀𝑠0 = 130, as curvas IS e LM, vêm, respectivamente:
IS: 𝑌0 = 25 + 500𝑒0 − 125𝑖0 e LM: 130 = 0,5𝑌0 − 750𝑖0 . Resolvendo a LM em ordem
à taxa de juro, e eliminando em seguida 𝑌0 com recurso à IS, pode-se escrever:
0,5(25+500𝑒0 −125𝑖0 )−130 250𝑒0 −117,5
𝑖0 = ⇒ 𝑖0 = . Inserindo este resultado na UIP,
750 812,5
obtemos, tal como pretendido, uma expressão que permite calcular 𝑒0 com base num valor
para 𝑒1𝑒 :
250𝑒0 −117,5 𝑒1𝑒 − 𝑒0
= 0,2 + ⇒ 𝑒02 + 2,13𝑒0 − 3,25𝑒1𝑒 = 0. Chega-se assim a um
812,5 𝑒0
resultado que típico dos modelos com expectativas racionais: as variáveis no presente
(𝑒0 ) dependem das expectativas quanto às variáveis no futuro (𝑒1𝑒 ), reflectindo o facto de
os agentes económicos tomarem decisões hoje com base no que esperam que venha
amanhã a acontecer.
b) Como sabe-se, o equilíbrio de longo prazo caracteriza-se pelo regresso aos níveis
de Y, M/P e eP*/P prevalecentes antes da expressão monetária. Uma vez que M
cresceu 30%, P também o fará, e portanto 𝑃1 = 1,3. Por seu turno, o retorno da
taxa de câmbio real ao nível do período t-1 (nível esse igual à unidade) exige que
𝑒1 = 1,3.
171
c) A hipótese de que o equilíbrio de longo prazo se atinge no período 1 fornece aos
agentes económicos uma base para a formação de expectativas relativas a
variáveis desse mesmo período. Pressupondo expectativas racionais, os agentes
sabem que o novo equilíbrio de longo prazo e será igual a 1,3; decorre desse
conhecimento, por conseguinte, que 𝑒1𝑒 = 1,3.
Utilizando agora a equação de 2º grau (rejeitando, obviamente, a raiz negativa
𝑒0 = −3,38) a que se chegou na alínea a, vem 𝑒0 = 1,25. Da UIP decorre que 𝑖0 = 0,24.
Inserindo estes dois valores na curva IS (ou alternativa, recorrendo à curva LM), obtém-
se 𝑌0 = 620.
d) Vêm por que razão a taxa de câmbio nominal não assume no período 0 o seu novo
valor de longo prazo. Se 𝑒0 = 1,3 a paridade não coberta das taxas de juro
implicaria 𝑖0 = 0,2. Face a tais valores das taxas de câmbio e de juro, o equilíbrio
no mercado do produto exigiria 𝑌0 = 650. Facilmente se conclui, porém, que
estes resultados nos conduziriam a uma situação de excesso de procura no
130
mercado monetário: 1 < 0,5 ∗ 650 − 750 ∗ 0,2.
O equilíbrio deste mercado exige portanto uma redução da procura de moeda, conseguida
através de um menor valor para Y e de uma taxa de juro mais elevada. Pela UIP, uma
taxa de juro interna superior à internacional implica necessariamente uma expectativa de
depreciação. Logo, 𝑒0 tem de ser inferior a 1,3 – para que ocorre efectivamente uma
depreciação na passagem do equilíbrio de curto prazo (período 0) ao de longo prazo
(período 1).
Este exercício ilustra que o overshooting não é consequência inevitável de uma expansão
monetária sob expectativas racionais. No caso presente temos, pelo contrário, uma
situação de undershooting (subajustamento): a taxa de câmbio de curto prazo fica aquém
do valor de longo prazo.
e) A curva AS implica que: 𝑃1 = 𝑃0 [1 + 𝜆(𝑌0 − 𝑌𝑛 )], ou seja que,
1,3 = 1 + 𝛌(620 – 500). Conclui-se portanto que, o valor de 𝛌 que é coerente com
a hipótese de o equilíbrio de longo prazo ser atingido no período 1 é de 0,0025.
172
IX. CRESCIMENTO ECONÓMICO
As teorias do crescimento económico concentram-se na discussão de estratégias
de longo prazo, analisando as medidas que devem ser adoptadas, para um crescimento
económico equilibrado e sustentável.
Essas teorias têm como foco os determinantes da oferta agregada (AS) ou
produção agregada de longo prazo e supõe-se que, os recursos estejam plenamente
empregados, analisando o comportamento do produto potencial da economia.
9.1. Crescimento vs Desenvolvimento
173
9.3. Modelos de Crescimento Económico
174
9.3.2. Modelo de Robert Solow
Da equação anterior, se a poupança e, por isso, o investimento σf(k) for maior que
a depreciação δk então, o stock de capital por trabalhador (k) aumenta. Por outro se o
investimento for inferior a depreciação então, o stock de capital por trabalhador decresce.
