Você está na página 1de 26

TEXTO DE APOIO – AULA 3

Fundamentos da Matemática

Professor Gabriel Henrique de Oliveira

Aula 3 - Fundamentos da Matemática


1
Sumário

1. INTRODUÇÃO A FUNÇÕES ..................................................................................... 2


1.1. COMBINAÇÃO DE FUNÇÕES ............................................................................... 9
1.1.1. COMPOSIÇÃO DE FUNÇÕES ........................................................................ 9
1.2. FUNÇÃO CRESCENTE E DECRSCENTE ........................................................... 10
1.3. FUNÇÃO PAR E FUNÇÃO ÍMPAR ...................................................................... 11
2. FUNÇÕES ELEMENTARES.................................................................................... 13
2.1. FUNÇÃO CONSTANTE ........................................................................................ 13
2.2. FUNÇÃO LINEAR ................................................................................................. 13
2.3. FUNÇÃO AFIM ..................................................................................................... 14
2.4. FUNÇÃO QUADRÁTICA ...................................................................................... 16
2.5. FUNÇÃO POLINOMIAL........................................................................................ 18
2.6. FUNÇÃO MODULAR ............................................................................................ 18
2.7. FUNÇÃO RACIONAL ........................................................................................... 19
2.8. FUNÇÕES EXPONENCIAIS ................................................................................. 19
2.9. FUNÇÕES LOGARÍTMICAS ................................................................................ 20
2.10. FUNÇÕES TRIGONOMÉTRICAS ...................................................................... 21
3. ANÁLISE DE GRÁFICOS DE FUNÇÕES ............................................................... 23
Referências ..................................................................................................................... 25

Aula 3 - Fundamentos da Matemática


1
2

1. INTRODUÇÃO A FUNÇÕES

Nesta aula, estudaremos as funções e estas estão incluídas direta e indiretamente em


nosso cotidiano. Quando abastecemos um carro, o valor pago depende da quantidade de
litros abastecidos; além disso, quando mandamos uma encomenda pelo correio, o custo
de envio depende de seu peso: essas duas situações são exemplos de funções, pois
surgem quando uma determinada quantidade depende de outra (STEWART, 2016;
BONETTO; MUROLO, 2016).

Vamos à definição de funções! Segundo Stewart (2016, p. 2): “uma função 𝑓 é uma lei que
associa cada elemento 𝑥 em um conjunto 𝐷 exatamente a um elemento 𝑓(𝑥), em um
conjunto 𝐸”. Esquematicamente:

O conjunto 𝐷 de valores que podem ser atribuídos a 𝑥 é chamado de domínio da função.


A variável 𝑥 é denominada variável independente. O valor de 𝑓(𝑥), lemos “f de x”,
corresponde a determinado valor atribuído a 𝑥, e é chamado de imagem de 𝑥. O que
representa um número qualquer na imagem de 𝑓 é chamado de variável dependente, pois
esta assume valores que dependem dos correspondentes valores de 𝑥. O conjunto formado
pelos valores que 𝑓(𝑥) assume, em correspondência a 𝑥, é chamado de conjunto imagem
da função. O conjunto imagem é um subconjunto de 𝐸, em que 𝐸 é denominado
contradomínio.

Podemos fazer a associação de uma função com uma “máquina”, como mostra a imagem
a seguir:

Segundo Stewart (2016, p. 2), “se 𝑥 estiver no domínio da função 𝑓, quando 𝑥 entrar na
máquina, ele será aceito como entrada e a máquina [...]”, que no caso é a nossa função,
“[...] produzirá uma saída 𝑓(𝑥) de acordo com a lei que define a função”.

Aula 3 – Fundamentos da Matemática


3

Para indicar uma função 𝑓 que tem domínio 𝐴 e imagens em 𝐵 (contradomínio), usamos a
seguinte notação 𝑓: 𝐴 → 𝐵 (lê-se: “f de 𝐴 em 𝐵”), e se 𝑥 representa um elemento qualquer
do domínio 𝐴 em 𝑓, indicamos sua imagem em 𝐵 por 𝑓(𝑥), como já vimos, ou por apenas
𝑦. Lembrando que, para ser uma função de 𝐴 em 𝐵, todo elemento de 𝐴 deve ser associado
a algum elemento de 𝐵 e, para um dado elemento de 𝐴, associamos um único elemento
em 𝐵. Vejamos o exemplo a seguir:

Exemplo 1: Seja a função 𝑓: 𝐴 → 𝐵 definida por 𝑓(𝑥) = 3𝑥 + 1. Podemos constatar


que 𝑓 tem domínio 𝐴, imagens em 𝐵; e a lei de formação que associa aos elementos
𝑥 (que pertencem à 𝐴) os correspondentes 𝑓(𝑥) (que pertencem à 𝐵) é
𝑓(𝑥) = 3𝑥 + 1. Logo, se 𝑥 = 6, sua imagem 𝑓(6) será 𝑓(6) = 3. (6) + 1 = 18 + 1 =
19.

No exemplo anterior, o valor de 𝑓(6) é chamado de um valor da função. Veremos mais


alguns exemplos sobre isso:

𝑓(𝑥)+𝑓(1)
Exemplo 2: Dada a função 𝑓(𝑥) = 𝑥 + 1, simplifique 𝑓(2)−𝑓(𝑥).

𝑓(𝑥) + 𝑓(1) 𝑥 + 1 + (1) + 1 𝑥+3 𝑥+3


= = = , 𝑠𝑒 𝑥 ≠ 2
𝑓(2) − 𝑓(𝑥) (2) + 1 − (𝑥 + 1) 3 − 𝑥 − 1 2 − 𝑥

𝑓(𝑥)−𝑓(4)
Exemplo 3: Dada a função 𝑓(𝑥) = 𝑥 2 − 7, simplifique .
𝑥−4

𝑓(𝑥) − 𝑓(4) 𝑥 2 − 7 − (42 − 7) 𝑥 2 − 7 − 9 𝑥 2 − 16


= = = =
𝑥−4 𝑥−4 𝑥−4 𝑥−4

(𝑥 + 4)(𝑥 − 4)
= = 𝑥 + 4 , 𝑠𝑒 𝑥 ≠ 4
(𝑥 − 4)

Observação:

Uma função de uma variável real a valores reais é uma função 𝑓: 𝐴 → 𝐵 em que
𝐴 e 𝐵 são subconjuntos de ℝ. Faremos uma menção quando utilizarmos o
contrário em nosso material.

