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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................... 4

2 FUNÇÃO AFIM ..................................................................................... 4

3 FUNÇÃO LINEAR ................................................................................. 4

4 FUNÇÃO CONSTANTE ....................................................................... 5

5 CRESCIMENTO DE DECRESCIMENTO............................................. 6

6 SINAL DA FUNÇÃO ............................................................................. 7

7 FUNÇÃO QUADRÁTICA ..................................................................... 9

8 COORDENADAS DO VÉRTICE DA PARÁBOLA ...........................10

9 INEQUAÇÕES DO SEGUNDO GRAU .............................................14

10 FUNÇÃO EXPONENCIAL................................................................16

10.1 Gráfico da função exponencial ............................................................................17

10.2 Propriedades da função exponencial.................................................................18

10.2.1 Gráfico com translação f(x) = ax + b ....................................................... 19

10.2.2 O número 𝑒 ............................................................................................. 19

2
11 FUNÇÃO LOGARÍTMICA ................................................................19

11.1 Propriedades operatórias dos logaritmos ........................................................ 21

11.2 Mudança de base ....................................................................................................21

11.3 Gráfico da função logarítmica .............................................................................22

11.4 O logaritmo natural (lnx) ......................................................................................23

11.5 Equações exponenciais e logarítmicas .............................................................. 24

11.5.1 Equações exponenciais.......................................................................... 24

11.6 Equação logarítmica ...............................................................................................26

REFERÊNCIAS .........................................................................................29

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AULA 6 – FUNÇÕES

1 INTRODUÇÃO
Quando o assunto é função, há muitos tipos e muitas características específicas, por isso, nesta aula,
nosso objetivo é apresentar as principais funções: afim, quadrática, exponencial e logarítmicas.

2 FUNÇÃO AFIM
Chama-se função polinomial do primeiro grau, ou função afim, qualquer função cujo domínio e imagem
sejam o conjunto dos números reais e sua fórmula seja expressa pela lei 𝑓(𝑥) = 𝑎𝑥 + 𝑏, onde
𝑎 ≠ 0.

Nessa função o número 𝑎 é chamado coeficiente angular da reta e está diretamente ligado à
inclinação da reta em relação ao eixo 𝑥 . O número 𝑏 é chamado termo constante linear, ou termo
independente, e é o exato local onde a reta cruza o eixo 𝑦.

3 FUNÇÃO LINEAR
Um caso particular de função afim é a função linear. Essa função possui o número 𝑏 igual a zero, ou
seja, a fórmula da função é expressa por 𝑓(𝑥) = 𝑎𝑥, onde 𝑎 ≠ 0.

Uma consequência é que a reta passa pela origem do sistema cartesiano e, se observarmos um pouco
mais, notamos que as grandezas são diretamente proporcionais, ou seja, se uma variável dobra, a outra
também dobra; se uma variável cai pela metade a outra também cai pela metade.

O gráfico de uma função afim é uma reta oblíqua aos eixos 𝑥 e 𝑦.

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Figura 1 – Gráfico de função afim e linear.

4 FUNÇÃO CONSTANTE
Uma função 𝑓(𝑥) = 𝑎𝑥 + 𝑏 com 𝑎 = 0 é definida como função constante.

Portanto, 𝑓(𝑥) = 0𝑥 + 𝑏, ou seja, 𝑓(𝑥) = 𝑏 para todo valor de 𝑥 (a função não depende de 𝑥 ).

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Figura 2 – Gráfico de uma função constante.

5 CRESCIMENTO DE DECRESCIMENTO
Uma função afim será crescente quando, ao aumentarmos os valores de 𝑥 , os valores de 𝑓(𝑥)
também aumentam.

Uma função afim será decrescente quando, ao aumentarmos os valores de 𝑥, os valores de 𝑓(𝑥)
diminuem.

Exemplo:

A função 𝑓(𝑥) = 2𝑥 – 1 e 𝑔(𝑥) = −2𝑥 –1 são crescentes ou decrescentes?

Para decidir essa questão vamos escolher dois valores arbitrários, 1 e 2, e verificar se os valores
de 𝑓(𝑥) e 𝑔(𝑥) aumentam ou diminuem.

Então:
𝑓(1) = 2 ∙ 1 − 1 = 2 − 1 = 1
𝑓(2) = 2 ∙ 2 − 1 = 4 − 1 = 3

Portanto, temos que 𝑓(1) = 1 e 𝑓(2) = 3. Como os valores de 𝑓(𝑥) aumentaram (de 1 para 3) no
intervalo em que os valores de 𝑥 também aumentam, então 𝑓(𝑥) = 2𝑥 – 1 é uma função
crescente.

