Alvenaria Convencional (Concreto Armado) X Alvenaria Estrutural

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Gabriel Henrique Mohnschmidt Hoffmann

João Henrique Antunes de Oliveira

ESTUDO COMPARATIVO ENTRE OS SISTEMAS DE ALVENARIA


CONVENCIONAL E ALVENARIA ESTRUTURAL

Trabalho de Tecnologia da Construção III

Cruz Alta – RS, 2023


Gabriel Henrique Mohnschmidt Hoffmann e João Henrique Antunes de Oliveira

ESTUDO COMPARATIVO ENTRE OS SISTEMAS DE ALVENARIA


CONVENCIONAL E ALVENARIA ESTRUTURAL

Relatório apresentado ao Curso de Engenharia


Civil da Universidade de Cruz Alta, como
requisito parcial para obtenção de nota em
disciplina de Tecnologia da Construção III.

Prof. Jessamine Pedroso de Oliveira

Cruz Alta, RS, maio de 2023


RESUMO

ESTUDO COMPARATIVO ENTRE OS SISTEMAS DE ALVENARIA


CONVENCIONAL E ALVENARIA ESTRUTURAL

Autores: HOFFMANN, Gabriel H. M. OLIVEIRA, João H. A. de.

O planejamento de uma obra é uma das principais etapas para o sucesso de qualquer
empreendimento, a fim de garantir alta qualidade e produtividade na construção. Em
comparação com as estruturas tradicionais de alvenaria selada de concreto armado, os sistemas
de construção de alvenaria estrutural são, atualmente, amplamente utilizados. Se projetado e
executado corretamente, o sistema pode ser muito interessante do ponto de vista econômico.
Para isso, deve haver uma boa gestão de obra para alcançar resultados satisfatórios. Devido as
suas particularidades e técnicas exigidas, materiais, equipamentos e tecnologias devem ser
utilizadas a fim de garantir o melhor desempenho do sistema construtivo. Muitos profissionais
da área da construção civil adotam esse sistema com o objetivo de executar um trabalho fácil,
rápido, de baixo custo e obter um resultado de alta qualidade. O presente estudo tem o objetivo
de apresentar dados e informações sobre os fundamentos, procedimentos construtivos,
características e resultados da utilização da alvenaria estrutural quando comparada ao uso do
sistema de alvenaria convencional.

Palavras-chave: Alvenaria, concreto, estrutural, sistema.


ABSTRACT

COMPARATIVE STUDY BETWEEN CONVENTIONAL MASONRY


AND STRUCTURAL MASONRY SYSTEMS

Authors: HOFFMANN, Gabriel H. M. OLIVEIRA, João H. A. de.

The planning of a work is one of the main steps for the success of any enterprise, in order to
guarantee high quality and productivity in construction. Compared to traditional reinforced
concrete sealed masonry structures, structural masonry construction systems are now widely
used. If designed and executed correctly, the system can be very interesting from an economic
point of view. For this, there must be good management of the work to achieve satisfactory
results. Due to its particularities and required techniques, materials, equipment and technologies
must be used in order to guarantee the best performance of the constructive system. Many
professionals in the field of civil construction adopt this system with the aim of performing an
easy, fast, low-cost job and obtaining a high-quality result. The present study aims to present
data and information about the foundations, construction procedures, characteristics and results
of the use of structural masonry when compared to the use of the conventional masonry system.

Keywords: Masonry, concrete, structural, system.


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1: Edifício de alvenaria estrutural. .................................................................................. 8


Figura 2: Composição do concreto. ............................................................................................ 9
Figura 3: Barras de aço. ............................................................................................................ 10
Figura 4: Fôrmas de compensado, para pilares e vigas. ........................................................... 11
Figura 5: Partes de uma fôrma. ................................................................................................. 11
Figura 6: Fôrmas de pinos para vigas baldrame e sapatas. ....................................................... 12
Figura 7: Paredes em alvenaria convencional. ......................................................................... 13
Figura 8: Muro em alvenaria convencional. ............................................................................. 13
Figura 9: Marcação dos pilares. ................................................................................................ 14
Figura 10: Confecção da armadura. .......................................................................................... 14
Figura 11: Fôrmas travadas dos pilares. ................................................................................... 15
Figura 12: Concretagem dos pilares. ........................................................................................ 15
Figura 13: Fôrmas das vigas. .................................................................................................... 16
Figura 14: Parede de vedação. .................................................................................................. 16
Figura 15: Verga e contraverga. ............................................................................................... 17
Figura 16: Revestimentos argamassados e cerâmico. .............................................................. 18
Figura 17: Bloco estrutural de concreto, cerâmico e silício-calcário. ...................................... 19
Figura 18: Família de blocos. ................................................................................................... 20
Figura 19: Tamanho dos blocos................................................................................................ 20
Figura 20: Parede edificado com alvenaria estrutural. ............................................................. 21
Figura 21: Ferragens alocadas em blocos canaleta de concreto. .............................................. 22
Figura 22: Graute. ..................................................................................................................... 23
Figura 23: Edifício residencial construído com alvenaria estrutural. ....................................... 24
Figura 24: Projeto das fiadas. ................................................................................................... 25
Figura 25: Canto da parede usado como referência para a parede inteira. ............................... 26
Figura 26: Residência Unifamiliar pelo método de alvenaria convencional. ........................... 29
Figura 27: Residência Unifamiliar pelo método de alvenaria estrutural. ................................. 30
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 6
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................................ 7
2.1 Alvenaria .......................................................................................................................... 7
2.1.1 Alvenaria Convencional ................................................................................................ 7
2.1.2 Alvenaria Estrutural....................................................................................................... 7
3 ALVENARIA CONVENCIONAL ......................................................................................... 9
3.1 Componentes da Alvenaria Convencional ....................................................................... 9
3.1.1 Concreto .................................................................................................................... 9
3.1.2 Armaduras ............................................................................................................... 10
3.1.3 Fôrmas ..................................................................................................................... 10
3.1.4 Blocos Cerâmicos .................................................................................................... 12
3.2 Aplicações ...................................................................................................................... 12
3.3 Execução ......................................................................................................................... 13
3.4 Vantagens e Desvantagens ............................................................................................. 18
4 ALVENARIA ESTRUTURAL ............................................................................................. 19
4.1 Componentes da Alvenaria Estrutural ............................................................................ 19
4.1.1 Blocos ...................................................................................................................... 19
4.1.2 Argamassa de assentamento .................................................................................... 21
4.1.3 Aço .......................................................................................................................... 22
4.1.4 Graute ...................................................................................................................... 22
4.2 Aplicações .................................................................................................................. 23
4.3 Execução .................................................................................................................... 24
4.4 Vantagens e Desvantagens......................................................................................... 26
5 COMPARATIVO .................................................................................................................. 27
CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................... 31
REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 32
6

