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PERSONALIDADE

O QUE É?

Apesar de não haver uma definição única que seja aceite por todos os
teóricos da personalidade, pode-se dizer que personalidade é um padrão
de traços relativamente permanentes e de características únicas que dão
consistência e individualidade ao comportamento de uma pessoa.

Os traços contribuem para as diferenças individuais no comportamento,


a consistência do comportamento ao longo do tempo e a estabilidade do
comportamento nas diversas situações. Os traços podem ser únicos,
comuns a algum grupo ou compartilhados pela espécie inteira, porém o
seu padrão é diferente em cada indivíduo
A PERSONALIDADE AO LONGO DA HISTÓRIA

TEORIA DOS HUMORES

Está ligada à tradição filosófica do número 4 de Pitágoras (572-497 A.C.)


e à teoria dos 4 elementos cosmológicos de Empédocles de Acragas
(490-430 A.C.).

Este filósofo considerava que toda a substância é constituída por 4


elementos: ar, fogo, terra e água.
A PERSONALIDADE AO LONGO DA HISTÓRIA

TEORIA DOS HUMORES

Aristóteles (384 A.C. -322 A. C.), acrescentou a essa teoria a ideia de


que cada elemento possue propriedades básicas:

Ar – calor e humidade

Fogo – secura e calor

Água – humidade e frio


Terra – frio e secura
A PERSONALIDADE AO LONGO DA HISTÓRIA

TEORIA DOS HUMORES

O médico Hipócrates (460-377 A. C.) relacionou essa teoria com a saúde


das pessoas, criando a teoria dos humores ou temperamentos.

Considerava que os quatro humores físicos, sangue, bílis preta


(atrabílis), bílis amarela (bílis) e fleuma (linfa) estavam estavam ligados a
temperamentos da personalidade.
A PERSONALIDADE AO LONGO DA HISTÓRIA

TEORIA DOS HUMORES

Temperamentos da personalidade de acordo com Hipócrates:

SANGUE SANGUÍNEO – reações rápidas e débeis

BÍLIS PRETA MELANCÓLICO – nervoso ou atrabilioso de reações


lentas e intensas

BÍLIS AMARELA COLÉRICO – reações rápidas e intensas

FLEUMA FLEUMÁTICO – reações fracas e lentas


A PERSONALIDADE AO LONGO DA HISTÓRIA

TEORIAS DOS HUMORES

A teoria dos humores foi difundida pelo filósofo greco-romano Galeno de


Pérgamo (129-199 A. D.), tendo perdurado por mais de 2500 anos.
A PERSONALIDADE AO LONGO DA HISTÓRIA

TEORIA DOS HUMORES

PONTOS ESSENCIAIS:

- A boa saúde dependia de um bom equilíbrio dos 4 humores corporais.


- O excesso de um dos humores provocava doenças no corpo e traços
exagerados de personalidade.
A PERSONALIDADE AO LONGO DA HISTÓRIA

TEORIAS MORFOLÓGICAS

Estas teorias acentuam a relação das aspetos morfológicos do corpo


com os tipos de personalidade.

A primeira destas teorias surge em 1921, através do trabalho do


psiquiatra alemão Ernst Kretschmer (1888-1964), que concluiu que o
formato do corpo estava associado à personalidade das pessoas.
A PERSONALIDADE AO LONGO DA HISTÓRIA

TEORIA MORFOLÓGICA DE KRESTCHMER

TIPO FÍSICO

PICNICO LEPTOSSÓMICO ATLÉTICO

Gordo, arredondao Alto, esguio Robusto, muscular

TEMPERAMENTO

CICLOTÍMICO ESQUIZOTÍMICO IXOTÍMICO

Diastésico: tristeza e alegria. Psico-estésico: sensibilidade Tenaz e explosivo


-Alegre: jovial, loquaz, otimista, e frieza. Idealista, reformador
-Deprimido: afável, tranqüilo,
silencioso
A PERSONALIDADE AO LONGO DA HISTÓRIA
A PERSONALIDADE AO LONGO DA HISTÓRIA

TEORIA MORFOLÓGICA DE SHELDON (1942)

TIPO FÍSICO

ENDOMORFO MESOMORFO CTOMORFO

Macio, redondo Forte, muscular, atlético Delgado, frágil

TEMPERAMENTO

VISCEROTÓNICO SOMATOTÓNICO CEREBRETÓNICO

Gosto pelo conforto Ativo Sensitivo


Sentimental Energético Delicado
Hedonista Orientado para o Intelectual
Sociável desempenho agressivo Religioso
Retraído
A PERSONALIDADE AO LONGO DA HISTÓRIA
PERSONALIDADE

A PERSONALIDADE É ORGANIZADA E RELATIVAMENTE


DURADOURA

Isto significa que os traços e mecanismos psicológicos, em cada pessoa,


não são apenas uma coleção de elementos ao acaso.

A pesonalidade é organizada porque os mecanismos e traços estão


ligados uns aos outros de forma coerente.
PERSONALIDADE

ALGUNS ASPETOS DA PERSONALIDADE

 A personalidade representa uma organização e não uma justaposição


de peças

 Não se encontra num local específico: é ativa e representa um


processo dinâmico no interior do indivíduo

 Corresponde a um conceito psicológico mas está intimamente


relacionado com o corpo e os seus processos
PERSONALIDADE

ALGUNS ASPETOS DA PERSONALIDADE

 É uma força ativa que influencia a forma como a pessoa se relaciona


com o mundo que a rodeia

 Apresenta-se através de padrões, ou seja, de características


recorrentes e consistentes

 Expressa-se de formas variadas


PERSONALIDADE

TEMPERAMENTO

Pode ser definido como ‘traços inatos’ da personalidade.

A sua origem é imanentemente genética.

Pode ser modificado pela experiência, apesar da sua origem genética.

Ao longo da história, o temperamento tem sido muitas vezes considerado


como sinónimo de personalidade, no entanto, não são a mesma coisa.
PERSONALIDADE

CARÁTER

Define-se como sendo as disposições duradouras, que aparecem mais


tarde na vida do indíviduo e que modificam os temperamentos base.
PERSONALIDADE

TRAÇOS DE PERSONALIDADE

São características que descrevem as formas como as pessoas são


diferentes ou semelhantes umas às outras.

Ex: timidez, extroversão, impulsividade, generosidade, sensibilidade,


empatia, honestidade, etc.
PERSONALIDADE

ALGUMAS QUESTÕES ACERCA DOS TRAÇOS DE


PERSONALIDADE

Quantos existem?

Como são organizados?

Qual a sua origem?

Quais as suas correlações e consequências?


PERSONALIDADE

TRÊS QUESTÕES FUNDAMENTAIS NO ESTUDO DOS TRAÇOS DE


PERSONALIDADE:

1. Como devem ser conceptualizados

2. Como se podem identificar quais os traços mais importantes entre os


milhares de formas nas quais os sujeitos diferem

3. Como se pode formular uma taxonomia compreensiva dos traços


PERSONALIDADE

O QUE SÃO TRAÇOS DE PERSONALIDADE

DUAS FORMULAÇÕES BÁSICAS:

 PROPRIEDADES INTERNAS CAUSAIS

 APENAS UM RESUMO DESCRITIVO


PERSONALIDADE

PROPRIEDADES INTERNAS CAUSAIS

Nesta perspetiva, os traços de personalidade são entendidos como


sendo internos no sentido em que o sujeito os mantém em situações
diferentes, e causais, no sentido em que explicam o comportamento dos
indivíduos que os possuem.
PERSONALIDADE

PROPRIEDADES INTERNAS CAUSAIS

Ex.: uma pessoa pode ter o desejo por coisas materiais, o que a leva a
passar muito tempo a fazer compras, a trabalhar mais para ter mais
dinheiro, etc.

Isto significa que os seus desejos internos influenciam o seu


comportamento externo fazendo com que, presumivelmente, aja de
determinada forma.
PERSONALIDADE

APENAS UM RESUMO DESCRITIVO

Nesta perspetiva, não existem assunções sobre estados internos ou


causalidade.

Apenas descreve o comportamento visível da pessoa.

Esta abordagem parte do princípio de que, em primeiro lugar, é necessário


identificar e descrever as diferenças individuais entre as pessoas e, só
depois, desenvolver teorias causais que as expliquem.
PERSONALIDADE

APENAS UM RESUMO DESCRITIVO

Ex.: uma pessoa pode ter um comportamento ciumento em relação à/ao


namorada/o.

Nesta perspetiva, apenas será feita uma descrição desse


comportamento sem, no entanto, se tentar perceber quais são as suas
causas.
PERSONALIDADE

Os traços e mecanismos da personalidade podem ter efeito sobre as


vidas das pessoas.

A personalidade influencia a forma como a pessoa age, como se vê a si


própria, o que pensa sobre o mundo, como sente, como interage com os
outros, etc.
PERSONALIDADE

A personalidade influencia a forma como a pessoa interage com o meio


ambiente.

A interação com situações inclui:


perceções,
seleções,
evocações,
manipulações.
PERSONALIDADE

PERCEÇÕES

Referem-se à forma como a pessoa ‘vê’ ou interpreta o meio ambiente.

SELEÇÃO

Descreve a forma como a pessoa escolhe as situações em que se


envolve – como a pessoa escolhe os amigos, hobbies, cursos
universitários, carreiras, etc.
PERSONALIDADE

EVOCAÇÃO

Refere-se às reações que a pessoa produz nos outros, maior parte das
vezes de forma não intencional.

De certa forma, cada pessoa cria o ambiente em que ‘habita’.

P. ex. Uma pessoa grande pode evocar sentimentos de intimidação nos


outros.
PERSONALIDADE

A PERSONALIDADE INFLUENCIA A ADAPTAÇÃO

Um aspeto central da personalidade está ligado á sua função adaptativa


– atingir objetivos, fazer face às situações, ajustar-se e lidar com desafios
e problemas com que a pessoa se confronta ao longo da vida.
PERSONALIDADE

O MEIO AMBIENTE

Tanto o meio ambiente físico (ataques à sobrevivência como fome,


temperaturas extremas, etc.) como social (melhor emprego, amigos,
proximidade dos outros, etc.) coloca constatemente desafios às pessoas.

A forma como a pessoa lida com o meio ambiente, físico ou social, é


central para compreender a sua personalidade.
PERSONALIDADE

O MEIO AMBIENTE

O aspeto particular do meio ambiente que é importante em cada


momento é, frequentemente, determinado pela personalidade.

P. ex.: uma pessoa que é muito faladora irá perceber mais


oportunidades no ambiente social para iniciar uma conversa do que uma
pessoa que é mais calada.
PERSONALIDADE

O AMBIENTE INTRAPSÍQUICO

A par do ambiente físico e social existe também o ambiente intrapsíquico,


que se refere ao que passa no interior da mente.

Todas as pessoas possuem memórias, sonhos, desejos, fantasias e um


conjunto de experiências privadas com que vivem todos os dias.

P. ex.: a auto-estima de uma pessoa pode depender da forma como


avalia o estar ou não a conseguir atingir os seus objetivos.
PERSONALIDADE

NÍVEIS DE ANÁLISE DA PERSONALIDADE

 Nível natureza humana – como todos os outros

 Nível das diferenças individuais e entre grupos (como alguns dos


outros)

 Nível da singularidade individual (diferente dos outros)


PERSONALIDADE

NÍVEL DA NATUREZA HUMANA

Descreve a natureza humana em geral, ou seja, os traços e mecanismos


da personalidade que são típicos da espécie humana e que toda as
pessoas ou quase todas possuem.

Ex.: a linguagem, a necessidade de pertencer a um grupo, etc.


PERSONALIDADE

NÍVEL DAS DIFERENÇAS INDIVIDUAIS E DE GRUPO

As diferenças individuais referem-se à forma como cada pessoa é


semelhante a alguma outra pessoa.

Ex.: algumas pessoas gostam de conduzir motas e carros velozes,


algumas pessoas são gregárias e adoram festas outras preferem noites
calmas
PERSONALIDADE

A personalidade pode ser também estudada através da observação das


diferenças entre grupos.

As pessoas num grupo podem ter certas características da


personalidade em comum, o que faz com que esse grupo seja diferente
de outro.

Ex.: estudo de culturas, de grupos de idades diferentes, de diferentes


estatutos sócio-económicos, etc.
PERSONALIDADE

NÍVEL DA SINGULARIDADE INDIVIDUAL

Neste nível o estudo centra-se nas características que são únicas em


cada pessoa e que não são partilhadas por mais ninguém no mundo.

Ex: mesmo gémeos idênticos, criados em situações semelhantes, não


apresentam exatamente a mesma personalidade.
PERSONALIDADE

DOMÍNIOS DE CONHECIMENTO DA NATUREZA HUMANA

Disposicional
A personalidade é influenciada por traços com que a pessoa nasce ou
desenvolve.

O objetivo do estudo neste domínio é o de identificar e mensurar as


formas mais importantes de como cada pessoa difere uma da outra.
PERSONALIDADE

BIOLÓGICO

A personalidade é influenciada por eventos biológicos.

A ideia central deste domínio é de que os seres humanos são antes de tudo, coleções
de sistemas biológicos, e estes sistemas providenciam as peças que constituem o
comportamento, a emoção e o pensamento.

Tipicamente, existem três áreas de pesquisa neste domínio: genética, psicofisiologia e


evolução.
PERSONALIDADE

GENÉTICA DA PERSONALIDADE

Algumas questões:

Quanto da personalidade é hereditário?

O que acontece com os gémeos idênticos quando são criados em


situações semelhantes vs. em situações diferentes?

Será que os genes interagem o meio ambiente para produzirem


diferenças individuais?
PERSONALIDADE

PSICOFISIOLOGIA DA PERSONALIDADE

Neste domínio, os investigadores tentam resumir aquilo que é conhecido


acerca das bases da personalidade em termos do funcionamento do
sistema nervoso.

Ex.: tolerância à dor, ritmos circadianos, a força do sistema nervoso,


reatividade cardíaca, etc.
PERSONALIDADE

EVOLUÇÃO

Esta abordagem foca-se em como a evolução pode ter moldado o


funcionamento psicológico humano.

Parte do princípio de que os mecanismos psicológicos que constituem a


personalidade humana evoluíram ao longo de milhares de anos porque
eram eficazes na resolução de problemas adaptativos.
PERSONALIDADE

INTRAPSÍQUICO

A personalidade é influenciada por conflitos internos.

Esta abordagem lida com os mecanismos mentais da personalidade,


muitos dos quais não são conscientes.

A teoria predominante neste domínio é a psicanálise de S. Freud.


PERSONALIDADE

COGNITIVO-EXPERIENCIAL

A personalidade é influenciada por pensamentos pessoais e privados,


sentimentos, desejos, crenças e outras experiências subjetivas.

O estudo deste domínio foca-se em aspetos como o self e o conceito de


self e a inteligência.
PERSONALIDADE

SOCIAL E CULTURAL

A personalidade é influenciada por aspetos culturais e sociais.

A principal premissa deste domínio é que a personalidade não é algo que


reside apenas no interior das cabeças, sistemas nesvosos e genes das
pessoas.

A personalidade afeta e é afetada pelo contexto cultural e social.


PERSONALIDADE

ASPETO CULTURAL

P. ex. Todas as pessoas têm a capacidade para serem pacíficas e


violentas.

A capacidade que mais se irá evidenciar pode depender daquilo que é


aceitável e encorajado na cultura a que o sujeito pertence.
PERSONALIDADE

ASPETO SOCIAL

P. ex.: se a pessoa é introvertida ou extrovertida pode afetar a


quantidade de amigos que tem e a sua popularidade dentro do grupo a
que pertence.
PERSONALIDADE

ADAPTAÇÃO

A personalidade tem um papel importante na forma como a pessoa lida, se


adapta e ajusta aos desafios inevitáveis que surgem ao longo da vida.

P. ex.: estudos mostram que a personalidade está ligada à saúde, tal como
doenças cardíacas; pode estar também ligada a comportamentos ligados à
saúde, tais como fumar, beber, e colocar-se me situações perigosas.
A PERSONALIDADE AO LONGO DA HISTÓRIA

TEORIAS MORFOLÓGICAS

As teorias morfológicas foram abandonadas depois de vários estudos


provarem que não havia relação direta entre a personalidade e a
morfologia.

