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Introdução a Dilemas éticos

• Um dilema ético envolve uma situação que


obriga uma pessoa a questionar qual a coisa
“certa” ou “errada” a fazer. Os dilemas éticos
estimulam as pessoas a pensar acerca das suas
obrigações, deveres ou responsabilidades.
Estes dilemas podem ser extremamente
complexos e difíceis de resolver, pois na sua
maioria envolvem temas tratados de formas
contraditórias em diferentes campos (religião,
justiça, ciência, etc).
Cont…
• Os dilemas podem não dar respostas simples em
situações específicas, mas servem para orientar os
clínicos em determinadas circunstâncias reais.
• Contudo, dilemas mais complexos envolvem a
decisão entre o que é certo e o que é errado.
• Por exemplo: encobrir um comportamento
incorrecto de um colega: é seu dever reportá-lo ao
seu empregador, mas é também seu dever ser leal ao
seu amigo numa situação que poderá conduzir ao seu
despedimento.
Características dos dilemas éticos
Para um problema ser considerado dilema ético, deve ter
3 características:
1. O problema não pode ser resolvido só com dados
empíricos, isto é, dados que provém de observações
ou experiências pessoais ou colectivas.
2. O problema deve ser ambíguo, de forma que decidir
por um único lado deve ser muito difícil.
3. Os resultados do problema, devem afectar mais do que
a situação imediata e não devem ter efeitos de longo
alcance.
Alguns tipos de Dilemas éticos comuns
Os dilemas éticos podem surgir quando há conflitos entre princípios éticos.
Abaixo apresentamos exemplos de alguns tipos de dilemas comuns da ética
médica:
• Conflito entre princípios de Autonomia e Beneficência podem ocorrer quando
o paciente não concorda com as recomendações do clínico. Por exemplo pode
não querer submeter-se a um certo tratamento ou meio de diagnóstico invasivo.
• Conflito entre a Justiça e a Dignidade (que implica confidencialidade e
beneficência). Por exemplo uma paciente que se apresenta com uma ITS, e não
quer que o seu marido seja informado.
• Veracidade e Beneficência (que implica confiança entre o paciente e o
clínico). Por exemplo: Frequentemente sinais/sintomas não são suficientemente
específicos para chegar a um diagnóstico definitivo mas admitindo isso pode-
se arriscar a perder a confiança do paciente (e assim o seu tratamento pode ser
prejudicado).
Estratégias usadas para resolver os
dilemas
Não existe uma maneira clara de resolver os dilemas. Estratégias diferentes
podem ser usadas para tentar resolver os dilemas.
Primeiro, o clínico define as suas obrigações para com os pacientes e os seus
colegas, para analisar melhor o conflito ético. Observa-se que 6 considerações são
úteis para definir as suas obrigações:
• Maximizar o bem-estar do paciente.
• Reconhecer que o paciente tem direito de decidir (autonomia). Em outras
palavras deve tentar convencer-lhe a tomar a decisão que maximiza o seu bem-
estar, mas no fim a decisão é do paciente.
• Dar suporte a cada membro da família e melhorar o sistema de apoio à família.
• Levar a cabo as políticas do hospital.
• Proteger o bem-estar dos outros pacientes.
• Proteger os seus próprios padrões de atendimento.
Cont…
Depois de examinar as obrigações, geralmente é recomendável
que quatro medidas adicionais sejam tomadas:
• Recolha o máximo de informação possível sobre o paciente e
outras pessoas envolvidas na situação.
• Descreva as consequências prováveis de cada um dos cursos
de acção a ser considerada, para o paciente e os outros
envolvidos (p.ex. familiares) em cada um dos cursos de acção.
• Considere quem deve tomar a decisão final sobre o assunto.
• Consultar outros profissionais de saúde, especialmente aqueles
que são preparados para prática, a comissão de ética e
educação para contribuir significativamente para a resolução
de problemas de natureza ética.
IMPORTÂNCIA DA EVOLUÇÃO DA HISTÓRIA DA
ÉTICA MÉDICA

A História da ética médica é a reconstituição do passado da ciência


médica, visto que a medicina não é profissão puramente técnica, mas
também moral. Assim como a medicina, a ética também evoluiu, por
exemplo, em função de:
• Mudanças de valores sociais (p.ex. evolução de conceitos de
direitos humanos);
• Inovações tecnológicas (p.ex. a necessidade de redefinir a morte
após a criação de máquinas de sustentação de vida);
• Transgressões dramáticas (p.ex. as experiências médicas levadas a
cabo pelos Nazistas durante a 2ª guerra mundial);
• Desenvolvimento da embriologia, onde se começou a debater o
início da vida humana.
Juramento de Hipócrates

Hipócrates  é considerado por muitos, uma das figuras mais


importantes da história da saúde, frequentemente considerado "pai
da medicina moderna“ e foi uma das primeiras pessoas a criar um
documento orientado para controlar o comportamento dos
médicos.

