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Doenças de

Pescados
Guilherme Bastos Mendonça 
Isabela Cintra Molina de Oliveira 
Luis Diego Hernandez Grajal 
Roberta Braga Costa
• Atividade agropecuária;

• ↑ Crescimento;
INTRODUÇÃO
• Papel significativo no fornecimento de
alimento.

(Manual de identificação no campo-SENAR)


Problemática 

Sanidade e biosseguridade Diagnóstico precoce de doenças Todo cidadão é responsavel por notificar,
rapidamente, qualquer suspeita de doença.
Observação 
Dados de produtividade

(Manual de identificação no campo-SENAR)


COMO NOTIFICAR A
OCORRÊNCIA OU A
SUSPEITA DE
DOENÇA?
• Casos de suspeita ou ocorrência de
doenças;

• Serviço Veterinário Oficial (SVO);


O que deve ser
notificado? • Lista de doenças de notificação
obrigatória

• Notificar a suspeita ou a ocorrência


de doença exótica ou de doença
emergente.
(Manual de identificação no campo-SENAR)
A lista é publicada e atualizada pela autoridade sanitária por meio
de ato legal complementar e baseia-se em:

Recomendações da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE);


Estudos e investigações científicas;
Situação epidemiológica do Brasil e do mundo;
Saúde animal e saúde humana.

(Manual de identificação no campo-SENAR)


• Imediatamente;

• A suspeita ou a ocorrência;

Quando devo • Prazo máximo de 24 horas.

comunicar?

(Manual de identificação no campo-SENAR)


• Todo médico veterinário (do
SVO ou particular);
• Proprietário;
Quem deve • Produtor;
notificar? • Transportador de animais
pescado;
pescaria
• Fornecedor de insumos; 
• Qualquer outro cidadão.

(Manual de identificação no campo-SENAR)


• Aos Serviços Veterinários Oficiais
dos Estados (SVEs);

• Unidades Veterinárias Locais (UVLs);


Para quem devo
comunicar? • Escritórios de atendimento à
comunidade ou nas
Superintendências Federais de
Agricultura (SFAs).
DOENÇAS
DE PEIXES
Doença comum

Podem infectar peixes de águas doce e


marinhos
ESTREPTO
COCOSE Tilápia em tanques são os mais acometidos

É considerada a doença  maior impacto


econômico nas criações de tilápia a nível
mundial
(Delphino, 2015)
• A transmissão é horizontal 

• Contato direto entre animal


Transmissão infectado e animais saudáveis
 
• Via água 

(Delphino, 2015)
São típicos de uma septicemia bacteriana 

Fechar o diagnóstico

Sinais Necessário associar os sinais clínicos

clínicos Achados laboratoriais

Peixes com natação errática (“natação em


círculo”) 
Perda de equilíbrio na água
(Jensen, 2012)
Escurecimento do corpo

Lesões no músculo e na pele, semelhantes a abscessos

Olhos opacos ou de coloração esbranquiçada

Podendo, ainda, apresentar exoftalmia (“olhos saltados”)


(Jensen, 2012)
Infecção por
• Bactéria altamente patogênica
Francisella
noatunensis   • Surtos dessa doença granulomatosas têm
sido relatados em alevinos de tilápia

(Jensen, 2012)
A transmissão horizontal 

Por contato direto de animais


sadios e animais infectados
Transmissão
Água contaminada 

Há evidência de transmissão
vertical
(Jensen, 2012)
Caracteriza- se como uma
síndrome aguda 
Subaguda ou crônica 
Sinais
Clínicos Perda de apetite (anorexia)

Letargia

(Jensen, 2012)
• Doença causada por bactérias gram-
negativas
Septicemia
móvel • Provoca significativo impacto
causada por econômico nas criações de tilápia 
Aeromonas
•  Mortalidades, diminuição de ganho de
peso dos animais doentes

(Jensen, 2012)
Horizontal pelo contato direto

Entre animal infectado e animais saudáveis 

Água ou sedimentos
Transmissão
Para o homem

Oral (água e alimentos contaminados)

Via cutânea em aquaristas, piscicultores ou


manipuladores de alimentos
(Delphino, 2015)
Peixes com natação lenta 

Posicionando-se nas áreas mais


rasas dos viveiros
Sinais Anorexia (redução na ingestão de
Clínicos ração)
Lesões ulcerativas sobre o corpo

