Você está na página 1de 27

ALEXANDRA GUERRA

Ética e Pesquisas com Seres Humanos

São José do Rio Pardo

2023
ALEXANDRA GUERRA

Ética e Pesquisas com Seres Humanos

Trabalho apresentado junto ao curso de


Graduação em Psicologia da Universidade
Paulista – Campus São José do Rio Pardo,
como requisito de estudo complementar da
disciplina de Ética Profissional.

Professora:

São José do Rio Pardo

2023
RESUMO

O presente trabalho, Ética e Pesquisas com Seres Humanos, teve o intuito de analisar de uma
maneira sucinta a história da ética, e seu percurso ao longo da história no campo de pesquisas
com seres humanos, buscando compreender sua importância, seu diálogo, seus desafios, suas
descobertas e sua constante “metamorfose” por assim dizer, dentro do caminho que a ética
percorre dentro da sociedade e da psicologia.
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................... 5

2 DESENVOLVIMENTO/ 2.1 Ética e Sua História ........................................... 6-7

2.2- Ética e Psicologia- Breve Contexto Histórico ............................................ 8


3. Ética e Psicologia na Idade Média .................................................................... 9
3.1 Era Renascentista e a Psicologia................................................................ 10
3.2 Psicologia Século XIX ................................................................................ 10
4. Desdobramentos – Psicologia e Ética em Pesquisa com Seres Humanos .......... 11
4.1 Experiência de Milgram ................................................................................ 12-13
4.2 Experimento do Pequeno Albert .................................................................. 14-15
5. Holocausto em Barbacena-Brasil ................................................................... 16-17
5.1 Campus de Concentração na Alemanha ..................................................... 18-19
5.2 Experimentos cruéis do nazista Josef Mengele em Auschwitz o Anjo da
Morte ..................................................................................................................... 19-20
6. Declaração Universal dos Direitos Humanos........................................... 21-22
7. Código de Ética e Psicologia no Brasil ................................................... 23-24
8.CONCLUSÃO ............................................................................................ 25
9.BIBLIOGRAFIA ................................................................................................ 26
1- INTRODUÇÃO

No contexto, aqui apresentado ao falarmos da Ética em Pesquisa com Seres Humanos,


se faz necessário, em um primeiro momento entendermos um pouco da história da psicologia,
seus desdobramentos e correlaciona-la ao seu contexto ético para com o estudo da psyché
humana, por assim dizer.
Ao decorrer da leitura será apresentada a evolução da psicologia, no início de 700 a.C
onde tudo começou, passaremos pela era renascentista, onde tivemos um avanço das ciências,
e assim então até chegar na ética, tendo início em Sócrates onde se estabeleceu os fundamentos
da nova moral. Falaremos também do primeiro laboratório criado na Alemanha e de alguns
experimentos feitos com seres humanos, além do código de ética e alguns acontecimentos que
marcaram a psicologia no Brasil.
2 DESENVOLVIMENTO

2.1 Ética e sua História


Ilustração 1-Templo Partenon

Templo Partenon, dedicado à deusa Atenas, protetora da cidade de mesmo nome (CC0 Public Domain)

Primeiramente, se faz necessário entender o significado da palavra ética, sendo assim,


tem-se que o termo, vem do grego “ethos”, que se refere ao modo de ser do sujeito, ou ao
caráter do individuo. Na Grécia Antiga, período que coincide com o século IV. a.c, os gregos
filósofos foram os primeiros a pensar o conceito de ética, e associar a palavra ideia de moral
e cidadania. Pois enxergavam a necessidade da existência da honestidade, fidelidade e
harmonia, entre seus cidadãos, porque suas Cidades/Estados. Estavam em desenvolvimento e
era nítido o anseio por uma organização
Porém a ética não se constitui apenas em um conjunto de pequenas regras, mas sim
em princípios que passam a ser compreendidos somente no seio de uma comunidade e na
complexidade de suas relações, de suas aspirações. A história , passa a revelar que as
discussões sobre a ética se remontam ao chamado período clássico.
Assim, é no então berço da civilização ocidental (Grécia), e do modo ocidental que