O stock de capital (k) tenderá para o ponto de equilíbrio (k*, y*) em que todas as
variáveis do modelo crescerão a taxas constantes e y* = f(k*) representará o “estado
estacionário”.
Portanto, o modelo de Solow mostra que: se i) a função de produção tem
rendimentos constantes à escala, ii) rendimentos decrescentes para um factor variável, e
iii) parâmetros σ e δ constantes, então a longo prazo o rácio capital-trabalho tem um nível
k* e o rendimento percapita y*. Neste equilíbrio em estado estacionário a taxa de
crescimento tanto de k como de y é nulo.
175
GRÁFICO 24-EQUILÍBRIO NO ESTADO ESTACIONÁRIO
18
Hipótese de trabalho.
176
manter-se constante quando a força de trabalho (L) cresce, então, k deverá crescer à
mesma taxa de L (n).
O montante do novo capital por trabalhador será igual ao crescimento da
população multiplicada pelo stock de capital por trabalhador.
ΔK = i – δk – nk ⇒ Δk = σf(k) - (δ+n)k
Como já referido, a consideração de n altera o estado estacionário de k. Se n > 0,
o equilíbrio no estado estacionário ocorre no nível abaixo da situação inicialmente
estudada.
O investimento não sofre do efeito de rendimentos decrescentes se ocasionar um
aumento do stock de capital na mesma proporação da força de trabalho. Admitindo
rendimentos constantes à escala (se todos factores aumentam a mesma escala, o produto
também aumenta na mesma proporção), o produto total (Y) aumenta, mas o crescimento
é medido em termos percapita (y), significando que, o crescimento da população não
implica um crescimento económico permanente (Δy = Δk = ΔL = n; Δy = Δk = 0).
Impacto do Progresso Tecnológico no Modelo de Solow
19
O Resíduo de Solow é usada para a quantificação do progresso tecnológico (estimativa ou aproximação),
considerado exógeno ao modelo.
177
GRÁFICO 25-ALTERAÇÕES DO EQUILÍBRIO NO ESTADO ESTACIONÁRIO
178
FIGURA 8-CAIXA NEGRA DA TECNOLOGIA
179
O gráfico nº25, representa a curva em forma de S da tecnologia, mostrando as
principais características do progresso tecnológico. Na fase inicial, uma nova ideia
expande-se lentamente, depois começa a ser aplicada frequente e amplamente, à medida
que a sua aceitação for maior, atingindo a sua difusão total. Portanto, a capacidade de
criar novas tecnologias depende da tecnologia já acumulada, tornando o processo
tecnológico como processo de crescimento com trajectória regular e contínua ligada ao
passado.
20
P&D significa Pesquisa e Desenvolvimento. Muitos modelos que seguem esta aboradagem consideram
o modelo Shumperiano da criação destruidora.
21
Adam Smith, falara da divisão do trabalho e especialização, tendo notado que os trabalhadores se tornam
mais eficientes se se concentrarem em poucas tarefas, isto é, a especialização aumenta o aprender-fazendo.
180
Considerando que a eficiência está directamente relacionado com a produção,
através da expressão E=BY, em que B é uma constante maior de zero, substituindo na
função 𝒀 = 𝑲𝜶 (𝑬𝑳)𝟏−𝜶 , tem-se:
𝑌 𝑌𝛼
𝑌 = 𝐾 𝛼 (𝐵𝑌𝐿)1−𝛼 ⇒ 1−𝛼 = 𝐵1−𝛼 𝐾 𝛼 𝐿1−𝛼 ⇒ 𝑌 ∗ = 𝐵1−𝛼 𝐾 𝛼 𝐿1−𝛼
𝑌 𝑌
Admitindo que o crescimento da população é nulo, então L é constante. Elevando
todos membros da equação por 1/α e designando a parte constante por A, tem-se:
1/𝛼 1 1 1
𝑌 (𝛼) = (𝐵1−𝛼 𝐾 𝛼 𝐿1−𝛼 )𝛼 ⇒ 𝑌 = 𝐾(𝐵1−𝛼 𝐿1−𝛼 )𝛼 ⇒ 𝒀 = 𝑨𝑲, onde A=(𝐵1−𝛼 𝐿1−𝛼 )𝛼.
Portanto, o acto de produzir gera externalidade de tecnologias que compensam os
rendimentos decrescentes, permitindo um crescimento económico permanente. Os
modelos AK de externalidades do progresso tecnológico representam um grande avanço
a visão simplista do modelo de Solow.