No entanto, de forma indireta, pode haver relação, uma vez que a


morfologia pode influenciar a personalidade no que diz respeito a auto-
estima, auto-conceito, auto-perceção, juízos alheios, etc.
TEORIAS DOS TRAÇOS DA PERSONALIDADE

IDENTIFICAÇÃO DOS TRAÇOS MAIS IMPORTANTES

Abordagem lexical

Abordagem estatística

Abordagem teórica
TEORIA DOS TRAÇOS DA PERSONALIDADE

ABORDAGEM LEXICAL

Hipótese lexical:
Todas as difenças individuais importantes foram codificadas no interior da
linguagem natural.

Ao longo dos séculos, as diferenças entre as pessoas foram sendo


notadas, e foram inventadas palavras para falar sobre essas diferenças.
(ex.: dominante, creativo, fiável, cooperativo, etc.)
TEORIA DOS TRAÇOS DA PERSONALIDADE

ABORDAGEM ESTATÍSTICA

Esta abordagem começa com uma quantidade de itens sobre personalidade.

Podem ser palavras referentes a traços, tais como as encontradas na


abordagem lexical, ou uma série de questões sobre comportamento,
experiência ou emoção.

Depois de ter de um grande conjunto de adjetivos, itens ou sentenças terem


sido agrupados, é aplicada a análise estatística.
TEORIA DOS TRAÇOS DA PERSONALIDADE

ABORDAGEM ESTATÍSTICA
Exemplo de análise factorial da frequência de adjetivos de personalidade
ADJETIVOS FACTOR 1 FACTOR 2 FACTOR 3
(EXTROVERSÃ (AMBIÇÃO) (CREATIVIDADE)
O)
Bem-humorado 0,66 0,06 0,19
Divertido 0,65 0,23 0,02
Popular 0,57 0,13 0,22
Trabalhador 0,05 0,63 0,01
Produtivo 0,04 0,52 0,19
Determinado 0,23 0,52 0,08
Imaginativo 0,01 0,09 0,62
Original 0,13 0,05 0,53
Inventivo 0,06 0,26 047
TEORIAS DOS TRAÇOS DA PERSONALIDADE

O INÍCIO

Começa quando Sir Francis Galton pensou que seria possível analisar as
pessoas pela linguagem, o que ficou conhecido como hipótese lexical.

Mais tarde, Gordon Allport e H. S. Odbert expandiram essa teoria ao


pesquisarem um dicionário onde identificaram 17.954 palavras que
descreviam características relacionadas com a personalidade.

Acabariam por reduzir a lista para 4.500 adjetivos que, segundo eles,
descreviam características observáveis e relativamente permanentes.
TEORIA DOS TRAÇOS DA PERSONALIDADE

Mais tarde, Raymond Cattell obteve essa lista elaborada por


Allport e Odbert e eliminou todos os sinónimos, chegando a
um total de 171 adjetivos.
Depos pediu que participantes da sua pesquisa analisassem
pessoas que eles conheciam, baseando-se nessas
características, e, com os resultados, foi possível criar 35
grupos de personalidade.
Em seguida, resolveu adicionar mais 10 grupos, a partir de
uma revisão da literatura psiquiátrica. A partir desses 45
grupos, Cattel usou um sistema de análise fatorial e delimitou
os 16 principais fatores de personalidade, que ficaram
conhecidos como Questionário de Personalidade 16PF.
TEORIA DOS TRAÇOS DA PERSONALIDADE
TEORIAS DOS TRAÇOS DA PERSONALIDADE

PRINCIPAIS AUTORES

- Gordon Allport – Psicologia do Indivíduo

- Raymond Cattell -

- Hans Eysenck – Teoria dos Fatores de Base Biológica


TEORIAS DOS TRAÇOS DA PERSONALIDADE

TEORIA DE ALLPORT

Gordon Allport (1897-1967) foi o primeiro autor a desenvolver uma teoria


dos ‘traços de personalidade’.

O seu primeiro projeto foi de consultar o dicionário e identificar todos os


termos que pudessem caracterizar uma pessoa.

Inicialmente identificou uma lista de 18000 termos que, mais tarde viria a
reduzir para 4500, que considerou corresponderam a traços
relativamente permanentes.
TEORIAS DOS TRAÇOS DA PERSONALIDADE

TEORIA DE ALLPORT

NATUREZA DA PERSONALIDADE

A personalidade é organizada dinamicamente dentro da pessoa.

A mente e o corpo, o mental e o biológico, em conjunto, funcionam como


uma unidade na sua construção.
TEORIAS DOS TRAÇOS DA PERSONALIDADE

TEORIA DE ALLPORT

NATUREZA DA PERSONALIDADE

A hereditariedade é a matéria prima da personalidade.

A biologia, a inteligência, o temperamento, podem ser moldados e


modificados na interação com o ambiente.
TEORIAS DOS TRAÇOS DA PERSONALIDADE

TEORIA DE ALLPORT

TRAÇOS DE PERSONALIDADE

São características diferenciadoras que regem o comportamento.

São reais e existem em cada pessoa

Determinam e provocam o comportamento. Não surgem apenas como


resposta a estímulos, também motivam a busca por estímulos para
provocar a resposta.
TEORIAS DOS TRAÇOS DA PERSONALIDADE

TEORIA DE ALLPORT

NÍVEIS DOS TRAÇOS DE PERSONALIDADE

TRAÇOS CARDINAIS

Dominam e moldam o comportamento da pessoa.


São estes traços que regulam as paixões/obsessões.
Allport sugeriu que os traços cardinais são raros e tendem a se
desenvolver com o passar dos anos.

Ex. Abraham Lincoln que foi conhecido pela sua honestidade; Joana
D’Arc conhecida pelo seu ato de heroísmo.
TEORIAS DOS TRAÇOS DA PERSONALIDADE
TEORIA DE ALLPORT

TRAÇOS CENTRAIS

Corresponde a características que, até certo ponto, são encontradas em todas as


pessoas.

São os ‘blocos’ que moldam grande parte do comportamento das pessoas mas
não são tão importantes como os traços cardinais.

De acordo com Allport, cada pessoa tem entre 5 e 10 traços centrais, que estão
presentes em diversos graus em cada um. 

Incluem traços comuns, de inteligência, de timidez, de honestidade, e seriam


condicionantes principais na maioria de nossos comportamentos.
TEORIAS DOS TRAÇOS DA PERSONALIDADE

TEORIA DE ALLPORT

TRAÇOS SECUNDÁRIOS

São os traços que às vezes se relacionam com atitudes ou preferências, ou seja,


as disposições que são significativamente menos generalizadas e menos
relevantes.
Aparecem frequentemente em determinadas situações ou em circunstâncias
específicas.
Devem ser tidos em conta para que se possa ter uma imagem completa da
complexidade humana.

Exemplo: uma pessoa cujo traço cardinal seja a assertividade, pode demonstrar


sinais de submissão quando a policia o detém por excesso de velocidade. Este é
um traço situacional que pode ou não aparecer em outros encontros interpessoais.
TEORIAS DOS TRAÇOS DA PERSONALIDADE

TEORIA DE ALLPORT

Allport considerou a hipótese de que o comportamento e a personalidade


eram influenciados por forças interiores e exteriores, que denominou
genótipos e fenótipos.
TEORIAS DOS TRAÇOS DA PERSONALIDADE

TEORIA DE ALLPORT

GENÓTIPOS
São forças internas que se relacionam com a forma como a pessoa
retém a informação e a usa para interagir com o mundo à sua volta.

FENÓTIPOS
São forças externas que se relacionam com a forma como o indivíduo
aceita o seu meio ambiente e como os outros influenciam os seu
comportamento.
TEORIAS DOS TRAÇOS DA PERSONALIDADE

TEORIA DE ALLPORT

TRAÇOS DE PERSONALIDADE

São observados empiricamente

Relacionam-se entre si

Adaptam-se e variam de acordo com a situação.

São mutáveis.
TEORIAS DOS TRAÇOS DA PERSONALIDADE

GORDON ALLPORT

DESENVOLVIMENTO DA PERSONALIDADE NA INFÂNCIA

1. Eu corporal: fases 1 a 3. Quando as crianças ficam cientes da própria


existência e distinguem o próprio corpo do mundo externo.

2. Identidade do self: as crianças percebem que a sua identidade não


muda apesar das mudanças do corpo

3. Auto-estima: a criança aprende a ter orgulho das coisas que faz


TEORIA DOS TRAÇOS DA PERSONALIDADE

GORDON ALLPORT

DESENVOLVIMENTO DA PERSONALIDADE NA INFÂNCIA

4. Extensão do eu: as fases 4 e 5 são entre os 4 e os 6 anos. Começam


a reconhecer as pessoas e objetos ao seu redor.

5. Auto-imagem: elabora uma imagem real e uma imagem idealizada de


si própria e do seu comportamento, ciente de que nem sempre vai
agradar aos pais.

6. O self como solução racional: entre os 6 e os 12 anos. Começa a


desenvolver racionalidade e lógica em relação ao quotidiano.
TEORIA DOS TRAÇOS DA PERSONALIDADE

GORDON ALLPORT

DESENVOLVIMENTO DA PERSONALIDADE NA INFÂNCIA

7. Luta pela autonomia: a adolescência. Vão ser traçados metas e


objetivos a longo prazo.

Idade Adulta: adultos normais e maturos são funcionalmente


autónomos, funcionam racionalmente no presente.
TEORIAS DOS TRAÇOS DA PERSONALIDADE

TEORIA DE CATTELL

Raymond Cattell (1905-1998), continuou a teoria de Allport na tentativa


de a tornar mais acessível.

Assim, pegou na lista de Allport e removeu todos os sinónimos,


reduzindo o número de traços para 171.
TEORIA DOS TRAÇOS DA PERSONALIDADE

TEORIA DE CATTELL

Cattell estabeleceu como um dos seus objetivos a identificação e


mensuração das unidades básicas da personalidade.

Acreditava que os verdadeiros factores da personalidade deviam ser


encontrados através de diferentes tipos de dados, tais como
questionários auto administrados, testes de laboratório, dados da vida
quotidiana, etc.
TEORIAS DOS TRAÇOS DA PERSONALIDADE

TEORIA DE CATTELL

A partir dos dados obtidos pelos diversos meios, Cattell realizou uma
análise factorial que gerou 16 dimensões de traços da personalidade.

Foi a partir destas dimensões que Cattell construiu o instrumento de


avaliação da personalidade denominado 16 PF.

Uma das características desta avaliação é que em vez de um traço estar


presente ou ausente, cada dimensão é medida num continuum (de
elevado a fraco).
TEORIA DOS TRAÇOS DA PERSONALIDADE
TEORIA DOS TRAÇOS DA PERSONALIDADE

16FP-5

O teste 16PF-5 é uma medida de largo espetro da personalidade normal


e com uma vasta área de utilização - escolar, clínica, orientação,
organizacional e investigação.
TEORIA DOS TRAÇOS DA PERSONALIDADE

16FP-5

O questionário é constituído por 185 itens que avaliam um total de 16


dimensões primárias:

- Afabilidade; Raciocínio; Estabilidade; Dominância; Animação; Atenção


às normas; Atrevimento; Sensibilidade; Vigilância; Abstração;
Privacidade; Apreensão; Abertura à mudança;
Autosuficiência;Perfecionismo; Tensão
TEORIA DOS TRAÇOS DA PERSONALIDADE

16FP-5

A combinação destes traços permite a obtenção de resultados para 5


fatores de segunda ordem, identificados como dimensões globais:

Extroversão; Ansiedade; Dureza; Independência; Autocontrolo

Uma análise mais detalhada do perfil de resultados permite retirar


informações quanto ao potencial de liderança, à criatividade, à empatia,
às competências sociais, à auto-estima e à capacidade de
adaptação/ajustamento do sujeito.
TEORIAS DOS TRAÇOS DA PERSONALIDADE

TEORIA EYSENCK

Hans Eysenck (1916-1997) foi um teórico da personalidade que se focou


no temperamento.

É o modelo que mais se baseia na biologia.

Eysenck desenvolveu este modelo com base em traços que acreditava


serem altamente herdados.
TEORIA DOS TRAÇOS DA PERSONALIDADE

TEORIA EYSENCK

Eysenck definiu a personalidade como sendo

‘a organização mais ou menos estável e perdurável do “carácter”, do


“temperamento” e dos “aspetos intelectuais” e “físicos” de um sujeito, que
determina o seu ajustamento único ao meio ambiente’.
TEORIA DOS TRAÇOS DA PERSONALIDADE

TEORIA DE EYSENCK

CARÁCTER

reflete de modo mais ou menos estável e perdurável o sistema


comportamental volitivo (vontade)

TEMPERAMENTO

reflete de modo mais ou menos estável e perdurável o sistema


comportamental afetivo (emoção)
TEORIA DOS TRAÇOS DA PERSONALIDADE

TEORIA DE EYSENCK

ASPETOS INTELECTUAIS

refletem de modo mais ou menos estável e perdurável o sistema


comportamental cognitivo (inteligência)

ASPETOS FÍSICOS

refletem de modo mais ou menos estável e perdurável a configuração


corporal e neuroendócrina do sujeito
TEORIA DOS TRAÇOS DA PERSONALIDADE

TEORIA DE EYSENCK

PONTOS ESSENCIAIS

A definição da personalidade proposta por Eysenck enfatiza

O conceito de organização, estrutura ou sistema

As características de estabilidade e perdurabilidade no sujeito

Remete para uma organização hierárquica dos elementos do comportamento, cuja importância é

determinada pela análise do sistema de relações que estes elementos mantêm uns com os outros.
TEORIA DOS TRAÇOS DA PERSONALIDADE

TEORIA DE EYSENCK

Considerava que as pessoas tinham duas dimensões específicas da


personalidade:

- Extroversão vs Introversão

- Neuroticismo vs Estabilidade Emocional

Mais tarde, juntamente com a mulher Sybil, acrescentou uma terceira


dimensão:

- Psicoticismo vs. socialização


TEORIA DOS TRAÇOS DA PERSONALIDADE

TEORIA DE EYSENCK

Eysenck conceptualizou cada um desses traços como estando no topo


de uma hierarquia.

Daí que a sua teoria também seja conhecida como Modelo Hierárquico
de Eysenck.

P. ex.: extroversão está no topo de outros traços, como sociável, vivído,


dominante, etc.
TEORIA DOS TRAÇOS DA PERSONALIDADE

TEORIA DE EYSENCK

Um dos pricipais aspetos da teoria de Eysenck, foi o de tornar a


abordagem ao estudo da personalidade mais quantificável.

Desta forma, era percebida como mais ‘legítima’, em oposição às teorias


psicológicas que não são empiricamente verificáveis.
TEORIA DOS TRAÇOS DA PERSONALIDADE

TEORIA DE EYSENCK

EXTROVERSÃO VS. INTROVERSÃO

Valores mais elevados no traço extroversão indicam que as pessoas são


sociáveis e rapidamente estabelecem relações com os outros.

Valores mais elevados no traço introversão indicam pessoas que têm


maior necessidade de estarem sozinhas, de terem comportamentos
solitários e limitam as suas relações com outras pessoas.
TEORIAS DOS TRAÇOS DA PERSONALIDADE

TEORIA DE EYSENCK

NEUROTICISMO VS. ESTABILIDADE EMOCIONAL

Valores mais elevados em neuroticismo significam que a pessoa é


ansiosa, preocupada, com mudanças de humor e instável, etc

Valores elevados em estabilidade emocional significam que a pessoa é


calma, cuidadosa, emocionalmente estável, etc.
TEORIAS DOS TRAÇOS DA PERSONALIDADE

TEORIA EYSENCK

PSICOTICISMO VS. SOCIALIZAÇÃO

Valores elevados em psicoticismo significam que a pessoa é desordeira,


hostil, não cooperativa, sociavelmente fria, etc.

Valores elevados de socialização significam uma pessoa altruista,


sociável, empática, etc.
TEORIAS DOS TRAÇOS DA PERSONALIDADE

TEORIA EYSENCK

QUESTIONÁRIO DA PERSONALIDADE DE EYSENCK

Foi construído em 1985 por S. Eysenck, H. Eysenck e Barrett e enquadra-se na

abordagem nomotética.

