Você está na página 1de 30

Centro Universitário de Barra Mansa

Curso: Psicologia

9º Período Matutino

Professora: Rosali Maciel

Produção Científica

Projeto de TCC

Fabiana Lima da Silva de MORAES

Barra Mansa

ABRIL, 2023
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO (com Justificativa e Objetivos).................................... 03

2 REFERENCIAL TEÓRICO..................................................................

3 METODOLOGIA.....................................................

4 CRONOGRAMA.................................................................................

5 RECURSOS FINANCEIROS............................................................

6 PROCEDIMENTOS APÓS A REALIZAÇÃO DA PESQUISA E


COMPROMETIMENTO COM A PUBLICAÇÃO .........................................

7 REFERÊNCIAS ...............................................................................
RESUMO

Este trabalho, aborda relacionamentos afetivos, onde a dependência emocional e o amor torna-se
um sofrimento. Iremos buscar compreender por meio de referenciais teóricos as razões que levam
uma mulher a se tornar dependente afetiva, fazendo conexões com o desamparo e a orfandade.

Para a realização desse trabalho, foram utilizados livros como a Orfandade, da psicanalista Gilda
Pitombo, artigos e livros de autores como John Bowlby, Winnicott, Freud, assim como outros textos e
teóricos que nos trazem uma reflexão sobre a temática.

Os resultados obtidos apontam que a ocorrência da dependência emocional e o sofrimento causado


pelo amor podem ter conexões com o medo da perda do objeto amado, a carência e o abandono que
estaria por sua vez conectado à dor narcísica.

PALAVRAS-CHAVE: Dependência Emocional, Desamparo


INTRODUÇÃO

A escuta do feminino durante as sessões de Phototerapia, revelou um perfil de mulheres que trazia
como sintoma básico o descuido com a própria imagem, a submissão aos seus companheiros, aos
seus mandos e desmandos e a queixa de insatisfação recorrente com a vida.

Chamou atenção o fato de que apesar dos seus parceiros não as desejarem mais, não as
surpreenderem, não reconhecerem os seus desejos, essas mulheres insistiam em permanecer neste
relacionamento, dando o seu consentimento para a manutenção de um relacionamento, que produz
sofrimento e que na grande maioria dos casos resulta em descuido com a própria imagem.

Essas escutas que aconteciam durante as sessões de Phototerapia produziram inquietações e nos
colocou frente a frente com o estranho que nos habita, despertando pensamentos e sentimentos
intrigantes, produzindo o desejo de compreender as motivações que levam mulheres a se submeter
a relacionados não construtivos.

Sem desconsiderar a analítica de poder realizada por Michel Foucault sobre o peso do contexto
histórico, social e cultural que afeta o exercício da feminilidade, que coloca a mulher em uma posição
secundária na sociedade, cabendo-lhe o papel de guardiã do lar e a responsável pela procriação, este
trabalho abordará essa temática a partir da perspectiva de dois teóricos da psicanálise que trazem
contribuições que oferecem pistas para começar a compreender a relação de submissão da mulher a
outro forte e protetor, culturalmente delegado aos homens, como saída para a condição da angústia
do desamparo.

Por que uma mulher se torna dependente de seu companheiro? Por que ocorre o desaparecimento
da sua vontade de viver, de se dar valor, de se valorizar? Por que se apega a falsas segurança? São
muitas as possibilidades.

Para responder essas questões um bom caminho pode começar sobre o do desamparo, a falta de
abrigo, de proteção, na perspectiva teórica de Freud e Winnincott, sem a pretensão de esgotar o
assunto.

Portanto, o objetivo geral é o proporcionar uma reflexão teórica, a partir desses autores e de teorias
consagrados, sobre a dependência das mulheres de seu objeto de amor, a partir do desamparo inicial
e constitutivo de todos nós.
DESENVOLVIMENTO

Para entender o sentimento de desamparo na psicanálise, é essencial considerar as


abordagens de Winnicott e Freud. Segundo Freud, nascemos inerentemente desamparados e essa
sensação de desamparo surge desde as primeiras experiências de vida, devido à falta de maturidade
do organismo, à necessidade de interação com o mundo e à grande dependência da ajuda de outras
pessoas. Freud (1927-1931/1996 a), propõe o desamparo como uma condição que acompanha o
sujeito por toda sua existência ( QUEM FALA ISSO?)

Freud (1886-1889/1996, p. 370) em um "Projeto para uma psicologia científica",


especificamente na parte que se refere à experiência de satisfação nos revela que "o desamparo
inicial dos seres humanos é a fonte primordial de todos os motivos morais". Isso significa que o
indivíduo está sempre interdependente e conectado com os outros. Portanto, podemos entender a
importância fundamental do papel dos outros na formação do sujeito, especialmente aqueles que se
iniciam com as figuras parentais e se estendem às relações sociais ao longo da vida ( QUEM FALA
ISSO?)

Por outro lado, para Winnicott, (1988/1990) o desamparo está relacionado à prematuridade
do nascimento. Para ele, mãe e bebê estão ligados para sempre e, quando o nascimento ocorre
prematuramente, o bebê não possui todas as capacidades que um bebê a termo possui. De acordo
com o autor, o período ideal para o nascimento, do ponto de vista emocional, é o mesmo que o
período físico, ou seja, após nove meses de vida intrauterina. No nascimento prematuro o bebê
ainda imaturo encontra-se em desvantagem ao entrar em contato com as intrusões vindas do
ambiente, experiência compreendida como traumática por Winnicott (1949/2000). ( QUEM FALA
ISSO?)

O Desamparo em Freud

De acordo com Camargos (2009), o desamparo é um conceito caro para Freud e, no seu entender,
ele é o ponto de partida da teoria psicanalítica e também o ponto de chegada. Ponto de partida
porque para descrever o funcionamento do aparelho psíquico em termos neurológicos em o Projeto
Para Uma Psicologia Científica (1895) Freud lança mão de uma teoria sobre energia que rege o
funcionamento do aparelho psíquico e explica que ao nascer o recém-nascido experimenta ameaças
do mundo externo e do seu próprio corpo. E essas ameaças acarretam em acúmulo de energia que
não se descarrega como um arco-reflexo, ou seja, o bebê não consegue realizar ações para
descarrega-las. Ele precisará de um adulto para ajuda-lo, ele é totalmente dependente da pessoa
responsável pelos seus cuidados.

O organismo humano é, a princípio, incapaz de promover essa ação específica. Ela se


efetua por ajuda alheia, quando a atenção de uma pessoa experiente é voltada para
um estado infantil por descarga através da via de alteração interna. Essa via de
descarga adquire, assim, a importantíssima função secundária da comunicação, e o
desamparo inicial dos seres humanos é a fonte primordial de todos os motivos
morais (FREUD, citado por CAMARGOS, 2009)

O recém-nascido precisa de ajuda alheia para promover a ação específica que necessita para sua
sobrevivência porque o alívio da tensão provocada por esses estímulos internos e externos
acontecerá mediante a presença de um adulto. É no fato de o bebê precisar da ajuda de outro que
reside o desamparo primordial. O desamparo é equivalente à necessidade de ajuda por parte da
criança (FORTES, 2008, p.28, citado por RESSTEL, 2015)

Nesse sentido, o sentimento de desamparo, já está presente nas primeiras experiências da vida,
quando o bebê é totalmente dependente de sua mãe em função da incompletude, da imaturidade
do organismo (FREUD, 1886-1889/1996, p.370, citado por CAMARGOS, 2009).

Essa comunicação, que ocorre e que se estabelece entre o bebê e a sua mãe, é de extrema
importância para o desenvolvimento psicológico.

Seguindo essa lógica, segundo Érico Bruno Viana Campos (2021) desde o início, ao escrever o Projeto
para uma psicologia científica (1980a) Freud afirma que ao nascer o bebê se apresenta imaturo e
indefeso necessitando dos cuidados do outro para satisfazer suas necessidades. A esse estado de
imaturidade e de incapacidade do psiquismo de se defender frente ao crescimento da excitação
pulsional sexual e advinda do corpo que Freud denominará de condição de desamparo, porque é
impossível para o bebê lidar com ela sem a ação de outra pessoa.

