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Padre

Bartolomeu
de Gusmão
Memorial do Convento de José Saramago

23 ● Maio ● 2022 Ana Timm, Bruno Manuel, Diogo Clara, Maria Margarida Português
Índice do trabalho

01. 02.
Caracterização de Leitura e análise de um
Bartolomeu de Gusmão poema

Construção da passarola, “Pedra filosofal” de António


Oratória barroca; Gedeão

03. 04.
Debate sobre as
(im)possibilidades do sonho Conclusão
Biografia do padre Bartolomeu de Gusmão

Bartolomeu Lourenço de Gusmão, nasceu em dezembro de


1685, também conhecido por " O Voador".

Foi um sacerdote, cientista e inventor luso-brasileiro nascido em


Santos, no Brasil.

Terminou o seu curso em 1699 , onde descobriu a sua veia de


inventor, e em 1701 decidiu entrar na Companhia de Jesus.

Em 1708 ,finalmente "padre", Bartolomeu embarcou para


Portugal, onde começou a traçar as ideias do seu maior
projeto, a passarola.
Biografia do padre Bartolomeu de Gusmão

Já desenhada a passarola, o projeto especial do inventor,


esta foi copiada pela Europa fora.

Viveu em Paris, ganhando dinheiro como ervanário.

Quando regressa para Portugal é perseguido pela


Inquisição , devido a acusações de este simpatizar
com novos-cristãos.

Este é obrigado a fugir para Toledo ,Espanha onde


adoeceu e, consequentemente ,faleceu, no dia 18 de
Novembro de 1724.
Padre Bartolomeu em
Memorial do Convento

A construção desta personagem resulta de uma mistura de


realidade histórica e da ficção criada por José
Saramago.

Este está presente na maioria dos momentos importantes do


livro, até mesmo quando não está, causa repercussões
gigantes nas vidas das personagens.
Paralelismo entre a ficção e o real
Paralelismo entre a ficção e o real
Paralelismo entre a ficção e o real
Padre Bartolomeu de Gusmão

É apelidado de “O
É um estrangeirado
voador”
"mas ao Voador não cresceram "a de Bartolomeu Lourenço, que
bastante as asas“ p. 61 no Brasil nasceu e novo veio pela
primeira vez a Portugal"p.36
Aludindo às tentativas falhadas de
voar do padre.
Padre Bartolomeu de Gusmão

Mais baixo que Baltasar É um grande orador

Parece mais novo que Baltasar,


no entanto têm a mesma idade. "(...) que tenha o padre
Bartolomeu Lourenço tão grande
fama de orador sacro, ao ponto de
"e assim ficaram parados, o padre um o terem comparado ao padre
pouco mais baixo e parecendo António Vieira,(...)" pág.56
mais novo, mas não, têm ambos a
mesma idade, vinte e seis anos,"
pág.36
Padre Bartolomeu de Gusmão

É um padre muito É uma personalidade


diferente dos outros. importante do reino.

pelo facto de dar a sua bênção à união "bafejado pelos ares do Paço e da
entre Baltasar e Blimunda , Igreja" p. 61
mostrando que o casamento para
ele é a dádiva de cada um ao
outro .

«Aceitas para a tua boca a colher de


que se serviu a boca deste
homem, fazendo teu o que foi
dele, e tantas vezes que se perca
o sentido do teu e do meu» p. 56
Padre Bartolomeu de Gusmão
É gozado pela corte, pois
Homem culto e possuidor ninguém o entende, nem
de uma superioridade ao seu sonho porque é um
homem demasiado á
intelectual perante o clero frente da sociedade em
de Lisboa, mesquinho , que vive.
hipócrita e ignorante.
"Tenho sido a risada da corte" p.6

" sabe responder a todas as dúvidas


da Sagrada Escritura" ,p.62;

"este sublime engenho“ ,p.63


Padre Bartolomeu de Gusmão

Questiona a igreja da
altura, os seus dogmas, a
sua doutrina. Estava "Está doente, padre Bartolomeu
Lourenço, deite-nos a sua
perante uma crise de fé. bênção ,padre. Não posso, não sei
em nome de que Deus a deitaria,
abençoem-se antes um ao outro, é
"Cuidado, ó pregador, que quando fazes quanto basta,(...)"p.194
virar ao conceito os pés pela cabeça
estás dando involuntária voz à
tentação herética que dorme dentro de
ti (...) e dessa maneira desejas escapar
à condenação(...)"p.172
Padre Bartolomeu de Gusmão

Para o final da sua


aparição da obra, este O padre faz parte da
está cada vez mais em Trindade terrena,
pânico, devido à juntamente com
inquisição. Blimunda e Baltasar