Paul Romer, desenvolveu modelos de crescimento endógeno baseados na
hipótese de que o crescimento económico é determinado por empresários que investem
em actividades de I&D com o intuito de obtenção de lucros. Neste modelo, o empresário
só investe em P&D numa situação de conseguir o “Mark up” maior e, portanto, só as
maiores empresas (monopólios) são capazes de propiciarem a inovação. Afirmava
Shumpter que as actividades inovadoras só teriam lugar se o “lucro do monopólio” fosse
suficiente para cobrir os custos da inovação, pelo que, quanto maior for o lucro, maior
será a capacidade para inovar.
Em conclusão, no modelo de crescimento tecnológico endógeno, o lucro, a oferta
de trabalho, a eficiência das actividades de I&D e a taxa de juro determinam o número de
inovações por ano. Assim, enquanto o modelo de Solow só descreve o estado estacionário
no qual o crescimento económico é nulo, os modelos endógenos de progresso tecnológico
descrevem o processo através do qual ocorrerá crescimento económico no longo prazo.
181
9.4. Exercícios Resolvido
182
𝐾 𝑎
𝑤 = (1 − 𝛼) (𝑁) , tem-se que as remunerações totais do trabalho será dado por wN,
substituindo w, vem:
𝐾 𝑎
𝑤𝑁 = (1 − 𝛼) (𝑁) ∗ 𝑁 = (1 − 𝛼)𝐾 𝛼 𝑁1−𝛼 . Logo, a parte do trabalho no rendimento
𝑤𝑁
será dado por , substituindo wN, vem:
𝑌
𝑤𝑁 (1 − 𝛼)𝐾 𝛼 𝑁 1−𝛼
= = 1 − 𝛼.
𝑌 𝐾 𝛼 𝑁1−𝛼
De forma semelhante, sendo a remuneração real de capital, r, igual à produtividade
marginal desse factor, tem-se, para a parte do capital no rendimento, assim vem:
𝜕𝐹 𝐾 𝛼−1 𝑟𝐾
𝑟 = 𝜕𝐾 ⇒ 𝑟 = 𝛼 (𝑁) , substituindo r em , tem-se:
𝑌
𝐾 𝛼−1
𝑟𝐾 𝛼( ) 𝐾 𝛼𝐾𝛼 𝑁 1−𝛼
𝑁
= = = 𝛼, as partes do capital e do trabalho no rendimento igualam
𝑌 𝑌 𝐾𝛼 𝑁 1−𝛼
as respectivas elasticidades-produto.
2. Considere a seguinte função de produção:
𝑌 = 𝑁 0,2 𝐾 0,8. Se os custos dos factores de produção capital e trabalho forem 4 e 2,
respectivamente e o produtor dispuser de 400 unidades monetárias:
a) Define taxa marginal de substituição técnica (TMST).
b) Determine a produção Y, correspondente à utilização óptima dos factores
considerados.
c) O que entende por produtividade marginal de um factor?
Resolução:
a) A taxa marginal de substituição técnica (TMST) trata-se de um rácio que permite
calcular a taxa com que uma empresa pode substituir um factor produtivo por
outro, mantendo o mesmo nível de produção. A taxa marginal de substituição é
igual ao quociente entre as produtividades marginais do trabalho e do capital.
A TMST corresponde ao número de unidades de capital que têm de ser sacrificadas por
uma unidade a mais de trabalho, mantendo-se inalterável a produção. Neste caso, o nível
𝑃𝑚𝑔𝑁 𝑤 𝑃𝑚𝑔𝑁 𝑃𝑚𝑔𝐾
de produção óptimo corresponde à = 𝑜𝑢 = .
𝑃𝑚𝑔𝐾 𝑟 𝑤 𝑟
A produção óptima atinge-se quando aquilo que se obtém por usar mais uma unidade
adicional de trabalho, a dividir pelo custo que tem essa unidade adicional do trabalho, for
idêntico para o capital e para os outros factores.
b) Para determinar a produção Y, correspondente à utilização óptima dos factores
capital e trabalho, deverão ser determinadas primeiro as quantidades óptimas e
depois substituídas na função produção dada. Assim, vem:
𝑃𝑚𝑔𝑁 𝑤 (𝑁 0,2 𝐾 0,8 )´𝑁 2 0,2𝑁 −0,8 ∗ 𝐾 0,8
= =
{ 𝑃𝑚𝑔𝐾 𝑟 ⇒ { (𝑁 0,2 𝐾 0,8 )´
𝐾 4 ⇒ {𝑁 0,2 ∗ 0,8𝐾 −0,2 = 0,5 ⇒
𝐶 = 𝑤∗𝑁+𝑟∗𝐾 400 = 2 ∗ 𝑁 + 4 ∗ 𝐾 _______________________
183
0,2 𝑁 −0,8 ∗ 𝐾 0,8 0,2 𝐾 0,2 ∗ 𝐾 0,8 𝐾
{ ∗ 0,2 −0,2
= 0,5 ⇒{ ∗ 0,2 0,8
= 0,5 ⇒ { 0,25 ∗ = 0,5 ⇒
0,8 𝑁 ∗ 𝐾 0,8 𝑁 ∗ 𝑁 𝑁
_________________________ _________________________ _________________________
Resolução:
a) O produto por trabalhador é função do capital por trabalhador, assim vem:
1 1 1
𝑌 𝐾2 ∗ 𝑁2 𝐾 2 1
𝑦= ⇒𝑦= ⇒ 𝑦 = ( ) ⇒ 𝑦 = (𝑘)2 ⇒ 𝑦 = 𝑓(𝑘).
