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gestão empresarial

contabilidade

DRE – Lucro Operacional


(parte II)
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contabilidade
DRE – Lucro Operacional
(parte II)

Objetivos da Unidade de aprendizagem


Ao final da aula, você conhecerá o Lucro Operacional,
bem como os grupos de contas que o compõem e estará
apto a calculá-lo.

Competências
Identificar e interpretar as contas que compõem a DRE,
contextualizar os fatos contábeis e classificá-los de
acordo com o Plano de Contas, extrair do Balanço Patri-
monial informações para a elaboração e cálculo da DRE.

Habilidades
Preparar a DRE, organizar os dados, registrar, classificar,
interpretar os fatos contábeis, aplicar a Lei e sintetizar as
informações para elaboração do Relatório.
Apresentação
Como temos visto nas últimas aulas, a Demonstração do
Resultado do Exercício é um instrumento muito impor-
tante para a tomada de decisão nas organizações, pois
ela apresenta de maneira estruturada tudo pelo qual a
empresa passou durante o exercício. Por esse motivo
deve ser elaborada com muito cuidado, para que possa
realmente dar informações úteis e acertadas.
Na aula passada, você conheceu o lucro operacio-
nal bruto, ou lucro bruto, que é a primeira parte da
“rota do ouro”. Nesta aula veremos a segunda parte do
caminho até o lucro líquido, representado pelo Lucro
Operacional.
Para se chegar ao lucro operacional, devemos deduzir
as despesas operacionais do lucro bruto. É exatamente
esse o assunto dessa aula.
Pronto para iniciar?

Para Começar
Agora você já identificou o primeiro momento da “rota
do ouro”, o “Lucro Bruto”, porém a rota ao ouro não
para por aí. Neste capítulo você chegará mais próximo
do “ouro” com o cálculo do Lucro Operacional. Para
isso será preciso entender o que ele representa para a
empresa e como ele é composto.
Até aqui já é do seu conhecimento os conceitos dos
grupos de contas 1, 2, 3, 4 e 5.
Partiremos para o grupo 6, que representa as Des-
pesas Operacionais, as quais são subtraídas do Lucro
Bruto para se chegar ao grupo 7, que representa o Lu-
cro Operacional da empresa. Observe na estrutura da
DRE abaixo.
Tabela 1. demonstração do resultado do exercício – dre
Demonstração 1. Receita Operacional Bruta – (ROB = 1.1 + 1.2)
do Resultado do
1.1. Venda de Mercadorias ou Produtos
Exercício – DRE.
1.2. Serviços Prestados
2. ( - ) Deduções ( 2.1 + 2.2 + 2.3 + 2.4)
2.1. Devolução de vendas
2.2. IPI (10%)
2.3. ICMS (18%)
2.4. Abatimentos
3. ( = ) Receita Operacional Líquida
4. ( - ) Custos das Mercadorias Vendidos – CMV
5. ( = ) Lucro Bruto ( 3 - 4 )
6. ( - ) Despesas Operacionais (6.1 + 6.2 + 6.3)
6.1. Despesas com Vendas
6.2. Despesas Financeiras
6.3. Despesas Administrativas
7. ( = ) Lucro Operacional ( 5 – 6 )

Atenção
Para chegarmos ao Lucro Operacional, precisamos conhecer
todas as despesas da empresa representadas pelas:

→ Despesas de Vendas;
→ Despesas Administrativas; e
→ Despesas Financeiras.

Vamos lá!

Fundamentos

Conceito
Despesas Operacionais – Representa todas as despesas neces-
sárias para vender os produtos, administrar a empresa e finan-
ciar as operações. Portanto, são todas as despesas que contri-
buem para a manutenção da atividade operacional da empresa.

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Atenção
Para melhor entendimento será necessário conhecer os prin-
cipais grupos de Despesas Operacionais especificados em:

→ Despesas de Vendas;
→ Despesas Administrativas;
→ Despesas Financeiras; e
→ Outras Despesas.