Avalia as três dimensões/fatores fundamentais da personalidade –

o Psicoticismo, a Extroversão e o Neuroticismo – e contém uma escala

de Mentira/Desejabilidade Social – a escala L (Lie).


TEORIAS DOS TRAÇOS DA PERSONALIDADE

TEORIA DE EYSENCK

O fator E avalia, num continuum, a personalidade extrovertida, que


engloba os traços de sociabilidade, vivacidade, atividade, assertividade,
dominância, espontaneidade, espírito de aventura, otimismo, entre outros

– e a personalidade introvertida – caracterizada pelos traços opostos de


introspeção, inibição, baixa sociabilidade, cautela, pessimismo, entre outros.
TEORIAS DOS TRAÇOS DA PERSONALIDADE

TEORIA DE EYSENCK

O fator P avalia, num continuum  a normalidade e a psicopatologia, os


sujeitos que são criativos, egocêntricos, pouco empáticos, desconfiados,
rígidos, desajustados, impulsivos, hostis e agressivos, entre outros
traços.
TEORIAS DOS TRAÇOS DA PERSONALIDADE

TEORIA DE EYSENCK

A escala L é uma medida de desejabilidade social.

Pretende avaliar a tendência dos sujeitos para atribuir a si próprios


atitudes/comportamentos com valores socialmente desejáveis e para
rejeitar em si mesmos a presença de atitudes/comportamentos com
valores socialmente indesejáveis.
TEORIAS PSICOLÓGICAS DA PERSONALIDADE

TEORIAS PSICODINÂMICAS

Teoria Psicanalítica de Sigmund Freud

Teoria das Relações de Objeto de Melanie Klein

Teoria Analítica de Carl Gustav Jung


TEORIA PSICANALÍTICA DE S. FREUD

DESENVOLVEU A TEORIA PSICANALÍTICA A PARTIR DA DÉCADA


DE 1880.

‘ESTUDOS SOBRE HISTERIA’ (1882)

Freud concluiu que existiam causas inconscientes para os sintomas


apresentados pelas pacientes, uma vez que não encontrava qualquer
causa física.

Considerou que os conflitos inconscientes eram de natureza sexual.


TEORIA PSICANALÍTICA DE S. FREUD

- Comparou a mente a um iceberg: a parte mais pequena que aparecia


acima da superfície da água representava a região da consciência,
enquanto a massa muito maior abaixo da água representava a região do
inconsciente.

- No domínio do inconsciente, encontram-se os impulsos, as paixões, as


idéias e os sentimentos reprimidos, um grande mundo subterrâneo de
forças vitais, invisíveis, que exercem grande controle sobre os
pensamentos e as ações das pessoas.
TEORIA PSICANALÍTICA DE S. FREUD

Freud formou-se inicialmente em neurologia, tendo mais tarde


enveredado pela psiquiatria.

Com o objetivo de aprofundar a sua técnica, estudou um ano com o


psiquiatra francês Jean Charcot, que usava a hipnose no tratamento da
histeria.

Embora tenha usado a hipnose inicialmente, acabaria por abandonar


este método por concluir que não dava resposta aos problemas dos
pacientes.
TEORIA PSICANALÍTICA DE S. FREUD

Assim, acabaria por começar a desenvolver o método da associação


livre, em que é pedido ao paciente que fale sobre o que quiser sem ser
dirigido para um tema específico pelo psicoterapeuta.

Em conjunto com Breuer, apresentou alguns dos seus casos de histeria


tratados pela técnica da fala – the talking cure (1895).
TEORIA PSICANALÍTICA DE S. FREUD

O trabalho conjunto com Breuer foi importante nos primeiros anos do


desenvolvimento do método psicanalítico.
No entanto, a divergência em relação a algumas ideias, como por exemplo,
sobre a importância do fator sexual na histeria fez com que seguissem
caminhos separados.

Freud considerava que os conflitos sexuais eram a causa da histeria, enquanto


Breuer adotava uma visão mais conservadora.

A partir de então, Freud trabalhou praticamente sozinho, desenvolvendo as


idéias que seriam os fundamentos da teoria psicanalítica e que culminaram na
publicação de seu primeiro grande trabalho, A Interpretação dos Sonhos (1900).
TEORIA PSICANALÍTICA DE S. FREUD

A ESTRUTURA DA PERSONALIDADE

De acordo com teoira psicanalítica, a personalidade é constituída por três


grandes sistemas:o id, o ego e o superego.

O comportamento é quase sempre o produto de uma interação entre


esses três sistemas; e raramente um sistema opera com a exclusão
dos outros dois.
TEORIA PSICANALÍTICA DE S. FREUD

O Id

É o sistema original da personalidade: é a matriz da qual se originaram o


Ego e o Superego.

Consiste em tudo o que é psicológico, que é herdado e que se acha


presente no nascimento, incluindo os instintos. É o reservatório da
energia psíquica e fornece toda a energia para a operação dos outros
dois sistemas.

 Está em estreito contacto com os processos corporais, dos quais deriva


a sua energia. Freud chamou ao Id “a verdadeira realidade psíquica”
porque representa o mundo interno da experiência subjetiva e não tem
nenhum conhecimento da realidade objetiva.
TEORIA PSICANALÍTICA DE S. FREUD

O Id não tolera aumentos de energia, que são experienciados como


estados de tensão desconfortáveis.

Consequentemente, quando o nível de tensão do organismo aumenta,


como resultado ou de estimulação externa ou de excitações
internamente produzidas, o Id funciona de maneira a descarregar a
tensão imediatamente e a fazer o organismo voltar a um nível de
energia confortavelmente constante e baixo.

Esse princípio da redução de tensão pelo qual o Id opera é chamado


princípio do prazer.
TEORIA PSICANALÍTICA DE S. FREUD

Para atingir o objetivo de evitar dor e obter prazer,o id tem ao seu dispor dois
processos: as ações reflexas e o processo primário.

As ações reflexas são reações inatas e automáticas como espirrar e


piscar,e, geralmente, reduzem a tensão imediatamente.

O organismo está equipado com vários desses reflexos para lidar com
formas relativamente simples de excitação.

Por sua vez, processo primário envolve uma reação psicológica um pouco
mais complicada. Tenta descarregar a tensão, formando a imagem de um
objeto que vai remover a tensão.
TEORIA PSICANALÍTICA DE S. FREUD

Por exemplo, se uma pessoa está esfomeada, o processo primário dá


origem à imagem mental de um alimento. Essa experiência alucinatória
em que o objeto desejado é apresentado na forma de uma imagem de
memória é chamada realização do desejo.

Um exemplo do processo primário nas pessoas normais é o sonho


noturno, que Freud acreditava representar sempre a realização ou a
tentativa de realização de um desejo.

As alucinações e as visões dos pacientes psicóticos também são


exemplos do processo primário.
TEORIA PSICANALÍTICA DE S. FREUD

O EGO

O ego passa a existir porque as necessidades do organismo requerem


transações apropriadas com o mundo objetivo da realidade.

No exemplo da pessoa esfomeada, esta tem de procurar, encontrar e


comer o alimento para que a tensão da fome seja eliminada. Isso significa
que a pessoa precisa aprender a diferenciar entre uma imagem
mnemónica do alimento e uma perceção real do alimento conforme ele
existe no mundo externo.

A distinção básica entre o Id e o Ego é que o Id só conhece a realidade


subjetiva da mente, ao passo que o Ego distingue as coisas na mente das
coisas no mundo externo.
TEORIA PSICANALÍTICA DE S. FREUD

O Ego obedece ao princípio da realidade e opera por meio do processo


secundário.

O objetivo do princípio da realidade é evitar a descarga de tensão até ser


descoberto um objeto apropriado para a satisfação da necessidade.

O princípio da realidade suspende temporariamente o princípio do prazer,


mas o princípio do prazer é eventualmente atendido quando o objeto
necessário é encontrado e quando a tensão é então reduzida.

O princípio da realidade pergunta se uma experiência é verdadeira ou falsa


– isto é, se tem existência externa ou não – enquanto o princípio do prazer
só quer saber se a experiência é dolorosa ou prazerosa.
TEORIA PSICANALÍTICA DE S. FREUD

O processo secundário corresponde a um pensamento realista.

Por meio do processo secundário, o Ego formula um plano para a


satisfação da necessidade e depois testa-o, normalmente com algum tipo
de ação, para ver se ele vai funcionar ou não.

Isso é chamado teste de realidade.

Para desempenhar seu papel eficientemente, o Ego tem controle sobre


todas as funções cognitivas e intelectuais; esses processos mentais
superiores são colocados a serviço do processo secundário.
TEORIA PSICANALÍTICA DE S. FREUD

SUPEREGO

O terceiro e último sistema da personalidade a desenvolver-se é o Superego.

É o representante interno dos valores tradicionais e dos ideais da sociedade


conforme interpretados para a criança pelos pais e impostos por um
sistema de recompensas e de punições.

É a força moral da personalidade. Representa o ideal mais do que o real e


procura a perfeição mais do que o prazer.

A sua principal preocupação é decidir se alguma atitude é certa ou errada,


para poder agir de acordo com os padrões morais autorizados pelos
agentes da sociedade.
TEORIA PSICANALÍTICA DE S. FREUD

O Superego, como árbitro moral internalizado de conduta, desenvolve-se


em resposta às recompensas e punições impostas pelos pais.

Para obter as recompensas e evitar os castigos, a criança aprende a


orientar o seu comportamento de acordo com os pais.

Tudo o que eles dizem ser impróprio e, por isso, castigam a criança por
fazer, tende a ser incorporado à sua consciência, que é um dos dois
subsistemas do Superego.
TEORIA PSICANALÍTICA DE S. FREUD

Tudo o que eles aprovam e, por isso, recompensam a criança por fazer,
tende a ser incorporado ao seu ideal do ego, o outro subsistema do
Superego.

O mecanismo pelo qual ocorre essa incorporação é chamado de


introjeção.

A criança absorve ou introjeta os padrões morais dos pais.


A consciência pune a pessoa, fazendo-a sentir-se culpada; o ideal do
ego recompensa a pessoa, fazendo-a sentir-se orgulhosa. Com a
formação do superego, o autocontrole substitui o controle parental.
TEORIA PSICANALÍTICA DE S. FREUD

As principais funções do superego são

1) inibir os impulsos do id, especialmente aqueles de natureza sexual ou


agressiva, uma vez que estes são os impulsos cuja expressão é mais
condenada pela sociedade;

2) persuadir o ego a substituir objetivos realistas por objetivos moralistas;

3) procurar a perfeição.
TEORIA PSICANALÍTICA DE S. FREUD

ANSIEDADE

A dinâmica da personalidade é em grande extensão governada pela


necessidade de gratificar as próprias necessidades por meio de transações
com objetos no mundo externo.

Além do seu papel como fonte dos suprimentos, o mundo externo desempenha
um outro papel importante como moldador do destino da personalidade.

O ambiente contém regiões de perigo e insegurança; pode ameaçar, assim


como satisfazer. O ambiente tem o poder de produzir dor e aumentar a tensão,
assim como de trazer prazer e reduzir a tensão.
TEORIA PSICANALÍTICA DE S. FREUD

ANSIEDADE

A ansiedade é um estado de tensão; é uma pulsão como a fome ou o


sexo, mas, em vez de ser originada por condições internas, é produzida
originalmente por causas externas.

Quando a ansiedade é despertada, ela motiva a pessoa a fazer algo. A


pessoa pode fugir da região ameaçadora, inibir o impulso perigoso ou
obedecer à voz da consciência.
TEORIA PSICANALÍTICA DE S. FREUD

Sentir medo é a reação normal do indivíduo às ameaças externas de dor


e destruição com as quais não está preparado para lidar.

A pessoa ameaçada normalmente é uma pessoa com medo. Esmagado


pela estimulação excessiva que não consegue controlar, o ego é
inundado pela ansiedade.
TEORIA PSICANALÍTICA DE S. FREUD

Freud identificou três tipos de ansiedade:

Ansiedade de realidade, ansiedade neurótica e ansiedade moral, ou


sentimentos de culpa.

O tipo básico é a ansiedade de realidade, ou o medo de perigos reais


no mundo externo; dele derivam os outros dois.

A ansiedade neurótica é o medo de que os instintos escapem ao


controle e levem a pessoa a tomar alguma atitude pela qual ela será
punida.
TEORIA PSICANALÍTICA DE S. FREUD

A ansiedade neurótica não é tanto o medo dos próprios instintos mas


sim o medo da punição que provavelmente se seguirá à gratificação
instintual.

A ansiedade neurótica tem uma base na realidade, porque o mundo,


conforme representado pelos pais e outras autoridades, realmente
pune a criança por ações impulsivas.
TEORIA PSICANALÍTICA DE S. FREUD

A ansiedade moral é o medo da consciência.

As pessoas com superegos bem-desenvolvidos tendem a sentir culpa


quando praticam algum ato ou, inclusive, quando pensam em fazer
alguma ação contrária ao código moral pelo qual foram criadas.

A ansiedade moral também tem uma base realista, pois a pessoa foi
punida no passado por violar o código moral e pode ser punida
novamente.
TEORIA PSICANALÍTICA DE S. FREUD

MECANISMOS DEFESA

O bebé precisa de um ambiente protegido até o Ego ter tido a


oportunidade de se desenvolver a ponto de conseguir dominar os
fortes estímulos do ambiente.

Quando o Ego não consegue lidar com a ansiedade por métodos


racionais, tem de recorrer a métodos irrealistas.

Esses métodos são os chamados mecanismos de defesa do ego.


TEORIA PSICANALÍTICA DE S. FREUD

DEFESA

Conjunto de operações cuja finalidade é reduzir ou suprimir qualquer


modificação suscetível de pôr em perigo a integridade e a constância do
indivíduo biopsicológico.

Na medida em que o Ego se constitui como instância que encarna esta


constância e que procura mantê-la, pode ser descrito como o sujeito e o
objeto destas operações.
TEORIA PSICANALÍTICA DE S. FREUD

‘O EGO E OS MECANISMOS DE DEFESA’


Anna Freud (1936)

REPRESSÃO

É o principal mecanismo de defesa. Já tinha sido descrito antes por S. Freud.

Envia para o inconsciente as ideias, afetos ou desejos que causam desconforto à


consciência.

Seria considerado um mecanismo mais ligado ao combate dos desejos sexuais.

Ex.: uma pessoa tem medo de aranhas mas não se lembra da primeira vez em
que sentiu esse medo
TEORIA PSICANALÍTICA DE S. FREUD

FORMAÇÃO REATIVA

Trata-se da fixação de uma ideia na consciência que representa o contrário do


desejo inconsciente.

É uma inversão clara e, em geral, inconsciente do verdadeiro desejo.

Ex.: solicitude excessiva como res­posta consciente ao ódio inconsciente.

PROJEÇÃO
Atribuição a outra pessoa de sentimentos ou desejos que são inaceitáveis para o
próprio sujeito.

Ex.: uma pessoa que odeia alguém próximo, vai atribuir esse sentimento ao outro: ‘é
ele que me odeia’ e ‘eu condeno esses sentimentos’
TEORIA PSICANALÍTICA DE S. FREUD

REGRESSÃO

Retorno a estádios anteriores de gratificação quando essa gratificação se torna


motivo de conflito interno.

Ex.: quando um adulto volta a um modelo infantil, no qual se sentia mais feliz e
mais protegido; infantilização é uma forma de regressão que protege o ego do
encontro com as dificuldades do mundo adulto.

ISOLAMENTO

Uma ideia, sentimento ou afeto é isolado por forma a evitar os conflitos que
podeiram surgir na interação com outras ideias.
TEORIA PSICANALÍTICA DE S. FREUD

ANULAÇÃO

Através de uma ação procura-se a anulação da ação prévia desagradável.

Ex.: ofender alguém e depois passar a elogiar esse pessoa constantemente

INTROJEÇÃO

O sujeito ‘apropria-se’ de algumas características da personalidade da pessoa com quem se


identifica.
Ex.: uma pessoa idolatra um piloto de F1 e conduz depressa

SUBLIMAÇÃO

A energia sexual é direcionada para tarefas socialmente aceites.