𝑔(1) = −2 ∙ 1 − 1 = −2 − 1 = −3
𝑔(2) = −2 ∙ 2 − 1 = −4 − 1 = −5

Portanto, temos que 𝑔(1) = −3 e 𝑔(2) = −5. Como os valores de 𝑔(𝑥) diminuíram (de −3 para
−5) no intervalo em que os valores de 𝑥 aumentaram, podemos concluir que 𝑔(𝑥) = – 2𝑥 – 1 é

6
decrescente.

Podemos resumir o exercício da seguinte forma:

• se 𝑎 > 0, coeficiente angular, então podemos afirmar que a função será


crescente;

• se 𝑎 < 0, coeficiente angular, então podemos afirmar que a função será


decrescente.

6 SINAL DA FUNÇÃO
Considerando a função 𝑓(𝑥) = 𝑎𝑥 + 𝑏 é possível determinar o sinal da função, ou seja, os valores de
𝑥 para que a função seja positiva ou negativa.

−𝑏
Em primeiro lugar devemos calcular a raiz da função (Para 𝑓(𝑥) = 0, 𝑥 = ), e, em seguida, seguir os
𝑎
dois casos possíveis:

−𝑏 −𝑏
Se 𝑎 > 0, a função 𝑓(𝑥) > 0, caso 𝑥 > e, portanto, 𝑓(𝑥) < 0 caso 𝑥 < .
𝑎 𝑎

−𝑏 −𝑏
Se 𝑎 < 0, a função 𝑓(𝑥) > 0, caso 𝑥 < e, portanto, 𝑓(𝑥) < 0, caso 𝑥 > .
𝑎 𝑎

Figura 3 – Gráfico de uma função crescente. Figura 4 – Gráfico de uma função decrescente.

Exemplo 1:

Um fabricante verifica que o custo total da produção de 𝑥 unidades de um produto é 2𝑥 + 1 reais.


Qual é o significado econômico da reta 𝑦 = 2𝑥 +1?

7
O gráfico a seguir representa a situação descrita:

Figura 5 – Gráfico custo versus produção.

Repare que, cada vez que 𝑥 aumenta em uma unidade, o valor de 𝑦 aumenta em 2 reais. O
número 2 é denominado custo marginal, ou seja, é o custo adicional acarretado pelo aumento em
1 unidade do nível de produção.

Exemplo 2:

O valor de equipamentos de uma empresa pode ser considerado menor a cada ano, para fins
tributários. O valor de depreciação pode ser deduzido do imposto de renda. Se 𝑥 anos depois de
sua compra o valor 𝑦 de certo equipamento for dado por 𝑦 = 10.000 – 800𝑥 , interprete a
equação.

O ponto (0, 10.000) representa o valor de 𝑦 quando 𝑥 = 0, ou seja, 10.000 é o valor original, ou
inicial, do equipamento.

A inclinação indica a taxa com que o equipamento é depreciado anualmente, ou seja, a cada ano
o equipamento vale 800 reais a menos.

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7 FUNÇÃO QUADRÁTICA
Uma função polinomial do segundo grau, ou função quadrática, é definida pela fórmula:

𝑓(𝑥) = 𝑎𝑥 2 + 𝑏𝑥 + 𝑐

Onde 𝑎, 𝑏 e 𝑐 são números reais e 𝑎 ≠ 0. A curva do gráfico dessa função é chamada de parábola.

Figura 6 – Gráfico de uma função quadrática.

Podemos notar que ao construir o gráfico de uma função 𝑓(𝑥) = 𝑎𝑥 2 + 𝑏𝑥 + 𝑐:

• se 𝑎 > 0, a parábola tem concavidade voltada para cima;

• se 𝑎 < 0, a parábola tem concavidade voltada para baixo.

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Figura 7 – Concavidade de uma parábola.

As raízes da função polinomial do segundo grau é calculada pela fórmula de resolução da equação do
segundo grau:

−𝑏 ± √𝑏 2 − 4𝑎𝑐
𝑥=
2𝑎

O discriminante da equação é definido por ∆= 𝑏 2 − 4𝑎𝑐 e por meio dele é possível definir a quantidade
de raízes da função:

• se ∆ > 0, há duas raízes reais e distintas;

• se ∆ = 0, há duas raízes reais e iguais (raiz dupla);

• se ∆ < 0, não há raiz real.

