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Ética e Pesquisa Com Seres Humanos
Ética e Pesquisa Com Seres Humanos
2023
ALEXANDRA GUERRA
Professora:
2023
RESUMO
O presente trabalho, Ética e Pesquisas com Seres Humanos, teve o intuito de analisar de uma
maneira sucinta a história da ética, e seu percurso ao longo da história no campo de pesquisas
com seres humanos, buscando compreender sua importância, seu diálogo, seus desafios, suas
descobertas e sua constante “metamorfose” por assim dizer, dentro do caminho que a ética
percorre dentro da sociedade e da psicologia.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................... 5
Templo Partenon, dedicado à deusa Atenas, protetora da cidade de mesmo nome (CC0 Public Domain)
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se passa a compreender a realidade que cerca o homem. Foram os gregos que cunharam os
termos, os conceitos e as palavras nos seus significados, aos quais fazem referências aos
estudos do mundo ocidental.
E é deste senário que surgem grandes nomes como Sócrates, Platão e Aristóteles,
pensadores gregos que contestavam e doutrinavam, no campo da ética e que de um modo geral,
afirmavam que a conduta do ser humano deveria ser pautada no equilíbrio, a fim de evitar a
falta de ética, pregando ainda a virtude voltada para a mesma.
Assim, com o filósofo Sócrates, se instaura a preocupação, com ênfase ao debate
ético, no século V a.C., momento no qual se inicia um modelo de organização política, que
hoje é chamada de democracia, onde, há uma atenção voltada para o homem enquanto
cidadão, isto é, habitante de uma cidade, como espaço comum de condutas diversas que
precisam se harmonizar.
Deste modo, a ética passou por várias mudanças ao decorrer da história, o que
culminou em perspectivas diferentes, de a cordo com cada tempo histórico, com cada nova
história, com cada nação, cada tribo, cidade, país, civilização e todo e qualquer tipo de
organização humana.
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2.2 Ética e Psicologia- Breve Contexto Histórico
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3. Ética e Psicologia na Idade Média
Destarte, algumas eras depois na idade média, falar em psicologia era relacioná-la ao
conhecimento religioso, uma vez que a igreja católica monopolizava o saber e
consequentemente o estudo do psiquismo, onde Deus passa ser o centro na busca da perfeição
humana.
Deste modo, muitos estudiosos possuíam uma vinculação direta com a Igreja Católica,
como no caso de Santo Agostinho (354-430) e São Tomás de Aquino (1225-1274). A
psicologia deste período é extremamente ligada as questões religiosas, pois como dito o período
foi marcado pelo domínio da igreja, e o que não estivesse de acordo com os ensinamentos desta
instituição, era considerado heresia.
Santo Agostinho. Inspirado em Platão, pregava uma cisão entre alma e corpo,
entretanto, para ele, a alma não era somente a sede da razão, mas a prova de uma manifestação
divina no homem. A alma era imortal por ser o elemento que liga o homem a Deus. E, sendo a
alma também a sede do pensamento, a Igreja passa a se preocupar também com sua
compreensão.
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3.1 Era Renascentista e a Psicologia
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4. Desdobramentos – Psicologia e Ética em Pesquisa com Seres Humanos
O berço da Psicologia moderna, foi a Alemanha no final do século XIX, em 1879 criou-
se o primeiro laboratório de estudos psicológico, e através de grandes nomes como: Wundt,
Weber e Fechner, se desenvolveram variações que se estabeleceram com maior ou menor
consistência e a aplicação, o funcionalismo, o estruturalismo, o associacionismo o
behaviorismo, a gestalt e a psicanálise.
Em suma, o estruturalismo estuda a estrutura da consciência, partindo de um
determinado estimulo induzido no indivíduo, analisando e descrevendo seu estado a partir
deste.
O associacionismo, é amplamente utilizado em estudos de psicologia animal e leva em
consideração as respostas, conexões e ações tomadas a partir de um estímulo inicial.