1 INTRODUÇÃO

A construção civil é uma importante atividade da economia nacional. Em 2017, a


indústria da construção civil representou cerca de 6,2% do PIB (Produto Interno Bruto) do país.
Segundo Degani (2022), em 2019 haviam 6,7 milhões de brasileiros trabalhando na construção
civil, o que significa que a cada 14 pessoas empregadas, 1 trabalha nessa área.
Este mercado em crescimento tem sido afetado pelos fatores financeiros gerais que
abalaram o país nos últimos anos. Mesmo assim, a construção civil continua sendo um
importante fator de desenvolvimento do país e continua atendendo às necessidades
habitacionais da população, principalmente com projetos de habitação popular nos mais
diversos modelos construtivos (GOMES et al., 2018).
Uma das prioridades primordiais das empresas no segmento da construção é a redução
de custos na execução de obras, construir se torna um debate de custo e gerenciamento de
gastos, dessa forma, é possível notar a busca incessante por novas técnicas que facilitem o
serviço.
Para melhor gerenciar os custos da construção, cada vez mais se investe em um
planejamento antecipado para prever custos, prazos de construção, antecipar e evitar possíveis
contratempos durante a construção.
Visando o crescimento da construção civil local, a alvenaria estrutural e a alvenaria
convencional são boas escolhas pela praticidade construtiva e pela mão de obra disponível na
região, principalmente quando ligadas à ideia de racionalização, influenciando no menor
desperdício de recursos, redução de tempo ocioso, aumento de produtividade e facilitando a
previsão de possíveis despesas.
Conforme Cerqueira (2017), a alvenaria estrutural com bloco de encaixe é um
importante método construtivo, pois gera menor impacto ambiental, racionalização de materiais
e contribui com a sustentabilidade na indústria da construção civil, quando comparada às obras
tradicionais em concreto armado, uma vez que reduz a produção de resíduos em uma obra
oferecendo melhor qualidade de vida.
O presente trabalho tem como objetivo explanar dados e informações apresentando um
comparativo entre os sistemas de construção de alvenaria convencional e alvenaria estrutural,
abordando aspectos como execução, aplicações, custos, vantagens e desvantagens.
7

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Alvenaria

Segundo Tauil e Nesse (2010, p. 19), nos referimos à alvenaria como um conjunto de
blocos justapostos colados entre si usando argamassa apropriada para formar um elemento
vertical coeso. Um elemento de alvenaria é definido como um conjunto de componentes cuja
finalidade é criar um elemento coeso capaz de fechar espaços, aumentar a segurança, resistir ao
impacto e à ação do fogo, além de proteger a estrutura acústica e termicamente.

2.1.1 Alvenaria Convencional

O advento do concreto armado ocorreu por volta de 1850, quando surgiu a necessidade
de aliar a resistência à compressão e durabilidade da pedra com a resistência mecânica do aço
para a construção de edifícios (KLEIN E MARONEZI, 2013 apud BASTOS, 2006).
Edifícios tradicionais de concreto armado são aqueles constituídos de vigas, pilares e
lajes de concreto armado moldadas in loco. (KLEIN; MARONEZI, 2013 apud BARROS;
MELHADO, 1998). Em um edifício, ou em uma residência, construído com a alvenaria
convencional, são os pilares e vigas que irão resistir às cargas que nele serão aplicados. As
paredes deste sistema são apenas para vedação, separar ambientes, dar melhor conforto acústico
e térmico, porém não possuem a finalidade de resistir às cargas.

