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15/03/2020 Aula1

Aula 01

Noções Básicas da produção


textual

Prezado(a) aluno(a),

Agora, você encontrará um material que o ajudará no reconhecimento da estrutura de um texto,


para que possamos compreender o processo de organização do período e do parágrafo , tendo
sempre em vista as qualidades textuais. Você verá também o esquema como elemento formulador
da estrutura intrínseca do texto e os recursos argumentativos que concorrerão para a produção de
um texto e ciente.

Preparados para darmos continuidade?

Reconhecimento da Estrutura de um
Texto
Para começarmos nossa conversa sobre a construção do texto acadêmico, inicialmente vamos
distinguir frase e oração, termos por vezes usados indistintamente, até em sala de aula.

Segundo Mattoso Câmara (1964), a frase é um discurso quando há um falante dirigindo-se a um ou


mais ouvintes numa situação concreta. Ela pode ser representada por uma palavra ou grupo de
palavras. Mas há que se observar que ele distingue a palavra em estado de dicionário da palavra
frase, pela entonação e pelo propósito de nido.

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Segundo esse autor, na linguagem escrita, a entonação é assinalada tanto quanto possível pela
pontuação; ainda assim, o assunto deve ser mais explicitado, mesmo em prejuízo do falante e do
ouvinte (o falante e o ouvinte diminuem de importância na linguagem escrita, em favor do assunto).
De acordo com Mattoso Câmara, encontrarem-se, já no latim, frases nominais (centradas no nome)
e frases verbais (centradas no verbo). Normalmente, desde a Antiguidade, tem-se a noção de que a
frase completa apresenta sujeito e predicado, embora ocorram frases sem sujeito (fenômenos
naturais).

Para Rocha Lima (1969, p. 225), a frase varia em extensão, desde uma palavra até vários conceitos
encadeados. É a situação em que ocorre uma palavra que faz dela uma frase. Esse autor aponta
cinco tipos de frase: declarativa (a rmativa; negativa), interrogativa, exclamativa, imperativa e
indicativa.

TIPOS DE FRASES (ROCHA LIMA, 1969, p. 225.)

Como o próprio nome diz, esse tipo de frase declara algo de


maneira a rmativa ou negativa. No caso da negativa, fazemos um
observação: o português, diferentemente de outras línguas, não
exige dois instrumentos de negação, a não ser quando uma das
DECLARATIVA negativas é um inde nido: “Não encontrei ninguém”. “Ele não
comentou nada”. Todavia, considerando o fenômeno da variação
linguística, estudado anteriormente nesta disciplina, vamos
lembrar que é característica de algumas regiões do Brasil a
negativa após o verbo: “Sei não”. “Ele veio não”.

Esse tipo de frase tem o sentido de um questionamento. Não há


em português uma sequência obrigatória dos elementos na frase
interrogativa, como acontece em outras línguas: “Quando chegou
André?”, “André chegou quando?”, “André, quando chegou?”.
Depende do estilo e da expressividade a escolha de uma ou outra
INTERROGATIVA forma. Nas perguntas sem partícula interrogativa, a frase-resposta
repete um elemento da pergunta: “André já chegou?”. As prováveis
respostas: “chegou”; “já” ou “já chegou”. As perguntas mais longas,
mais explícitas, admitem a partícula de resposta sim, enquanto a
partícula de resposta não, geralmente, é reduplicada, ao menos na
linguagem oral. “Não, não chegou não”.

Frase que tem como característica o sentido exclamativo. Por


EXCLAMATIVA
exemplo: “Socorro!” “Ai, meu Deus!”.

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A frase tipo imperativa transmite o sentido de instrução, como,


por exemplo: “Venha logo!” “Ouvi, lhos, a instrução do pai, e estai
IMPERATIVA atentos para conhecerdes a prudência!” (Provérbios 4:1) e “Não
tenhas inveja do homem violento, nem escolhas nenhum dos seus
caminhos.” (Provérbios 3:31).

