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Psicologia, ciência e

profissão
Profª: Juliana Cintra
INDIVIDUALIDADE
2°SEMESTRE

 Acadêmicas:
Maria Helena Angelozi
Nádia Cristina Navarro
Vitória Coelho
Lilian Santiago da Costa
Emilly Marques Garcia
Rubiana Ferreira de Souza Delgado
Karen Dayane Rodrigues Fagundes
Mara Janete da Silva Chaves
Giovanna Paola Charão Escanaichi
Juliana Dominguez de Oliveira
Francisca Fatima da Silva
Leila Cristina Teles
CONCEITO

 O que é?
• O conceito de individualidade é amplamente discutido nas ciências humanas, perpassando várias
disciplinas (Psicologia, Filosofia, Ciências Sociais, História, Geografia e Educação).
 Segundo o dicionário temos:
 substantivo feminino
 1.qualidade, caráter do que é individual, do que existe como indivíduo.
 "i. biológica"
 2.conjunto de atributos que distingue um indivíduo ou uma coisa.
 3.conjunto de atributos que constitui a originalidade, a unicidade de alguém ou de algo.
 4.POR EXTENSÃO
ser humano; indivíduo, homem.
 "por conta de uma i., escravos perdiam suas vidas“
 5.pessoa que se distingue das outras pelas suas excepcionais qualidades; personalidade, vulto.
 Origem
⊙ ETIM individual + -i- + -dade
Individualidade na perspectiva Histórico-Cultural

 Dentro da concepção de individualidade desenvolvida pela psicologia histórico-cultural,


notadamente em Leontiev (1978;1979), o termo se remete ao indivíduo, assim caracterizado:

“Um produto da evolução biológica cujo transcurso opera-se não somente no processo de
diferenciação dos órgãos e funções, mas também de sua integração, de seu "ajuste“ recíproco. [...] O
indivíduo é antes de tudo uma formação genotípica. Mas o indivíduo não é apenas isso, sua formação
é contínua - como é sabido - na ontogênese, durante o curso da vida. Por isso, na caracterização das
mesmas que se formam ontogenéticamente. “(SILVA apud LEONTIEV, p. 136).

 Neste contexto, o indivíduo é produto de uma ontogênese e uma filogênese, ou seja, é


primeiramente constituição de sua herança biológica, dotada de um sistema nervoso e
dinamicidade das necessidades biológicas, mas que é moldado quando exposta a um meio social,
passando então a ser também produto da integração com outros indivíduos. O termo
“individualidade” passa a ganhar maior notoriedade no Brasil com estudos de Duarte (1996),
entendida então como as características naturais do indivíduo que possibilitam o desenvolvimento
da singularidade e de seu psiquismo.
 Para Duarte (1996) existem duas categorias de individualidade. A individualidade em-si é
caracterizada, principalmente pela alienação, esta, produto do capitalismo; e a individualidade
para-si, expressada como “(...) uma tendência na formação do indivíduo no sentido de uma
relação cada vez mais consciente com a sua individualidade como síntese das condições
particulares da sua existência e da sua condição de um ser genérico” (DUARTE, 1993, p.135 -
136). Neste sentido, se vê na transição da individualidade em-si, para uma individualidade
para-si, um processo que permitiria ao homem uma maior consciência de si, de seu psiquismo.
 Avançando na compreensão da individualidade a partir do pensamento marxista, Duarte
(1996) aponta o gênero humano como sendo uma existência objetiva, isto é, externa ao
indivíduo. Essa primeira premissa é essencial para que se entenda posteriormente o conceito
de individualidade, pois o autor entende que diferentemente dos animais, que possuem uma
transmissão essencialmente biológica, o ser humano não se limita a isso, pois não contêm em
sua transmissão genética as características próprias da espécie, que nos distingue dos
demais animais. Isso quer dizer que, as características do homem como pertencente a uma
espécie, não são suficientes para que seja atribuído a ele o gênero humano.
 Na perspectiva da teoria histórico-cultural, o indivíduo primeiramente reproduz uma hierarquia
espontânea das atividades cotidianas estabelecidas socialmente, e que possuí estreito vínculo
com as objetivações genéricas em-si. Essas atividades, essenciais para que o individuo
sobreviva em comunidade, estão diretamente ligadas com a produção do indivíduo em-si. A
categoria das objetivações genéricas para-si, que permitiria o homem um contato consciente
com sua vida passa só ser possível a partir do desenvolvimento humano e da apropriação das
generecidades produzidas por ele. (DUARTE, 1996)
 Duarte (1996) afirma a alienação como a expressão máxima do abismo existente entre as
possibilidades concretas de desenvolvimento genérico da humanidade e o desenvolvimento
dos indivíduos singulares, pois estes estão submetidos a uma hierarquia de atividades
caracteristicamente heterogêneas, tornando-as, portanto, espontâneas e mais suscetíveis a
reprodução de uma ordem alienante.
 Neste sentido, o processo formativo em-si, ocorre sob as formas de pensamento e ação do
cotidiano, e é necessário para que o indivíduo interaja enquanto membro de uma sociedade. A
alienação está na impossibilidade do mesmo indivíduo de se apropriar das objetivações
genéricas para-si produzidas historicamente, sendo impossibilitado de maneira consciente,
hierarquizar suas atividades. (DUARTE, 1996)
Conforme lembra Schuhli (2011):
“Quanto maior for a alienação produzida pela estrutura econômica de uma sociedade, menor
será, portanto, a margem de movimento individual em relação às formas de comportamento e
pensamento da vida cotidiana.” (SCHUHLI, 2011 p. 42).
 Para a psicologia histórico-cultural, o processo da individualidade para-si, é essencial para uma
relação cada vez mais consciente com as formas pelas quais, subjetiva e objetivamente, o
sujeito reproduz em sua vida, tanto a alienação quanto a humanização, num processo de
superação das formas de produção e reprodução da alienação as quais já tomou consciência.
 A teoria Marxista vê, de forma coletiva, a superação da alienação, e a conscientização seria o
primeiro passo para uma mudança efetiva em função desta transformação.
Individualidade na perspectiva Junguiana (Psicologia Analítica)