A palavra behavior, em inglês , significa justamente comportamento, e a Gestalt
significa em termos gerais algo como forma, e tenta analisar o todo, a totalidade de indivíduos,
a partir de suas percepções do mundo que os cerca.
No entanto, algumas investigações de fenômenos ao longo da história da ciência foram
longe demais. Há casos em que os voluntários de estudos foram colocados em situações
desconfortáveis e perturbadoras, como as descritas no decorrer deste contexto.
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4.1 Experiência de Milgram
Manuscritos e Arquivos)
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O aluno era amarrado a uma cadeira com eletrodos em uma sala do laboratório e ele
deveria decorar uma lista de pares de palavras. O professor, em outra sala do laboratório,
deveria testar a memória do aluno, pedindo para que ele relembrasse as palavras associados
aos termos que pronunciava.
Cada vez que o aluno errasse, o professor era instruído pelo pesquisador a administrar
um choque elétrico no indivíduo. O nível do choque aumentava gradualmente – ia de 15 até
450 volts.
Como fazia parte do estudo, o aluno errava propositalmente grande parte das vezes.
Caso o professor se recusasse a acionar o choque elétrico, pesquisador o induzia a realizar o
ato. Logo em seguida, era possível ouvir um espasmo de dor do ator – obviamente era um choro
fingido, já que os choques não estavam sendo realizando de verdade.
Enquanto aos resultados do estudo, o psicólogo Milgram acreditava que somente 0,1%
dos participantes administrariam todos os choques exigidos pelo pesquisador-ator. Porém,
cerca de dois terços dos voluntários foram até o fim, mesmo no ponto que o ator fingia já estar
inconsciente.
Neste sentido, há diversas pesquisas recentes que revisitam esse método de teste e, ao
que tudo indica, continuamos executando ordens sem levar em consideração questões éticas, o
que é deveras preocupante, uma vez que já nos dias de hoje, contamos com regulamentos e
normas que norteiam pesquisas com seres humanos para que barreiras éticas não sejam
ultrapassadas.
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4.2 Experimento do Pequeno Albert
Outro exemplo de experimento, hoje, contra as normas éticas, foi a do bebê, Douglas
Merrite, criança que foi utilizada como cobaia em um teste do professor John Watson e da
aluna de graduação Rosalie Rayner, da Universidade de Johns Hopkins, em Baltimore, nos
EUA, em 1920.
Na ocasião, a identidade de Douglas, que tinha apenas nove meses, foi acoberta e ele
foi chamado de “pequeno Albert”. Para o teste, o bebê foi colocado em contato com diversos
animais peludos, indo desde ratos até cachorros.
No começo, ele pareceu gostar da situação. Porém, com o passar do tempo, o
pesquisador Watson começou a produzir barulhos e sons assustadores toda vez que o Albert
ficava próximo dos animais. Não demorou para que o bebê associasse o estímulo inicialmente
neutro (animais peludos) a um estímulo aversivo (som alto) e ficasse com medo.
Para Watson, o teste provou que os medos são aprendidos, e não herdados
biologicamente. Esse é um exemplo do que convencionou-se chamar de condicionamento
emocional, (um outro modelo disso é Experimento do Cão de Pavlov).
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Em 2010, um grupo de pesquisadores da Universidade Estadual Appalachian, na
Carolina do Norte (EUA), decidiu caçar a cobaia do estudo. Infelizmente, eles descobriram que
Douglas tinha falecido aos 6 anos de idade, vítima de hidrocefalia e que não constavam indícios
se a criança havia desenvolvido de fato uma fobia a animais e coisas peludas.
Como se pode ver, eram comuns experiencias em seres humanos, e notável, a falta de
corroboração de uma ética, que ditasse parâmetros limitantes a uma conduta razoável do ser
humano.
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5. Holocausto em Barbacena-Brasil
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não se adequavam aos padrões normativos da época ou não atendiam aos interesses políticos
de classes dominantes.