Escamas eriçadas, olhos


hemorrágicos e ascite 
(Figueiredo, 2013)
• Doença exótica no Brasil

• Causada por um vírus que


Tilápia Lake ataca, principalmente, tilápias
Virus cultivadas

(Delphino, 2015)
Transmissão

Contato direto
entre animal A transmissão
infectado e indireta (água e
animais fômites)
saudáveis
(Delphino, 2015)
Elevada mortalidade em alevinos
durante os meses mais quentes

Alterações oculares, incluindo


Sinais opacidade dos olhos e, às vezes, a
Clínicos ruptura (lesão)
Nadadeiras apodrecidas

(Figueiredo, 2013)
Contato direto entre animal
infectado e animais saudáveis

Ovos e embriões devem ser


Transmissão considerados como risco para
transmissão do vírus
Piolho-do-mar como carreador
da doença

(Jensen, 2012)
Infecção pelo
• Doença viral de notificação obrigatória
vírus da
Anemia • Perdas econômicas consideráveis na
Infecciosa do indústria dos salmões
Salmão 

(Jensen, 2012)
Sinais Clínicos

Exoftalmia
Brânquias Abdômen Barbatanas
(olhos
pálidas inchado destruídas
saltados)

(Figueiredo, 2013)
Viremia primaveril da carpa

Perdas
Doença viral de econômicas
notificação consideráveis
obrigatória nos cultivos de
carpas
(Delphino, 2015)
Altamente contagioso entre as carpas

A principal via de transmissão é


horizontal
Contato direto entre animal infectado e
Transmissão animais saudáveis
A água contaminada 

Por fezes, urina e fluidos reprodutivos,


via de transmissão do vírus
(Figueiredo, 2013)
Acúmulo de peixes na entrada de água e
na lateral dos viveiros
Hemorragias petequeais na pele,
brânquias e olhos
Sinais Barbatanas destruídas ou hemorrágicas
Clínicos
Abdômen inchado

Natação lenta

(Figueiredo, 2013)
DOENÇAS
DE
MOLUSCOS
• Doença de notificação obrigatória à
Infecção Organização Mundial de Saúde Animal (OIE)

por Perkinsus •  Causada pelo protozoário Perkinsus marinus


Marinus pertencente ao gênero Perkinsus.

(DAFF, 2017)
 A C. virginica é considerada a espécie mais susceptível,
enquanto que as espécies C. gigas e C. ariakensis,
geralmente, apresentam infecções mais leves.

 Brasil: presente. Em 2016, foi notificada, oficialmente, a


ocorrência da infecção em ostras da espécie Crassostrea
rhizophorae no Nordeste do Brasil.
Etiologia  Pode causar surtos que alcançam 100% de mortalidade
em ostras Crassostrea virginica. 

 A prevalência e a intensidade da infecção são maiores


em ostras com idade superior a um ano. 

(DAFF, 2017)
• A transmissão direta

Transmissão • Células viáveis são liberadas nas


  fezes do hospedeiro ou após a
sua morte.

(DAFF, 2017)
 Presença de ostras com as valvas abertas
ou que apresentam lentidão para fechá-las. 

 Presença de pústulas em tecidos moles.


Sinais
clínicos  Descoloração da glândula digestiva.

 Retração do manto, crescimento retardado,


emagrecimento.

(DAFF, 2017)
Comparação
entre ostra
saudável e
ostra doente

Fonte: Aquatic Animal Diseases Signifi cant to Asia-Pacifi c: identifi


cation fi eld guide (2007)

(DAFF, 2017)
 Rigoroso controle sanitário durante a importação de ostras vivas, bem
como seus produtos e material reprodutivo.

Prevenção
 Usar linhagens de crescimento rápido (menos de 1 ano) e resistentes à
infecção. 

Manejo e  Em cultivos onde a doença está presente, recomenda-se o vazio


sanitário após remoção das ostras com o objetivo de reduzir a

Controle
intensidade e a prevalência da doença. 
 Realizar a colheita precoce para evitar mortalidades causadas por P.
marinus.

 É desejável que a salinidade na área de cultivo seja menor que 12 psu.

 Adotar medidas gerais de biosseguridade: 

(DAFF, 2017)
• Doença de notificação obrigatória à
Organização Mundial de Saúde Animal (OIE)

• Causa mortalidades massivas em diversas


Infecção populações de moluscos de interesse
comercial em águas tropicais e subtropicais
por Perkinsus em todo o mundo.
Olseni
• Causada pelo protozoário Perkinsus olseni
pertencente ao gênero Perkinsus.

(BOWER, 2017)
 A variedade de hospedeiros é ampla (lista abaixo),
sendo que este protozoário é capaz de infectar
abalones, mexilhões, vieiras, ostras e outros moluscos. 