 A obra de Carl Gustav Jung e sua análise da individuação remetem para vários
construtos, entre os quais inconsciente pessoal, inconsciente coletivo, persona, sombra,
anima, animus, etc. e que formam uma concepção do desenvolvimento da
personalidade. Segundo Jung (1978, p. 49):
“Individuação significa tornar-se um ser único, na medida em que por ‘individualidade’
entenderemos nossa singularidade mais íntima, última e incomparável, significando também
que nos tornamos o nosso próprio si mesmo. Podemos, pois, traduzir ‘individuação’ como
‘tornar-se si mesmo’ (Verselbstung) ou ‘o realizar-se do si mesmo’ (Selbstwerwirklichung).”
 O processo de individuação não é algo simples. É um processo complexo e permeado
por fases e dificuldades. Antes da individuação ocorre a alienação. As várias
possibilidades de desenvolvimento do indivíduo podem ser denominadas “alienações do
si mesmo” (JUNG, 1978). Essas alienações são “modos de despojar o si mesmo de sua
realidade, em benefício de um papel exterior ou de um significado imaginário”, que, “em
ambos os casos, verifica-se uma preponderância do coletivo” (JUNG, 1978, p. 49). No
entanto, a individuação é um movimento para a realização, ou melhor, para a autor
realização. “Todo ser tende a realizar o que existe nele em germe, a crescer, a
completar-se. Assim é para a semente do vegetal e para o embrião do animal. Assim é
para o homem, quanto ao corpo e quanto à psique” (SILVEIRA, 1983).
 O indivíduo para se tornar específico e inteiro, precisa passar pelo confronto entre
inconsciente e consciência, através do conflito e da colaboração, que gera o
amadurecimento através dos diversos componentes da personalidade (SILVEIRA, 1983).
Ele significa a tendência instintiva no sentido de realizar sob forma plena as
potencialidades humanas inatas. A individuação possui algumas fases, sendo que a
primeira é a retirada da máscara, ou do que Jung denomina persona.
“A individuação obrigava a abandonar a confortável segurança da identificação do
quem-eu-sou com o-que-eu-faço, nossos papeis familiares, pessoais e sociais, a que Jung
chamava a persona ou máscara social. Por exemplo, a persona de Jung era ser um médico
ou psiquiatra. A dissolução dessa persona era necessária para o desenvolvimento porque
ela não passa de um segmento da psique coletiva. Tal máscara apenas estimula nossa
individualidade, mas não a exprime. Descobrimos, na análise, que o que pensamos ser
individual e exclusivo em nós é, na verdade, coletivo, um falso sistema do Self interiorizado”
(STAUDE, 1995, p. 106).
 O campo perceptivo de Jung é a mente humana enquanto que a sociologia tem a
sociedade como domínio temático, assim como a antropologia se dedica à cultura e
outras ciências humanas outros aspectos da sociedade (ciência política, historiografia,
economia, etc.).
 O que Jung denomina “individuação” é um processo psíquico no qual a sociedade pouco
aparece. Erich Fromm também discute o processo de individuação, mas o faz mostrando
não apenas o desenvolvimento do universo psíquico individual, pois apresenta também
que se trata de um processo social (FROMM, 1981). É esse processo que possibilitou
algumas críticas ao pensamento junguiano:
“Jung considerava a ‘individuação’ e a ‘coletividade’ como um par de opostos.
Críticos de Jung objetaram quanto ao fato de que ele não tinha um senso de
sociedade, de que a individuação só é possível quando o indivíduo obtém sua
individuação às custas de um trabalho equivalente em benefício do coletivo, da
sociedade. Só os que pagaram seu preço à sociedade por iniciativa própria podem
atingir os níveis mais elevados da individuação (STAUDE, 1995, p. 107).”
 Uma das principais contribuições de Jung é o processo de individuação, tal
processo é explicitado na perspectiva do indivíduo em seu processo de
formação, o que teria, como processo determinante, o processo de
socialização, pensado na perspectiva social.
Na perspectiva do Behaviorismo
 Essa corrente de pensamento surgiu a partir da percepção de que a
psicanálise oferecia uma atitude científica reduzida.
Assim como a psicologia cognitiva, o behaviorismo segue o positivismo
e desconsidera tudo aquilo que não pode ser medido de maneira
objetiva.

