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LITERATURA

Vanguardas Europeias

Professora Franciellen Mendes


As Vanguardas Europeias
 Principais Características do Período:
1. Belle Époque;
2. Euforia burguesa pelo advento da Era da
Máquina;
3. Culto ao progresso, à velocidade e aos
confortos proporcionados pela tecnologia;
4. Surgimento do cinematógrafo, do automóvel e
das máquinas voadoras.
As Vanguardas Europeias
 Situação Histórica:
1. I Grande Guerra Mundial (1914-1918);
2. Ruína econômica dos países europeus;
3. Declínio dos valores e falência dos ideais;
4. Desilusão, desencanto, perplexidade;
5. Descrédito das antigas “certezas” científicas e
religiosas.
O Manifesto Futurista, de autoria do
poeta italiano Filippo Tommaso
Marinetti (1876 - 1944), é
Imagem: Marinetti / Public Domain

publicado em Paris em 1909.

O Futurismo propunha a ruptura com o passado. Mais que


isso: destruir o passado. Exaltavam:
• a velocidade, o progresso;
• a coragem, a audácia e a revolta;
• o soco e a bofetada;
• a guerra – única higiene do mundo;
• pregava a demolição de bibliotecas e museus, além de
combater o moralismo, o feminismo e todas as covardias
oportunistas e utilitárias.
Futurismo
Parada amorosa, 1917.
Nesta tela, o cubista
Picabia faz nítida
homenagem à
máquina, realçando a
tendência futurista de
“valorizar os
mecanismos que
movem o mundo”, em
suas próprias palavras.
Futurismo

Automóvel
correndo,
de Giacomo
Balla.
Futurismo
Futurismo na literatura:
 A destruição da sintaxe e a disposição das “palavras em
liberdade”;
 O emprego de verbos no infinitivo, com vistas à
substantivação da linguagem;
 A abolição dos adjetivos e dos advérbios;
 O emprego do substantivo duplo (burguês-burguês, burguês-
níquel, mulher-golfo) em lugar do substantivo acompanhado
de adjetivo;
 A abolição da pontuação, que seria substituída por sinais da
matemática (+) , (-) , (=) , (<) , (>) e pelos sinais musicais;
 A destruição do eu , isto é, toda a psicologia;
 Onomatopéias e imagens que incorporam o som das
engrenagens da máquina;
 Percepção por analogia.
Futurismo
Ode triunfal

À dolorosa luz das grandes lâmpadas elétricas da fábrica


Tenho febre e escrevo.
Escrevo rangendo os dentes, fera para a beleza disto,
Para a beleza disto totalmente desconhecida dos antigos.

Ó rodas, ó engrenagens, r-r-r-r-r-r eterno!


Forte espasmo retido dos maquinismos em fúria!
Em fúria fora e dentro de mim
(...)

(Álvaro de Campos – heterônimo de Fernando


Pessoa)
Manifesto
Futurista
nos
jornais
europeus
Manifesto futurista
 1. Nós pretendemos cantar o amor ao perigo, o hábito da energia e a
intrepidez.
 2. Coragem, audácia, e revolta serão elementos essenciais da nossa
poesia.
 ...
 4. Nós afirmamos que a magnificência do mundo foi enriquecida por
uma nova beleza: a beleza da velocidade. Um carro de corrida cuja
capota é adornada com grandes canos, como serpentes de respirações
explosivas de um carro bravejante que parece correr na metralha é
mais bonito do que a Vitória da Samotrácia.

 5. Nós queremos cantar hinos ao homem e à roda, que arremessa a


lança de seu espírito sobre a Terra, ao longo de sua órbita
 6. O poeta deve esgotar a si mesmo com ardor, esplendor, e
generosidade, para expandir o fervor entusiástico dos elementos
primordiais.
 7. Exceto na luta, não há beleza. Nenhum trabalho sem um caráter
agressivo pode ser uma obra de arte. Poesia deve ser concebida como
um ataque violento em forças desconhecidas, para reduzir e serem
prostradas perante o homem.
Imagem: Picasso em 1962 / Revista Vea y Lea, Argentina / Public Domain

O
CUBISMO
A REALIDADE EM
FORMAS
GEOMÉTRICAS

“A arte é uma mentira


que nos faz perceber
a verdade”

Pablo Picasso
O Cubismo
Fracionamento da realidade. Esta passa a ser expressa
através de planos superpostos e simultâneos.
Decomposição da realidade em figuras geométricas.