Observação:

Quando, em algum enunciado, for citada apenas a lei de formação de uma função
e o domínio não for fornecido, convencionalmente ele terá como elementos todos
os números reais que podemos substituir no lugar de 𝑥 na lei 𝑦 = 𝑓(𝑥), porém há
alguns casos em que precisamos ter muita atenção. Nesse momento, veremos
apenas dois casos (estudaremos outros no decorrer desta aula), nos exemplos a
seguir:

Aula 3 – Fundamentos da Matemática


4

5
• O domínio da função determinada pela lei 𝑓(𝑥) = 𝑥−1 é 𝐷𝑓 = ℝ − {1}, pois não
existe 𝑓(1), uma vez que o denominador de uma fração não pode ser nulo.


2
O domínio da função determinada pela lei 𝑓(𝑥) = √𝑥 é 𝐷𝑓 = ℝ+ (conjunto dos
números reais não negativo), pois não existe no conjunto dos números reais
(conjunto com o qual estamos trabalhando) a raiz quadrada de um número
negativo.

2
o E se tivéssemos a seguinte função determinada pela lei 𝑓(𝑥) = √𝑥 + 1?
Teríamos de resolver a seguinte inequação para descobrirmos o domínio
da função, pois, como vimos na Aula 1, não existe raiz real de um número
negativo se o índice for par, logo x+1 precisa assumir um valor maior ou
igual a zero:

𝑥+1≥0
𝑥 ≥ −1

2
Logo, o domínio da função 𝑓(𝑥) = √𝑥 + 1 é 𝐷𝑓 = {𝑥 ∈ ℝ | 𝑥 ≥ −1}.

Atenção: Caso não se lembre de como resolver inequações, busque o


aporte teórico deste componente curricular e reveja esse tópico.

Atenção: Caso haja mais que uma restrição em uma função, para
encontrarmos o domínio, é necessário realizar o estudo completo com
todas as restrições. Vejamos um exemplo:

1
𝑓(𝑥) = √𝑥 +
𝑥

(1) √𝑥 → Como vimos, não existe, no conjunto dos números reais


(conjunto com o qual estamos trabalhando), a raiz quadrada de um
número negativo. Então:

𝑥≥0

(2) 1⁄𝑥 → O denominador de uma fração não pode ser nulo. Então:

𝑥≠0

Colocando-as na forma de intervalos e realizando sua intersecção


(elementos que são em comum para os dois):

Aula 3 – Fundamentos da Matemática


5

Logo, 𝐷𝑓 = {𝑥 ∈ ℝ | 𝑥 > 0}.

Podemos representar uma função por meio de: palavras (verbalmente), uma lei de
formação (algebricamente), pela representação gráfica no plano cartesiano (visualmente),
entre outras formas. Já vimos as duas primeiras, estudaremos mais agora sobre os
gráficos, visto que é uma das formas mais fáceis de visualizarmos as funções.

Seja 𝑓 uma função com domínio em 𝐴, então seu gráfico consiste em todos os pontos (𝑥, 𝑦)
do plano cartesiano, tais que 𝑦 = 𝑓(𝑥), e 𝑥 está no domínio 𝐴.

Fonte: STEWART (2016, p. 3).

Lembrete:

Um plano cartesiano possui um eixo horizontal (eixo 𝑥) chamado de eixo das


abcissas, e um eixo vertical (eixo 𝑦) denominado eixo das ordenadas. O eixo
𝑥 e o eixo 𝑦 se cruzam na origem, no ponto de coordenadas (0,0).

Lembrete:

O círculo cheio (“bolinha pintada”), no gráfico, indica que o ponto está incluso
no gráfico e o círculo vazio (“bolinha sem pintar”) indica que o ponto está
excluído do gráfico.

Vejamos alguns exemplos de como encontramos o domínio e o conjunto imagem por meio
de um gráfico que representa uma função:

Aula 3 – Fundamentos da Matemática


6

Exemplo 4:

𝐷𝑓(𝑥) = ℝ
𝐼𝑚𝑓(𝑥) =] − ∞, 1] ou 𝐼𝑚𝑓(𝑥) = {𝑦 ∈ ℝ | 𝑦 ≤ 1}

Exemplo 5:

𝐷𝑓(𝑥) = [−3,7] ou 𝐷𝑓(𝑥) = {𝑥 ∈ ℝ | − 3 ≤ 𝑥 ≤ 7}


𝐼𝑚𝑓(𝑥) = [0,9] ou 𝐼𝑚𝑓(𝑥) = {𝑦 ∈ ℝ | 0 ≤ 𝑦 ≤ 9}

Exemplo 6:

𝐷𝑓(𝑥) = ℝ
𝐼𝑚𝑓(𝑥) =] − ∞, 2[ ∪ [5, ∞[
ou 𝐼𝑚𝑓(𝑥) = {𝑦 ∈ ℝ | 𝑦 < 2 𝑜𝑢 𝑦 ≥ 5}

Lembrete:

A união (representamos pelo símbolo “∪”) e a intersecção (representamos pelo


símbolo “∩”) são operações que fazemos com dois conjuntos (por exemplo, 𝐴 e
𝐵), sendo que:

União → consiste em juntar, unir, fundir todos os elementos dos dois


conjuntos em um novo conjunto, isto é:

𝐴 ∪ 𝐵 = {𝑥 | 𝑥 ∈ 𝐴 𝑜𝑢 𝑥 ∈ 𝐵}

Intersecção → consiste em criar um terceiro conjunto com todos os


elementos que estão nos dois conjuntos simultaneamente. Em outras
palavras, o terceiro conjunto será composto pelos elementos que são comuns
para os dois conjuntos. Isto é:

Aula 3 – Fundamentos da Matemática


7

𝐴 ∩ 𝐵 = {𝑥 | 𝑥 ∈ 𝐴 𝑒 𝑥 ∈ 𝐵}

Vale ressaltar que, na matemática e na lógica, o “e” e o “ou” são chamados de


conectivos. Utilizamos o “e” para conectar duas afirmações que possuem um
sentido de simultaneamente, ou seja, as duas afirmações devem ocorrer ao
mesmo tempo. O “ou”, por sua vez, é utilizado para conectar duas afirmações,
porém seu significado é de que pelo menos uma das afirmações ocorre.