Freud correlaciona o desamparo à total dependência da criança à sua mãe, pessoa


que tem um papel decisivo na fundação e estruturação do psiquismo. A essa
dependência por ausência de ajuda que Freud denominará de Hilflosigkeit,
desamparo, palavra que literalmente designa um “estado de estar desamparado,
sem saber o que fazer; sem proteção”. Estado de privação de meios para
sustentação da vida onde não existe uma pessoa com que possa contar. Hilflosigkeit
implica uma condição de abandono, solidão e esquecimento (CAMPOS, 2021).

O “desamparo” é um termo que pressupõe a existência do outro. Na construção de Hilflosigkeit a


ideia mais importante é a ausência de ajuda, falta de proteção que implica na necessidade de ajuda
do outro: o sujeito precisa de alguém ou de alguma coisa que o ajude para satisfazer suas pulsões.
Nesse sentido, o nascimento é uma experiência inaugural traumática que produz angústia
decorrente da experiência de desamparo frente ao acúmulo de excitação com o qual o bebê não
pode lidar. Para sobreviver o bebê dependerá de uma “ação específica” que ponha fim a tensão
interna que produz desprazer (CAMPOS, 2021).

Considerando que a satisfação das necessidades pulsionais requer a presença de outra pessoa, o
desamparo é o motor na construção da civilização. Para Freud, a civilização surge da tentativa do
homem de diminuir seu desamparo diante das forças da natureza, das charadas da vida e, sobretudo,
da própria morte, mas, ao mesmo tempo o coloca à mercê do outro, numa posição de dependência
passiva, considerações descritas nos escritos Inibição, sintoma e angústia (Freud, 2014); O futuro de
uma ilusão (Freud, 2011b) e O mal-estar na civilização (Freud, 1980j) (CAMPOS, 2021).

Nesse sentido, Érico Bruno Viana Campos (2021) marca em seu texto que Freud ao escrever Totem e
Tabu e Psicologia das massas e análise do eu, assinala o inevitável “assujeitamento ao outro, da
submissão/dominação, da onipotência e do narcisismo, da capacidade de um sujeito colocar o outro
como impotente frente a seus desejos, do prazer que o ser onipotente pode experimentar ante o ser
desamparado”.

Considerando que Érico Bruno Viana Campos (2021) afirma que ao se assujeitamento ao outro para
evitar a sensação de desamparo uma pessoa poderá experimentar diferentes tipos de
psicopatologias, é possível levantar como uma primeira possibilidade para explicar a dependência
afetiva feminina à condição humana estrutural de abandono, Hilflosigkeit.

Para Freud o enfrentamento do desamparo é fundamental para o desenvolvimento infantil, assim


como a forma de exercitar a função materna é determinante na constituição de alicerces básicos
para o funcionamento psíquico (CAMPOS, 2021).

Por fim, Érico Bruno Viana Campos (2021) chama atenção para o fato de que a mãe deve permitir
que a criança “passe, lentamente, por um longo processo de desilusão em seu processo de
subjetivação de um mundo que não corresponde àquele que ela imaginava”. Ao fazer isso, a mãe
possibilita a descoberta da realidade do desamparo como uma experiência tolerável, de que não há
na vida não há “proteção absoluta e tampouco um ser onipotente que lhe garanta uma
estabilidade”.

Nesse sentido, uma segunda hipótese a se levantar frente a situação de dependência afetiva da
mulher em relação ao seu parceiro ou parceira é a de que a dependência pode ser uma forma de
enfrentar a condição de abandono, de manter o ideal de que por meio de um parceiro protetor
onipotente se garantirá estabilidade no mundo.
De acordo com Costa e Katz (1992), as primeiras relações com os pais nos anos iniciais de vida
determinarão, em certa medida, os relacionamentos futuros, incluindo as escolhas amorosas.

Para Freud a condição do desamparo abre a porta para o estabelecimento de vínculos, que se dará
incialmente com a figura materna, um dos primeiros e mais importantes vínculos. Essa concepção
freudiana ganha legitimidade também na teoria do amadurecimento de Winnicott.

Por fim, é importante encerrar com a contribuição de Guilherme Magnoler Guedes de Azevedo
(2021). Segundo esse autor

“o desamparo não é um conceito psicanalítico, mas uma caracterização da condição


humana que veio da religião, da filosofia, e assim por diante, muito embora a
psicanálise necessariamente se aproprie dele. Não encontramos na obra de Freud
uma teorização clara e estruturada sobre o tema. Ao mesmo tempo, o desamparo é
provavelmente um dos termos ou noções isoladas que melhor definem a psicanálise
freudiana, e Freud estava ciente disso” (AZEVEDO, 2021).

PAREI AQUI

O Desamparo em Winnincott

Para Winnicott, no início da vida é fundamental que o bebê desfrute de um ambiente, de uma
realidade externa o invada. Necessita, portanto, de segurança e estabilidade. O bebê precisa de uma
mãe que extrapole o atendimento das necessidades biológica, de uma mãe que corresponda a
seus gestos, pois é nesse processo gradual que serão conferidos os sentidos aos gestos e à
própria existência singular do eu (self). Os gestos do bebê precisam ser atendidos,
reconhecidos e legitimados. Aqui, a mãe cuida e sustenta o bebê de modo tão sensível, adaptado e
identificado, que o bebê a sente inclusive como criação sua, criando uma ilusão de onipotência.

A sustentação é o aspecto central da função materna no desenvolvimento emocional primitivo A


criança nasce indefesa e desamparada. É um ser desintegrado e indiferenciado que percebe de forma
desorganizada os diferentes estímulos psicossomáticos. Também traz funções inatas e pulsões, além
de uma tendência para o desenvolvimento. A tarefa da mãe e oferecer um suporte adequado, na
condição de um “ego auxiliar”, para que essas condições possam se organizar e desenvolver de
forma saudável.

Essa ilusão precisa ser mantida até que o bebê tenha condições de resistir a posterior
desadaptação da mãe e somente então ele será capaz de lidar com a realidade externa, já
mais constituído e amadurecido. Nas palavras de Winnicott: A adaptação da mãe, às necessidades do
bebê, quando suficientemente boa, dá a este a ilusão de que existe uma realidade externa
correspondente à sua própria capacidade de criar. Em outras palavras, ocorre uma sobreposição
entre o que a mãe supre e o que a criança poderia conceber. Para o observador, a criança
percebe aquilo que a mãe realmente apresenta, mas essa não é toda a verdade. O bebê
percebe o seio apenas na medida em que um seio poderia ser criado exatamente ali e naquele
momento[...]Então, psicologicamente, o bebê recebe de um seio que faz parte dele e a mãe dá leite a
um bebê que é parte dela mesma (WINNICOTT, 1975, p.27).Winnicott descreve esse processo em
estágios do amadurecimento e não caberia aqui detalhar os pormenores de cada estágio.
Basta atentarmos ao fato de que é necessária uma preparação ambiental (a função materna
sendo o ambiente) para queo eu se constitua até chegar a um ponto no qual poderá atender as
solicitações da realidade externa sem sentir-se ameaçado ou até mesmo aniquilado. Se o bebê não
tem, durante o tempo adequado, a sustentação ambiental necessária para a consolidação do eu,
podem se desencadear processos patológicos, pois o bebê aprende precocemente a reagirà
realidade externa para defendera si. Pensando de modo prático, a título de exemplificação,
poderíamos pensar na seguinte situação: um bebê recém-nascido sente o incomodo da fome e
esta sensação tem tal proporção que, se a mesma não for prontamente saciada, o bebê sente
como se fosse morrer. Além disso, o momento da amamentação é um momento no qual,
além do contato com o seio e com o leite (o alimento), o bebê percebe-secontinuamente
acalentado e sustentado pelo corpo da mãe, o que gradualmente possibilita que desenvolva a
percepção sobre o seu próprio eu. O ego, para Winnicott tem importância fundamental na
saúde psíquica já que é a partir da integração do ego e do self(si mesmo) que se estruturam
(saudavelmente ou não) os demais estados psíquicos. Nas palavras de Winnicott:A integração está
intimamente ligada à função ambiental da segurança. A conquista da integração se baseia na
unidade. Primeiro vem o “eu” que inclui “todo o resto é não-eu”. Então vem “eu sou, eu existo,
adquiro experiências, enriqueço-me e tenho uma interação introjetiva e projetiva com o não-eu, o
mundo real da realidade compartilhada”. Acrescente-se a isso: “Meu existir é visto e
compreendido por alguém”; e ainda mais: “É me devolvida (como uma face refletida em um espelho)
a evidência de que necessito de ter sido percebido como existente” (WINNICOTT, 2007, p. 60).

