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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

Programa de Pós-Graduação em Tecnologia e Sociedade (PPGTE)


Linha de Pesquisa: Mediações e Culturas
Disciplina: Fundamentos em Interação
Aluno: Carlos Felippe Dias Limeira

FICHAMENTO DO LIVRO:
"Televisão: tecnologia e forma cultural"
por Raymond Williams

1 DESENVOLVIMENTO

O livro "Televisão: tecnologia e forma cultural", escrito pelo acadêmico,


sociólogo e teórico da comunicação e da cultura, o galês Raymond Williams
(1921-1988), foi publicado no ano de de 1974, quando os estudos de mídia ainda se
consolidavam como uma atividade legítima na universidade britânica, tornando-se
um dos pontos de referência fundamentais para sucessivas gerações de
pesquisadores, de perspectivas disciplinares variadas.
No primeiro capítulo, intitulado "A tecnologia e a sociedade", a partir da
análise da afirmação "a televisão alterou nosso mundo", o autor apresenta o debate
de dois conjuntos de posições gerais que ocupou a maior parte do pensamento
sobre tecnologia e sociedade da época, em que

o determinismo tecnológico considera que a pesquisa e o desenvolvimento


geram a si mesmos. As novas tecnologias são inventadas, por assim dizer,
numa esfera independente e, em seguida, criam novas sociedades ou
novas condições humanas. A visão da tecnologia sintomática, de modo
similar, pressupõe que a pesquisa e o desenvolvimento são autogerados,
mas de maneira mais periférica. O que é descoberto à margem é, então,
apropriado e utilizado. (WILLIAMS, 2016, p. 27).
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Resumindo, o autor afirma que a máquina a vapor, o automóvel, a televisão e


a bomba atômica acabaram por constituir o homem moderno e a condição moderna
(determinismo tecnológico); assim como que qualquer tecnologia específica é
subproduto de um processo social determinado por outras circunstâncias, e adquire
status efetivo quando é utilizada para fins já contidos nesse processo social
conhecido (tecnologia sintomática).
Segundo o autor, as duas perspectivas apresentadas marcam uma posição
profundamente estabelecida no pensamento moderno, com ambas abstraindo a
tecnologia da sociedade e tratando a televisão como uma força que age por si
mesma, criando novas formas de vida ou fornecendo materiais para novas formas
de vida. Previu-se a invenção de um sistema de televisão, mas que dependeu de um
conjunto de invenções e de desenvolvimentos em eletricidade, telegrafia, fotografia,
cinema e rádio.
Para Williams, uma característica particular da televisão, assim como os
demais sistemas de comunicação, é que todos foram previstos tecnicamente antes
mesmo que seus componentes essenciais tivessem sido descobertos e
aprimorados, pois a

transformação decisiva e anterior de produção industrial e suas novas


formas sociais, que tinham crescido a partir de uma longa história de
acumulação de capital e de trabalho de melhorias tecnológicas, criaram
novas necessidades, mas também novas possibilidades, e os sistemas de
comunicação, incluindo a televisão, foram seu resultado intrínseco
(WILLIAMS, 2016, p. 32).

Durante os séculos XIX e XX, os principais incentivos para a primeira fase de


melhorias na tecnologia de comunicação surgiram de problemas de comunicação e
controle em operações militares e comerciais expandidas. Esse conjunto de
máquinas e aparelhos surgidos na esteira da sociedade capitalista industrial, os
chamados "bens duráveis", que incluía a motocicleta, o automóvel, a câmera
fotográfica, eletrodomésticos, aparelhos de rádio e de televisão, acabam por
inaugurar um novo estilo de vida móvel e focado no lar, "um lar privatizado".
Enquanto a radiodifusão foi confinada ao som, o poderoso meio visual do
cinema foi uma alternativa imensamente popular. Mas, quando a radiodifusão
tornou-se visual com a televisão, a opção por suas vantagens sociais superou os
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déficits técnicos imediatos quando comparado a qualidade da imagem


cinematográfica. As primeiras transmissões televisivas começaram a acontecer no
fim dos anos 1930 e início dos anos 1940, primeiro na Grã-Bretanha e depois nos
Estados Unidos, e seu crescimento daí em diante foi muito rápido.
Assim como o rádio, a televisão a tecnologia de transmissão e recepção
televisiva foi desenvolvida antes de uma definição do seu conteúdo, que foi
ganhando forma com o passar do tempo: inicialmente com a transmissão de eventos
atuais (uma coroação, um grande acontecimento esportivo, uma apresentação
teatral) até o estabelecimento de uma significativa produção televisiva independente
com a criação de novos tipos de programa e avanços importantes no uso produtivo
do meio, como a cobertura de notícias, esportes e afins. Para financiar os custos de
produção, uma resposta econômica foi o licenciamento, o patrocínio comercial e a
venda de espaço publicitário.

REFERÊNCIAS

WILLIAMS, Raymond (2016). Televisão: tecnologia e forma cultural. São Paulo:


Boitempo; Belo Horizonte: PUC Minas, p. 23 - 42.

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