6
se passa a compreender a realidade que cerca o homem. Foram os gregos que cunharam os
termos, os conceitos e as palavras nos seus significados, aos quais fazem referências aos
estudos do mundo ocidental.
E é deste senário que surgem grandes nomes como Sócrates, Platão e Aristóteles,
pensadores gregos que contestavam e doutrinavam, no campo da ética e que de um modo geral,
afirmavam que a conduta do ser humano deveria ser pautada no equilíbrio, a fim de evitar a
falta de ética, pregando ainda a virtude voltada para a mesma.
Assim, com o filósofo Sócrates, se instaura a preocupação, com ênfase ao debate
ético, no século V a.C., momento no qual se inicia um modelo de organização política, que
hoje é chamada de democracia, onde, há uma atenção voltada para o homem enquanto
cidadão, isto é, habitante de uma cidade, como espaço comum de condutas diversas que
precisam se harmonizar.
Deste modo, a ética passou por várias mudanças ao decorrer da história, o que
culminou em perspectivas diferentes, de a cordo com cada tempo histórico, com cada nova
história, com cada nação, cada tribo, cidade, país, civilização e todo e qualquer tipo de
organização humana.

7
2.2 Ética e Psicologia- Breve Contexto Histórico

Ao decorrer da história humana, diversos pensadores e doutrinadores escreveram e


teorizaram sobre Ética dentre eles: Sócrates, Platão e Aristóteles, Kant, Kierkegaard, Marx e
Nietzsche. Por ser tão importante, dentro do contexto social e humano por assim dizer.
E cada nação, ao decorrer do tempo e até chegarmos aos dias atuais, criaram dentro de
seus territórios, através de suas organizações políticas e suas visões éticos-culturais, legislações
próprias para regulamentarem normas éticas e morais com intuito de organizar suas sociedades.
E na psicologia não poderia ser diferente, e como campo de estudo, a ética tem um
papel fundamental na profissão, uma vez que se chegou à conclusão que, o psicólogo como
profissional que busca a compreensão do “ser”, do “eu”, do “homem em si mesmo”, deveria
seguir diretrizes para o faze-los, de modo ético, segundo as normas impostas.
Deste modo, pode-se dizer que a psicologia e a ética “andam de mãos dadas” e se
complementam”. De forma que a evolução da psicologia se perdura, assim como a ética, por
séculos e décadas, a partir de estudos filosóficos, sociológicos, psicológicos e éticos que
desdobram a sociedade.
Ainda, a partir deste contexto, nos primórdios do pensamento humano, como já visto
no conteúdo até então apresentado, no berço da ética, inicia-se na antiguidade, entre os gregos
a aproximadamente 700 a.c, no ápice do desenvolvimento da filosofia, da arte, e da política, a
primeira tentativa de sistematizar uma psicologia.
O próprio termo psicologia vem do grego psyché, que significa alma, e de logos, que
significa razão, então etimologicamente, psicologia significa “estudo da alma”, deste modo é
neste ponto da história, que os filósofos pré-socráticos, preocupavam-se em definir a relação
do homem com o mundo através da percepção. Discutiam “se o mundo existe porque o homem
o vê” ou se o “homem vê um mundo que já existe”.

8
3. Ética e Psicologia na Idade Média

Destarte, algumas eras depois na idade média, falar em psicologia era relacioná-la ao
conhecimento religioso, uma vez que a igreja católica monopolizava o saber e
consequentemente o estudo do psiquismo, onde Deus passa ser o centro na busca da perfeição
humana.
Deste modo, muitos estudiosos possuíam uma vinculação direta com a Igreja Católica,
como no caso de Santo Agostinho (354-430) e São Tomás de Aquino (1225-1274). A
psicologia deste período é extremamente ligada as questões religiosas, pois como dito o período
foi marcado pelo domínio da igreja, e o que não estivesse de acordo com os ensinamentos desta
instituição, era considerado heresia.
Santo Agostinho. Inspirado em Platão, pregava uma cisão entre alma e corpo,
entretanto, para ele, a alma não era somente a sede da razão, mas a prova de uma manifestação
divina no homem. A alma era imortal por ser o elemento que liga o homem a Deus. E, sendo a
alma também a sede do pensamento, a Igreja passa a se preocupar também com sua
compreensão.

