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Aços Ferramentas

Elizeu Ferreira dos Santos


Aços Ferramentas
• é qualquer aço usado para fabricar ferramentas de corte,
conformação ou qualquer outro artefato capaz de dar forma a
um material transformando-o em uma peça.
• As operações que utilizam os aços ferramenta podem em geral
ser classificadas em uma das categorias: corte, estampagem,
embutimento, forjamento, extrusão e laminação
Aços Ferramentas
• Os aços ferramenta podem ser aços carbono ou aços liga,
capazes de serem endurecidos por têmpera.
• A adequação de um aço ferramenta advém de suas
propriedades diferenciadas de tenacidade, resistência à
abrasão.
• Estes aços complexos, que podem conter grandes teores de
tungstênio, molibdênio, vanádio, manganês e cromo.
Propriedades requeridas para
um Aço Ferramenta
• Dureza à Temperatura Ambiente
• Resistência ao Desgaste
• Tenacidade
• Resistência Mecânica
• Temperabilidade
• Dureza a Quente
• Usinabilidade
• Tamanho de Grão
• Resistência ao Revenido
Processos de fabricação de
Aços Ferramenta
• O aço ferramenta pode ser produzido de diferentes formas. As
duas mais comuns são a fundição do lingote e a metalurgia do
pó. Entretanto uma tecnologia mais recente, denominada
conformação por spray (spray forming) ou Osprey , já está
disponível comercialmente.
Processos de fabricação de
Aços Ferramenta

A) Convencional
B) Conformação por spray
C) Metalurgia do Pó
Processo convencional da
Fundição do Lingote
É o processo mais utilizado para a produção de aço
ferramenta.
• O metal líquido é transferido para a panela onde a composição
química final é ajustada e depois é vazado em lingotes. O
molde é preenchido a partir do fundo.
• Depois da solidificação o lingote pode ser processado por
forjamento ou laminação.
• O processo produz tamanho e distribuição não uniforme dos
carbonetos. O tamanho típico dos carbonetos fica em torno de
25 microns.
Processo da Metalurgia do Pó

• O processo da metalurgia do pó pode produzir diferentes ligas,


inclusive não ferrosas
• O metal líquido é atomizado pela ação de um gás inerte com
alta velocidade, que transforma o metal líquido em gotículas.
As partículas assim formadas caem através de uma torre de
resfriamento, e solidificam.
• O pó resultante é coletado e transferido para uma cápsula,
hermeticamente fechada. A cápsula é então aquecida até a
temperatura de forjamento e forjado.
Processo da Metalurgia do Pó

• Num processo denominado prensagem isostática a quente, a


temperatura e a pressão comprimem a cápsula densificando o
pó.
• A aplicação de gás inerte sob pressão e elevada temperatura
garante a remoção de vazios internos, criando assim uma forte
ligação metalúrgica através do material. Os lingotes resultantes
podem ser laminados ou forjados.
• O processo cria carbonetos esferoidizados e uniformemente
distribuídos com tamanhos em torno de 3 a 4 microns.
Processo da conformação por
spray
• Neste caso o atomizador possui dois bocais oscilantes. Gás
inerte em alta velocidade flui através dos bocais
transformando o metal líquido em gotículas. Durante a
atomização as pequenas gotas (que são semi-sólidas) são
coletadas numa pré-forma em formato de disco metálico e
submetidas a giro e movimento ascendente.
• O controle do movimento da pré-forma e das condições de
atomização produz billets com diâmetros de aproximadamente
50 cm e 250 cm de comprimento.
Processo da conformação por
spray
• Depois de um ciclo de tratamento térmico de recozimento, as
barras podem ser processadas por laminação e forjamento
para obtenção de dimensões mais adequadas ao uso.
• Dimensões comerciais para os diâmetros vão de 25,4 mm a 35
mm de diâmetro e para barras chatas, de 15 a 25 mm de
espessura por 13 a 45 mm de largura.
• A rápida solidificação das gotículas gera uma microestrutura de
carbonetos circulares e uniformemente distribuídos com
tamanhos na faixa de 10 microns.
Processos de fabricação de
Aços Ferramenta
• Os fatores que mais influenciam na ductilidade e na resistência
ao desgaste são a quantidade de carbonetos, seu tamanho e
distribuição.
• Quanto menor o volume de carbonetos, maior é a ductilidade.
• Quanto menor o tamanho dos carbonetos, maior é a ductilidade.
• Quanto mais uniforme a distribuição dos carbonetos, melhor é a
ductilidade.
• Quanto maior o volume de carbonetos, maior a resistência ao desgaste.
Processos de fabricação de
Aços Ferramenta
• Para uma mesma composição de aço produzido pelos três
processos apresentados, pode-se afirmar que o Processo
Convencional da Fundição do Lingote apresenta a ductilidade
mais baixa e a melhor resistência ao desgaste.
• O Processo de Metalurgia do Pó apresenta a ductilidade mais
alta e a menor resistência ao desgaste.
• O Processo de Conformação por Spray tem características de
ductilidade e desgaste intermediárias.
Classificação dos Aços Ferramenta

