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PRODUÇÃO DE TEXTO COLETIVO:

A INVENÇÃO DO COTIDIANO-
1. ARTES DE FAZER
MICHEL DE CERTEAU

PROF.ª Dr.ª DILZA PORTO GONÇALVES


PESQUISA HISTÓRICA
UFMS
2015/1
HISTÓRIA DE UMA PESQUISA
 Certeau “é censurado por relativizar a noção de verdade, por
suspeitar da objetividade das instituições do saber por sublinhar
o peso das dependências e das conivências hierárquicas e,
enfim, por colocar em dúvida modelos recebidos que fazem a
fama da escola francesa de história (p.10).
 Através dos textos reunidos, pode-se acompanhar, nas
entrelinhas, o programa de pesquisa que vai ter o seu
desdobramento em A Invenção do Cotidiano. Já se acha
claramente esboçada a sua “empreitada teórica”: é preciso
interessar-se não pelos produtos culturais oferecidos no
mercado dos bens, mas pelas operações de seus usuários; é
mister ocupar-se com “as maneiras diferentes de marcar
socialmente o desvio operado num dado por uma prática” (p.13)
 Não despreza as estatísticas, porém o que lhe interessa
são as operações e os usos individuais, suas ligações e
as trajetórias variáveis dos praticantes (p.15).
 Os dados numéricos só tem validade e pertinência
conforme as condições de sua coleta (p.16)
 Certeau fala da inversão e da subversão dos mais fracos
(ex. questão indígena no processo de cristianização);
 Ficam portanto definidos um campo de objetos, uma linha
de pesquisa, uma tarefa teórica. Trata-se, diz o texto, “de
esboçar uma teoria das práticas cotidianas para extrair do
seu ruído as maneiras de fazer” que, na majoritárias na
vida social, não aparecem muitas vezes senão a título de
“resistências” ou de inércias em relação ao
desenvolvimento da produção “sócio-cultural” (p.17).
 Artes de fazer não dirá outra coisa senão que
“astúcias de consumidores compõem, no limite, a
rede de uma antidisciplina que é o tema deste livro
(p.17);
 Em Michel de Certeau são sempre perceptíveis um
elã otimista, uma generosidade da inteligência e
uma confiança depositada no outro, de sorte que
nenhuma situação lhe parece a priori fixa ou
desesperadora (p.18).
 Os mecanismos de resistências são os mesmos;
(p.19).
 Na cultura ordinária, diz ele, “a ordem é exercida
por uma arte”, ou seja, ao mesmo tempo exercida e
burlada (p.20).
A análise se ordena em três níveis: as modalidades
da ação, as formalidades das práticas, os tipos de
operação especificados pelas maneiras de fazer
(p.20).= especificar esquemas operacionais.
 Escolhi cozinha por sua necessidade primordial,
sua capacidade de perpassar todas as clivagens e
sua relação intrínseca com a ocasião e a
circunstância, duas noções que haviam se
tornando centrais (...) pensava-se em ganhar a
confiança no diálogo, para que aflorassem aos
lábios lembranças, receios, reticências, todo um
não-dito dos gestos de mão, decisões e
sentimentos que presidem em silêncio ao
cumprimento das tarefas do cotidiano (p.26).
Oensaio é dedicado ao homem ordinário. Herói
comum (p.28).
INTRODUÇÃO GERAL
 Os relatos de que se compõe esta obra
pretendem narrar práticas comuns. Introduzi-
las com as experiências particulares, as
frequentações, as solidariedades, e as lutas
que organizam o espaço onde essas
narrações vão abrindo um caminho,
significará delimitar um campo (p.35).
 Para ler e escrever a cultura ordinária, é
mister reaprender operações comuns e fazer
da análise uma variante de seu objeto
(p.35).
 Este trabalho tem objetivo de explicitar as combinatórias
de operações de uma cultura (não só) e exumar os
modelos de ação dos usuários (consumidores), sob o
qual se esconde o estatuto de dominados (nem
passíveis, nem dóceis).
 O cotidiano se inventa com mil maneiras de caça não
autorizada (p.38).
PROSPECTO DA PAISAGEM
DA PESQUISA
1. PRODUÇÃO DOS CONSUMIDORES
 Localização de diferenças culturais entre os grupos
(p.38)
O USO OU O CONSUMO
 Representações e comportamentos deve ser
completado por aquilo que o consumidor fabrica
(p.39).
 Fabricação é uma produção, uma poética;