Esse tipo de frase tem como característica a indicação de algo:


INDICATIVA
“Mecânico!” e “Hospital a 500 metros”.
Esses três últimos tipos de frase completam-se no contexto . Temos, portanto, a frase declarativa
como padrão. Uma mesma noção pode ser transmitida por várias modalidades frasais, cabendo ao
falante escolher o tipo que mais atende à sua necessidade de expressividade, conforme o contexto:

O quarto está sujo.

Que sujeira neste quarto!

Ninguém limpa este quarto?

A diferença entre frase e oração está, portanto, na forma:

FRASE:

“Socorro!” é uma frase, pois expressa um sentido, mas não é uma oração, já que não se pode dividi-
la em sujeito e predicado.

ORAÇÃO:

“André, quero que você venha logo.” O segundo membro do período é oração, pois apresenta sujeito
e predicado, mas não é frase, já que não funciona isoladamente. A oração apresenta, pois: sujeito, o
ser de quem se fala; e predicado, aquilo que se fala do sujeito.

O Parágrafo
O parágrafo é uma unidade de informação construída a partir de uma ideia-núcleo, também
chamada de tópico frasal , que deve ser clara e adequadamente desenvolvida.

Segundo Zilberknop e Martins (1995), é uma unidade redacional que serve para dividir o texto (um
todo) em partes menores, tendo em vista os diversos enfoques. É necessário compreender que
quando se muda de parágrafo não se muda de assunto. O assunto deve ser o mesmo, do princípio ao
m do texto. Entretanto, a abordagem pode mudar. Assim, a cada novo enfoque, a cada nova
abordagem, haverá novo parágrafo.

De acordo com Pacheco (1988), “A noção de parágrafo está ligada à noção de ideia central. Cada
parágrafo deve desenvolver-se em torno de uma ideia, deve ter uma certa unidade”. A divisão do
texto em parágrafos serve para facilitar a compreensão do todo. Eles devem estar bem relacionados

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entre si, e cada um deve conter uma ideia-núcleo – ou tópico frasal, isto é, a ideia principal – e ideias
secundárias, que expliquem e/ou explicitem essa ideia-núcleo. Na maioria das vezes, o tópico frasal
vem no início do parágrafo, o que não é uma regra.

Estrutura do Parágrafo
Em geral, podemos perceber no texto dissertativo uma estrutura organizada:

A introdução será expressa em um ou dois períodos curtos, a ideia central, chamada também de
tópico frasal.s
Depois vem o desenvolvimento , que corresponde ao desdobramento dessa ideia central e à
exposição dos argumentos que buscam comprovar a ideia contida na introdução.
Por m, a conclusão que "fecha” o texto, retoma a ideia central. Ela pode funcionar como uma
con rmação da tese inicial, resumindo os principais aspectos apresentados no texto.

Vamos exercitar um pouco o que acabamos de ler e estudar?

O Parágrafo Dissertativo e o Tópico Frasal


O tópico frasal é constituído por um ou dois períodos curtos iniciais, o tópico frasal encerra
(resume) de modo geral e conciso a ideia núcleo do parágrafo.

Numa produção textual cada parágrafo deve ser uma unidade central desenvolvida, acompanhada
por outras, secundárias, às quais se relaciona pelo sentido global do texto. Todo parágrafo deve ser
coeso. Deve-se perceber nele uma ideia central – seu tópico frasal.

Você sabia que existem diferentes feições de tópico frasal? Observe a seguir:

Declaração Inicial: O autor a rma ou nega alguma coisa logo no início do texto para, em seguida,
justi car ou fundamentar a asserção, apresentando argumentos sob a mais variada forma.

De nição: Por vezes o tópico frasal pode assumir a forma de uma de nição. É método
preferencialmente didático.

Divisão: Processo quase que exclusivamente didático, dadas as suas características de objetividade
e clareza ; apresenta o tópico frasal sob forma de divisão ou discriminação das ideias a serem
desenvolvidas.

Construir parágrafos é organizar e desenvolver ideias, umas ligadas às outras. Considera-se bom
parágrafo aquele que apresenta as seguintes qualidades: unidade, informatividade, coesão textual,
coerência textual e consistência. Já vimos coesão e coerência, então vejamos a que se referem
unidade, informatividade e consistência.