𝑁 𝑁 𝑁
A equação dinâmica fundamental escreve-se, para esta economia como:
1
𝑑𝑘 𝑑𝑘
= 𝜎𝑓(𝑘) − (𝑛 + 𝛿)𝑘, 𝑜𝑢 𝑠𝑒𝑗𝑎, 𝑘 ∗ = ⇒ 𝑘 ∗ = 0,24𝑘 2 − 0,06𝑘.
𝑑𝑡 𝑑𝑡
∗
No estado estacionário, tem-se que 𝑘 = 0.
1 1
0,06𝑘
Logo, 0,24𝑘 2 − 0,06𝑘 = 0 ⇒ 0,24𝑘 2 = 0,06𝑘 ⇒ √𝑘 = ⇒ √𝑘 = 0,25𝑘 ⇒ 𝑘 =
0,24
0,0625𝑘 2 ⇒ 𝑘 − 0,0625𝑘 2 = 0 ⇒ 𝑘(1 − 0,0625𝑘) = 0, aplicando a lei do anulamento
do produto, vem:
184
−1
𝑘 = 0 𝑉 1 − 0,0625𝑘 = 0 ⇒ −0,0625𝑘 = −1 ⇒ 𝑘 = −0,0625 ⇒ 𝑘 = 16, conclui-se
1
que 𝑘 = 16. Da função de produção, resulta que 𝑦 = 𝑘 2 ⇒ 𝑦 = √16 ⇒ 𝑦 = 4.
𝐾 50
b) O capital por trabalhador no ano 0 iguala 𝑘0 = 𝑁0 ⇒ 𝑘0 = 10 ⇒ 𝑘0 = 5 e o
0
1
produto por trabalhador corresponde à 𝑦0 = 𝑘0 ⇒ 𝑦0 = (5)0,5 ⇒ 𝑦0 = 2,236,
2
4. A empresa SKF, com actividade num mercado de concorrência perfeita, produz o seu
𝐾𝑁
único produto consoante a seguinte função produção 𝑌 = √𝐾2 . O preço do capital
+𝑁2
é de 64 unidades monetárias e do trabalho é de 27 unidades monetárias.
𝑁3 𝐾3
As produtividades marginais são expressas por 𝑃𝑚𝑔𝐾 = √𝐾2 +𝑁2
𝑒 𝑃𝑚𝑔𝑁 = √𝐾2 +𝑁2
.
a) Quais as quantidades que devem ser utilizadas de cada factor para produzir 24
unidades?
b) Quais os consumos óptimos de inputs se a empresa produzir 30 unidades?
185
c) Qual a função de custo da empresa? Qual o preço de equilíbrio desse mercado?
Resolução:
𝑃𝑚𝑔𝑁 𝑃𝑚𝑔𝑁 𝑤
a) Como 𝑇𝑀𝑆𝑇𝑁𝐾 = 𝑃𝑚𝑔𝐾 ⇒ 𝑃𝑚𝑔𝐾 = 𝑟 , vem:
𝐾 3 27 3
(𝑁) = 64 ⇒ 𝐾 = 4 ∗ 𝑁. Portanto, para produzir 24 unidades do produto, devem utilizar-
se os factores em quantidades que satisfaçam:
3
𝐾= ∗𝑁
4 𝐾 = 30
𝐾𝑁 ⇒{
𝑁 = 40
24 =
{ √𝐾 2 + 𝑁 2
b) A função produção tem rendimentos constantes à escala:
(𝜆𝐾)∗(𝜆𝑁) 𝜆2 𝐾𝑁 𝜆2 𝐾𝑁 𝜆𝐾𝑁
= √𝜆2 = = √𝐾2
√(𝜆𝐾)2 +(𝜆𝑁)2 𝐾 2 +𝜆2 𝑁2 𝜆√𝐾2 +𝑁 2 +𝑁2
∆𝑌 = 𝑌1 − 𝑌0 ⇒ ∆𝑌 = 30 − 24 ⇒ ∆𝑌 = 6.