2.1.2 Alvenaria Estrutural

Conforme Garcia (2019), a alvenaria estrutural iniciou-se com o amontoamento de


fragmentos de rocha e a construção de paredes de pedra, tal construção milenar, que ainda hoje
pode ser testemunhada, provando a sua eficácia, iniciada pelos egípcios e romanos, na Pérsia e
na Ásia em 10.000 a.C., com tijolos queimados a sol.
No Brasil, essa prática construtiva surgiu na cidade de São Paulo, por volta de 1966, e
foi onde se iniciou a construção de edifícios residenciais e industriais. Algumas empresas
passaram a aderir esse sistema considerando-o uma alternativa econômica e eficiente
(RAMALHO; CORRÊA, 2003 apud GUIMARÃES, 2018)
Segundo Prudêncio Jr., Oliveira e Bedin (2002), a alvenaria estrutural (Figura 1) é uma
estrutura na qual as paredes são mantidas juntas por argamassas e alvenarias compostas como
elementos de suporte capazes de suportar outras cargas além do seu próprio peso.
8

Figura 1: Edifício de alvenaria estrutural.

Fonte: Autoria própria.

De acordo com Klein e Maronezi (2013) para a especificação de cálculos de alvenaria


estrutural de bloco vazado de concreto, a alvenaria estrutural pode ser dividida em três
categorias:

• Alvenaria estrutural não armada de blocos de concreto assentados com argamassa e que
contém armaduras apenas para suprir esforços construtivos como vergas e contravergas
de portas e janelas
• Alvenaria estrutural armada de blocos de concreto assentados com argamassa e sendo
preenchidos, em certas cavidades com graute, contendo armaduras a fim de conter
esforços calculados além de conter vergas de portas e janelas e contravergas de janelas.
• Alvenaria estrutural parcialmente armada de blocos de concreto, com paredes
concebidas com a descrição da alvenaria estrutural não armada e armada.
9

3 ALVENARIA CONVENCIONAL

3.1 Componentes da Alvenaria Convencional

3.1.1 Concreto

Concreto originalmente foi desenvolvido pelos romanos, aproximadamente 2000 anos


atrás, era muito utilizado para construir aquedutos e estradas. A mistura era feita com cascalho,
areia grossa misturada com cal quente e água para a confecção de suas estruturas, com isso,
eles construíram aproximadamente 8 530 quilômetros de estradas. Porém, foi apenas a partir de
1756 que este material teve grande relevância e começou a ser estudado a fundo por John
Smeaton, e partir desse o concreto desempenhou um papel fundamental em nossa sociedade
(QUIZA, 2017).
Segundo Couto, Carminatti, Nunes e Moura (2013), o concreto é um material
constituído por cimento, água, agregado miúdo (areia) e agregado graúdo (pedra ou brita), e ar
(Figura 2). Pode também conter adições e aditivos químicos com a finalidade de melhorar as
suas propriedades, como trabalhabilidade, tempo de pega, fluidez, entre outros. O mais
importante sobre concreto é a grande resistência a compressão que ele possui, pois, a maioria
das estruturas construídas trabalham no sentido de fazer pressão umas às outras. Antigamente
muitos cálculos eram baseados no FCK de 18 MPa e hoje, conseguimos atingir no Brasil,
resistências superiores a 100 MPa.

Figura 2: Composição do concreto.

Fonte: EducaCivil, 2020.


10

3.1.2 Armaduras

De acordo com Barros e Melhado (1998), armaduras são basicamente barras ou fios de
aço (Figura 3) com a finalidade de absorver as tensões de tração e cisalhamento e aumentar a
capacidade resistente das peças comprimidas. Conforme mencionado acima, o concreto possui
grande resistência a compressão, porém sua resistência a tração é muito baixa, chegando apenas
a 5% da resistência a compressão.

Figura 3: Barras de aço.

Fonte: Portal Metalica Construção Civil.

À medida que as construções em alvenaria convencional foram aumentando,


principalmente em altura, iniciou-se uma busca para melhorar a resistência do concreto em
relação a tração, surge então a junção do concreto com o aço, no século XIX na Europa, que
posteriormente foi denominado concreto armado. Esta junção uniu a resistência à compressão
do concreto com a resistência a tração do aço, tornando possível a construção de estruturas
maiores e mais esbeltas (COUTO; CARMINATTI; NUNES; MOURA, 2013).
Desse modo, existem diversos tipos e tamanhos de aço para a construção civil, os
tamanhos mais comuns são, 5.0 e 6.3 para estribos e 10.0, 12.5 e 16.0 para os vergalhões
longitudinais, e tipo mais comum é o CA-50. Conforme Barros e Melhado (1998), o concreto
armado representa um custo de 20% do total da obra.

3.1.3 Fôrmas

Os materiais de madeira são de suma importância dentro da construção civil,


constituindo um dos objetos mais antigos para a fabricação de casas. A madeira desempenha
11

diversos papeis dentro de um canteiro de obra como, marcação do esquadro da obra, muitas
vezes é com que são fechadas as obras, fabricação de cavaletes e o mais importante, moldar o
concreto e impedir que este vaze para fora até que estejam curadas (Figura 4).

Figura 4: Fôrmas de compensado, para pilares e vigas.

Fonte: Canteiro de Engenharia, 2020.

De acordo com Barros e Melhado (1998), as fôrmas representam um custo total da obra
de 10%. Existem diversos tipos de madeiras que podem ser usadas para fôrmas, cada uma com
sua finalidade. Compensado e pinos são madeiras utilizadas para o painel das fôrmas, dando
forma e impedindo que o concreto extravase, já o eucalipto branco, e pinos também, são
utilizadas para fabricação de gravatas e montantes, pois são mais espessas (Figura 5).

