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INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO DE

BENGUELA
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS

ESPECIALIDADE ENSINO DA HISTÓRIA

METODOLOGIA DE INVESTIGAÇÃO
EM EDUCAÇÃO

Por: Âurea Augusto Luís Wafunga, Ph.D.

Benguela, 2020-2022

Âurea Augusto Luís Wafunga, Doutora em Currículo, Docência e Instituições Educativas, Universidade de Granada, Espanha (2017)
SUMÁRIO
 Principais conceitos
 Natureza da investigação e da ciência
 O método científico. Suas etapas
 Etapas de uma investigação
 A investigação educativa. Objectivos e suas áreas de incidência
 Parte teórica e empírica da investigação
 Critérios de classificação da investigação (quanto à abordagem, natureza,
objectivos e procedimentos)
 Passos do processo de colecta de dados
 População e amostra. Tipos de amostragem
 Análise e interpretação de dados quantitativos e qualitativos

Âurea Augusto Luís Wafunga, Doutora em Currículo, Docência e2Instituições Educativas, Universidade de Granada, Espanha (2017)
O QUE É INVESTIGAR?

“é a actividade científica pela qual descobrimos a realidade”


(Demo, 1987, p. 23)

“trabalho empreendido metodologicamente, quando surge um


problema, para o qual se procura a solução
adequada de natureza científica”
(Salomon, 2001, p. 152)

“É fundamentalmente um processo através do qual se gera


conhecimento (…) e se contribui para o desenvolvimento da própria
ciência, do saber, por um lado, e para a obtenção de soluções
práticas para problemas concretos da sociedade, por outro”.
Lima & Lima 3

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O QUE É INVESTIGAR?

Portanto, pode-se definir investigação como um processo formal e


sistemático, controlado e crítico, que permite descobrir novos
factos ou dados, relações ou leis, em qualquer campo do
conhecimento.

Constitui-se como o caminho para aprofundar o conhecimento


sobre um assunto, conhecer a realidade ou para descobrir verdades
parciais.

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NATUREZA DA INVESTIGAÇÃO

Investigar traduz-se em:


• Procurar
conhecimento sobre determinados factos da
• Confirmar realidade natural ou social, que se apresentam ao
• Aprofundar Homem como problema, dúvida, lacuna, a que é
• Experimentar preciso dar resposta.
• Esclarecer

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O QUE É CIÊNCIA?

Do Latim Scientia=conhecer. Deriva da curiosidade do Homem em conhecer-


se a si mesmo, ao Mundo e ao Universo.

“é um conjunto organizado de conhecimentos adquiridos mediante recurso ao


método científico” (Rafael Bisquerra)

“é um conjunto de conhecimentos racionais, certos ou prováveis, obtidos


metodicamente, sistematizados e verificáveis, que fazem referência a objectos
de uma mesma natureza” (Ander-Egg)

“é um conjunto de factos, de teorias, de métodos de conhecimento; é o


conhecimento sistematizado e comprovado; é o resultado da demonstração,
da experimentação e do pensamento” (A. S. Silva e J. M. Pinto)
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O QUE É CIÊNCIA?

Uma ciência é um domínio de conhecimento, um campo específico do saber (e


saber-fazer), metodicamente organizado, cientificamente construído e
empiricamente comprovado.

CARACTERÍSTICAS DA(S) CIÊNCIA(S)


• Objecto de estudo;
• Corpo teórico de leis, conceitos, relações, modelos;
• Metodologia de abordagem e instrumentos de recolha/tratamento de dados;
• Linguagem e terminologia própria

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O MÉTODO CIENTÍFICO

É a expressão lógica do raciocínio associada à formulação de


argumentos convincentes. Esses argumentos, uma vez
apresentados, têm por finalidade informar, descrever ou
persuadir um fato. (Tartuce, 2006:12)

É através do método científico que cientistas e investigadores


procuram aprender e compreender o mundo natural

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ETAPAS DO MÉTODO CIENTÍFICO
Não existe um único método de se fazer ciência. No entanto, os estudos científicos
envolvem um conjunto de etapas comuns:

1. Observação: é o acto de perceber os fenómenos que ocorrem à nossa volta. Conduz


aum questionamento em relação ao(s) fenómenos(s) observado(s);
2. Formulação de hipótese(s) ou perguntas de investigação: uma hipótese é uma proposta
de explicação para o fenómeno observado. Conduz normalmente à determinação de
variáveis;
3.Previsão/Operacionalização das variáveis: é uma declaração/demonstração que prevê o
que aconteceria, num teste, se a hipótese for verdadeira. Faz-se uma previsão para cada
hipótese.
4.Experimentação/Colecta de dados: é usada para confirmar ou refutar as hipóteses,
bem como as suas previsões;
5.Análise dos dados e formulação de conclusões
6.Comunicação dos resultados 9

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Etapas de uma investigação

Extraído de Quivy e Campenhoudt (1992)

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EDUCAÇÃO

 Para René Hubert é um conjunto de acções e influências exercidas


voluntariamente por um ser humano em outro, normalmente de um adulto
para um jovem. Essas ações pretendem alcançar um determinado propósito
no indivíduo para que ele possa desempenhar alguma função nos contextos
sociais, econômicos, culturais e políticos de uma sociedade.

 No sentido técnico, a educação é o processo contínuo de desenvolvimento


das faculdades físicas, intelectuais e morais do ser humano, a fim de melhor
se integrar na sociedade ou no seu próprio grupo.

 Educação (do latim educations) no sentido formal é todo o processo


contínuo de formação e ensino aprendizagem que faz parte do currículo
dos estabelecimentos oficializados de ensino, sejam eles públicos ou
privados.
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Investigação educativa

“Pesquisa orientada para a fundamentação de juízos e de decisões em educação,


com o objectivo de melhorar a acção educativa.”

Bassey, 2002

“(…) uma Investigação intencional, sistemática, efectuada pelos professores sobre


a sua escola e o trabalho na sua sala de aula.”

Cochran-Smith e Lytle 2002, cit. Em Máximo-Esteves, 2008, p. 38

Âurea Augusto Luís Wafunga, Doutora em Currículo, Docência e12Instituições Educativas, Universidade de Granada, Espanha (2017)
Investigação educativa

Forma de questionamento auto-reflexivo levado a cabo por


participantes em situações sociais, incluindo educativas, com o fim de
melhorar:

a) as práticas educativas
b) a compreensão das mesmas
c) as situações institucionais em que se inserem.

Kemmis, 1986

Âurea Augusto Luís Wafunga, Doutora em Currículo, Docência e13Instituições Educativas, Universidade de Granada, Espanha (2017)
Investigação educativa

Pode incidir sobre:


 A aprendizagem dos alunos;

 Os métodos de ensino;

 Os planos curriculares;

 A formação de professores (inicial ou contínua);

 Conhecimento profissional dos professores;

 Interacção em sala de aulas.

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Objectivos da investigação educativa
Explorar, descobrir. Ex.:
Um estudo sobre as actividades dos alunos em horário extra-escolar e sua
repercusão no rendimento escolar ou nas habilidades sociais;
Um estudo sobre a motivação dos professores de uma determinada comunidade.
Descrever. Ex.:
A observação da actuação de um professor novo.
Explicar. Ex.:
Determinar o efeito que o número de alunos na turma exerce sobre o rendimento
escolar.
Predizer. Ex.:
Um estudo sobre a ordem de escolha do curso universitário e o éxito daqueles
que ingressam.
Influenciar, isto é, melhorar a situação.

Âurea Augusto Luís Wafunga, Doutora em Currículo, Docência e15Instituições Educativas, Universidade de Granada, Espanha (2017)
Um trabalho de investigação pode ser dividido em
duas partes principais:

PARTE TEÓRICA
E
PARTE EMPÍRICA

Âurea Augusto Luís Wafunga, Doutora em Currículo, Docência e16Instituições Educativas, Universidade de Granada, Espanha (2017)
Parte Teórica
É a parte da investigação onde são apresentados os
fundamentos teóricos da investigação, ou seja, onde é feita a
revisão exaustiva da literatura relacionada. Para tal faz uso de:
MÉTODOS TEÓRICOS

Pesquisa Indução Análise Histórico-


bibliográfica Dedução Síntese lógico

Âurea Augusto Luís Wafunga, Doutora em Currículo, Docência e17Instituições Educativas, Universidade de Granada, Espanha (2017)
PARTE EMPÍRICA

 A Parte Empírica é a fase da investigação, onde se faz a


recolha, análise, tratamento da informação.
 Para tal, é necessário a selecção de instrumentos de coleta de
dados (métodos empíricos), métodos para análise e tratamento
dos mesmos.
 Principal instrumento de recolha de dados da investigação
quantitativa Questionário;
 Instrumentos de recolha de dados da invstigação qualitativa
Entrevista; Observação; Análise documental
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CRITÉRIOS DE CLASSIFICAÇÃO

Quanto à abordagem

Investigação Quantitativa Investigação Qualitativa Investigação Mista

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QUADRO COMPARATIVO ENTRE A INVESTIGAÇÃO
QUANTITATIVA E QUALITATIVA

Investigação quantitativa Investigação qualitativa


Objectiva Interpretativa
Segue o método confirmatório Segue o método exploratório
Foco principal são os resultados Foco principal é o processo
O principal instrumento de recolha de Instrumentos de recolha de dados podem
dados é o questionário ser: a entrevista, a observação e a análise
documental
Não há interferência do investigador no Há interfêrenica investigador no contexto
contexto de investigação de investigação
Baseia-se em dados numéricos Baseia-se em dados não numéricos
O tatamento de dados é feito mediante a O tratamento de dados é feito mediante a
análise estatística análise de conteúdo; a análise discursiva
Ao dados são apresentados em tabelas ou Os dados são apreentados em forma de
gráficos de frequência e percentagem texto

Âurea Augusto Luís Wafunga, Doutora em Currículo, Docência e20Instituições Educativas, Universidade de Granada, Espanha (2017)
Quanto à natureza

Investigação básica Investigação aplicada

Objectivo: gerar conhecimento básico e teórico sobre Objectivo: resolver questões e problemas práticos e
processos; concretos;
U t i l i za ç ã o d a s m e t o d o l o g i a s m a i s r i g o r o Utilização de metodologias variadas;

s a s (experimentação) em ambientes muito controlados; Destinatários: Outros investigadores práticos, assim


Destinatários: outros investigadores, que utilizarão o como instituições, responsáveis de políticas de
conhecimento teórico gerado para a sua própria saúde;
investigação (de carácter mais aplicado) Visa a melhoria dos programas

Âurea Augusto Luís Wafunga, Doutora em


21 Currículo, Docência e Instituições Educativas, Universidade de Granada, Espanha (2017)
Quanto aos Objectivos

Investigação Investigação descritiva Investigação Explicativa


exploratória
tem como objectivo proporcionar pretende descrever os preocupa-se em identificar os
maior familiaridade com o factos e fenómenos de uma factores que determinam ou
problema, tendo em vista a torná- determinada realidade que contribuem para a
lo mais explícito ou a construir (TRIVIÑOS, 1987). ocorrência dos fenómenos
hipóteses. (GIL, 2007). Ou seja, explica o
porquê das coisas através dos
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resultados obtidos.

Âurea Augusto Luís Wafunga, Doutora em Currículo, Docência e Instituições Educativas, Universidade de Granada, Espanha (2017)
Investigação experimental

Investigação bibliográfica

Quanto aos Investigação documental


Investigação de campo
procedimentos
Investigação ex-post-facto

Estudo de caso

Investigação-acção

Investigação etnográfica

Investigação etnometodológica

Âurea Augusto Luís Wafunga, Doutora em Currículo, Docência


23 e Instituições Educativas, Universidade de Granada, Espanha (2017)
Investigação experimental
Consiste, especialmente, em submeter os objetos de estudo à
influência de certas variáveis, em condições controladas e
conhecidas pelo investigador, para observar os resultados que a
variável produz no objeto (Gil, 2008).

A investigação tem início com a formulação exacta do problema e


das hipóteses, que delimitam as variáveis precisas e controladas
que atuam no fenômeno estudado (Triviños, 1987). 24

Âurea Augusto Luís Wafunga, Doutora em Currículo, Docência e Instituições Educativas, Universidade de Granada, Espanha (2017)
Investigação experimental
Modalidades mais comuns de investigação experimental. (Fonseca, 2002):

• investigação experimental apenas com dois grupos homogêneos, denominados


experimental e de controle. Aplicado um estímulo ao grupo experimental, no
final comparam-se os dois grupos para avaliar as alterações.

• investigação experimental antes-depois com um único grupo, previamente


definido em função das suas características e geralmente reduzido.

Âurea Augusto Luís Wafunga, Doutora em Currículo, Docência e25Instituições Educativas, Universidade de Granada, Espanha (2017)
Investigação bibliográfica

Feita através do levantamento de referências teóricas já publicadas em


diversos meios (livros, artigos científicos, internet, e outros…)

De acordo com Fonseca (2002), a investigação bibliográfica busca referências


teóricas já publicadas com o objetivo de recolher informações ou
conhecimentos prévios sobre o problema a respeito do qual se procura a
resposta.

Âurea Augusto Luís Wafunga, Doutora em Currículo, Docência e26Instituições Educativas, Universidade de Granada, Espanha (2017)
Investigação documental

A investigação documental difere da bibliográfica por recorrer a fontes de dados


mais diversificadas e dispersas, sem tratamento analítico, tais como: tabelas
estatísticas, jornais, revistas, relatórios, documentos oficiais, cartas, filmes,
fotografias, pinturas, tapeçarias, relatórios de empresas, vídeos de programas de
televisão, etc. (FONSECA, 2002)

Âurea Augusto Luís Wafunga, Doutora em Currículo, Docência e27Instituições Educativas, Universidade de Granada, Espanha (2017)
Investigação de campo

Utilizada com o objectivo de conseguir informações e/ou conhecimentos


acerca de um problema para o qual procuramos uma resposta, ou de uma
hipótese, que queiramos comprovar, ou, ainda, descobrir novos fenómenos
ou as relações entre eles.

Consiste na observação de factos e fenómenos tal como ocorrem


espontaneamente, na coleta de dados a eles referentes e no registro de
variáveis que presumimos relevantes, para analisá-los.

Âurea Augusto Luís Wafunga, Doutora em Currículo, Docência e28Instituições Educativas, Universidade de Granada, Espanha (2017)
Investigação de campo
FASES DA INVESTIGAÇÃO DE CAMPO

1. Realização de uma pesquisa bibliográfica sobre o tema em questão.

1.Permitirá saber em que estado se encontra atualmente o problema, que


trabalhos já foram realizados a respeito e quais são as opiniões reinantes
sobre o assunto.

2.Permitirá o estabelecimento de um modelo teórico inicial de referência, da


mesma forma que auxiliará na determinação das variáveis e na elaboração
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do plano geral da pesquisa.


Âurea Augusto Luís Wafunga, Doutora em Currículo, Docência e Instituições Educativas, Universidade de Granada, Espanha (2017)
Investigação de campo
FASES DA INVESTIGAÇÃO DE CAMPO

2.De acordo com a natureza da investigação, devem-se determinar as técnicas


que serão empregues na colecta de dados e na definição da amostra, que
deverá ser representativa e suficiente para apoiar as conclusões;

3.Antes de realizar a colecta de dados, é preciso estabelecer as técnicas de


registo desses dados como também as técnicas que serão utilizadas em sua
análise posterior.

Âurea Augusto Luís Wafunga, Doutora em Currículo, Docência e 30


Instituições Educativas, Universidade de Granada, Espanha (2017)
Investigação ex-post-facto

A investigação ex-post-facto analisa situações que se desenvolveram naturalmente


após algum acontecimento.

É muito utilizada nas ciências sociais, pois permite a investigação de determinantes


económicos e sociais do comportamento da sociedade em geral.

Estuda-se um fenômeno já ocorrido, tentando explicá-lo e entendê-lo.

Gil (2008, p.54) define investigação ex-post-facto “como uma investigação sistemática e
empírica na qual o investigador não tem controlo directo sobre as variáveis
independentes, porque já ocorreram suas manifestações ou porque são
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intrinsecamente não manipuláveis.”

Âurea Augusto Luís Wafunga, Doutora em Currículo, Docência e Instituições Educativas, Universidade de Granada, Espanha (2017)
Investigação ex-post-facto

Nessa pesquisa, buscamos saber quais os possíveis relacionamentos entre as


variáveis. Ela apresenta uma análise correlacional e é aquela que acontece
após o facto ter sido consumado, mostra a falta de controlo do investigador
sobre a variável independente, facto que a diferencia da experimental.

Âurea Augusto Luís Wafunga, Doutora em Currículo, Docência32e Instituições Educativas, Universidade de Granada, Espanha (2017)
Estudo de caso

De acordo com Fonseca (2002), um estudo de caso pode ser caracterizado como
um estudo de uma entidade bem definida como um programa, uma
instituição, um sistema educativo, uma pessoa, ou uma unidade social.

Visa conhecer em profundidade o como e o porquê de uma determinada


situação que se supõe ser única em muitos aspectos, procurando descobrir o
que há nela de mais essencial e característico.

O investigador não pretende intervir sobre o objecto a ser estudado, mas revelá-
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lo tal como ele o percebe.

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Investigação-acção

A investigação-acção é concebida e realizada em estreita


associação com uma acção ou com a resolução de um problema
colectivo no qual os investigadores e os participantes
representativos da situação ou do problema estão envolvidos de
modo cooperativo ou participativo. (Thiollent, 1988)

Âurea Augusto Luís Wafunga, Doutora em Currículo, Docência


34 e Instituições Educativas, Universidade de Granada, Espanha (2017 )
PASSOS NO PROCESSO DE COLECTA DE DADOS

• Determinação dos participantes ao estudo;

• Obtenção de permissões;

• Determinação do tipo de informação a ser colectado;

• Localização e selecção dos instrumentos de colecta de dados a utilizar;

• Aplicação dos instrumentos de colecta de dados.

Âurea Augusto Luís Wafunga, Doutora em Currículo, Docência e35Instituições Educativas, Universidade de Granada, Espanha (2017)
População e Amostra

População: grupo de indivíduos que partilham caracatrísticas idênticas. Por


exemplo: todos os estudantes de um certo curso formam uma população de
estudantes, e todos os gestores de Instituições de Ensino Superior de uma
província, constituirão a população de gestores.

População-alvo: grupo de indivíduos ou organizações que partilham


características idênticas que o investigador pretende identificar e estudar. É na
população-alvo que os investigadores selecionam uma amostra de estudo

Uma amostra é um subgrupo da população-alvo que o investigador


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pretende estudar e buscar generalizações para a população-alvo

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Tamanho da amostra

Uma regra geral para a determinação do tamanho da amostra é


selecionar o maior número possível de participantes a partir da
população.
Quanto maior for a amostragem, menor será o potencial de erro

Âurea Augusto Luís Wafunga, Doutora em Currículo, Docência37


e Instituições Educativas, Universidade de Granada, Espanha (2017)
Tipos de Amostragem

Tipos de
amostragem

Amostragem
Amostragem
não
probabilística
probabilística

Amostragem Amostragem Amostragem Amostragem


Amostragem
aleatória por por em bola de
simples agrupamento conveniência neve
estratíficada

Âurea Augusto Luís Wafunga, Doutora em Currículo, Docência 38


e Instituições Educativas, Universidade de Granada, Espanha (2017)
Amostragem probabilística

A amostra tem que ser representativa da população.

É a forma mais rigorosa de amostragem na investigação quantitativa porque o


investigador pode afirmar que, por a amostra ser representativa, os resultados
podem ser generalizados à população.

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Amostragem aleatória simples
Prodanov e Freitas (2014) consideram-na como o procedimento básico da
amosragem científica.
Consiste em selecionar os participantes de maneira a que qualquer indivíduo
possui uma probabilidade igual de ser selecionado a partir da população. A
intenção é escolher indivíduos que possam representar a população.
O procedimento típico da amostragem aleatória simples consiste em atribuir a
cada elemento da população um número único, para, depois, usar uma tabela
de números aleatórios, disponíveis em muitos livros de estatística, para
selecionar alguns desses elementos de forma casual. Para tal, necessitaremos
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de uma lista dos membros da população.


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Amostragem sistemática

É uma pequena variante da amostragem aleatória simples. Neste


procedimento, selecionamos o enésimo indivíduo da população até
encontrarmos o tamanho necessário da amostra.

Suponhamos que a Direcção de uma Faculdade quer estudar o nível de


satisfação dos utentes da Biblioteca pelo atendimento a que foram sujeitos
durante um período de tempo. Usando a amostragem sistemática, a
Direcção definirá primeiro a percentagem de utentes a estudar (ex: 20%). Se
frequentaram a Biblioteca 1000 utentes, a Direcção seleciona 200 (ou 20%)
para o estudo. Assim, será utilizado um intervalo de 5 (1000/200, ou 1 em
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cada 5), para selecionar os utentes a partir do Livro de Registos.

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Amostragem estratificada

Os investigadores dividem a população de acordo com características específicas (ex, gênero) e de


seguida, usando a amostragem aleatória simples, amostras de cada grupo (stratum) da população
(ex., femininos e masculinos)
A estratificação é utilizada quando a população reflecte um desequilíbrio numa característica de
uma amostra.
Suponhamos que uma população tenha mais homens que mulheres. Uma amostra aleatória
simples desta população, provavelmente incluiria mais homens que mulheres, o que faria com
que as visões dos homens sobre o tema da investigação seriam dominantes ou mesmo exclusivas.
Para corrigir isso, os investigadores recorrem à amostras estratificadas, o que garante que o
stratum desejado (mulheres) sejam representados na mesma proporção que existem na
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população.

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Amostragem por agrupamento

O Investigador escolhe uma amostra em dois ou mais estágios ou porque não


foi possível identificar facilmente a população, ou porque a população é
extremamente grande.

Neste último caso, torna-se difícil obter uma lista de todos os membros da
população. Contudo, conseguir uma lista de grupos ou agrupamentos da
população, pode ser possível (Vogt, 2005).

Exemplo: a população de todos os pacientes diagnosticados com Tuberculose


em Angola, pode ser difícil de conseguir, mas o investigador pode obter uma
lista de pacientes, a partir de cada Centro de Tratamento de Tuberculose do
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país.

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Amostragem por agrupamento
Com o uso da amostragem por agrupamento, o investigador aleatoriamente
seleciona várias Instituições de Ensino Superior e solicita listas dos estudantes de
determinado curso nas Instituições selecionadas.

Seguidamente, o investigador, seleciona estudantes em cada um dos grupos


selecionados.

A formação dos grupos facilita a identificação dos grupos e a localização de listas.

Âurea Augusto Luís Wafunga, Doutora em Currículo, Docência e44Instituições Educativas, Universidade de Granada, Espanha (2017)
Amostragem não probabilística

O investigador seleciona os indivíduos porque estão disponíveis,


convenientes, e representam alguma característica que o investigador deseja
investigar.

Tal acontece quando:


• Há necessidade de envolver no estudo voluntários que concordam em ser
estudados;
• Não há necessidade de generalizar os resultados a uma população;

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Amostragem por conveniência
O investigador seleciona os participantes que têm vontade e estão disponíveis
para ser estudados.

Exemplo: Alguém que esteja a realizar uma investigação sobre a fraude


académica nos alunos do ensino secundário de uma determinada escola. O
investigador decide estudar este grupo porque estão disponíveis, tem a
autorização da Direcção da Escola e consegue o consentimento dos alunos para
participar no estudo.

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Amostragem em bola de neve
O investigador pede aos participantes que indiquem outras pessoas para fazer

parte da amostra.

Exemplo: Podemos enviar Questionários a um aluno de uma escola e pedir-


lhe que os reencaminhe a outros alunos.

Com esse tipo de amostragem podemos recrutar um grande número de

participantes ao estudo.
Contudo, não saberemos o número exacto de indivíduos que farão parte da

amostra; Também não poderemos identificar os indivíduos que não devolveram


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o Questionário.
Âurea Augusto Luís Wafunga, Doutora em Currículo, Docência e Instituições Educativas, Universidade de Granada, Espanha (2017)
BIBLIOGRAFIA

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Âurea Augusto Luís Wafunga, Doutora em Currículo, Docência e48Instituições Educativas, Universidade de Granada, Espanha (2017)

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