Violino e Uvas, de Pablo Picasso


Cubismo
 O cubismo é um movimento estético que
ocorreu entre 1907 e 1914, tendo como
principais fundadores Pablo Picasso e
Georges Braque.
 O cubismo tratava as formas da natureza
por meio de figuras geométricas,
representando todas as partes de um
objeto no mesmo plano. A representação do
mundo passava a não ter nenhum
compromisso com a aparência real das coisas.
Pablo Picasso
 Georges Braque
Pablo
Picasso
Colagem-espelho,
obra de
Kurt Schwitters,
de 1920.
O DADAÍSMO

A arte
que não
é arte,
mas é
arte...

Imagem: Poster for dada matinee , 1923 / Theo van Doesburg / Public Domain
Dadaísmo
 O movimento Dadá (Dada) ou Dadaísmo foi uma
vanguarda moderna fundada em Zurique, em 1916, por um
grupo de escritores e artistas plásticos, dois deles desertores
do serviço militar alemão.
 Embora a palavra dada em francês signifique cavalo de
brinquedo, sua utilização marca o non-sense ou falta de
sentido que pode ter a linguagem (como na língua de um
bebê).
 Para reforçar esta ideia foi criado o mito de que o nome foi
escolhido aleatoriamente, abrindo-se uma página de um
dicionário e inserindo-se um estilete sobre a mesma. Isso foi
feito para simbolizar o caráter anti-racional do
movimento, claramente contrário à
Primeira Guerra Mundial.
 Em poucos anos, o movimento alcançou, além de Zurique,
as cidades de Barcelona, Berlim, Colônia, Hanôver,
Nova York e Paris.
Principais características
 O Dadaísmo é caracterizado pela oposição a
qualquer tipo de equilíbrio, pela
combinação de pessimismo irônico e
ingenuidade radical, pelo ceticismo absoluto e
improvisação.
 Enfatizou o ilógico e o absurdo. Entretanto,
apesar da aparente falta de sentido, o
movimento protestava contra a loucura da
guerra.
 Assim, sua principal estratégia era mesmo
denunciar e escandalizar.
RESUMINDO:

“Eu escrevo um manifesto e não quero nada, eu digo portanto


certas coisas e sou por princípio contra os manifestos, como
sou também contra os princípios.” (Tristan Tzara)
- Objetos comuns do cotidiano são apresentados de uma nova
forma e dentro de um contexto artístico;
- Irreverência artística;
- Combate às formas de arte institucionalizadas;
- Crítica ao capitalismo e ao consumismo;
- Ênfase no absurdo, nos temas e nos conteúdos sem lógica;
- Uso de vários formatos de expressão (objetos do cotidiano,
sons, fotografias, poesias, músicas, jornais, etc.) na
composição das obras de artes plásticas;
- Forte caráter pessimista e irônico, principalmente com
relação aos acontecimentos políticos do mundo.
O DADAÍSMO

 Ilogismo;  Substituição das


 Nonsense; palavras por ruídos e
gritos inarticulados;
 Humor niilista e
irracionalista;  “Ser dadá é ser
 Dinamitam-se a antidadá”;
cultura e a linguagem;  “A arte não é séria”;
 “Nós escarramos na
humanidade”.
Marcel Duchamp
O Dadaísmo
 A Fonte, de Marcel Duchamp.
 Pegue um jornal.
Pegue a tesoura.
Escolha no jornal um artigo do tamanho que você
deseja dar a seu poema.
Recorte o artigo.
Recorte em seguida com atenção algumas palavras
que formam esse artigo e meta-as num saco.
Agite suavemente.
Tire em seguida cada pedaço um após o outro.
Copie conscienciosamente na ordem em que elas
são tiradas do saco.
O poema se parecerá com você.
E ei-lo um escritor infinitamente original e de uma
sensibilidade graciosa, ainda que incompreendido
do público.
 Kleine Dada Soirée, 1922. Litografia de
Theo van Doesburg e Kurt Schwitters.
O SURREALISMO
O surreal subjaz à noção de “real” até então conhecida;
Acrescenta-se à razão a imaginação, o sonho e a fantasia criadora do
inconsciente.

