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Art. 1.829.

A sucessão legítima defere-se na


ordem seguinte:

I – aos descendentes, em concorrência com o


cônjuge sobrevivente, salvo se casado este
com o falecido no regime da comunhão uni-
versal, ou no da separação obrigatória de bens
(art. 1.640, parágrafo único); ou se, no regime
da comunhão parcial, o autor da herança não
houver deixado bens particulares.”
Regimes em que o cônjuge herda em
concorrência

Regime da comunhão parcial de bens, em havendo


bens particulares do falecido.

Regime da participação final nos aquestos.

Regime da separação convencional de bens.


Regimes em que o cônjuge não herda em
concorrência

Regime da comunhão parcial de bens, não havendo


bens particulares do falecido.

Regime da comunhão universal de bens.

Regime da separação legal ou obrigatória de bens.


O objetivo do legislador foi separar claramente a
meação da herança.

Assim, pelo sistema instituído, quando o cônjuge é


meeiro não é herdeiro; quando é herdeiro não é meeiro.

Nunca se pode esquecer que a meação não se


confunde com a herança, sendo esta confusão muito
comum entre os operadores do Direito.

Meação é instituto de Direito de Família, que depende


do regime de bens adotado. Herança é instituto de
Direito das Sucessões, que decorre da morte do
falecido.
Fica em xeque a hipótese em que o regime em relação
ao falecido é o da comunhão parcial de bens, não
deixando o de cujus bens particulares.

Isso porque, como observa Zeno Veloso em suas


palestras e exposições, é provável que o morto tenha
deixado pelo menos a roupa do corpo, sendo esta um
bem particular.

Em suma, fica difícil imaginar a hipótese em que o


cônjuge casado pela comunhão parcial não tenha
deixado bens particulares.
No regime da comunhão parcial de bens, a
concorrência sucessória somente se refere aos
bens particulares.

Esse é o entendimento de Christiano Cassettari,


Eduardo de Oliveira Leite, Giselda Hironaka,
Gustavo Nicolau, Jorge Fujita, José Fernando Simão,
Maria Helena Daneluzzi, Mário Delgado, Rodrigo da
Cunha Pereira, Rolf Madaleno, Sebastião Amorim,
Euclides de Oliveira , Zeno Veloso e Flávio Tartuce.
Todavia, o entendimento está longe de ser
unânime, pois há quem entenda que a
concorrência na comunhão parcial deve se dar
tanto em relação aos bens particulares quanto
aos comuns (Francisco Cahali, Guilherme
Calmon Nogueira da Gama, Inácio de Carvalho
Neto, Maria Helena Diniz e Mário Roberto
Carvalho de Faria).

Por fim, isoladamente, Maria Berenice Dias


entende que a concorrência somente se refere
aos bens comuns.
A 2ª Seção do Superior Tribunal de Justiça
analisou recurso que discutiu a interpretação da parte final
do inciso I do artigo 1.829 do Código Civil.

A decisão confirma o Enunciado 270 da III Jornada de


Direito Civil, organizada pelo Conselho da Justiça Federal,
e pacifica o entendimento entre a 3ª e a 4ª Turma, que
julgam matéria dessa natureza.
O enunciado afirma que

“o artigo 1.829, I, do CC/02 só assegura ao cônjuge


sobrevivente o direito de concorrência com os
descendentes do autor da herança quando casados no
regime da separação convencional de bens ou, se
casados nos regimes da comunhão parcial ou
participação final nos aquestos, o falecido possuísse
bens particulares, hipóteses em que a concorrência se
restringe a tais bens, devendo os bens comuns
(meação) serem partilhados exclusivamente entre os
descendentes".
Há um claro erro na menção ao art. 1.640, parágrafo
único, do CC, referente ao regime da separação
obrigatória de bens.

Isso porque o regime da separação legal ou obrigatória é


aquele tratado pelo art. 1.641 do CC, envolvendo as
pessoas que se casam em inobservância às causas
suspensivas do casamento, os maiores de 70 anos

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