Figura 5: Partes de uma fôrma.

Fonte: Canteiro de Engenharia, 2020.


12

3.1.4 Blocos Cerâmicos

Blocos ou tijolos cerâmicos são materiais muito antigos confeccionados de argila, há


registro destes elementos na antiga mesopotâmia, onde estes eram feitos com barro e secos ao
sol. Hoje esses elementos tiveram grande evolução e tem um papel importante dentro
construção civil, sendo este os mais utilizados para a fabricação de casas e edifícios.
Conforme a ABNT NBR 15270-3 (2005), bloco é um elemento da alvenaria que possui
furos perpendiculares às faces onde há. Os blocos cerâmicos podem ser encontrados em vários
tamanhos, sendo o mais comercializado para alvenaria de vedação o bloco de dimensões
9x14x19 cm, também conhecido como bloco 6 furos (Figura 6).

Figura 6: Fôrmas de pinos para vigas baldrame e sapatas.

Fonte: Cerâmica Atlanta.

3.2 Aplicações

A alvenaria convencional é a forma de construção mais utilizada atualmente, pois com


ela é possível realizar vários tipos de obras, sejam elas pequenas, como muros (Figura 7) e
caixas de inspeção, ou grandes, como residências e edifícios (Figura 8). Isso se deve ao fato
dela ser um sistema que está incorporado na cultura da construção civil a muito tempo, o que
torna a execução fácil e conhecida por muitos profissionais. Além disso, é o sistema que permite
as maiores alturas para prédios atualmente.
13

Figura 7: Paredes em alvenaria convencional.

Fonte: GON Arquitetura, 2022.

Figura 8: Muro em alvenaria convencional.

Fonte: Empreiteira Pillar.

3.3 Execução

O processo de execução da alvenaria convencional é detalhado por etapas, cada etapa


constitui uma parte importante da obra, sem ela não é possível seguir para a próxima. Após a
execução das fundações é então iniciado a determinação de cada pilar de acordo com o projeto,
esses elementos são marcados em seu centro (Figura 9). Enquanto isso, o ferreiro que é
responsável pela ferragem, já está produzindo as armaduras dos pilares (Figura 10), para então
serem levados aos pontos de marcação e presos nas esperas das sapatas.
14

Figura 9: Marcação dos pilares.

Fonte: Youtube, 2018.

Figura 10: Confecção da armadura.

Fonte: Portal Projetista, 2016.

Ao mesmo tempo o carpinteiro está produzindo as fôrmas que darão forma aos pilares,
normalmente retangulares, e evitará que o concreto vaze ou se deforme. Após a marcação e a
colocação das armaduras, o carpinteiro coloca as fôrmas nos lugares, fechando com pregos,
sargentos e gravatas, em seguida ela alinhá-la com o esquadro, fichar o seu “pé” e colocar ela
no prumo (Figura 11). Concluídas todas as etapas e verificadas pelo encarregado, inicia-se o
preenchimento de concreto, que pode ser produzido no local ou por meio de uma usina de
concretagem (Figura 12). Recomenda-se que esses elementos sejam concretados por usina
sempre que possível, devido o maior controle de qualidade do concreto.
15

Figura 11: Fôrmas travadas dos pilares.

Fonte: Americandaimes.

Figura 12: Concretagem dos pilares.

Fonte: APL, Engenharia Geotécnica, de Fundações e Concreto, 2020.

A confecção de vigas é semelhante ao de fazer colunas, exceto que os elementos são


posicionados horizontalmente (Figura 13). Depois de fazer os pilares, vigas e lajes, pode-se
começar a vedação dos vãos.
16

Figura 13: Fôrmas das vigas.

Fonte: Hotpar.

Depois de fazer os pilares, vigas e lajes, pode-se iniciar a vedação das paredes que irão
separar os cômodos. Para a confecção da alvenaria, é necessário fazer uso do projeto
arquitetônico completo, uma vez que são apresentadas as dimensões que deverão ser seguidas
durante a construção.
A execução das paredes de blocos cerâmicos (Figura 14) é iniciada nos cantos,
levantando-os até uma certa altura, é importante utilizar uma mangueira de nível para deixar os
dois cantos com o mesmo nível, então é esticada uma linha, fiada por fiada, para deixar os
blocos alinhados e nivelados ao máximo. O assentamento destes blocos é feito com argamassa
composta por água, cimento e areia, que pode ser produzida em obra ou comprada pronta, é
importante que a espessura da argamassa fique entre 1cm e 2,5cm.

Figura 14: Parede de vedação.

Fonte: Pedreirão.
17

Nas aberturas das paredes são feitas vergas e contravergas, utilizando-se elementos pré-
fabricados como treliças, concretando diretamente na parede. Segundo Grubler (2021, apud
OLIVEIRA, 2012), para aberturas de esquadrias de alvenaria, deve-se utilizar vergas e
contravergas para obter uma ótima distribuição de carga e evitar o colapso localizado dessas
aberturas. São elementos estruturais, mais comumente de concreto armado, que funcionam
como vigas. As vergas são aplicadas na parte superior das portas e janelas e as contravergas são
aplicadas na parte inferior das janelas (Figura 15).

Figura 15: Verga e contraverga.

Fonte: Neo Ipsum Soluções em Engenharia, 2020.