9
3.1 Era Renascentista e a Psicologia

Duzentos anos à frente, na era renascentista, tem-se um grande avanço, o mercantilismo


leva a descoberta de novas terras, o caminho para as índias, a América, a rota do Pacifico, a
acumulação de riquezas, inicia-se a passagem para o capitalismo, surge uma nova estrutura
econômica, surge uma nova ciência, e neste momento há a descentralização de Deus, e o
homem passa a ser o centro de estudos, começam a se estabelecer métodos e regras básicas
para a construção do conhecimento científico.
Neste período, René Descartes, foi o filósofo que mais contribuiu para o avanço da
ciência, postulou a separação entre mente (alma e espírito), e corpo, afirmando que o homem
possui uma substância material e uma substância pensante, se passa a estudar o corpo humano
morto, o que se era impensável e considerado pecado em séculos passados, se possibilita então
o avanço da anatomia e da fisiologia, o que contribui e muito pra o progresso da psicologia.

3.2 Psicologia Século XIX


No final do século XIX, com a revolução industrial, há um impulso muito grande no
avanço da ciência, e para se conhecer o psiquismo humano, se faz necessário compreender o
funcionamento da máquina de pensar do homem- (Seu cérebro). A psicologia então começa a
trilhar os caminhos da Fisiologia, Neuroanatomia e Neurofisiologia, se tendo um foco maior
no estudo da consciência, da percepção, de estímulos e sensações e outros. Através dos
trabalhos da psicologia experimental, conduzidos na Alemanha, inicialmente por Wilhelm
Wundt, que em 1879 criou o primeiro laboratório de estudos psicológicos.

10
4. Desdobramentos – Psicologia e Ética em Pesquisa com Seres Humanos

O berço da Psicologia moderna, foi a Alemanha no final do século XIX, em 1879 criou-
se o primeiro laboratório de estudos psicológico, e através de grandes nomes como: Wundt,
Weber e Fechner, se desenvolveram variações que se estabeleceram com maior ou menor
consistência e a aplicação, o funcionalismo, o estruturalismo, o associacionismo o
behaviorismo, a gestalt e a psicanálise.
Em suma, o estruturalismo estuda a estrutura da consciência, partindo de um
determinado estimulo induzido no indivíduo, analisando e descrevendo seu estado a partir
deste.
O associacionismo, é amplamente utilizado em estudos de psicologia animal e leva em
consideração as respostas, conexões e ações tomadas a partir de um estímulo inicial.
A palavra behavior, em inglês , significa justamente comportamento, e a Gestalt
significa em termos gerais algo como forma, e tenta analisar o todo, a totalidade de indivíduos,
a partir de suas percepções do mundo que os cerca.
No entanto, algumas investigações de fenômenos ao longo da história da ciência foram
longe demais. Há casos em que os voluntários de estudos foram colocados em situações
desconfortáveis e perturbadoras, como as descritas no decorrer deste contexto.

11
4.1 Experiência de Milgram

A experiência de Milgram, foi considerada um dos experimentos mais bizarros de todos os


tempos, esse teste foi aplicado pela primeira vez pelo psicólogo Stanley Milgram, da
Universidade de Yale, em 1961.

Ilustração 2- Experimento Milgran

Homens voluntários e participantes do experimento de Milgram, em 1961 (Foto: Universidade de Yale

Manuscritos e Arquivos)

O objetivo de Milgram era averiguar como as pessoas tendem a obedecer às autoridades,


mesmo que o comando delas vá contra questões morais e éticas. Sua principal inspiração para
estudar o assunto foi o depoimento de Adolf Eichmann, um dos tenentes do exército da
Alemanha nazista durante o Holocausto, na Segunda Guerra Mundial, que afirmou que
realizava atos desumanos com judeus e outros grupos porque estava seguindo ordens.
Em termos gerais, o psicólogo queria saber: as pessoas praticam atos horríveis com
outros seres humanos ao receber um comando de autoridade?
Para averiguar a hipótese, Milgram recrutou 40 voluntários homens, entre 20 e 50 anos.
Todos eles foram apresentados a dois atores: um que representava um suposto pesquisador e
outro que fingia ser um voluntário. Posteriormente, o pesquisador “sorteava” os papéis que
cada um dos homens iria exercer – embora sempre fosse combinado que o ator que fingia ser
voluntário seria sempre o aluno.