Aparição de um rosto e de uma fruteira numa praia, de Salvador Dali.


Neste Rosto de Mae West
podendo ser utilizado como
apartamento surrealista,
Salvador Dalí apropria-se da
técnica de colagem dos
dadaístas, apresentando
objetos deslocados de suas
funções: os cabelos de atriz
transformados em cortinas; os
olhos, em quadros; o nariz, em
aparador; os lábios, em
poltrona.
Visão geral
 As características deste estilo: uma
combinação do representativo, do abstrato, e
do psicológico.
 Segundo os surrealistas, a arte deve se
libertar das exigências da lógica e da razão
e ir além da consciência quotidiana,
expressando o inconsciente e os sonhos.
 O principal teórico e líder do movimento é o
poeta, escritor, crítico e psiquiatra francês
André Breton (1896-1966), que em 1924
publica o primeiro Manifesto Surrealista.
 Uma das principais ideias trabalhadas pelos
surrealistas é a da escrita automática,
segundo a qual o impulso criativo artístico se
dá através do fluxo de consciência despejado
sobre a obra.
 Ainda segundo esta ideia, a arte não é
produto de gênios, mas de cidadãos
comuns.
Poeminha surrealista

Gostaria, querida,
De ser inesperado
Como uma madrugada amanhecendo
À noite
E engraçado, também,
Como um pato num trem.

Millôr Fernandes
Imagem: Portrait of Salvador Dali, 1972 / autor: Allan Warren /
 Creative Commons Attribution-Share Alike 3.0 Unported license.

Dalí
Salvador

O maior nome
do Surrealismo
Imagem: Dematerialization near the rose of Neto, 1947 / Salvador Dali /
http://www.salvador-dali.org/dali/coleccio/en_50obres.html?ID=W0000395

Salvador Dalí
à rosa de Nero
Desmaterilização próximo
Salvador Dali
 O nascimento do Mundo
Salvador Dali
A persistência da memória, de Salvador Dalí.
O Expressionismo
 Linguagem fragmentada,
elíptica, repleta de frases
nominais;
 Despreocupação com a
divisão em estrofes, com
o uso de rimas ou
musicalidade;
 Combate à fome, à
inércia e aos valores do
mundo burguês
O Grito, de Edvard Munch.
Edvard Munch
Rene Magritte
Van Gogh
CRIANÇA
MORTA

PORTINAR
A boba (1917), tela de
Anita Malfatti em que
sobressaem os elementos
dramático, emocional e,
enquanto temática,
marginal.
Maternidade, Almada-Negreiros. A tendência
expressionista calcada no exagero atinge em cheio os
modernistas portugueses.
José de Almada
Negreiros

Amadeu de Souza-Cardoso Fernando Pessoa


A evolução política da Europa e a degradação da 1ª
República propiciaram o aparecimento de correntes
literárias mais ou menos contraditórias.
Destacam-se:
 O Integralismo Lusitano;
 O Grupo Seara Nova

O grupo da Seara Nova


Na Pintura:
No início do século XX, Portugal continuava na
linha do naturalismo, praticado por grandes
mestres como: Pousão, Malhoa, Columbano ou
Carlos Reis

José Malhoa, O Fado, 1910


Percebe-se então que todos procuravam
retratar os valores genuínos de uma
sociedade predominantemente rural e
satisfaziam o gosto de uma burguesia
nostálgica dos valores tradicionais.

José Malhoa, As Promessas, 1933


Henrique Pousão , Cecília, 1882
Então, podemos dizer que o Modernismo é
um movimento estético onde a literatura surge
associada às artes plásticas.