∆𝑌 6 ∆𝑌 ∆𝑌
= 24 ⇒ = 0,25 ∗ 100 ⇒ = 25% . Se a produção aumentar 25%, o capital e o
𝑌 𝑌 𝑌
trabalho aumentam em:
3
𝐾= ∗𝑁
4 𝐾 = 37,5
𝐾𝑁 ⇒{
𝑁 = 50
30 =
{ √𝐾 2 + 𝑁 2
∆𝐾 = 𝐾1 − 𝐾0 ⇒ ∆𝐾 = 37,5 − 30 ⇒ ∆𝐾 = 7,5.
∆𝐾 7,5 ∆𝑌 ∆𝐾
= ⇒ = 0,25 ∗ 100 ⇒ = 25%, o capital aumentar 25%.
𝐾 30 𝑌 𝐾
∆𝑁 = 𝑁1 − 𝑁0 ⇒ ∆𝑁 = 50 − 40 ⇒ ∆𝐾 = 10.
∆𝑁 10 ∆𝑁 ∆𝑁
= 40 ⇒ = 0,25 ∗ 100 ⇒ = 25%, o trabalho também aumentar 25%.
𝑁 𝑁 𝑁
186
a) Calcule o valor do capital e do produto por unidade eficiente de trabalho no longo
prazo.
b) Mostre que a taxa de crescimento do produto por trabalho no longo prazo iguala
a taxa de progresso técnico.
c) Suponha que a taxa de poupança aumenta para 25%, calcule o impacto deste
aumento sobre o valor do produto por trabalho e a sua taxa de crescimento no
longo prazo.
Resolução:
a) O produto por unidades eficientes de trabalho é função do capital por unidades
eficientes de trabalho. Assim, vem:
1 2 1
𝑌 𝐾 3 ∗ (𝐸𝑁)3 𝐾 3 1
𝑦= ⇒𝑦= ⇒ 𝑦 = ( ) ⇒ 𝑦 = 𝑘 3 = 𝑓(𝑘)
𝐸𝑁 (𝐸𝑁) 𝐸𝑁
Com progresso técnico, a equação dinâmica fundamental é:
𝑑𝑘
= 𝜎𝑓(𝑘) − (𝑛 + 𝛿 + 𝑥)𝑘, ou seja, neste caso:
𝑑𝑡
1 1
𝑑𝑘 𝑑𝑘
= 0,2𝑘 3 − (0,01 + 0,04 + 0,03)𝑘⇒ = 0,2𝑘 3 − 0,08𝑘, onde x é a taxa do
𝑑𝑡 𝑑𝑡
progresso técnico.
1
𝑑𝑘 3 3 0,08𝑘 3
= 0 ⇒ 0,2𝑘 3 − 0,08𝑘 = 0 ⇒ 0,2√𝑘 =0,08k ⇒ √𝑘= ⇒ √𝑘= 0,4k
𝑑𝑡 0,2
187
1 1
Assim, agora resulta que 𝑘 = 5,524 e que 𝑦𝐹 = 𝑘 3 ⇒ 𝑦𝐹 = (5,524)3 ⇒ 𝑦𝐹 = 1,768. No
longo prazo, o produto por unidades eficientes de trabalho, e consequentemente o nível
do produto por trabalhador, aumenta em cerca de:
𝑦1 −𝑦0 1,768−1,581 0,187
∆𝑦 = ⇒ ∆𝑦 = ⇒ ∆𝑦 = 1,571 ⇒ ∆𝑦 = 0,118 ∗ 100 ⇒ ∆𝑦 = 11,8%.
𝑦0 1,581
𝑘1 −𝑘0 5,524−3,953 1,571
∆𝑘 = ⇒ ∆𝑦 = ⇒ ∆𝑘 = 3,953 ⇒ ∆𝑘 = 0,397 ∗ 100 ⇒ ∆𝑘 = 39,7%.
𝑘0 3,953
0,09𝑘
0,2𝑘 0,5 − 0,09𝑘 = 0 ⇒ 0,2√𝑘 = 0,09𝑘 ⇒ √𝑘 = ⇒ √𝑘 = 0,45𝑘 ⇒
0,2
𝑘 = −0,2025𝑘 2 ⇒ 0,2025𝑘 2 − 𝑘 = 0 ⇒ 𝑘(0,2025𝑘 − 1) = 0. Aplicando a lei de
anulamento do produto, vem:
1
𝑘 = 0 𝑉 0,2025𝑘 − 1 = 0 ⇒ 0,2025𝑘 = 1 ⇒ 𝑘 = ⇒ 𝑘 ∗ = 4,93.
0,2025
Com base na função produção por trabalhador, tem-se 𝑦 = (𝑘)0,5 ⇒ 𝑦 = (4,93)0,5 ⇒
𝑦 ∗ = 2,22.