8 COORDENADAS DO VÉRTICE DA PARÁBOLA


O vértice da parábola é conhecido como o ponto máximo da função polinomial do segundo grau
quando 𝑎 < 0, e mínimo quando 𝑎 > 0.

Podemos calcular o vértice da parábola (𝑥𝑣 , 𝑦𝑣 ) por meio das fórmulas:

𝑏 ∆
𝑥𝑣 =− e 𝑦𝑣 =−
2𝑎 4𝑎

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Também é possível definir a imagem das funções:

Figura 8 – Imagem de uma função com 𝒂 > 0 e outra com 𝒂 < 0.

Sinal da função 𝑓(𝑥) = 𝑎𝑥 2 + 𝑏𝑥 + 𝑐:

Primeiro caso: ∆ > 0

Figura 9 – Comportamento da função quadrática quando ∆ > 0.

11
Segundo caso: ∆ < 0

Figura 10 – Comportamento da função quadrática quando ∆ < 0.

Terceiro caso: ∆ = 0

Figura 11 – Comportamento da função quadrática quando ∆ = 0.

12
Exemplo:

É muito comum em alguns segmentos conseguir um desconto no valor unitário de algum produto ao
adquirir grandes quantidades. Por exemplo, observe a tabela:

Preço unitário de venda em reais (𝑣) Quantidade adquirida (𝑥)

34 42

33 44

30 50

25 60

20 70

Assim, depois de alguns cálculos foi possível descobrir que a função que calcula o preço unitário em
função do produto é 𝑣(𝑥) = −0,5𝑥 + 55, onde 𝑥 é a quantidade de peças e 𝑣 o valor unitário.

Portanto, é possível encontrar a função que represente a receita de uma venda em função da
quantidade de peças, Assim:

𝑅(𝑥) = 𝑥𝑣(𝑥)

Onde 𝑥 representa a quantidade de peças e 𝑣(𝑥), o valor unitário.

Portanto:

𝑅(𝑥) = 𝑥(−0,5𝑥 + 55) ou 𝑅(𝑥) = −0,5𝑥 2 + 55𝑥

Como essa função representa graficamente uma parábola com concavidade voltada para baixo
(𝑎 = −0,5, ou seja, 𝑎 < 0), concluímos que o seu vértice é o maior valor que a função 𝑅(𝑥) pode assumir, ou
seja, nesse ponto teremos o valor de receita máxima.

Na prática, essa é a melhor relação preço/quantidade vendida que a empresa pode oferecer a fim de
adquirir um lucro máximo em função da quantidade de peças vendidas.

Portanto como:

𝑏 ∆
𝑥𝑣 = − 2𝑎 e 𝑦𝑣 = − 4𝑎

Podemos utilizar essa fórmula e descobrir a maior receita (𝑦𝑣 ) e também a quantidade de peças ideal
(𝑥𝑣 ) para essa situação.

Assim:

13
𝑅(𝑥) = −0,5𝑥 2 + 55𝑥

Temos que:

𝑎 = −0,5
𝑏 = 55
𝑐=0

𝑏 ∆
𝑥𝑣 = − e 𝑦𝑣 = −
4𝑎
2𝑎

2
= − (55)4(−0,5)
−4�−0,5�0
55
𝑥𝑣 = − e 𝑦𝑣
2(−0,5)

55 3025
𝑥𝑣 = − e 𝑦𝑣 = − −2
−1

𝑥𝑣 = 55 e 𝑦𝑣 = 1512,5

Desse modo, concluímos que a melhor receita que a empresa pode ter, quando relacionada à
quantidade de peças vendidas, é R$ 1.512,50 e, para isso, ela precisa vender 55 peças.

9 INEQUAÇÕES DO SEGUNDO GRAU


Podemos resolver as inequações do segundo grau de forma semelhante à análise de sinal da função
do segundo grau, ou seja:

Se 𝑎 > 0:

Se ∆ > 0, então 𝑓(𝑥) > 0 para 𝑥 < 𝑥1 e 𝑥 > 𝑥2


e 𝑓(𝑥) < 0 se 𝑥1 < 𝑥 < 𝑥2 .

Se ∆ < 0, então 𝑓(𝑥) > 0 para todo 𝑥 real.

Se ∆ = 0, então 𝑓(𝑥) > 0 para todo 𝑥 real exceto 𝑥1 e 𝑓(𝑥) = 0 se 𝑥 = 𝑥1 .