Segundo Grubler (2021, apud YAZIGI, 2002), as paredes de blocos cerâmicos precisam
de um revestimento para proporcionar melhor estética e estanqueidade, onde não há umidade
direta nos blocos, as seguintes etapas podem ser realizadas: chapisco para criar aderência para
receber emboço de argamassa, após isso, use uma argamassa mais fina para reboco, cujo
objetivo é sair da parede para ligar com a pintura. Em áreas molhadas (cozinhas, lavanderias,
banheiros etc.), onde há incidência direta de umidade, deve-se aplicar um revestimento
cerâmico (nas paredes) para formar uma camada de proteção. Este material cerâmico é
normalmente fixado com argamassa colante (Figura 16).
18

Figura 16: Revestimentos argamassados e cerâmico.

Fonte: SILVA, Willian Figueiredo. 2018.

3.4 Vantagens e Desvantagens

Segundo Vasques e Pizzo (2014), algumas das vantagens da aplicação de alvenaria


convencional são: bom isolamento térmico e acústico; boa estanqueidade à água; excelente
resistência mecânica ao fogo; durabilidade superior a qualquer outro material; facilidade de
produção por montagem ou conformação; facilidade e baixo custo dos componentes; domínio
técnico da mão de obra executora; excelente versatilidade e flexibilidade; ótima aceitação pelo
usuário. Algumas das desvantagens são: baixa produtividade na execução; elevada massa por
unidade de superfície; necessidade de materiais adicionais para ter a textura lisa; deficiente na
limpeza e higienização; “desconstrução” para instalação de rede hidrossanitário e elétrica,
gerando desperdício.
Outras vantagens e desvantagens da alvenaria convencional segundo Italiano (2017),
são elas, vantagens: boa durabilidade, isolamento térmico e acústico, pode ser reaproveitado,
maior conhecimento pela sociedade, há possibilidade de remoção de paredes, além da
possibilidade de vãos maiores; já suas desvantagens são: alvenaria sem uniformidade com os
tijolos cerâmicos, problemas na construção são constantes, é necessário quebrar os tijolos para
a passagem das instalações, grande geração de resíduos, os revestimentos tem a espessura
maiores, grande quantidade de madeiras para as vigas.
19

4 ALVENARIA ESTRUTURAL

4.1 Componentes da Alvenaria Estrutural

4.1.1 Blocos

De acordo com Garcia (2019), existem vários materiais disponíveis para emprego na
construção de alvenaria estrutural, como por exemplo o Bloco Cerâmico, Bloco de Silício-
calcário, Bloco de Concreto (Figura 17), sendo este o mais utilizado nesse método de construção
no Brasil. A composição deste tipo de bloco é de cimento Portland, agregado e água, com as
propriedades usadas variando de acordo com a resistência desejada. Além disso, o bloco de
concreto é o que possui as maiores resistência tendo em vista, que sua matéria prima é o próprio
concreto, podendo ser manejado com a resistência desejada, em contrapartida é o mais pesado
de todos.

Figura 17: Bloco estrutural de concreto, cerâmico e silício-calcário.

Fonte: Alves p.5, 2018.

Os blocos de alvenaria estrutural são divididos em famílias, e cada família possui uma
variedade de tamanhos, sendo assim, cabe ao projetista definir no projeto onde cada bloco
deverá dispor. O nome da família sempre fará referência ao bloco que mais é utilizado para
construção de uma parede, elas são divididas em 4 famílias, 20x40, 15x40, 15x30 e 10x40
(Figura 18). Além disso, dentro de cada família há diversos tamanhos de blocos, para que eles
possam se encaixar corretamente um sobre o outro distribuindo o peso uniformemente (Figura
19) (TAULI; NESSE, 2010).
20

Figura 18: Família de blocos.

Fonte: Vogelsanger Concretos.

Figura 19: Tamanho dos blocos.

Fonte: Vogelsanger Concretos.


21

4.1.2 Argamassa de assentamento

Segundo Bastos (2021), a argamassa possuí grande importância no sistema construtivo,


a argamassa de assentamento (Figura 20) é responsável por distribuir a carga aos blocos e atua
de igual forma como a solda em estruturas metálicas, unindo o bloco superior ao bloco inferior.
Normalmente, a argamassa possuí de 70% a 100% da resistência do bloco. Ela pode ser feita
no local, com materiais como, água, cimento e areia, ou comprada em sacos prontos, de certa
forma a argamassa em saco tem um nível de qualidade muito maior que a produzida em obra.

Figura 20: Parede edificado com alvenaria estrutural.

Fonte: Autoria própria.

De acordo com Pastro (2007, apud GARCIA, 2019), a norma americana classifica a
argamassa mista em 4 tipos, M, S, N e O:

• Tipo M: Indicada para a construção de alvenarias em contato com o solo, fundações e


arrimos. Possui alta resistência à compressão e excelente durabilidade;
• Tipo S: Indicada para alvenarias sujeitas a esforços de flexão. Boa resistência à
compressão e tração;
• Tipo N: Indicada para uso geral sem contato com o solo, resistência média à compressão
e boa durabilidade.
22

• Tipo O: Indicada para alvenaria de unidades maciças onde tensão não ultrapasse 0,70
MPa e não seja exposta ao meio agressivo. Tem uma baixa resistência à compressão.

