Se dá o nome de “transmissão” a todos os mecanismos empregados para transferir a potência (o movimento ou o torque) do motor para os elementos que desenvolvem o trabalho produtivo nas máquinas. Em geral esta transferência envolve a transformação das velocidades, das forças ou dos momentos, de modo a adaptar estas grandezas à aplicação efetiva do trabalho as ser realizado. Em alguns casos, as transmissões modificam o caráter e a lei do movimento realizado; por exemplo: transformando movimento circular em avanço retilíneo. • Quando as velocidades requerida nas operações sejam diferentes das velocidades padronizadas. • Quando for necessário variar as velocidades das máquinas durante a operação. • Quando forem necessários elevados momentos de torção. • Um motor acionando vários mecanismos com velocidades diferentes (como em eixos árvores). • Transmissões permitem que motores acionem máquinas que precisam de movimentos retilíneos, com inversão de sentido e paradas freqüentes. A escolha correta de um tipo de transmissão para uma aplicação específica, só pode ser feita pelo confronto técnico–econômico de todas as variantes possíveis à disposição. As transmissões mecânicas foram, no passado, os únicos dispositivos empregados em máquinas para conciliar os parâmetros da potência do motor com as exigências impostas pela aplicação. Atualmente há transmissões hidráulicas, elétricas.... As transmissões mecânicas mais importantes são:
Transmissões por atrito
Transmissões por engrenamento Iniciamos o estudo das engrenagens analisando duas transmissões teórica (não existem na prática), elas transferem rotação e torque de um eixo para outro. Estas observações serão úteis para extrair informações que nos ajudarão a compreender como funcionam as transmissões por engrenamento. A relação de transmissão é o parâmetro mais importante a ser determinado numa transmissão, com ela simplificamos e agilizamos muitas operações na determinação dos parâmetros de funcionamento das transmissões. A roda 2 transfere movimento para a roda 3 por atrito no ponto P. A roda menor (motora) tem índice 2, a maior (movida) índice 3. R2 e R3 são os raios das circunferências primitivas. Considere uma transmissão constituída por duas rodas cilíndricas lisas, em contato por um ponto (P) e girando sobres seus eixos fixos (O2 e O3), como mostra figura. A roda menor (roda motora) transfere movimento à roda maior (movida) pelo contato no ponto (P); consideraremos, ainda, que a transferência de movimento acontece sem escorregamento nesse ponto. Esta transmissão é teórica pois na vida real sempre haverá escorregamento entre as rodas quando houver transferência de potência por atrito. A velocidade angular (ω) na primeira roda é constante
Sendo a velocidade tangencial constante, a extensão do caminho
realizado pelo ponto P sobre as duas rodas deve ter o mesmo comprimento, mas as velocidades angulares são diferentes, como mostra a figura. P-P’= P-P’’ e 2 ≠ 3 Não havendo escorregamento entre as duas roda no ponto P, podemos afirmar que as velocidades tangenciais na periferia das rodas tem o mesmo valor (mesmo módulo). V2 = V3 = VP (módulos das velocidades tangenciais) Calculamos a velocidade tangencial como o produto entre a velocidade angular (ω) e o raio das rodas, por tanto: V2 = 2 . r2 e V3 = 3 . R3 Como estas velocidades são iguais em módulo, podemos igualar as duas expressões: 2 . R2 = 3 . R3 ou ainda: 2 / 3 = R3 /r2 = i23 A esta relação (i23) damos o nome de “relação de transmissão entre as rodas 2 e 3”. Em engenharia é comum expressar esta relação de forma mais completa:
Para calcular a velocidade angular (ω) usaremos:
i23: é a relação de transmissão entre as duas rodas,
expressa que a relação entre as velocidades angulares é inversamente proporcional à relação entre os raios das rodas da transmissão. i23: é um número maior que a unidade para redutores de velocidade (como neste caso), i23: é um número puro (não tem unidade). Nesta transmissão, interessa analisar a transferência de torque de um eixo para o outro. As alavancas 2 e 3 estão fixadas nos eixos (I e II), giram com velocidades angulares constantes e ficam em contato no ponto P. O momento aplicado ao eixo I é 10 N.m, conhecendo a geometria das alavancas, queremos calcular o torque transferido ao segundo eixo. Baixas velocidades de rotação garantem a eliminação do efeito dinâmico. As velocidades angulares serão constantes só quando o ponto P esteja em equilíbrio dinâmico, para que isto aconteça, as duas forças que agem no ponto P devem ter: mesma direção, mesmo módulo, mesmo ponto de aplicação e sentidos opostos. Pelo principio de ação e reação sabemos que as forças no ponto P tem o mesmo módulo. Podemos determinar qual força age em cada corpo: a alavanca motora recebe uma força contrária ao sentido do movimento e a alavanca movida recebe uma força no mesmo sentido do seu movimento. Conhecendo o momento no eixo I e a geometria da alavanca 2 podemos calcular o módulo da força F2:
O torque no segundo eixo é duas vezes o torque do
primeiro eixo, isto se deve à relação de transmissão das alavancas: i2,3 = r3 / r2 = 2 As engrenagens resultam da união das características positivas das duas transmissões teóricas analisadas. Se incorporarmos dentes para o engrenamento preciso nas superfícies cilíndricas das rodas lisas originais, de modo a que estes dentes se estendam tanto para dentro (dedendo) quanto para fora (adendo) das circunferências primitivas, as rodas passam a ser engrenagens cilíndricas de dentes retos, também conhecidas como rodas dentadas. Desta forma, dependendo da geometria dos dentes, teremos: velocidades angulares constantes nas duas rodas, transmissão de torque contínuo (em toda a volta) e não haverá escorregamento entre as “rodas”. Os dentes das engrenagens funcionam como cames: um dente (da roda motora) empurra outro (da roda movida), provocando assim o giro das rodas. Para obter esta condição de funcionamento, a geometria dos dentes deve reunir alguns requisitos geométricos bem específicos, é o que veremos a seguir: a geometria dos dentes das engrenagens cilíndricas.