Unidade: A unidade é a primeira qualidade de um parágrafo. As informações devem relacionar a


ideia-núcleo às ideias complementares, e estas devem se relacionar entre si. Assim, a ideia-núcleo
não pode ser confusa ou vaga. De acordo com Garcia (2000), a unidade signi ca apresentar um

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tópico de cada vez, excluindo o que não é essencial ou não se relaciona à ideia principal do
parágrafo.

Informatividade: O parágrafo deve apresentar informatividade, ou seja, ter conteúdo e trazer


dados su cientes para o desenvolvimento do tópico frasal. Portanto, no parágrafo devem ser
evitadas as ideias vagas, os clichês, os estereótipos, as frases feitas que nada acrescentam ao texto.

Consistência: Há que considerar também a consistência na forma e no conteúdo. Isso signi ca


adotar o mesmo tom ou estilo na apresentação do texto, tendo em vista a forma e o conteúdo,
evitando a contradição. A ênfase também é imprescindível no parágrafo, pois é preciso enfatizar a
ideia principal, o que facilita a atribuição de sentido pelo(a) leitor(a).

Os Tipos de Parágrafo no Texto


Um texto clássico deve sempre deve apresentar introdução, desenvolvimento e conclusão. Veja as
características de cada um.

O Parágrafo de Introdução
Deve orientar o leitor para aquilo que será desenvolvido, auxiliando na leitura.

A introdução pode ser de enquadre, ou seja, aquela que enfoca o problema, declarando sua
importância e sua atualidade. Pode apresentar-se também sob formato de síntese. São desse tipo,
segundo Carneiro (1993):

Declaração inicial: explicita ou justi ca o que se declara. Corresponde a uma frase que emite
um juízo sobre um acontecimento.
Divisão: pressupõe a presença de dois ou mais elementos. Seu desenvolvimento se realiza: pela
análise dos elementos em conjunto, por sua análise separada ou pela análise progressiva e
comparativa dos elementos.
Alusão histórica: representa um fato passado que se relaciona a um fato presente, servindo de
ponto de re exão pelas semelhanças ou pelas diferenças entre eles.
Proposição: explicita os objetivos do autor no texto.
Interrogação: supõe um desconhecimento real (e o desenvolvimento pode apresentar uma
resposta direta ou mais de uma resposta) ou um desconhecimento retórico (e o texto se
desenvolve pela análise do motivo da pergunta).

A introdução pode ter objetivo de captar atenção. Os tipos são os seguintes:

Referência: apresenta a opinião de alguém de destaque em relação ao tema debatido. Pode


corresponder a uma intenção valorativa (pela importância da pessoa citada) ou a uma intenção
ilustrativa (apenas como ponto inicial de análise do tema).
Convite: propõe que o leitor participe de algo apresentado no texto, procurando seduzi-lo. É
muito utilizada em textos publicitários.

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Suspense: supõe alguma informação negada que aumenta a curiosidade do leitor diante do que
vai ser colocado.

O Parágrafo de Desenvolvimento
Há vários recursos para se desenvolver um texto, tais como:

Exempli cação ou ilustração: tipo de parágrafo utilizado para con rmar alguma tese, ilustrar
regra ou princípio, comprovar uma a rmativa pessoal. Conforme Figueiredo (1999), a ideia-
núcleo é desenvolvida por meio de exemplos. Expressões mais utilizadas: por exemplo, a saber,
ou seja, como, tal como etc.
Enumeração de detalhes: lista de atributos de um “objeto”, expondo suas características ou
ações. Para Garcia (2000), esse é um tipo parágrafo descritivo.
Comparação ou contraste: desenvolve-se por semelhanças ou por diferenças entre dois temas
ou objetos (a analogia, por exemplo, é um tipo de comparação entre dois assuntos diferentes,
dos quais um é familiar ao leitor e outro não).
De nição: explica o signi cado do termo em questão, limitando o termo de nido.
Causa e efeito/consequência: enfoca as ligações entre um ou vários resultados
(efeitos/consequências) e suas causas. Nesse tipo de parágrafo, pode vir primeiro tanto a causa
quanto o efeito (FIGUEIREDO, 1999).
Narração: está relacionada a eventos (verdadeiros ou ctícios) que ocorrem no tempo. O
parágrafo começa com a ideia-núcleo, que anuncia os fatos. A cronologia deve ser levada em
consideração.
Dados estatísticos: enriquece o texto com números a m de conferir maior credibilidade ao
que o(a) autor(a) escreve.
Apresentação de razões (explicação): é o processo da argumentação , de acordo com Garcia
(2000), cujo objetivo não é apenas de nir, explicar ou interpretar, mas também convencer. A
ideia é indicada explicitamente, orientando a leitura. Os conectivos mais usados nesse tipo de
parágrafo são: porque, pois, em razão de, em função de etc.