• Os aços ferramenta são classificados de acordo com a sua


composição, aplicação ou meio de resfriamento. Os sistemas
de classificação em uso atribuem aos aços códigos de
identificação, compostos em geral de combinações de letras e
números.
• No Brasil é seguida a classificação AISI (American Iron and
Steel Institute ), apresentada adiante, que parece ser a mais
difundida internacionalmente. Também é comum encontrar as
classificações estabelecidas pela SAE e pela norma alemã DIN.
Classificação dos Aços Ferramenta

• Existe uma tendência atual em unificar a denominação dos metais


ferrosos através de um sistema unificado, o UNS (Unified
Numbering System for Metals and Alloys) , na tentativa de evitar a
confusão causada pela diversidade de normas para o mesmo
produto.
• No sistema UNS, os metais são classificados em nove famílias que
recebem letras de identificação. Os aços ferramenta são a família T.
• Além da letra da família os metais são caracterizados por 5 dígitos,
que podem incorporar os números de designações já existentes.
Classificação dos Aços Ferramenta
Classificação dos Aços Ferramenta
A classificação AISI divide os aços ferramenta em sete grupos principais, a
saber:
• Aços rápidos, identificados pelas letras T e M
• Aços-ferramenta para trabalho a quente, identificados pela letra H
• Aços-ferramenta para trabalho a frio, identificados pelas letras O, A, D
• Aços resistentes ao choque, identificados pela letra S
• Aços-ferramenta para fins especiais, identificados pelas letras L e F ou sem
identificação
• Aços-ferramenta para moldes, identificados pela letra P
• Aços temperáveis em água , identificados pela letra W
Aços Rápidos TeM
• Aços rápidos são materiais para ferramentas, desenvolvidos
para uso em aplicações de corte de metais em alta velocidade.
Existem duas classificações:
• aços rápidos ao molibdênio (grupo M) com carbono na faixa de
0.75 a 1.52% e molibdênio entre 4.50 to 11.0%,
• aços rápidos ao tungstênio (grupo T) que tem teores similares
de carbono , mas altos teores de tungstênio, entre 11,75 e 21
%.
Aços Rápidos TeM
Aços Rápidos TeM
• Características
• Tem grande capacidade de usinar metais com velocidades de
corte superiores às dos aços carbono de baixa e média liga.
• A dureza destes aços não se altera com o aumento da
temperatura em serviço.
• Tem boa estabilidade dimensional e boa tenacidade.
Aços Rápidos TeM
• Microestrutura
• São fornecidos normalmente recozidos,
• Microestrutura de carbonetos esferoidizados dispersos em
matriz ferrítica.
• Para a sua utilização há necessidade de temperá-los e a
microestrutura é composta de carbonetos complexos em
matriz martensítica.
Aços Rápidos TeM

Broca de Aço Rapido M2

Ampliação 500 x

George’s Basement, 2009.


