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CRÍTICA AO PROGRAMA DE GOTHA

KARL MARX

Pg 20

Cada passo do movimento real é mais importante do que uma dúzia de programas. Se,
portanto, não se podia — e as circunstâncias do momento não permitiam — ir além do
Programa de Eisenach*, então era melhor ter firmado um acordo para a ação contra o inimigo
comum. Mas, ao se conceber programas de princípios (em vez de postergar isso até que tal
programa possa ser preparado por uma longa atividade comum), o que se faz é fornecer ao
mundo as balizas que servirão para medir o avanço do movimento do partido.

Os líderes lassallianos nos procuraram forçados pelas circunstâncias. Se tivessem sido


previamente esclarecidos de que não haveria nenhuma barganha de princípios, teriam sido
obrigados a se contentar com um programa de ação ou um plano para a ação comum. Em vez
disso, permitimos que eles se apresentem munidos de mandatos, reconhecemos esses
mandatos como vinculantes e assim nos submetemos incondicionalmente ao arbítrio daqueles
que necessitam de socorro. Para coroar a situação, eles promovem um congresso antes do
congresso de unificação, enquanto nosso próprio partido realiza seu congresso post festum. O
que esse pretendia era claramente escamotear qualquer crítica e não deixar que nosso partido
pudesse refletir sobre a questão. É claro que o mero fato da união basta para satisfazer os
trabalhadores, mas engana-se quem acredita que esse êxito momentâneo não custou caro
demais.

* O Programa de Eisenach foi adotado no Congresso de Fundação do Partido Operário


Social-Democrata —que viria a se fundir com a lassalliana Associação Geral dos Trabalhadores
Alemães no Congresso de Gotha (22 a 27 de maio de 1875) —, que se realizou em Eisenach de
7 a 9 de agosto de 1869. Com esse programa, Auguste Bebel e Wilhelm Liebknecht deram ao
partido uma orientação claramente marxista e conforme com os princípios da Internacional.

Tática = passo do movimento real

Aliança tática = programa de ação, plano para a ação comum

Um programa deve ser concebido por “uma longa atividade comum”, pois demanda
uma análise extensa e coletiva. Não se pode rebaixar o programa, rifar princípios deste para
incorporar outros princípios em busca de uma aliança tática/unidade de ação, fazer isso seria
conter o avanço do movimento do partido. Se a conjuntura não permite ir além do programa
vigente e seus princípios, deve-se postergar a sua reformulação para a “longa atividade
comum”, e não rifá-lo para conseguir uma adesão maior dele. Nesse caso, é mais importante
estabelecer um programa/plano específico para uma ação comum contra o inimigo comum,
para dar um passo no movimento real, ao invés de mesclar programas e princípios diferentes.

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