TRAUMATOLOGIA FORENSE (ou Lesionologia Forense)

É o estudo do trauma, das lesões e também das energias causadoras do dano.

O que é traumatologia ou lesionologia?

Trauma: energia que lesa o organismo.

Lesão: alteração estrutural proveniente de uma agressão ao organismo.

Agentes lesivos: energias de ordem mecânica, física, química, físico--química, bioquímica,

etc.

Do crime de lesões corporais

Art. 129 CP. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem: Pena –

detenção, de três meses a um ano. (Lesão corporal leve)

Lesão corporal leve: é um diagnóstico por exclusão. Aplica-se o princípio da

insignificância se as lesões forem levíssimas, quando não houver comprometimento da
normalidade.

 Lesão corporal grave:

§1ºSe resulta:

I--‐ incapacidade para as ocupações habituais, por mais de 30 dias;

II--‐ perigo de vida;
III--‐ debilidade permanente de membro, sentido ou função;
IV--‐ aceleração de parto.

I- Incapacidade para as ocupações habituais por mais de 30 dias

- Incapacidade no aspecto funcional e não puramente econômico.
- Atividades corriqueiras e lícitas.
- Art. 168, §2º, do CPP: prazo de 30 dias é contínuo e se conta desde a data do crime.
A falta poderá ser suprida pela prova testemunhal. (Visto no bloco 1).

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 atesta a Obs: dedo não é
permanênca” membro.
Pênis não é
membro. Trata-se
de um orgão
reprodutor
masculino!

E a perda de orgãos duplos?

Ex: olhos, rins, ouvidos, pulmões, ovários e testículos.

Atenção:
A perda de um dos orgãos duplos estando o outro normal será debilidade permanente da
função e não perda. ( portanto, a lesão corporal será grave por debildade permanente
do orgão)

IV- aceleração de parto

- Antecipação do nascimento do feto com vida e ele deve continuar a viver.

Obs.: Se morrer por imaturidade extrema, equipara-se a aborto.
- Conhecimento da gravidez da vítima

Obs.: E a expulsão de mola hidatiforme/gravidez molar/ doença trofoblástica da

gestação?
É um tumor da gravidez, não há feto. Neste caso, a lesão corporal será LEVE.

 Lesão corporal gravíssima:

§2ºSe resulta:

I--‐ incapacidade permanente para o trabalho;

II--‐ enfermidade incurável;
III--‐ perda ou inutilização de membro, sentido ou função;
IV--‐ deformidade permanente; (estético)
V--‐ aborto.

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I - Incapacidade permanente para o trabalho (atividade econômica, lucrativa)

- Incapacidade para o trabalho em geral e não somente para a atividade específica que a
vítima estava exercendo

Obs.: Há exceções? Sim!

Se a vítima for reabilitada para outro trabalho não se configurará essa qualificadora,
entretanto, a reabilitação deverá respeitar o princípio da proporcionalidade buscando
manter um trabalho semelhante ao patamar usual e com o mesmo ganho financeiro.
Deverá ser avaliada qual a atividade que vítima exerce.

Ex: pianista que lesiona as mãos, neste caso incidirá a qualificadora.

I I - enfermidade incurável

- Juízo de probabilidade baseado em dados da ciência atual.

- Ex.:
Epilepsia (convulsões pós – TCE);
Paraplegia pós trauma medular;
AIDS;

III- perda ou inutilização de membro, sentido ou função

Perda: quando não há mais o órgão.

Inutilização: o órgão está presente, mas inutilizado.

Ex.: amputação ao nível da coxa (perda de membro), cegueira total (perda do sentido),
arrancamento de vários dentes (perda da função)

Obs.: E a perda de um olho e o outro normal? A LESÃO É GRAVE, por perda de sentido.

E a perda da visão? A LESÃO SERÁ GRAVÍSSIMA.

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Obs.: E a perda de um dedo da mão?
Terá que será analisado qual o dedo, considerando sua função.
Polegar: perda da função opositora (pinça), lesão gravíssima.
Demais dedos: debilidade permanente, lesão grave.

IV- Deformidade permanente

Lesão estética de certa monta, que gera repulsa. Gera uma desfiguração notável.

Obs.: Apenas se configura se ocorrer em áreas expostas?

Não, configura-se quando houver lesão em áreas potencialmente visíveis # de área
exposta.
Ex: vitriolagem, lesão cáustica- causada por ácido sulfúrico.

A correção por cirurgia estética retira o caráter de permanência???

Não, segundo o HC 306.677/RJ:

“(...) LESÃO CORPORAL QUALIFICADA (DEFORMIDADE

PERMANENTE). DOSIMETRIA DA PENA. PLEITO DE
AFASTAMENTO DA QUALIFICADORA PELA REALIZAÇÃO DE
CIRURGIA REPARADORA. IRRELEVÂNCIA. AFERIÇÃO NO
MOMENTO DA PRÁTICA DELITIVA. (...) 2.
A realização de cirurgia estética posteriormente à prática do delito
não afeta a caracterização, no momento do crime constatada, de
lesão geradora de deformidade permanente, seja porque
providência não usual (tratamento cirúrgico custoso e de risco),
seja porque ao critério exclusivo da vítima.” (STJ, Sexta Turma,
HC 306.677/RJ, DJe 28/05/2015)

A cirurgia reparadora não afasta a qualificadora.

V‐ aborto

- Crime preterdoloso ou preterintencional

Dolo no antecedente: lesão corporal.
Culpa no consequente: aborto.

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- O agente sabe da gravidez, mas não deseja o aborto.
- Conhecimento prévio da gravidez pelo autor ou desconhecimento inescusável.

Lesão corporal seguida de morte

Art. 129. CP/1940 (...)

§3º Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o

resultado, nem assumiu o risco de produzi--‐lo;
Pena – reclusão, de 4 a 12 anos

- crime preterdoloso ou preterintencional

- Ex.: “soco com queda da vítima e fratura de crânio”; “facada ou tiro em localização não
mortal, com lesão de vaso calibroso”; “paulada no tronco com hemorragia interna fatal”.

Obs.: Mas não seria homicídio culposo?

Não. Pois na lesão corporal seguida de morte há dolo (no antecedente), no homicídio
culposo não há qualquer forma de dolo!

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