Se 𝑎 < 0:

Se ∆ > 0, então 𝑓(𝑥) > 0 para 𝑥1 < 𝑥 < 𝑥2 e 𝑓(𝑥) < 0 se 𝑥 < 𝑥1 e 𝑥 > 𝑥2 .

Se ∆ < 0, então 𝑓(𝑥) < 0 para todo 𝑥 real.

Se ∆ = 0, então 𝑓(𝑥) < 0 para todo 𝑥 real exceto 𝑥1 e 𝑓(𝑥) = 0 se 𝑥 = 𝑥1 .

Portanto, o sinal do coeficiente 𝑎 é fundamental para decidir o sinal de uma função ou inequação do
segundo grau.

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Exemplo: resolver a inequação 6𝑥 2 – 5𝑥 + 1 ≤ 0.

Para resolver a inequação, antes devemos encontrar as suas raízes:

−𝑏 ± √𝑏 2 − 4𝑎𝑐
𝑥=
2𝑎
−(−5) ± �(−5)2 − 4 ∙ 6 ∙ 1
𝑥=
2 ∙ 6
5 ± √25 − 24
𝑥=
12
5 ± 1
𝑥=
12
5 + 1 6 1
𝑥1 = = =
12 12 2
5− 1 4 1
𝑥2 = = =
12 12 3

Definidas as raízes, observamos que 𝑎 > 0, portanto para a inequação ser menor que zero devemos
considerar intervalo entre as raízes, ou seja:

Se

𝑎 > 0 e se ∆ > 0
então

𝑓(𝑥) > 0 para 𝑥 < 𝑥1 e 𝑥 > 𝑥2


e

𝑓(𝑥) < 0 se 𝑥1 < 𝑥 < 𝑥2 .

Portanto:

1 1
𝑆 = �𝑥 ∈ ℝ | ≤𝑥 ≤ �
3 2

15
10 FUNÇÃO EXPONENCIAL
Vamos relembrar as propriedades de potências:

Propriedade Exemplo

𝑎𝑚 𝑎𝑛 = 𝑎𝑚+𝑛 24 23 = 24+3 = 27

𝑎𝑚 28
= 𝑎𝑚−𝑛 = 28−3 = 25
𝑎𝑛 23

𝑎0 = 1 20 = 1

1 1
𝑎 −𝑚 = 2−5 =
𝑎𝑚 25

(𝑎𝑏)𝑚 = 𝑎𝑚 𝑏 𝑚 (2 ∙ 3)5 = 25 35

(𝑎𝑚 )𝑛 = 𝑎𝑚 ∙ 𝑛 (23 )4 = 23 ∙ 4 = 212

𝑎 𝑚 𝑎𝑚 2 4 24
� � = 𝑚 � � = 4
𝑏 𝑏 3 3

𝑚 1 𝑚
𝑛
𝑎 𝑛 = �𝑎𝑛 � = √𝑎𝑚

Chama-se função exponencial qualquer função dada pela lei 𝑓(𝑥) = 𝑎 𝑥 , em que 𝑎 é um número real
dado por 𝑎 > 0 e 𝑎 ≠ 1.

Exemplos de funções exponenciais:

𝑦 = 10𝑥 , 𝑦 = 0,2𝑥 etc.

Observe que há restrições quanto à base, pois 𝑎 > 0 e 𝑎 ≠ 1. De fato, essas observações são
necessárias, pois:

se 𝑎 < 0, talvez o número não seja um número real.

Exemplo:

1 1
(−3)2 ∉ ℝ pois (−3)2 = √−3
1 1 1
Observação: (−3)2 ≠ −32 , pois −32 = −√3, sendo um número real.

Se 𝑎 = 1, a função dada por 𝑦 = 1𝑥 é constante, pois 𝑦 = 1𝑥 = 1.

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10.1 Gráfico da função exponencial

Primeiro caso: 𝑎 > 0

Como referência, vamos utilizar o gráfico da função 𝑦 = 2𝑥 , mas há outras funções para
observar também.

Figura 12 – Gráfico de funções exponenciais com a > 1.

Repare que, quanto maior o valor de 𝑎, mais próximo do eixo 𝑦 o gráfico da função ficará. Outra
observação está no ponto (0,1), quando 𝑥 = 0, por onde passam todas as funções do gráfico.

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Segundo caso: 0 < 𝑎 < 1

Figura 13 – Gráfico de funções exponenciais com 0 < a < 1.