Aços Rápidos TeM
• São utilizados para ferramentas de corte em geral, entre elas
brocas, alargadores, machos para roscas e fresas.
• Podem também ser utilizados para operações de conformação
a frio como matrizes para corte de discos e laminadores de
roscas.
Aços para trabalho a quente H

• Estes aços foram desenvolvidos para suportar condições


combinadas de calor, pressão e abrasão associadas com
puncionamento, cisalhamento ou conformação de metais em
alta temperatura.
• Os aços do grupo H têm usualmente médios teores de
carbono, entre 0,35 e 0,45%, e teores combinados de cromo,
tungstênio, molibdênio e vanádio entre 6 e 25%.
• O grupo é dividido em aços ao cromo, ao tungstênio e ao
molibdênio.
Aços para trabalho a quente H

• Características
• Como mencionado acima, estes aços resistem a condições
severas de temperatura, pressão e abrasão em serviço.
Possuem excelente resistência à formação de trincas em
condições de resfriamento e aquecimento sucessivos
(especialmente os aços cromo). Os aços tungstênio destacam-
se pela sua alta resistência à abrasão em alta temperatura.
Aços para trabalho a quente H

• Microestrutura
• São fornecidos como recozidos, com microestrutura de
pequenos carbonetos esferoidizados dispersos em matriz
ferrítica. Para a sua utilização há necessidade de temperá-los e
a microestrutura é constituída de finíssimos carbonetos em
matriz martensítica revenida.
Aços para trabalho a quente H

• Aplicações
• Punções, matrizes de forjamento, matrizes de extrusão e
mandris. Estes componentes são comuns no forjamento em
aço, bronze e latão, na extrusão de ligas de cobre e ligas de
níquel e extrusão e injeção de alumínio.
Aços para trabalho a quente H
Aços para trabalho a frio A, D e O

• Aços para trabalho a frio são utilizados para trabalhos que não
envolvam aquecimento repetido ou prolongado em
temperaturas acima de 205 a 260ºC .
As letras correspondentes a cada classe têm os seguintes
significados:
• classe A para aços temperados em ar (do inglês Air);
• classe D para aços de alto carbono e alto cromo
• classe O para aços temperados em óleo (do inglês Oil).
Aços para trabalho a frio A, D e O

• Características
• Não contém os elementos de liga necessários para manter a resistência
a quente. Maior temperabilidade que o grupo W, possibilitando
emprego de meio de resfriamento menos drástico (óleo ou ar);
• Menor tendência às distorções e, portanto, trincas de têmpera que os
da série W, resultando em maior estabilidade dimensional, destacando-
se o grupo D
• Baixa resistência ao revenimento;
• Baixa a moderada resistência à abrasão (classe O);
• boa resistência à abrasão (classes A e D)
• A tenacidade mais alta ocorre para os aços da classe A.
Aços para trabalho a frio A, D e O
• Microestrutura
• Classe A : fornecidos em forma de matriz ferrítica com carbonetos
esferoidizados, com dureza máxima de 240 HB.
• Classe O : fornecidos em forma de matriz ferrítica com carbonetos
esferoidizados, com dureza máxima de 210 HB.
• Classe D: fornecidos contendo carbonetos primários e pequenos
carbonetos esferoidizados em matriz de perlita e ferrita, com dureza
máxima de 250 HB.
• Para a sua utilização há necessidade de temperá-los e reveni-los,
apresentado estrutura martensítica revenida, com presença de carbonetos
não dissolvidos na austenitização. No estado apenas temperado podem
atingir a dureza máxima de 65 HRC.
Aços para trabalho a frio A, D e O

Microestrutura do aço AISI D2. Estado inicial na condição recozida. Microscopia óptica. Ataque: Villela.
• AISI O1 ampliação 500 x AISI A6 ampliação 1000 x
Aços para trabalho a frio A, D e O

• Aplicações
• Classe A : são utilizados para lâminas de cisalhamento,
punções para corte de chapas e matrizes de aparar.
Aços para trabalho a frio A, D e O

• Aplicações
• Classe D: utilizados para ferramentas de forjamento e de
estampagem profunda, calibres, rolos de laminação de roscas,
ferramentas de brunimento e facas de corte.
Aços para trabalho a frio A, D e O

• Aplicações
• Classe O: utilizados para punções e matrizes aplicáveis a
operações de corte de chapas, rebarbação, trefilação e
forjamento.
Aços resistentes ao choque S

• Os aços resistentes ao choque, S ( do inglês shock), contém


manganês, silício, cromo, tungstênio e molibdênio em vários
teores. O teor de carbono fica em torno de 0,5%.
Aços resistentes ao choque S