12
O aluno era amarrado a uma cadeira com eletrodos em uma sala do laboratório e ele
deveria decorar uma lista de pares de palavras. O professor, em outra sala do laboratório,
deveria testar a memória do aluno, pedindo para que ele relembrasse as palavras associados
aos termos que pronunciava.
Cada vez que o aluno errasse, o professor era instruído pelo pesquisador a administrar
um choque elétrico no indivíduo. O nível do choque aumentava gradualmente – ia de 15 até
450 volts.
Como fazia parte do estudo, o aluno errava propositalmente grande parte das vezes.
Caso o professor se recusasse a acionar o choque elétrico, pesquisador o induzia a realizar o
ato. Logo em seguida, era possível ouvir um espasmo de dor do ator – obviamente era um choro
fingido, já que os choques não estavam sendo realizando de verdade.

O psicólogo e criador do experimento, Milgram, observou que os participantes


apresentaram sudorese profunda, tremores e gagueira, sinais que indicam perturbação
emocional. Outro sinal de tensão identificado, foram risadas nervosas, que, em alguns casos
evoluiu até para convulsões incontroláveis.

Enquanto aos resultados do estudo, o psicólogo Milgram acreditava que somente 0,1%
dos participantes administrariam todos os choques exigidos pelo pesquisador-ator. Porém,
cerca de dois terços dos voluntários foram até o fim, mesmo no ponto que o ator fingia já estar
inconsciente.

Neste sentido, há diversas pesquisas recentes que revisitam esse método de teste e, ao
que tudo indica, continuamos executando ordens sem levar em consideração questões éticas, o
que é deveras preocupante, uma vez que já nos dias de hoje, contamos com regulamentos e
normas que norteiam pesquisas com seres humanos para que barreiras éticas não sejam
ultrapassadas.

13
4.2 Experimento do Pequeno Albert

Outro exemplo de experimento, hoje, contra as normas éticas, foi a do bebê, Douglas
Merrite, criança que foi utilizada como cobaia em um teste do professor John Watson e da
aluna de graduação Rosalie Rayner, da Universidade de Johns Hopkins, em Baltimore, nos
EUA, em 1920.

Ilustração 3- Pequeno Albert

Cena do Experimento do Pequeno Albert (Foto: Reprodução/YouTube)

Na ocasião, a identidade de Douglas, que tinha apenas nove meses, foi acoberta e ele
foi chamado de “pequeno Albert”. Para o teste, o bebê foi colocado em contato com diversos
animais peludos, indo desde ratos até cachorros.
No começo, ele pareceu gostar da situação. Porém, com o passar do tempo, o
pesquisador Watson começou a produzir barulhos e sons assustadores toda vez que o Albert
ficava próximo dos animais. Não demorou para que o bebê associasse o estímulo inicialmente
neutro (animais peludos) a um estímulo aversivo (som alto) e ficasse com medo.
Para Watson, o teste provou que os medos são aprendidos, e não herdados
biologicamente. Esse é um exemplo do que convencionou-se chamar de condicionamento
emocional, (um outro modelo disso é Experimento do Cão de Pavlov).

14
Em 2010, um grupo de pesquisadores da Universidade Estadual Appalachian, na
Carolina do Norte (EUA), decidiu caçar a cobaia do estudo. Infelizmente, eles descobriram que
Douglas tinha falecido aos 6 anos de idade, vítima de hidrocefalia e que não constavam indícios
se a criança havia desenvolvido de fato uma fobia a animais e coisas peludas.
Como se pode ver, eram comuns experiencias em seres humanos, e notável, a falta de
corroboração de uma ética, que ditasse parâmetros limitantes a uma conduta razoável do ser
humano.

