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Cerejeiras e ginjeiras
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Generalidades
 A cerejeira compreende mais de 100 espécies e 1500 cultivares.
 São originárias das zonas temperadas do hemisfério norte, embora
as variedades comerciais atuais devam ter tido origem no Cáucaso, 1094058
entre os mares Negro e Cáspio.
 Todos os escritos antigos já mencionam este fruto pelo que será
cultivado há longos anos. África Américas Ásia Europa Oceania
 Muitas das variedades atuais foram criadas espontaneamente por
semente e depois conservadas por enxertia.
Produção e produtividade da cerejeira no mundo

700 30

Produtividade (t ha-1)
600 25
Produção (x 103 t)

500
20
400
15
300
200 10
100 5
0 0
Evolução da área plantada de cerejeira em Portugal e importância regional

7000 3500
6000 3000

Área plantada (ha)


Área plantada (ha)

5000 2500
2000
4000
1500
3000 1000
2000 500
1000 0
0
Botânica
 Cerejeira, Prunus avium (tendência para auto incompatibilidade)
 Ginjeira, Prunus cerasus (maior tendência para auto compatibilidade)

 Outras cerejeiras com valor comercial


 Prunus mahaleb, cerejeira de Santa Lúcia, espontânea no interior norte (interesse como porta-enxerto).
 Prunus fructicosa, cerejeira das estepes, pequeno arbusto com interesse no melhoramento (indução de nanismo).
 Prunus tomentosa, origem na Ásia (interesse no melhoramento para induzir resistências e nanismo).

 A cerejeira é uma árvore caducifólia, vigorosa, de elevada estatura (pode ultrapassar 20 m de altura), de porte
ereto, tronco robusto, madeira de cor escura e brilhante, com lentículas, dura, fácil de trabalhar, com valor na
indústria do mobiliário.
 Apresenta folhas com pecíolo longo, ovaladas, de cor verde claro.
 As flores são pentâmeras (5 sépalas e 5 pétalas), possuem 1 carpelo e vários estames e organizam-se em umbelas.
As pétalas são brancas ou rosa. As flores são parcialmente autoestéreis, de pedúnculo longo e agrupadas em
número de 2 a 4.
 O fruto é uma drupa com pedúnculo longo, de tamanho pequeno e forma globosa ou cordiforme, com o exocarpo
de cor vermelho intenso (a maioria das variedades) mais ou menos escuro, mesocarpo sumarento, de cor
maioritariamente vermelha e endocarpo liso, pequeno e quase esférico.
 O crescimento da cereja, tal como o de outras prunóideas, é em dupla sigmoide (paragem de crescimento no
início do endurecimento do caroço).
 A ginjeira tem tendência para ser mais pequena e ter vegetação
retumbante.

 Os botões florais surgem em esporões em ramos de mais de 2 anos e em


posição lateral e terminal em lançamentos do ano.
 Os gomos florais têm tendência para ter várias flores, 3 ou mais.
 As flores abrem um pouco mais cedo que as folhas, como é habitual nas
prunóideas.
 Floração precoce, quando os insetos têm baixa atividade, torna-se
necessário tornar as flores mais visíveis.

Adaptação ecológica
 A cerejeira é cultivada em zonas de clima temperado, temperado quente e climas subtropicais. Em
várias regiões do globo cultiva-se em altitude para satisfazer as necessidades em frio.
 Tolerância ao frio, floração -3 ºC; pós vingamento, -2 ºC; em repouso vegetativo, -30 ºC.
 Tolerância ao stresse hídrico moderada (em regiões com menos de 600 mm pode ter problemas).
 Precipitação (humidade excessiva), problemática na floração e maturação dos frutos.
 Vento, tolerância moderada.

 Requer solos ligeiros e permeáveis, embora exista alguma adaptação varietal.


