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Introdução ao Direito

Aula 05
Direito Constitucional

Objetivos Específicos
• Demonstrar a organização e funcionamento do Estado.

Temas

1 DIREITO CONSTITUCIONAL
2 A EMPRESA E O EMPRESÁRIO NA CF 88
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS

Professor
Jorge Boyajan
Introdução ao Direito

Direito Constitucional é a área do Direito que estuda a Constituição Federal. A maioria


dos Estados soberanos, ao constituírem-se, estabelecem as formas de governo e de Estado;
a estrutura política; delimitam os poderes dos governantes; resguardam os direitos dos
governados, além da organização dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário; e elaboram
as diretrizes da ordem social, econômica, financeira, de suas instituições.

Veremos nesta aula, a organização e o funcionamento do Estados, assim como


os ordenamentos referentes à Empresa e ao Empresário, previstos na Lei Maior, que é a
Constituição Federal (CF) de 1988.

1 DIREITO CONSTITUCIONAL
A Constituição vigente foi promulgada em 1988. O artigo primeiro da Constituição Federal
define como é organizado o Estado Brasileiro e quais são suas formas:

1. Forma de Estado – Estado Federal (Federativa)

2. Forma de Governo – República (Republicano)

3. Sistema de Governo – Presidencialismo

Já o artigo segundo, declara os princípios da divisão orgânica dos poderes nacionais, que são:

1. Executivo – Executa as leis

2. Legislativo – Cria as leis

3. Judiciário – Faz cumprir as leis

Esses poderes são independentes e harmônicos entre si e, por isso, não é possível
estabelecer ditadura em nosso país.

Tal qual a ciência do Direito, o poder também é uno e indivisível; a este poder dá-se o
nome de soberania. Mas, se ele é indivisível, como pode haver uma divisão orgânica? Em
1748, Montesquieu escreveu a obra intitulada “O espírito das Leis”, na qual criou a divisão
orgânica do poder, descrevendo quais funções deveriam ser desenvolvidas em cada órgão
distinto, para o poder não ficar concentrado em um único local. Tecnicamente a divisão é
orgânica, já que existe para que cada Poder exerça suas competências constitucionalmente
previstas de forma independente, não permitindo, com isso, existir hierarquia entre os três
poderes. Por isso, no Brasil a constituição divide organicamente o poder em: Executivo, cuja
função é executar a lei; Legislativo, que cria a lei; e Judiciário, que faz cumprir a lei.

Para entender melhor qual é a organização do Estado, vejamos a definição de


Branchier e Tesolin,

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O Estado é um ente imaginário criado pelo poder constituinte (formado pela Câmara
dos Deputados e do Senado Federal), que é quem realmente dá as ordens, uma
vez que é o instituidor da Constituição, a qual cria e manda no Estado, que, por sua
vez, por meio do titular do poder, gerencia e administra a vida social. Portanto, o
Estado existe para decidir – fazendo as leis – e cumprir – executando as próprias leis e
decisões. Exerce o poder conferido pela CF e vai criar um suporte administrativo para
executar suas tarefas. (2006, p.76).

A forma de governo do Brasil (Estado Nacional) é a república federativa. Entenda-


se que República vem do latim, e significa res=coisa, pública=do povo. A forma Federativa
significa que o Estado é dividido em unidades dotadas de autonomia, tanto financeira quanto
administrativa (União, Estados, Distrito Federal e Municípios). Assim, os interesses (por
interesses entenda-se os direitos e deveres previstos e definidos na CF) relativos à totalidade
do território são de competência da União, já os interesses regionais, são divididos pelos
Estados, e os locais são pelos municípios. Portanto, o poder é limitadamente descentralizado,
conforme posto no art. 18 da CF.

Art. 18. A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil


compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autonômos,
nos termos desta Constituição.

§ 1º - Brasília é a Capital Federal.

§ 2º- Os Territórios Federais integram a União, e sua criação, transformação em Estado


ou reintegração ao Estado de origem serão reguladas em lei complementar.

§ 3º - Os Estados podem incorporar-se entre si, subdividir-se ou desmembrar-se


para se anexarem a outros, ou formarem novos Estados ou Territórios Federais,
mediante aprovação da população diretamente interessada, através de plebiscito, e
do Congresso Nacional, por lei complementar.

§ 4º A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de Municípios


preservarão a continuidade e a unidade histórico-cultural do ambiente urbano, far-se-
ão por lei estadual, obedecidos os requisitos previstos em Lei Complementar estadual,
e dependerão de consulta prévia, mediante plebiscito, às populações diretamente
interessadas.1

§ 4º A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de Municípios, far-se-


ão por lei estadual, dentro do período determinado por Lei Complementar Federal,
e dependerão de consulta prévia, mediante plebiscito, às populações dos Municípios
envolvidos, após divulgação dos Estudos de Viabilidade Municipal, apresentados e
publicados na forma da lei. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 15, de
1996) Vide art. 96 - ADCT). (BRASIL, 1988)

Pelo exposto, concluimos que a Constituição Federal de 1988 divide os poderes do Estado
conforme sua força. Essa divisão é territorial (nos estados) e orgânica (na forma Federativa),
conforme apresentado no quadro a seguir.

1 Mantemos o parágrafo tachado para demonstrar que houve uma alteração por meio de uma Emenda Constitucional. O mesmo procedimento
foi adotado em todo o texto.