4.1.3 Aço

Segundo Guimarães (2018, apud RAMALHO e CORRÊA, 2003, e CAMACHO, 2006),


a armadura utilizada em estruturas de alvenaria é a mesma utilizada em estruturas de concreto
armado na alvenaria convencional, havendo o grauteamento neste caso. A armadura terá a
finalidade de absorver esforços de compressão e/ou tração. A diferença que nesse processo não
há a necessidade de produção de uma armadura complexa, muitas vezes é apenas utilizado uma
barra de aço, normalmente, um aço 12.5, dependendo do projeto, ou uma treliça.
Conforme a Figura 21, há o encontro de duas treliças, porém para fazer a junção destas
peças utiliza-se um pedaço de aço 12.5 para fazer a união do canto.

Figura 21: Ferragens alocadas em blocos canaleta de concreto.

Fonte: Autoria própria.

4.1.4 Graute

O graute é um concreto composto por agregado miúdo, agregado graúdo, água, cimento
ou outras adições que proporcionam melhor trabalhabilidade, com alta plasticidade e
abatimento, para que consiga preencher os vazios nos locais designados pelo projeto. Segundo
23

Garcia (2019), o graute é utilizado no interior dos blocos (Figura 22), aumentando sua seção
transversal e proporcionando maior resistência à sobrecarga nos pontos grauteados. O resultado
esperado é uma peça íntegra, com o bloco, a argamassa de assentamento, o aço e o graute bem
integrados para obter uma boa resistência, pois trabalham monoliticamente. Sendo assim, é
possível fazer uma analogia com o graute e com os pilares da alvenaria convencional.

Figura 22: Graute.

Fonte: Decorei, 2021.

4.2 Aplicações

Conforme Cavalheiro (1998), economia, segurança, qualidade e rapidez de execução,


possibilita que a alvenaria estrutural se adeque tanto a obras populares quanto padrões elevados.
As possibilidades de utilização da alvenaria estrutural são diversas como por exemplo:
habitações unifamiliares, prédios residenciais multifamiliares (Figura 23) ou comerciais, de
baixa e grande alturas, hotéis, escolas, hospitais, galpões industriais, muros de arrimo,
reservatórios (inclusive circulares), piscinas, silos, entre outros.
24

Figura 23: Edifício residencial construído com alvenaria estrutural.

Fonte: Autoria própria.

O sistema de construção em alvenaria estrutural é mais bem aceito em tipos de obras


verticais, pois não há necessidade de utilização de pilares e vigas e de pavimentos tipo
(repetidos), tornando a execução mais fácil e econômica, pois ao mesmo tempo que a alvenaria
tem a função de vedação, se enquadra como elemento estrutural.

4.3 Execução

Para um bom resultado, o sistema construtivo deve ser articulado por um mesmo
raciocínio envolvendo vários elementos, que serão aplicados na obra, e devemos fazer o
planejamento necessário com muito cuidado, como por exemplo: adotando o sistema
construtivo em alvenaria estrutural, que sai um pouco da comodidade da alvenaria
convencional, devemos visualizar todos os elementos envolvidos, como orçamento, projetos e
cronogramas, devemos nos organizar para buscar a maneira mais rápida e barata para construir.

Antes de ser iniciado a execução na obra, é importante que o projetista tenha planejado
como e onde será cada parede, além de detalhar no projeto a primeira e a segunda fiada (Figura
24). Antes de concretar a viga baldrame ou a laje colocar as armaduras nos pontos corretos.
Após o projeto pronto, pode ser iniciar a execução da alvenaria estrutural, que começa com a
limpeza do pavimento onde a esta será construída, pois pode haver materiais que possam
prejudicar a aderência da argamassa entre o bloco e o pavimento, principalmente poeira (NBR
15961-2, 2011, p. 12).
25

Figura 24: Projeto das fiadas.

Fonte: Mais Engenharia.

Usando do artifício de nível, procura-se definir o ponto mais elevado do pavimento,


também conhecido como ponto crítico, onde possa ser assentado um bloco que servirá de
referência de nível para a alocação da primeira fiada (GUIMARÃES, 2018, apud SANTOS,
2010).
Em seguida, a partir do planejamento da primeira fiada, os eixos devem ser traçados por
um fio de referência e, assim, permitir que sejam alocados blocos estratégicos no pavimento,
que normalmente são blocos de canto e blocos de encontros de paredes (Figura 25)
(GUIMARÃES, 2018, apud MANZIONE, 2004).
26

Figura 25: Canto da parede usado como referência para a parede inteira.

Fonte: Autoria própria.

Segundo Guimarães (2018, apud MANZIONE, 2004), para a execução estrutural é


necessário molhar a superfície do bloco para obter uma melhor aderência. A argamassa deve
ser distribuída em toda a região que entrará em contato com a área do bloco. Posteriormente,
os blocos devem ser alocados sobre a argamassa considerando a posição do fio de referência e
com o auxílio do prumo.

Análises devem ser feitas nos interiores dos blocos com a intenção de retirar o excesso
de argamassa de assentamento que podem se encontrar entre os blocos, impedindo
assim que haja má execução em procedimentos futuros de graute e armação. Além
disso, as recentes elevações de blocos devem estar sempre protegidas da água da
chuva (GUIMARÃES, 2018 apud NBR 15961-2, 2011).

O uso de blocos do tipo canaleta é necessário para a composição das vergas e


contravergas de janelas e portas, como também para a realização da cinta contínua para a fiada
de respaldo. A canaleta deve ser preenchida com o graute e armaduras (NBR 15961-2, 2011).