Propagação
 Genericamente faz-se enxertia de inverno ou de borbulha de verão em porta-enxertos de semente ou clonais.
 Alguns clones de P. avium (grupo Mazzard) são comuns para condições de cultivo favoráveis.
 P. mahaleb, também é muito usado. Origina árvore mais pequenas e está melhor adaptado a regiões mais
quentes. É, contudo, incompatível com algumas cultivares comerciais.
 Os porta-enxertos ananicantes estão a aparecer em grande força na cerejeira.

Material vegetal
 Nas latitudes mais baixas têm havido uma grande valorização das variedades precoces (como em Portugal). Os
países em latitudes mais elevadas têm desenvolvido o uso preferencial das variedades mais tardias.
 Alguns países do hemisfério sul (Nova Zelândia, Austrália, Chile) têm exportado cereja para o hemisfério norte
no Natal e Ano Novo.
 Os japoneses têm preferência por frutos brancos e amarelos.

 A lista de variedades é elevada. O produtor tem de ter a sua própria estratégia comercial (quando quer colocar
no mercado e em que mercado; se quer produção concentrada ou distribuída pela primavera, etc.).
 Alguns vetores força no melhoramento têm sido precocidade, auto-compatibilidade, conservação (para
exportação) e tolerância a doenças importantes.
 A compatibilidade entre cultivares também não é perfeita. Algumas cultivares não polinizam outras
independentemente do momento da floração.
Classificação agronómica de cultivares
Molares, de polpa branda, doce e fina, e precoces
Garrafais, de polpa firme e crocante, e mais tardias
 
Algumas de maior importância
 Precoces, Burlat e Marvin
 Meia estação, Sunburst, Stark Hardy Giant, Hedelfinger, Summit
 Tardias, Ambrunes, Picotas
 
Burlat
 Porte ereto, vigorosa, autofértil. Fruto muito grande, de cor vermelho escuro, com pedúnculo curto e forma oval
achatada. Polpa vermelha, firme, sumarenta e muito doce. Mostra alguma resistência ao rachamento. Colheita a
partir de meados de maio.

Sunburst
 Híbrido proveniente do Canadá. Árvore de porte semi-ereto, muito ramificada, de vigor médio, rápida a entrar em
produção e autofertil. Fruto grande, de cor alaranjado-púrpura, pedúnculo longo, e polpa muito doce. Boa
resistência ao rachamento e ao transporte. A maturação ocorre três semanas depois de ‘Burlat’.

Ambrunes
 Fruto de tamanho médio, polpa de consistente crocante, de sabor doce, de cor roxo escuro, polpa sumarenta e
amêndoa aderente. Maturação em princípios de julho.
Gingeira
 No continente americano (EUA e Canadá) cultiva-se quase exclusivamente Montmorency (Francesa) pela sua
excelente adaptação à colheita mecânica.
 Na europa a situação é ainda mais complexa que a cereja, cultivando-se muitas variedades. A maioria são do
grupo ‘Morellos’ (epiderme e sumo muito escuro), muito usadas em doçaria. Algumas são suficientemente
grandes e doces para serem consumidas em fresco.
 Em Portugal a ginjeira tem grande tradição na zona de Óbidos e Alcobaça (IGP “Ginja de Óbidos e Alcobaça”) (na
região predomina o tipo Galega ou algo afim).

 Em Portugal distinguem-se 3 a 4 cultivares principais:


 Galega, fruto pequeno e ácido do tipo ‘Morellos’, também utilizada no fabrico
de licores.
 Rosa ou Garrafal Rosa, fruto grande e mais claro (provavelmente híbrido
entre P. cerasus e P. avium), do tipo ‘Amarelles’ (com epiderme rosada e polpa
amarelada e pouco ácida).
 Garrafal-negra, frutos grandes (provavelmente híbrido entre P. cerasus e P.
avium), pouco ácidos do grupo ‘Morellos’.
 Ginja de Óbidos e Alcobaça, cultivar de ginja com “Folha no Pé”,
característica da região do litoral centro de Portugal, produtora do licor de Ginja
de Óbidos e Alcobaça. Têm epiderme vermelha e polpa rosada (tipo “Morellos”).
Bastante ácida, sendo provavelmente uma cultivar da espécie P. cerasus.
Características de alguns porta-enxertos