 Diferente do cognitivismo, no entanto, seu foco se volta ao


comportamento do ser humano.

 Ou seja, concentra os estudos na relação entre os estímulos


percebidos e os comportamentos por eles provocados.
Na perspectivas das Teorias Comportamentais Modernas
 Sendo a personalidade o maior bem que o indivíduo singular consegue oferecer à organização. É a
individualidade que transforma o ser humano de isolado em exclusivo, portador de habilidades e de
capacidades distintas, detentor de potencialidades que somente ele executa com excelência em
seu grupo de convivência. A direção do melhor aproveitamento destas capacidades pela
organização é o norte das teorias comportamentais modernas.

 Saindo da teoria clássica da administração, de visão mecanicista e temporal, surge então as teorias
comportamentais, com estudos estruturados a partir de 1940, com Maslow, Lewin, Herzberg e
McGregor.

 Dessa maneira, a pirâmide de Maslow é uma ótima ferramenta de motivação e crescimento.


Portanto, sempre que estivermos em dúvida do que queremos para nós, podemos pensar nela e
tentar identificar em qual estágio estamos. Isso nos ajudará a enxergar um direcionamento melhor
para os nossos próximos passos rumo à conquista de uma vida épica.
Autorrealização

 Por fim, temos como última necessidade a ser suprida: a de autorrealização. A única que está na
categoria de crescimento, lembra? Essa pode ser considerada a mais satisfatória para nós humanos,
pois é a que mais se afasta dos instintos animais.

 Por meio dela, somos motivados a alcançar o nosso potencial máximo. Deixamos o julgamento social
de lado e exploramos mais a nossa individualidade, a fim de atingirmos a nossa realização pessoal.
Nela se encontram questões como moralidade, valores, independência, criatividade e
espontaneidade.
A visão do Sociólogo Zygmunt Bauman
AS CONEXÕES NO MUNDO MODERNO FORAM INDIVIDUALIZADAS
 Bauman observa que o século 20 sofreu uma passagem da sociedade de produção para a sociedade
de consumo. Com isso, também passamos pelo processo de fragmentação da vida humana e
deixamos de pensar em termos de comunidade — a qual nação, grupos ou movimento político
pertencemos. A identidade pessoal, após essa transformação, restringiu o significado e propósito da
vida e da felicidade a tudo aquilo que acontece com cada pessoa individualmente.

