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Anatomia Radiológica

da Mama + Intepretação
das imagem Radiológica.
Anatomia radiológica na incidência mediolateral-oblíqua (MLO)
Anatomia radiológica na incidência craniocaudal (CC)
Incidências mamografias

São realizadas como rotina duas incidências mamografias ortogonais em


cada mama: as incidências medi lateral-oblíqua (MLO) e crânio-caudal
(CC). Os motivos para a realização de duas incidências são:

aumento da sensibilidade pela diminuição das áreas não expostas ou


áreas cegas.
diminuição dos resultados falsos positivos. A identificação do mesmo
achado em 2 incidências ortogonais sugere a investigação com incidências
mamografias complementares, ultrassonografia e/ou comparação com
exames anteriores.
localização dos achados nos eixos longitudinal (superior-inferior) e
horizontal (lateral-medial).
Localização dos achados mamograficos
1-Quadrantes superiores

3-Quadrantes laterais

2 -Quadrantes inferiores 4-Quadrantes mediais


Devido à angulação do tubo entre 45 e 600 na incidência MLO, o que é lateral
sobe e o que é medial desce. Esse artefato de posicionamento pode ser
compreendido na figura abaixo.

Artefato devido ao posicionamento da incidência MLO


Posição real do
nódulo no eixo
longitudinal
(superior-inferior).
O nódulo é medial,
assim ele aparece
em posição mais
inferior na
incidência MLO.
Quanto mais
medial, mais baixo
ele é representado.
Critérios de bom posicionamento mamografico

O mal posicionamento mamografico é responsável pela maior parte dos resultados falso
negativos relacionados à técnica do exame.

O bom posicionamento visa à exposição mais completa possível da mama. A incidência (MLO)
privilegia os quadrantes laterais, onde ocorrem a maioria dos cânceres de mama e tem como
"ponto cego "os quadrantes mediais.
Dessa maneira, a incidência crânio-caudal privilegia os quadrantes mediais.
CARACTERÍSTICAS MAMOGRÁFICAS.
As principais características utilizadas na descrição e
classificação dos nódulos são:
1-Forma
2-Margem
3-Densidade.

1. FORMA
A forma de um nódulo deve ser descrita como: redonda, oval,
oval macrolobulada ou irregular.

FORMA REDONDA
Um nódulo REDONDO é esférico, circular ou globoso.
FORMA OVAL
Um nódulo OVAL tem forma oval ou elíptica e pode apresentar até 3 ondulações
(nessa situação ele é descrito como OVAL MACROLOBULADO ou
MACROLOBULADO).

Nódulo isodenso, OVAL e circunscrito no quadrante infero-medial da mama direita. X


FORMA IREEGULAR
Um NÓDULO IRREGULAR não é oval nem redondo.

2. MARGEM
A margem é o limite ou a fronteira da lesão. Em um nódulo mamográfico a
margem deve ser descrita como: circunscrita, obscurecida, microlobulada,
indistinta ou espiculada.

MARGEM CIRCUNSCRITA
antigamente descrita como bem delimitada, a margem circunscrita é bem
marcada, com uma transição abrupta com o tecido circundante. Se qualquer
porção da margem for microlobulada, indistinta ou espiculada, a margem não
deve ser descrita como circunscrita, mas pelo seu componente mais suspeito.
MARGEM OBSCURECIDA
é aquela escondida por
parênquima fibroglandular
sobreposto ou adjacente. Para
ser descrita como obscurecida,
a margem do nódulo deve ser
escondida pelo parênquima
fibroglandular em pelo menos
1/4 (25%) do contorno e o
restante da margem deve ser
circunscrita.

Nódulo oval, isodenso, com MARGENS OBSCURECIDAS em > 25% do contorno ( pontilhado vermelho).
MARGEM
MICROLOBULADA
é caracterizada por
ondulações curtas. A
margem microlobulada
usualmente é um achado
suspeito.