"É uma trindade terrestre, o pai, o


"Padre Bartolomeu Lourenço, de que
filho e o espírito santo,"
é que tem medo, e o padre, assim
p. 111
interpelado diretamente,
estremece, levanta-se agitado, vai
até à porta, olha para fora e,
tendo voltado, responde em voz
baixa, Do Santo Ofício"p.197
Relações interpessoais de Bartolomeu de Gusmão

D. João V Domenico Scarlatti


D.João V mantem uma boa relação com o
Estes têm uma boa relação sendo Scarlatti o
Padre tendo em conta que este é bastante
único a saber dos planos do padre, sem ser
respeitado no reino, e apoiado pelo rei no
Blimunda e Baltasar. No entanto, vai ser
seu sonho de voar.
este que vai anunciar a sua morte.

"Vim-te dizer, e a Baltasar, que o padre


"talvez eu possa dizer uma palavra a sua
Bartolomeu de Gusmão morreu em Toledo, que
majestade, que me distingue com a sua
é em Espanha, para onde tinha fugido, dizem
estima e protecção"p.62
que louco "p.231
Relações interpessoais de Bartolomeu de Gusmão

Baltasar sete sóis Blimunda sete luas


A relação entre estas duas personagens, é uma
A relação entre os dois é mais uma vez de
relação de pura amizade, quase de irmandade,
profunda amizade, sendo o padre que a casou
depois de tudo o que passaram, tornaram-se
com Baltasar, e os esforços que Blimunda fez
bastante próximos, sem eles não era possível
pela passarola, uma prova de amizade
chegar-se ao sonho, no entanto, ao longo da obra,
bastante importante na relação entre os dois,
nota-se que Bartolomeu dá conselhos e bênçãos a
e depois de tanto tempo juntos já se
Baltasar portanto, é uma relação com espaço para ,
conhecem bastante bem um ao outro. Os dois
guiarem-se e entreajudarem-se um ao outro.
são membros da trindade terrestre.
Construção da
passarola
Percurso, fases e o seu valor simbólico
Valor simbólico da passarola
● A Passarola simboliza o sonho , o sonho concretizado,
depois de tanto tempo a trabalhar a recompensa é um
sonho realizado, e um passo mais perto dos deuses.

● O voo da Passarola eleva os humanos a uma condição


mais longe dos homens e mais perto dos deuses.
Simboliza a libertação do espírito pois liga o céu e a
Terra.

● No entanto, pode ser um símbolo com dois sentidos pois é


esta que une a trindade, no entanto vai separá-la e dar-lhes
destinos horríveis em troca de um sonho realizado.
As classes opositoras na construção da passarola

Clero Povo
• Bartolomeu funcionário da corte, tem a • É amigo de Baltasar e Blimunda,
amizade do rei que o apoia no seu recebe deles ajuda na concretização
projeto, cedendo-lhe a quinta de S. do seu projeto, compreende e aceita as
Sebastião da Pedreira; suas vivências
• O povo acolhe-o, confia e participa no
• A corte vê o projeto com incredulidade, projeto (nas personagens de Baltasar e
menosprezando-o (Cap. VI, pág. 64) Blimunda) (Cap. VI, pág.68)
Fases e percurso da passarola

Capítulo V Capítulo IV Capítulo XIV


o padre é-nos apresentado como tem funções na corte e a
tomamos conhecimento do padre
Voador por João Elvas. (pág.61) amizade do rei que o
que assistia ao auto de fé e que
protege (pág. 166)
foi depois com Blimunda para
o percurso das suas aventuras é
casa dela, sempre seguidos por
contado pelo próprio padre a
Baltasar, e aí os “casou”.
Baltasar (pp.63-64)
Fases e percurso da passarola

Capítulo XV Capítulo VI Capítulo VI


A preocupação com a aquisição de O invento é planificável no Do projeto à execução vai
conhecimentos leva-o às leituras desenho do projeto e é explicado ser preciso muito trabalho,
mais diversificadas, na esperança de por processos naturais, embora muita dedicação e entrega.
alcançar a totalidade do saber (pág. haja uma área que não prescinde O padre convence Baltasar
182) da ajuda da alquimia (pág.67-68) a ajudá-lo. (pág.68-69)
Fases e percurso da passarola

Capítulo IX Capítulo IX Capítulo IX


Mudam-se então para a quinta de S. A construção da parte mecânica do
Sebastião da Pedreira e Blimunda Devido a esta capacidade o padre invento vai em bom ritmo, no entanto, é
decide acompanhar Baltasar. Passa batizou-a “Sete-Luas” (pág.94) preciso descobrir a tecnologia que o fará
então a contribuir com os seus voar. O padre desloca-se então à Holanda
poderes mágicos para obtenção desse conhecimento (pág.
(pág.94) 96-97)
A oratória barroca
A Oratória define-se como a “arte de bem falar em público” e teve o seu máximo cultor
no Padre António Vieira, que transformou o púlpito em tribuna política para comentar os
grandes problemas da época.
 