https://www3.ufrb.edu.br/seer/index.php/griot/article/view/2370/1350

http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1984-90442014000100003
BLEICHMAR, N. M.; BLEICHMAR, C. L. Winnicott: apresentação. In: BLEICHMAR, N. M.; BLEICHMAR, C.
L. A psicanálise depois de Freud: teoria e clínica. Porto Alegre: Artes Médicas, 1989, p. 220-240.
BLEICHMAR, N. M.; BLEICHMAR, C. L. Winnicott: discussão e comentários. In: BLEICHMAR, N. M.;
BLEICHMAR, C. L. A psicanálise depois de Freud: teoria e clínica. Porto Alegre: Artes Médicas, 1989, p.
241-249.

Eu e ideal do Eu: identificação e idealização

Do ponto de vista freudiano, o trabalho é um elemento essencial da vida humana, tendo em vista sua
função estruturante, seja ao possibilitar destinos para as pulsões, seja ao assegurar ao sujeito um
lugar no circuito social.

NARCISISMO

Araújo (2005) retrata dois tipos de escolhas amorosas: a narcísica que busca no objeto amado aquilo
que somos ou o que idealizamos e a anaclítica, que diz respeito à busca de um objeto perdido,
representado ou pelo pai que protege ou pela mãe que alimenta
Zimerman (2010) destaca alguns conceitos de amor, dentre eles o amor sadomasoquista
compreendido como um jogo de acusações, magoas, cobranças e humilhações. Este tipo de amor se
assemelha as características de relacionamentos abusivos referidos anteriormente. Outro tipo de
amor estabelecido de forma doentia destacado por Zimerman se trata do amor tantalizante definido
como “aquele que tentaliza”, ou seja, atormenta, este conceito foi escolhido para conceituar a
patologia atrelada a relação amorosa. (ZIERMAN, 2010). A dominação do amor tantalizante só é
justificada quando estabelece nítida relação amorosa com efeitos de aprisionamento e que
caracteriza por um jogo de promessas de “dar” e “retirar”. Como por exemplo: Uma mulher ao
mesmo tempo esperançosa e frustrada, envolvida com um homem quem ela ama acima de tudo,
enquanto eles mantem e renova as esperanças dela, porem por razões diferentes sempre se diz estar
impedindo de realizar concretas promessas de união estável exclusiva com ela, desse modo ela vai
cronificando a sua condição de excluída, de sorte a assumir um papel de eterna reserva, que de vez
em quando entra em campo para jogo, mesmo que por um período curto de tempo. (ZIMERMAN,
2010 p. 63) “O vínculo tantaliza funciona como um labirinto em que a fonte de sua existência é a
dependência relacional disfarçada de amor” (SANTOS, 2017 p. 18). Assim sendo as pessoas dentro do
labirinto percorrem repetidas vezes o mesmo caminho, sem se darem conta já passaram por ali com
outras pessoas porem no mesmo cenário. (SANTOS, 2017)

O organismo humano é, a princípio, incapaz de promover essa ação específica. Ela se efetua por
ajuda alheia, quando a atenção de uma pessoa experiente é voltada para um estado infantil por
descarga através da via de alteração. Essa via de descarga adquire, assim, a importantíssima função
secundária de comunicação, e o desamparo inicial dos seres humanos é a fonte primordial de todos
os motivos morais [Cf. p.420]. (Freud, 1886-1889/1996, p.370)

A resposta adequada a esses estímulos que afetam o recém nascido é a “ação específica” motora ou
psíquica que visa cessar o estímulo pela satisfação ou pela fuga da situação de sofrimento. Quando o
estímulo excede a capacidade de resposta o recém nascido experimenta o desamparo,
desencadeando defesas inadequadas, ou seja, psicopatologias.

Costa (2007) caracteriza o desamparo, nos dois contextos, como um

Toma como ponto de partida a teoriazação de Winnincott sobre estágios iniciais

A contribuição winnicottiana está centrada nas falhas ambientais e suas consequências na


estruturação do verdadeiro e falso self. Portanto, sobre as dinâmicas nos estágios da dependência
absoluta e relativa que são pontos de fixação para os quadros nãoneuróticos.
Suportar que não há felicidade completa. Não há como escaparmos dessa verdade que é construída
no caminhar, é dura demais percebê-la sozinhos ou uma tarefa impossível.

Winnincott

O holding é uma função física e emocional de suporte, cuja metáfora paradigmática é o carregar e
conter o bebê nos braços como forma originária de amor e cuidado materno.

Ele considera que o tratamento consiste em dar condições para que o paciente possa cuidar do
seu passado traumático, retomando uma coisa de cada vez (cf. Winnicott, 1958f, p. 275). O
objetivo a ser alcançado é o amadurecimento da pessoa, amadurecimento que, na saúde,
significa um estado de independência relativa, de possibilidade de adaptação ao mundo exterior
sem perda demasiada da espontaneidade: "O essencial é que o homem ou a mulher se sintam
vivendo sua própria vida, responsabilizando-se por suas ações ou inações, sentindo-se capazes
de atribuírem a si o mérito de um sucesso ou a responsabilidade de um fracasso"

O foco do trabalho de Winnicott é o desenvolvimento primitivo do ser humano, abordando as falhas


ambientais como a etiologia principal dos diferentes quadros psicopatológicos.

O desenvolvimento da maturação emocional se dá em três etapas sucessivas, ligadas a processos


subjetivos e a tarefas específicas do ambiente:

 Dependência Absoluta: em que os processos fundamentais referem-se à integração e à


personalização, amparados nas tarefas maternas de holding (sustentação) e handling (manipulação)

 Dependência Relativa: em que o processo fundamental refere-se à adaptação à realidade e o


desenvolvimento do concern (preocupação ou inquietude), amparada nas tarefas maternas de
apresentação do objeto e sobrevivência à crueldade primitiva

 Rumo a Independência: em que se estabelecem os processos propriamente triangulares e edípicos


descritos pela psicanálise tradicional.
O bebê nasce em um estado de não integração. Os núcleos do ego estão dispersos em uma unidade
que ele forma com o meio ambiente. A meta da etapa de dependência absoluta é a integração dos
núcleos do ego e a personalização, isto é, adquirir a sensação de que corpo aloja o verdadeiro self.
Esses processos se dão simultaneamente e estão intimamente relacionadas, sendo instituídos pelas
tarefas de sustentação (holding) e manejo (handling) da mãe. O sucesso nesse processo permite ao
desenvolvimento de um esquema corporal unificado, que Winnicott denomina de unidade psique-
soma. Já a falha resulta em um ego fragilmente integrado, que é presa fácil de processos de
desintegração, despersonalização e dissociação, que são característicos de dinâmicas psicóticas.

Essa integração se dá pela elaboração da destrutividade projetada sobre a mãe e a necessidade de


que esta sobreviva a estes ataques reais e na fantasia, que se situa no âmbito da elaboração da
posição depressiva, que Winnicott rebatiza como o desenvolvimento do “concern” (preocupação ou
pré-inquietude).

