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Disciplina : Ciência dos Materiais

LOM 3013 – 2015M1

6 – Imperfeições nos Sólidos

Prof. Carlos Angelo Nunes


• Não existe ordenação perfeita em um material cristalino, há uma
variedade e grande número de imperfeições (defeitos). A influência não é
sempre adversa.

• As propriedades de alguns materiais são profundamente influenciadas


pela presença de imperfeições.

• Por defeito cristalino designamos uma irregularidade na rede cristalina. A


classificação de imperfeições cristalinas é feita com frequência de
acordo com a geometria ou com a dimensionalidade do defeito: defeitos
pontuais; defeitos lineares; defeitos bidimensionais.
Defeitos pontuais – Lacunas e autointersticiais

Lacuna: sítio vago na rede cristalina. Todos os sólidos cristalinos contém lacunas. A
presença das lacunas aumenta a entropia (isto é, a aleatoriedade) do cristal.

Lacuna
distorção
de planos
Número de lacunas em equilíbrio para uma dada quantidade de material:

Ql
N l  N exp( )
kT
Nl- número de lacunas;
N- número total de sítios atômicos
Ql- energia para formação de lacuna;
T- temperatura absoluta em K.
k- constante de Boltzman = 1,38.10-23 J/átomo.K ou 8,62.10-5 eV/átomo.K

Para a maioria dos metais, a fração de lacunas Nl/N em uma temperatura


imediatamente inferior à sua temperatura de fusão é da ordem de 10-4.

Algumas consequência importante do aumento do número de lacunas com o


aumento da temperatura?
Um autointersticial é um átomo do cristal que se encontra comprimido em um sítio
intersticial. Isto introduz distorções relativamente grandes na rede cristalina. Este
defeito existe somente em concentrações muito reduzidas.

auto-
distorção instersticial
de planos
Defeitos pontuais – Impurezas nos sólidos

• Um metal puro formado apenas por um tipo de átomo é simplesmente impossível.


Átomos de impureza existirão como defeitos pontuais nos cristais.

• No caso das ligas, átomos de impurezas são intencionalmente adicionados para


conferir características específicas (aumento de resistência mecânica; aumento
de resistência à corrosão).

• A adição de átomos de impurezas resultará na formação de uma solução sólida


e/ou de uma nova fase.

• Uma solução sólida é homogênea em termos da sua composição; os átomos de


impurezas estão distribuídos aleatoriamente e uniformemente no sólido.
Solvente- na solução representa o elemento que está presente em maior quantidade;
Soluto- na solução representa o elemento que está presente em menor quantidade.
• Defeitos pontuais devido à presença de impurezas podem ser de dois tipos:
substitucional; intersticial.

•  Nos defeitos substitucionais , os átomos de soluto repõem ou substituem os


átomos do solvente.

• A solubilidade máxima dos átomos do soluto na rede do solvente depende


de:
Fator tamanho atômico;
Estrutura cristalina
Eletronegatividade
Valência
Ex. substitucional: Cu-Ni, completamente solúveis um no outro
RCu = 0,128nm
RNi = 0,125nm
Ambos CFC
Eletronegatividades 1,9 e 1,8
Valências: Cu (mais comum +1, às vezes +2); Ni (+2)

Liga Ni-Cu
Monofásica
• Nas soluções sólidas intersticiais os átomos de impurezas preenchem os
interstícios entre os átomos do solvente.

• Normalmente a concentração máxima permissível de átomos de impurezas


artificial é baixa (inferior a 10%).
• Mesmo os átomos de impureza muito pequenos são normalmente maiores que os
sítios intersticiais e, em consequência , eles introduzem algumas deformações na
rede dos átomos do solvente.

É possível solubilidade completa entre dois elementos que formam uma solução
sólida intersticial ?
Ex. intersticial: Fe-C: ferrita, solução sólida de C no ferro CCC.

RFe = 0,124nm
RC = 0,071nm
Solubilidade máxima de carbono no ferro CCC é de 0,02%peso a 723oC e
0,005%peso a 0oC.

Liga Fe-C
Bifásica
(Perlita=Ferrita+Cementita)
Posições intersticiais na
estrutura CCC

Posições intersticiais na
estrutura CFC
Posições intersticiais na estrutura HCP
Defeitos pontuais – especificação da composição de uma liga
Duas maneiras mais comuns: porcentagem em peso (ou massa) ou porcentagem
atômica.

m1
C1  x100
m1  m2

C1  C2  100 Liga binária:


 
C1 – porcentagem em peso do elemento 1;
m1 – massa do elemento 1;
m2 – massa do elemento 2.
A base para o cálculo da porcentagem atômica é o número de mols de um
elemento em relação ao número total de mols de todos os elementos na liga.

m '
1 ' nm1
nm1  C  1 x100
A1 nm1  nm 2

m’1 – massa do elemento 1 (em gramas);


' '
C  C 2  100
1
A1 – peso atômico do elemento 1;
C’1 – porcentagem atômica do elemento 1;
nm1 – número de mols do elemento 1;
nm1 – número de mols do elemento 2.
Conversões entre composições (liga binária):

C1 A2 ' C2 A1
C '
1 x100 C2  x100
C1 A2  C2 A1 C1 A2  C2 A1

' '
C A 1 1 C 2 A2
C1  ' '
x100 C2  ' '
x100
C 1 A1  C 2 A2 C 1 A1  C 2 A2
C1 – porcentagem em peso do elemento 1;
C2 – porcentagem em peso do elemento 2;
C’1 – porcentagem atômica do elemento 1;
C’2 – porcentagem atômica do elemento 2;
A1 – peso atômico do elemento 1;
A2 – peso atômico do elemento 2;
Conversão da concentração em porcentagem em peso para
massa de um componente por unidade de volume do material:

'' C1 3 '' C2
C ( 1 ) x10 C 2 ( ) x103
C1 C2 C1 C2
 
1  2 1  2

C’’1 – massa do componente 1 por unidade de volume (kg/m3);


C’’2 – massa do componente 2 por unidade de volume (kg/m3);
C1 – porcentagem em peso do elemento 1;
C2 – porcentagem em peso do elemento 2;
1– massa específica do componente 1 (g/cm3);
2– massa específica do componente 2 (g/cm3).
Determinação da massa específica e o peso atômico de uma liga
binária a partir da composição (%peso; %atômica)

100 '
C A  C 2 A2
1 1
'
 méd   méd 
C1 C2 ' '
C A C 2 A2
x x
1 1
1  2 1 2

100
Améd  C '1 A1  C ' 2 A2
C1 C2 Améd 
x 100
A1 A2

OBS. As variáveis são as mesmas definidas anteriormente.


Defeitos lineares – discordâncias

• Defeito linear ou unidimensional em torno do qual alguns átomos estão


desalinhados.

• Discordância aresta (cunha): uma porção extra de u plano de átomos, ou


semipleno, cuja aresta termina no interior do cristal. A região ao longo da aresta
corresponde à linha de discordância.
• Na região em torno da linha de discordância existe alguma distorção localizada
da rede cristalina.
Movimento de uma discordância aresta:
A magnitude e a direção da distorção da rede associada a uma discordância são
expressas em termos de um vetor de Burgers (b).
 
Aresta: vetor de Burgers perpendicular à linha;
Espiral: vetor de Burgers paralelo à linha;
Mista: vetor de Burgers não é nem perpendicular nem paralelo à linha.

Para os materiais metálicos, o vetor de Burgers para uma discordância apontará


para uma direção cristalográfica compacta e terá uma magnitude igual à do
espaçamento atômico.
A distorção atômica associada a uma discordância em espiral também é linear. A
discordância espiral tem seu nome derivado da trajetória ou inclinação em espiral
ou helicoidal que é traçada ao redor da linha de discordância pelos planos
atômicos de átomos.
Movimento de uma discordância espiral:
Discordâncias mistas: exibe componentes de discordância aresta e discordância
espiral.
FIGURE:
Dislocation structures of 92% cold rolled commercial purity aluminium alloy (AA1235 :0.67 Fe,
0.16Si, 0.01 Ti and rest Al).
Figure:
TEM micrographs (BF) of 92% cold rolled alloy AA1235 after annealing at 480ºC for 8 h showing
(a) pinning of dislocations by a particle, and (b) presence of dislocations even after completion
of recrystallization.
(c) 2003 Brooks/Cole Publishing / Thomson Learning
Figure 4.17 The effect of grain size on the yield
strength of steel at room temperature.
EBSD maps concerning microstructures of Cu-Mg alloy after Conform
(a) sample at the cavity entrance (b) sample at the cavity export.
These results, from polycrystalline alpha-phase titanium, show the grain
microstructure grain boundary misorientation angle distribution. Color-coding shows
the spatial location of selected misorientation ranges.
High Resolution Transmission Electron Microscope (HRTEM) Image of a
Grain Boundary Film in Strontium-Titinate
MW -Plate 404 This relatively low magnification micrograph shows the
subgrain structure of beaten aluminium foil.  Subgrain boundary walls
are visible.  These are made up of dislocation arrays.  The subgrains are
about 1μm in size.  Inside the subgrains there are many extinction
contours.  These arise from dynamical electron diffraction effects due to
buckling and thickness variations in the foil.
Twinned pyrite crystal group

Twinned quartz
(c) 2003 Brooks/Cole Publishing / Thomson Learning

Figure 4.20 Application of a stress to the perfect crystal (a) may


cause a displacement of the atoms, (b) causing the formation of a
twin. Note that the crystal has deformed as a result of twinning.
Annealing twins in brass (DoITPoMS
micrograph library) Optical microscope
Fig. 3: Fig. 3 EBSD orientation map (a) and Schmid factors (b)
of Ti-20V alloy.
Nanodiamond texturesB) multiple linear twins. ()
If we do not condense vacancies on a plane, but fill in a disc of
agglomerated interstitials, we obtain the following structure

For historical reasons, we call the stacking fault produced by vacancy


agglomeration "intrinsic stacking fault" and the stacking fault produced by
interstitial agglomeration "extrinsic stacking fault".
Figure 9. The crystal defects exist in
the ZnS nanocrystals (a) stacking
fault in a nanobelt 
Falta de preenchimento
na solda.

Porosidade na solda
One can see from visual inspection of the plate defects in the spokes of the casting, shown by dark
areas.
The Rim and center Boss which are thick show up white having absorbed all the radiation,
whereas the spokes being thinner have absorbed less and show up gray. The defects probably gas
pockets in the castings have absorbed less so show up as dark blobs. There may be defects in the
thick areas but other techniques will have to be used to identify these.
Figure 8. Schematic representation of the deformation
microstructure and grain subdivision at different strains (large/small)
and corresponding STEM-micrographs of the investigated aluminum
alloy [23].

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