Ex.: trabalho, atividades desportivas, etc.
TEORIA PSICANALÍTICA DE S. FREUD

NEGAÇÃO

O sujeito recusa-se a reconhecer uma situação real e os sentimentos a ela


associados.

Ex.: pessoa com algum tipo de adição e que diz não ter problema nenhum ou que
está tudo sob controle

DESLOCAMENTO

Os sentimentos são transferidos para um objeto/alvo que é considerado menos


ameaçador e que provoca menos conflitos internos.
Ex.: a raiva em relação ao patrão dá origem a uma discussão com o/a
companheiro/a
TEORIA PSICANALÍTICA DE S. FREUD

O DESENVOLVIMENTO DA PERSONALIDADE

Freud foi provavelmente o primeiro teórico da psicologia a enfatizar os


aspetos desenvolvimentais da personalidade e em particular o papel
decisivo dos primeiros anos do período da infância como formadores
da estrutura de caráter básica da pessoa.

Considerava que a personalidade já estava muito bem formada pelo final


do quinto ano de vida e que o desenvolvimento subsequente era
praticamente só a elaboração dessa estrutura básica.
TEORIA PSICANALÍTICA DE S. FREUD

A personalidade desenvolve-se em resposta a quatro fontes importantes


de tensão:
1) processos de crescimento fisiológico,

2) frustrações,

3) conflitos,
4) ameaças.
TEORIA PSICANALÍTICA DE S. FREUD

Como uma consequência direta de aumentos de tensão derivados


dessas fontes, a pessoa é forçada a aprender novos métodos de
reduzir a tensão.

Essa aprendizagem é o que constitui o desenvolvimento da


personalidade.

A identificação e o deslocamento são dois métodos pelos quais o


indivíduo aprende a resolver as frustrações, os conflitos e as
ansiedades.
TEORIA PSICANALÍTICA DE S. FREUD

IDENTIFICAÇÃO

Pode ser definida como o método pelo qual alguém assume as


características de outra pessoa e as torna uma parte integrante da sua
personalidade.

A pessoa aprende a reduzir a tensão modelando o próprio


comportamento segundo o de outra pessoa.
TEORIA PSICANALÍTICA DE S. FREUD

IDENTIFICAÇÃO

São escolhidos como modelos aqueles indivíduos que parecem mais


bem-sucedidos do que a própria pessoa na gratificação das suas
necessidades.

A criança identifica-se com os pais porque eles parecem ser


omnipotentes, pelo menos durante os anos da infância inicial.
TEORIA PSICANALÍTICA DE S. FREUD

IDENTIFICAÇÃO

À medida que as crianças crescem, encontram outras pessoas com as


quais se identificar, pessoas cujas realizações estão mais de acordo
com seus atuais desejos.

Cada período tende a ter as suas figuras de identificação características


TEORIA PSICANALÍTICA DE S. FREUD

IDENTIFICAÇÃO

A estrutura final da personalidade representa um acúmulo de numerosas


identificações feitas em vários períodos da vida da pessoa, embora a
mãe e o pai, provavelmente, sejam as figuras de identificação mais fortes
na vida de qualquer pessoa.
TEORIA PSICANALÍTICA DE S. FREUD

DESLOCAMENTO

Quando uma escolha de objeto original de um instinto se torna


inacessível por barreiras externas ou internas (anticatexias), uma nova
catexia é formada, a menos que ocorra uma forte repressão.

Se essa nova catexia também é bloqueada, ocorre um outro


deslocamento, e assim por diante, até ser encontrado um objeto que
traga certo alívio para a tensão encurralada.
TEORIA PSICANALÍTICA DE S. FREUD

DESLOCAMENTO

Esse objeto é então catexizado até perder o seu poder de reduzir a


tensão, momento em que é instituída outra busca por um objeto
apropriado

Durante toda a série de deslocamentos que constitui, em grande medida,


o desenvolvimento da personalidade, a fonte e a meta do instinto
permanecem constantes.

É só o objeto que varia.


TEORIA PSICANALÍTICA DE S. FREUD

DESLOCAMENTO

A direção tomada por um deslocamento é determinada por dois fatores:

1) a semelhança do objeto substituto com o original e


2) as sanções e as proibições impostas pela sociedade.

O fator de semelhança é o grau em que os objetos são identificados na


mente da pessoa.
TEORIA PSICANALÍTICA DE S. FREUD

ESTÁGIOS DE DESENVOLVIMENTO

A criança atravessa uma série de estágios dinamicamente diferenciados


durante os primeiros cinco anos de vida, depois dos quais a dinâmica
fica mais ou menos estabilizada por uns cinco ou seis anos – o
período de latência.

Com o advento da adolescência, a dinâmica irrompe outra vez e depois


gradualmente acomoda-se à medida que o adolescente entra na idade
adulta.

Para Freud, os primeiros anos de vida são decisivos para a formação da


personalidade.
TEORIA PSICANALÍTICA DE S. FREUD

ESTÁGIOS DE DESENVOLVIMENTO

Cada estágio de desenvolvimento durante os primeiros cinco anos é


definido em termos dos modos de reação de uma zona específica do
corpo.

Durante o primeiro estágio, que dura cerca de um ano, a boca é a


principal região de atividade dinâmica.
TEORIA PSICANALÍTICA DE S. FREUD

ESTÁGIOS DE DESENVOLVIMENTO

O estágio oral é seguido pelo desenvolvimento de catexias e de


anticatexias em relação às funções eliminativas, o chamado estágio
anal.

Acontece no segundo ano de vida e é seguido pelo estágio fálico, em


que os órgãos sexuais se tornam as zonas erógenas mais
importantes.

Esses estágios – oral, anal e fálico – são chamadosmde estágios pré-


genitais.
TEORIA PSICANALÍTICA DE S. FREUD

A criança atravessa então um prolongado período de latência, os


chamados anos de tranquilidade, em termos dinâmicos.

Durante esse período, os impulsos tendem a ser mantidos num estado


de repressão.

O ressurgimento da dinâmica na adolescência reativa os impulsos pré-


genitais.

Se eles forem satisfatoriamente deslocados e sublimados pelo ego, a


pessoa passa para o estágio final da maturidade, o estágio genital.
TEORIA PSICANALÍTICA DE S. FREUD

ESTÁDIOS PSICO-SEXUAIS

FASE ORAL (1º ANO)


ZONA ERÓGENA: BOCA

FASE ANAL (1-3 ANOS)


ZONA ERÓGENA: FUNÇÕES DE ELIMINAÇÃO (URINA, FEZES)

FASE FÁLICA (3-6 ANOS)


ZONA ERÓGENA: ORGÃOS GENITAIS

PERÍODO DE LATÊNCIA (6 ANOS – PUBERDADE)


DORMÊNCIA DOS SENTIMENTOS SEXUAIS

FASE GENITAL (A PARTIR DA PUBERDADE)


INTERESSES SEXUAIS MATUROS
TEORIA DAS RELAÇÕES DE OBJETO DE MELANIE KLEIN

MELANIE KLEIN
(Viena 1882-Londres 1960)

 Casou em 1903 com Arthur Klein


 - Muda-se para Budapeste devido ao
trabalho do marido
 - Em 1916 tem o primeiro contacto
com os escritos de Freud e inicia a
sua análise com Sandor Ferenczi
 Incentivada por Ferenczi, começa a
trabalhar com crianças
 Em 1919 torna-se membro da
Sociedade de Psicanálise de
Budapeste
 Em 1926 muda-se para Londres,
onde vive até ao final da vida.
TEORIA DAS RELAÇÕES DE OBJETO DE MELANIE KLEIN

Melanie Klein desenvolveu a sua teoria a partir das observações de


crianças pequenas.

Em contraste com Freud, que destacava os primeiros 4 a 6 anos de vida,


Klein enfatizava a importância dos primeiros 4 a 6 meses após o
nascimento.

Considerava que os impulsos do bebé (fome, sexo, etc.) eram


direcionados para um objeto: o seio, o pênis, etc.
TEORIA DAS RELAÇÕES DE OBJETO DE MELANIE KLEIN

Para Klein, a relação da criança com o seio é fundamental e serve como


um protótipo para relações posteriores com objetos totais, como a mãe
e o pai.

O facto de, numa fase muito precoce, os bebés se relacionarem com


objetos parciais, implica que as suas experiências tenham uma
qualidade irrealista, semelhante a uma fantasia que afeta todas as
relações interpessoais posteriores.

Assim, as ideias de Klein tendem a mudar o foco da teoria psicanalítica


de estágios do desenvolvimento com base orgânica para o papel da
fantasia precoce na formação das relações interpessoais.
TEORIA DAS RELAÇÕES DE OBJETO DE MELANIE KLEIN

A teoria das relações de objeto deriva da teoria dos instintos de Freud, no


entanto difere desta em, pelo menos, três aspectos gerais

1. a teoria das relações de objeto coloca menos ênfase nos impulsos


fundamentados biologicamente e mais importância nos padrões
consistentes das relações interpessoais.
TEORIA DAS RELAÇÕES DE OBJETO DE MELANIE KLEIN

2. contrariamente à teoria de Freud, que enfatiza o poder e o controle do


pai, a teoria das relações objetais tende a dar mais importância à mãe,
destacando a intimidade e o poder criativo desta.

3. os teóricos das relações de objeto veem, em geral, o contacto e as


relações humanas – não o prazer sexual – como o motivo primordial
do comportamento humano.
TEORIA DAS RELAÇÕES DE OBJETO DE MELANIE KLEIN

ALGUNS CONCEITOS KLEINIANOS

FANTASIA

Um dos pressupostos básicos de Klein é que o bebé, mesmo no nascimento,


possui uma vida de fantasia ativa.

Essas fantasias são representações psíquicas dos instintos inconscientes do Id.

São diferentes das fantasias conscientes das crianças mais velhas e dos adultos.

Para sublinhar essa diferença, Klein, usava o termo “phantasy” para as fantasias
inconscientes e ‘fantasy’ para as fantasias conscientes
TEORIA DAS RELAÇÕES DE OBJETO DE MELANIE KLEIN

Klein considerava que, por exemplo, os bebés, possuem imagens


inconscientes de “bom” e “mau”: um estômago cheio é bom; um vazio
é mau.

Um bebé que adormece enquanto chucha no dedo fantasia ter o bom


seio dentro dele. Da mesma forma, um bebé com fome, que chora e
esperneia, fantasia bater ou destruir o mau seio.
TEORIA DAS RELAÇÕES DE OBJETO DE MELANIE KLEIN

OBJETOS

Tal como Freud, Klein concordava que os seres humanos possuem


impulsos ou instintos inatos, incluindo um instinto de morte.

Os impulsos precisam ter algum objeto ao qual sejam dirigidos.


Por exemplo, o impulso da fome tem o seio bom como objeto, o impulso
sexual tem um órgão sexual como objeto, etc.
TEORIA DAS RELAÇÕES DE OBJETO DE MELANIE KLEIN

Na perspetiva kleiniana, existe uma relação com os objetos externos,


tanto em fantasia como na realidade.

As primeiras relações objetais são com o seio da mãe, mas “logo em


seguida se desenvolve interesse pelo rosto e pelas mãos, os quais
atendem a suas necessidades e as gratificam.”
TEORIA DAS RELAÇÕES DE OBJETO DE MELANIE KLEIN

POSIÇÃO ESQUIZO-PARANÓIDE

Durante os primeiros meses de vida, o bebé entra em contato com o seio


bom e o seio mau.

As experiências alternadas de gratificação e frustração ameaçam a


própria existência do ego incipiente e vulnerável.

O bebé deseja controlar o seio devorando-o e abrigando-o.

Ao mesmo tempo, os impulsos destrutivos inatos do bebé criam fantasias


de dano ao seio mordendo-o, rasgando-o, aniquilando-o.
TEORIA DAS RELAÇÕES DE OBJETO DE MELANIE KLEIN

POSIÇÃO ESQUIZO-PARANÓIDE

Como forma de tolerar esses sentimentos contraditórios em relação ao


mesmo objeto ao mesmo tempo, o ego divide-se, retendo uma parte
dos instintos de vida e de morte enquanto desvia outras partes dos
dois instintos para o seio.
TEORIA DAS RELAÇÕES DE OBJETO DE MELANIE KLEIN

POSIÇÃO ESQUIZO-PARANÓIDE

.
Assim, o bebé teme o seio persecutório mas também tem uma com o
seio ideal, que dá amor, conforto e

O bebé deseja manter o seio ideal dentro dele como uma proteção contra
a aniquilação pelos perseguidores.

Portanto, na posição esquizoparanoide refere-se a uma forma de


organizar as experiências que inclui os sentimentos paranoides de ser
perseguido e uma divisão dos objetos internos e externos em bons e
maus.
TEORIA DAS RELAÇÕES DE OBJETO DE MELANIE KLEIN

A posição esquizoparanoide acontece durante os primeiros 3 a 4 meses


de vida, durante os quais a percepção que o ego tem do mundo
externo é subjetiva e fantástica, em vez de objetiva e real.

Nesta altura, os sentimentos persecutórios são considerados paranoides;


ou seja, eles não estão fundamentados perigos perigo reais ou
imediatos do mundo externo.
O bom e o mau necessitem estar separados, porque confundi-los seria
arriscar a aniquilação do seio bom e perdê-lo como porto seguro. No
mundo esquizoide do bebê, a ira e os sentimentos destrutivos são
direcionados para o seio mau, enquanto os sentimentos de amor e
conforto estão associados ao seio bom.
TEORIA DAS RELAÇÕES DE OBJETO DE MELANIE KLEIN

POSIÇÃO DEPRESSIVA

Por volta dos 5 ou 6 meses, o bebé começa a perceber os objetos como


um todo e a entender que o bom e o mau podem existir na mesma
pessoa.

Por essa altura, desenvolve uma imagem mais realista da mãe e


reconhece que ela é uma pessoa separada dele que pode tanto ser
boa como má.

Nesta altura, já existe um mais matura ego que permite tolerar alguns
dos próprios sentimentos destrutivos, em vez de projetá-los.
TEORIA DAS RELAÇÕES DE OBJETO DE MELANIE KLEIN

No entanto, o bebé também percebe que a mãe pode ir embora e ser


perdida para sempre.

Temendo essa possível perda, o bebé deseja proteger a mãe e mantê-la


afastada dos perigos das suas próprias forças destrutivas, ou seja os
impulsos canibalísticos que anteriormente tinham sido projetados nela.
TEORIA DAS RELAÇÕES DE OBJETO DE MELANIE KLEIN

POSIÇÃO DEPRESSIVA

No entanto, o ego do bebé já é suficientemente maturo para perceber


que não tem capacidade de proteger a mãe, levando a que
experiencie culpa por causa dos seus impulsos destrutivos anteriores
dirigidos à mãe.

Assim, a posição depressiva pode ser descrita como consistindo em


sentimentos de ansiedade quanto à perda de um objeto amado
associados a um sentimento de culpa por querer destruir aquele objeto
constituem o que Klein denominou posição depressiva.esse mesmo
objeto.
TEORIA DAS RELAÇÕES DE OBJETO DE MELANIE KLEIN

Na posição depressiva há o reconhecimento de que o objeto amado e o


objeto odiado são o mesmo objeto.

Assim, o bebé censura-se pelos impulsos dirigidos à mãe e deseja


fazer a reparação desses ataques.

Como as crianças veem sua mãe como um todo e também como


ameaçadas, elas são capazes de sentir empatia por ela, uma
qualidade que será benéfica em suas relações interpessoais futuras.
TEORIA DAS RELAÇÕES DE OBJETO DE MELANIE KLEIN

A posição depressiva é resolvida quando as crianças fantasiam que


fizeram a reparação pelas suas transgressões anteriores e quando
reconhecem que a mãe não irá embora permanentemente, mas
retornará depois de cada partida.

Quando a posição depressiva é resolvida, as crianças encerram a


dissociação entre a mãe boa e a mãe má. São capazes não só de
experimentar o amor da mãe, mas também de expressar seu amor por
ela.
No entanto, se houver uma resolução incompleta da posição depressiva
pode levar a falta de confiança, luto patológico pela perda de uma
pessoa amada e uma variedade de outros transtornos psíquicos.
TEORIA DAS RELAÇÕES DE OBJETO DE MELANIE KLEIN

MECANISMOS DE DEFESA

Klein considerou que, desde o início da infância, existem mecanismos de


defesa proteger o ego contra a ansiedade despertada por pelas fantasias
destrutivas.