4.4 Vantagens e Desvantagens

Roman (1996) cita as principais vantagens da alvenaria estrutural, com relação ao


método construtivo: ser apropriado a uma grande variedade de usos funcionais; concorrer
27

técnica e economicamente com estruturas em aço ou concreto; apresentar facilidades de projeto


e detalhamento; ser usualmente mais fácil de construir que prédios de concreto ou aço; reduzir
o número de subcontratados e tipos de material em obra; facilitar supervisão em obra; ser
extremamente durável, exigindo pequena manutenção; ter boas características de isolamento
térmico e acústico; permitir grande flexibilidade ao projetista, por ser baseado em uma unidade
de pequena dimensão (tijolo ou bloco); facilitar a contratação de mão-de-obra qualificada.
Citam as principais desvantagens do sistema construtivo em alvenaria estrutural:
ausência ou deficiência do ensino de alvenaria estrutural; resistência à compressão usada no
projeto de paredes em alvenaria é geralmente menor do que as usadas para aço ou concreto
armado, fazendo com que seja necessária uma maior área da seção da parede; quando existem
grandes aberturas, vigas de concreto ou aço são geralmente mais econômicas. Entretanto,
quando a carga for em arco e as reações horizontais do arco puderem ser acomodadas, a
alvenaria pode se tornar mais econômica (KATO, 2002).
Segundo Garcia (2019), devido a não utilização de vigas e colunas nesse tipo de
construção, reduz ou até mesmo elimina alguns itens, madeiras de caixaria, diminuindo também
itens como concreto, aço e tempo de mão de obra dos armadores e carpinteiros, porém, seu
sistema construtivo é bem diferente da alvenaria tradicional, que consiste em elementos pré-
fabricados utilizando blocos vazados, cujas dimensões são cuidadosamente pensadas no projeto
e exigem mão de obra especializada.

5 COMPARATIVO

Em edifícios de alvenaria convencional as paredes exercem apenas a função de vedação,


carregando assim a estrutura em concreto armado com o seu peso próprio, a qual será tanto
mais alentada quanto maior for a espessura dos componentes de vedação afim de garantir a
melhor performance acústica e térmica.
No sistema de alvenaria estrutural as paredes desempenham as funções de vedação e de
estrutura ao mesmo tempo, absorvendo as cargas permanentes e acidentais. As paredes servem
ainda de alojamento para os dutos elétricos, a execução das instalações elétricas deve ser
seguida à risca de acordo com o projeto, pelo fato de que as paredes não podem ser cortadas
para passagens de conduítes.
As cargas das lajes nas estruturas de concreto armado são transportadas para as vigas,
as quais transferem os esforços daí originados para os pilares e, por fim, de forma pontual para
28

as fundações. Assim, as cargas dos prédios comuns acabam, no caso de fundações em sapatas,
originando no solo tensões relativamente elevadas.
Já em estruturas de alvenaria estrutural as paredes absorvem os esforços e assim todas
as cargas se distribuem em superfícies maiores, sapatas corridas ao longo de todo o perímetro,
causando baixas tensões no solo.
Normalmente, na alvenaria convencional, não há uma perfeita coincidência entre
espessuras de vigas e pilares de concreto armado, gerando cortes nas formas, as quais se tornam
custosas, sobretudo se houver diminuições das seções dos pilares nos andares superiores. Em
algumas situações as formas são complexas e caras, devido ao limitado reaproveitamento.
Na alvenaria estrutural as formas são praticamente dispensáveis, com certas exceções e
quando a opção é pela execução de lajes moldadas “in loco”. E mesmo neste caso há um ganho
da redução do escoramento, pelo aproveitamento das paredes como apoio das formas. Numa
obra comum, com o sistema de alvenaria convencional, a madeira corresponde cerca de 10%
do custo total.
É inseparável às estruturas de concreto armado a necessidade de armaduras, algumas
vezes complexas, e em grande quantidade. Já na alvenaria estrutural as armaduras podem
praticamente inexistir (excetos às construtivas e de amarração) e quando necessárias são retas,
sem necessidade de ganchos ou dobras. Ao contrário do que pode acontecer na alvenaria
convencional, as armaduras são bem protegidas da corrosão.
As fases de execução de uma obra de alvenaria convencional são obrigatoriamente
sequenciais: execução de formas, colocação das armaduras, concretagem, retirada das formas
etc. Na alvenaria estrutural, devido a simultaneidade das etapas, ocorre grande economia de
tempo, que pode chegar a 50%, na execução, antecipando o cronograma da obra e diminuindo
os encargos financeiros.
As estruturas de alvenaria convencional exigem mão-de-obra bastante diversificada em
obras de médio e grande porte, como pedreiro, carpinteiro, eletricista, encanador, armador. Já
na alvenaria estrutural este elenco é reduzido pelo motivo já citado, a simultaneidade das etapas,
a qual exige a polivalência do operário através de fácil treinamento.
Na tabela abaixo (Tabela 1), desenvolvido pelos autores, é possível visualizar um
comparativo sucinto entre os sistemas abordados neste trabalho.
29

Tabela 1: Comparativo entre os sistemas construtivos.