Observe abaixo, cada uma das Despesas Operacionais:

→→ Despesas de Vendas – envolve desde a promoção do produto até


sua colocação no mercado, para ser adquirido pelo consumidor final;
Exemplos: São consideradas as despesas com o pessoal de vendas,
como também as comissões sobre vendas, a propaganda e publici-
dade, o marketing, a estimativa de perdas com as duplicatas oriun-
das das vendas a prazo (provisão para devedores duvidosos) etc;
→→ Despesas Administrativas – representam as despesas necessárias
par gerir o negócio. De modo geral são os gastos nos escritórios que
visam à direção ou a gestão da empresa;
Exemplos: honorários administrativos, salários e encargos sociais do
pessoal administrativo, aluguéis de escritórios, material de escritó-
rio, seguro de escritório, depreciação de móveis e utensílios e assi-
naturas de jornais etc;
→→ Despesas Financeiras – são as remunerações aos capitais de terceiros;
Exemplo: Juros pagos ou incorridos, comissões bancárias, descontos
concedidos, juros de mora pagos etc;

As Despesas Financeiras deverão ser compensadas com as Receitas Fi-


nanceiras (previstas em Lei), isto é, estas receitas são deduzidas daquelas
despesas, havendo indicação de cada uma delas.
As receitas de natureza financeira são as derivadas de: aplicações fi-
nanceiras, juros de mora recebidos, descontos obtidos etc. Caso o mon-
tante de Receita Financeira seja maior que o da Despesa Financeira, have-
rá uma dedução em outras Despesas Operacionais. Para sua apreciação,
verifique o exemplo a seguir.

Exemplo: Despesa Financeira é maior que a Receita Financeira e Despesa


financeira menor que Receita Financeira.

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despesa financeira > receita financeira
Despesas Financeiras R$ 320.000,00
Receitas Financeiras R$ 150.000,00
Resultado Financeiro (-R$170.000,00)

despesas operacionais
De vendas R$ 315.000,00
Administrativas R$ 512.000,00
Financeiras R$ 170.000,00 (1)
R$ 1.125.000,00
(1) NOTA: observe que o resultado financeiro foi negativo em
(- R$ 170.000,00) mas, foi adicionado pois, os outros valores
(despesas) também representam valores negativos.

despesa financeira < receita financeira


Despesas Financeiras R$ 320.000,00
Receitas Financeiras R$ 450.000,00
R$ 130.000,00

despesas operacionais
De vendas R$ 315.000,00
Administrativas R$ 512.000,00
Financeiras R$ 130.000,00 (2)
R$ 627.000,00
(2) NOTA: observe que o resultado financeiro em R$ 130.000,00 mas, nós
subtraímos pois, estamos adicionando com valores negativos (despesas).

→→ Variações Monetárias – Pela legislação brasileira são as variações


cambiais. Devem ser classificadas num subgrupo de Despesas
Operacionais;

Exemplo: A empresa JK S/A assumiu um empréstimo em 200.000 dó-


lares. A uma cotação de R$ 2,00, sua dívida será igual a R$ 400.000,00.
No final do período, com a desvalorização do real, o dólar passou a
ser cotado a R$ 2,15. Passando a dívida ser de R$ 430.000,00, ocor-
rendo aí uma variação cambial de R$ 30.000,00, que será contabiliza-
da como despesa para a empresa. Este acréscimo nominal será con-
tabilizado como Variação Cambial no subgrupo Variação Monetária,
no grupo de Despesas Financeiras.
Veja como fica esse lançamento na DRE:

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Tabela 2. demonstração do resultado do exercício – dre
Demonstração
do Resultado do 6. ( - ) Despesas Operacionais (6.1 + 6.2 + 6.3)
Exercício – DRE. 6.1. Despesas com Vendas
6.2. Despesas Financeiras
6.2.1 Variações Monetárias R$ 30.000.00
6.3. Despesas Administrativas
7. ( = ) Lucro Operacional ( 5 – 6 )

→→ Outras Despesas e Receitas Operacionais – são utilizadas para


contabilizar despesas operacionais não enquadradas no grupo de
vendas, administrativas e financeiras;

Exemplo: Despesas Tributárias como IPTU, IPVA, Multas Fiscais etc.


