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No leucograma é possível observar que os leucócitos totais estão altos caracterizando uma

infecção. Uma causa comum no hipotiroidismo primário seria uma tireoidite linfocítica, que
está associada a infiltrado de células plasmáticas e linfócitos. A medida que a tireoidite
progride, o parênquima é destruído e substituído por tecido conjuntivo fibroso, dessa maneira
a tireoide perde sua função e para de produzir os hormônios tiroidianos. A tireoidite linfocítica
é um distúrbio imunologicamente mediado e vários auto-anticorpos circulantes dirigidos
contra a tiroglobulina são detectáveis. Entretanto, não foi feito um teste para confirmar a
tireoidite linfocítica, mas pode ser feito posteriormente para confirmar com absoluta certeza,
sendo indicado o teste de ELISA disponível para anticorpos antitiroglobulina (AAT) que é
indicador sensível e específico da tireoidite. Devido a destruição da glândula tireoide, ela não
consegue sintetizar o TSH que é produzido na hipófise caracterizando o seu aumento, além
disso como o TSH não é sintetizado o animal para de produzir ou reduz drasticamente a síntese
de T3 e T4. Com a baixa síntese de hormônios tiroidianos faz com que a TBG (Globulina
Ligadora de tiroxina) aumente, pois ela não consegue carrear o T3 e T4 que estão em falta no
organismo do animal, ficando livres na corrente sanguínea, isso explica porque as proteínas
totais estão altas, mais precisamente as globulinas. Os hormônios da tireoide têm participação
na regulação do metabolismo basal e na termorregulação, com seus níveis muito baixos leva a
diminuição do gasto energético e faz com que as células gastem menos energia. Portanto, com
baixo gasto energético o corpo não produz calor necessário fazendo com que o animal sinta
frio e a temperatura esteja abaixo dos parâmetros fisiológicos e tudo o que não foi gasto vira
acúmulo de tecido adiposo gerando ganho de peso sem alteração de apetite. Quando a
termorregulação não é feita pela deficiência desses hormônios, acontece vasoconstrição
periférica e faz com que essas estruturas recebam menos nutrientes e proteínas causando a
queda dos pelos, deixando-os opacos, secos e sem vida. A alopecia bilateral simétrica acontece
porque os hormônios tireoidianos são responsáveis pela fase anagênica do crescimento do
pelo, e a deficiência hormonal, leva a permanência dos pelos na fase telogênica ou de
descanso, e neste caso ocorreu a atrofia da epiderme e das glândulas sebáceas com aumento
de queratinização que levou a alterações na pele como a hiperpigmentação. Isto acontece por
uma deficiência no consumo de oxigênio, na síntese de proteínas, na atividade mitótica e
alterações nas concentrações de ácidos graxos. O prurido normalmente é secundário a
infecções por fungos e bactérias podendo levar a quadros de piodermite, malasseziose e
demodicidose. A anemia pode ser caracterizada por falta de estímulo da eritropoiese e pouca
resposta medular. As alterações neuromusculares ocorrem porque a deficiência dos
hormônios tireoidianos interfere na síntese da molécula adenosina trifosfato (ATP), o que
compromete o funcionamento da bomba sódio potássio acarretando em uma menor
velocidade de condução dos impulsos nervosos o que levou ao pouco estímulo no membro
posterior direito causando a atrofia muscular do órgão. No hipotireoidismo o débito cardíaco
diminui, pois não há estimulação dos receptores β-adrenérgicos no miocárdio, o que pode
levar há alterações na ausculta da frequência cardíaca. Os hormônios tiroidianos tem como
função metabólica a lipólise, que é a quebra de gordura, como também aumenta o número de
receptores para LDL, quando o animal está com hipotiroidismo o LDL não é reconhecido pela
célula pela falta dos receptores (T3 e T4) e o colesterol que ele carreia volta para o fígado. O
excesso de colesterol que volta para o fígado devido à queda do metabolismo lipídico explica
as alterações no aumento de ALT e GGT, pois o órgão não consegue exercer de forma correta
sua função, pois fica sobrecarregado. Possíveis explicações para ureia e creatinina estarem
altos é devido a lesão hepática levando ao alto nível sérico de GGT que possui uma alta
concentração nas células tubulares renais que se acumulam, não sendo excretado de forma
fisiológica pela urina, causando as alterações nos exames. Uma observação que se deve ter em
um animal com hipotireoidismo e que pode resultar em alterações no metabolismo
intermediário, que levam a aumento no peso corporal, do perfil lipídico plasmático e
lipoproteínas resistência à insulina, podendo resultar em diabetes mellitus secundário o que
pode agravar ainda mais o quadro do animal.

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