𝑑𝑘
> 0, isto é, o capital por trabalhador e o produto por trabalhador tendem a aumentar
𝑑𝑡
até atingirem os valores de longo prazo (k* = 4,93 e y* = 2,22).
A variação do capital por trabalhador será:
188
𝑑𝑘 𝑑𝑘 𝑑𝑘
= 𝜎𝑦 − (𝛿 + 𝑛)𝑘 ⇒ = 0,2𝑦 − (0,08 + 0,01)𝑘 ⇒ = 0,2𝑘 0,5 − 0,09𝑘 ⇒
𝑑𝑡 𝑑𝑡 𝑑𝑡
𝑑𝑘 𝑑𝑘
= 0,2 ∗ (4,93)0,5 − 0,09 ∗ 4,93 ⇒ = 0,00037 = ∆𝑘.
𝑑𝑡 𝑑𝑡
189
a) A função de produção é neoclássica? Justifique.
b) Se a taxa de poupança for de 10%, a população se mantiver constante e o capital
se depreciar à taxa de 4%, qual é a taxa de crescimento do produto por habitante?
c) Que sucede se a taxa de poupança aumentar para 15%?
d) O crescimento desta economia é endógeno ou exógeno? Porquê?
Resolução:
a) A função de produção dada não é neoclássica. A produtividade marginal do capital
𝜕𝑌
não é decrescente, ou seja, é constante e igual a 0,8, ou seja 𝜕𝐾 = (0,8𝐾)´ = 0,8.
190
𝐴 𝐴
𝑦1989+𝑡 = 𝑦1989 𝑒 0,031𝑡
Para Portugal:
𝑃 𝑃
𝑦1989+𝑡 = 𝑦1989 𝑒 0,019𝑡
Em que t é o número de anos após 1989.
O PIB por habitante angolano em relação ao valor português é então dado por:
𝑦𝐴1989+𝑡 𝑦𝐴1989 𝑒0,031𝑡 𝑦𝐴1989+𝑡 𝑦𝐴1989 (0,031𝑡−0,019𝑡)
= ⇒ = ∗𝑒 ⇒
𝑦𝑃1989+𝑡 𝑦𝑃1989 𝑒0,019𝑡 𝑦𝑃1989+𝑡 𝑦𝑃1989
𝑦𝐴 𝑦𝐴
1989 0,012𝑡 𝑦𝐴
⇒ 1989+𝑡
= 𝑒 ⇒ 𝑦1989+𝑡 = 0,414𝑒0,012𝑡 .
𝑦𝑃
1989+𝑡 𝑦𝑃
1989
𝑃
1989+𝑡
𝑦𝐴
1989+𝑡
Pretende-se calcular t tal modo que = 0,9, substituindo em
𝑦𝑃
1989+𝑡
𝑦𝐴
1989+𝑡
= 0,414𝑒0,012𝑡 , vem:
𝑦𝑃
1989+𝑡
191
𝑙𝑛2 ∗ 𝑒 0,46 = 𝑙𝑛𝑒 20∗𝑥 ⇒ 𝑙𝑛2 + 0,46𝑙𝑛𝑒 = 20𝑥𝑙𝑛𝑒 ⇒ 0,693 + 0,46 = 20𝑥 ⇒
1,153
⇒ 20𝑥 = 1,153 ⇒ 𝑥 = = 0,058 ∗ 100 = 5,8%, ∴ 𝑥 = 5,8%.
20
b) De forma análoga a alínea anterior, tem-se:
Neste caso, deve-se apenas fazer t = 50. Assim vem:
2 ∗ 𝑒 0,023∗𝑡 = 𝑒 𝑥∗𝑡 ⇒ 2 ∗ 𝑒 0,023∗50 = 𝑒 𝑥∗50 ⇒ 2 ∗ 𝑒 1,15 = 𝑒 50𝑥 . Aplicando logaritmo
natural em ambos os membros, vem:
𝑙𝑛2 ∗ 𝑒 1,15 = 𝑙𝑛𝑒 50𝑥 ⇒ 𝑙𝑛2 + 1,15𝑙𝑛𝑒 = 50𝑥𝑙𝑛𝑒 → 0,693 + 1,15 = 50𝑥 ⇒
1,843
⇒50𝑥 = 1,843 ⇒ 𝑥 = = 0,037 ∗ 100 = 3,7%, ∴ 𝑥 = 3,7%.
50
1 1
10. Considere a função de produção 𝑌 = 𝐾 2 ∗ 𝑁 2 , no modelo de Solow, onde Y
representa o produto, K o stock de capital e N a mão-de-obra.
a) Prove que esta função tem retornos constantes de escala.
b) Encontre a função de produção per capita.
c) Ache o nível de capital per capita do estado estacionário, considerando uma taxa
de poupança igual a 0,35 e uma taxa de depreciação igual a 0,10.
