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Critérios

da ação
pastoral
SIT DOLOR AMET
Missão de Missão da Reino de
Jesus Igreja Deus
I. Critérios que brotam da
continuidade da missão de
Cristo.

Três grandes II. Critérios que brotam do


caminho em direção ao Reino.
referências

III. Critérios que brotam da


presença e missão no mundo.
I. CRITÉRIOS QUE BROTAM DA
CONTINUIDADE DA MISSÃO
DE CRISTO
TEÂNDRICO, SACRAMENTAL E DE CONVERSÃO.
1. Critério teândrico
Em toda ação pastoral estão
presentes a ação divina e a ação
humana. Esse é princípio é análogo
ao mistério da encarnação: união
pessoal em Cristo da natureza
humana e divina. A essa estrutura
da encarnação chamamos de
teândrica (Lumen Gentium 8a).
Para que uma ação pastoral continue sendo o lugar do protagonismo de Deus
na história, ela precisa ter: uma atitude de fé sempre presente na ação eclesial;
a confiança e a esperança de que Deus continua agindo na Igreja; não
manipular Deus ao serviço de nenhum interesse; deixar que o protagonismo da
ação pastoral seja realmente de Deus e não nosso; favorecer o encontro da
humanidade com Deus; confrontar continuamente a ação pastoral com a ação
de Deus e com sua revelação.

Por isso, a oração, a celebração e a contemplação são intrínsecas à ação


pastoral, pois permitem descobrir na Igreja a ação de Deus.
2. Critério sacramental
A estrutura sacramental da Igreja está em
estreita relação com a analogia do
mistério da Encarnação. A
sacramentalidade da Igreja brota do
próprio Cristo para continuar no mundo a
mediação sacramental exercida pelo seu
corpo. A Igreja, corpo de Cristo, torna
possível, pelo Espírito, a continuação da
sacramentalidade do Verbo encarnado.
 Toda ação pastoral está ao serviço da comunhão de Deus com
os homens e dos homens entre si;
 Toda ação pastoral possui um elemento externo de visibilidade
necessário na própria noção de sacramento. Por isso, a Igreja se
serve das estruturas pastorais ou do elemento institucional para
Quatro vertentes não se reduzir a uma concepção teológica espiritualista;

importantes dessa  Toda estrutura e ação pastoral, por seu caráter sacramental é
significativa, ou seja, faz referência a algo que está além do
sacramentalidade elemento sensível. Uma ação pastoral que torna presente a
salvação escatológica é uma ação simbólica;
 Toda ação pastoral se caracteriza também por sua eficácia no
mundo. Isso significa dizer que ela não apenas significa a
salvação, mas torna presente a salvação ali onde realiza seu
compromisso de serviço. A ação pastoral não é somente uma
alternativa oferecida ao nosso mundo, mas se compromete para
que este mundo ser abra à salvação.
3. Critério de conversão

A ação pastoral, por ser demasiadamente


humana, pode ser que não reflita
puramente a ação divina. O pecado pode
até mesmo ofuscar o rosto de Deus. A
própria falta de unidade na Igreja, desde os
níveis pessoais até a comunhão das igrejas,
é uma manifestação clara de que o Espírito
de Deus, artífice da unidade, nem sempre
está presente nas ações pastorais.
É importante evitar dois erros:
Triunfalismo. Identificar todas as ações Reducionismo sacramental. Este erro
pastorais como se fossem divinas. Nesse ocorre quando as ações sacramentais
erro, toda postura contra a Igreja é vista propriamente ditas são identificadas como
como postura contra o próprio Deus, como o seu autor humano (ministro) e nele se
se a Igreja fosse a encarnação permanente coloca a razão de toda sua eficácia, sem o
da divindade. reconhecimento da assistência especial do
Espírito.
II. CRITÉRIOS QUE BROTAM DO CAMINHO EM
DIREÇÃO AO REINO
4. Critério de historicidade
A história é dimensão constitutiva
da Igreja, como o próprio Cristo se
situa em uma história de salvação
na qual Deus foi realizando sua ação
salvadora. A Igreja, inaugurada na
plenitude dos tempos, vive na
contingência do seu ser temporal,
em perspectiva escatológica.
A distinção entre a Igreja e o Reino, torna a Igreja peregrina, dimensão fundamental
de ser Povo de Deus a caminho da plenitude. Essa tensão entre a Igreja e o Reino
leva a Igreja a:

Não se instalar em um Reconhecer os passos de Deus


momento da história como se na sua própria história e
já estivesse no Reino definitivo. superar, com a força do
Ressuscitado, suas próprias
dificuldades internas e
externas.
Esse critério de historicidade permite que determinadas ações
e estruturas pastorais apareçam e desapareçam de sua
trajetória. Isso evita:

Uma pastoral abstrata destinada a todos por igual, que desconhece as


circunstâncias concretas em que se desenvolve.

Uma pastoral impaciente, que queima as etapas do processo de


crescimento na fé e leva, normalmente, a uma esquizofrenia da fé.

Uma pastoral de conservação, infiel ao mesmo ser da Igreja que


encontra apenas no passado modelos de identificação e interrompe o
caminho na história do Reino de Deus.
5. Critério de abertura aos sinais dos tempos

Seguindo o raciocínio de que a Igreja Para cumprir a sua missão, a Igreja


e o Reino de Deus são distintos, isso necessita ler os sinais dos tempos,
nos abre a uma nova visão do conhecendo o mundo em que
mundo no qual também se vivemos com suas esperanças e
encontram sinais do Reino, ou seja, aspirações.
os valores do Reino transcendem os
limites visíveis da Igreja. A Igreja não
detém a exclusividade dos valores
do Reino
A leitura dos sinais dos tempos implica:
 Leitura de fé da realidade, que seja capaz de passar da materialidade das coisas ao
sentido profundo para a vida das pessoas;
 Confronto dessa realidade com o Evangelho de Jesus para discernir o que é sinal do
Reino, para potencializá-lo, e o que está contra o Reino, para combater com a ação
pastoral;
 Descobrir as perguntas mais profundas das pessoas e quais são as respostas que
esperam;
 Descobrir o chamado de Deus desde essa realidade para uma ação concreta da
Igreja que ofereça a salvação de Jesus Cristo a essa mesma realidade.
6. Critério de universalidade

A distância entre a Igreja e o Reino implica


à mesma Igreja uma abertura a todos os
homens e mulheres enquanto caminha em
direção a uma salvação final na qual todos
serão incluídos. Nesse sentido, a
universalidade da salvação é imperativo e
critério para a ação de uma Igreja que
interioriza, atualiza e universaliza o mistério
de Cristo como oferta para todas as pessoas,
sem distinção.
O fato da salvação de Cristo ser universal exige da Igreja a capacidade de
encarnar-se nas distintas culturas dos homens e ser salvação para as distintas
características históricas desses mesmos homens.
A colegialidade e a corresponsabilidade como formas de participação são notas
da universalidade da Igreja. Elas se concretizam nos diferentes conselhos, como
o Conselho de Pastoral Paroquial (CPP) e o Conselho de Assuntos Econômicos
(CAEP), entre outros.
III. CRITÉRIOS QUE BROTAM DA PRESENÇA E
MISSÃO NO MUNDO
7. Critério do diálogo

A ação pastoral é entendida como palavra


dirigida ao mundo que atualiza a Palavra feita
carne para nossa salvação. Isso significa dizer
que toda ação da Igreja e toda palavra devem
estar ao serviço da revelação de Deus.
Esta autocompreensão eclesial da Igreja a
serviço da Revelação, que foi historicamente
progressiva até chegar na plenitude das
palavras e obras de Jesus Cristo, continua
sendo desvelada aos homens e mulheres de
hoje.
Igreja deve responder:
 “Não fomos nós que amamos a Deus, mas foi ele quem nos amou” (1Jo 4,10). Foi aberto espontaneamente
por iniciativa divina.