15
5. Holocausto em Barbacena-Brasil

Ilustração 4- Hospital Colônia de Barbacena

Foto- Pacientes-Barbacena- (1950)


O caminho da psicologia e da ética no Brasil até chegarmos nos dias de hoje também
foi árduo, as discussões sobre estes assuntos de alento social caminhavam a passos lentos, e
entre os marcos históricos da psicologia no país, tivemos o conhecido Holocausto de
Barbacena, onde no fundado Hospital Colônia, inicialmente contando com cerca de 200 leitos,
estava operando muito acima de sua capacidade normal, contando com, em média, 5 mil
pacientes por internação na década de 1950 – há um relato, do Doutor Jairo Toledo, que, em
um único dia, dezessete pacientes vieram a morrer durante a madrugada, vítimas do intenso
frio.
Após pouco tempo de sua inauguração, tornou-se referência nacional em Psiquiatria,
sendo procurado por diversas famílias que buscavam tratamento para seus "desajustados".
Os pacientes, oriundos de diversos estados do Brasil, chegavam em Barbacena por trem,
em vagões abarrotados, cuja condição desumana fez surgir a expressão "trem de doido" para
significar viagem ao inferno.
Enquanto o plano do Hospital Colônia era primariamente atender a pessoas com
transtornos mentais, o local acabou por tornar-se um campo de extermínio para aqueles que

16
não se adequavam aos padrões normativos da época ou não atendiam aos interesses políticos
de classes dominantes.
As condições de vida dentro da instituição eram sub-humanas. O psiquiatra italiano
Franco Basaglia, que teve a chance de visitá-lo em 1979, chegou a comparar o local a um
campo de concentração nazista e exigiu seu fechamento imediato.
O fechamento do Colônia só ocorreria anos mais tarde, durante a década de 1980. Em
1996, anos após seu fechamento, o Colônia foi reaberta, desta vez transformado no "Museu da
Loucura".
Se faz importante realçar que, dentro do hospital houveram 60 mil mortos, e cerca de
70% dos pacientes do Colônia não possuíam diagnóstico de transtorno psicológico algum.
Muitos dos pacientes eram apenas alcoólatras, andarilhos, amantes de políticos,
crianças indesejadas, epiléticos, inimigos políticos da elite local, prostitutas, homossexuais,
vítimas de estupro e pessoas que simplesmente não se adequavam ao padrão normativo da
época, como homens tímidos e mulheres com senso de liderança ou que não desejavam casar-
se. Boa parte da população do Hospital Colônia também era da etnia negra.
Além de serem forçados a trabalhar manualmente e dormir sobre folhas, os internos
ainda precisavam lidar com estupros, torturas físicas e psicológicas que eram frequentes dentro
do Hospital. Pacientes eram submetidos a terapia de choque e duchas escocesas sem nenhuma
razão aparente; tal tortura era aplicada com o propósito de servir apenas como castigo ou devido
à perseguição oriunda de falta de afinidade entre pacientes e funcionários. Muitos não resistiam
e acabavam falecendo.
Devido à superpopulação, os internos andavam parcialmente ou completamente nus e
eram expostos às baixas temperaturas de Barbacena durante a noite. Em uma tentativa de
sobreviver, buscavam aquecer-se dormindo em círculos, mas ainda assim muitos padeceram
por conta de hipotermia.
Não existia um sistema de água encanada ou suprimento de alimentos que abastecessem
o alto número de pacientes. Muitos banhavam-se ou bebiam de um esgoto a céu aberto dentro
do local. Para proteger seus bebês que eram separados das mães após algum determinado
tempo, grávidas cobriam a si mesmas com fezes, evitando que funcionários e outros pacientes
se aproximassem. Doentes eram abandonados em seus leitos para morrer.

17
5.1 Campus de Concentração na Alemanha

Ilustração 5-Campo de Concentração

Foto R7: Campo de concentração: Canibalismo endêmico

Nos campos de concentração, os prisioneiros na grande maioria eram judeus, porém


negros, gays e ciganos também eram presos, e sujeitos a todo tipo de maus-tratos e violência
que se pode imaginar. Os prisioneiros eram colocados a uma carga de trabalho exaustiva, em
tarefas manuais. Os alojamentos, eram insalubres, pequenos e sujos, sem lugares para se
fazerem necessidades básicas ou ao menos tomar banhos, vários dos prisioneiros eram
torturados até a morte.
Haviam execuções sumárias por motivos banais, prisioneiros morriam em decorrência
de doenças contraídas pelas péssimas condições e, tinham é claro, aqueles que eram executados
nas câmaras de gás.