10.2 Propriedades da função exponencial

Seja uma função exponencial 𝑓(𝑥) = 𝑎 𝑥 , temos:

1) Se 𝑥 = 0, 𝑦 = 1. O par ordenado (0, 1) é o ponto onde o gráfico corta o eixo 𝑦.

2) Se 𝑎 > 1, então a função será crescente, pois para 𝑥 = 1 e 𝑥 = 2, temos 𝑓(1) = 𝑎 e


𝑓(2) = 𝑎2 , e como 𝑎2 > 𝑎 fica comprovado o fato acima.

3) Se 0 < 𝑎 < 1, a função é decrescente.

4) Para todo 𝑎 > 0 e 𝑎 ≠ 1, se 𝑎 𝑥 = 𝑎 𝑦 , então podemos afirmar que 𝑥 = 𝑦.

5) A imagem da função exponencial 𝑓(𝑥) = 𝑎 𝑥 , sendo 𝑎 > 0 e 𝑎 ≠ 1, é ]0, ∞[, ou seja 𝑓(𝑥)
> 0.

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10.2.1 Gráfico com translação f(x) = ax + b
Figura 14 – Gráfico com translação.

Para toda função exponencial com translação, vale as quatro primeiras propriedades, a única
observação é a última propriedade:

• a imagem da função exponencial 𝑓(𝑥) = 𝑎 𝑥 + 𝑏, sendo 𝑎 > 0 e 𝑎 ≠ 1, é ]𝑏, ∞[, ou seja


𝑓(𝑥) > 𝑏.

10.2.2 O número 𝑒

O número 𝑒 é um importante número irracional na matemática, assim como o 𝜋, que corresponde a,


aproximadamente, 𝑒 = 2,718...
1
Esse número é o resultado do cálculo (1 + 𝑥)𝑥 para valores de 𝑥 muito próximos de zero.

A função 𝑓(𝑥) = 𝑒 𝑥 é conhecida como função exponencial de base 𝑒.

11 FUNÇÃO LOGARÍTMICA
Definição de logaritmos

Sendo 𝑎 e 𝑏 números reais e positivos, com 𝑎 ≠ 1, definimos como logaritmo de 𝑏 na base 𝑎 o


expoente 𝑥 , tal que obedeça a seguinte lei:

𝑙𝑜𝑔𝑎 𝑏 = 𝑥 ↔ 𝑎 𝑥 = 𝑏

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Podemos afirmar que:

• ‘𝑎’ é a base do logaritmo;

• 𝑏 é o logaritmando;

• 𝑥 é o logaritmo.

Exemplos:

a) 𝑙𝑜𝑔2 8 = 3 ↔ 23 = 8

b) 𝑙𝑜𝑔5 125 = 3 ↔ 53 = 125

1 1
c) 𝑙𝑜𝑔2 = −2 ↔ 2−2 =
4 4

d) 𝑙𝑜𝑔𝑥 1 = 0 ↔ 𝑥0 = 1

Convenção importante:

Quando aparecer um logaritmo com base omitida, convencionamos afirmar que sua base é 10:

𝑙𝑜𝑔𝑥 = 𝑙𝑜𝑔10 𝑥

Exemplo:

a) 𝑙𝑜𝑔1000 = 3 ↔ 103 = 1000

1 1
b) 𝑙𝑜𝑔 = −2 ↔ 10−2 =
100 100

As restrições para 𝑎 (𝑎 > 0 e 𝑎 ≠ 1) e para 𝑏 (𝑏 > 0) indicadas na definição garantem a existência e a


unicidade de 𝑙𝑜𝑔𝑎 𝑏.

Consequências:

• 𝑙𝑜𝑔𝑎 1 = 0, pois 𝑎0 = 1

• 𝑙𝑜𝑔𝑎 𝑎 = 1, pois 𝑎1 = 𝑎

• 𝑎𝑙𝑜𝑔𝑎𝑏 = 𝑏

• Se dois logaritmos em uma mesma base são iguais, então os logaritmandos também
são: 𝑙𝑜𝑔𝑎 𝑏 = 𝑙𝑜𝑔𝑎 𝑐 , então 𝑏 = 𝑐 .