No século XVII, a pregação era um espetáculo, cuja principal função era deleitar
(delectare), para além de ensinar (docere) e influenciar comportamentos (movere) e
estava no espírito da Contrarreforma a captação e evangelização das multidões não tanto
pela razão, mas pela sensibilidade, pelo prazer, pelo puro gozo intelectual e também pelo
terror e pela piedade.

Linguagem e estilo de memorial do convento: as invetivas e as interpelações diretas ao


leitor (narratário), criando um estilo próximo da oratória barroca e uma maior
cumplicidade entre narrador/narratário; 
03 Pedra filosofal de
António Gedão
Análise e compreensão do poema

https://www.youtube.com/watch?v=B6OzDnFzlVI
“Pedra filosofal” de António Gedeão
“Pedra filosofal” de António Gedeão

• Encontrar a misteriosa pedra filosofal era o principal objetivo dos alquimistas.


Segundo a lenda, era um objeto que poderia aproximar o Homem de Deus. Com
ela, o alquimista poderia transformar qualquer metal inferior em ouro e obter
o Elixir da Vida Eterna. A Pedra Filosofal nunca foi encontrada. Para António
Gedeão, ela é o sonho. É graças a ele que o mundo avança.
“Pedra filosofal” de António Gedeão
● Tema - elogio do sonho -> Leva o
homem a superar as suas capacidades; ● Segundo o sujeito poético, o sonho é
É o que conduz o progresso; Sem uma constante da vida, "concreta e
sonho, não há evolução; definida como outra coisa qualquer",
ou seja, o sonho domina a vida dos
homens, como as coisas mais simples
● Os sonhos podem ser simples: sendo que nos rodeiam;
algo muito subjetivo, transforma-se
em algo concreto, que são as
realizações humanas, que levam ao
progresso;
“Pedra filosofal” de António Gedeão

● Os sonhos estão relacionados com a constante esperança


da humanidade: por exemplo, os pinheiros verdes e altos
mostram que a esperança/sonho não tem limites e nos
pode elevar até ao céu.

● É através do sonho que o Homem alcança o progresso em


todas as áreas: Arte, Tecnologia; Geografia; História e
Indústria
“Pedra filosofal” de António Gedeão
• No caso português, António Gedeão ressalta o sonho dos Descobrimentos, que levaram um
povo a conquistar novos mundos até então desconhecidos;

• Para sintetizar, o título "Pedra Filosofal" remete para a alquimia, o que evidencia a essência
mágica do sonho: o efeito alquímico que o sonho consegue transportar em si, tornando-se
realidade

• Por último ao referir-se sempre ao "eles", o sujeito poético crítica todos os seres humanos
que se mostram incapazes de sonhar e não conhecem, por isso, as potencialidades do
sonho. Ao utilizar a 3ª pessoa, o sujeito distancia-se desses humanos, assumindo-se um
sonhador;
Estrutura externa do
poema A rima:
Alguns versos soltos, mas a maioria dos versos tem rima:

O poema é constituído por quatro estrofes: Rima emparelhada: aa/aaa


Rima interpolada: abba/abca
A 1ª estrofe tem 12 versos Rima cruzada: abab ( apenas dois casos)
A 2ª estrofe tem 6 versos ( é uma sextilha)
A 3ª estofe tem 24 versos
A 4ª estrofe tem 6 versos ( é uma sextilha)

Todos os versos têm sete sílabas métricas- são heptassílabos.


São versos também chamados de redondilha maior.
Comparação: “como outra coisa qualquer,
como esta pedra cinzenta”

Recursos estilísticos Enumeração: “que é cabo da Boa Esperança,


ouro, canela, marfim,
no poema florete de espadachim,
bastidor, passo de dança,
Colombina e Arlequim”

Anáfora: “Eles não sabem que o sonho”

Metáfora: “Eles não sabem que o sonho


é vinho, é espuma, é fermento,
bichinho álacre e sedento,
de focinho pontiagudo,
que fossa através de tudo
num perpétuo movimento.”
As (im)possibilidades do
sonho
Diálogo/Debate em sala de aula
“A esperança é o sonho do homem acordado.”
Aristóteles

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