18
Prisioneiros morriam de exaustão de inanição, perdiam toda e qualquer dignidade eram
reduzidos a números, dormiam em meio ao corpos mortos de seus companheiros, eram
expostos a inúmeras doenças.

5.2 Experimentos cruéis do nazista Josef Mengele em Auschwitz o Anjo da Morte

Ilustração 6-Experiência coloração dos olhos

Foto R7: Campo de concentração

Obcecado pelos segredos da genética humana, Josefe Mengele ( 1911-1979), tinha


cobaias favoritas: gêmeos. Quando chegavam ao campo de concentração de Auschwitz, na
Polônia, irmãos desse tipo eram logo separados dos prisioneiros. Recebiam . "Regalias".
Exames de saúde, refeições mais completas, brinquedos, acomodação isolada.
Mas logo a tortura começava, Mengele queria determinar se características humanas
eram genéticas e se elas poderiam ser modificadas. Por exemplo: ele injetava tinta nos olhos
dos gêmeos para tentar alterar a pigmentação da íris. Mas muitos sofriam uma infecção
imediata, alguns ficavam cegos.
Quando as "cobaias" não lhe eram mais úteis, Mengeles as matava, arrancava os olhos
e os expunha na parede da sala. Em outras vezes tirava órgãos de crianças ainda vivas e sem
anestesia, pra ver se elas sobreviviam, por diversas vezes costurava um gêmeo no outra para
ver como se comportavam, e ainda faziam irmãos gêmeos judeus que tinha feições ditas arianas

19
terem relações sexuais entre si, com o intuito de criar uma raça de gememos dentro de
determinados padrões .

6. Declaração Universal dos Direitos Humanos

A Declaração Universal dos direitos humanos, trata-se de um documento, marco da


história mundial que estabeleceu, pela primeira vez, normas comuns de proteção aos direitos
da pessoa humana, a serem seguidas por todos os povos e todas as nações.
A declaração foi desenvolvida por representantes de diferentes origens jurídicas e
culturais, sendo esta proclamada pela Assembleia Geral das Nações Unidas, em Paris, no dia
10 de dezembro de 1948, por meio da Resolução 217 A (III) da Assembleia.
Assim, pontua-se que a sua criação, foi de extrema importância, sendo o documento
traduzido em mais de 500 idiomas, inspirando as constituições de muitos Estados
democráticos, como o próprio Brasil, que junto a outros países membros da ONU assinou e
ratificou a Declaração Universal de Direitos Humanos na data de sua proclamação, em 1948.
Destarte, de acordo com a sede da ONU no Brasil, vários dos tratados internacionais e
outros instrumentos adotados desde 1945 expandiram o corpo do direito internacional sobre os
direitos humanos. Sendo alguns deles, a Convenção para a Prevenção e a Repressão do Crime
de Genocídio (1948), a Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de
Discriminação Racial (1965), a Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de
Discriminação contra as Mulheres (1979), a Convenção sobre os Direitos da Criança (1989) e
a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (2006).

Dada a breve apresentação da Declaração Universal dos Direitos Humanos, tem-se em


texto de lei o caput e alguns dos artigos, editados e proclamados, pela ONU, dentro do então
tratado:
“A Assembléia Geral proclama a presente Declaração Universal dos
Direitos Humanos como ideal comum a atingir por todos os povos e
todas as nações, a fim de que todos os indivíduos e todos os órgãos da
sociedade, tendo-a constantemente no espírito, se esforcem, pelo ensino
e pela educação, por desenvolver o respeito desses direitos e liberdades
e por promover, por medidas progressivas de ordem nacional e
internacional, o seu reconhecimento e a sua aplicação universais e
efectivos tanto entre as populações dos próprios Estados membros
como entre as dos territórios colocados sob a sua jurisdição.

20
Artigo 1° Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos.
Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de
fraternidade.

Artigo 2° Todos os seres humanos podem invocar os direitos e as liberdades


proclamados na presente Declaração, sem distinção alguma, nomeadamente de raça, de cor, de
sexo, de língua, de religião, de opinião política ou outra, de origem nacional ou social, de
fortuna, de nascimento ou de qualquer outra situação. Além disso, não será feita nenhuma
distinção fundada no estatuto político, jurídico ou internacional do país ou do território da
naturalidade da pessoa, seja esse país ou território independente, sob tutela, autônomo ou
sujeito a alguma limitação de soberania.