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11.1 Propriedades operatórias dos logaritmos
Os logaritmos apresentam algumas propriedades particulares:

1) Logaritmo do produto

Em qualquer base válida, o logaritmo do produto de dois número reais e positivos é igual à
soma dos logaritmos de cada um deles, isto é, se 𝑎 > 0 e 𝑎 ≠ 1, 𝑏 > 0 e 𝑐 > 0, então:

𝑙𝑜𝑔𝑎 (𝑏𝑐) = 𝑙𝑜𝑔𝑎 𝑏 + 𝑙𝑜𝑔𝑎 𝑐

2) Logaritmo do quociente

Em qualquer base válida, o logaritmo do quociente de dois números reais e positivos é a


diferença entre o logaritmo do numerador e o logaritmo do denominador, isto é, se 𝑎 > 0 e
𝑎 ≠ 1, 𝑏 > 0 e 𝑐 > 0, então:

𝑏
𝑙𝑜𝑔𝑎 = 𝑙𝑜𝑔𝑎 𝑏 − 𝑙𝑜𝑔𝑎 𝑐
𝑐

3) Logaritmo da potência

Em qualquer base válida, o logaritmo de uma potência de uma base real e positiva é igual ao
produto do expoente pelo logaritmo da base da potência, isto é, se 𝑎 > 0 e 𝑎 ≠ 1, 𝑏 > 0 e
𝑟 ∈ ℝ, então:

𝑙𝑜𝑔𝑎 𝑏 𝑟 = 𝑟𝑙𝑜𝑔𝑎 𝑏

Exemplos:

𝑙𝑜𝑔2 10 = 𝑙𝑜𝑔2 (2 ∙ 5) = 𝑙𝑜𝑔2 2 + 𝑙𝑜𝑔2 5 = 1+ 𝑙𝑜𝑔2 5


10
𝑙𝑜𝑔5 = 𝑙𝑜𝑔 = 𝑙𝑜𝑔10 − 𝑙𝑜𝑔2 = 1- 𝑙𝑜𝑔2
2

𝑙𝑜𝑔1000 = 𝑙𝑜𝑔103 = 3 𝑙𝑜𝑔10


��� = 3 ∙ 1 = 3
1

11.2 Mudança de base


Para aplicar as propriedades operatórias citadas, todos os logaritmos devem ter a mesma base. Então,
quando houver logaritmos com bases distintas, é necessário fazer a mudança de base. Para isso, basta
seguir esta fórmula:

21
𝑙𝑜𝑔𝑏 𝑐
𝑙𝑜𝑔𝑎 𝑐 =
𝑙𝑜𝑔𝑏 𝑎

Onde:

• 𝑎 é a base do logaritmo conhecido;

• 𝑐 é o logaritmando;

• 𝑏 é a base escolhida. Lembrando que 𝑏 > 0 e 𝑏 ≠ 1.

Exemplo:

𝑙𝑜𝑔5 5 1
𝑙𝑜𝑔2 5 = =
𝑙𝑜𝑔5 2 𝑙𝑜𝑔5 2

Aplicação importante:

Tomando o exemplo anterior, temos que:


1
𝑙𝑜𝑔2 5 = , portanto podemos concluir que:
𝑙𝑜𝑔5 2

1
𝑙𝑜𝑔2 5 = ↔ 𝑙𝑜𝑔2 5 ∙ 𝑙𝑜𝑔5 2 = 1
𝑙𝑜𝑔5 2

Assim, escrevendo de forma genérica temos:


1
𝑙𝑜𝑔𝑎 𝑏 = ↔ 𝑙𝑜𝑔𝑎 𝑏 ∙ 𝑙𝑜𝑔𝑏 𝑎 = 1
𝑙𝑜𝑔𝑏 𝑎

11.3 Gráfico da função logarítmica

Dado um número real 𝑎, sendo 𝑎 > 0 e 𝑎 ≠ 1, podemos chamar de função logarítmica de base 𝑎 a
função dada pela lei 𝑓(𝑥) = 𝑙𝑜𝑔𝑎𝑥 .

