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Avaliação 1 Temas Contemporâneos
Avaliação 1 Temas Contemporâneos
NOTA: PROFESSOR(a):
SEMESTRE: 7 BIMESTRE: 1º
Aline Souza Martins
1160836
CURSO: Psicologia DATA: 21/03/24
I) Responda às seguintes questões e use como argumento pelo menos dois autores
estudados no curso até o momento para cada resposta. As respostas devem ser
estruturadas com introdução, desenvolvimento e conclusão e os grupos devem ter
em torno de 4 pessoas.
Porém, Winnicott aparece com a questão clínico-teórica que abre novas dimensões
para as confirmadas falas de Freud.
Winnicott (1962/1983)
defende que toda criança, desde o
momento em que entra no
misterioso mundo da vida, tem uma
tendência natural inata ao
amadurecimento e à integração.
Todavia, embora essa tendência
seja natural, paradoxalmente ela
não pode ser realizada
naturalmente, pois para isso ela
precisa contar com um ambiente
favorável que forneça os meios
indispensáveis para o
recém-nascido poder assegurar a
sua continuidade de ser e se
desenvolver como um ser vivo e
criativo. Somente quando vê
assegurada essa continuidade de
ser e, desse modo, pode dar um
sentido ao seu existir no mundo, a
criança consegue sentir-se como um
ser vivo e defrontar-se com as
dificuldades e as ameaças da
existência, entre as quais as mais
duras e difíceis serão, seguramente,
aquelas do sem-sentido.
(Rocha, 2013)
Por causa do cuidado da mãe suficientemente boa, o bebê poderá vivenciar, no seu
imaginário, uma ilusão de onipotência que lhe vem da união com a mãe, que para
ele é onipotente, e começa, então, a se sentir capaz de criar seus objetos, primeiro
no campo lúdico do brincar e, depois, no mundo da realidade externa. Em suma,
pode-se afirmar que, na teoria winnicottiana, o cuidado e, especialmente, o cuidado
materno são fatores estruturantes da subjetividade e têm um papel decisivo no
desenvolvimento afetivo do ser humano. O cuidado como um todo sempre nos trará
alusão à Interseccionalidade.
4) Escolha uma notícia de jornal e interprete a partir da clínica e política (cite pelo
menos 2 artigos que foram usados como referências para as aulas).
Para relacionar com o artigo lido: “Encontro com a guerra no Brasil, entre
psicanálise, Clausewitz e Foucault”, foi escolhida uma notícia, que relata uma
ocorrência do dia 25 de março de 2024, na qual um Investigador do departamento
antinarcóticos foi preso em operação contra tráfico internacional de drogas. Ela diz
respeito a um policial do Denarc, detido em Amparo e envolvido no envio de drogas,
principalmente cocaína, da Bolívia para SP.
Tendo em vista que existe uma guerra às drogas no Brasil como consequência
do sistema político excludente, o artigo lido abordará como as drogas se inserem no
contexto das populações mais marginalizadas e como isso impacta para toda a
sociedade. Porém, a presente notícia relata um envolvimento de um policial, um
agente do Estado que deveria nos trazer segurança, mas que muitas vezes age
com violência e corrupção. Como mencionado no artigo, os policiais possuem
regalias, entrega de drogas em domicílio e até dentro do quartel. Isso realmente
acontece e, muitas vezes, por ser um “agente do Estado”, eles são protegidos e não
são punidos, diferente do que acontece com as pessoas de periferia inseridas nesse
contexto. Isso pode ser exemplificado no trecho: “A guerra é um conflito entre dois
grupos, na qual agressões e armas são envolvidas e o objetivo se encontra no
extermínio do grupo oponente. Assim, é possível considerar as disputas entre
gangues, grupos ou facções de periferia como guerra. Esses conflitos geralmente
estão associados ao tráfico de drogas, que, como trabalho ilegal, não é protegido
pela lei, nem pela polícia.”