Resolução:
a) Para que a função em questão tenha retornos constantes de escala,
1 1
1 1 1 1 𝜆2 (𝐾2 )(𝑁 2 ) 1 1
𝜆𝑌 = (𝜆𝐾 ) (𝜆𝑁 ) ⇒ 𝜆𝑌 = 𝜆2 (𝐾 ) (𝑁 ) ⇒ 𝑌 =
2 2 2 2 ⇒ 𝑌 = 𝜆𝐾 2 ∗ 𝑁 2 , o
𝜆
que é facilmente verificado.
1 1 1
1
𝑌 𝐾 2 ∗𝑁 2 𝐾 2
b) Neste caso, tem-se: =𝑦=( )= (𝑁 ) = 𝑘2.
𝑁 𝑁
192
Considerando que o objectivo da autoridade pública consiste em maximizar o bem-estar
da população (maximizando o consumo), que taxa de poupança ele escolheria para tal
objectivo seja alcançado no estado estacionário?
Resolução:
1
Sabe-se que ∆𝑘 = 𝜎𝑓(𝑘) − (𝛿 + 𝑛 + 𝑥)𝑘 ⇒ 𝜎𝑘 2 − (0,1 + 0 + 0)𝑘 = 0 ⇒
1 1 0,1𝑘 0,01𝑘 2
𝜎𝑘 2 − 0,1𝑘 = 0 ⇒ 𝜎𝑘 2 = 0,1𝑘 ⇒ √𝑘 = ⇒𝑘= ⇒ 𝜎 2 𝑘 = 0,01𝑘 2 ⇒
𝜎 𝜎2
𝜎 2 𝑘 − 0,01𝑘 2 = 0 ⇒ 𝑘(𝜎 2 − 0,01𝑘) = 0. Aplicando a lei do anulamento do produto,
vem:
2
−𝜎 2 2
𝑘 = 0 𝑉 𝜎 − 0,01𝑘 = 0 ⇒ −0,01𝑘 = −𝜎 ⇒ 𝑘 = ⇒ 𝑘 ∗ = 100𝜎 2 .
−0,01
Suponha-se c = y – i´, onde c representa o consumo per capita, y o produto per capita e i´
o investimento per capita. Então: i´ = 𝛿𝑘 ∗ ⇒ 𝑖´ = 0,1 ∗ 100𝜎 2 ⇒ 𝑖´ = 10𝜎 2 . Calculando
c, vem:
1 1
c =𝑘 2 − 10𝜎 2 ⇒ 𝑐 = (100𝜎 2 )2 − 10𝜎 2 ⇒ 𝑐 = √100𝜎 2 − 10𝜎 2 ⇒ 𝑐 = 10𝜎 − 10𝜎 2 .
𝜕𝑐
Derivando c em relação a 𝜎, tem-se =10-20𝜎, igualando este resultado a zero, vem:
𝜕𝜎
−10
10-20𝜎=0⇒ -20𝜎 = −10⇒ 𝜎 = −20 ⇒ 𝜎 = 0,5, substituindo em 𝑘 ∗ = 100𝜎 2 , então,
vem:
𝑘 ∗ = 100 ∗ 0,52 ⇒ 𝑘 ∗ = 25, esse equilibrio é denominado na literatura económica como
nível óptimo de acumulação de capital, também conhecido como “Regra de Ouro”.
Observação: i´ = 𝛿𝑘 ∗ ; i´ = 𝜎𝑦 ou ainda i´ = 𝜎𝑓(𝑘).
y = c + i´⇒ y = c+ 𝜎y ⇒ c = y – 𝜎y = c ⇒ c = (1 - 𝜎)𝑦.
12. Considere uma economia com a seguinte função de produção: 𝑌 = 0,5𝐾 0,5 ∗ 𝑁 0,5. A
população cresce a uma taxa anual de 2%, a taxa de poupança por trabalhador é de
2% e a depreciação é inexistente. Utilizando o modelo de crescimento de Solow,
calcula-se a relação capital-trabalho no steady state.
Resposta:
Para este caso, sabe-se que no modelo de crescimento de solow, para uma função de
1
∗ 𝜆𝜎 1−𝛼
Cobb-Douglas, 𝑘 = ( ) . Então tem-se:
𝑛+𝛿
1 1
∗
𝜆𝜎 1−𝛼 ∗
0,5 ∗ 0,02 1−0,5 1 2 1
𝑘 =( ) ⇒ 𝑘 = [( )] ⇒ 𝑘 = ( ) ⇒ 𝑘∗ = .