22
Figura 15 – Gráfico da função logarítmica.

Observações sobre o gráfico da função logarítmica:

• não importa se a base é um número positivo menor que 1 (0 < 𝑎 < 1) ou maior que 1, o
gráfico está no primeiro e quarto quadrantes;

• todas as funções 𝑓(𝑥) = 𝑙𝑜𝑔𝑎 𝑥, sendo 𝑎 > 0 e 𝑎 ≠ 1, passam pelo ponto (1, 0), pois
𝑙𝑜𝑔𝑎 1 = 0 → 𝑎0 = 1;

• as funções cujo valor de 𝑎 é maior que 1 são funções crescentes, e as funções cujo 𝑎
pertence ao intervalo 0 < 𝑎 < 1 são funções decrescentes;

• sendo 𝑓(𝑥) = 𝑙𝑜𝑔𝑎 𝑥 e 𝑎 > 1, 𝑓(𝑥) > 0 se 𝑥 > 1 e, portanto, 𝑓(𝑥) < 0 se 0 < 𝑥 < 1 e 𝑓(1) = 0;

• sendo 𝑓(𝑥) = 𝑙𝑜𝑔𝑎 𝑥 e 0 < 𝑎 < 1, 𝑓(𝑥) > 0 se 0 < 𝑥 < 1 e, portanto, 𝑓(𝑥) > 0 se 𝑥 > 1 e
𝑓(1) = 0.

11.4 O logaritmo natural (lnx)

Os logaritmos de base 𝑒 são chamados de logaritmos naturais, e a notação utilizada é 𝑦 = 𝑙𝑛𝑥.

Todas as propriedades vistas anteriormente são válidas para esses logaritmos.

23
O gráfico a seguir, em verde, representa a função 𝑦 = 𝑙𝑛𝑥. Pelo desenho é possível comparar o
comportamento com as outras funções.

Figura 16 – Gráficos de funções logarítmicas.

Repare que como 𝑒 > 1 então essa função tem um comportamento semelhante ao das funções azul e
vermelha.

11.5 Equações exponenciais e logarítmicas

11.5.1 Equações exponenciais

Uma equação exponencial é aquela que possui uma incógnita no expoente em pelo menos uma de
suas potências.

Um método eficiente para resolver uma equação exponencial é reduzir ambos os membros de uma
equação à potência de mesma base e, a partir daí, aplicar a propriedade:

𝑎𝑥 = 𝑎𝑦 ↔ 𝑥 = 𝑦

Quando isso é possível, a equação é facilmente resolvida.

24
Exemplo 1:

(√2)𝑥 = 64
1 𝑥
�6
�22 � = 2
64
𝑥 𝑥
2 2 = 26 ↔ =6
2
𝑥 = 12

Exemplo 2:

3𝑥+1 − 3𝑥 − 3𝑥−1 = 45

𝑥 1
1
���
3 3 − 3𝑥 − 3𝑥 = 3
� 2
5
𝑥+1
� 3
3 45
3𝑥−1
1
3𝑥 �3 − 1 − � = 32 5
3
5
3𝑥 = 32 5
3

33 5
3𝑥 =
5
3 𝑥 = 33 ↔ 𝑥 = 3

Exemplo 3:

4𝑥 − 2𝑥 = 12

Como 4𝑥 = (2𝑥 )2, podemos substituir 2𝑥 por outra variável, por exemplo, 𝑦.

Então:

4𝑥 − 2𝑥 = 12

(2𝑥 )2 − 2𝑥 = 12
𝑦 2 − 𝑦 −12 = 0

−(−1)±�(−1)2 −4 ∙ 1 ∙(−12)
𝑦=
2
1±√ 1+48 1±7
𝑦= =
2 2
8
𝑦1 = =4
2

25
−6
𝑦2 = = −3
2
Portanto, 𝑦 = 4 ou 𝑦 = −3. Agora, basta substituir 𝑦 na equação 2𝑥 e descobrir o valor de 𝑥 que
satisfaz a equação, logo:

2𝑥 = 4
2 𝑥 = 22 ↔ 𝑥 = 2
2𝑥 = −3

Não existe solução real.

Portanto a solução é 𝑥 = 2.

11.6 Equação logarítmica


Ao resolver equações exponenciais, nota-se que para alcançar uma solução satisfatória são
necessários números de mesma base. Mas, e se isso não ocorrer?

Por exemplo:

3𝑥 = 5

Nesse caso, precisamos recorrer aos logaritmos.