Comparativo entre Alvenaria Convencional e Alvenaria Estrutural

Alvenaria Convencional Alvenaria Estrutural

Grande geração de resíduos no canteiro de obras Faz parte do conceito Lean Construction (Construção
Enxuta), redução de resíduos
Alto consumo de madeira para confecção de formas Necessidade de formas de madeira quase inexistente

Alto uso de concreto e ferragens Quantidade de concreto e ferragens reduzida

Grande disponibilidade de mão de obra qualificada Difícil acesso a mão de obra qualificada

Alta flexibilidade arquitetônica Projetos com necessidade de maior compatibilização


e cuidados
Facilidade para fazer alterações durante a construção Paredes não podem ser cortadas

Facilidade de acesso aos materiais pelo cliente Dificuldade de acesso aos materiais pelo cliente

Blocos com custo menor Blocos com custo maior

Alto custo de materiais Materiais caros se encontram em quantidade


reduzida neste sistema
Maior tempo de execução Tempo de execução menor

Sistema não sustentável, prejudicial ao meio ambiente* Maior sustentabilidade


Fonte: Autoria própria.

Referente à custos dos sistemas construtivos abordados, obtivemos os seguintes dados


(Figura 26 e 27) que se referem à uma residência unifamiliar de 90,00 m² de médio padrão,
sendo composta pelos dois métodos construtivos afins de comparação.

Figura 26: Residência Unifamiliar pelo método de alvenaria convencional.


DISTRIBUIÇÃO DE CUSTOS
ALVENARIA CONVENCIONAL

Alvenaria

15%
25% Concreto
10%
Forma

15%
Aço - Lajes
35%

Aço - Pilares e Vigas

Fonte: Autoria própria baseado em dados de Júnior et al. (2018).


30

Figura 27: Residência Unifamiliar pelo método de alvenaria estrutural.


DISTRIBUIÇÃO DE CUSTOS
ALVENARIA ESTRUTURAL
9% Graute
7%
23% Blocos Estruturais de
Concreto
14% Aço - Lajes

Aço - Paredes
47%
Concretos e Formas (Lajes)

Fonte: Autoria própria baseado em dados de Júnior et al. (2018).

Na tabela abaixo (Tabela 2), são fornecidas informações quanto ao custo de materiais
por m² para executar um mesmo projeto com os dois métodos construtivos abordados, para
uma obra de 4 275 m².

Tabela 2: Custos de materiais de construção em 2014.


Planilha Orçamentária
Sistema Construtivo em Alvenaria Convencional
Descrição Custo
Aço R$ 141.951,71
Blocos Cerâmicos + Argamassa de Assentamento R$ 281.060,20
Formas R$ 139.749,47
Concreto R$ 123.453,23
Graute -
Total R$ 686.214,59
Custo por m² R$ 160,52
Sistema Construtivo em Alvenaria Estrutural
Descrição Custo
Aço R$ 68.293,67
Blocos Cerâmicos + Argamassa de Assentamento R$ 309.187,64
Formas R$ 6.228,00
Concreto R$ 23.761,76
Graute R$ 29.153,36
Total R$ 436.624,43
Custo por m² R$ 102,15
Fonte: Autoria própria baseada em informações fornecidas por Dellatorre (2014).
31

Com a visualização das informações acima ficou nítido que a alvenaria estrutural
apresentou um custo mais atraente, observando que o aço apresentou um custo de cerca de 50%
mais barato, os blocos cerâmicos e argamassa de assentamento apresentaram uma pequena
diferença de apenas 9% mais caro, as formas apresentaram um custo 95% mais barato, e o
concreto 80%. É possível concluir que utilizando a alvenaria estrutural é crível obter uma
grande redução nos custos do empreendimento estudado por Dellatorre (2014).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Segundo Garcia (2019), a alvenaria convencional é o método construtivo mais utilizado


no Brasil, pois demanda de uma mão de obra mais especializada na área e uma cultura forte em
relação a este método, além do mais, clientes preferem este método por conhecerem melhor e
os materiais serem mais baratos. Os projetistas também preferem a alvenaria convencional por
lhes proporcionar maior comodidade na hora de projetar, pois este lhe dá maior variedade de
estilos.
Contudo, conforme mencionado no tópico acima a alvenaria estrutural possui grandes
vantagens em relação a alvenaria convencional, afinal ela diminui custos para o cliente, como
menor consumo de madeira, diminuição de entulho gerado pela construção, maior rapidez na
execução de um pavimento, além da vantagem para a construtora, como redução da mão de
obra e velocidade na execução. Pela falta de informações ao público e de conhecimento
específico dos profissionais da construção civil, é visível a necessidade de buscar a divulgação
e treinamento deste método construtivo.
No entanto, é necessário salientar que a alvenaria estrutural nem sempre será a melhor
opção na hora de construir, o sistema é limitado quanto ao número de pavimentos por questões
econômicas e a arquiteturas mais arrojadas, tornando a alvenaria convencional combinado com
o concreto armado a opção mais viável no mercado atual.
Sendo assim, para a realização de uma obra, independentemente do tipo, é necessário
antes de tudo um cronograma detalhado das etapas a serem executadas, um projeto bem
elaborado e de fácil entendimento e uma mão de obra especializada no tipo de obra. Somente
dessa forma poderemos obter bons resultados na execução de qualquer tipo de construção.
32

REFERÊNCIAS

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Estrutural – Blocos de Concreto: Execução e Controle de Obras. Rio de Janeiro, 2011.
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