“A sustentação protege contra a afronta fisiológica; leva em conta a sensibilidade epidérmica da


criança – tato, temperatura, sensibilidade auditiva, sensibilidade visual, sensibilidade às quedas (ação
da gravidade) – assim como o fato de que a criança desconhece a existência de tudo o que não seja
ela própria; inclui toda a rotina de cuidados ao longo do dia e da noite, que nunca é a mesma em
duas crianças diversas, pois faz parte delas e não há duas crianças iguais; deste modo, acompanha as
mudanças quase imperceptíveis que, dia a dia, vão tendo lugar no crescimento e desenvolvimento da
criança, mudanças tanto físicas quanto psicológicas (...). A sustentação compreende, em especial, o
fato físico de sustentar a criança nos braços e que constitui uma forma de amar.” (WINNICOTT, 1960,
p. 56)

A proteção e cuidado materno não tem implicações apenas fisiológicas, destinadas a garantira a
sobrevivência. Na medida em que esses cuidados são providos adequadamente, por meio de afetos
amorosos, a criança consegue integrar tanto os estímulos quanto a representação de si mesmo e dos
demais, adquirindo uma integração psicossomática. O que capacita a mãe a proporcionar esse
cuidado é uma sensibilidade e disposição especial para se identificar com as necessidades do bebê,
denominada de preocupação materna primária, que se desenvolve naturalmente ao longo da
gestação. O bebê vive a sustentação bem sucedida como uma “continuidade da existência” ou do
sentimento de ser, que é propriamente a experiência de um self. As falhas nesse processo são vividas
como experiências subjetivas de ameaça e intrusão, interferindo no desenvolvimento normal

O ser humano nasce como um conjunto desorganizado de pulsões, estímulos e funções sensoriais e
motoras, que vão se integrando conforme progride o desenvolvimento, até alcançar uma imagem
unificada de si e do mundo externo. Esse processo de integração psicossomática tem com
fundamento a experiência de continuidade do ser que consiste propriamente em um verdadeiro self.
O verdadeiro self se refere aos primórdios da organização subjetiva na criança, anterior à separação
entre interno e externo e a integração de um ego. Está relacionado a um sentimento de continuidade
da experiência sem perturbações e intrusões e também ao acolhimento da expressividade criativa e
autêntica do bebê. O núcleo sobre o qual se constrói o self não é reativo a estímulos e, nesse sentido,
se aproxima à concepção mais radical de um narcisismo primário como estado não objetal da libido.

Quando esse cuidado é insuficiente, há então uma falha ambiental que se configura com ameaça à
continuidade existencial e se produz uma resposta que é mais no sentido de adaptação e reação à
realidade do que de autonomia. Nesse sentido, a mãe é incapaz de responder aos gestos e
necessidades da criança, colocando seu próprio gesto e suas demandas em primeiro lugar. A
submissão às demandas do outro são o protótipo da formação do falso self.

“O que sucede, quando a mãe não fornece a proteção necessária ao frágil ego do recém-nascido? A
criança perceberá esta falha ambiental como uma ameaça à sua continuidade existencial, a qual, por
sua vez, provocará nela a vivência subjetiva de que todas as suas percepções e atividades motoras
são apenas uma resposta diante do perigo a que se vê exposta. Já não pode sentir seus movimentos
ou os estímulos externos como ensaios de autonomia de seu ego imaturo, mas os vivencia como
provocados por um mundo ameaçador. Pouco a pouco, procura substituir a proteção que lhe falta
por uma “fabricada” por ela. Tudo acontece como se fosse se envolvendo com uma casca, às custas
da qual cresce e se desenvolve o self do sujeito.” (BLEICHMAR e BLEICHMAR, 1989, p. 224)

DEPENDÊNCIA EMOCIONAL

Ao falarmos sobre dependência, podemos associar o uso da palavra a outros tipos de dependência,
assim como a dependência ao álcool, medicamentos controlados, drogas psicoativas, comida e
tantos outros, mas o termo também pode ser usado com dependências de relacionamentos e essa
temática, dependência emocional ou afetiva tem ganhado atenção de muitos pesquisadores ao
longo dos últimos anos (BUTION; WECHSLER, 2016).
O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, DSM-V (2014) nos traz informações
sobre o CID F60.7 que é o Transtorno da Personalidade Dependente (TPD), ou seja é o sujeito que
possui uma disposição a depender do outro, que possui uma necessidade maior de atenção, apoio,
que se sente em inseguro nas relações, medo do abandono e que se submete a diversas situações
por vezes até humilhantes e constrangedoras pelo receio de ser rejeitado ou abandonado. O F60.7
pode surgir no início da vida adulta e tem como critérios diagnósticos, pessoas que:

Tem dificuldades em tomar decisões cotidianas sem uma quantidade


excessiva de conselhos e reasseguramento de outros. 2. Precisa que outros
assumam responsabilidade pela maior parte das principais áreas de sua vida.
3. Tem dificuldades em manifestar desacordo com outros devido a medo de
perder apoio ou aprovação. (Nota: Não incluir os medos reais de retaliação.)
4. Apresenta dificuldade em iniciar projetos ou fazer coisas por conta própria
(devido mais a falta de autoconfiança em seu julgamento ou em suas
capacidades do que a falta de motivação ou energia). 5. Vai a extremos para
obter carinho e apoio de outros, a ponto de voluntariar-se para fazer coisas
desagradáveis. 6. Sente-se desconfortável ou desamparado quando sozinho
devido a temores exagerados de ser incapaz de cuidar de si mesmo. 7. Busca
com urgência outro relacionamento como fonte de cuidado e amparo logo
após o término de um relacionamento íntimo. 8. Tem preocupações irreais
com medos de ser abandonado à própria sorte (DSM-V, 2014, p.675).

DESAMPARO PSIQUICO

O dicionário de português Mini Aurélio (Ferreira, 2008, p.296) define a palavra desamparo
como “falta de amparo e abandono”. O Dicionário Enciclopédico Ilustrado Veja Larousse (2006, p.84)
o DESAMPARO PSÍQUICO NOS FILHOS DE DEKASSEGUIS... 89 explica como uma “condição do que ou
de quem está abandonado, sem ajuda material ou moral”.

Para a psicanalise, podemos observar que o termo desamparo psíquico assume um sentido
específico: estado do lactente que, dependendo inteiramente de outrem a satisfação das suas
necessidades (sede, fome), se revela impotente para realizar a acção específica adequada para pôr
fim à tensão interna. Para o adulto, o estado de desamparo é o protótipo da situação traumática
geradora de angústia. (Laplanche; Pontalis, 1970, p.156)
[...] a impotência do recém-nascido humano; este é incapaz de empreender
uma acção coordenada e eficaz (ver: Acção específica); foi isso que Freud
designou pela expressão motorische Hilflosigkeit. Do ponto de vista
econômico, tal situação resulta no acréscimo da tensão da necessidade que o
aparelho psíquico não pode ainda dominar; é a psychische Hilflosigkeit.
(Laplanche; Pontalis, 1970, p.157)

Diante dos relatos acima, podemos observar que, a ideia de estado de desamparo vem sendo
estruturada a partir de diversas ordens de pensamentos.

Freud liga explicitamente o estado de desamparo à pré-maturação do ser humano:

a sua [...] existência intrauterina parece relativamente abreviada em


comparação com a da maioria dos animais; ele está menos acabado do que
estes quando vem ao mundo. Por este facto, a influência do mundo exterior
é reforçada, a diferenciação precoce entre o ego e o id é necessária, a
importância dos perigos do mundo exterior é exagerada e o objeto, que é o
único que pode proteger contra estes perigos e substituir a vida intrauterina,
vê o seu valor enormemente aumentado. Este fator biológico estabelece,
pois, as primeiras situações de perigo e cria a necessidade de ser amado, que
nunca mais abandonará o homem. (Freud apud Laplanche; Pontalis, 1970,
p.157)

Diante das declarações de Costa, podemos dizer que esse sentimento de desamparo
psíquico, nos faz projetar no outro, aquilo que esta em nós, ou seja sentimentos a necessidade e
projetamos ela em alguém, esperando que essa pessoa venha nos completar.