Uma pergunta pode surgir: como saber, por meio de um gráfico, se ele representa ou não
uma função? Um gráfico só será gráfico de uma função se, e somente se, nenhuma reta
vertical cortar a curva mais de uma vez. Vejamos os exemplos 7 e 8 a seguir.

Exemplo 7: Exemplo 8:

O primeiro gráfico, Exemplo 7, representa uma função, devido ao fato de a reta vertical
interceptar a curva somente uma vez. O segundo gráfico, Exemplo 8, não representa uma
função, pois a reta é interceptada em dois pontos (lembre-se de que, em uma função, um
elemento do domínio é associado a um único elemento no contradomínio).

Pelo diagrama de flechas, também conseguimos identificar se é uma função ou não. Veja
os exemplos a seguir:

Não é função, pois há Não é função, pois há É uma função, pois todos
elementos do conjunto 𝐴 elementos do conjunto 𝐴 os elementos do conjunto
que não possuem uma que possuem duas 𝐴 possuem apenas uma
associação com algum associações com um associação com algum
elemento em 𝐵. elemento em 𝐵. elemento em 𝐵.

Um zero ou uma raiz de uma função é um número 𝑎, pertencente ao domínio, tal que
𝑓(𝑎) = 0. Em outras palavras, quando um elemento 𝑥 do domínio de função tem imagem

Aula 3 – Fundamentos da Matemática


8

igual a zero, dizemos que esse elemento é raiz ou um zero da função. Além disso, zeros,
ou raízes de uma função, são os valores de 𝑥 nos quais o gráfico corta o eixo 𝑥:

Exemplificando: seja uma função real definida por 𝑓(𝑥) = 𝑥 + 3. O número real −3 é a raiz
ou zero da função, pois: 𝑥 + 3 = 0 ⟺ 𝑥 = −3, portanto 𝑓(−3) = −3 + 3 = 0.

Uma função pode ser definida por leis distintas em diferentes partes de seus domínios.
Cada lei determina o comportamento da função em diferentes intervalos do domínio e,
assim, diferentes curvas no esboço do gráfico. Para exemplificar, vejamos:

1 − 𝑥, 𝑥 < 0
Exemplo 9: Seja 𝑓(𝑥) = { , o esboço de seu gráfico será:
3𝑥 + 1, 𝑥 ≥ 0

−𝑥, 𝑠𝑒 𝑥 < −1
Exemplo 10: Seja 𝑓(𝑥) = { 2 , o esboço de seu gráfico será:
𝑥 − 1, 𝑠𝑒 𝑥 ≥ −1

Aula 3 – Fundamentos da Matemática


9

1.1. COMBINAÇÃO DE FUNÇÕES

Podemos somar, subtrair, multiplicar e dividir duas funções, desde que essas operações
sejam efetuadas no lugar em que as duas funções estão definidas, ok? Com essa
combinação, originam-se nossas funções.

Vamos à definição: sejam duas funções, 𝑓: 𝐴 → ℝ e 𝑔: 𝐵 → ℝ, sendo 𝐴 ∩ 𝐵 ≠ ∅. As funções


soma, diferença e produto estão definidas no domínio 𝐴 ∩ 𝐵, e o quociente, nos pontos de
𝐴 ∩ 𝐵 em que o denominador não é zero. Logo:

• (𝑓 + 𝑔)(𝑥) = 𝑓(𝑥) + 𝑔(𝑥)


• (𝑓 − 𝑔)(𝑥) = 𝑓(𝑥) − 𝑔(𝑥)
• (𝑓. 𝑔)(𝑥) = 𝑓(𝑥). 𝑔(𝑥)
𝑓 𝑓(𝑥)
• (𝑔) (𝑥) = 𝑔(𝑥) , 𝑞𝑢𝑎𝑛𝑑𝑜 𝑔(𝑥) ≠ 0, ∀𝑥 ∈ 𝐴 ∩ 𝐵

Exemplificando:

Seja 𝑓(𝑥) = 𝑥 + 4 e 𝑔(𝑥) = 𝑥 2 + 3, realizando a soma, diferença, multiplicação e


divisão dessas duas funções, temos:

𝑓(𝑥) + 𝑔(𝑥) = 𝑥 + 4 + 𝑥 2 + 3 = 𝑥 2 + 𝑥 + 7
𝑓(𝑥) − 𝑔(𝑥) = 𝑥 + 4 − (𝑥 2 + 3) = 𝑥 + 4 − 𝑥 2 − 3 = −𝑥 2 + 𝑥 + 1
𝑓(𝑥). 𝑔(𝑥) = (𝑥 + 4)(𝑥 2 + 3) = 𝑥 3 + 4𝑥 2 + 3𝑥 + 12
𝑓(𝑥) (𝑥 + 4)
= 2
𝑔(𝑥) (𝑥 + 3)

1.1.1. COMPOSIÇÃO DE FUNÇÕES

Além das operações com duas funções que acabamos de ver, podemos também combinar
duas funções por meio da composição. A função resultante é chamada de função
composta. Antes de vermos a definição, ilustraremos novamente, por meio das “máquinas”
que vimos no começo desse material:

Aula 3 – Fundamentos da Matemática


10

Vamos à definição: dadas duas funções, 𝑓: 𝐴 → 𝐵 e 𝑔: 𝐵 → 𝐶, chama-se função composta


de 𝑔 em 𝑓 a função 𝑔 ∘ 𝑓: 𝐴 → 𝐶, que é definida por:

(𝑔 ∘ 𝑓)(𝑥) = 𝑔(𝑓(𝑥)), 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑡𝑜𝑑𝑜 𝑥 ∈ 𝐴

Exemplificando:

Sejam 𝑓(𝑥) = 3𝑥 + 4 e 𝑔(𝑥) = 𝑥 2 + 1, obtenha as seguintes funções compostas:


• 𝑔(𝑓(𝑥)) = 𝑔(3𝑥 + 4) = (3𝑥 + 4)2 + 1 = (9𝑥 2 + 24𝑥 + 16) + 1 = 9𝑥 2 + 24𝑥 +
17
• 𝑓(𝑔(𝑥)) = 𝑓(𝑥 2 + 1) = 3(𝑥 2 + 1) + 4 = 3𝑥 2 + 3 + 4 = 3𝑥 2 + 7
• 𝑓(𝑓(𝑥)) = 𝑓(3𝑥 + 4) = 3(3𝑥 + 4) + 4 = 6𝑥 + 12 + 4 = 6𝑥 + 16
• 𝑔(𝑔(𝑥)) = 𝑔(𝑥 2 + 1) = (𝑥 2 + 1)2 + 1 = (𝑥 4 + 2𝑥 2 + 1) + 1 = 𝑥 4 + 2𝑥 2 + 2

Observação:

Note que a composta de g com f não é necessariamente igual à composta de f


com g, conforme vimos no exemplo anterior.

1.2. FUNÇÃO CRESCENTE E DECRSCENTE

Em vários momentos, nos interessará se a função é crescente ou decrescente. Para


definirmos isso, é necessário verificarmos a função em um determinado intervalo:

• Uma função 𝑓(𝑥), no intervalo [𝑎, 𝑏], será crescente se, para quaisquer 𝑥1 e 𝑥2 ,
pertencentes ao intervalo, com 𝑥1 < 𝑥2 , tivermos que 𝑓(𝑥1 ) < 𝑓(𝑥2 ). Podemos
verificar essa definição no exemplo a seguir:

Aula 3 – Fundamentos da Matemática


11

• Uma função 𝑓(𝑥), no intervalo [𝑎, 𝑏], será decrescente se, para quaisquer 𝑥1 e 𝑥2 ,
pertencentes ao intervalo, com 𝑥1 < 𝑥2 , tivermos que 𝑓(𝑥1 ) > 𝑓(𝑥2 ). Podemos
verificar essa definição no exemplo a seguir:

Há funções que possuem vários intervalos de crescimento e vários intervalos de


decrescimento. Vejamos um exemplo:

Dada a função abaixo, verifique em quais intervalos ela é decrescente e em quais


intervalos ela é decrescente.

Crescente no intervalo [𝑎, 0] e [𝑏, 𝑐]


Decrescente no intervalo [0, 𝑏] e [𝑐, 𝑑]

1.3. FUNÇÃO PAR E FUNÇÃO ÍMPAR

Outra propriedade significativa é a paridade, a qual se refere a uma função ser par ou
ímpar:
• Uma função será par se 𝑓(−𝑥) = 𝑓(𝑥).
• Uma função será ímpar se 𝑓(−𝑥) = −𝑓(𝑥).

Pelo gráfico da função, podemos também verificar se ela é uma função par ou ímpar:
• O gráfico de uma função par é simétrico em relação ao eixo 𝑦 (eixo das ordenadas).
• O gráfico de uma função ímpar é simétrico em relação à origem.

Aula 3 – Fundamentos da Matemática


12

Vejamos alguns exemplos:

Exemplo 11:

Verifique se 𝑓(𝑥) = 𝑥 2 é par, ímpar ou nenhum dos dois:

𝑓(−𝑥) = (−𝑥)2 = 𝑥 2
𝑓(𝑥) = 𝑥 2

Como 𝑓(−𝑥) é igual a 𝑓(𝑥), logo 𝑓(𝑥) = 𝑥 2 é uma função par!

Verifique se 𝑓(𝑥) = 𝑥 5 − 𝑥 é par, ímpar ou nenhum dos dois:

𝑓(−𝑥) = (−𝑥)5 − (−𝑥) = −𝑥 5 + 𝑥


−𝑓(𝑥) = −(𝑥 5 − 𝑥) = −𝑥 5 + 𝑥

Como 𝑓(−𝑥) é igual a −𝑓(𝑥), logo 𝑓(𝑥) = 𝑥 5 − 𝑥 é uma função ímpar!

Exemplo 12:

Função par (gráfico simétrico em Função ímpar (gráfico simétrico Função nem par e nem ímpar
relação ao eixo y) em relação à origem)

Para aprimorar mais seu conhecimento sobre funções, busque no aporte teórico deste
componente curricular os conceitos de função injetora, sobrejetora, bijetora e de função
inversa.

Após conhecermos algumas definições, propriedades e conceitos das funções, partiremos


para as funções elementares, ou seja, funções que são mais utilizadas, as quais te
preparam para a compreensão de conceitos que ainda estão por vir na graduação que
escolheu.

Aula 3 – Fundamentos da Matemática


13

2. FUNÇÕES ELEMENTARES

Antes de começarmos o estudo das funções elementares, é necessário que os conceitos


anteriores tenham ficado claros para você! Neste capítulo, estudaremos um resumo de
cada uma das funções elementares: funções mais básicas, conhecidas, aquelas que a
gente mais utiliza na matemática. Caso julgue ser necessário um estudo mais aprofundado
ou tenha dúvida em algum tópico que for discorrido, busque no aporte teórico deste
componente curricular tais conceitos.

Começaremos por função constante, função linear, função afim, função quadrática, função
polinomial, função modular, função racional, funções exponenciações, logarítmicas e, por
fim, as funções trigonométricas! Vamos conhecê-las?

Podem parecer muitas funções e com vários itens de cada uma para estudar e
compreender, mas não se assuste! Nosso intuito é que você as conheça e saiba identificar
pela lei de formação e pelo gráfico qual é a função que estamos estudando e suas
propriedades básicas, e por isso temos de apresentá-las. Caso seja necessário um estudo
mais aprofundado ou a utilização de alguns conceitos, em aulas ou exercícios futuros, de
uma ou mais funções específicas, não se preocupe que tratemos os detalhes para você,
ok?