 Brasil: presente. Na região Nordeste do Brasil, há


relatos de infecção em ostras das espécies Crassostrea
rhizophorae e C. gasar

Etiologia  Infecções em moluscos podem ser letais, dependendo


das condições ambientais e do comprometimento do
seu sistema imune.

 A morte pode ocorrer 1 ou 2 anos após a infecção. 

(BOWER, 2017)
• A transmissão direto, mas
também pode ser transmitido
via água e equipamentos
infectados. 

Transmissão
• P. olseni pode sobreviver por
  várias semanas à temperatura
de -20º C, porém o contato com
água doce é letal para o
patógeno.

(BOWER, 2017)
 Mortalidade elevada (anormal ou súbita). 

 Presença de ostras com a clássica abertura das valvas ou que


apresentam lentidão para fechá-las. 
 Abcessos e pústulas, 

Sinais  Ruptura do tecido conjuntivo, 


clínicos  Cistos macroscópicos nas brânquias, emagrecimento,

 Inibição do desenvolvimento das gônadas,  comprometimento


do sistema imune e destruição do epitélio do tubo digestório. 
 Retração do manto, crescimento retardado e emagrecimento.

(BOWER, 2017)
Sinais
clínicos

Ostra com valvas abertas  Fonte: DAFF (2012). 


 Rigoroso controle sanitário durante a
importação de ostras vivas, bem como seus
produtos e material reprodutivo. 
Prevenção
Manejo e  Em cultivos onde a doença está presente,
recomenda-se o vazio sanitário após remoção
Controle das ostras com o objetivo de reduzir a
intensidade e a prevalência da doença.
 Adotar medidas gerais de biosseguridade: 

(BOWER, 2017)
 Realizar apenas movimentações controladas. 

Prevenção  Remover e destruir ostras moribundas e mortas,


sempre que possível. 
Manejo e  Cultivar com baixa densidade de estocagem. 

Controle  Não utilizar equipamentos de outros cultivos. 


Medidas gerais de
biosseguridade:​
 Realizar limpeza e desinfecção química adequada
de utensílios. 
 Evitar a mistura de animais de diferentes origens e
grupos de idade.
(DAFF, 2017)
 Implementar a quarentena toda vez que for
introduzir novos animais, especialmente
quando a origem representar maior risco ou
Prevenção condição sanitária diferente. 
Manejo e  Não coletar reprodutores de bancos naturais
que não tenham sido certificados como livres
Controle de infecção. 
Nas unidades de
reprodução
Larvicultura/Laboratório  Realizar tratamentos, por exemplo, filtração
de água e irradiação ultravioleta, como forma
de inativar o vírus.

(DAFF, 2017)
 InfecçãO por Herpesvírus OstreideO-1
(OsHv-1)
 InfecçãO por Bonamia Ostreae 

Outras  Infecção por Bonamia exitiosa 


Doenças
 Infecção por Mikrocytos mackini 

 Essas doenças de moluscos são exóticas


ou extremamente raras no Brasil.
(BOWER, 2017)
DOENÇAS
DE
CRUSTÁCEO
S
• Presente no Brasil;
• Não é considerada zoonose;
Mionecrose  • Notificação obrigatória à OIE;
Infecciosa  • Nordeste brasileiro, Sudeste Asiático e leste
(IMNv) da Ilha de Java;
• Grande resistência aos métodos comuns de
desinfecção em uso na aquicultura (secagem
e cloração).
(OIE, 2017)
Susceptibilidade em
ambiente natural
• Litopenaeus vannamei;

Espécies • Litopenaeus stylirostris;


susceptíveis • Penaeus monodon.

Susceptibilidade em
ambiente experimental

(LIGHTNER, 2011)
Via horizontal (canibalismo de animais
doentes ou água contaminada);

Todas as fases de vida são susceptíveis,


Transmissão porém camarões jovens e subadultos
de água salgada são mais acometidos;

Mudanças de salinidade e de
temperatura / Manejo incorreto durante
o arraçoamento.
(LIGHTNER, 2011)
 Elevação na mortalidade (até 70%)
durante ou após eventos estressantes;

Sinais Letargia;

clínicos
Natação errática;

Pode haver aumento na taxa de


conversão alimentar.
(LIGHTNER, 2011)
Extensas áreas necrosadas focais
ou multifocais nos músculos (FASE AGUDA);

Opacidade muscular abdominal e dorsal;

Inspeção "Camarão cozido".
dos animais
Órgãos linfoides aumentados (3-4 vezes
o tamanho normal).

