cônjuge sobrevivente, salvo se casado este com o falecido no regime da comunhão uni- versal, ou no da separação obrigatória de bens (art. 1.640, parágrafo único); ou se, no regime da comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado bens particulares.” Regimes em que o cônjuge herda em concorrência
Regime da comunhão parcial de bens, em havendo
bens particulares do falecido.
Regime da participação final nos aquestos.
Regime da separação convencional de bens.
Regimes em que o cônjuge não herda em concorrência
Regime da comunhão parcial de bens, não havendo
bens particulares do falecido.
Regime da comunhão universal de bens.
Regime da separação legal ou obrigatória de bens.
O objetivo do legislador foi separar claramente a meação da herança.
Assim, pelo sistema instituído, quando o cônjuge é
meeiro não é herdeiro; quando é herdeiro não é meeiro.
Nunca se pode esquecer que a meação não se
confunde com a herança, sendo esta confusão muito comum entre os operadores do Direito.
Meação é instituto de Direito de Família, que depende
do regime de bens adotado. Herança é instituto de Direito das Sucessões, que decorre da morte do falecido. Fica em xeque a hipótese em que o regime em relação ao falecido é o da comunhão parcial de bens, não deixando o de cujus bens particulares.
Isso porque, como observa Zeno Veloso em suas
palestras e exposições, é provável que o morto tenha deixado pelo menos a roupa do corpo, sendo esta um bem particular.
Em suma, fica difícil imaginar a hipótese em que o
cônjuge casado pela comunhão parcial não tenha deixado bens particulares. No regime da comunhão parcial de bens, a concorrência sucessória somente se refere aos bens particulares.
Esse é o entendimento de Christiano Cassettari,
Eduardo de Oliveira Leite, Giselda Hironaka, Gustavo Nicolau, Jorge Fujita, José Fernando Simão, Maria Helena Daneluzzi, Mário Delgado, Rodrigo da Cunha Pereira, Rolf Madaleno, Sebastião Amorim, Euclides de Oliveira , Zeno Veloso e Flávio Tartuce. Todavia, o entendimento está longe de ser unânime, pois há quem entenda que a concorrência na comunhão parcial deve se dar tanto em relação aos bens particulares quanto aos comuns (Francisco Cahali, Guilherme Calmon Nogueira da Gama, Inácio de Carvalho Neto, Maria Helena Diniz e Mário Roberto Carvalho de Faria).
Por fim, isoladamente, Maria Berenice Dias
entende que a concorrência somente se refere aos bens comuns. A 2ª Seção do Superior Tribunal de Justiça analisou recurso que discutiu a interpretação da parte final do inciso I do artigo 1.829 do Código Civil.
A decisão confirma o Enunciado 270 da III Jornada de
Direito Civil, organizada pelo Conselho da Justiça Federal, e pacifica o entendimento entre a 3ª e a 4ª Turma, que julgam matéria dessa natureza. O enunciado afirma que
“o artigo 1.829, I, do CC/02 só assegura ao cônjuge
sobrevivente o direito de concorrência com os descendentes do autor da herança quando casados no regime da separação convencional de bens ou, se casados nos regimes da comunhão parcial ou participação final nos aquestos, o falecido possuísse bens particulares, hipóteses em que a concorrência se restringe a tais bens, devendo os bens comuns (meação) serem partilhados exclusivamente entre os descendentes". Há um claro erro na menção ao art. 1.640, parágrafo único, do CC, referente ao regime da separação obrigatória de bens.
Isso porque o regime da separação legal ou obrigatória é
aquele tratado pelo art. 1.641 do CC, envolvendo as pessoas que se casam em inobservância às causas suspensivas do casamento, os maiores de 70 anos
Aps 2020 - A Possibilidade Da Companheira Concorrer Igualmente Com Os Descendentes Quando Se Tratar de Filiação Híbrida em Relação Aos Bens Particulares Do de Cujos