Falar de desamparo, em uma descrição psicológica dos organismos humanos, justifica-se


porque projetamos no outro, adulto ou criança, as qualidades mentais que possuímos ou que eles
poderão vir a possuir no curso do desenvolvimento, se trata de crianças. Ao dizermos que o bebê é
desamparado porque é prematuro queremos dizer que, em situações similares à da prematuração,
sentimos algo que chamamos de desamparo. Essas situações são aquelas em que dependemos de
outrem para sobreviver, para viver melhor ou, ao contrário, situações nas quais o sujeito e o outro
são impotentes para deterem o risco de morte ou sofrimento. (Costa, 2007, p.62)
Encontramos a temática do desamparo também na Bíblia Sagrada, especificamente no livro
de Mateus, versículo 46, onde é narrada a morte e ressurreição de Jesus Cristo. Nessa passagem,
Jesus clama pelo Pai, pedindo por Sua proteção e se sentindo abandonado à própria sorte. O
sentimento de desamparo é compreendido nas Escrituras Sagradas e é evidente na passagem que
descreve as trevas que envolveriam toda a terra da hora sexta até a hora nona. E, cerca da hora
nona, Jesus clamou em alta voz: “Elli, Elli, lema sabacthani”. Isto é: “Meu Deus, Meu Deus, porque
Me abandonaste”. Alguns dos que ali se encontravam disseram ao ouvi-lo: Está a chamar por Ellias
[...]. (Bíblia Sagrada, 1971-1972, p.1007)

O APEGO

Somos seres diferentes e independentes nas nossas escolhas, sentimos de forma diferente e
amamos de forma diferente, logo cada indivíduo terá relações conjugais e vínculos afetivos com
particularidades diferenciadas umas das outras.

Os que possuem relações amorosas de dependência, muitos podem ficar ansiosos, tristes,
desconfiados quando a pessoa amada está ausente. Esse tipo de sensação pode ser chamado de
efeito ansiedade de separação, ou medo de ficar só, de ser traído, abandonado, ou simplesmente
perder a pessoa, mesmo sem um motivo aparente.

De acordo com a psicóloga Attili (2006), que com base na Teoria do Apego de Bowlby, diz
que o modelo de apego, que adquirimos quando criança, pode interferir na nossa vida adulta.

Os adultos, da mesma forma que as crianças, têm necessidade de que


alguém não os perca de vista, cuide deles quando estão doentes, conforte-os
quando estão abatidos, acalme-os na aflição e os aqueça à noite. E isso vale
tanto para homens quanto para mulheres (ATTILI, 2006, p.56).

Para Bowlby, mesmo quando crescemos não deixamos de ser crianças e esse apego que
carregamos ao longo da vida é um vínculo social, que adquirimos na primeira infância, servindo para
nós de modelos para relacionamentos ao longo de nossa vida.

Para a Diretora e Professora da Escola de Reabilitação do Amor Patológico (ERA-AP), Eglacy.


Sophia indivíduos com autonomia, que tem sua independência financeira, suas agendas, que
direcionam suas próprias vidas, possuem um sistema imunológico muito mais resistente a todos os
tipos de enfermidades, segundo Eglacy sem essa autonomia, não existe amor somente um vício que
faz o outro aceitar tudo facilmente. (SOPHIA, 2008).
Para o psicólogo Bowlby (2002) o relacionamento da mãe com o bebê é a relação
fundamental que vai edificar toda a personalidade da criança e do adulto em questão. Ou seja, tudo
que ocorre nesse período da primeira infância, irá refletir ao longo da vida adulta, podendo até
causas transtornos em suas relações afetivas, carências, sentimentos de abandono, incluindo o
transtorno do apego. O comportamento de apego foi estabelecido por Bowlby (2002) como a
procura e a conservação da proximidade de uma outra pessoa e a natureza da figura para a qual o
comportamento de apego é dirigido durante a infância e têm, portanto, numerosos efeitos a longo
prazo persistindo na vida adulta.

RUPTURAS DE RELAÇÕES AMOROSAS E SEUS SINTOMAS

Quando rompemos um relacionamento amoroso ou até mesmo de amizade que era


importante para nós, vivenciamos um luto, é natural que haja dor, sofrimento e angustia e assim
como o luto por morte, não há como estipular um tempo para isso. (GIUSTI, 1987).

Quando há o rompimento de uma relação afetivo-amorosa, é comum que haja um


sofrimento por parte do indivíduo ou de ambos, similar ao sofrimento visto durante um luto.
Infelizmente, não é possível identificar a duração desse luto. (GIUSTI, 1987).

Para Marcondes, a recuperação desse estado emocional e o retorno desse equilíbrio


psíquico, demanda um enorme desgaste físico mental e neural (MARCONDES; TRIERWEILER; CRUZ,
2006). E ainda dentro dessa visão do luto, Freud (1987) ressalta que:

O luto profundo, a reação à perda de alguém que se ama, encerra o mesmo


estado de espírito penoso, a mesma perda de interesse pelo mundo externo -
na medida em que este não evoca esse alguém -, a mesma perda da
capacidade de adotar um novo objeto de amor (o que significaria substituí-lo)
e o mesmo afastamento de toda e qualquer atividade que não esteja ligada a
pensamentos sobre ele. (p. 143)

Para Maldonado (1995) 4 citado por Marcondes, Trierweiler e Cruz (2006), “a dor da
separação é, com frequência, fisicamente sentida. São comuns as dores no peito e a sensação de
peso, sufocamento e falta de ar” (p. 95). Outros aspectos de sofrimento envolvem alterações no
peso, distúrbios sexuais, dificuldade para dormir e outros transtornos que afetam a saúde física e
mental (CARTER; MCGOLDRICK, 1995).
Segundo estudos de Brunhari e Moretto, terminar um relacionamento pode causar ao
indivíduo uma dor tão profunda e sofrimento tão grandes que podem leva lo até tentativas de
suicídio, ou até mesmo conseguir executar o próprio ato. Brunhari e Moretto (2015).

De acordo com os autores Marcondes, Trierweiler e Cruz (2006), a dor profunda, a vontade
de paralisar a vida e até a depressão geralmente são consequências da mudança de rotina, pois
estava acostumada a fazer tudo ou quase tudo com a outra pessoa, ir a lugares, comer coisas que
ambos apreciavam, o cheiro, a voz, as conversas e de repente ela se vê sozinha, essa mudança causa
um enfrentamento do novo, do desconhecido. Outros sentimentos que são comuns é a culpa, muitas
ficam procurando onde errou, tentando justificar a atitude do outro, há um misto de ódio, saudade,
culpa, indiferença, amor e dor. Para Marcondes, Trierweiler e Cruz (2006), “os sentimentos de ódio e
frieza, nessas horas, surgem para suavizar ou neutralizar os sentimentos de pesar e de culpa, que
talvez doam muito mais” (p. 96).

A baixa autoestima também acontece, principalmente quando o sujeito percebe que o


termino do relacionamento é definitivo, além do sentimento de culpa, ele se deprecia, se diminui e
acredita que o problema está nele (MARCONDES;TRIERWEILER; CRUZ, 2006).

CONCEITO DE AMOR

Freud (1914/1987a, 1915/1987b) definiu o amor como sendo narcisista, pois partia da
predisposição do ego de satisfazer autoeroticamente os seus impulsos, tendo como fonte de prazer
outros indivíduos. Posteriormente, Skinner (1991) salientou que o amor ocorria a partir do
condicionamento operante, no qual a continuidade ou não dos comportamentos estaria associada a
suas consequências, ou seja, o amor seria um reforço mútuo de comportamentos. De modo distinto,
Fromm (1966) aproximou a compreensão do amor à arte e afirmou que tal sentimento se
caracterizava como uma atividade que requeria cuidado, responsabilidade, respeito e conhecimento.

A Bíblia diz em 1 Coríntios 13:4-7:

“O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não se


vangloria, não se ensoberbece, não se porta inconvenientemente, não busca
os seus próprios interesses, não se irrita, não suspeita mal; não se regozija
com a injustiça, mas se regozija com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo
espera, tudo suporta.”
Para o autor C.S.LEWIS quando a Bíblia diz: "O amor suporta todas as coisas", o suporta não
está se referindo a violências, traições, maus tratos, abusos, falta de respeito ou agressões, mas é o
suportar em amor as dificuldades da vida, como doenças, dificuldades financeiras, profissionais,
familiares e diferenças, pois a própria bíblia diz que o verdadeiro amor, não busca seus próprios
interesses e nem se alegra com as injustiças.