2.1. FUNÇÃO CONSTANTE

Uma função, 𝑓: ℝ → ℝ, dada por 𝑓(𝑥) = 𝑘, sendo 𝑘 constante, denomina-se função


constante. Seu gráfico é uma reta horizontal (paralela ao eixo das abcissas) passando
pelo ponto (0, 𝑘), e sua inclinação será de zero graus. Vejamos dois exemplos de funções
constantes:

Exemplo 13: 𝑓(𝑥) = 7 Exemplo 14: 𝑓(𝑥) = −1

2.2. FUNÇÃO LINEAR

Uma função, 𝑓: ℝ → ℝ, dada por 𝑓(𝑥) = 𝑎𝑥, sendo 𝑎 um número real e 𝑎 ≠ 0, denomina-se
função linear. Seu gráfico é uma reta passando pela origem, e se o 𝑎 > 0 a função será
crescente; se 𝑎 < 0, a função será decrescente. Vejamos dois exemplos de funções
lineares:

Aula 3 – Fundamentos da Matemática


14

Exemplo 15: 𝑓(𝑥) = 2𝑥 Exemplo 16: 𝑓(𝑥) = −3𝑥

2.3. FUNÇÃO AFIM

É denominada função afim ou função polinomial do primeiro grau, toda função, 𝑓: ℝ →


ℝ, definida por 𝑓(𝑥) = 𝑎𝑥 + 𝑏, sendo 𝑎 e 𝑏 números reais. Observe que a função constante
e a função linear são casos particulares de uma função afim, visto que se tivermos 𝑎 = 0,
teremos uma função constante, e se tivermos 𝑏 = 0, teremos uma função linear.

O gráfico de função afim 𝑦 = 𝑎𝑥 + 𝑏 é uma reta. Para esboçar o gráfico, basta traçar uma
reta que passa por dois pontos obtidos por meio de associações entre 𝑥 e 𝑦:

• O ponto em que a reta cruza o eixo 𝑦 é obtido realizando 𝑥 = 0, isto é:

𝑦 = 𝑎. 0 + 𝑏 → 𝑦 = 𝑏 → Ponto (0, 𝑏)

• O ponto em que a reta cruza o eixo 𝑥 (além disso, este será a raiz da função) é
obtido realizando 𝑦 = 0, com 𝑎 ≠ 0, isto é:
𝑏 𝑏
0 = 𝑎. 𝑥 + 𝑏 → 𝑥 = − 𝑎 → Ponto (− 𝑎 , 0)

A função afim será crescente quando 𝑎 > 0 e decrescente quando 𝑎 < 0. Exemplificando:

Exemplo 17: 𝑓(𝑥) = 2𝑥 − 1 Exemplo 18: 𝑓(𝑥) = −3𝑥 + 1

Aula 3 – Fundamentos da Matemática


15

Além disso, em uma função afim, 𝑦 = 𝑎𝑥 + 𝑏, o coeficiente 𝑏 é chamado de termo


independente de 𝑥 ou de coeficiente linear e, para encontrá-lo pelo gráfico, precisamos
identificar o ponto em que a reta cruza o eixo y, logo este será o valor do coeficiente. O 𝑎,
por sua vez, é chamado de taxa de variação de 𝑦 em relação a 𝑥 ou de coeficiente angular
da reta que representa a função (graficamente, o 𝑎 está associado à inclinação da reta que
representa a função). Podemos calcular o coeficiente angular da seguinte forma:

𝑡𝑎𝑥𝑎 𝑑𝑒 𝑣𝑎𝑟𝑖𝑎çã𝑜 𝑒𝑚 𝑦 ∆𝑦
𝑎= =
𝑡𝑎𝑥𝑎 𝑑𝑒 𝑣𝑎𝑟𝑖𝑎çã𝑜 𝑒𝑚 𝑥 ∆𝑥

Vejamos um exemplo de uma função afim no gráfico:

∆𝑦 𝑦𝐵 − 𝑦𝐴
𝑎= =
∆𝑥 𝑥𝐵 − 𝑥𝐴

Observação:

O coeficiente angular também pode ser calculado pela tangente do ângulo de


inclinação da reta que representa a função.

Observação:

Caso, em um enunciado, o coeficiente angular e apenas um ponto em que a reta


passa (que representa a função) sejam informados, basta você encontrar a
equação da reta pela fórmula:
𝑦 − 𝑦0 = 𝑎(𝑥 − 𝑥0 )

Sendo que 𝑥0 e 𝑦0 são as coordenadas do ponto informado.

Exemplificado: Encontre a função afim, sendo que o coeficiente angular da reta


que representa a função é igual a −4 e que a reta passa pelo ponto (3,12). Logo,
temos que:
𝑦 = 𝑎(𝑥 − 𝑥0 ) + 𝑦0
𝑦 = −4(𝑥 − 3) + 12
𝑦 = −4𝑥 + 12 + 12
𝑦 = −4𝑥 + 24
𝑓(𝑥) = −4𝑥 + 24

Aula 3 – Fundamentos da Matemática


16

Vejamos mais dois exemplos.

Exemplo 19: Dado o gráfico de uma função afim a seguir, encontre a lei que a
determina.

𝐶𝑜𝑒𝑓𝑖𝑐𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑙𝑖𝑛𝑒𝑎𝑟: 𝑏 = 4
(devido a este ser o ponto em que a reta cruza o eixo 𝑦)

4−2 2
𝐶𝑜𝑒𝑓𝑖𝑐𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑎𝑛𝑔𝑢𝑙𝑎𝑟: 𝑎 = 0−(−1) = 1 = 2

Logo: 𝑓(𝑥) = 2𝑥 + 4

Exemplo 20: Uma função afim é do tipo 𝑓(𝑥) = 𝑎𝑥 + 𝑏. Logo, encontre a lei de
formação de uma certa função sabendo que 𝑓(1) = 3 e 𝑓(0) = 6.