Foucault analisa instituições militares e conclui que a guerra funciona como um
analisador de poder, já que as relações de força podem ser codificadas parte na
forma de guerra e em parte na forma de política, sendo que as duas seriam
estratégias diferentes para integrar essas relações de força desequilibradas. Assim,
essa notícia revela a complexidade das políticas de combate às drogas, destacando
como até mesmo agentes do Estado podem estar envolvidos no tráfico internacional
de drogas.
Ao relacioná-la com as teorias de Foucault, Clausewitz e Stephen Frosh,
podemos entender que o poder e a política estão intrinsecamente ligados à guerra
às drogas. Foucault argumentaria que o controle sobre as drogas é uma forma de
exercício de poder disciplinar, onde o Estado busca regular e punir aqueles que
desafiam suas normas. Clausewitz, por sua vez, poderia interpretar essa situação
como uma manifestação da "política por outros meios", onde a luta contra o tráfico
de drogas se torna uma extensão do poder estatal. Já Stephen Frosh abordaria a
dimensão psicossocial desse fenômeno, destacando como a guerra às drogas
perpetua estigmas e hierarquias sociais, enquanto os próprios agentes do Estado se
envolvem no comércio ilícito. Dessa maneira, a prisão do investigador do
departamento antinarcóticos evidencia como, por trás da suposta ordem e combate
ao tráfico, há uma luta pelo poder e domínio.
De forma geral, de acordo com as aulas e com o texto de Frosh, quando
falamos sobre política, estamos nos referindo às relações de poder que existem
entre pessoas e que estão incorporadas na nossa sociedade. Ao relacionar o
conceito de "assombrações" de Frosh com a notícia, podemos entender como
questões psicológicas, traumas individuais e coletivos podem influenciar o
comportamento humano e as dinâmicas sociais, inclusive dentro de instituições
responsáveis pelo combate ao crime.
Logo, fazendo uma relação do caso do investigador do departamento
anti-narcóticos preso por envolvimento no tráfico de drogas, à luz das ideias de
Stephen Frosh sobre "assombrações" psicanalíticas e transmissões
fantasmagóricas, somos confrontados com as profundas diferenças de tratamento
entre os policiais e os grupos marginalizados envolvidos na guerra às drogas.
Enquanto os agentes do Estado podem se envolver no tráfico de drogas com
impunidade, os indivíduos das periferias são frequentemente criminalizados e
estigmatizados pela mesma atividade. Essa disparidade de tratamento é um reflexo
das desigualdades estruturais presentes na sociedade. Enquanto os policiais,
frequentemente protegidos por sua posição de autoridade, desfrutam de privilégios
e imunidades que os protegem da aplicação rigorosa da lei, as pessoas das
periferias são alvos de discriminação e violência policial, perpetuando um ciclo de
criminalização e marginalização. O caso da notícia mostra que o policial foi pego,
porém não sabemos como será todo o processo de investigação, visto que, os
agentes do Estado, podem ser punidos, mas com privilégios e de uma forma
diferenciada comparada à população das periferias.
O envolvimento de agentes do Estado no tráfico de drogas não apenas expõe as
falhas do sistema de aplicação da lei, mas também tem consequências profundas
em níveis sociais e psicológicos. Isso mina a confiança da população nas
instituições policiais, aumenta o estigma associado aos agentes da lei e levanta
questões sobre a eficácia das políticas de combate às drogas.
Portanto, ao relacionar as ideias de Frosh com este caso específico, ele
acrescenta uma dimensão psicossocial ao debate, destacando como as diferenças
de tratamento entre os policiais e os grupos marginalizados perpetuam estigmas e
hierarquias sociais. Enquanto os agentes do Estado são vistos como representantes
da lei e da ordem, as pessoas das periferias são frequentemente estigmatizadas
como criminosas e imorais, mesmo quando estão sujeitas às mesmas pressões e
desafios sociais. Portanto, ao relacionar as ideias de Frosh com este caso
específico, somos confrontados com a necessidade de enfrentar as desigualdades
estruturais que permeiam as políticas de combate às drogas. É somente ao
reconhecer e confrontar essas disparidades que podemos trabalhar para construir
um sistema mais justo e equitativo para todos os envolvidos na guerra às drogas.