Segundo o relato de pesquisa, realizado pelas autoras: Alana Hoffmeister; Liana Müller
Carvalho e Angela Helena Marin, o amor pode ser percebido de diferentes formas em diferentes
etapas do desenvolvimento - adolescência, adultez e velhice. Para as autoras o amor está associado
ao verbo amar, uma vez que o sentimento é combinado com a ação, sendo traduzido por meio de
atitudes e comportamentos.

Destaca-se que, apesar de se ter associado o amor na adolescência como efêmero,


percebeu-se que muitos adolescentes são capazes de tomar decisões afetivas com um maior senso
de reponsabilidade e de comprometimento após conhecer e adquirir confiança no seu parceiro,
assim como os adultos e idosos. Dessa forma, independentemente da idade, o esvaziamento ou a
liquidez do amor em uma relação pode estar mais associado à forma como os casais convivem e
experienciam esse sentimento.

O AMOR E DEPENDÊNCIA EMOCIONAL

É comum vincular o tema dependência ao consumo de substâncias ilícitas, ao álcool, assim


como usuários viciados em drogas psicoativas. Entretanto, a expressão dependência também está
relacionada a outras formas de dependências, como as de sentimentos ou relacionamentos afetivos.

A dependência emocional ou afetiva tem ganhado atenção de muitos pesquisadores ao longo


dos últimos anos (BUTION; WECHSLER, 2016). O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos
Mentais, DSM-V (2014) aborda sobre o Transtorno da Personalidade Dependente (TPD),
classificado pelo F60. 7, como aquele indivíduo que tem uma tendência a depender do outro,
necessitando de um cuidado excessivo, apresentando também medo em ser abandonado ou que
ainda costume a ser submisso em diversas situações, além de buscar uma relação que oferte
atenção e apoio. Esse transtorno surge no início da vida adulta e tem como critérios diagnósticos,
pessoas que: 1. Tem dificuldades em tomar decisões cotidianas sem uma quantidade excessiva
de conselhos e reasseguramento de outros. 2. Precisa que outros assumam responsabilidade
pela maior parte das principais áreas de sua vida. 3. Tem dificuldades em manifestar desacordo
com outros devido a medo de perder apoio ou aprovação. (Nota: Não incluir os medos reais de
retaliação.) 4. Apresenta dificuldade em iniciar projetos ou fazer coisas por conta própria (devido
mais a falta de autoconfiança em seu julgamento ou em suas capacidades do que a falta de
motivação ou energia). 5. Vai a extremos para obter carinho e apoio de outros, a ponto de
voluntariar-se para fazer coisas desagradáveis. 6. Sente-se desconfortável ou desamparado
quando sozinho devido a temores exagerados de ser incapaz de cuidar de si mesmo. 7. Busca
com urgência outro relacionamento como fonte de cuidado e amparo logo após o término de um
relacionamento íntimo. 8. Tem preocupações irreais com medos de ser abandonado à própria
sorte (DSM-V, 2014, p.675).

1. METODOLOGIA

.
O estudo atual foi tratado por meio de uma pesquisa bibliográfica, a qual consistiu na revisão
da literatura existente sobre o assunto aplicável, publicada de 2013 até o presente momento,
buscando investigar os efeitos que levam algumas mulheres a se tornarem dependentes emocionais
de seus parceiros. Para isso, foram consultados livros, periódicos, artigos, sites da Internet, bem
como outras fontes relevantes. Seguindo a definição de Boccato (2006, p. 266), a pesquisa
bibliográfica busca solucionar uma hipótese com base em referências teóricas publicadas, analisando
e discutindo as diversas contribuições científicas existentes. Dessa forma, esse tipo de pesquisa
oferece recompensas para o aprimoramento do conhecimento sobre o tema observado, incluindo a
forma como ele foi compreendido na literatura científica, sob que perspectivas e com qual
abordagem.

Foi acordado que os autores utilizados no estudo seriam referenciados seguindo a norma
brasileira regulamentadora 6023, que estabelece os elementos necessários e fornece orientações
para compilar e produzir referências. Todos os dados coletados foram empregados apenas para fins
científicos.

2. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS FALTA COLOCA NAS NORMAS DA


ABNT ( vou organizar )
https://www.psicologia.pt/artigos/textos/TL0155.pdf

http://repositorio.fucamp.com.br/bitstream/FUCAMP/537/3/Amorsofrimentoum.pdf

https://books.scielo.org/id/xky8j/pdf/resstel-9788579836749-07.pdf

http://repositorio.fucamp.com.br/handle/FUCAMP/545

https://repositorio.faema.edu.br/bitstream/123456789/2748/1/TCC%20-%20Thalita
%20Cristina%20dos%20Santos_assinado_assinado_assinado_assinado.pdf

https://klarclinicadepsicologia.com.br/compulsao-por-agradar-um-vicio-da-
dependencia-emocional/

https://books.google.com.br/books?hl=pt-BR&lr=&id=t-
6oDQAAQBAJ&oi=fnd&pg=PA9&dq=lygia+vanpre+ge+parte+dependencia+emocion
al&ots=sktpFyZPii&sig=RFQPqvJFlcI6omhH7eniHwYDTzM#v=onepage&q&f=false

http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2359-
07692019000300010

https://pedroejoaoeditores.com.br/2022/wp-content/uploads/2022/01/
ebook_relacionamentos-amorosos-1.pdf ---

https://www.thiagodealmeida.com.br/site/wp-content/uploads/livro/
relacionamentos_antes_durante_depois_v4/cap7.pdf

https://www.scielo.br/j/rbp/a/WCytcgqjByrLczK5PPV5Pqb/abstract/?lang=pt --- Amor


patológico: um novo transtorno psiquiátrico?
https://trechos.org/wp-content/uploads/2020/07/AMAR-OU-DEPENDER.pdf

- AMAR OU DEPENDER

https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/71584/000878655.pdf?
sequence=1

https://books.scielo.org/id/xky8j/pdf/resstel-9788579836749-07.pdf

http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1984-
90442014000100003

Na frase de Bowlby: “Numa parceria feliz existe um constante dar e receber”,


(2006) notamos que o equilíbrio, o respeito e a troca são mutuas, em relações
saudáveis, porém sabemos que as estatísticas e mídia diariamente nos noticiam o
contrário, por isso, traremos nesse artigo uma análise e uma reflexão entre a relação
do amor e o adoecimento psíquico, alicerçando este trabalho em leituras disponíveis
sobre a temática para fazer as contribuições teóricas, através de revisões
bibliográfica.
Realizamos uma compilação de informações e citações expressivas e
necessárias para compreensão do nosso problema de investigação, confirmando o
que Macedo diz, pois segundo ele uma revisão bibliográfica serve para reconhecer e
dar crédito à criação de outros autores e emprestar ao texto uma voz de autoridade
intelectual (MACEDO, 1994).
PROBLEMA DE PESQUISA

O que leva algumas mulheres a se tornarem dependentes afetivamente de


seus parceiros (as)?

HIPÓTESES

Hipótese 1: A dependência afetiva está relacionada com o sentimento de


desamparo e de orfandade

Hipótese 2: A dependência afetiva está relacionada com falhas na


gratificação em excesso ou nas frustrações excessivas realizadas pelos principais
objetos de amor

OBJETIVO GERAL

Estudar a dependência emocional de mulheres nas relações conjugais

OBJETIVOS ESPECÍFICOS:

● Realizar levantamento bibliográfico sobre dependência emocional

● Descrever como a dependência emocional afeta a saúde psíquica da mulher,

quais os danos morais, financeiros, físico e sociais que essa dependência pode
causar e as razões que podem leva la a sofrer esse transtorno.