 P. avium (F12/1), elevado vigor, baixa resistência ao calcário, asfixia e secura, baixa sensibilidade a Agrobacterium
spp., compatibilidade com ginjeira, tolerância a solos argilosos.
 P. malaheb (Santa Lúcia 64), vigor médio a alto, boa resistência ao calcário e à secura, baixa resistência à asfixia
e a Agrobacterium spp., melhor adaptação a solos arenosos ou francos.
 Maxma 14 (Brokforest), é um híbrido de P. malaheb x P. avium, semi-ananicante, de média resistência ao
calcário, baixa resistência à secura e Agrobacterium spp., compatibilidade com ginjeira e tolerante a solos
argilosos.
 Maxma 97 (Brokgrove), semi-ananicante, baixa resistência a stresse hídrico, baixa sensibilidade a Agrobacterium
spp., compatibilidade de enxertia com ginjeira e boa adaptação a solos pesados.
 Colt, é um híbrido P. avium x P. pseudocerasus, de vigor médio, média resistência ao calcário, baixa resistência à
asfixia e ao stresse hídrico e elevada sensibilidade a Agrobacterium spp.
 Morello (Cab 6P, Cab 11E), da espécie P. cerasus, semi-ananicante, média resistência ao calcário, boa resistência
a asfixia e ao stresse hídrico, sensibilidade a Agrobacterium spp. e compatível com ginjeira.

 Gisela (3, 5, 6,..) (P. cerasus x P. canescens) são porta-enxertos ananicantes (3) a mais vigorosos (números mais
elevados), de elevada precocidade e elevada produtividade. Os ananicantes não devem ser cultivados em solos
pobres. Elevada densidade. Requer atenção na poda para manutenção do vigor e redução do número de frutos.
Condução e poda
 O sistema tradicional de produção de cerejeira é em centro aberto (vaso). A ginjeira, por exemplo, adapta-se
particularmente bem ao vaso, devido às formas arqueadas. Outras formas de condução em cerejeira e ginjeira
poderão ser em Tatura (Y), palmeta, eixo revestido, KGB (arbusto de líderes múltiplos, etc.).
 Os compasso estão condicionados pelo vigor da cultivar e porta-enxerto e forma de condução. Um pomar pode ter
desde 300 a 400 plantas/ha (vaso) até 3000 plantas/ha (Tatura).
 A poda tem de se fazer para que as árvores tenham um tamanho e forma manejável. Nas forma tradicionais com
plantas de porte elevado não se faz poda de detalhe, apenas gestão de pernadas e rejuvenescimento. É muito
importante algum rejuvenescimento. A floração em partes muito velhas tende a originar frutos mais pequenos e de
menor qualidade.
 Os sistemas em eixo central têm vindo a aumentar e tornar-se-ão dominantes com progressos nos porta-enxertos
ananicantes, bem como o sistema KGB. Nestes a poda é muito intensa devido a elevada produtividade dos porta-
enxertos e fraco vigor.
Fertilização

 Azoto tende a induzir vigor e a reduzir a diferenciação floral, deve ser gerido com atenção.
 Considera-se exigente em K e Mg.
 Um pomar em plena produção pode receber 80, 75 e 160 UF (unidades fertilizantes, kg/ha) de N, P2O5 e
K2O. O magnésio pode aplicar-se à razão de 30 UF por ano.
Rega

 Exigente em água. Em regiões com menos de 600 mm pode ter problemas.


 Hoje as plantações comerciais tendem a ser de regadio com rega localizada.
 A rega (disponibilidade de água) deve ser frequente e regular desde o vingamento à colheita. A rega pode ajudar a
resolver o problema do rachamento fisiológico.

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