Improviso, Kandinsky
O modernismo rompia com o
provincianismo, com as tradições
académicas, defendendo a liberdade de
criação e pesquisa estética.
MODERNISMO – A Geração ORPHEU
MODERNISMO – A Geração ORPHEU
Este movimento é empreendido pela geração de:

Mário de Sá Almada Negreiros


Fernando Pessoa Carneiro
 Formaram-se dois núcleos inovadores: um
em Lisboa, liderado por Almada Negreiros e
Santa Rita, que se juntaram a Fernando
Pessoa e Mário de Sá Carneiro,
dinamizadores da Revista Orpheu; outro
grupo no Norte em torno do casal Delaunay,
de Eduardo Viana e Amadeu.

Capa nº 1 de Orpheu, desenho


de José Pacheco
Fernando Pessoa - 1888 a
1935
Fernando António Nogueira
Pessoa
Escritor português, nasceu a 13 de Junho de
1888, em Lisboa, precisamente numa casa
do Largo de São Carlos, onde foi batizado.

Ficou órfão aos 5 anos de um pai morto


pela doença do século, a tuberculose.

Seu pai
Fernando Pessoa
Aos 4 anos começa a escrever com a ajuda de
sua mãe, e a 26 de Julho de 1895, com
apenas 7 anos redige a sua primeira quadra
«à minha querida mamã».
Eis-me aqui em Portugal
Nas Terras onde eu nasci.
Por muito que goste delas
Ainda gosto mais de ti.
Fernando
Pessoa
Fernando Pessoa
Aos 7 anos parte para África do Sul, na companhia
da mãe que voltara a casar em 1896. Viveu aí
entre 1895 e 1905, fazendo no Liceu de Durban,
os estudos secundários.
Nessa altura, passou um ano de férias (entre 1901
e 1902), em Portugal, tendo residido em
Lisboa e viajado para contactar com a
família paterna e materna.
Já nesse tempo redigiu, sozinho, vários
jornais, assinados com diferentes
nomes.
Após a proclamação da República, em 1910, é
fundada a revista A Águia. É nesta revista que
Fernando Pessoa se estreia, em 1912, como
crítico com um ensaio sobre «a nova poesia
portuguesa».
Fernando Pessoa ficou sobretudo
conhecido como grande prosador
do modernismo (ou futurismo) em
Portugal.
Ophélia Queirós foi o único namoro
conhecido de Fernando Pessoa que
decorreu em duas fases:
 primeira fase entre 1 de Maio a 29
de Novembro de 1920,
 segunda fase desde 11 de Setembro
de1929 a 11 de Janeiro de 1930.

Foi por momentos uma fuga ao isolamento de


Fernando Pessoa, bem como a revelação de
si próprio como um ser capaz de amar.
Fernando Pessoa morre a 30 de Novembro de 1935,
de uma grave crise hepática induzida por anos de
consumo de álcool na mesma cidade onde
nascera, no hospital de S. Luís dos Franceses.

«Já quase não podia erguer a voz, pediu os óculos


porque lhe faltava a vida e a visão e escreveu a
última frase em inglês:

"I know not what tomorrow will bring...".


»
(Não sei o que o amanhã trará)

A sua última fotografia.


Fernando Pessoa
Em vida apenas publicou um livro em
Português: o poema épico Mensagem,
deixando um vasto espólio que ainda hoje não
foi completamente analisado e publicado.
Fernando Pessoa
Autopsicografia 
                                    
O poeta é um fingidor. 
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor 
A dor que deveras sente. 

E os que lêem o que escreve, 


Na dor lida sentem bem, 
Não as duas que ele teve, 
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas de roda 


Gira, a entreter a razão, 
Esse comboio de corda 
Que se chama coração.
 Alberto Caeiro (“O Mestre”)

 Ricardo Reis (O intelectual sem inspiração)

 Álvaro de Campos (O amargo, depressivo, futurista, seu


último personagem desenvolvido)
Caeiro, por
Almada
Negreiros
Características temáticas
(

 Objetivismo;

 Sensacionismo;

 Antimetafísico (recusa do conhecimento das coisas);

 Panteísmo naturalista (adoração pela natureza). 