 A ideia de progresso foi transferida da ideia de melhoria partilhada para a de sobrevivência do


indivíduo”, resumiu o sociólogo em entrevista para a Revista Cult. “O progresso é pensado não mais
a partir do contexto de um desejo de corrida para a frente, mas em conexão com o esforço
desesperado para se manter na corrida.”
CRÍTICAS AO INDIVIDUALISMO

 Abordagem que realiza concessões às teses pós-moderna é a apresentação


da “psicologia social crítica” por Hepburn (2003). A autora afirma que a
psicologia social institucionalizada, especialmente dos EUA, era marcada por
um foco individualista e que resultou na chamada “crise da psicologia social”.
Essa crise trouxe três tipos de crítica:
 A) Críticas do individualismo.
 B) Críticas ao método.
 C) Crítica teórica.
Individualidade e individualismo
 Há uma grande diferença entre o individualismo e a individualidade. O
individualismo é uma característica doentia da personalidade, ancorada na
incapacidade de aprender com os outros, na carência de solidariedade, no
desejo de atender em primeiro, segundo e terceiro lugar aos próprios
interesses. Em último lugar, ficam as necessidades dos outros.
 A individualidade, por sua vez, está ancorada na segurança, na determinação,
na capacidade de escolha. É, portanto, uma característica muito saudável da
personalidade. Infelizmente, desenvolvemos frequentemente o individualismo
e não a individualidade.
 Aprendemos a matemática numérica, mas não aprendemos a matemática da
emoção. Aprendemos a língua, mas não aprendemos a linguagem da emoção.
Por isso, aprendemos a explorar o mundo de fora, mas não aprendemos a
explorar o mundo de dentro.
 A individualidade deve existir, pois ela é o alicerce da identidade da
personalidade. Não há duas pessoas iguais no universo. Mas o individualismo é
prejudicial.
 Reflexão
 Na verdade, não nascemos humanos, nós nos
tornamos humanos ao desenvolver muitas dimensões
e descobrir inúmeros potenciais. A cada desafio,
estamos nos criando e recriando. Continuamente.
(Roberto A. Trajan, Livro Chamamento)
 A individualidade, por sua vez, está ancorada na
segurança, na determinação, na capacidade de
escolha. É, portanto, uma característica muito
saudável da personalidade Augusto Cury, in 'Nunca
Desista dos Seus Sonhos'
Bibliografia
 DUARTE, N. A individualidade para-si (contribuição a uma teoria histórico-social da
formação do indivíduo). Campinas: Autores Associados, 1993.
 LEONTIEV, A. N. O homem e a cultura. In: Desenvolvimento do psiquismo. São Paulo:
Centauro, 1978.
 LEONTIEV, A. N. Atividade, consciência e personalidade. Lisboa, 1979
 MARX, K. Manuscritos Econômicos-Filosóficos. Tradução portuguesa do Inglês por Artur
Mourão. Lisboa: Edições 70, 1989.
 Artigo: INDIVIDUALIDADE E PÓS-MODERNIDADE NO PENSAMENTO DE BAUMAN E NA
PSICOLOGIA HISTÓRICO-CULTURAL (Alvaro Marcel Palomo Alves1 /Afonso Henrique
Iwata2)
ALVES, A. M. P.; IWATA, A. H. Individualidade e pós-modernidade no pensamento de
bauman e na psicologia histórico-cultural. Akrópolis. Umuarama, v. 25, n. 2, p. 131-137,
jul./dez. 2017.
DOI: 10.25110/akropolis.v25i2.6398
Recebido em outubro de 2017
Aceito em dezembro de 2017
 Artigo: Jung e individuação
NILDO VIANA**
*Recebido em: 21.06.2017. Aprovado em: 19.12.2017.
** Pós-Doutor pela USP. Doutor em Sociologia (UnB). Professor da Faculdade de
Ciências
Sociais e do Programa de Pós-Graduação em Sociologia (UFG). E-mail:
nildoviana@ymail.com
DOI 10.18224/frag.v27i4.5706 FRAGMENTOS DE CULTURA, Goiânia, v. 27, n. 4, p.
486-494, out./dez. 2017
 Artigo: Psicóloga, Doutora em Educação: Psicologia da Educação pela
PUC-SP Docente da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e
Mucuri, campus Diamantina E-mail: flaviagonsalves@yahoo.com.br
 Artigo: Teoria Comportamental da Administração - Herbert Alexander Simon. Chester
Barnard, Douglas McGregor, Rensis Likert, Chris Argyris

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