Nódulo oval, hiperdenso, com margens indistintas e MICROLOBULADAS (seta azul) (BI-RADS 4A).
MARGEM INDISTINTA
antigamente chamada de
mal delimitada, não
apresenta a delimitação
precisa do limite do nódulo
com o tecido circundante
em qualquer porção do
nódulo. A margem
indistinta é um achado
suspeito e não deve ser
confundida com a margem
obscurecida.

Nódulo irregular, hiperdenso, com margem INDISTINTA, associado a calcificações amorfas (BI-RADS 4C).
MARGEM ESPICULADA
é caracterizada por linhas
irradiadas do nódulo.
Usualmente é um achado
suspeito.

Nódulo oval, hiperdenso, com MARGENS ESPICULADAS (BI-RADS 5).


3. DENSIDADE
A densidade de um nódulo é usada
para descrever a atenuação do raio-X
pelo nódudo.
Deve ser comparada a um volume
semelhante de tecido fibroglandular.
Os nódulos mais densos tendem a ser
mais suspeitos.
A densidade deve ser caracterizada
como: alta densidade; densidade
igual ao parênquima; baixa
densidade ou "contendo-gordura".

ALTA DENSIDADE
A atenuação do nódulo com ALTA
DENSIDADE é maior do que o
esperado em um volume equivalente
de tecido fibroglandular mamário.

Nódulo irregular, obscurecido e HIPERDENSO (BI-RADS 4C).


CONTENDO-GORDURA
Nessa categoria devem ser
incluídos todos os nódulos
contendo gordura, como
cistos oleosos, lipomas,
galactoceles e hamartomas.
Os nódulos contendo
gordura são quase sempre
benignos.

Nódulo oval, circunscrito, CONTENDO GORDURA, compatível com lipoma (BI-RADS 2).
História clínica

Paciente do sexo feminino, 66 anos, encaminhada para o CAISM


por alteração em exame mamográfico.

Queixa: relata mastalgia em mama esquerda, nega apresentar


descarga papilar, alterações de pele e/ou mamilo e nódulos
palpáveis na mama esquerda. Nega sinais e sintomas na mama
direita.

Achados de exame físico: mamas semiologicamente normais e


axilas livres.

Antecedentes familiares: sem antecedentes familiares para


câncer de mama.
Descrição da imagem

Mamografia unilateral
esquerda

No quadrante súpero
lateral, observam-se
grupamentos de
microcalcificações
pleomórficas.
1- ASSIMETRIA; 2- ASSIMETRIA FOCAL; 3- ASSIMETRIA
GLOBAL e 4 - ASSIMETRIA EM DESENVOLVIMENTO

As assimetrias representam depósitos de tecido com densidade


fibroglandular e que não obedecem a definição do nódulo
radiodenso.
1- ASSIMETRIA

O termo assimetria deve ser usado utilizado para um nódulo ou


uma densidade fibroglandular visíveis em apenas uma incidência
mamografia. Esse achado deve ser melhor avaliado através da
comparação com exames anteriores, de incidências mamografias
complementares ou da ultrassonografia dirigida.
2- ASSIMETRIA FOCAL

O termo assimetria focal se refere a uma densidade fifroglandular menor


que um quadrante e visível em duas incidências mamografias. Sempre
que possível, a assimetria focal deve ser comparada aos exames
anteriores. Quando isso não for possível ou quando tratar-se do primeiro
exame, esse achado deve ser melhor avaliado por uma incidência
mamografia complementar como a compressão focal ou a incidência em
perfil e/ou com a ultrassonografia dirigida.
3- ASSIMETRIA GLOBAL
A assimetria global é uma densidade fibroglandular maior que um quadrante e
visível em duas incidências mamografias.

Quando palpável ou associada a espessamento cutâneo deve ser considerada


suspeita e classificada na categoria BI-RADS 4.