Características estilísticas
 Verso livre, métrica irregular;
 Despreocupação a nível fónico;
 Pobreza lexical ( linguagem simples, familiar);
 Adjectivação objectiva;
 Pontuação lógica;
 Predomínio do presente do indicativo;
 Frases simples;
 Predomínio da coordenação;
 Comparações simples e raras metáforas.
 Procuro despir-me do que aprendi
Procuro esquecer-me do modo de lembrar
que me ensinaram,
E raspar a tinta com que me pintaram os
sentidos,
Desencaixotar as minhas emoções
verdadeiras,
Desembrulhar-me e ser eu...
 Alberto Caeiro
Ricardo
Reis
(fragmento
de Almada)
O intelectual sem inspiração.
Características temáticas
 Epicurismo - procura do viver do prazer;
 Estoicismo - crença de que o Homem é insensível a todos
os males físicos e morais;
 Horacionismo - seguidor literário de Horácio;
 Paganismo - crença em vários deuses;
 Neoclacissismo - devido à educação clássica e estudos
sobre Roma e Grécia antigas;
Características estilísticas
 Submissão da expressão ao conteúdo: a uma ideia perfeita
corresponde uma expressão perfeita;
 Forma métrica: ode;
 Estrofes regulares em verso decassílabo alternadas ou não
com hexassílabo;
 Verso branco;
 Recurso frequente à assonância, à rima interior e à
aliteração;
 Predomínio da subordinação;
 Uso frequente do hipérbato;
 Uso frequente do gerúndio e do imperativo;
 Metáforas, eufemismos, comparações;
 Nada Fica

Nada fica de nada. Nada somos.


Um pouco ao sol e ao ar nos atrasamos
Da irrespirável treva que nos pese
Da humilde terra imposta,
Cadáveres adiados que procriam.

Leis feitas, estátuas vistas, odes findas —


Tudo tem cova sua. Se nós, carnes
A que um íntimo sol dá sangue, temos
Poente, por que não elas?
Somos contos contando contos, nada.
 Ricardo Reis
Álvaro de
Campos
(Almada,
fragmento)
O amargo, depressivo, futurista, seu
último personagem desenvolvido.
Características temáticas
 Decadentismo – cansaço, tédio, busca de novas
sensações ;
 Futurismo - corte com o passado, exprimindo em arte
o dinamismo da vida moderna. O vocabulário
onomatopaico pretende exaltar a modernidade;
 Sensacionismo - corrente literária que considera a
sensação como base de toda a arte;
 Pessimismo – última fase, vencidismo.
Características estilísticas
 Submissão da expressão ao conteúdo: a uma ideia perfeita
corresponde uma expressão perfeita;
 Forma métrica: ode;
 Estrofes regulares em verso decassílabo alternadas ou não
com hexassílabo;
 Verso branco;
 Recurso frequente à assonância, à rima interior e à
aliteração;
 Predomínio da subordinação;
 Uso frequente do hipérbato;
 Uso frequente do gerúndio e do imperativo;
 Metáforas, eufemismos, comparações;
Poema em linha reta - Fernando Pessoa
(Álvaro de Campos)
Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.

E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem
pagar, (...)
• Poeta e prosador português (19/5/1890-
26/4/1916), considerado um dos mais
originais e complicados autores do
Movimento Modernista Português.
• Mário de Sá-Carneiro é o poeta que
encarna as frustrações e os pesadelos de
sua terra no início deste século, um país
dividido entre a glória passada e a
atração pela modernidade e pelas luzes
da renovação europeia.
• Isso é traduzido em sua obra por meio
de uma linguagem de extrema violência
verbal.
Caderno de poemas entregue a
Fernando Pessoa. Leiloado pela
família recentemente.

Sá-Carneiro nasce na cidade de Lisboa e estuda na Universidade de


Sorbonne, em Paris. Publica os primeiros poemas, Dispersão, em
1914. Retorna a Portugal em 1915 e lança a revista Orpheu em
parceria com Fernando Pessoa, seu mentor e a maior expressão do
Modernismo naquele país.
De volta a Paris, Sá-Carneiro passa por uma crise moral e financeira
que o faz abandonar os estudos. De relações rompidas com o pai,
leva uma vida de boêmia literária. Em 1916, durante uma crise,
suicida-se em Paris. Antes de sua morte envia seus poemas inéditos
a Fernando Pessoa, publicados apenas em 1937 sob o título Indícios
de Ouro.
FIM
Quando eu morrer batam em latas
Rompam aos saltos e aos pinotes
Façam estalar no ar chicotes,
Chamem palhaços e acrobatas.