i. A evolução da história da ética médica, é claramente


observável a partir do período filosófico através do juramento
hipocrático(ver a tabela asseguir).
Tabela do Juramento de Hipócrates
Explicação
Juramento de Hipócrates (versão original)
(1) "Eu juro, por Apolo, médico, por Esculápio, Higeia e Panacea, e tomo por testemunhas todos os deuses e todas as deusas, cumprir, segundo meu poder e minha razão, a promessa que se segue: Ele promete aos deuses em que se acreditava na Grécia na altura a fazer o seguinte

(2) Estimar, tanto quanto a meus pais, aquele que me ensinou esta arte; Respeitar os seus mestres

(3) Fazer vida comum e, se necessário for, com ele partilhar meus bens; Refere-se a partilhar os seus bens com os seus mestres no caso de necessidade em forma de gratidão

(4) Ter seus filhos por meus próprios irmãos; ensinar-lhes esta arte, se eles tiverem necessidade de aprendê-la, sem remuneração e nem compromisso escrito; Formar médicos, isto é, o clínico sempre é um professor também.

(5) Fazer participar dos preceitos, das lições e de todo o resto do ensino, meus filhos, os de meu mestre e os discípulos inscritos segundo os regulamentos da profissão, porém, só a estes. Tutorar outros alunos de medicina

(6) Aplicarei os regimes para o bem do doente segundo o meu poder e entendimento, nunca para causar dano ou mal a alguém Tratar para o bem-estar do paciente e nunca por mal (beneficência e não maleficência)

(7) A ninguém darei por comprazer, nem remédio mortal nem um conselho que induza a perda. Do mesmo modo não darei a nenhuma mulher uma substância abortiva. Nunca recomendar nem dar a alguém algo que lhe mata

Nunca dar nenhuma substância para provocar aborto

(8) Conservarei imaculada minha vida e minha arte. Comportar se com toda honra e praticar a medicina de melhor forma que pode.

Manter a boa imagem e o compromisso com a profissão;

(9) Não praticarei a talha, mesmo sobre um calculoso confirmado; deixarei essa operação aos práticos que disso cuidam. A mensagem que se passa, é que o clínico deve fazer apenas aquilo que lhe compete e referir os casos que não são da sua competência para quem de direito

(10) Em toda a casa, aí entrarei para o bem dos doentes, mantendo-me longe de todo o dano voluntário e de toda a sedução sobretudo longe dos prazeres do amor, com as mulheres ou com os homens livres ou Tudo que farei com paciente é para o bem-estar dele.
escravizados.
Abuso, sedução ou assédio sexual dos pacientes são proibidos seja quem for o paciente

(11) Àquilo que no exercício ou fora do exercício da profissão e no convívio da sociedade, eu tiver visto ou ouvido, que não seja preciso divulgar, eu conservarei inteiramente secreto. Manter toda confidencialidade do paciente

(12) Se eu cumprir este juramento com fidelidade, que me seja dado gozar felizmente da vida e da minha profissão, honrado para sempre entre os homens; se eu dele me afastar ou infringir, o contrário aconteça". O clínico que cumprir com seus juramentos merecerá ser honrado entre os homens e gozar uma vida feliz com a sua família, mas aquele que o infringir deverá ter o contrário
Cont…
Durante muito tempo, o juramento manteve-se
intacto, embora a necessidade de mudança
estivesse clara, somente em 1948, em Genebra, o
juramento foi actualizado, e passou-se chamar,
Declaração de Genebra, que também sofreu
modificações em 1968, 1984, 1994, 2005, e 2006,
a adquiriu a seguinte forma:
Declaração de Genebra (Juramento de
Hipócrates modificado)
Declaração de Genebra (Juramento de
Hipócrates modificado):
(1) “NO MOMENTO DE SER admitido como membro da profissão médica:
(2) EU JURO SOLENEMENTE consagrar a minha vida a serviço da humanidade;
(3) EU DAREI aos meus professores o respeito e a gratidão que lhes são devidos;
(4) EU PRATICAREI a minha profissão com consciência e dignidade;
(5) A SAÚDE DE MEU PACIENTE será minha primeira consideração;
(6) EU RESPEITAREI os segredos confiados a mim, mesmo depois que o pacientetenha morrido;
(7) EU MANTEREI por todos os meios ao meu alcance, a honra e as nobres tradições da profissão
médica;
(8) MEUS COLEGAS serão minhas irmãs e irmãos;
(9) EU NÃO PERMITIREI que concepções de idade, doença ou deficiência, religião, origem
étnica, sexo, nacionalidade, filiação política, raça, orientação sexual, condição social ou qualquer
outro factor intervenham entre o meu dever e meus pacientes;
(10) EU MANTEREI o máximo respeito pela vida humana;
(11) EU NÃO USAREI meu conhecimento médico para violar direitos humanos e liberdades civis,
mesmo sob ameaça;
(12) EU FAÇO ESTAS PROMESSAS solenemente, livremente e pela minha honra.

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