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PODERES
Legislativo Executivo Judiciário
STF, STJ, TRF, Justiça
União Congresso Nacional Presidente da República
Federal
Justiça Comum e
Estados Assembleia Legislativa Governador Estado
Tribunais de Justiça
Municípios Câmara Municipal Prefeito Não Há
Justiça Comum e
Dist. Fed Câmara Distrital Governador Distrital
Tribunais de Justiça

Presidencialismo é o sistema de governo adotado pela CF e, nesse sistema, o Presidente


da República acumula os cargos de chefe de governo e chefe de Estado. Se o sistema de
governo brasileiro fosse uma Monarquia, como na Grã-Bretanha, e tivéssemos um Rei, ele
seria chefe de Estado, e o Presidente, chefe de Governo.

A CF é muito extensa, possui 250 artigos, por essa razão nos detivemos, apenas, na
organização do Estado, passaremos, portanto, a analisar o que ela resguarda de direitos mais
diretamente ligados ao nosso curso.

2 A EMPRESA E O EMPRESÁRIO NA CF 88
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre
iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da
justiça social, observados os seguintes princípios:

I - soberania nacional;

II - propriedade privada;

III - função social da propriedade;

IV - livre concorrência;

V - defesa do consumidor;

VI - defesa do meio ambiente;

VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme


o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e
prestação; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003).

VII - redução das desigualdades regionais e sociais;

VIII - busca do pleno emprego;

IX- tratamento favorecido para as empresas brasileiras de capital nacional de pequeno


porte.

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IX - tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as


leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no País. (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 6, de 1995).

Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade


econômica, independentemente de autorização de órgãos públicos, salvo nos casos
previstos em lei. (BRASIL, 1988)

O parágrafo único do artigo supracitado deixa claro que a intenção do Estado é delegar a
todos os particulares, o exercício da atividade empresarial. Seguindo uma tendência mundial,
o Estado se afasta da atividade econômica e atua como agente regulador, através das agências
reguladoras. Algumas delas são:

• ANA – Agência Nacional de Águas

• ANAC – Agência Nacional de Aviação Civil

• ANATEL – Agência Nacional de Telecomunicações

• ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica

O inciso IV, desse mesmo artigo da CF, consagra o princípio da livre iniciativa e reconhece
a importância da atividade empresarial na produção de bens e serviços, essenciais para
satisfação dos incisos VII e VIII, redução das desigualdades regionais e sociais; e busca do
pleno emprego; respectivamente. Passemos agora para outro artigo da CF, relevante para
compreensão das empresas.

Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de
concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos.

Parágrafo único. A lei disporá sobre:

I - o regime das empresas concessionárias e permissionárias de serviços públicos, o


caráter especial de seu contrato e de sua prorrogação, bem como as condições de
caducidade, fiscalização e rescisão da concessão ou permissão;

II - os direitos dos usuários;

III - política tarifária;

IV - a obrigação de manter serviço adequado. (BRASIL, 1988)

O art.175 caput, prevê o regime de concessão ou permissão para a iniciativa privada,


sempre por licitação, a prestação de serviços públicos, de responsabilidade do Estado, sendo
certo que em seu parágrafo único e incisos determina a forma e condições em que serão
feitas, sempre através de lei.

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Art. 179. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios dispensarão às


microempresas e às empresas de pequeno porte, assim definidas em lei, tratamento
jurídico diferenciado, visando a incentivá-las pela simplificação de suas obrigações
administrativas, tributárias, previdenciárias e creditícias, ou pela eliminação ou
redução destas por meio de lei. (BRASIL, 1988)

Já o artigo 179 da CF determina que todas as esferas da administração pública devem


incentivar as empresas e empresários, definidos por lei como microempresas e empresas de
pequeno porte, com tratamento jurídico diferenciado, simplificando suas obrigações.

É a Lei Complementar 123/2006 (também chamada de Lei Complementar do Estatuto


Nacional de Microempresa e Empresa de Pequeno Porte- LCMEPP) que estabelece as normas
gerais relativas ao tratamento diferenciado e favorecido, ser dispensado às microempresas
(ME) e empresas de pequeno porte (EPP). Determina-se, legalmente por meio desta, o
enquadramento da empresa em microempresa e empresa de pequeno porte por meio da
receita bruta anual, em cada ano calendário, sendo que tais valores são reajustados por lei.

Os valores e os benefícios concedidos serão abordados na aula narrada e nos vídeos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Na aula de hoje pudemos aprender que:

• A organização do Estado, bem como a divisão de poderes são determinadas na CF;

• A divisão dos poderes é um dos fatores que impede o surgimento da temida DITADURA,
em nosso país;

• A CF delega aos particulares nas pessoas da empresa (pessoa jurídica) e do empresário


(pessoa física), a missão da produção de bens e serviços para a sociedade, reservando-
se o papel de agente regulador;

• Existe um tratamento diferenciado às microempresas e empresas de pequeno porte,


cuja finalidade é a de facilitar a tarefa de regulamentação do Estado.

Para um melhor entendimento do componente indicamos a leitura:

BRANCHIER, A. S., TESOLIN, J. D. Direito e Legislação Aplicada. 20. Curitiba:


IBPEX, 2006 (p.71-91).

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REFERÊNCIAS
BRANCHIER, A. S., TESOLIN, J. D. Direito e Legislação Aplicada. 20. Curitiba: IBPEX, 2006.

BRASIL. Lei Complementar nº 123. Institui o Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa


de Pequeno Porte. Brasília, DF, 14/dez./2006.

_______. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF,


Senado, 1988.

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