3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

O que leva uma mulher a se submeter a um relacionamento marcado por violência


emocional?
A submissão feminina é uma temática recorrente em nossa sociedade,
especialmente quando ela resulta em violência. Estudos e pesquisas demonstram a
relevância e a urgência no entendimento desse fenômeno.

Recentemente a violência contra mulheres foi reconhecida como crime no Brasil,


apenas em julho de 2020, onde a Juíza Renata Gil, apresentou um pacote, chamado
Basta, que por sua vez seria um complemento a Lei Maria da Penha. A Lei nº
14.188, de 29 de julho de 2021, incluiu no Código Penal o crime de violência
psicológica contra mulher.

O artigo 147–B do Código Penal normatiza que esse novo crime é plurinuclear, e se
refere

a "causar dano emocional à mulher que a prejudique e


perturbe seu pleno desenvolvimento ou que vise a
degradar ou a controlar suas ações, comportamentos,
crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento,
humilhação, manipulação, isolamento, chantagem,
ridicularização, limitação do direito de ir e vir ou qualquer
outro meio que cause prejuízo à sua saúde psicológica e
autodeterminação: Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2
(dois) anos, e multa, se a conduta não constitui crime
mais grave"

Dentre as inúmeras explicações está a de Sigmund Freud que utilizou a expressão


desamparo no “Projeto para uma psicologia científica”, relacionando ao contexto “a
experiência de satisfação”. Freud (1886-1889/1996) relata que o recém-nascido
precisa de ajuda alheia para promover a ação específica de que necessita para sua
sobrevivência. Essa comunicação, que ocorre e que se estabelece entre o bebê e a
sua mãe, é de extrema importância para o desenvolvimento emocional do infante. O
sentimento de desamparo já é sentido pela criança logo ao nascer. O desamparo,
por sua vez, indica em sua essência vivida o sentimento de abandono, que é
experimentado na descoberta do eu do indivíduo com o mundo. Freud (1886-
1889/1996).
Como surge o psiquismo?

Esta é a marca do desamparo proposto por Freud, na medida em que

as ameaças do mundo externo e do seu próprio corpo colocam o bebê, ao nascer, totalmente
dependente da pessoa responsável pelos seus cuidados. Já em 1895a, Freud enfatiza o fator
determinante das trocas com o meio circundante para o funcionamento mental primitivo.

De acordo com as palavras do autor: “o organismo humano é, a princípio, incapaz de promover essa
ação específica. Ela se efetua por ajuda alheia, quando a atenção de uma pessoa experiente é
voltada para um estado infantil por descarga através da via de alteração interna” (Freud, 1895a,
p.370) Isto significa que a Q proveniente de estimulação endógena armazenada no sistema ψ
apresentará a mesma tendência à descarga através dos caminhos motores comum aos demais
neurônios. No entanto, o alívio da tensão em ψ não ocorrerá segundo o modelo do arco reflexo, ou
com a simples descarga motora, como, por exemplo, o choro ou a agitação motora, pois o estímulo
endógeno continuará atuando, além de produzir um sentimento de desprazer em ɷ. Essa descarga
interna, contudo, tem a importante função de comunicação, constituindo uma forma de introdução
do recém-nascido na ordem simbólica.

Desde essa época Freud já atribuía importância para as experiências que atingem o corpo, na
determinação do que somos e do que nos tornamos em seu texto denominado o Projeto para uma
Psicologia Científica, em 1895ª. Freud tinha o objetivo de inserir a psicologia no quadro das ciências
naturais. Para isso, ele tentou elaborar uma teoria quantitativa do funcionamento psíquico que
enfatizasse uma abordagem econômica das excitações que atingem o corpo e, assim, chegar a
algumas conclusões sobre o indivíduo normal, a partir da psicopatologia. Portanto, desde o Projeto é
possível

Freud (2010c) em O Inconsciente pressupõe uma parte da mente presente desde o início da vida, na
qual são gravadas marcas decorrentes das experiências vividas pelo bebê – futuramente, em sua
segunda tópica do aparelho psíquico, Freud denominará esta instância de Id (FREUD, 1996b). O autor
aponta, neste sentido, que “o Ics termo freudiano que em francês significa tanto “moi" como "je" é
[...] atingido pelas experiências vindas da percepção externa” (FREUD, 2010c, p. 136). A instância
psíquica que se constitui, fruto do contato com o mundo externo, foi chamada pelo autor de Ego

A constituição Egoica parte, portanto, de um Id que age em função das pulsões (FREUD, 2010c), mas
que é marcado pelas experiências advindas da realidade – majoritariamente mediadas pela relação
com os outros humanos ao seu redor

O Ego é, enfim, “aquela parte do id que foi modificada pela influência direta do mundo externo”
(FREUD, 1996c, p.16). Tem como função mediar o Id, instância regida pelo Princípio do Prazer
(FREUD, 2011) e as exigências e censuras que partem do Superego – advindos dos valores morais
introjetados pela criança a partir da identificação com as figuras paternas (FREUD, 1996b). O Ego, o
qual trabalha a partir do Princípio da Realidade, possui como função possibilitar a satisfação do Id de
maneira que não infrinja totalmente as restrições do Superego (FREUD, 2011)

Em 1914, Freud (2010a) cunha o conceito de narcisismo. Este conceito traz novas contribuições ao
entendimento do processo de constituição do Ego. Ao longo da constituição do psiquismo, o bebê
passa por dois momentos, os quais Freud nomeou de autoerotismo e narcisismo (FREUD, 2010a). No
primeiro, o prazer do bebê tem como fonte e objeto o próprio corpo, e este assim se satisfaz a partir
da estimulação de zonas erógenas e de uma corporeidade que é vivida como fragmentada, não
compondo uma unidade. Freud (2010a) descreve essa fase como “prazer do órgão”; nela não é
possível dizer que o bebê vivencia um “eu” e, portanto, a instância egoica ainda não estaria presente.
É característica, em vista disso, nessa fase, a não discriminação eu-outro-mundo externo do ponto de
vista do bebê

O segundo momento, denominado narcisismo, é alcançado a partir de funções primordiais que os


outros realizam “sobre” a criança e seu corpo. Fazem partes destas funções a erotização e a
organização das pulsões, o que ajuda na constituição de um circuito pulsional, a partir do qual a
criança, cada vez mais, amplia as possibilidades de experienciar e significar as sensações de prazer e
desprazer. Freud (2010a) alega que o narcisismo só pode ser instaurado pelo reviver do narcisismo
pelos próprios pais que, através do amor direcionado à criança, revivem a sua própria onipotência
em forma de amor objetal. Nesse processo, os pais veem a criança como um corpo unificado, e esta
identifica-se com o corpo unificado do adulto e da imagem unificada que lhe é ofertada por este
(FREUD, 2010a). Este todo integrado será mais tarde vivenciado como um “eu” (FREUD, 2010a).
Nesse sentido, Garcia-Roza (1995, p.48) aponta:

A partir do narcisismo, é possível que a criança direcione a libido – antes catexizada de forma
fragmentária nas zonas erógenas – ao Ego já vivenciado como um todo unificado e, portanto, por via
recursiva, como um objeto externo. Uma vez constituído o Ego, portanto, é possível direcionar o
investimento libidinal tanto a objetos externos como ao próprio Ego, agora tomado como objeto
(FREUD, 2010a).

em 1936Lacan fala, pela primeira vez, da "fase do espelho" em seu artigo "A Família” uma teoria que
explique a instalação do primeiro esboço do eu, que logo se constitui como eu ideal, originando
identificações secundárias.

A fase do espelho é uma fase da constituição do ser humano, situada entre o sexto e o décimo
oitavo mês, período caracterizado pela imaturidade do sistema nervoso. Esta prematuridade
específica do nascimento, no homem, é comprovada pelas fantasias de corpo fragmentado,
encontradas nos tratamentos psicanalíticos. É o período que Melanie Klein chamou de "esquizóide",
e que precede a fase do espelho. A criança, pois, no momento pré-especular, vêse como
fragmentada; não faz nenhuma diferença entre, por exemplo, o seu corpo e o de sua mãe, entre ela
e o mundo exterior; ora, a criança carregada pela mãe irá reconhecer sua imagem.