O Parágrafo de Conclusão
É o desfecho do assunto tratado no texto. Há três tipos de parágrafos de conclusão:

Conclusão-resumo: sintetiza os pontos principais discutidos no texto.


Conclusão-propósito: indica argumentos ou descreve propósitos em relação ao tema.
Conclusão com efeito: apresenta um fato curioso, uma citação, um paradoxo.

No parágrafo de conclusão devemos evitar encerrar o texto com frases do tipo “Em vista do acima
mencionado concluímos que...”, “Em síntese...”. A conclusão deve ser tão bem trabalhada quanto a
introdução e o desenvolvimento, evitando-se simplesmente repetir os tópicos frasais dos
parágrafos anteriores.

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Revisar o que se escreve é importantíssimo, pois é nesse momento em que percebemos as


inadequações do texto. Temos que veri car se os parágrafos estão claros, objetivos, concisos e
consistentes; se eles atendem aos padrões da norma culta; se o mesmo estilo foi adotado durante
todo o texto; se não há contradição entre um ponto e outro e se os pontos principais foram
enfatizados; se foram evitados clichês (frases feitas) ou cacofonias (encontro de vocábulos com som
desagradável e duplo sentido); se os parágrafos introdutório e conclusivo estão bem
fundamentados com os de desenvolvimento; se o texto está de acordo com o gênero discursivo e
com o tipo de leitor.

O Esquema Como Elemento Formulador


da Estrutura Intrínseca do Texto
Um esquema é um simples enunciado das palavras-chave de um texto, procurando representá-lo de
forma grá ca e sintética. Signi ca sempre economia de palavras e tem a grande vantagem de
apresentar apenas o que é essencial, tornando mais visual e atrativa a informação.

Um bom esquema permite, com uma simples olhadela, ter uma ideia clara sobre o conteúdo de um
texto. Além disso, o esquema pode ser reformulado constantemente. Por isso, elaborar bons
esquemas pode ser considerado um exercício de criatividade e de espírito crítico.

Os esquemas são muito importantes para o estudo e para provas de avaliação, uma vez que
possibilitam uma recordação rápida da matéria. Além disso, são também muito bons como trabalho
prévio, sempre que se pretende elaborar investigação sobre um tema.

Esquematizar um texto é provar que se compreendeu o texto em análise. Devem ser consideradas
como as etapas mais importantes da elaboração de um esquema:

Fazer uma leitura global do texto a esquematizar para se apreender a ideia geral.
Fazer uma segunda leitura, analítica, isto é, uma leitura em que se procura analisar cada parte
do texto, identi cando as ideias principais de cada parágrafo.
Sublinhar as ideias principais de cada parágrafo.
Tomar notas à margem dos parágrafos, usando palavras-síntese.
Fazer o esquema propriamente dito, apresentando as ideias centrais do texto e articulando-as
(para isso, use setas, guras, chaves etc.).

Em síntese: o que deve oferecer um bom esquema?

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As ideias centrais do texto.


A estrutura ou a sequência lógica do texto, indicando a subordinação das ideias secundárias às
ideias principais, mostrando claramente que se compreendem as relações entre as partes do
texto.
As divisões e subdivisões do texto, tornando clara a hierarquia das próprias partes.
Uma apresentação grá ca cuidadosa, para facilitar a legibilidade.