Artigo 3° Todo indivíduo tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.

Artigo 4° Ninguém será mantido em escravatura ou em servidão; a escravatura e o trato dos


escravos, sob todas as formas, são proibidos.

Artigo 5° Ninguém será submetido a tortura nem a penas ou tratamentos cruéis,


desumanos ou degradantes.

Artigo 6° Todos os indivíduos têm direito ao reconhecimento, em todos os lugares, da


sua personalidade jurídica.

Artigo 7° Todos são iguais perante a lei e, sem distinção, têm direito a igual proteção
da lei. Todos têm direito a protecção igual contra qualquer discriminação que viole a presente
Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação.

Artigo 8° Toda a pessoa tem direito a recurso efectivo para as jurisdições nacionais
competentes contra os actos que violem os direitos fundamentais reconhecidos pela
Constituição ou pela lei.

Artigo 9° Ninguém pode ser arbitrariamente preso, detido ou exilado.

21
Artigo 10° Toda a pessoa tem direito, em plena igualdade, a que a sua causa seja
equitativa e publicamente julgada por um tribunal independente e imparcial que decida dos
seus direitos e obrigações ou das razões de qualquer acusação em matéria penal que contra ela
seja deduzida.
Como se pode ver, o tratado Declaração Universal dos Direitos Humanos, vem para
proteger os direitos da pessoa humana, impossibilitando que do ponto de vista ético imoral, as
pessoas sejam submetidas, a qualquer tipo de tortura, ou injustiça, garantindo, os direitos
fundamentais que hoje regem a nossa constituição de 1988, como exemplo o artigo 5° que
rege:

“Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,


garantindo-se aos brasileiros, aos estrangeiros residentes no país a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade. (...)”.

Ou seja, qualquer ato que viole estes direitos é considerado crime e terá sua
penalidade prevista em lei, de modo a proteger a integridade humana em seu todo.

22
7. Código de Ética e Psicologia no Brasil

o Primeiro código de ética dos psicólogos brasileiros, diante das necessidades sociais
da época surgiu em meados de 1975. Nestes termos, a Psicologia passou a ter sua deontologia,
ou seja, um mecanismo contra os que ilegalmente exercerem a profissão, bem como uma
ciência disciplinadora e disciplinada, capaz de controlar os profissionais por meio de normas,
sanções, e, principalmente, se colocar sempre como tutor dos interesses da coletividade.
Passados quatro anos do Código de Ética de 1975, o número de profissionais psicólogos
no país mais que quadruplicou, atingindo o equivalente a 20 mil profissionais registrados, a
maioria ligada a atividades liberais, privativas, de cunho clínico-curativo/terapêutica. Essa
acelerada expansão, assim como as constantes transformações da sociedade fizeram-se
acompanhar de um desequilíbrio frente a algumas áreas de atuação profissional, de tal modo
que a Gestão do CFP ( Conselho Federal de Psicologia) entendeu ser necessário manter as
discussões em torno do Código (Velloso, 1980).
A emergência de novos campos de atividades também contribuiu para o entendimento
do CFP (Conselho Federal de Psicologia) sobre a necessidade de realizar uma revisão do
Código – já prevista em seu artigo 1°, tarefa atribuída ao Conselho de Ética do CFP. Os
trabalhos tiveram início em 1978, culminando com a aprovação da nova versão do Código em
30 de agosto de 1979, por ocasião da comemoração do centenário da Psicologia, sob a forma
de Resolução CFP n° 029/79 (Conselho Regional de Psicologia 06 [CRP 06], 1994).

Já na década de 1980, quando a população sofria com o empobrecimento, crescimento


desordenado e concentração nos centros urbanos, associado ao processo de abertura
democrática e ao movimento para eleições diretas para presidente (1984) –(Diretas já), e na
medida em que a sociedade brasileira se democratizava, criava-se, uma possibilidade para a
expressão da Psicologia. Como instituição de apoio ao profissional, neste mesmo ano houve
um movimento no interior do Sistema Conselhos para propor revisão do Código de 1979.
Assim, quando completou 25 anos de regulamentação da Psicologia no Brasil, o CFP
aprovou o terceiro Código de Ética Profissional do Psicólogo – Resolução CFP n° 002/87, de
15 de agosto de 1987. No percurso de elaboração deste Código, muitas pesquisas foram
realizadas com a participação de psicólogos de todos os Conselhos Regionais de Psicologia e
grupos de profissionais de diferentes áreas foram consultados.