(LIGHTNER, 2011)
Abdômen opaco em subadultos Músculo esquelético opaco em juvenis de
de L. vannamei  L. vannamei
DV Lightner
• Presente no Brasil;
Necrose • Não é considerada zoonose;
Infecciosa • Notificação obrigatória à OIE;
Hipodermal e
• Síndrome da Deformidade e do Nanismo
Hematopoiética
(IHHNv) (RDS) em camarões;
• Endêmica no nordeste do Brasil.

(OIE, 2017)
• A maioria dos peneídeos podem ser
infectados, incluindo as principais
espécies cultivadas:
Espécies           - P. monodon (camarão-tigre-
QUANTO MAIS FRIA FOR A
gigante); ÁGUA, MAIOR SERÁ A
susceptíveis           - L. vannamei (camarão-branco-do-
MORTALIDADE.
pacífico);
          - P. stylirostris (camarão-azul-do-
pacífico).
(LIGHTNER, 2011)
Vertical (ovos infectados) ou
horizontal (canibalismo ou água
contaminada);

Jovens e adultos resistentes podem


Transmissão atuar como portadores e transmitir
o vírus para animais em fases mais
susceptíveis;
RESISTÊNCIA
-20ºC por 5 anos
-80ºC por 15 anos
(LIGHTNER, 2011)
Juvenis e subadultos tendem a ser os
primeiros a apresentar os sinais clínicos;
Anorexia;
Sinais
Clínicos Letargia;

Reduzida taxa de sobrevivência de


larvas e pós-larvas;
Canibalismo.
(LIGHTNER, 2011)
Musculatura abdominal opaca;

Pigmentação azul;

Inspeção Antenas "enrugadas" e frágeis;


dos animais
Manchas esbranquiçadas nas junções
da carapaça;
Alterações cuticulares e deformidade
(LIGHTNER, 2011)
do sexto segmento abdominal.
L. vannamei subadulto com deformidades L. vannamei com a Síndrome da Deformidade e
cuticulares. do Nanismo.
DV Lightner
• Presente no Brasil;

Doença das • Não é considerada zoonose;


Manchas • Notificação obrigatória à OIE;
Brancas • Endêmica no nordeste do Brasil;
(WSDv) • Taxas de mortalidade baixa e alta em
formas crônica e aguda,
respectivamente.
(OIE, 2017)
Vírus da Síndrome da mancha-
branca;

Agente inativado quando submetido


Etiologia à temperatura de 50ºC por 120
minutos ou 60ºC por 1 minuto;

Viável em viveiros por pelo menos


3-4 dias.
(LIGHTNER, 2011)
Decápodes são os principais
acometidos;

Espécies Grande problema sanitário em cultivos


susceptíveis de camarões da família Penaeidae;

Litopenaeus vannamei é susceptível à


infecção pelo vírus.

(LIGHTNER, 2011)
Podem ou não ser manifestados;

Redução repentina no consumo de alimento;


Sinais
Clínicos Letargia, com natação lenta;

Concentração de camarões moribundos


próximos à superfície da água nas bordas dos
tanques;
(LIGHTNER, 2011) Canibalismo.
Manchas brancas (0,5mm a 3,0mm de
diâmetro) no exoesqueleto;
Carapaça solta, mole e com calcificações;

Inspeção Mudança na coloração: de rosa a pardo-


dos animais avermelhada;
Alta infestação por parasitas externos e de
brânquias;
Linha de intestino médio branco através do
abdômen.
(OIE 2017)
L. vannamei apresentando depósitos de Mudança de coloração (pardo-avermelhada)
cálcio na carapaça.

DV Lightner UFF.br/mzo
• Exótica no Brasil (nunca reportada);
• Não é considerada zoonose;
Necrose MORTALIDADE: pode chegar a
Hepatopancreática • Síndrome da Mortalidade Precoce;
100% dentro de poucos dias depois
Aguda de iniciado o surto da enfermidade!
• Notificação obrigatória à OIE;
(AHPND)
• China, Vietnã, Malásia, Tailândia, México e
Filipinas.
(OIE, 2017)
Geralmente aparecem em até
Sinais 10 dias após a estocagem;
Clínicos Camarões moribundos
afundando.

(BONDADE, 2016)
Hepatopâncreas pálido a
esbranquiçado;

Inspeção Atrofia do hepatopâncreas;


dos animais
Estrias ou pontos escuros no
hapatopâncras devido à
(DAFF, 2016) presença de melanina.
Camarão com hepatopâncreas pálido a
Pontos escuros no hepatopâncreas.
esbranquiçado.

DV Lightner

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