Esses sentimentos destrutivos intensos surgem com as ansiedades oral-


sádicas referentes ao seio – o seio temido e destrutivo, por um lado, e o
seio gratificante e prestativo, por outro.

Para controlar essas ansiedades, os bebés usam vários mecanismos de


defesa, tais como introjeção, projeção, dissociação e identificação projetiva
TEORIA DAS RELAÇÕES DE OBJETO DE MELANIE KLEIN

INTROJEÇÃO

Klein considerava a introjeção como a fantasias de incorporar as percepções e


experiências que tiveram com o objeto externo, originalmente o seio da mãe.

Normalmente, o bebé tenta introjetar objetos bons, incorporá-los dentro de si


como uma proteção contra a ansiedade.

Contudo, às vezes, um bebê introjeta objetos maus, como o seio mau ou o pênis
mau, para obter controle sobre eles.

Quando os objetos perigosos são introjetados, transformam-se em perseguidores


internos, capazes de aterrorizar o bebê e deixar resíduos assustadores que
podem ser expressos em sonhos ou em um interesse por contos de fadas
como “O lobo mau” ou “Branca de Neve e os sete anões”
TEORIA DAS RELAÇÕES DE OBJETO DE MELANIE KLEIN

PROJEÇÃO

Da mesma forma que o bebé usa a introjeção para incoporar objetos


bons e maus, também usa a projeção para se livrar deles.

Assim, projeção pode ser descrita como a fantasia de que sentimentos e


impulsos próprios, na verdade, residem noutra pessoa e não dentro do
próprio sujeito.
Quando os impulsos destrutivos incontroláveis são projetodas nos
objetos externos, a ansiedade insuportável de serem destruídos por
forças internas perigosas é aliviada.
TEORIA DAS RELAÇÕES DE OBJETO DE MELANIE KLEIN

PROJEÇÃO

As imagens boas e más são projetadas nos objetos externos, em


especial nos pais.

Por exemplo, um menino que deseja castrar o pai pode, em vez disso,
projetar essas fantasias de castração no pai, dessa forma invertendo
os desejos de castração e acusando o pai de querer castrá-lo. Do
mesmo modo, uma menina pode fantasiar que devora a mãe, mas
projeta essa fantasia na mãe, a qual ela teme que vá retaliar
perseguindo-a
TEORIA DAS RELAÇÕES DE OBJETO DE MELANIE KLEIN

DISSOCIAÇÃO

Para conseguir lidar com os aspetos bons e maus de si mesmo e dos


objetos externos, é necessário separar os impulsos incompatíveis,
implicando que também o Ego seja dividido.

Assim, os bebês desenvolvem uma imagem de “eu bom” e “eu mau” que
lhes possibilita lidar com os impulsos prazerosos e destrutivos em
relação aos objetos externos. A dissociação pode ter um efeito positivo
ou negativo na criança.
TEORIA DAS RELAÇÕES DE OBJETO DE MELANIE KLEIN

Se não for extrema e rígida, pode ser um mecanismo positivo e útil não só
para os bebés, mas também para os adultos.

Possibilita que as pessoas vejam os aspetos positivos e negativos de si


mesmas, avaliem o seu comportamento como bom ou mau e diferenciem
entre as pessoas que são admiradss e as que são desagradáveis.

Contudo, a dissociação excessiva e inflexível pode levar à repressão patológica.


Por exemplo, se o ego das crianças for rígido demais para ser dissociado em
eu bom e eu mau, elas não conseguirão introjetar as experiências más no ego
bom.
TEORIA DAS RELAÇÕES DE OBJETO DE MELANIE KLEIN

IDENTIFICAÇÃO PROJETIVA

Refere-se a um mecanismo de defesa psíquico no qual os bebés dissociam


partes inaceitáveis de si mesmos, as projetam noutro objeto e, finalmente,
as introjetam de volta de forma alterada ou distorcida.

Ao incorporarem o objeto de volta, os bebés acreditam que se tornaram


como esse objeto; ou seja, identificam-se com esse objeto.

Por exemplo, os bebés, em geral, dissociam partes do seu impulso


destrutivo e projetam-nas no seio mau e frustrante. A seguir, identificam-
se com o seio introjetando-o, um processo que permite obter controle
sobre o seio temido e também maravilhoso.
TEORIA DAS RELAÇÕES DE OBJETO DE MELANIE KLEIN

A identificação projetiva tem grande importância nas relações interpessoais


adultas.

Ao contrário da projeção simples, que pode existir completamente em


fantasia, a identificação projetiva existe somente no mundo das relações
interpessoais reais.

Por exemplo, um marido com tendências fortes, mas indesejadas, de


dominar os outros projeta esses sentimentos na esposa, a quem ele,
então, vê como dominadora. O homem, sutilmente, tenta tornar a esposa
dominadora. Ele comporta-se com submissão excessiva, na tentativa de
forçar a esposa a exibir as próprias tendências que ele depositou nela.
TEORIA DAS RELAÇÕES DE OBJETO DE MELANIE KLEIN

EGO

Klein acreditava que, no nascimento, o ego era desorganizado mas, no


entanto, suficientemente forte para sentir ansiedade, usar
mecanismos de defesa e formar relações de objeto precoces, tanto em
fantasia quanto na realidade.
TEORIA DAS RELAÇÕES DE OBJETO DE MELANIE KLEIN

EGO

O ego começa a se desenvolver já na primeira experiência do bebé com


a amamentação, quando o seio bom o preenche não só com leite, mas
com amor e segurança.

Porém, o bebé também experimenta o seio mau – aquele que não está
presente e não dá leite, amor ou segurança.

Ao introjetar o seio bom e o seio mau, e essas imagens fornecem um


ponto focal para a maior expansão do ego.
TEORIA DAS RELAÇÕES DE OBJETO DE MELANIE
KLEIN

SUPEREGO

O conceito de Superego na teoria kleiniana difere da de Freud em pelo menos três


aspectos:

1- surge muito mais cedo na vida;


2- não é o resultado do complexo de Édipo;
3 - é muito mais severo e cruel.

Klein chegou a essas diferenças por meio da análise de crianças pequenas, uma
experiência que Freud não teve.

Klein concordava que um superego maturo produz sentimentos de inferioridade e culpa,


mas a sua análise de crianças pequenas levou-a a acreditar que o superego precoce
produz não culpa, mas terror.
TEORIA DAS RELAÇÕES DE OBJETO DE MELANIE
KLEIN

Para Klein, as crianças pequenas temem ser devoradas e rasgadas em


pedaços – temores que são, em grande parte, desproporcionais aos
perigos reais.

Por que é que o superego das crianças está tão drasticamente afastado
de qualquer ameaça real por parte dos pais?

Klein sugeriu que a resposta reside no próprio instinto destrutivo do


bebé, que é experimentado como ansiedade. Para lidar com essa
ansiedade, o ego da criança mobiliza a libido (instinto de vida) contra o
instinto de morte.
TEORIA ANALÍTICA DE C. G. JUNG

CARL GUSTAV JUNG

(1875-1961)

Psiquiatra e psicoterapeuta suíço,


fundador da Psicologia Analítica.

Inicialmente, Carl Gustav Jung foi


colega de Freud, tendo pertencido ao
grupo fundador da psicanálise.
TEORIA ANALÍTICA DE C. G. JUNG

PRINCIPAIS CONCEITOS

TEORIA DOS TIPOS PSICOLÓGICOS


INCONSCIENTE COLETIVO
INCONSCIENTE PESSOAL
COMPLEXOS
CONSCIENTE
ARQUÉTIPOS
TEORIA ANALÍTICA DE C.G. JUNG

As divergências com Freud levariam ao seu rompimento com a


psicanálise ortodoxa para estabelecer uma teoria da personalidade
distinta, denominada Psicologia Analítica, que se baseia no
pressuposto de que fenómenos ocultos podem influenciar a vida de
todas as pessoas.
TEORIA ANALÍTICA DE C.G. JUNG

TEORIA DOS TIPOS PSICOLÓGICOS

A Teoria dos Tipos Psicológicos surge em 1921, no livro ‘Tipos Psicológicos’,


onde Jung define ‘tipo’ como uma disposição geral que se observa nos
indivíduos, caracterizando-os quanto a interesses, referências e
habilidades.

Por seu lado, ‘disposição’ é entendida como o estado da psique preparada


para agir ou reagir numa determinada situação.
TEORIA ANALÍTICA DE C.G. JUNG

De acordo com Jung os Tipos Psicológicos são resultantes de

dois Tipos de Atitude: a Extroversão e a Introversão

e de quatro Funções Psíquicas: Sensação, Pensamento, Sentimento e


Intuição.

Sensação e Intuição são funções irracionais e representam duas formas


opostas de perceber as coisas.

Pensamento e Sentimento são racionais e usados para julgar os factos.


TEORIA ANALÍTICA DE C.G. JUNG

Jung distinguiu duas formas de atitudes/disposição das pessoas em


relação ao objeto:

EXTROVERSÃO

A libido é direcionada para o exterior.

A energia da pessoa flui de maneira natural para o mundo externo de


objetos, factos e pessoas, em que se observa: atenção para a ação,
impulsividade (ação antes de pensar), comunicabilidade, sociabilidade
e facilidade de expressão oral.
TEORIA ANALÍTICA DE C.G. JUNG

INTROVERSÃO

A líbido é direcionada para o interior.

A peao direciona a atenção para o seu mundo interno de impressões,


emoções e pensamentos.

Desta forma, observa-se uma ação voltada para o interior, hesitabilidade,


o pensar antes de agir; postura reservada, retraimento social, retenção
das emoções, discrição e facilidade de expressão no campo da
escrita. O introvertido ocupa-se dos seus processos internos
suscitados pelos factos externos.
TEORIA ANALÍTICA DE C.G. JUNG

SENSAÇÃO

É a função dos sentidos, a função do real, a função que traz as


informações (perceções) do mundo através dos órgãos do sentidos.

Uma pessoa que pertence ao tipo ‘Sensação’ pode apresentar algumas


das seguintes características: acreditar em fatos, ter facilidade para se
lembrar deles e dar atenção ao presente.
Essas pessoas têm enfoque no real e no concreto, são voltadas para o
“aqui – agora” e costumam ser práticas e realistas. 
TEORIA ANALÍTICA DE C.G. JUNG

INTUIÇÃO

Nesta função, a perceção acontece através do inconsciente e a apreensão


do ambiente geralmente acontece por meio de “pressentimentos”,
“palpites” ou “inspirações”.

Os sonhos premonitórios e as comunicações telepáticas via inconsciente são


algumas das propriedades da intuição.
A intuição procura os significados, as relações e possibilidades futuras da
informação recebida.

Pessoas do tipo ‘intuição’ tendem a ver o todo e não as partes, e, por isso,
costumam apresentar dificuldades na perceção de detalhes.
TEORIA ANALÍTICA DE C.G. JUNG

PENSAMENTO

Esta função estabelece a conexão lógica e conceptual entre os factos


percebidos.

As pessoas que utilizam o Pensamento fazem uma análise lógica e


racional dos factos: julgam, classificam e discriminam uma coisa da
outra sem grande interesse pelo seu valor afetivo. Procuram orientar-
se por leis gerais aplicáveis às situações, sem levar em conta a
interferência de valores pessoais. Naturalmente voltadas para a razão,
procuram ser imparciais nos seus julgamentos.
TEORIA ANALÍTICA DE C.G. JUNG

SENTIMENTO

Esta função implica o julgamento do valor intrínseco das coisas, a


valorização dos sentimentos na avaliação dum facto e preocupação
com a harmonia do ambiente.

A pessoa de tipo ‘sentimento’ usa os valores pessoais (seus ou de


outros) na tomada de decisões, mesmo que essas decisões não
tenham lógica do ponto de vista da causalidade.

Estas pessoas estabelecem julgamentos como na função Pensamento


mas usam a lógica do ‘coração’-
TEORIA ANALÍTICA DE C.G. JUNG

Resumidamente, Jung descreveu as funções da seguinte forma:

‘Sob o conceito de Sensação pretendo abranger todas as percepções


através dos órgãos sensoriais; o Pensamento é a função do
conhecimento intelectual e da formação lógica de conclusões; por
Sentimento entendo uma função que avalia as coisas subjetivamente e
por Intuição entendo a percepção por vias inconscientes … A
Sensação constata o que realmente está presente. O Pensamento nos
permite conhecer o que significa este presente; o Sentimento, qual o
seu valor; a Intuição, finalmente, aponta as possibilidades do “de onde”
e do “para onde” que estão contidas neste presente…’ (1921)
TEORIA ANALÍTICA DE C.G. JUNG

Ao longo do seu trabalho, Jung constatou que uma das funções se diferencia e se
torna a função dominante ou a principal, enquanto outra função se desenvolverá
com menos intensidade, tornando-se a função auxiliar da primeira.

As outras duas funções, a terciária e a inferior não se desenvolverão na


consciência, permanecendo, assim, inconscientes.

Jung admite mesmo que a atividade dessas funções, quando se realiza em graus
muito desiguais, pode causar perturbações neuróticas.
TEORIA ANALÍTICA DE C. G. JUNG

Jung acreditava que as pessoas não são apenas motivadas por


experiências reprimidas, mas também por certas experiências de tom
emocional herdadas dos seus antepassados.

Essas imagens herdadas compõem o que Jung chamou o inconsciente


coletivo.

O inconsciente coletivo inclui elementos que nunca são experimentados,


de modo individual, mas que chegaram até à pessoa provenientes dos
seus antepassados.
TEORIA ANALÍTICA DE C. G. JUNG

Alguns elementos do inconsciente coletivo tornaram-se altamente


desenvolvidos e são chamados arquétipos.

O arquétipo mais inclusivo é a noção de autorrealização, que pode ser


alcançada apenas pela obtenção de um equilíbrio entre as várias forças
opostas da personalidade.

As pessoas são introvertidas e extrovertidas; racionais e irracionais;


masculinas e femininas; conscientes e inconscientes; e impelidas por
eventos passados ao mesmo tempo são atraídas por expectativas
futuras.
TEORIA ANALÍTICA DE C. G. JUNG
NÍVEIS DA PSIQUE

Jung, assim como Freud, baseou sua teoria da personalidade


no pressuposto de que a mente, ou psique, possui
um nível consciente e um inconsciente.

No entanto, de forma diferente de Freud, Jung afirmava de modo


veemente que a porção mais importante do inconsciente tem origem
não nas experiências pessoais do indivíduo, mas no passado distante
da existência humana, um conceito que Jung denominava
inconsciente coletivo.

De menor importância para a teoria junguiana são o consciente e o


inconsciente pessoal.
TEORIA ANALÍTICA DE C. G. JUNG

CONSCIENTE

Para Jung, as imagens conscientes são aquelas percebidas pelo ego,


enquanto os elementos inconscientes não possuem relação com o
ego.

Jung entendia o ego como o centro da consciência, mas não o centro


da personalidade.

O ego não é toda a personalidade, mas precisa ser completado pelo


self mais abrangente, o centro da personalidade, que é, em grande
parte, inconsciente.
TEORIA ANALÍTICA DE C. G. JUNG

CONSCIENTE

Numa pessoa psicologicamente saudável, o ego assume uma posição


secundária ao self inconsciente.

Assim, a consciência desempenha um papel relativamente menor na


psicologia analítica, e uma ênfase excessiva na expansão da psique
consciente pode levar ao desequilíbrio psicológico.
TEORIA ANALÍTICA DE C. G. JUNG

INCONSCIENTE PESSOAL

O inconsciente pessoal abrange todas as experiências reprimidas,


esquecidas ou subliminarmente percebidas de um indivíduo.

Contém memórias e impulsos infantis reprimidos, eventos esquecidos


e experiências originalmente percebidas abaixo do limiar da
consciência.

O inconsciente pessoal é formado por experiências individuais e,


portanto, é único para cada um.
TEORIA ANALÍTICA DE C. G. JUNG

INCONSCIENTE PESSOAL

Algumas imagens no inconsciente pessoal podem ser lembradas com


facilidade, outras são recordadas com dificuldade e há aquelas que não
estão ao alcance da consciência.