23
Destarte, entendendo a ética também como Ciência dos Costumes, o Código diz respeito
aos deveres sociais do homem e de suas obrigações na comunidade, uma vez que o ser humano
não pode viver ao sabor de suas paixões, e que a vida não é apenas deixar-se viver, a limites
sociais os quais devem ser respeitados, o direito de um acaba, onde se inicia o do outro, e
levando em consideração que a ética se move junto aos preceitos sociais o quarto e último
código de Ética profissional do psicólogo foi promulgado no ano de 2005.Assim, o Código de
Ética, Resolução CFP n° 010/2005 foi aprovado, entrando em vigor na data em que se
comemorava o dia do Psicólogo daquele mesmo ano. O documento consta de sete Princípios
Fundamentais e 25 artigos, distribuídos em dois capítulos: das responsabilidades do psicólogo
e das disposições gerais.

24
8.CONCLUSÃO

Neste trabalho abordamos sobre o tema “Ética e Pesquisa com seres humanos”. Ao
desenvolver o trabalho notamos a importância de compreender o contexto da psicologia em
sua história, fazendo necessário percorrer um longo período para a melhor compreensão sobre
a ética no âmbito da psicologia.
Notamos que durante décadas o homem está em busca do profundo conhecimento da
mente humana. E que por sua vez a psicologia vai em busca de caminhos entre a ciência e a
filosofia para acessar por meio dos estudos e experiências, da percepção e estímulos, fatos
objetivos e subjetivos. Muitas experiências foram utilizadas com seres humanos e animais para
conhecer suas ações e reações frente aos estímulos.
Este trabalho foi muito importante para o nosso campo de conhecimento pois tivemos
a compreensão da ética na profissão bem como o respeito ao participante das pesquisas. Hoje
o código de ética da psicologia proporciona tanto ao profissional quanto ao paciente o respeito,
dignidade e direitos.
É de suma importância proteger as pessoas respeitando suas autonomias. Buscando
métodos justos e equilibrados para melhor averiguação dos dados a serem alcançados. Ponderar
os riscos e os benefícios para maior relevância da pesquisa, observando os direitos dos
participantes, sendo justo e não fútil. O papel do profissional na pesquisa com seres humanos
é zelar para que todos os participantes sejam protegidos. Olhando para suas vulnerabilidades e
fraquezas inócuas, levando-os ao empoderamento e dignificando o ser humano em sua
essência.

25
9.BIBLIOGRAFIA

ANA MERCÊS BAHIA BOCK- ODAIR FURTADO- MARIA DE LOURDES TRASSI


TEIXEIRA. Livro: Psicologias uma Introdução ao Estudo de Psicologia. São Paulo: Saraiva,
2001.

Brasil Escola, Sociologia e Ética. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/o-


que-e-sociologia/o-que-e-etica.htm. Acesso em 8 de Setembro de 2023.

CONSELHO DE SAÚDE. Hospício de Barbacena. Disponível em:


https://conselho.saude.gov.br/comissoes-cns/conep. Acesso em: 12 de setembro de 2023.

ROMARO R.A. Livro: Ética na Psicologia. São Paulo: Vozes, 2009.

SABEDORIA POLÍTICA. Ética Socrática. Disponível em:


https://www.sabedoriapolitica.com.br/products/a-etica-socratica/. Acesso em: 09 de setembro
de 2023.

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SÃO PAULO, Ética e Psicologia. Disponível em:


https://acervodigital.unesp.br/bitstream/unesp/155316/1/unespnead_reei1_ee_d05_texto1.pdf.
Acesso em: 09 de setembro de 2023.

URJ, Universidade do rio de janeiro . Publicações, Ética. Disponível em: https://www.e-


publicacoes.uerj.br/index.php/revispsi/article/view/12559/9743. Acesso em 10 de setembro de
2023

26
.

27

Você também pode gostar