Para 𝑓(1): 3 = 𝑎 + 𝑏 Para 𝑓(0): 6 = 0𝑎 + 𝑏

Pelo 𝑓(0), descobrimos que o 𝑏 é igual a 6. Logo, podemos substituir na


primeira equação para descobrirmos o 𝑎: 3 = 𝑎 + 6 → 𝑎 = 3 − 6 → 𝑎 = −3

Logo, temos que: 𝑓(𝑥) = −3𝑥 + 6

2.4. FUNÇÃO QUADRÁTICA

É denominada função quadrática ou função polinomial do segundo grau, toda função,


𝑓: ℝ → ℝ, definida por 𝑓(𝑥) = 𝑎𝑥 2 + 𝑏𝑥 + 𝑐, sendo 𝑎, 𝑏 e 𝑐 números reais e 𝑎 ≠ 0.

O gráfico de função quadrática 𝑦 = 𝑎𝑥 2 + 𝑏𝑥 + 𝑐 é uma parábola. Atente-se, pois:


o Se 𝑎 > 0, a parábola terá concavidade voltada para cima.
o Se 𝑎 < 0, a parábola terá concavidade voltada para baixo.
o O termo independente, 𝑐, é a ordenada do ponto em que a parábola corta o eixo 𝑦.
Ou seja, as coordenadas do ponto em que a parábola intercepta o eixo das
ordenadas (eixo 𝑦) são (0, 𝑐).
o As raízes da função, se existirem, indicam o(s) ponto(s) em que a parábola corta ou
toca o eixo das abcissas (eixo 𝑥). Para obter, quando possível, a(s) raiz(es), temos
de realizar 𝑦 = 0, formando, assim, uma equação do segundo grau em que
utilizamos a fórmula de Bhaskara para resolvê-la:

Aula 3 – Fundamentos da Matemática


17

−𝑏 ± √∆
𝑥= , 𝑒𝑚 𝑞𝑢𝑒 ∆= 𝑏 2 − 4𝑎𝑐
2𝑎

▪ Se o valor do discriminante (∆) for maior que zero, isto é, ∆ > 0, teremos duas
raízes reais distintas (ou seja, dois pontos em que a parábola corta o eixo
das abcissas).
▪ Se o valor do discriminante (∆) for igual a zero, isto é, ∆ = 0, teremos duas
raízes reais iguais (ou seja, um único ponto em que a parábola corta o eixo
das abcissas).
▪ Se o valor do discriminante (∆) for menor que zero, isto é, ∆ < 0, não existirão
raízes reais (ou seja, a parábola não corta o eixo das abcissas).

𝑏 ∆
o O vértice da parábola, 𝑉(𝑥𝑣 , 𝑦𝑣 ), é o ponto 𝑉 (− ,− ), em que ∆= 𝑏 2 − 4𝑎𝑐.
2𝑎 4𝑎
Quando 𝑎 > 0, 𝑦𝑣 é o valor mínimo da função, e quando 𝑎 < 0, 𝑦𝑣 é o valor máximo
da função.

𝑏
o O eixo de simetria da parábola é a reta 𝑥 = − 2𝑎

Vejamos um exemplo com alguns desses itens destacados:

𝑓(𝑥) = −𝑥 2 + 4𝑥 − 3

Quadro-resumo sobre a concavidade e as raízes

∆>0 ∆=0 ∆<0

𝑎>0

𝑎<0

Aula 3 – Fundamentos da Matemática


18

2.5. FUNÇÃO POLINOMIAL

Uma função, 𝑓: ℝ → ℝ, dada por


𝑓(𝑥) = 𝑎0 𝑥 𝑛 + 𝑎1 𝑥 𝑛−1 + ⋯ + 𝑎𝑛−1 𝑥 + 𝑎𝑛

Em que 𝑎0 ≠ 0, 𝑎1 , 𝑎2 , … , 𝑎𝑛 são números reais fixos, denomina-se função polinomial de


grau 𝒏 (𝑛 ∈ ℕ).

São exemplos de funções polinomiais:


Exemplo 21: 𝑓(𝑥) = 3 (função polinomial de grau 0 ou função constante)
Exemplo 22: 𝑓(𝑥) = 3𝑥 (função polinomial de grau 1 ou função linear)
Exemplo 23: 𝑓(𝑥) = 3𝑥 + 1 (função polinomial de grau 1 ou função afim)
Exemplo 24: 𝑓(𝑥) = 3𝑥 2 + 𝑥 + 1 (função polinomial de grau 2 ou função quadrática)
Exemplo 25: 𝑓(𝑥) = 4𝑥 3 + 2𝑥 2 (função polinomial de grau 3)
Exemplo 26: 𝑓(𝑥) = 4𝑥 4 + 𝑥 3 (função polinomial de grau 4)

Já vimos exemplos de gráficos de funções polinomiais de grau menores de 3 nos itens


anteriores. Veremos, agora, o gráfico do Exemplo 25 e do Exemplo 26 para que
entendamos as diferenças e saibamos identificá-las:

𝑓(𝑥) = 4𝑥 3 + 2𝑥 2 𝑓(𝑥) = 4𝑥 4 + 𝑥 3

Fonte: Geogebra.

2.6. FUNÇÃO MODULAR

−𝑥, 𝑠𝑒 𝑥 < 0
A função, 𝑓: ℝ → ℝ, definida por 𝑓(𝑥) = |𝑥| = { é chamada de função
𝑥, 𝑠𝑒 𝑥 ≥ 0
modular, cujo gráfico é:

Aula 3 – Fundamentos da Matemática


19

2.7. FUNÇÃO RACIONAL

A função racional é toda função 𝑓, 𝑓: 𝐷 → ℝ, sendo 𝐷 = {𝑥 ∈ ℝ |𝑞(𝑥) ≠ 0}, da seguinte


forma:
𝑝(𝑥)
𝑓(𝑥) =
𝑞(𝑥)

Em que 𝑝(𝑥) e 𝑞(𝑥) são funções polinomiais.

Vejamos um exemplo:
10𝑥+30
𝑓(𝑥) = 𝑥+2

Observação: As retas pontilhadas que estão


no gráfico ao lado são chamadas de assíntotas
(retas das quais a curva se aproxima), sendo a
assíntota vertical, a reta 𝑥 = −2, e a assíntota
horizontal, a reta 𝑦 = 10.

Fonte: Geogebra.