Deve-se compreender a fase do espelho como uma identificação, isto é, a transformação produzida
em um sujeito, quando ele assume uma imagem.
pode-se dizer que é a imagem especular que dá à criança a forma intuitiva de seu corpo, bem como a
relação de seu corpo com a realidade que o cerca (do Innemvelt ao Umivelt).

A criança irá então participar, imaginariamente, da forma total de seu corpo: "o sujeito se vê
duplicado — vê-se como constituído pela imagem refletida, momentânea e precária da mestria,
imaginandose homem somente a partir daquilo com que forma sua imagem" (Lacan, no Seminário XI,
1964, "Os Quatro Conceitos Fundamentais da Psicanálise", 1973). Porém, o que é essencial, no
triunfo da assunção da imagem do corpo no espelho, é que a criança, carregada pela mãe, cujo olhar
a olha, vira-se para ela como para lhe pedir que autentifique sua descoberta. E o reconhecimento de
sua mãe: "Sim, és tu, Pedro, meu filho", que, com um "és tu", dará um "sou eu". A criança poderá
assumir uma determinada imagem de si mesma ao percorrer processos de identificação, porém é
impossível reduzir, a um plano puramente econômico, ou a um campo puramente especular (seja
qual for a prevalência do modelo visual), aquilo que é a identificação no espelho, pois nunca é com
seus próprios olhos que a criança se vê, mas sempre com os olhos da pessoa que a ama ou a detesta.
Abordamos então o campo do narcisismo, como fundando a imagem do corpo da criança, a partir do
que é amor da mãe, e ordem do olhar dirigido a ela.

Para que a criança possa se apropriar dessa imagem, para que possa interiorizá-la, necessita que
tenha um lugar no grande Outro (no caso, encarnado pela mãe), a partir do qual irá se constituir o
ideal do eu. E nisso que "mesmo o cego é nele sujeito de se saber objeto do olhar". Porém, se a fase
do espelho é a aventura original, por onde o homem faz, pela primeira vez, a experiência de que é
homem, é também na imagem do outro (o outro espelho) que se reconhece. E enquanto outro que
se vê pela primeira vez, e que se sente. Aliás, paralelamente ao reconhecimento de si no espelho,
observa-se, na criança, um comportamento particular, em relação a seu homólogo e idade. A criança,
colocada em presença de uma outra, observa-a curiosamente, imita-a em todos os gestos, tenta
seduzi-la ou impor-se a ela, em um verdadeiro espetáculo. É mais do que um simples jogo. A criança,
em tal comportamento, antecipa a coordenação motora ainda imperfeita nessa idade, e tenta situar-
se socialmente, comparando-se com a outra. Interessa reconhecer aquele que está capacitado a
reconhecê-lo, e interessa muito mais impor-se a ele e dominá-lo. Tais comportamentos de crianças
pequenas, postas frente à frente, são marcados pelo transitivismo mais impressionante, verdadeira
captação pela imagem do outro: a criança que bate diz ter sido batida, a que vê cair, chora.
Reconhece-se aqui a instância do imaginário, da relação dual, da confusão entre si e o outro, a
ambivalência e a agressividade estrutural do ser humano. O eu é a imagem do espelho, em sua
estrutura invertida. O sujeito se confunde com sua imagem e, em suas relações com seus
semelhantes, manifesta-se a mesma captação imaginária do duplo. Ele também se aliena na imagem
que quer dar de si; ademais, o sujeito ignora a sua alienação, e assim modo toma forma o
desconhecimento crônico do eu; o mesmo irá ocorrer com seu desejo: ele só poderá observálo no
objeto do desejo do outro. A fase do espelho é uma encruzilhada estrutural que comanda:

1. o formalismo do eu, isto é, a identificação da criança com uma imagem que a forma, mas que a
aliena primordialmente, a faz um "outro" que ela não é, em um transitivismo identificatório dirigido
a outrem;

2. a agressividade do ser humano, que precisa ganhar seu lugar sobre o outro, e se impor a ele, sob
pena de ele próprio ser aniquilado;

3. a instalação dos objetos de prazer, cuja escolha sempre se refere ao objeto do desejo do outro.
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1984-
90442014000100003

https://books.scielo.org/id/xky8j/pdf/resstel-9788579836749-07.pdf

4. INTRODUÇÃO
A dependência emocional feminina de seu companheiro (a) é um fenômeno
que pode causar tanto sofrimento psíquico, quanto desencadear diversos tipos de
violências, como temos visto nos tempos atuais, sendo assim, o interesse por essa
temática surgiu para que possamos compreender melhor os modelos de
relacionamentos amorosos que levam o outro a ser violentado de diversas formas.
Faremos uma análise sobre como oferecemos o amor e sobre nossa
necessidade de nos sentirmos amado, usando como base teórica o comportamento
do apego de John Bowlby, relacionando com a nossa primeira infância, pois de
acordo com Winnicott, desde o momento em que nasce, o ser humano depende de
uma figura externa para sobreviver, o que significa que mesmo na fase de bebê, já
faz parte de um coletivo. O autor acredita que tanto o bebê quanto a mãe se
encontram em uma situação de vulnerabilidade, onde a mãe precisa se adaptar e
reconhecer as necessidades do recém-nascido. Isso leva a um cenário em que há
uma interação de observadores entre as duas partes envolvidas, ou seja, há um
confronto de desamparos (Winnicott, 1988/1996, p. 91).

Quando ocorrem relações de dependência emocional, é comum que o


indivíduo que sofre tente suprir a carência de amor, cuidado, afeto e atenção que
não recebeu na infância. O psicanalista Winnicott (1958/1990) defende que o
amadurecimento acontece por meio de experiências emocionais e desilusões, nas
quais o bebê acredita ser responsável pelo mundo externo e mantém a continuidade
do ambiente. Aos poucos, a mãe desilude o bebê e mostra o mundo real, o que o
capacita a lidar com a solidão. No entanto, nem todos conseguem lidar bem com
essa solidão
Segundo Winnicott, (1958/1990) a habilidade de se sentir confortável em estar
sozinho depende da existência de um objeto positivo na psique do indivíduo. Essa
habilidade se origina da experiência inicial de estar sozinho na presença de outra
pessoa, o que significa que a imaturidade do ego é naturalmente compensada pelo
suporte materno. Para que isso seja permitido, é necessário que o indivíduo tenha
recebido cuidados maternos possíveis que possam acreditar em um ambiente
seguro e confiável através da continuidade.

Mas, quando o indivíduo não alcança essa dependência emocional, é na


Teoria do Apego, de John Bowlby e Mary Ainsworth que encontraremos explicações
para a carência de cuidados na primeira fase de nossa vida. É nesta fase que os
vínculos posteriores serão baseados, ou seja, a qualidade dessas futuras relações
perseguirá o indivíduo ao longo de sua vida (GOMES; MELCHIORI, 2012)
Outra hipótese para esse sentimento de dependência afetiva, pode ser
explicada através da tese da psicanalista e psicóloga Gilda Pitombo, que em seu
livro Orfandades, relata a visão freudiana desse desamparo, que pode ser
vivenciado por todos nós. Para Gilda, a Orfandade é algo estrutural, como algo
associado ao reconhecimento por parte do sujeito da incompletude e é por isso que
as pessoas vão buscar um relacionamento, na tentativa de se completar na relação
com o outro, isso implica que o sujeito terá que contar com seus próprios recursos e,
neste sentido, somos todos órfãos (PITOMBO, 2021,p.31).

A proteção e cuidado materno não tem implicações apenas fisiológicas, destinadas a garantir a
sobrevivência. Na medida em que esses cuidados são providos adequadamente, por meio de afetos
amorosos, a criança consegue integrar tanto os estímulos quanto a representação de si mesmo e dos
demais, adquirindo uma integração psicossomática.

é um teórico interacionista, que apesar de reconhecer a força da natureza na subjetividade humana,


sua grande contribuição está centrada nas falhas ambientais e suas consequências na estruturação
do verdadeiro e falso self.

Você também pode gostar