A presença e uma circulação de uma


representação não indicam de modo algum o que é
ela é para seus usuários. É necessário analisar sua
manipulação pelos praticantes que não a fabricam
(diferença ou semelhança entre produção da
imagem e produção secundária) (p.40).
 Usuários fazem “bricolagem” (p.40).
OS MODOS DE PROCEDER DA
CRIATIVIDADE COTIDIANA
 As maneiras de fazer constituem mil práticas
quais usuários se reapropriam do espaço
organizado pelas técnicas da produção sócio-
cultural (táticas e estratégias).
 Multiplicidade de táticas articulados sobre os
detalhes do cotidiano (p.41).
A FORMALIDADE DAS PRÁTICAS
 Lógica das práticas está relacionada as
circunstâncias e urgência conjuntural.
A MARGINALIDADE DE UMA MAIORIA
 Marginalidade da massa: tornou-se maioria
silenciosa (não é homogênea);

 As táticas do consumo, engenhosidade do fraco


para tirar partido do forte, vão desembocar então
em uma politização das práticas cotidianas (p.45).
2. TÁTICAS DE PRATICANTES

 Estratégias: cálculo das relações de forças que se


torna possível a partir do momento em que um
sujeito de querer e poder é isolado de um
“ambiente”. Relação com o poder.

 Táticas: grande parte das práticas de fazer


(maneiras); associado aos combates e aos
prazeres cotidianos
LER, CONVERSAR , HABITAR,
COZINHAR...
EXTENSÕES: PROSPECTIVAS E
POLÍTICAS
GLOSSÁRIO
 PALIMPSESTO: designa um pergaminho ou papiro
cujo texto foi eliminado para permitir a reutilização.
Esta prática foi adoptada na Idade Média, sobretudo
entre os séculos VII e XII, devido ao elevado custo do
pergaminho. A eliminação do texto era feita através de
lavagem ou, mais tarde, de raspagem com pedra-
pomes. A reutilização do suporte de escrita conduziu à
perda de inúmeros textos antigos, desde normas
jurídicas em desuso a obras de pensadores gregos
pré-cristãos. A recuperação dos textos eliminados tem
sido possível em muitos casos, através do recurso a
tecnologias modernas.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Polemologia
 BRICOLAGEM: Bricolagem é um termo com origem
no francês "bricòláge" cujo significado se refere à
execução depequenos trabalhos domésticos, sem
necessidade de recorrer aos serviços de um
profissional. (...) Bricolagem também pode ser um tipo
de criação de texto. Neste caso específico, um texto
criado através de bricolagem é composto por
diferentes trechos de outros textos, que depois são
"colados", através de um processo semelhante ao da
bricolagem.
http://www.significados.com.br/bricolagem/
 POLEMOLÓGICA: Estudo da guerra considerado
como um fenômeno de ordem social e psicológica.
http://www.dicio.com.br/polemologia/
 Sub-reptício: adj. Conseguido através de meios
ilícitos; que se conseguiu por sub-repção.
Clandestino; realizado às escondidas: entrou na
delegacia de modo sub-reptício.
Diz-se de tudo que se faz furtivamente, de maneira
desleal e ilícita; obtido por embuste: pacto sub-
reptício. (Etm. do latim: subrepiticus.a.um)
http://www.dicio.com.br/sub-repticio/

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