2.8. FUNÇÕES EXPONENCIAIS

Uma função 𝑓: ℝ → ℝ é chamada de função exponencial se for 𝑓(𝑥) = 𝑎 𝑥 em que 𝑎 é a


base da função e é número real sendo 𝑎 > 0 e 𝑎 ≠ 1.

A função exponencial será:


• Crescente, quando a base 𝑎 for maior que 1 (Exemplo 27 a seguir).
• Decrescente, quando a base 𝑎 estiver entre 0 e 1 (Exemplo 28 a seguir).

Aula 3 – Fundamentos da Matemática


20

Exemplo 27: 𝑓(𝑥) = 𝑎 𝑥 , 𝑠𝑒𝑛𝑑𝑜 𝑎 > 1 Exemplo 28: 𝑓(𝑥) = 𝑎 𝑥 , 𝑠𝑒𝑛𝑑𝑜 0 < 𝑎 < 1

Observe que as curvas se aproximam do eixo das abcissas (eixo 𝑥) e não tocam nesse
eixo. A partir dos gráficos acima, podemos perceber que a curva que representa a função
exponencial intercepta o eixo das ordenadas (eixo 𝑦) no ponto (0,1). Além disso, podemos
constatar que a função exponencial não possui raiz e nunca será negativa.

Atenção:

Não confunda função exponencial (a variável é o expoente) com função


potência (a variável é a base).

2.9. FUNÇÕES LOGARÍTMICAS

Uma função 𝑓: ℝ∗+ → ℝ é chamada de função logarítmica de base 𝑏 se for 𝑓(𝑥) = log 𝑏 𝑥 em
que 𝑏 é um número real, sendo 𝑏 > 0 e 𝑏 ≠ 1. Além disso, o logaritmando deve ser maior
do que zero (𝑥 > 0).

Lembrete:

Considerando dois números reais 𝑎 e 𝑏, sendo 𝑎 > 0, 𝑏 > 0 e 𝑏 ≠ 1, temos log 𝑏 𝑎,


em que “𝑎” é o logaritmando, “𝑏” é a base, e “𝑥” é o logaritmo. Observe que, para
um logaritmo existir, é necessário seguir as condições de existência (base maior
que zero e diferente de um, e o logaritmando maior que zero).

A função logarítmica será:


• Crescente, quando a base 𝑏 for maior que 1 (Exemplo 29 a seguir).
• Decrescente, quando a base 𝑏 estiver entre 0 e 1 (Exemplo 30 a seguir).

Aula 3 – Fundamentos da Matemática


21

Exemplo 29: 𝑓(𝑥) = log 𝑏 𝑥 , 𝑠𝑒𝑛𝑑𝑜 𝑏 > 1 Exemplo 30: 𝑓(𝑥) = log 𝑏 𝑥 , 𝑠𝑒𝑛𝑑𝑜 0 < 𝑏 < 1

Observe que as curvas se aproximam do eixo das ordenadas (eixo 𝑦), mas não o tocam. A
partir dos gráficos acima, podemos perceber que a curva que representa a função
logarítmica intercepta o eixo das abcissas (eixo 𝑥) no ponto (1,0).

2.10. FUNÇÕES TRIGONOMÉTRICAS

Observação:

Antes de adentrarmos nas funções trigonométricas, vejamos alguns pontos que


facilitarão seu entendimento.

• Uma função periódica é aquela em que 𝑓(𝑥 + 𝑘) = 𝑓(𝑥), sendo 𝑘 um


número real não nulo, para qualquer valor de 𝑥 do domínio. A função periódica
possui períodos em que há a repetição de valores obtidos para a função, e o
menor valor positivo para 𝑘 é chamado de período da função.

• Propriedades básicas do seno e do cosseno:


o Periocidade: 𝑠𝑒𝑛(𝜃 + 2𝜋) = 𝑠𝑒𝑛𝜃 𝑐𝑜𝑠(𝜃 + 2𝜋) = 𝑐𝑜𝑠𝜃
o Paridade: 𝑠𝑒𝑛(−𝜃) = −𝑠𝑒𝑛𝜃 𝑐𝑜𝑠(−𝜃) = 𝑐𝑜𝑠𝜃
o Identidade básica: 𝑠𝑒𝑛2 𝑥 + 𝑐𝑜𝑠 2 𝑥 = 1

• Algumas identidades importantes:


𝑠𝑒𝑛𝑥 𝑐𝑜𝑠𝜃 1 1
o 𝑡𝑔𝜃 = 𝑐𝑜𝑡𝑔𝜃 = 𝑠𝑒𝑛𝜃 𝑠𝑒𝑐𝜃 = 𝑐𝑜𝑠𝜃 𝑐𝑜𝑠𝑠𝑒𝑐𝜃 = 𝑠𝑒𝑛𝜃
𝑐𝑜𝑠𝑥

Caso algum conceito a ser apresentado a seguir não seja de seu conhecimento,
busque-o no aporte teórico do componente curricular.

A função 𝑓: ℝ → ℝ chamada de função seno é dada por 𝑓(𝑥) = 𝑠𝑒𝑛𝑥, sendo esta uma
função periódica (com período igual a 2𝜋) e limitada com imagem 𝑓(𝑥) ∈ [−1,1]. O gráfico

Aula 3 – Fundamentos da Matemática


22

da função seno é uma sucessão de senoides, sendo uma senoide em um período completo,
o que é ressaltado no gráfico a seguir:

Fonte: BONETTO; MUROLO (2016, p. 186).

A função 𝑓: ℝ → ℝ chamada de função cosseno é dada por 𝑓(𝑥) = 𝑐𝑜𝑠𝑥, sendo esta uma
função periódica (com período igual a 2𝜋) e limitada com imagem 𝑓(𝑥) ∈ [−1,1]. O gráfico
da função cosseno é uma sucessão de cossenoides, sendo uma cossenoide em um
período completo, o que é ressaltado no gráfico a seguir:

Fonte: BONETTO; MUROLO (2016, p. 192).