ASSIMETRIA GLOBAL na mama direita associada a espessamento cutâneo e palpável, classificada na categoria
BI-RADS-MG 4. Notar o linfonodo axilar suspeito à direita.
ASSIMETRIA EM
DESENVOLVIMENTO

A assimetria em
desenvolvimento é uma
densidade fibroglandular
NOVA, MAIOR ou MELHOR
VISÍVEL em relação à
mamografia anterior. O valor
preditivo positivo da
assimetria em desenvolvimento
é cerca de 15%, devendo ser
classificada na categoria BI-
RADS 4B.
Mamografia realizada em 01/2014
Assimetria focal no quadrante
súperolateral da mama esquerda,
associada a distorção arquitetural.
O achado é identificado próximo
ao marcador metálico de cicatriz
cirúrgica cutânea, relacionada a
biópsia excecional de nódulo
complexo com resultado
anatomopatológico de papiloma
(BI-RADS-MG
Historia clínica
Paciente do sexo feminino, 41 anos, procurou serviço médico no Centro de Atenção Integral
à Mulher (CAISM – UNICAMP) com queixa de descarga papilar sanguinolenta.

Ao exame físico das mamas não foram encontradas alterações nas inspeções estática ou
dinâmica. À palpação não foram encontradas alterações, porém houve expressão papilar
sanguinolenta bilateralmente.

Antecedentes pessoais Tratamento para SIDA há 8 anos; portadora do vírus da hepatite C;


tabagista ( 10 maços/ano).Relata injeção de silicone industrial nas mamas há 10 anos.

Hipótese Diagnóstica: siliconoma

Paciente realizou mamografia para esclarecimento diagnóstico.

Conduta: não foi realizada abordagem cirúrgica devido às comorbidades associadas e à


discordância da paciente em realizar mastectomia seguida de reconstrução mamária.
Paciente segue realizando mamografias e ultrassonografias anuais.
Descrição das imagens

O exame mamográfico realizado nas incidências Crânio


Caudal (CC) e Médio Lateral Oblíqua( MLO) evidencia
densidades heterogênas hiperdensas, distribuídas difusamente
em ambas as mamas, compatíveis com silicone intramamário.

Diagnóstico

Siliconoma devido à injeção de silicone líquido industrial


intramamário.
Discussão

Existem basicamente 3 tipos de apresentação do silicone: líquido, gel e


elastômero. A injeção de silicone líquido com finalidade estética teve o
seu auge nos anos 1950, porém as complicações agudas e crônicas que
causava no organismo humano levaram o Food and Drug
Administration (FDA) a proibirem seu uso em 1994, sendo a única
exceção para o tratamento de descolamento de retina.

Entre as complicações da injeção de silicone líquido temos: processos


inflamatórios localizados; formação de siliconomas; infecções e
necroses teciduais; migração do silicone pelos vasos linfáticos, pelos
venosos ou mesmo pela força da gravidade. As manifestações dessas
complicações podem ser agudas, como edema ou eritema, ou tardias,
como reações granulomatosas.
O termo siliconoma popularizou-se em meados de 1965 para se
referir a uma reação tipo corpo estranho. A forma irregular do
silicone impede sua fagocitose, levando à formação de granulomas,
tendo suas partículas maiores sendo encapsuladas por tecido
fibroso.

A formação de reação fibrótica e de múltiplas coleções de silicone


compromete o exame físico das mamas e a avaliação das mamas por
métodos de imagem, como mamografia. Dessa forma, dificulta a
detecção de lesões mamárias, inclusive a do câncer de mama.
Pode ser feito tratamento com anti-inflamatórios, corticoides e
antibióticos sistêmicos nos casos que se apresentarem como eritema,
edema e celulite. A remoção completa do silicone líquido é difícil pela
sua localização e formação de tecido fibroso. O tratamento mais
indicado é adenomastectomia para remoção do siliconoma mamário
e tratamento da mastite crônica, sendo realizada posteriormente a
reconstrução mamária.

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