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Introdução ao Direito

Aula 13
Direito do Trabalho

Objetivos Específicos
• Entender as principais regras em relação ao trabalho subordinado.

Temas

1 CONCEITO DE DIREITO DO TRABALHO


2 PRINCÍPIOS
3 EMPREGADO
4 EMPREGADOR
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS

Professor
Jorge Boyajan
Introdução ao Direito

Vamos estudar como se forma o vínculo empregatício entre empregado e empregador,


e alguns direitos e deveres gerais de um e de outro. Essa abordagem será realizada com base
principal nas normas que estão contidas na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) de 1943.

1 CONCEITO DE DIREITO DO TRABALHO


Há muito tempo é reconhecida a importância do direito do trabalho. Esse reconhecimento
se deu principalmente com a industrialização que houve no país em 1950, tanto que o Direito
do Trabalho hoje tem um tribunal próprio, separado dos tribunais da justiça federal, ou seja,
é um tribunal especial, e dedica-se exclusivamente aos casos trabalhistas1.

Segundo Martins,

Direito do Trabalho é o conjunto de princípios, regras e instituições atinentes à relação


de trabalho subordinado e situações análogas, que visa assegurar melhores condições
de trabalho e sociais ao trabalhador, de acordo com as medidas de proteção que são
destinadas (p.388, 2009).

2 PRINCÍPIOS
Os Princípios do Direito, conforme abordado em outras aulas, servem como base e
fundamento do Direito. Assim, no caso da ramificação do Direito Trabalhista, visam a dar uma
maior proteção ao empregado que seja hipossuficiente (a parte mais fraca em uma relação)
em relação ao empregador. Desta forma, encontramos na CLT a:

a. Proteção do trabalhador: visa compensar a superioridade econômica do empregador


em relação ao trabalhador. Assim, na dúvida, deve-se interpretar em favor do
empregado, se houver mais de uma norma aplicável, a mais favorável ao empregado,
entre outras.

b. Irrenunciabilidade de direitos: o trabalhador não pode renunciar, por exemplo, ao


recebimento de suas férias se o empregador se encontra em dificuldades financeiras.

c. Continuidade da Relação de Emprego: presume-se que o trabalho vigora por


tempo indeterminado. Essa é a regra. A exceção ocorre nos contratos por prazo
indeterminado.

d. Primazia da Realidade: no Direito do Trabalho valem muito mais os fatos do que a


forma empregada pelas partes. Assim, não adianta simular uma prestação de serviços
com pagamentos pela prestação de serviços com RPA (recibo de pagamento de
autônomo) se dos fatos verifica-se que existe uma relação de emprego.

1 Os Poderes Superiores do Brasil definidos pela Constituição Federal são: Supremo Tribunal Federal, Superior Tribunal de Justiça, Superior
Tribunal Militar, Tribunal Superior do Trabalho, Tribunal Superior Eleitoral e Conselho Nacional de Justiça.

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É importante para o Direito definir quem é o “empregador” e o “empregado” para que


também se possa definir se há ou não relação de emprego e todas suas consequências legais,
de acordo com as particularidades de cada caso. Confira na sequência.

3 EMPREGADO
O artigo 3º da Consolidação das Leis do Trabalho define que “considera-se empregado
toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual ao empregador, sob a
dependência deste e mediante salário” (BRASIL, 1943) e,

Art. 4º - Considera-se como de serviço efetivo o período em que o empregado esteja


à disposição do empregador, aguardando ou executando ordens, salvo disposição
especial expressamente consignada. (BRASIL, 1943)

Daí podermos afirmar que a relação de emprego se caracteriza sempre que tivermos a
prestação pessoal do serviço, a habitualidade, o pagamento e a subordinação.

3.1 Os principais direitos do empregado e deveres do empregador


segundo a CLT
Toda relação de emprego, se regida pela CLT, deve incluir Carteira de Trabalho e
Previdência Social, com as devidas anotações previstas na lei trabalhista, e, caso não sejam
feitas as devidas anotações, existem sanções previstas para o empregador, que podem chegar,
em casos extremos, à prisão do empregador.

O salário que, via de regra, é pago mensalmente, tem um mínimo previsto na lei, que
deve ser respeitado, devendo ser pago até o quinto dia útil do mês subsequente.

Após um ano de labor, o empregado tem direito a 30 dias de férias, que podem ser
concedidas pelo empregador até no máximo um dia antes de se completarem dois anos de
trabalho ininterruptos, sob pena de serem pagas em dobro, sendo o salário acrescido em 1/3
quando do usufruto das férias.

O trabalhador também tem direito ao 13º salário, que é pago em duas parcelas. A
primeira delas vence até 30 de novembro e a segunda até 20 de dezembro.

O Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) é outro direito do trabalhador, e é


depositado em conta específica para este fim à razão de 8% sobre o valor da remuneração do
empregado.

Se o período laboral for entre 4 e 6 horas diárias, o empregado tem direito a 15 minutos
de descanso. Se forem 8 horas, terá direito a uma hora de descanso.

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Se o empregado trabalhar além das horas pactuadas no contrato de trabalho, tem direito
a receber horas extras com acréscimos.

No caso de trabalho noturno, que exponha o empregado a algum tipo de risco, ou ainda
que possa prejudicar a saúde do trabalhador, fará jus a um aumento percentual em sua
remuneração, conforme o caso.

Se houver a rescisão do contrato de trabalho sem justificativa legal, o empregado tem


direito a um adicional de 40% sobre o saldo do FGTS.

Existem outros direitos como estabilidade e vale-transporte, que dependem de situações


fáticas, ou seja, variam caso a caso.

4 EMPREGADOR
É considerado como empregador “(...) a empresa individual ou coletiva, que, assumindo
os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviços”
(BRASIL, CLT, Art. 2º).

Quando o empregador contrata um empregado, seja ele pessoa física ou jurídica,


existem consequências legais que a lei prevê para as mais diversas possibilidades, com o fim
de proteger os direitos do empregado.

Dessa forma, são previstas responsabilidades sobre os sócios da empresa, sobre seus
administradores, dependendo do tipo societário, e sobre as possíveis fusões, incorporações
ou formação de grupos empresariais, entre outros, sempre com o fim de resguardar os
interesses do trabalhador.

4.1 Condições que podem se configurar e consequências para o


empregador
Na CLT existem regras bem definidas para cada tipo de relação de trabalho. Vamos
conhecer algumas condições e consequências gerais dessa relação.

Art. 2º, § 1º - Equiparam-se ao empregador, para os efeitos exclusivos da relação de


emprego, os profissionais liberais, as instituições de beneficência, as associações
recreativas ou outras instituições sem fins lucrativos, que admitirem trabalhadores
como empregados.

§ 2º - Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada uma delas,
personalidade jurídica própria, estiverem sob a direção, controle ou administração
de outra, constituindo grupo industrial, comercial ou de qualquer outra atividade
econômica, serão, para os efeitos da relação de emprego, solidariamente responsáveis
a empresa principal e cada uma das subordinadas.

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Art. 5º - A todo trabalho de igual valor corresponderá salário igual, sem distinção
de sexo.

Art. 6º- Não se distingue entre o trabalho realizado no estabelecimento do empregador,


o executado no domicílio do empregado e o realizado a distância, desde que estejam
caracterizados os pressupostos da relação de emprego.

Art. 9º - Serão nulos de pleno direito os atos praticados com o objetivo de desvirtuar,
impedir ou fraudar a aplicação dos preceitos contidos na presente Consolidação.

Art. 10 - Qualquer alteração na estrutura jurídica da empresa não afetará os direitos


adquiridos por seus empregados. (BRASIL, CLT, 1943)

Portanto, se temos uma relação de trabalho que não satisfaz as regras trabalhistas,
de acordo com cada caso, podemos ter uma relação de emprego que não está formalizada
devidamente. As ocorrências e motivos das relações de trabalho em desacordo são inúmeros.

Se o empregado ou o empregador tiverem seus direitos do trabalho violados, devem


procurar o sindicato da categoria e tentar uma composição amigável. Se isso não for possível
devem recorrer à Justiça do Trabalho.

Art. 8º- As autoridades administrativas e a Justiça do Trabalho, na falta de disposições


legais ou contratuais, decidirão, conforme o caso, pela jurisprudência, por analogia,
por equidade e outros princípios e normas gerais de direito, principalmente do direito
do trabalho, e, ainda, de acordo com os usos e costumes, o direito comparado, mas
sempre de maneira que nenhum interesse de classe ou particular prevaleça sobre o
interesse público. (BRASIL, CLT, 1943)

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Na aula de hoje pudemos aprender:

• O conceito e os princípios que regem o direito do trabalho;

• A definição de empregador;

• Os principais direitos e deveres do empregado e do empregador;

• As normas e consequências de uma relação de emprego segundo a CLT.

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Introdução ao Direito

Para um melhor entendimento desta aula sugerimos a leitura das páginas


386 a 425 do livro “Instituições de Direito Público e Privado” de Sérgio Pinto
Martins.

Você também pode consultar a Consolidação das Leis do Trabalho


acessando sua lista de links.

REFERÊNCIAS
BRASIL. Decreto-Lei nº 5.452 de 01 de maio de 1943. Estatui normas que regulam as relações
individuais e coletivas de trabalho. Rio de Janeiro, Senado, 1943.

MARTINS, S. P. Instituições de Direito Público e Privado. 9 ed. São Paulo: Atlas, 2009.

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