O conceito de Jung do inconsciente pessoal difere pouco da visão de


Freud do inconsciente e pré-consciente combinados
TEORIA ANALÍTICA DE C. G. JUNG

COMPLEXOS

Jung elaborou a Teoria dos Complexos a partir do Teste de Associação de


Palavras.

O teste consiste numa lista de aproximadamente cem palavras, no qual a


pessoa é orientada a reagir com a primeira palavra que lhe passa pela
cabeça e o mais depressa possível, depois de ter ouvido e entendido a
palavra-estímulo.
O tempo de cada resposta é cronometrado.
Depois de terminadas as cem palavras, é iniciada a segunda parte do teste:
repetem-se as palavras-estímulo e a pessoa tem que
repetir as suas respostas anteriores.
TEORIA ANALÍTICA DE C. G. JUNG

COMPLEXOS

De acordo com Jung, na segunda metade do teste irão haver falhas de


memória.

São essas reações que são fundamentais para perceber os complexos da


pessoa.

Alguns indicadores de complexos no teste são: o prolongamento do tempo


da reação, riso, movimentação corporal, tosse, gaguejar, repetição da
palavra-estímulo, ausência absoluta de reação, etc.
TEORIA ANALÍTICA DE C. G. JUNG

COMPLEXOS

São os conteúdos do inconsciente pessoal.

Um complexo é um conglomerado de ideias associadas carregadas de


emoção.

P. ex., as experiências de uma pessoa com a mãe podem ser agrupadas


em torno de um centro emocional de forma que a mãe da pessoa, ou
mesmo a palavra “mãe”, desencadeie uma resposta emocional que
bloqueia o fluxo tranquilo do pensamento.

Neste exemplo, o complexo materno não provém somente da relação


pessoal com a mãe, mas também das experiências de toda a espécie
humana com a mãe.
TEORIA ANALÍTICA DE C. G. JUNG

INCONSCIENTE COLETIVO

Em contraste com o inconsciente pessoal, que resulta das


experiências individuais, o inconsciente coletivo possui raízes no
passado ancestral de toda a espécie.

Representa o conceito mais controverso de Jung e talvez o mais


característico.

Os conteúdos físicos do inconsciente coletivo são herdados e


transmitidos de uma geração para a seguinte como potencial psíquico.
TEORIA ANALÍTICA DE C. G. JUNG

INCONSCIENTE COLETIVO

As experiências dos antepassados distantes (como p. ex. conceitos


universais como Deus, mãe, água, terra, entre outros) foram transmitidos
ao longo das gerações, de modo que as pessoas em todas as partes do
planeta e em todos os tempos foram influenciadas por experiências dos
seus antepassados primitivos.

Assim, os conteúdos do inconsciente coletivo são mais ou menos os


mesmos para todas as pessoas em todas as culturas
TEORIA ANALÍTICA DE C. G. JUNG

INCONSCIENTE COLETIVO

Os conteúdos do inconsciente coletivo não estão adormecidos, mas


são ativos e influenciam os pensamentos, as emoções e as ações de
uma pessoa.

O inconsciente coletivo é responsável pelos mitos, pelas lendas e


pelas crenças religiosas.

Também produz “grandes sonhos”, isto é, sonhos com significados que


vão além do sonhador individual e que são cheios de significados para
as pessoas de todos os tempos e lugares
TEORIA ANALÍTICA DE C. G. JUNG

ARQUÉTIPOS

São imagens antigas ou arcaicas que derivam do inconsciente


coletivo.

São similares aos complexos uma vez que são coleções de imagens
associadas carregadas de emoção.

Mas, enquanto os complexos são componentes individualizados do


inconsciente pessoal, os arquétipos são generalizados e derivam dos
conteúdos do inconsciente coletivo.
TEORIA ANALÍTICA DE C.G.JUNG

ARQUÉTIPOS

Os arquétipos também devem ser distinguidos dos


dos instintos.

Jung definiu instinto como um impulso físico inconsciente direcionado


para a ação e considerava o arquétipo como a contrapartida psíquica de
um instinto.

Os arquétipos têm uma base biológica, mas originam-se por meio das
experiências repetidas dos primeiros antepassados humanos.
TEORIA ANALÍTICA DE C. G. JUNG

ARQUÉTIPOS

O potencial para incontáveis números de arquétipos existe dentro de


cada pessoa, e, quando uma experiência pessoal corresponde à imagem
primordial latente, o arquétipo é ativado.

O arquétipo em si não pode ser representado diretamente, mas, quando


ativado, ele expressa-se de vários modos, em especial por meio de
sonhos, fantasias e ilusões.
TEORIA ANALÍTICA DE C. G. JUNG

ARQUÉTIPOS

Os sonhos são a principal fonte de material arquetípico, e certos


sonhos oferecem o que Jung considerava a prova da existência do
arquétipo.

Tais sonhos produzem temas que poderiam não ser conhecidos do


sonhador pela experiência pessoal.
TEORIA ANALÍTICA DE C. G. JUNG

ARQUÉTIPOS

Os temas, muitas vezes, coincidem com aqueles conhecidos dos povos


antigos ou dos nativos de tribos aborígenes contemporâneas.

Jung acreditava que as alucinações dos pacientes psicóticos também


ofereciam evidências de arquétipos universais.
TEORIA ANALÍTICA DE C. G. JUNG

PRINCIPAIS ARQUÉTIPOS

Persona
Sombra
Anima
Animus
Grande Mãe
Velho Sábio
Herói
Self
TEORIA ANALÍTICA DE C. G. JUNG

PERSONA

O lado da personalidade que as pessoas apresentam ao mundo é


designado como persona.

O termo refere-se à máscara usada pelos atores no teatro antigo.


TEORIA ANALÍTICA DE C. G. JUNG

PERSONA

Para Jung, cada indivíduo deve projetar um papel particular, o que a


sociedade dita como a postura mais adequada para determinados
contextos sociais.

Espera-se que um médico adote uma “atitude à beira do leito”


característica, que um político mostre para a sociedade um rosto que
consiga conquistar a confiança e os votos do povo.
TEORIA ANALÍTICA DE C. G. JUNG

SOMBRA

É o arquétipo da escuridão e da repressão, representa


as qualidades que as pessoas não desejam reconhecer e tentam
esconder de si mesmas e dos outros.

Consiste em tendências moralmente censuráveis, além de inúmeras


qualidades construtivas e criativas que, no entanto, as pessoas têm
dificuldades em enfrentar.
TEORIA ANALÍTICA DE C. G. JUNG

SOMBRA

Jung argumentava que, para uma pessoa ser completa, precisa


esforçar-se de modo contínuo para conhecer a sua sombra e que essa
busca é o seu primeiro teste de coragem.

Lidar com a escuridão dentro do próprio é alcançar a “conscientização da


sombra”.

No entanto, a maior parte das pessoas nunca se conscientiza da sombra


e identifica-se somente com o lado positivo da personalidade.
TEORIA ANALÍTICA DE C. G. JUNG

ANIMA

Assim como Freud, Jung acreditava que todos os humanos são


psicologicamente bissexuais e possuem um lado masculino e um lado
feminino.

O anima é a energia feminina que existe no homem (o yin). Está


relacionado com a figura materna e a sensibilidade. 
TEORIA ANALÍTICA DE C. G. JUNG

ANIMA

Poucos homens tomam conhecimento da sua anima, porque essa tarefa


requer grande coragem e é ainda mais difícil do que tomar conhecimento
da sua sombra.

Para dominar as projeções da anima, os homens precisam superar


barreiras intelectuais, analisar os recônditos distantes do seu
inconsciente e perceber o lado feminino da sua personalidade.
TEORIA ANALÍTICA DE C. G. JUNG

Jung considera a existência de quatro estádios de desenvolvimento tanto


na Anima como no Animus.

Na Anima são os seguintes:

1) simbolizado por Eva, está ligado ao relacionamento sexual e biológico


2) mulher como musa inspiradora
3) maternidade e devoção espiritual
4) sabedoria

Quando o homem aceita o seu lado feminino, encontra o equilíbrio


interior. 
TEORIA ANALÍTICA DE C. G. JUNG

ANIMUS

Refere-se à energia masculina existente na mulher (o yang).

Também está associado à figura paterna e com a racionalidade.


TEORIA ANALÍTICA DE C. G. JUNG

Os estádios de desenvolvimento do Animus são:

 1) uso da agilidade e força física

2) iniciativa e proatividade

3) expressão de ideias com competência e propriedade

4) verdade espiritual.

De acordo com Jung, a mulher, quando age de acordo com o animus


interior, consegue exteriorizar essas características.
TEORIA ANALÍTICA DE C. G. JUNG

GRANDE MÃE

Dois outros arquétipos, a grande mãe e o velho sábio, são derivativos


da anima e do animus.

Todos, homens ou mulheres, possuem um arquétipo da grande mãe.

Esse conceito preexistente de mãe está sempre associado a


sentimentos positivos e negativos.
TEORIA ANALÍTICA DE C. G. JUNG

GRANDE MÃE

Jung por exemplo, falou da “mãe amorosa e terrível”.

A grande mãe, portanto, representa duas forças opostas – fertilidade e


nutrição, por um lado, e força e destruição, por outro.

Ela é capaz de produzir e manter a vida (fertilidade e nutrição), mas


também pode devorar ou negligenciar a sua prole (destruição).
TEORIA ANALÍTICA DE C. G. JUNG

VELHO SÁBIO

É o arquétipo da sabedoria e do significado, simboliza o conhecimento


preexistente dos humanos em relação aos mistérios da vida.

Esse significado arquetípico, no entanto, é inconsciente e não pode


ser diretamente experimentado por um único indivíduo.

Políticos e outras pessoas que falam de modo autoritário – mas não de


modo autêntico – com frequência soam sensíveis e sábios para outros
que estão dispostos a ser enganados por seus próprios arquétipos do
velho sábio.
TEORIA ANALÍTICA DE C. G. JUNG

O VELHO SÁBIO

Um homem ou uma mulher dominada pelo arquétipo do velho sábio pode


reunir um grande séquito de discípulos usando um discurso que soe
profundo, mas que, na realidade, faz pouco sentido, porque o inconsciente
coletivo não pode transmitir diretamente a sua sabedoria a um indivíduo.

Profetas políticos, religiosos e sociais que apelam à razão e também à


emoção (os arquétipos são sempre matizados emocionalmente) são
guiados por esse arquétipo inconsciente.

O perigo para a sociedade surge quando as pessoas são influenciadas


pelo pseudoconhecimento de um profeta poderoso e confundem um
disparate com uma verdadeira sabedoria.
TEORIA ANALÍTICA DE C. G. JUNG

HERÓI

É representado na mitologia e nas lendas como uma pessoa


poderosa, às vezes semideus, que luta contra grandes adversidades
para conquistar ou derrotar o mal na forma de dragões, monstros,
serpentes ou demónios.

No final, entretanto, o herói costuma ser anulado por alguma pessoa


ou evento aparentemente insignificante.
TEORIA ANALÍTICA DE C. G. JUNG

SELF

Jung acreditava que cada pessoa possui uma tendência herdada para
avançar em direção ao crescimento, à perfeição e à completude, que
denominou disposição inata de self.

O mais abrangente de todos os arquétipos, o self é o arquétipo dos


arquétipos, porque reúne os outros arquétipos e os une no processo
de autorrealização.
TEORIA ANALÍTICA DE C. G. JUNG

SELF

Assim como os outros arquétipos, possui componentes conscientes e


inconscientes pessoais, porém é formado com mais frequência por imagens
inconscientes coletivas.

Como arquétipo, o self é simbolizado pelas ideias de perfeição, completude


e plenitude de uma pessoa, mas o seu símbolo final é a mandala, a qual é
descrita como um círculo dentro de um quadrado, um quadrado dentro de
um círculo ou qualquer outra figura concêntrica.

Representa os esforços do inconsciente coletivo pela unidade, pelo


equilíbrio e pela plenitude.
TEORIA ANALÍTICA DE C. G. JUNG
TEORIA ANALÍTICA DE C. G. JUNG

SELF

Ainda que o self quase nunca seja perfeitamente equilibrado, cada


pessoa tem no inconsciente coletivo um conceito do self perfeito,
unificado.

A mandala representa o self perfeito, o arquétipo da ordem, da unidade


e da totalidade.

Como a autorrealização envolve integridade e totalidade, ela é


representada pelo mesmo símbolo de perfeição (a mandala) que, por
vezes, significa divindade.
TEORIA ANALÍTICA DE C. G. JUNG

SELF

No inconsciente coletivo, o self aparece como uma personalidade ideal, às


vezes assumindo a forma de Jesus Cristo, Buda, Krishna ou outras figuras
deificadas.

Em resumo, o self inclui a mente consciente e inconsciente e une os


elementos opostos da psique – masculino e feminino, bem e mal, luz e
trevas.

Tais elementos opostos, muitas vezes, são representados por yang e yin,
enquanto o self, em geral, é simbolizado pela mandala.

Este último tema representa unidade, totalidade e ordem, ou seja,


autorrealização.
TEORIA ANALÍTICA DE C. G. JUNG

SELF

A autorrealização completa é raramente atingida, mas, como um ideal,


ela existe dentro do inconsciente coletivo de todas as pessoas.

Para atualizar ou experimentar integralmente o self, as pessoas


precisam:
-superar o seu medo do inconsciente;
-impedir que sua persona domine sua personalidade;
-reconhecer o lado escuro de si mesmas (sua sombra);
- reunir coragem ainda maior para enfrentar sua anima ou animus.
TEORIA ANALÍTICA DE C. G. JUNG
AUTORREALIZAÇÃO

O renascimento psicológico, também chamado de autorrealização ou


individuação, é o processo de se tornar um indivíduo ou pessoa
completa.

A psicologia analítica é essencialmente uma psicologia de opostos, e a


autorrealização é o processo de integração dos polos opostos num
único indivíduo homogéneo.

Esse processo de “chegar à individualidade” significa que uma pessoa


possui todos os componentes psicológicos a funcionar em unidade,
sem qualquer processo psicótico a atrofiá-lo.
TEORIA ANALÍTICA DE C. G. JUNG

AUTO-REALIZAÇÃO

As pessoas que passaram por esse processo atingiram a realização do


self, minimizaram a sua persona, reconheceram a sua anima ou o seu
animus e adquiriram um equilíbrio viável entre introversão e extroversão.

Além disso, os indivíduos autorrealizados elevaram todas as quatro


funções a uma posição superior, um feito extremamente difícil.

A autorrealizaçao é bastante rara, sendo atingida apenas por aqueles


que são capazes de assimilar o seu inconsciente na sua personalidade
total.
TEORIA ANALÍTICA DE C.G. JUNG

AUTO-REALIZAÇÃO

Aceitar o inconsciente é um processo difícil, que exige coragem para


enfrentar a natureza má da própria sombra e coragem ainda maior para
aceitar seu lado feminino ou masculino.

Tal processo quase nunca é conquistado antes da metade da vida, e


somente por homens e mulheres que conseguem remover o ego como
preocupação dominante da personalidade e substituí-lo pelo self
TEORIAS HUMANISTAS

Surgem nos anos 1950 e 1960, em oposição às correntes behavioristas


e psicanalíticas.

Crítica ao behaviorismo: generalização das conclusões com base em


estudos com animais.

Crítica à psicanálise: vê as pessoas como animais movidos por


necessidades instintivas de prazer e agressão.
O MOVIMENTO HUMANISTA

ALGUMAS QUESTÕES

Pode ser considerado como um movimento de protesto

Reage contra o behaviorismo e a psicanálise porque considera que estas


correntes como tratando a personalidade a partir de mecanismos
estéreis que tratam as pessoas como marionetas, regidas por forças
internas e externas.
O MOVIMENTO HUMANISTA

ALGUMAS QUESTÕES

Reage contra a teoria dos traços da personalidade porque considera esta


perspetiva como uma catalogação infindável que reduz as pessoas a
meros códigos.