Vimos pela definição de logaritmos que:

𝑙𝑜𝑔𝑎 𝑏 = 𝑥 ↔ 𝑎 𝑥 = 𝑏

Como a recíproca é verdadeira, podemos concluir que:

𝑎 𝑥 = 𝑏 ↔ 𝑙𝑜𝑔𝑎 𝑏 = 𝑥

Portanto, o resultado do exemplo é:

3𝑥 = 5 ↔ 𝑙𝑜𝑔3 5 = 𝑥

Mas essa é uma equação simples. Para resolver equações mais complexas, deve-se utilizar as
propriedades dos logaritmos:

1) 𝑙𝑜𝑔𝑎 𝑏 = 𝑙𝑜𝑔𝑎 𝑐 ↔ 𝑏 = 𝑐

2) 𝑙𝑜𝑔𝑎 (𝑏𝑐 ) = 𝑙𝑜𝑔𝑎 𝑏 + 𝑙𝑜𝑔𝑎 𝑐

26
𝑏
3) 𝑙𝑜𝑔𝑎 = 𝑙𝑜𝑔𝑎 𝑏 − 𝑙𝑜𝑔𝑎 𝑐
𝑐

4) 𝑙𝑜𝑔𝑎 𝑏𝑟 = 𝑟𝑙𝑜𝑔𝑎 𝑏
𝑙𝑜𝑔𝑏 𝑐
5) 𝑙𝑜𝑔𝑎 𝑐 =
𝑙𝑜𝑔𝑏 𝑎

Exemplo 1:

𝑙𝑜𝑔3 (3 − 𝑥) = 𝑙𝑜𝑔3 (3𝑥 + 7)

3 − 𝑥 = 3𝑥 + 7

3 − 7 = 3𝑥 + 𝑥

−4 = 4𝑥

𝑥 = −1

Precisamos verificar se esta é uma resposta válida porque, necessariamente,


3 – 𝑥 > 0 e 3𝑥 + 7 > 0 (condição de existência).

Então:

3 − (−1) = 4 > 0

3(−1) + 7 = 4 > 0

Portanto 𝑥 = −1 é uma solução válida.

Exemplo 2:

2𝑙𝑜𝑔𝑥 = 𝑙𝑜𝑔(2𝑥 −3) + 𝑙𝑜𝑔(𝑥 + 2)

𝑙𝑜𝑔𝑥 2 = 𝑙𝑜𝑔[(2𝑥 −3)(𝑥 + 2)]


𝑙𝑜𝑔𝑥 2 = 𝑙𝑜𝑔(2𝑥 2 + 𝑥 − 6)
𝑥 2 = 2𝑥 2 + 𝑥 – 6
𝑥2 + 𝑥 – 6 = 0
Assim, utilizando a equação de resolução da equação do segundo grau, concluímos que 𝑥 = −3
ou 𝑥 = 2.

Analisando a condição de existência da equação, temos:

Se 𝑥 = −3, não pode ser solução, porque 2𝑙𝑜𝑔𝑥 não existiria (2𝑙𝑜𝑔(−3)).

Se 𝑥 = 2 satisfaz a condição de existência em todos os termos, portanto é uma solução


válida.

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Exemplo 3:

𝑙𝑜𝑔4 𝑥 + 𝑙𝑜𝑔𝑥 4 = 2

Como há logaritmos com bases diferentes, todos os termos devem ter a mesma base, portanto
deixemos os termos com base 4:

𝑙𝑜𝑔4 4 1
𝑙𝑜𝑔𝑥 4 = =
𝑙𝑜𝑔4 𝑥 𝑙𝑜𝑔4 𝑥

Substituindo na equação, temos:


1
𝑙𝑜𝑔4 𝑥 + =2
𝑙𝑜𝑔4 𝑥

Para resolver com mais facilidade, podemos propor uma troca de variável:

𝑙𝑜𝑔4 𝑥 =𝑦
Então, nossa equação ficou:
1
𝑦+ =2
𝑦

𝑦2 + 1 = 2 𝑦
𝑦 2 − 2𝑦 + 1 = 0
(𝑦 − 1)2 = 0
𝑦−1=0

𝑦 =1

Como desejamos encontrar o valor de 𝑥 , devemos substituir na primeira mudança, assim:

𝑙𝑜𝑔4 𝑥 = 𝑦
𝑙𝑜𝑔4 𝑥 = 1

𝑥 = 41
𝑥=4

Como 𝑥 = 4 satisfaz as condições de existência, podemos considerar a solução da equação.

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REFERÊNCIAS
DEMANA, F.; WAITS, K. B.; FOLEY, D. G.; KENNEDY, D. Pré-cálculo. 7. ed. São Paulo: Pearson, 2009.

IEZZI, G.; DOLCE, O.; DEGENSZAJN, D.; PÉRIGO, R.; ALMEIDA, N. Matemática: ciência e aplicações. 6.
ed. São Paulo: Atual, 2010.

IEZZI, G.; DOLCE, O.; MACHADO, A. Matemática e realidade. 6. ed. São Paulo: Atual, 2009.

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