Atitude eclesial: Iniciativa de prolongar esse diálogo com os homens, sem esperar que nos chamem.

 “Deus amou tanto o mundo que entregou seu Filho único” (Jo 3,16). Partiu da bondade divina.

Atitude eclesial: O amor fervoroso e desinteressado de Deus por nós deve despertar o nosso pela
humanidade.

 “Os sãos não precisam de médico” (Lc 5,31). Não se proporcionou aos méritos dos interlocutores convidados.

Atitude eclesial: Sua palavra não é intercâmbio comercial, mas gratuidade que fundamenta sua missão.
 “Então, disse Jesus aos Doze: ‘Não quereis também vós partir?’” (Jo 6,67). Não obrigou fisicamente ninguém a
responder.

Atitude eclesial: Não força consciências, nem decisões, nem a liberdade humana. Longe de todo fanatismo,
sua palavra é uma proposta livre.

 “Cristo é tudo em todos” (Cl 3,11). Está ao alcance de todos.

Atitude eclesial: Sentido da universalidade da salvação como imperativo da ação evangelizadora.

 “O Reino dos Céus é semelhante a um grão de mostarda que um homem tomou e semeou no seu campo” (Mt
13,31). É progressiva e respeita o nosso ritmo.

Atitude eclesial: Acompanha o ser humano e o mundo respeitando as leis de sua história, de seu
crescimento e maturidade.
8. Critério de encarnação

Os sinais que levam ao mundo da


transcendência trazem consigo uma
dimensão cultural que não pode ser
esquecida na ação pastoral. Tanto a
encarnação de Jesus Cristo quanto sua
prolongação pneumática (do Espírito
Santo) no mistério da Igreja implicam
um aspecto cultural que denominamos
“inculturação”
Para o critério de encarnação cultural
temos que ter em conta:
 A transcendência da revelação em relação às culturas. Para a ação pastoral significa
dizer que a missão da Igreja não se esgota na cultura de um povo, nem pode ser
reduzida ao aspecto cultural; tampouco se identifica com uma cultura determinada,
pois tem a capacidade intrínseca de encarnar-se em todas elas, ainda que nem todos
os elementos culturais são aptos para acolher a mensagem do Evangelho.
 A urgência da evangelização das culturas para que o Evangelho chegue a ser vida e
propriedade dos povos.
 A ação pastoral da Igreja que abre cada cultura à universalidade, na qual é possível o
diálogo cultural e a complementariedade das culturas na fé.
9. Critério de missão

Como já foi tratado anteriormente, é


preciso insistir que a missão do Filho é
continuada na e pela Igreja através do
Espírito do Ressuscitado. Com a missão
do Espírito, a missão de Cristo se
eternizou no tempo e no espaço. E isso
se dá através da Igreja, que foi enviada
para dar continuidade ao que histórica e
temporalmente veio realizar Jesus entre
os homens.
Desde a centralidade da missão continuadora de Cristo e
desde sua identidade na ação pastoral, a Igreja busca:

Revalorizar o conceito de missão tanto em Cristo como na Igreja e em cada uma de suas
ações.
Uma consciência clara da missão como fundamento da Igreja.
Uma pastoral de conjunto que conjugue perfeitamente a unidade com o pluralismo em
torno à missão da Igreja.
Uma distribuição da ação pastoral desde o pluralismo dos dons e dos carismas. Ninguém na
Igreja é capaz de tudo e nem tudo na Igreja pode ser feito da forma como alguém deseja.
Apresentar a missão da Igreja diante do mundo pela unidade de todos os que, de uma
forma ou outra, encarnam a missão de Jesus, sem que ninguém a esgote.

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