As condições de vida dentro da instituição eram sub-humanas. O psiquiatra italiano
Franco Basaglia, que teve a chance de visitá-lo em 1979, chegou a comparar o local a um
campo de concentração nazista e exigiu seu fechamento imediato.
O fechamento do Colônia só ocorreria anos mais tarde, durante a década de 1980. Em
1996, anos após seu fechamento, o Colônia foi reaberta, desta vez transformado no "Museu da
Loucura".
Se faz importante realçar que, dentro do hospital houveram 60 mil mortos, e cerca de
70% dos pacientes do Colônia não possuíam diagnóstico de transtorno psicológico algum.
Muitos dos pacientes eram apenas alcoólatras, andarilhos, amantes de políticos,
crianças indesejadas, epiléticos, inimigos políticos da elite local, prostitutas, homossexuais,
vítimas de estupro e pessoas que simplesmente não se adequavam ao padrão normativo da
época, como homens tímidos e mulheres com senso de liderança ou que não desejavam casar-
se. Boa parte da população do Hospital Colônia também era da etnia negra.
Além de serem forçados a trabalhar manualmente e dormir sobre folhas, os internos
ainda precisavam lidar com estupros, torturas físicas e psicológicas que eram frequentes dentro
do Hospital. Pacientes eram submetidos a terapia de choque e duchas escocesas sem nenhuma
razão aparente; tal tortura era aplicada com o propósito de servir apenas como castigo ou devido
à perseguição oriunda de falta de afinidade entre pacientes e funcionários. Muitos não resistiam
e acabavam falecendo.
Devido à superpopulação, os internos andavam parcialmente ou completamente nus e
eram expostos às baixas temperaturas de Barbacena durante a noite. Em uma tentativa de
sobreviver, buscavam aquecer-se dormindo em círculos, mas ainda assim muitos padeceram
por conta de hipotermia.
Não existia um sistema de água encanada ou suprimento de alimentos que abastecessem
o alto número de pacientes. Muitos banhavam-se ou bebiam de um esgoto a céu aberto dentro
do local. Para proteger seus bebês que eram separados das mães após algum determinado
tempo, grávidas cobriam a si mesmas com fezes, evitando que funcionários e outros pacientes
se aproximassem. Doentes eram abandonados em seus leitos para morrer.
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5.1 Campus de Concentração na Alemanha
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Prisioneiros morriam de exaustão de inanição, perdiam toda e qualquer dignidade eram
reduzidos a números, dormiam em meio ao corpos mortos de seus companheiros, eram
expostos a inúmeras doenças.
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terem relações sexuais entre si, com o intuito de criar uma raça de gememos dentro de
determinados padrões .
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Artigo 1° Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos.
Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de
fraternidade.
Artigo 7° Todos são iguais perante a lei e, sem distinção, têm direito a igual proteção
da lei. Todos têm direito a protecção igual contra qualquer discriminação que viole a presente
Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação.
Artigo 8° Toda a pessoa tem direito a recurso efectivo para as jurisdições nacionais
competentes contra os actos que violem os direitos fundamentais reconhecidos pela
Constituição ou pela lei.
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Artigo 10° Toda a pessoa tem direito, em plena igualdade, a que a sua causa seja
equitativa e publicamente julgada por um tribunal independente e imparcial que decida dos
seus direitos e obrigações ou das razões de qualquer acusação em matéria penal que contra ela
seja deduzida.
Como se pode ver, o tratado Declaração Universal dos Direitos Humanos, vem para
proteger os direitos da pessoa humana, impossibilitando que do ponto de vista ético imoral, as
pessoas sejam submetidas, a qualquer tipo de tortura, ou injustiça, garantindo, os direitos
fundamentais que hoje regem a nossa constituição de 1988, como exemplo o artigo 5° que
rege:
Ou seja, qualquer ato que viole estes direitos é considerado crime e terá sua
penalidade prevista em lei, de modo a proteger a integridade humana em seu todo.
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7. Código de Ética e Psicologia no Brasil
o Primeiro código de ética dos psicólogos brasileiros, diante das necessidades sociais
da época surgiu em meados de 1975. Nestes termos, a Psicologia passou a ter sua deontologia,
ou seja, um mecanismo contra os que ilegalmente exercerem a profissão, bem como uma
ciência disciplinadora e disciplinada, capaz de controlar os profissionais por meio de normas,
sanções, e, principalmente, se colocar sempre como tutor dos interesses da coletividade.
Passados quatro anos do Código de Ética de 1975, o número de profissionais psicólogos
no país mais que quadruplicou, atingindo o equivalente a 20 mil profissionais registrados, a
maioria ligada a atividades liberais, privativas, de cunho clínico-curativo/terapêutica. Essa
acelerada expansão, assim como as constantes transformações da sociedade fizeram-se
acompanhar de um desequilíbrio frente a algumas áreas de atuação profissional, de tal modo
que a Gestão do CFP ( Conselho Federal de Psicologia) entendeu ser necessário manter as
discussões em torno do Código (Velloso, 1980).
A emergência de novos campos de atividades também contribuiu para o entendimento
do CFP (Conselho Federal de Psicologia) sobre a necessidade de realizar uma revisão do
Código – já prevista em seu artigo 1°, tarefa atribuída ao Conselho de Ética do CFP. Os
trabalhos tiveram início em 1978, culminando com a aprovação da nova versão do Código em
30 de agosto de 1979, por ocasião da comemoração do centenário da Psicologia, sob a forma
de Resolução CFP n° 029/79 (Conselho Regional de Psicologia 06 [CRP 06], 1994).
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Destarte, entendendo a ética também como Ciência dos Costumes, o Código diz respeito
aos deveres sociais do homem e de suas obrigações na comunidade, uma vez que o ser humano
não pode viver ao sabor de suas paixões, e que a vida não é apenas deixar-se viver, a limites
sociais os quais devem ser respeitados, o direito de um acaba, onde se inicia o do outro, e
levando em consideração que a ética se move junto aos preceitos sociais o quarto e último
código de Ética profissional do psicólogo foi promulgado no ano de 2005.Assim, o Código de
Ética, Resolução CFP n° 010/2005 foi aprovado, entrando em vigor na data em que se
comemorava o dia do Psicólogo daquele mesmo ano. O documento consta de sete Princípios
Fundamentais e 25 artigos, distribuídos em dois capítulos: das responsabilidades do psicólogo
e das disposições gerais.
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8.CONCLUSÃO
Neste trabalho abordamos sobre o tema “Ética e Pesquisa com seres humanos”. Ao
desenvolver o trabalho notamos a importância de compreender o contexto da psicologia em
sua história, fazendo necessário percorrer um longo período para a melhor compreensão sobre
a ética no âmbito da psicologia.
Notamos que durante décadas o homem está em busca do profundo conhecimento da
mente humana. E que por sua vez a psicologia vai em busca de caminhos entre a ciência e a
filosofia para acessar por meio dos estudos e experiências, da percepção e estímulos, fatos
objetivos e subjetivos. Muitas experiências foram utilizadas com seres humanos e animais para
conhecer suas ações e reações frente aos estímulos.
Este trabalho foi muito importante para o nosso campo de conhecimento pois tivemos
a compreensão da ética na profissão bem como o respeito ao participante das pesquisas. Hoje
o código de ética da psicologia proporciona tanto ao profissional quanto ao paciente o respeito,
dignidade e direitos.
É de suma importância proteger as pessoas respeitando suas autonomias. Buscando
métodos justos e equilibrados para melhor averiguação dos dados a serem alcançados. Ponderar
os riscos e os benefícios para maior relevância da pesquisa, observando os direitos dos
participantes, sendo justo e não fútil. O papel do profissional na pesquisa com seres humanos
é zelar para que todos os participantes sejam protegidos. Olhando para suas vulnerabilidades e
fraquezas inócuas, levando-os ao empoderamento e dignificando o ser humano em sua
essência.
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9.BIBLIOGRAFIA
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