A função 𝑓: 𝐷 → ℝ chamada de função tangente é dada por 𝑓(𝑥) = 𝑡𝑔𝑥,


𝜋
com 𝐷 = {𝑥 ∈ ℝ | 𝑥 ≠ 2 + 𝑘𝜋, 𝑐𝑜𝑚 𝑘 ∈ ℝ}. A função tangente é uma função periódica (com
período igual a 𝜋) e tem imagem nos números reais. O gráfico dessa função é uma
sucessão de tangentoides, sendo uma tangentoide em um período completo, o que é
ressaltado no gráfico a seguir:

Fonte: BONETTO; MUROLO (2016, p. 186).

A saber: Há outras funções trigonométricas (secante, cossecante e cotangente), as


quais, para os fins desta aula, não veremos. Porém, caso queira estudá-las, busque no
aporte teórico deste componente curricular tais conceitos.

Aula 3 – Fundamentos da Matemática


23

3. ANÁLISE DE GRÁFICOS DE FUNÇÕES

Analisaremos os gráficos de funções, por meio de dois exemplos:

Exemplo 31: Dado o gráfico de uma função 𝑓, 𝑓: ℝ → ℝ, responda ao que se pede:

a) Qual é o domínio de 𝑓? O domínio é 𝐷𝑓 =] − ∞, 1[ ∪ ]1,5[.


b) Qual é o conjunto imagem de 𝑓? O conjunto imagem é 𝐼𝑚𝑓 =] − ∞, 3].
c) Em quais intervalos 𝑓 é crescente? 𝑓 é crescente em ] − ∞, − 3] e ]1,2].
d) Em quais intervalos 𝑓 é decrescente? 𝑓 é decrescente em [−3,1[ e [2,3].
e) Quantas raízes (ou zero) 𝑓 possui? 𝑓 possui três raízes.
f) A função será positiva (isto é, 𝑓(𝑥) > 0) quando: −4 < 𝑥 < 0 ou 1,2 < 𝑥 < 5
g) A função será negativa (isto é, 𝑓(𝑥) < 0) quando: 𝑥 < −4 ou 0 < 𝑥 < 1 ou 1 < 𝑥 <
1,2
h) A função será igual a zero (isto é, 𝑓(𝑥) = 0) quando: 𝑥 = −4 ou 𝑥 = 0 ou 𝑥 = 1,2

Exemplo 32: Dado o gráfico de uma função 𝑓, 𝑓: ℝ → ℝ, responda ao que se pede:

Aula 3 – Fundamentos da Matemática


24

a) Qual é o domínio de 𝑓? O domínio é 𝐷𝑓 = ℝ − {1}.


b) Qual é o conjunto imagem de 𝑓? O conjunto imagem é 𝐼𝑚𝑓 =] − ∞, 2[.
c) Em quais intervalos 𝑓 é crescente? 𝑓 é crescente em ] − ∞, −1] e [0,1[.
d) Em quais intervalos 𝑓 é decrescente? 𝑓 é decrescente em [−1,0] , ]1,2] e [4, ∞[.
e) Quantas raízes (ou zero) 𝑓 possui? 𝑓 possui três raízes.
f) A função será positiva (isto é, 𝑓(𝑥) > 0) quando: −2 < 𝑥 < 0 ou 0 < 𝑥 < 1 ou 1 <
𝑥 < 2,7
g) A função será negativa (isto é, 𝑓(𝑥) < 0) quando: 𝑥 < −2 ou 𝑥 > 2,7
h) A função será igual a zero (isto é, 𝑓(𝑥) = 0) quando: 𝑥 = −2 ou 𝑥 = 0 ou 𝑥 = 2,7

Se, ao terminar de ler este material, você ficou com dúvidas ou não conseguiu compreender
algum conceito ou definição, não desista! Leia novamente o texto de apoio, com mais
atenção, e/ou busque, no aporte teórico, mais exemplos do que foi discutido aqui, ok? Além
disso, é praticando que você realmente compreenderá!

EXEMPLOS DESSES CONCEITOS NA ÁREA DE COMPUTAÇÃO

• Na matemática, uma função recebe valores para as variáveis e produz um


determinado valor, como vimos nesta aula. Na computação, além de receber valores
(dados) e devolver um valor (resultado), a função poderá produzir outros tópicos
como modificar os valores recebidos ou imprimir algo, por exemplo.

• Segundo Brandão (2017), na linguagem de programação, encapsular um código que


poderá ser chamado por qualquer outra parte do programa nos remete à ideia de
funções que vimos, pois existe um nome, uma definição e um chamamento à função.
Assim, seu código ficará organizado, poderá ser reaproveitado e facilitará seu
desenvolvimento.

• Utilizamos as funções afim para determinar as escalas de temperatura (sendo as


mais utilizadas: Celsius, Fahrenheit e Kelvin), além de estarem presentes no ramo
da física, quando falamos do movimento uniforme; na resistência elétrica de um
resistor e nos geradores elétricos. A função quadrática, por sua vez, poderá ser
utilizada quando queremos calcular áreas máximas, na comercialização de um
produto (demanda, receita, custo e lucro), e na física, quando queremos saber as
funções horárias da posição no movimento uniformemente variado.

• Quando formos trabalhar com crescimentos populacionais e juros compostos,


utilizaremos as funções exponenciais. E as funções logarítmicas serão utilizadas
quando estivermos trabalhando com o pH (na análise do grau de acidez e basicidade
de uma solução), ao medirmos a magnitude de terremotos, entre outros.

Aula 3 – Fundamentos da Matemática


25

Referências

BONETTO, G. A.; MUROLO, A. C. Fundamentos de matemática para engenharias e


tecnologia. São Paulo: Cengage Learning, 2016.

BRANDÃO, L. O. Introdução ao uso de funções. 2017. Disponível em:


<https://www.ime.usp.br/~leo/mac2166/2017-1/introducao_funcoes.html>. Acesso em: 10
jan. 2023.

GUIDORIZZI, H. L. Um curso de cálculo. 6. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2018. (v. 1).

IEZZI, G. et al. Matemática: volume único. São Paulo: Atual, 1997.

LARSON, R. E.; HOSTETLER, R. P.; EDWARDS, B. H. Cálculo com aplicações. Rio de


Janeiro: LTC, 1998.

STEWART, J. Cálculo. 8. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2017.

Aula 3 – Fundamentos da Matemática

Você também pode gostar