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Leptospirose

1. Definição
É uma zoonose infecciosa, bacteriana, que acomete pessoas de todas as idades e é mais comum nas populações
com piores condições de saneamento básico

2. Agente etiológico

Leptospira interrogans (espiroqueta, 6 a 20 µm de comprimento e


0,1 µm de diâmetro, aeróbica obrigatória, móvel)

3.Espécies suscetíveis
Mamíferos, principalmente roedores. Infecta cães, gatos, bovinos, cavalos, porcos, ovelhas e humanos

4. Persistência no ambiente
A bactéria sobrevive por até 6 meses em ambientes úmidos, porém morre rapidamente em ambientes secos

5. Transmissão
5.1 Humanos
 O rato, que é o principal hospedeiro, expele a
bactéria no ambiente por intermédio da urina. O
micro-organismo invade o nosso corpo através
de pequenas feridas na pele, das mucosas ou de
membros que ficam imersos em água
contaminada por um longo período
 Os infectados em geral são profissionais que
trabalham em fossas, encanamentos e esgotos ou
com animais. Porém, quando acontecem
alagamentos, há um pico do número de casos
 A ineficácia ou inexistência de rede de esgoto e drenagem de águas pluviais, a coleta de lixo inadequada e as
consequentes inundações são condições favoráveis às epidemias
 Não há relatos de transmissão de humano para humano, ou seja, o contato com a urina de outras pessoas não
transmite leptospirose
5.2 Bovinos
 Secreções nasais e orais de animais contaminados
 Transmissão diretamente ao feto, causando aborto
 Contato dos animais do rebanho com restos de abortos
 Alimentos, água e solos contaminados
 Urina dos animais (rato é o reservatório principal)
 Sêmen contaminado

6. Incubação
6.1 Humanos
De 1 a 30 dias, com maior frequência entre 5 e 14 dias
6.2 Bovinos
De 3 a 20 dias
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7.Sintomas
7.1 Humanos
 Varia muito ente indivíduos, indo desde assintomático, passando
por oligossintomático (leves e de evolução benigna) até casos
graves com risco de morte
 Mais de 75% dos pacientes apresentam febre alta abrupta, calafrios,
dor de cabeça e dor muscular, especialmente nas panturrilhas
 A fase leve pode durar de 5 a 7 dias

 Cerca de 50% apresentam náuseas, vômitos e diarreia


 Olhos e pele amarelados
 Um achado típico é a hiperemia conjuntival (olhos
acentuadamente avermelhados)
 Urina escura e em menor quantidade
 Na forma grave, cerca de 15% terão síndrome de
Weil, caracterizada por icterícia rubínica (cor da
derme muda para um tom alaranjado), insuficiência
renal e hemorragia pulmonar com hemoptise
(expectoração de sangue)
 Pode ocorrer também tosse, faringite, dor articular,
dor abdominal, meningite, manchas no corpo e
aumento dos linfonodos, baço e fígado
 A fase grave pode durar de 4 a 30 dias
7.2 Bovinos

 Febre alta (>40°C)


 Diarreia
 Hemoglobinúria (sangue na urina)
 Anorexia (animal para de se alimentar)
 Icterícia (mucosas amareladas: boca, olhos, vagina...).
Cuidado!! não confundir com a tristeza parasitária que
também causa icterícia
 Mastite
 Queda abrupta na produção de leite
 Infertilidade
 Abortos (principalmente no 4°, 5° e 6° mês de gestação)
 Retenção de placenta
 Nascimento de animais fracos

8. Diagnóstico
 Pelos sintomas e histórico do paciente
 Na fase inicial, as leptospiras podem ser encontradas
no sangue
 Na fase tardia, as leptospiras podem ser encontradas
na urina
 Suspeitas devem ser confirmadas por meio de exames específicos
 Principais testes: ELISA-IgM (Enzyme Linked Immunono Sorbent Assay) e microaglutinação (MAT)
 Em fevereiro de 2020, o Ministério da Saúde lançou um teste para identificação da leptospirose em 20 min

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9. Perdas econômicas
 Gastos com medicamentos e serviços veterinários
 Condenação de vísceras
 Redução na produção de carne e leite
 Descarte de animais
 Morte de animais

10. Tratamento
10.1 Humanos
 Fase precoce: Amoxicilina 500 mg, 8/8 h por 5 a 7 dias ou Doxiciclina 100 mg, 12/12 h por 5 a 7 dias
 Fase tardia: Penicilina G Cristalina: 1,5 milhões IV, 6/6 h ou Ampicilina: 1 g, 6/6 h ou Ceftriaxona: 1 a 2 g, 24/24
h ou Cefotaxima: 1 g, 6/6 h Alternativa: Azitromicina 500 mg, 24/24 h. Duração do tratamento: mínimo 7 dias
 O risco de morte nos casos graves é de 40%
 Aspirina e anti-inflamatórios devem ser evitados, pois os mesmos aumentam o risco de hemorragia
 Nos casos mais graves pode ser necessário internamento em UTI e tratamentos mais agressivos, como
ventilação mecânica e hemodiálise
 Procure sempre um médico, automedicação pode agravar a doença
10.2 Bovinos
 Antibioticoterapia com estreptomicina (25 mg/kg de peso vivo), via intramuscular, em dose única
 Quadros agudos podem requerer transfusão de sangue e fluidoterapia para manter a função renal
 Procure sempre um médico veterinário

11.Prevenção

 Vacinar os bovinos a partir do quinto mês de vida e


repetir semestralmente
 Fazer exame dos animais
 Tratar os animais doentes com estreptomicina
 Controlar os roedores
 Descartar e acondicionar corretamente o lixo
 Eliminar objetos ou materiais em desuso que possam
servir de abrigos para os roedores

 Em humanos, a vacina não confere imunização


permanente e só está indicada em pessoas com
trabalhos de risco, como limpadores de bueiros e fossas
 Usar EPI (luvas, macacão, botas de borracha)
 Desinfetar locais atingidos por enchentes com produtos
à base de cloro: em reservatórios usar 1 L de água
sanitária em 1000 L de água, na limpeza usar 1 copo de
água sanitária em um balde de 20 L de água
 Ao surgir os sintomas procure o médico imediatamente

Vilmar Fruscalso Frederico Modri Neto


Engenheiro Agrônomo, Dr – CREA/RS085207 Médico Veterinário – CRMV/RS10060
Assistente Técnico Regional - Emater/RS Unidade de Cooperativismo - UCP

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