Reage contra a ideia geral da psicologia contemporânea, que é


considerada pessimista, orientada mais para a doença e deficiência
humanas do que para a saúde.
TEORIAS HUMANISTAS

Principal característica

Afasta-se do enfoque tradicional que dá importância ao estudo das


psicopatologias e centra-se na saúde, no bem-estar e no potencial
humano de crescimento e auto-realização.
TEORIAS HUMANISTAS

PRINCIPAIS AUTORES

ABRAHAM MASLOW
Teoria Holístico-dinâmica

CARL ROGERS
Abordagem Centrada na Pessoa
TEORIA HOLÍSTICO-DINÂMICA DE MASLOW

ABRAHAM MASLOW
(Brooklyn 1908- Menlo Park1970)

Fundador da Corrente da Psicologia


Humanista.

Duas das suas principais


contribuições para a psicologai são a
Teoria Motivacional e a Pirâmide da
Hierarquia das Necessidades.
TEORIA HOLÍSTICO-DINÂMICA DE MASLOW

O comportamento é explicado pelas necessidades humanas.

A motivação é o resultado dos estímulos que agem sobre o sujeito,


levando-o para a ação.

Para que haja ação ou reação é necessário que exista um estímulo


implantado (interno ou externo)
TEORIA HOLÍSTICO-DINÂMICA DE MASLOW

Maslow desenvolveu uma teoria a que chamou holístico-dinâmica,


porque pressupõe que a pessoa, na sua totalidade, é constantemente
motivada por uma necessidade ou outra e que os indivíduos têm
potencial para crescer em direção à saúde psicológica, ou seja, à
autorrealização.

Para atingir a autorrealização, é preciso satisfazer necessidades de


níveis inferiores, como fome, segurança, amor e estima.

Somente depois das pessoas estarem relativamente satisfeitas em cada


uma dessas necessidades é que elas podem alcançar a autorrealização.
TEORIA HOLÍSTICO-DINÂMICA DE MASLOW

A teoria da personalidade de Maslow fundamenta-se em cinco


pressupostos básicos referentes à motivação:

1º - abordagem holística da motivação: ou seja, a pessoa inteira,


não uma parte ou função, é motivada.

2º - a motivação é geralmente complexa, significando que o


comportamento de uma pessoa pode nascer de vários motivos
isolados.
TEORIA HOLÍSTICO-DINÂMICA DE MASLOW

3º - as pessoas são continuamente motivadas por uma necessidade


ou outra.

Quando uma necessidade é satisfeita, ela costuma perder a sua força


motivacional e é, então, substituída por outra necessidade.
TEORIA HOLÍSTICO-DINÂMICA DE MASLOW

4º - todas as pessoas, em qualquer lugar, são motivadas pelas


mesmas necessidades básicas.

A maneira como as pessoas em diferentes culturas obtêm alimento,


constroem abrigos, expressam amizade, e assim por diante, pode variar
bastante, mas as necessidades fundamentais de alimento, segurança e
amizade são comuns à espécie inteira.
TEORIA HOLÍSTICO-DINÂMICA DE MASLOW

5 º - as necessidades podem ser organizadas numa hierarquia.


TEORIA HOLÍSTICO-DINÂMICA DE MASLOW

CICLO MOTIVACIONAL

Quando o ciclo não se realiza, o resultado é a frustração, que pode ter


várias manifestações (p. ex. agressividade, falta de interesse,
passividade, nervosismo, etc.)

Quando a necessidade não é satisfeita, é compensada ou transferida


TEORIA HOLÍSTICO-DINÂMICA DE MASLOW

NECESSIDADES FISIOLÓGICAS

As necessidades primordiais do indivíduo são conseguir ar, alimentos e água em


quantidades suficientes para a sua sobrevivência.

NECESSIDADES DE SEGURANÇA

Quando as necessidades fisiológicas estão satisfeitas, o indivíduo preocupa-se


com a sua segurança.
TEORIA HOLÍSTICO-DINÂMICA DE MASLOW

NECESSIDADES SOCIAIS

Quando já não há a preocupação com a segurança, o indivíduo pode


preocupar-se com as relações sociais.

NECESSIDADES DE AUTO-ESTIMA
Incluem o reconhecimento das capacidades pessoais e o reconhecimento dos
outros em relação à capacidade de adequação das funções desempenhadas.
TEORIA HOLÍSTICO-DINÂMICA DE MASLOW

NECESSIDADES DE AUTO-REALIZAÇÃO

Quando as necessidades de auto-estima foram superadas e o indivíduo


obteve o reconhecimento dos outros, pode voltar-se para a satisfação
das necessidades de auto-realização.
TEORIA HOLÍSTICO-DINÂMICA DE MASLOW

Sempre que, repentinamente, as necessidades de uma etapa inferior


deixam de ser atendidas, a motivação do indivíduo dirige-se novamente
para elas.

P. ex., uma pessoa está a falar com um amigo na rua (necessidades


sociais) e é atacado por um assaltante. A sua motivação é redirecionada
para as necessidades de segurança.
TEORIA HOLÍSTICO-DINÂMICA DE MASLOW

PRIVAÇÃO DE NECESSIDADES

A falta de satisfação de alguma das necessidades básicas conduz a algum tipo


de patologia.

EXEMPLOS

A privação das necessidades fisiológicas resulta em desnutrição, fadiga, perda


de energia, obsessão por sexo, e assim por diante.

Ameaças à segurança conduzem a medo, insegurança e pavor.

Quando as necessidades de amor não são satisfeitas, a pessoa torna-se


defensiva, excessivamente agressiva ou tímida.
TEORIA HOLÍSTICO-DINÂMICA DE MASLOW

PRIVAÇÃO DE NECESSIDADES
EXEMPLOS (CONT.)

A baixa autoestima resulta na doença da autodúvida, autodepreciação e


falta de confiança.

A privação de autorrealização também leva à patologia, ou, mais


precisamente, metapatologia.

Maslow definiu metapatologia como a ausência de valores, a falta de


satisfação e a perda de significado na vida.
TEORIA HOLÍSTICO-DINÂMICA DE MASLOW

REALIZAÇÃO PESSOAL

Maslow descreve este conceito como a necessidade de tornar real ou


passar ao ato o potencial de cada um, cumprir-se a si próprio, tornar-se
aquilo em que o indivíduo se pode tornar.
TEORIA HOLÍSTICO-DINÂMICA DE MASLOW

O QUE CARACTERIZA A REALIZAÇÃO PESSOAL?

Maslow considerava que existiam algumas características que eram


comuns às pessoas que tinham alcançado realização pessoal:

Eram pessoas realisticamente orientadas


Aceitavam-se a si próprias e às outras
Eram espontâneas
Tinham relacionamentos mais profundos
TEORIA HOLÍSTICO-DINÂMICA DE MASLOW

O QUE CARACTERIZA A REALIZAÇÃO PESSOAL?

Ainda outra característica encontrada por Maslow refere-se às


experiências-limite.

Estas experiências são momentos da vida que são profunda e


intensamente vividos, em que há um sentimento de êxtase e admiração e
a convicção de que alguma coisa extremamente valiosa e importante terá
acontecido.
CARL ROGERS – TEORIA CENTRADA NA PESSOA

CARL ROGERS
(Oak Park 1902- La Jolla1987)

Foi um dos principais psicólogos


ligados à Psicologia Humanista.

Desenvolveu um método
psicoterapêutico centrado no próprio
paciente.
CARL ROGERS – TEORIA CENTRADA NA PESSOA

ABORDAGEM CENTRADA NA PESSOA

Surge nos 1940.

Constitui-se como uma abordagem inovadora que se opõe a maior parte


das correntes vigentes na época, que consideravam o sujeito como
inerentemente imperfeito, dotado de pensamentos e comportamentos
problemáticos que eram a razão pela qual procuravam
acompanhamento psicológico.
CARL ROGERS – TEORIA CENTRADA NA PESSOA

ABORDAGEM CENTRADA NA PESSOA

Esta abordagem pode ser definida como não-diretiva e empática, com o


objetivo de dar poder e motivar o cliente ao longo do seu processo
terapêutico valorizando, portanto, a experiência do paciente.

Esta abordagem torna-se inovadora porque considera que cada pessoa


tem capacidade e desejo de crescimento pessoal.

Para Rogers, seria essa “tendência de atualização” que impulsionava o


sujeito a quere fazer terapia.
CARL ROGERS – TEORIA CENTRADA NA PESSOA

Nesta abordagem, o terapeuta tem como desafio aprender a reconhecer


e confiar no potencial humano, ao fazer o uso da empatia e da
consideração positiva incondicional para ajudar o cliente no seu
processo de desenvolvimento pessoal.

Assim, o terapeuta oferece suporte, orientação e estrutura para que o


cliente possa descobrir soluções personalizadas dentro de si.
CARL ROGERS – TEORIA CENTRADA NA PESSOA

OBJETIVOS DA TERAPIA CENTRADA NA PESSOA

Os objetivos são estabelecidos pelo próprio cliente, dependendo de uma


variedade de factores (que se considera serem praticamente infinitos)
que são identificados pelo cliente como gatilhos para uma mudança.

Assim, o mais comum é o cliente propor os seus próprios objetivos para


a sua terapia.

Esta abordagem postula que o terapeuta não pode estabelecer metas


eficazes para o sujeito, devido à sua falta de conhecimento do que é a
experiência real daquela pessoa.
CARL ROGERS – TEORIA CENTRADA NA PESSOA

CONDIÇÕES NECESSÁRIAS PARA A TERAPIA

Carl Rogers estabeleceu algumas condições para que a terapia possa


funcionar de forma assertiva:

1. O cliente e o terapeuta estão em contacto psicológico (num


relacionamento).
2. O cliente está emocionalmente perturbado, ou seja, num estado de
incongruência.
3. O terapeuta tem uma intenção genuína e está ciente de seus próprios
sentimentos.
CARL ROGERS – TEORIA CENTRADA NA PESSOA

4. O terapeuta tem consideração positiva incondicional pelo cliente.

5.O terapeuta tem uma compreensão empática do cliente e do seu


quadro de referência interno e procura comunicar essa experiência ao
cliente.

6. O cliente reconhece que o conselheiro tem uma consideração positiva


incondicional por ele e uma compreensão das dificuldades que ambos
enfrentam.
CARL ROGERS – TEORIA CENTRADA NA PESSOA

Nesta abordagem terapêutica tanto o cliente como o terapeuta discutem


os problemas e as questões atuais.

Nessa relação, o terapeuta pratica a escuta ativa e empática com o


cliente, enquanto este decide por si mesmo o que está errado e o que
pode ser feito para corrigi-lo, contando com o suporte do terapeuta.
Este processo acontece por meio de três condições facilitadoras, que
orientam o cliente e o terapeuta: empatia, congruência e aceitação
positiva.
CARL ROGERS – TEORIA CENTRADA NA PESSOA

EMPATIA

É uma condição facilitadora, pois é imprescindível que todos os


envolvidos na relação terapêutica se sintam verdadeiramente
disponíveis para ela.

Nesta abordagem o terapeuta deve ser capaz de deixar de lado os seus


princípios e valores para ter mais disponibilidade interna para
compreender com clareza o caminho que o cliente está a desenvolver
rumo à sua atualização
CARL ROGERS – TEORIA CENTRADA NA PESSOA

CONGRUÊNCIA

O terapeuta precisa ser autêntico no que se refere aos seus sentimentos


e perceções em relação ao cliente. Deve, com cuidado, empatia e
respeito, ser capaz de pontuar ao cliente o que sente na sessão.

Ao assumir os seus próprios sentimentos, o terapeuta abre espaço para


o sujeito pensar a sobre eles e, pouco a pouco, compartilhar e assumir
os seus sentimentos livre de ameaças e apoiado na aceitação, na
autenticidade e no acolhimento.
CARL ROGERS – TEORIA CENTRADA NA PESSOA

ACEITAÇÃO POSITIVA

A aceitação positiva incondicional propõe que o terapeuta aceite o outro


de forma positiva.

Quando o terapeuta consegue de facto ser empático e ter a convicção de


que o outro procura sempre as alternativas, de acordo com o que
entende como melhor dentro do seu repertório interno, por meio da
tendência atualizante, fica mais fácil aceitar a pessoa, mesmo não
entendendo ou não concordando.
CARL ROGERS – TEORIA CENTRADA NA PESSOA

PRESSUPOSTOS BÁSICOS DA TEORIA CENTRADA NA PESSOA

Rogers postulou dois pressupostos amplos:


- a tendência formativa

- a tendência atualizante.
CARL ROGERS – TEORIA CENTRADA NA PESSOA

TENDÊNCIA FORMATIVA

Rogers acreditava haver uma tendência de que toda matéria, tanto orgânica
quanto inorgânica, se desenvolve de formas mais simples para mais complexas.

Para o universo inteiro, um processo criativo, em vez de desintegrativo, está em


operação.

Rogers denominou esse processo de tendência formativa e apontou vários


exemplos na natureza.

Por exemplo, galáxias complexas de estrelas formam-se a partir de uma massa


menos organizada; organismos complexos desenvolvem-se a partir de uma única
célula; e a consciência humana evolui do inconsciente primitivo até uma
consciência (awareness) altamente organizada.
CARL ROGERS – TEORIA CENTRADA NA PESSOA

TENDÊNCIA ATUALIZANTE

Um pressuposto inter-relacionado e mais pertinente é a tendência


atualizante, ou a tendência de todos os humanos (e de outros animais
e plantas) a se moverem em direção à conclusão ou à realização dos
potenciais.
CARL ROGERS – TEORIA CENTRADA NA PESSOA

TENDÊNCIA ATUALIZANTE

De acordo com Rogers, esta tendência é o único motivo que as pessoas


possuem.

A necessidade de satisfazer o impulso da fome, de expressar emoções


profundas quando elas são sentidas e de aceitar o próprio self são todos
exemplos do motivo único da atualização.

Como cada pessoa opera como um organismo completo, a atualização


envolve o indivíduo como um todo – nas esferas psicológica e intelectual,
racional e emocional, consciente e inconsciente.
CARL ROGERS – TEORIA CENTRADA NA PESSOA

O SELF E A AUTORREALIZAÇÃO

De acordo com Rogers, os bebés começam a desenvolver um conceito vago


de self quando uma parte da sua experiência se torna personalizada e
diferenciada em consciência (awareness) como experiências de “eu” ou
“mim”.

Os bebés, aos poucos, tornam-se conscientes da própria identidade,


conforme aprendem o que sabe bem e o que sabe mal, o que é agradável e
o que não é.

Começam, então, a avaliar as experiências como positivas ou negativas,


usando como critério a tendência atualizante.
CARL ROGERS – TEORIA CENTRADA NA PESSOA

O SELF E A AUTORREALIZAÇÃO

Depois de os bebés estabelecerem uma estrutura de eu rudimentar, a sua


tendência a atualizar o self começa a se desenvolver.

A autoatualização é um subgrupo da tendência à atualização e, portanto, não é


sinónimo dela.

A tendência à atualização refere-se a experiências do organismo do indivíduo; isto


é, refere-se à pessoa como um todo – consciente e inconsciente, fisiológica e
cognitiva.

Todavia, autoatualização é a tendência a atualizar o self como percebido na


consciência (awareness).
CARL ROGERS – TEORIA CENTRADA NA PESSOA

O AUTOCONCEITO

O autoconceito inclui todos os aspetos do ser e das experiências que


são percebidos na consciência (awareness)(embora nem sempre com
precisão) pelo indivíduo.

O autoconceito não é idêntico ao self do organismo.

Partes do self do organismo podem ir além da consciência (awareness)


da pessoa ou simplesmente não ser daquela pessoa.
CARL ROGERS – TEORIA CENTRADA NA PESSOA

O AUTOCONCEITO

Por exemplo, o estômago faz parte do self do organismo, mas, a menos


que ele não funcione bem e cause preocupação, não é provável que faça
parte do autoconceito do indivíduo.

De forma semelhante, as pessoas podem repudiar certos aspetos do seu


self, como p. ex. experiências de desonestidade, quando tais
experiências não são coerentes com o seu autoconceito.

As experiências que são incoerentes com o autoconceito, em geral, são


negadas ou aceites apenas de forma distorcida.
CARL ROGERS – TEORIA CENTRADA NA PESSOA

CONSCIÊNCIA (AWARENESS)

Sem consciência (awareness), o autoconceito e o self ideal não


existiriam.