O esquema deve ser conciso, usando “linguagem telegrá ca”. É importante também manter o
paralelismo sintático entre as partes do esquema (por exemplo, manter verbos no in nitivo ou
optar pelas nominalizações).

Vamos colocar o que acabamos de ler em prática? Observe o exemplo de um texto esquematizado:

São três os problemas que suscitam a urgência de uma ética mundial: a crise social, a crise do
sistema de trabalho e a crise ecológica, crises todas elas de dimensão planetária.

Em primeiro lugar, a crise social. Os seus indicadores são evidentes e não há necessidade de expô-
los. A mudança da natureza na atividade tecnológica, mediante a robotização e a informatização,
favoreceu uma fantástica produção de riqueza.

Riqueza de que se apropriam, de forma altamente desigual, grandes corporações transnacionais e


mundiais que vêm afundar ainda mais o abismo existente entre ricos e pobres. Esta acumulação da
riqueza é injusta, porque está pessimamente distribuída. Os níveis de solidariedade entre os
humanos retrocederam aos tempos da barbárie mais cruel. [...]

Em segundo lugar, a crise do sistema de trabalho: as novas formas de produção, cada vez mais
automatizadas, prescindem do trabalho humano; em seu lugar entra a máquina inteligente. Desse
modo se destroem postos de trabalho e se tornam os trabalhadores desnecessários, criando um
imenso exército de excluídos em todas as sociedades mundiais. [...]

Em terceiro lugar, emerge a crise ecológica. Os cenários são também amplamente conhecidos,
difundidos não só por reconhecidas instituições de investigação que se preocupam com o estado
global da Terra, mas também pela própria Cruz Vermelha Internacional e por diversos organismos
da ONU. Nas últimas décadas, construímos o princípio da autodestruição. A atividade humana,
irresponsável perante a máquina de morte que criou, pode ocasionar danos irreparáveis na biosfera
e destruir as condições de vida dos seres humanos. Numa palavra, vivemos debaixo de uma grave
ameaça de desequilíbrio ecológico que pode afetar a Terra como sistema integrador de sistemas. A
Terra é como um coração. Gravemente ferido, afetará os restantes organismos vitais: os climas, as
águas potáveis, a química dos solos, os micro-organismos, as sociedades humanas. A
sustentabilidade do planeta, tecida por milhares de milhões de anos de trabalho cósmico, pode ver-
se desbaratada. A Terra buscará um novo equilíbrio que, seguramente, trará consigo uma imensa
devastidão de vidas. Este princípio de autodestruição invoca urgentemente o outro, o princípio da
co-responsabilidade que deriva de nossa existência como espécie e como planeta.

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Se queremos continuar a aventura terrena e cósmica, temos de tomar decisões coletivas que
estejam ordenadas para a salvaguarda da criação e para a manutenção das condições gerais que
permitam à evolução seguir seu caminho, sempre aberto.

Fonte: BOFF, Leonardo. Ética Planetária desde el Gran Sur. In: LOURENÇO, J. Vieira. Ferramentas
do aprendiz de lósofo. Porto: Porto Editora, 2004. p. 45.

Agora, veja o esquema montado a partir do texto lido:

Adaptado de: Lourenço (2004, p. 44-46).

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Com esse exemplo, você conseguiu visualizar melhor a ideia de como desenvolver em esquema?

Qualidades e Defeitos Textuais


Muito se discute sobre a “fórmula mágica” que nos ensinaria a redigir um bom texto ou, como
querem alguns, produzir uma redação “nota dez”.

Em primeiro lugar, gostaríamos de confessar, humildemente, que não temos (nem inventamos) a
receita dessa porção mágica; em segundo, que não conhecemos ninguém que a possua. Infeliz..., ou
melhor, felizmente.

Entretanto, rea rmamos uma convicção: tornando-nos leitores atentos de bons textos, assumindo
uma postura crítica ante os vários textos que se apresentam no nosso cotidiano, dominando alguns
recursos linguísticos básicos, re etindo sobre a realidade, é possível, ao longo do tempo e da
prática contínua, aprimorar nossos próprios textos.

Esclarecemos também que produzir um bom texto não signi ca produzir uma obra literária. Um
texto competente produzido para determinados ns escolares ou pro ssionais não se confunde, em
hipótese alguma, com um texto literário que tenha ns artísticos.

Por isso, novamente destacamos a importância de pensar quem serão os leitores e quais são seus
objetivos ao escrever um texto. Cada contexto pede uma formatação, um uso de palavras, um tom
especí co.

Mas o que podemos considerar como qualidade de um texto?

Como sabemos, não existem fórmulas mágicas para se fazer uma boa redação. O exercício contínuo,
aliado à prática da leitura de bons autores e a re exão são indispensáveis para a criação de textos.

Não temos a pretensão de formar escritores, mas nos dispomos a auxiliá-los na construção de uma
identidade de autor e leitor crítico, a nal não possuímos uma “varinha mágica” que permita a você,
de um momento para o outro, tornar-se um escritor consagrado. Nossa tarefa, agora, será a de
apontar algumas qualidades que você deve observar na produção de seu texto.

São qualidades que você deve cultivar ao redigir: a concisão, a correção, a clareza e a elegância.

A Concisão
Ser conciso signi ca não abusar das palavras para exprimir uma ideia. Deve-se ir direto ao assunto,
não car “enrolando”, “enchendo linguiça”. Signi ca, en m, eliminar tudo aquilo que é desnecessário.

A Correção
A linguagem utilizada na redação deve estar de acordo com a norma culta, ou seja, deve obedecer
aos princípios estabelecidos pela gramática.

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Conhecer as normas que regem o uso da língua é fundamental para a produção de um texto correto.
Evidentemente, a maioria das pessoas não conhece de cor todas as regras gramaticais.

Desvios de linguagem que comumente aparecem em redações são fruto do desconhecimento de


algumas dessas normas. Os desvios mais comuns se dão em relação à:

Gra a: tome cuidado com a gra a de palavras que você não conheçe. Em caso de dúvidas,
consulte o dicionário. Se não puder fazê-lo, não hesite em substituir a palavra cuja gra a não
conheça por outra conhecida. Lembre-se: a língua portuguesa é muito rica em sinônimos.
Sempre veri que a acentuação das palavras. Uma consulta ao capítulo referente às regras de
acentuação pode ajudar a evitar erros.
Flexão das palavras: cuidado com a formação do plural de algumas palavras, sobretudo as
compostas (primeiro-ministro, abaixo-assinado, luso-brasileiro, etc.).
Concordância: lembre-se de que o verbo sempre concordará com o sujeito e os nomes devem
estar concordando entre si.
Regência: que atento à regência de verbos e nomes, sobretudo aqueles que exigem a
preposição a, a m de não cometer erro no emprego do acento que indica a crase.
Colocação dos pronomes: observe a colocação dos pronomes oblíquos átonos (me, te, se, nos,
vos, lhe, lhes, o, a, os, as). Apesar de, na linguagem coloquial, ser comum iniciar frases com os
pronomes oblíquos átonos, na linguagem formal devemos evitar esse tipo de construção.

A Clareza
A clareza consiste na manifestação da ideia de forma que possa ser rapidamente compreendida
pelo leitor. Ser claro é ser coerente, não se contradizer, não confundir o leitor. São inimigos da
clareza: a desobediência às normas da língua, os períodos longos, o vocabulário rebuscado, a
imprecisão vocabular.

A Elegância
A elegância consiste em tornar a leitura do texto agradável ao leitor. É conseguida quando se
observam as qualidades que apontamos anteriormente e também quando o conteúdo da redação é
desenvolvido de modo original, criativo. Lembre-se de que a elegância deve começar pela própria
estética do texto, que deve apresentar-se limpa, sem borrões ou rasuras e com letra legível.

E o que podemos considerar como defeitos de um texto?

Inúmeras vezes, ao escrever, você deve ter tido preocupações do seguinte tipo: esta palavra se
escreve com s ou com z? E esta, é com x ou com ch? Será que esta frase cou clara? Será que não
estou me estendendo demais sobre o assunto?

Ao escrever, devemos evitar defeitos que podem prejudicar a compreensão do nosso texto. Já
tratamos das qualidades que devem ser cultivadas. Vamos agora tratar de alguns defeitos que
empobrecem o texto e que, portanto, devem ser evitados.

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Ambiguidade

Ocorre ambiguidade (ou an bologia) quando a frase apresenta mais de um sentido. Ocorre
geralmente por má pontuação ou mau emprego de palavras ou expressões. É considerada um
defeito da prosa, porque atenta contra a clareza. Veja alguns exemplos de frases ambíguas:

O guarda deteve o suspeito em sua casa.


Ângelo saiu com sua irmã.

Nesses exemplos, a ambiguidade decorre do fato de o possessivo sua poder estar se referindo a
mais de um elemento (casa do guarda ou do suspeito? Irmã de Pedro ou do interlocutor?).
Portanto, muito cuidado no emprego desse pronome. Você pode evitar a ambiguidade
substituindo-o por dele(s) ou dela(s).

Obscuridade

Obscuridade signi ca falta de clareza. Vários motivos podem determinar a obscuridade de um


texto: períodos excessivamente longos, linguagem rebuscada, má pontuação. Observe:

“Encontrar a mesma ideia vertida em expressões antigas mais claras, expressiva e elegantemente tem-me
acontecido inúmeras vezes na minha prática longa, apurada e contínua do escrever depois de considerar
necessária e insuprível uma locução nova por muito tempo”.

Difícil de compreender, não?

Pleonasmo

O pleonasmo (ou redundância) consiste na repetição desnecessária de um conceito ou de um


termo. Veja:

A brisa matinal da manhã enchia-o de alegria.


Ele teve uma hemorragia de sangue.

Convém notar, no entanto, que bons autores costumam recorrer ao pleonasmo, com função
estilística, a m de tornar a mensagem mais expressiva. Nesse caso, o pleonasmo não é considerado
um defeito. Veja o exemplo a seguir:

“A mim, ensinou-me tudo.” (Fernando Pessoa)


“A ti, trocou-te a máquina mercante.” (Gregório de Matos)

Cacofonia

A cacofonia (ou cacófato) consiste num mau som obtido pela união das sílabas nais de uma palavra
com as iniciais de uma outra. Veja:

Uma mão lava a outra.


Estas ideias, como as concebo, são irrealizáveis.
“Alma minha gentil, que te partiste.” (Camões)

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Eco

Consiste no emprego de uma sequência de palavras terminadas pelo mesmo som. Observe:

A decisão da eleição não causou comoção na população.


O aluno repetente mente alegremente.

Prolixidade

A prolixidade consiste em utilizar mais palavras do que o necessário para exprimir uma ideia,
portanto é o oposto da concisão. Ser prolixo é car “enrolando”, “enchendo linguiça”, não ir direto ao
assunto.

O uso de cacoetes, expressões que não acrescentam nada ao texto, servindo tão somente para
prolongar o discurso, também pode torná-lo prolixo. São expressões do tipo: antes de mais nada,
pelo contrário, por outro lado, por sua vez. Cuidado com elas!

Veja a seguir um exemplo de texto prolixo:

Tema: Os jovens têm algo a transmitir aos mais velhos?

“Não saberia responder com exatidão. Há sempre uma eterna divergência entre as gerações. Os
jovens pensam de um jeito, às vezes estranho, que chega a escandalizar os mais velhos... Já os mais
velhos, por outro lado, costumam, na maioria das vezes, achar que os mais jovens, em alguns casos,
não têm nada a transmitir aos mais velhos.”

Observe que, se tirarmos desse texto as palavras desnecessárias, a ideia contida nele poderia ser
expressa numa única frase.

Como seria essa frase? Tente construí-la!

Além dos defeitos que apontamos, procure também evitar as frases feitas, os chavões, pois
empobrecem muito o estilo. Veja alguns exemplos de chavões: in ação galopante; vitória
esmagadora; caixinha de surpresas; caloroso abraço; silêncio sepulcral; nos píncaros da glória,
etc.

VÍDEO
Assista à videoaula que sintetiza as qualidades e defeitos de um bom texto:

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SAIBA MAIS
Leia o texto Português de estrada, clicando aqui.

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