Que o meu caixão vá sobre um burro


Ajaezado à andaluza:
A um morto nada se recusa,
E eu quero ir de burro…

Mário de Sá Carneiro, Paris, 1916


Almada Negreiros
(1893 - 1970)
Pintor Romancista Poeta Crítico de
arte

- Representa a vanguarda na pintura portuguesa


da década de 20.
- Introdutor do Modernismo em Portugal.
Almada Negreiros (1893 - 1970)

 Escritor e artista plástico, José


Sobral de Almada Negreiros
nasceu em S. Tomé e
Príncipe a 7 de Abril de 1893.
 Foi um dos fundadores da
revista Orpheu(1915), veículo
de introdução do modernismo
em Portugal, onde conviveu
de perto com Fernando
Pessoa.

Auto-retrato, Almada Negreiros


Almada Negreiros (1893 - 1970)
 Além da literatura e da pintura a óleo,
Almada desenvolveu ainda composições
coreográficas para ballet. Trabalhou em
tapeçaria,  gravura, pintura mural,
caricatura, mosaico, azulejo e vitral.
Revelou-se um artista e um escritor
multifacetado. Foi o artista mais receptivo
às novidades futuristas importadas por
Santa-Rita.
 Faleceu após uma parada cardíaca em
15 de Junho de 1970 no Hospital de S.
Luís dos Franceses, em Lisboa,  no
mesmo quarto onde morrera o seu amigo
Fernando Pessoa.
Almada Negreiros (1893 - 1970)

Retrato de Suzanne
Lenglen
1923
Almada Negreiros (1893 - 1970)

Auto-retrato com grupo, 1925; óleo sobre tela


Almada Negreiros (1893 - 1970)

Maternidade, 1935; óleo sobre


tela
Almada Negreiros (1893 - 1970)

Retrato de
Fernando
Pessoa
1954; óleo
sobre tela
Almada Negreiros (1893 - 1970)

Retrato de Almada
Negreiros
1964
A revista Portugal Futurista, publicada em 1917 ( e apreendida
logo pela polícia) contou com grandes nomes do modernismo
e foi um marco incontornável do movimento futurista
português.

Capa de Portugal Futurista, Almada Negreiros, “1ª


1917 Conferência Futurista”,em
Portugal Futurista
Amadeu de Souza Cardoso
(1887 - 1918)

* Nasceu em Amarante, em
1887;
* Morreu em Espinho, em 1918;
* O pintor trouxe consigo
influências do cubismo, do
futurismo e do abstraccionismo,
além de um currículo invejável:
uma participação na exposição
de cubistas no Salão de Outono
(Paris, 1912).
Amadeu
“impressionista,
cubista, futurista,
abstraccionista?...
De tudo um
pouco”.
Segundo Almada
foi “a primeira
descoberta de
Portugal na
Europa do século
XX!”
Amadeu, A Máscara do Olho
Verde, 1915
Amadeu de Souza Cardoso
(1887 - 1918)

Saut du lapin
1911; óleo sobre
tela
Amadeu de Souza Cardoso
(1887 - 1918)

Menina dos Cravos


1913,; óleo sobre madeira
Amadeu de Souza Cardoso
(1887 - 1918)

Cabeça
1913; óleo sobre
tela
Amadeu de Souza Cardoso
(1887 - 1918)

Canção Popular a Russa e o


Fígaro
1916; óleo sobre tela
Amadeu de Souza Cardoso
(1887 - 1918)

Entrada
1917, óleo sobre tela
com colagem
Amadeu de Souza Cardoso
(1887 - 1918)

Pintura
1917; óleo
sobre tela
Amadeu de Souza-Cardoso, Coty,
1917
Inevitavelmente a
corrente modernista
reflectiu um espírito
de mudança na
literatura e nas artes,
numa diversidade de
experiências de
vanguarda, que vão
marcar a cultura do
início do século, em
Portugal.
Segundo Movimento Modernista

José Régio João Gaspar Simões


José Régio
 José Régio, pseudônimo literário de José Maria dos
Reis Pereira, nasceu em Vila do Conde em 1901.
 Fez os estudos secundários em Povoa do Varzim e no
Porto. Licenciado em Letras em Coimbra, ensinou
durante mais de 30 anos no Liceu de Portalegre. Foi um
dos fundadores da revista "Presença", e o seu principal
animador. Romancista, dramaturgo, ensaísta e crítico
foi, no entanto, como poeta que primeiramente se
impôs e a mais larga audiência depois atingiu. Seu livro
de estréia foi Poemas de Deus e do Diabo (1925).
 Foi poeta, ficcionista, dramaturgo, ensaísta, crítico.
 É representante da segunda fase do modernismo
português, que tinha o objetivo de traçar caminhos
ousados e originais para a poesia lusa, como já
acontecia nos demais países europeus.
José Régio
Na poesia de José Régio, podemos detectar as
seguintes tendências da poesia modernista:
 A arte é vista como uma criação subjetiva e livre para
manifestar os sentimentos do autor desvinculando-se
do conceito de belo..
  A razão se torna objeto de descrédito e a realidade é
distorcida, originando abstrações.
  Há repúdio às convenções e repressões sociais,
usando-se a arte como contestação.
  Nos poemas de fundo religioso dos primeiros livros do
autor costuma haver uma identificação entre o eu lírico
e a figura de Cristo, ambos irmanados pela dor, pelo
sofrimento e pelo sentimento de inadaptação ao
mundo.
Cristo  - José Régio
Quando eu nasci, Senhor! já tu lá estavas,
Crucificado, lívido, esquecido.
Não respondeste, pois, ao meu gemido,
Que há muito tempo já que não falavas.

Redemoinhavam, longe, as turbas bravas,


Alevantando ao ar fumo e alarido.
E a tua benta Cruz de Deus vencido,
Quis eu erguê-la em minhas mãos escravas!

A turba veio então, seguiu-me os rastros;


E riu-se, e eu nem sequer fui açoitado,
E dos braços da Cruz fizeram mastros...

Senhor! eis-me vencido e tolerado:


Resta-me abrir os braços a teu lado,
E apodrecer contigo à luz dos astros!
 As revistas mais importantes são: a
Contemporânea (1922-26) e a Presença
(1927-40).

Capa da Revista
Presença Capa da revista Contemporânea
da autoria de Almada
João Gaspar Simões
João Gaspar Simões nasceu na Figueira da Foz e faleceu
em Lisboa.
Juntamente com José Régio e Adolfo Casais Monteiro,
entre outros, fundou a revista Presença em 1927, revista
que viria a ter enorme influência na literatura portuguesa.
Escritor, ensaísta e crítico literário, foi essencialmente
como crítico que ficou conhecido.
Trabalhou como bibliotecário e também consagrou-se
como escritor de biografias, como as de: Almeida Garret,
Antero Quental, Júlio Dinis, Camilo Pessanha, histórias
sobre a literatura portuguesa e outros.
Colaborou regularmente em várias publicações,
destacando-se o Diário de Lisboa, o Diário de Notícias, o
Diário Popular e O Primeiro de Janeiro.
Da esquerda para a direita: José Régio, João Gaspar
Simões, Albano Nogueira, Fernando Lopes-Graça e
Adolfo Casais Monteiro.
Terceira Geração - Neorrealismo
Quer na poesia, quer na prosa, o neo-realismo
assume uma dimensão de intervenção social,
firmada pelo pós-guerra e pela sedução dos
sistemas socialistas que o clima português de
ditadura mitifica.
Tendo uma literatura "engajada", antifascista, de
denúncia social. Busca a conscientização do leitor, a
realidade social e a miséria moral. Tensão dialética:
literatura ativa - instrumento de transformação social.

Reação contra a "alienação" e o evasionismo da


Geração Presença.
Negação da "arte pela arte", privilegiando o
conteúdo e a função social da arte.
Simplificando da expressão artística,
aproximações com a técnica jornalística e
com a linguagem cinematográfica, visando
à comunicação com o grande público.
Em seu limite inferior, o Neorrealismo
resvala no panfletário, na literatura "de
comício", desvitalizando o propósito de
denúncia pela dissociação entre o
conteúdo e a forma artística.

Influências Norte-Americanas (Steinbeck,


Hemingway e John dos Passos), francesas
Fanga, Manuel (o Existencialismo e o "novo romance") e
Ribeiro de Pavia
brasileiras (José Lins, Graciliano Ramos,
Érico Veríssimo e Jorge Amado).
Alves Redol
Antônio Alves Redol nasceu em 1911, em Vila Franca de
Xira. Freqüentou o Curso Comercial, que conclui em 1927 e
no ano seguinte partiu para Angola, onde ficou durante três
anos. A sua passagem por Angola não foi muito feliz, mas
trouxe-lhe experiências que deram uma outra visão do
mundo e lhe serviram mais tarde na sua atividade literária. 

Nutria preocupação em não se limitar à ficção e partir da


experiência vivida e documentada seria um traço
fundamental da sua obra. Além de ir para a Ribeira do Tejo
ouvir as histórias dos trabalhadores e das varinas e do Ciclo
do Arroz, "viveu no Pinhão para ficar a conhecer o Douro e
as suas gentes, descendo o rio com as tripulações dos
barcos rabelos, esteve à beira de um naufrágio nos mares da
Nazaré, ao sair para a faina com os pescadores para
preparar "Uma Fenda na Muralha""(Ana Maria Pereirinha,
1996).
A obra literária de Alves
Redol poderá ficar para a
história da literatura do
século XX fundamentalmente
como uma obra desigual, em
termos de valor formal e
artístico, mas é
unanimemente considerada
como uma obra de grande
capacidade de rigor e
observação da realidade
social e de grande
autenticidade e honestidade
no seu empreendimento.
Ferreira de Castro
Emigrante, homem do jornalismo, mas sobretudo
ficcionista, é hoje em dia, ainda, um dos autores com maior
obra traduzida em todo o mundo, podendo-se incluir a sua
obra na categoria de literatura universal moderna,
precursora do neo-realismo, de escrita caracteristicamente
identificada com a intervenção social e ideológica.
A exemplo da sua ainda grande atualidade pode referir-se
a recente adaptação ao cinema, com muito sucesso, da
obra A Selva.
Era um trabalhador incansável, na verdadeira acepção do
termo.
Não dispondo ou não querendo utilizar máquina de
escrever e ainda a uma enorme distância dos nossos
computadores, veja-se a montanha de papel que Ferreira
de Castro, laboriosamente, escreveu, para produzir uma
das suas mais importantes obras: " As Maravilhas
Artísticas do Mundo".
Sinopse:Alberto é um jovem monárquico
português que, em 1912, se encontra exilado em
Belém do Pará. Através de seu tio, é contratado por
um capataz para trabalhar no seringal de Juca
Tristão, em pleno coração da selva Amazônica.
Após uma longa viagem pelo Rio Amazonas,
aporta no Seringal Paraíso e vai trabalhar na
extração da borracha sob a proteção do cearense
Firmino. Depois de um difícil período no coração
da selva, Alberto é colocado no armazém do
seringal e aí passa a conviver com Juca Tristão - o
patrão, Velasco e Caetano, os seus capatazes,
Guerreiro - o gerente, e sua bela mulher D. Yayá,
além de um velho e misterioso negro, antigo
escravo, chamado Tiago. Em pouco tempo,
apaixona-se por Dona Yayá, envolvendo-se com
ela em um romance inesperado.
Jorge de Sena
Foi professor de Teoria da Literatura na
Faculdade de Assis, no Estado de São Paulo, e
doutorou-se em Letras em 1964. A partir de
1965, tornou-se professor de Literatura
Portuguesa e Brasileira nas universidades
norte-americanas de Wisconsin e Califórnia
(Santa Bárbara).

Poeta, ensaísta, dramaturgo, ficcionista e


historiador da cultura, deixou vasta e
complexa obra literária. A poesia é não só a
parte mais significativa de sua produção
literária, mas também a que confere a esta a
unidade e a vitalidade. 
BOM ESTUDO!

franciellen21@hotmail.com

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