• Características
• Para o tipo de trabalho a que são destinados, combinam alta
resistência mecânica e alta tenacidade. A resistência ao
desgaste por abrasão fica entre média e baixa.
• A temperabilidade é variável em função dos elementos de liga,
mas melhor do a dos aços da classe W. Podem ser temperados
em água (S2), em óleo (S1) e ao ar (S7).
Aços resistentes ao choque S

• Microestrutura
• São fornecidos como recozidos com microestrutura
constituindo-se de uma matriz ferrítica com carbonetos
esferoidizados. Nas condições de trabalho apresentam
estrutura martensítica revenida.
Aços resistentes ao choque S

• AISI S2 Ampliação 1000x • AISI S7 Ampliação 1000x • AISI S1 Ampliação 500x


• Temperado 59 HRC
Aços resistentes ao choque S

• Aplicações
• São primariamente usados para cinzéis, rebites, punções e
outras aplicações onde são necessárias alta tenacidade e alta
resistência ao impacto.
Aços de Baixa liga para aplicações
especiais L ou F
• Estes aços possuem baixos teores de cromo, vanádio, níquel e
molibdênio.
Aços de Baixa liga para aplicações
especiais L ou F
• Características
• Estes aços são normalmente temperados. A demanda por
estes aços não é muito grande atualmente, devido à
substituição por novos tipos de materiais.
Aços de Baixa liga para aplicações
especiais L ou F
• Aplicações
• Usados em componentes de máquinas-ferramenta como
placas, árvores, cames, mandris e pinças de tornos, ou outras
aplicações que requeiram boa resistência e tenacidade.
• Os da classe F são usados para matrizes de extrusão a frio e
ferramentas para corte de latão.
Aços para moldes plásticos P
• Os aços para moldes plásticos possuem níquel e cromo como
principais elementos de liga.
Aços para moldes plásticos P

• Características
• Possuem baixa resistência ao amolecimento em temperaturas
elevadas, o que limita seu uso.
• Possuem excelente homogeneidade que permite alto grau de
polimento superficial.
• Tem boas características de usinabilidade.
• Podem ser temperados apresentando pouca distorção.
Aços para moldes plásticos P

• Microestrutura
• Pode ser fornecido já beneficiado, com dureza em torno de
300 HB.
• A estrutura original é ferrítica , que pode ser usinada,
seguindo-se tratamentos de cementação e têmpera.
Aços para moldes plásticos P

AISI P20 Ampliação 500 x


Aços para moldes plásticos P

• Aplicações
• São utilizados em matrizes de fundição em baixa temperatura
e em moldes para injeção ou compressão de plásticos.
Aços temperáveis em água W

• Os aços temperáveis em água contém carbono como principal


elemento de liga (070 a 1,5%). Eles tem baixa resistência ao
amolecimento em altas temperaturas.
• O cromo presente aumenta a temperabilidade e a resistência
ao desgaste.
• O vanádio garante a manutenção de uma granulação fina que
favorece a tenacidade.
Aços temperáveis em água W
Aços temperáveis em água W

• Características
• Tem alta resistência ao desgaste a abrasão, combinada com
boa tenacidade.
• Apresentam a melhor soldabilidade entre os aços ferramenta.
• Podem sofrer trincas e distorções dimensionais na têmpera.
Aços temperáveis em água W
• Microestrutura
• São fornecidos no estado recozido com matriz perlitica e cementita ou no
estado coalescido possuindo matriz ferrítica com carbonetos
esferoidizados.
• Nestas condições a dureza é baixa (no máximo 210HB) visando facilitar a
usinagem.
• Na condição de trabalho para peças finas (espessuras menores que 8 mm)
a estrutura é martensita revenida com carbonetos de ferro não dissolvidos
na têmpera.
• No caso de peças mais espessas (acima de 25 mm) apresentam superfície
de martensita revenida com carbonetos não dissolvidos e núcleo de perlita
com carbonetos não dissolvidos.
Aços temperáveis em água W

AISI W2 Ampliação 1000 x


AISI W1 Ampliação 500 x
Aços temperáveis em água W

• Aplicações
• Usados em ferramentas de estampagem a frio, matrizes de
cunhagem, ferramentas de corte para metais duros e
componentes de máquinas-ferramenta que requeiram alta
resistência à abrasão.

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