∗
𝑛+𝛿 0,02 + 0 2 4
Nota:
1
∗ 𝜆𝜎 1−𝛼
Demostrando que 𝑘 = ( ) , para uma função do tipo 𝑌 = 𝜆𝐾 𝛼 ∗ 𝑁1−𝛼 , vem:
𝑛+𝛿
193
𝐾 𝛼
𝑘 = 𝜆 (𝑁) 𝑒 Δ𝑘 = 𝜎𝑓(𝑘) − (𝑛 + 𝛿)𝑘, então: Δ𝑘 = 𝜎𝑓(𝑘) − (𝑛 + 𝛿)𝑘 ⇒
𝐾 𝛼 𝐾
𝜎𝜆 (𝑁) − (𝑛 + 𝑑)𝑘 = ∆𝑘. No estado estacionário ∆𝑘 = 0 e sabe-se que que 𝑘 = 𝑁,
𝜎𝜆 𝑘
assim vem: 𝜎𝜆𝑘 𝛼 − (𝑛 + 𝛿)𝑘 = 0 ⇒ 𝜎𝜆𝑘 𝛼 = (𝑛 + 𝛿)𝑘 ⇒ (𝑛+𝛿) = 𝑘 𝛼 ⇒
1
𝜎𝜆 1−𝛼 𝜎𝜆 𝜎𝜆 1−𝛼
= 𝑘1−𝛼 ⇒ √ = 𝑘∗ ⇒ 𝑘∗ = ( ) 𝑐. 𝑞. 𝑑.
(𝑛 + 𝛿) 𝑛+𝛿 𝑛+𝑑
13. Considere o modelo de crescimento de Solow, com função de produção dada por 𝑌 =
1 1
𝐾 2 ∗ 𝑁 2 , sendo Y = produto, K = stock de capital, N = número de trabalhadores. Nessa
economia, a população cresce a uma taxa constante igual a 5%, a taxa de depreciação
do stock de capital é de 5%, e a taxa de poupança por trabalhador é de 20%. Calcule
o valor do salário real no estado de crescimento equilibrado.
Respostas:
1 1
𝑌 𝐾
Sabe-se que 𝑌 = (𝐾𝑁)2 ⇒ 𝑦 = ( ) = 𝑘 2 , onde 𝑘 = . A equação de movimento para o
𝑁 𝑁
capital no modelo de Solow sem progresso técnico é: ∆𝑘 = 𝜎𝑦 − (𝑛 + 𝛿)𝑘.
No estado estacionário, é sabido que ∆𝑘 = 0. Assim, vem:
1
𝜎 2 0,2 2
𝜎𝑘 2 = (𝑛 + 𝛿)𝑘 ⇒ 𝑘 = (𝑛+𝛿) , ou 𝑘 ∗ = (0,05+0,05) ⇒ 𝑘 ∗ = 4.
Para determinar o salário real no estado estacionário, basta recordar que sob hipótese da
concorrência perfeita subjacente às premissas básicas do modelo de Solow, tem-se que:
1
𝜕𝑌 𝑊 𝑊 1 𝐾 2 1 1 1 1
≡ 𝑃𝑀𝑔𝑁 = ⇒ = 𝑤 = ( ) ⇒ 𝑤 = ∗ (𝑘)2 ⇒ 𝑤 = ∗ (4)2 = 1.
𝜕𝑁 𝑃 𝑃 2 𝑁 2 2
194
X. ESCOLAS DO PENSAMENTO MACROECONÓMICO
10.1. Introdução
195
10.3. Síntese Neoclássica
196
de políticas não têm conhecimento suficiente para tomarem as decisões certas, para isso
deviam ser implementadas regras mais simples como o crescimento constante da moeda,
em vez de políticas de estímulo da procura agregada. O debate sobre o papel da política
económica na estabilização da economia ainda não está resolvido.
A teoria das expectativas racionais foi mais do que uma crítica a macroeconomia
keynesiana. Forneceu uma interpretação própria as flutuações do produto baseada nas
imperfeições dos mercados de trabalho e no ajuste lento de salários e preços.
Robert Lucas, considerou que os macroeconomistas deveriam ver até que ponto
podiam explicar as oscilações na actvidade económica como efeitos de choques nos
mercados competitivos com preços e salários totalmente flexíveis. Esta nova abordagem,
liderada por Edward Prescott, e seus seguidores considerados “Novos Clássicos”, baseado
em modelos dos ciclos económicos reais (real businesss cicle-RBC), tem como duas
premissas fundamentais:
i. Metodologicamente, os modelos macroeconómicos deveriam ser
concebidos em fundamentos microeconómicos de maximização de
utilidades pelos trabalhadores, maximização de lucros pelas empresas e
expectativas racionais dos respectivos agentes económicos;
197
ii. As flutuações poderiam ser interpretadas como tendo origem em choques
tecnológicos nos mercados competitivos com preços e salários totalmente
flexíveis.
198
10.9. Convicções Comuns e Divergências
199
BIBLIOGRAFIA
200