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Pitágoras e o Pitagorismo Antigo

O Primeiro Princípio

“Os chamados ‘pitagóricos’ valiam-se de princípios e


elementos mais estranhos do que o que faziam os
demais filósofos naturais. A razão é que eles não
formavam os seus princípios a partir de coisas
perceptíveis … e ainda assim tudo o que discutiam e
tratavam tem a ver com a natureza…”
Aristóteles, Metaph. I 8, 989b29ss = DK B22
O Primeiro Princípio

“Sendo educados na matemática, <os pitagóricos>


acreditaram que os seus princípios fossem os
princípios de todas as coisas que são. E uma vez que
os números são, por natureza, primeiros entre os
princípios e pensavam observar nos números muitas
semelhanças com as coisas que são e que vêm a ser
… e uma vez que viam os atributos e as razões das
escalas musicais nos números e outras coisas pareciam
ser feitas à semelhança dos números na sua inteira
natureza e os números pareciam ser primários em toda
a natureza, supuseram que os elementos dos
números fossem os elementos de todas as coisas que
são.”
Aristóteles, Metaph. I 5, 985b23ss = DK B4
O Primeiro Princípio

“Os elementos do número são o par e o ímpar e desses o


último é limitado e o primeiro é ilimitado. O um é composto
de ambos (pois é tanto par como ímpar) e o número nasce
do um; e os números, como disse, constituem o universo
inteiro.”
Aristóteles, Metaph. I 5, 986a17ss = DK B5

“<Os pitagóricos> afirmam que o ilimitado é o par. Pois,


quando é cercado e limitado pelo ímpar, resultam coisas
com as qualidades do ilimitado. Evidência disso é o que
acontece com os números. Pois, quando os gnómones são
dispostos em torno do um e ao lado <em torno de um
número par>, num caso a forma é sempre diferente e no
outro é sempre um.”
Aristóteles, Ph. III 4, 203a10ss = DK B28
Gnómon (originalmente: “esquadro”)
e a produção de
Números Quadrados e Números Oblongos
O Primeiro Princípio

“<Os pitagóricos> afirmavam que o momento oportuno é o


número 7, uma vez que as coisas que são naturais
parecem ter os seus momentos oportunos de realização
no nascimento e no crescimento aos setes. Os humanos,
por exemplo. Nascem em sete meses e formam a sua
dentição no mesmo número de meses e alcançam a
adolescência no segundo período de sete anos e crescem-
lhes as barbas no terceiro. ... Afirmam que o casamento é
o número 5, porque o casamento é a união do macho e da
fêmea e esse número é o primeiro a ter na sua origem o
primeiro número par e o 3, o primeiro número ímpar. ...
Afirmavam que, porque é estável e semelhante em todos
os modos e soberana, a inteligência é a unidade e o um.”
Alexandre de Afrodísias, In Metaph. 38.16ss
Os Opostos

“Outros dessa mesma escola afirmaram que são dez os


princípios, dispostos em colunas paralelas:
limite – ilimitado
ímpar – par
um – múltiplo
direita – esquerda
macho – fêmea
repouso – movimento
recto – curvo
luz – trevas
bom – mau
quadrado – oblongo.”

Aristóteles, Metaph. I 5, 986a22ss = DK B5


A Tétrade
Soteriologia

“Os egípcios foram os primeiros a declarar essa


doutrina também, que a alma humana é imortal, e
que, cada vez que o corpo perece, ela entra noutro
animal no momento do seu nascimento. Quando ela
tiver cumprido o circuito de todos os animais
terrestres, marítimos e aéreos, novamente entra
num corpo humano no momento do seu nascimento.
O seu circuito leva três mil anos. Alguns gregos
adoptaram essa doutrina, alguns desde há muito,
outros posteriormente, como se lhe fosse própria.
Conheço os seus nomes, mas não os escrevo.”
Heródoto, Histórias 2.123 = DK B14, 1
Soteriologia

“Pois ele afirma que a alma é imortal; e então ela


transforma-se noutras espécies de animais; acrescenta
que as coisas que ocorrem repetem-se em certos
intervalos de tempo, que nada é absolutamente novo e
que todas as coisas que vêm a ser vivas devem ser
pensadas como semelhantes. Pitágoras parece ter
sido o primeiro a introduzir estas opiniões na Grécia.”
Porfírio, Vida de Pitágoras 19 = DK B14, 8a
Regras de Conduta e Abstinência

“<Pitágoras ordenou aos seus seguidores> que não


tomassem <comida> que tivesse caído, de modo a
acostumá-los a comer com autoindulgência ou porque
caíra por ocasião da morte de alguém; ... a não tocar num
galo branco, pois é sagrado ao mês e é um suplicante (é
uma coisa boa e é sagrado para o mês porque indica as
horas ... o branco é da natureza do bem, enquanto o negro
é da natureza do mal); não partir o pão, pois os amigos há
muito costumavam encontrar-se em torno de um único
pão, assim como fazem ainda os estrangeiros, e não <se
deve> dividir o que os une.”
Aristóteles, fr. 195 Rose = DK C3
Regras de Conduta e Abstinência

“Não agitar o fogo com uma faca.


Apagar as marcas de uma panela nas cinzas.
Não usar anéis.
Não ter andorinhas em casa.
Desprezar cortes de unhas e cabelos.
Dobrar os lençóis ao amanhecer
e alisar a marca do corpo.
Não urinar de frente para o sol.”
Jâmblico, Protréptico 21 (selecção) = DK C6

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