Não são consideradas aquelas que resultam de deduções de vendas,
prejuízos oriundos das aplicações em outras empresas, assim como
as Receitas, Lucros de participações em outras sociedades, vendas
de sucatas etc.

Com mais essas informações você pode identificar o caminho para chegar
ao Lucro Operacional. Observe a DRE abaixo:

Tabela 3. demonstração do resultado do exercício – dre


Demonstração
1. Receita Operacional Bruta – (ROB = 1.1 + 1.2)
do Resultado do
Exercício – DRE. 1.1. Venda de Mercadorias ou Produtos
1.2. Serviços Prestados
2. ( - ) Deduções ( 2.1 + 2.2 + 2.3 + 2.4)
2.1. Devolução de vendas
2.2. IPI (10%)
2.3. ICMS (18%)
2.4. Abatimentos
3. ( = ) Receita Operacional Líquida
4. ( - ) Custos das Mercadorias Vendidos - CMV
5. ( = ) Lucro Bruto ( 3 - 4 )
6. ( - ) Despesas Operacionais (6.1 + 6.2 + 6.3)
6.1. Despesas com Vendas
6.2. Despesas Administrativas
6.3. Despesas Financeiras
6.4. Variações Monetárias
6.4. Outras Despesas ou Receitas Operacionais

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7. ( = ) Lucro Operacional ( 5 – 6 )
8. ( - ) Despesas não Operacionais
9. ( + ) Receitas não Operacionais
10. (= ) Lucro Líquido antes do IR e da CS ( 7 – 8 + 9)
11. ( - ) Imposto de Renda e Contribuição Social
12. ( = ) Lucro ou Prejuízo Líquido do Exercício ( 10 – 11 )

O Lucro Operacional é resultante da atividade operacional da empresa,


isto é, representa o lucro proveniente das atividades principais da empre-
sa. A atividade operacional da empresa consta no contrato ou estatuto
social de forma precisa e completa. Calcula-se o Lucro Operacional pela
seguinte equação:

Lucro Operacional = Lucro Bruto - Despesas Operacionais

Lembre-se
Quando uma empresa participa no capital de outras socieda-
des, os rendimentos dessa aplicação serão incorporados ao
Lucro Operacional.

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antena
parabólica
Até 2007, as Doações e Subvenções de investimentos re-
cebidas pela empresa do governo ou de outras entida-
des eram contabilizadas diretamente no Ativo e como
Reserva no Patrimônio Líquido. Pela Lei 11.638/07,
essas doações e subvenções deverão constar no Ativo,
mas devendo transitar pela DRE. Assim, todas as doa-
ções e subvenções para investimentos serão Receitas
não Operacionais, aumentando o Lucro Líquido.

E agora, José?
Agora a visão se tornou bem mais ampla em relação aos
grupos de contas que formam a estrutura da DRE, além
das informações sobre os fatos contábeis e como classi-
ficá-los de acordo com o Plano de Contas. Você também
se familiarizou com as Despesas Operacionais e como
elas se classificam. E por fim já conhece o caminho da
“rota do ouro” de uma empresa. No próximo capítulo
chegaremos de fato ao “ouro” da empresa, isto é o seu
Lucro Líquido.
Glossário
Variações Monetárias: são as variações Despesas Operacionais: são todas as despe-
cambiais. sas necessárias para que a empresa possa
funcionar.

Referências
ABREU, A. F. Fundamentos de contabilidade: uti- MARION, J. C.; IUDíCIBUS, S. Curso de Contabili-
lizando Excel. São Paulo/SP: Saraiva, 2009. dade para não contadores. São Paulo/SP:
CRUZ, J. A. W.; ANDRICH, E. G.; SCHIER, C. U. C. Atlas, 2009.
Contabilidade Introdutória Descomplica- MARION, J. C. Contabilidade Empresarial. São
da. Curitiba/PR: Juruá, 2010. Paulo/SP: Atlas, 2009.

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