Rogers definiu consciência (awareness) como “a representação


simbólica (não necessariamente em símbolos verbais) de parte de nossa
experiência”.
CARL ROGERS – TEORIA CENTRADA NA PESSOA

Níveis de consciência (awareness)

Primeiro nível de consciência

Alguns eventos são experimentados abaixo do limiar da consciência


(awareness) e são ignorados ou negados.

Uma experiência ignorada pode ser ilustrada por uma mulher que
caminha por uma rua movimentada, atividade que apresenta muitos
estímulos potenciais, em especial visuais e sonoros. Como ela não pode
prestar atenção a todos, muitos permanecem ignorados.
CARL ROGERS – TEORIA CENTRADA NA PESSOA

Por seu lado, um exemplo de experiência negada pode ser uma mãe
que nunca quis ter filhos, mas por se sentir culpada, torna-se
excessivamente solícita com eles. A raiva e o ressentimento em relação
aos filhos podem ficar ocultos para ela durante anos, nunca alcançando
a consciência, mas ainda assim fazendo parte da sua experiência e
influenciando o seu comportamento consciente em relação a eles.
CARL ROGERS – TEORIA CENTRADA NA PESSOA

Segundo nível de consciência

Rogers levantou a hipótese de que algumas experiências são


simbolizadas com precisão e livremente admitidas na autoestrutura.
Essas experiências são não ameaçadoras e são coerentes com o
autoconceito existente.

Por exemplo, se um pianista que tem total confiança na sua habilidade


para tocar piano ouve de um amigo que está a tocar muito bem, ele pode
ouvir essas palavras, simbolizá-las com precisão e admiti-las livremente
no seu autoconceito.
CARL ROGERS – TEORIA CENTRADA NA PESSOA

Um terceiro nível de consciência (awareness) envolve experiências que


são percebidas de forma distorcida.

Quando a experiência não é coerente com a visão do self, o sujeito


remodela ou distorce a experiência de modo que ela possa ser assimilada
ao autoconceito existente.

Se o pianista talentoso ouvisse de um rival sem credibilidade que está a


tocar muito bem, ele reagiria de forma muito diferente do que se ouvisse as
mesmas palavras ditas por um amigo de confiança.

Ele pode ouvir os comentários, mas distorcer seu significado porque se


sente ameaçado.
CARL ROGERS – TEORIA CENTRADA NA PESSOA

CONSIDERAÇÃO POSITIVA E NEGATIVA

Para sobreviver, um bebé precisa experimentar algum contacto com um


dos pais ou com outro cuidador.

Quando as crianças (ou os adultos) adquirem consciência de que outra


pessoa tem alguma medida de consideração por elas, começam a
valorizar a consideração positiva e a desvalorizar a consideração
negativa.
CARL ROGERS – TEORIA CENTRADA NA PESSOA

CONSIDERAÇÃO POSITIVA E NEGATIVA

Ou seja, o indivíduo desenvolve uma necessidade de ser amado,


estimado ou aceite por outra pessoa, uma necessidade à qual Rogers se
referiu como consideração positiva.

Se o indivíduo percebe que os outros (especialmente as pessoas


significativas), se importam, o prezam ou o valorizam, a sua necessidade
de receber consideração positiva é, pelo menos em parte, satisfeita.
CARL ROGERS – TEORIA CENTRADA NA PESSOA

CONSIDERAÇÃO POSITIVA E NEGATIVA

A consideração positiva é um pré-requisito para a autoconsideração


positiva, definida como a experiência de prezar-se ou valorizar-se a si
mesmo.

Rogers acreditava que receber consideração positiva dos outros é


necessário para a autoconsideração positiva; porém, depois de a
autoconsideração positiva estar estabelecida, torna-se independente da
necessidade contínua de ser amado.
CARL ROGERS – TEORIA CENTRADA NA PESSOA

OBSTÁCULOS À SAÚDE PSICOLÓGICA

Nem todos se tornam uma pessoa psicologicamente sadia.

Ao contrário, a maioria dos indivíduos experimenta condições de valor,


incongruência, defesas e desorganização.
CARL ROGERS – TEORIA CENTRADA NA PESSOA

CONDIÇÕES DE VALOR

Em vez de receber consideração positiva incondicional,a maioria das


pessoas recebe condições de valor, isto é, elas percebem que os seus
pais, pares ou parceiros as amam e as aceitam apenas se elas
atenderem as expectativas e a aprovação desses indivíduos.

Para Rogers, uma condição de valor surge quando a consideração


positiva de uma pessoa significativa é condicional, quando o indivíduo
sente que, em alguns aspectos, ele é valorizado e, em outros, não.
CARL ROGERS – TEORIA CENTRADA NA PESSOA

INCONGRUÊNCIA

O desequilíbrio psicológico começa quando o sujeito não reconhece as


suas experiências organísmicas como experiências próprias, ou seja,
quando não são simbolizadas com precisão na consciência (awareness),
porque parecem incoerentes com o seu autoconceito emergente.
CARL ROGERS – TEORIA CENTRADA NA PESSOA

INCONGRUÊNCIA

Essa incongruência entre o autoconceito e a experiência organísmica é a


fonte dos transtornos psicológicos.

As condições de valor que são recebidas durante o início da infância


conduzem a um autoconceito um tanto falso, fundamentado em
distorções e negações.
CARL ROGERS – TEORIA CENTRADA NA PESSOA

DEFESAS

A pessoa reage de forma defensiva para prevenir a incoerência entre a experiência


organísmica e o self percebido.

Defesas são meios de proteção do autoconceito contra a ansiedade e a ameaça


pela negação ou pela distorção das experiências incoerentes em relação a esse
autoconceito.

Quando uma das experiências é incoerente com uma parte do autoconceito, a


pessoa comporta-se de maneira defensiva para proteger a estrutura atual do
autoconceito.

As duas defesas principais são distorção e negação


CARL ROGERS – TEORIA CENTRADA NA PESSOA

DEFESAS

Com a distorção, a pessoa interpreta erroneamente uma experiência


para que ela se encaixe em algum aspeto do seu autoconceito.

A experiência é percebida na consciência (awareness), mas o seu


verdadeiro significado não é compreendido.

Com a negação, a pessoa recusa perceber uma experiência na


consciência (awareness) ou, pelo menos, impedir que algum dos seus
aspetos atinja a simbolização.
CARL ROGERS - TEORIA CENTRADA NA PESSOA

DESORGANIZAÇÃO

A maioria das pessoas desevolve comportamentos defensivos, porém, por


vezes, as defesas falham e o comportamento torna-se desorganizado ou
psicótico.

O comportamento desorganizado resulta duma discrepância entre a


experiência organísmica da pessoa e sua visão de self.

A negação e a distorção são adequadas para impedir que as pessoas


normais reconheçam essa discrepância, mas, quando a incongruência entre
o self percebido e a experiência organísmica é muito óbvia ou ocorre de
modo muito repentino para ser negada ou distorcida, o comportamento
torna-se desorganizado.
TRANSTORNOS PERSONALIDADE

TRANSTORNOS PERSONALIDADE

No entanto, podem ser considerados muito mais do que traços de


personalidade uma vez que se caracterizam-se por um padrão mal-
adaptativo, enraizado e inflexível de comportamento, reações
emocionais e formas de se relacionar com outras pessoas.
TRANSTORNOS PERSONALIDADE

TRANSTORNOS PERSONALIDADE

É necessário que as características particulares da personalidade já


estejam evidentes no começo da fase adulta.

Os traços de personalidade devem ser diferenciados das


características que surgem em resposta a stressores situacionais
específicos ou durante estados mentais transitórios, como em fases
determinadas no transtorno bipolar, ou no transtorno depressivo, de
ansiedade, ou durante intoxicação por substância, etc.
TRANSTORNOS PERSONALIDADE

TRANSTORNOS PERSONALIDADE

Muitos dos comportamentos e perceções são egossintónicos, ou


seja, são vivenciados pela pessoa como estando em harmonia com a
imagem que ela tem de si mesma e não geram sofrimento.

Por este motivo é necessário compreender também o que se passa


com as pessoas próximas de quem sofre o transtorno, porque muitas
vezes são as mais afetadas.
TRANSTORNOS PERSONALIDADE DSM-V

DIAGNÓSTICO

Um padrão inflexível, persistente e generalizado dos traços mal-


adaptativos envolvendo ≥ 2 dos seguintes: cognição (formas de perceber
e interpretar a si mesmo, outros e eventos), afetividade, funcionamento
interpessoal e controle de impulsos

Sofrimento significativo ou funcionamento prejudicado resultante do


padrão mal-adaptativo

-Estabilidade relativa e início precoce (remontando à adolescência ou


início da idade adulta) do padrão
ESTRUTURA PERSONALIDADE PSICÓTICA

PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS

Existem frustrações numa fase muito precoce, sobretudo, em relação à


mãe

Esta estrutura corresponde a uma falha na organização narcísica


primária dos primeiros momentos da vida

Não existe uma verdadeira relação de objeto


ESTRUTURA PERSONALIDADE PSICÓTICA

PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS

O ego está fragmentado

O superego nunca adquiriu um papel organizador ou conflitual de base

A principal angústia está centrada na fragmentação e na destruição


ESTRUTURA PERSONALIDADE PSICÓTICA

PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS

O conflito subjacente acontece entre a realidade e as necessidades


pulsionais

Recusa de todas as partes da realidade que se tornaram perturbadoras

Defesas: clivagem, projeção, recusa da realidade, etc.


ESTRUTURA PERSONALIDADE NEURÓTICA

PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS

A organização da personalidade acontece sob o primado do genital

O conflito acontece entre o superego e as pulsões

O ego é completo mas pode permanecer distorcido


ESTRUTURA PERSONALIDADE NEURÓTICA
PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS

Angústia de castração

As relações de objeto acontece sob um modo plenamente genital. O


objeto mantém uma posição próxima e existe enquanto tal

A principal defesa é o recalcamento

O princípio do prazer fica mais ou menos subordinado ao princípio da


realidade
ESTRUTURA BORDERLINE DA PERSONALIDADE

PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS

Teste da realidade intacto

O self e os outros estão fragmentados e, por isso, não existe uma


imagem de si e dos outros consistente ao longo do tempo e nas
situações pontuais
ESTRUTURA BORDERLINE DA PERSONALIDADE

PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS

Predominam os mecanismos de defesa primários, tais como,


a clivagem, a identificação projetiva, a negação, a omnipotência e a
devalorização primitiva.
CLASSIFICAÇÃO DOS MECANISMOS DE DEFESA
GEORGE VAILLANT

DEFESAS PSICÓTICAS

No nível psicótico, as defesas usadas são quase sempre patológicas severas.

Estas defesas permitem que o sujeito reordene as experiências externas por


forma a eliminar a necessidade de lidar com a realidade.

Principais defesas: projeção alucinatória, negação, clivagem, distorção


CLASSIFICAÇÃO DOS MECANISMOS DE DEFESA
GEORGE VAILLANT

DEFESAS IMATURAS

Este tipo de defesas reduzem a ansiedade e o desconforto associado a


quando a pessoa se sente ameaçada por outras ou quando a realidade
é desconfortável.

Principais defesas: acting-out, fantasia, idealização, passividade-


agressividade, projeção, identificação projetiva, controle omnipotente,
somatização.
CLASSIFICAÇÃO DOS MECANISMOS DE DEFESA
GEORGE VAILLANT

DEFESAS NEURÓTICAS

Estas defesas podem ser eficazes a curto prazo mas podem causar
problemas a longo prazo (em relacionamentos, trabalho, etc.) quando se
tornam o principal modo de lidar com a realidade.

Principais defesas: deslocamento, hipocondria, dissociação, isolamento,


intelectualização, racionalização, regressão, repressão, formação reativa
CLASSIFICAÇÃO DOS MECANISMOS DE DEFESA
GEORGE VAILLANT

DEFESAS MATURAS

O uso destas defesas reforça o prazer e o sentimento de controle,


ajudando a integrar emoções e sentimentos conflituosos.

Principais defesas: altruísmo, antecipação, humor, identificação,


introjeção, sublimação, supressão
PERSONALIDADE NORMAL

Do ponto de vista psicanalítico são considerados os seguintes aspetos:

1. Integração do conceito de self com o conceito de objetos significativos.

Estas características constituem são chamadas identidade egóica.


PERSONALIDADE NORMAL

Uma visão integrada do self assegura a capacidade de realização dos


próprios desejos, capacidades e objetivos.

Uma visão integrada dos objetos significativos garante a avaliação


apropriada dos outros, empatia e investimento emocional, que implica a
capacidade de dependência adulta em que ao mesmo tempo se mantem
um sentimento consistente de autonomia.
PERSONALIDADE NORMAL

2. Força do ego

Está ligada à identidade egóica e reflete-se num largo espetro de


disposições afetivas, capacidade da central dos impulsos e sublimação
no traalho e nos valores.
Também a consistência, persistência e criatividade no trabalho e nas
relações interpessoais são derivadas da identidade egóica.
PERSONALIDADE NORMAL

3. Superego integrado

Representa a internalização de um sistema de valores estável, abstrato e


individualizado sem que haja excesso de proibições inconscientes
infantis.

A estrutura superegóica reflete-se num sentimento de responsabilidade


pessoal, capacidade de autocrítica realística, integridade e flexibilidade
ao lidar com os aspetos éticos da tomada de decisções e mepenho em
valorers e ideais.

4. Manejo dos impulsos agressivos e libidinais satisfatório e apropriado.


TRANSTORNOS PERSONALIDADE DSM-V

GRUPO A

O grupo A é referente aos transtornos excêntricos ou estranhos.

Inclui:
Transtorno da personalidade esquizóide
Transtorno da personalidade esquizotípica
Transtorno da personalidade paranóide
TRANSTORNO PERSONALIDADE ESQUIZÓIDE

Apresenta um padrão de afastamento das relações sociais e uma


quantidade restrita de expressões emocionais.

PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS

Isolamento social
Auto-suficiente
Vê os outros como intrusivos
As relações que estabelece são confusas e indesejáveis
A principal estratégia é manter-se afastado
TRANSTORNO PERSONALIDADE ESQUIZÓIDE

ALGUNS SINTOMAS

Pacientes com transtorno de personalidade esquizoide parecem não ter nenhum


desejo de manter relacionamentos íntimos com outras pessoas, incluindo parentes.
Não têm amigos íntimos ou confidentes

Preferem estar sós, e escolhem actividades e hobbies que não exigem interação com
os outros.

Como não percebem indícios normais da interação social, podem parecer socialmente
inaptos, indiferentes ou autoabsorvidos.

Raramente reagem (p. ex., sorrindo ou gesticulando) ou demonstram emoção em


situações sociais. Têm dificuldade de expressar raiva, mesmo quando são provocados.
TRANSTORNO PERSONALIDADE ESQUIZOTÍPICA

Existe um padrão de acentuado desconforto nos relacionamentos,


distorções cognitivas ou percetivas e excentricidades de comportamento.

As características são semelhantes à da personalidade esquizóide mas


aproxima-se mais da esquizofrenia.

Os sujeitos são desconfiados


Algumas pessoas podem acreditar que têm poderes especiais
Podem tornar-se fanáticos religiosos
Acreditam sentir presenças ocultas, ouvir vozes e chamamentos do além
TRANSTORNO PERSONALIDADE ESQUIZOTÍPICA

ALGUNS SINTOMAS

Estes pacientes não se sentem à vontade em se relacionar com as


pessoas. Interagem com as pessoas como se fosse uma obrigação, mas
preferem não interagir porque acham que são diferentes e não são bem-
vindos.

Ficam muito ansiosos em situações sociais, especialmente as


desconhecidas. Passar mais tempo numa situação não alivia a
ansiedade.
TRANSTORNO PERSONALIDADE ESQUIZOTÍPICA

ALGUNS SINTOMAS

Podem ser supersticiosos ou achar que têm poderes paranormais


especiais que lhes permitem, p. ex. detectar eventos antes que
aconteçam ou ler a mente das outras pessoas.

Podem achar que têm controle mágico sobre os outros, achando que
podem levar outras pessoas a fazer coisas comuns, ou que a realização
de rituais mágicos pode impedir danos.

Em termos de tratamento, pode ser usada a terapia cognitivo-


comportamental e medicação (antipsicóticos e antidepressivos)
TRANSTORNO PERSONALIDADE PARANