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5 C. Giraudo - in Unum Corpusprefacio Da Segunda Ed. PT
5 C. Giraudo - in Unum Corpusprefacio Da Segunda Ed. PT
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Eucarístico sobre o Novo Testamento, prossegue sem sentir a necessidade de se
referir novamente à Escritura. Então, o estudioso se detém longamente sobre os
Padres e sobre a teologia helenista da imagem, por eles lida e relida.
A este respeito, com frequência, os autores consideram a noção de símbolo
real um produto exclusivo da filosofia platônica, e, portanto, como algo que a
cultura bíblico-semítica não teria conhecido. Da visão ágil que os Padres tinham
do fato sacramental, passa-se então a analisar e a avaliar a contribuição do
pensamento alemão, caracterizado por uma aproximação de tipo
prevalentemente dialética e pragmática. A esta altura, abre-se o caminho que
conduz às discussões apaixonadas sobre a entidade e sobre o modo da presença
real. Aquele caminho que de Radberto e Ratramno, em vigorosa reação à
Berengário e, mais tarde, à Reforma, conduz ao Concílio de Trento. Do exame
da doutrina tridentina, que definiu o “como e o porquê” da presença real, o
manualista procura abrir caminho em meio àquele emaranhado de teses e
contra-teses que se propuseram a explicar o “como e o porquê” do sacrifício da
missa. Chegados ao fim do percurso, concluem o tratado formulando sua
proposta sobre tal questão, ainda aberta.
Mas o que podemos dizer do método progressivo? Trata-se de um método
histórico, que sofre dos limites próprios da história entendida como prestação de
contas do desenvolvimento cronológico. De um modo particular, ele se arrisca
ao considerar a Sagrada Escritura como um “momento que pertence ao
passado”, e que nos refere historicamente à instituição da Eucaristia. A teologia
bíblica intervém neste gênero de tratados de uma maneira que faz pensar na
Escritura como algo passageiro ou provisório. Ela é, na verdade, inserida ao
modo de prolegômenos, ou seja, de uma introdução que é preciso fazer, mas,
que depois, sob a insistente pressão da argumentação, temos o direito de
ignorar.
A outra grande fraqueza do método histórico progressivo, que é também
compartilhada pelo método estático regressivo, é ausência de um referimento
privilegiado e sistemático à “norma normata normans”, que é a fé rezada ou lex
orandi, a qual, governada - “normata” - pela Sagrada Escritura - “norma non
normata normans”, governa, por sua vez, a fé crida ou lex credendi. É
justamente esta atenção que caracteriza um terceiro método para o estudo e o
ensinamento do mistério Eucarístico: o método mistagógico, seguido pelos
Padres da Igreja.
Os Padres - apesar de não carecerem de talento dialético quando avaliam
com fineza as noções de pessoa e de natureza inquirindo sobre o mistério
trinitário e sobre a encarnação do Verbo -, tão logo começam a tratar dos
sacramentos, em particular da Eucaristia, não sabem se exprimir de outro modo
que fazendo referência ao momento da celebração litúrgica. Aos seus olhos, o
mistério sacramental não pode se tornar objeto de uma especulação teórica e
sistemática. Para Ambrósio de Milão, Cirilo de Jerusalém, Teodoro de
Mopsuéstia e seus numerosos colegas do Oriente do Ocidente, a única
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especulação possível sobre o fato sacramental é indissociável da observação da
oração da Igreja que celebra.
Os históricos do dogma conhecem bem a autoridade indiscutível atribuída,
ao longo de todo o período patrístico, à lex orandi. Ela era mestra de fé, era a
referência constantemente segura para todos aqueles que, mesmo não
professando sempre a mesma fé, rezavam, porém, segundo a mesma regra. De
qualquer maneira, sabe-se que a lex orandi não é estranha à Sagrada Escritura,
pelo contrário, conduz à Sagrada Escritura, nutre-se das Escrituras, do mesmo
modo que a veiculou nos diversos estágios de sua formulação inspirada, seja
vétero que neotestamentária. Nas orações eucarísticas, e é justamente a oração
eucarística que nos interessa, a Sagrada Escritura jamais é citada por versículos
ou hemistíquios; nunca intervém em forma de prolegômenos, ou de um
“confirmatur e Scriptura”. Pelo contrário, é de casa, domina o discurso orante,
atravessa-o e o vivifica.
Sabe-se que a nossa compreensão da Eucaristia, por mais de mil anos, é
enferma de distinções e subdistinções, orientada constitucionalmente a
descobrir ideias sempre mais claras e mais distintas, que intencionam seccionar
o mistério, como se ele fosse uma entidade física. Então, porque não curar este
mal-estar? Porque não tornar a respirar a plenos pulmões o ar fresco que sopra
da teologia kath’holom, ou seja, global e dinâmica, dos Padres, daquela teologia
que brota da oração da Igreja? Depois de nos termos saciado da teologia do
Primeiro Milênio, vamos ler então com um novo olhar também a teologia do
Segundo Milênio, para que sejamos capazes de proceder, no Milênio que é o
nosso, verso uma compreensão mais profunda do mistério Eucarístico.
Foram essas as considerações que me induziram a escolher, para as minhas
pesquisas sobre a Eucaristia, o método mistagógico, elaborado e experimentado
pelos Padres, que nos deixaram uma riquíssima produção de tratados e textos
homiléticos, aos quais eu fiz recurso abundantemente, extraindo deles passagens
iluminantes, precisas e claras.
A aplicação do método mistagógico se revelou trabalhosa, entretanto,
generosa de resultados e satisfatória para mim, e também para muitos que
tiveram a paciência de ler os meus livros bastantes pesados. Muitas vezes eu me
propus de os reduzir, mas a matéria é delicada demais para suportar cortes,
omissões e simplificações. Recorri a um método complexo, no qual, sob a guia
dos textos litúrgicos, confluiu a exegese bíblica, rabínica, patrística, dogmática.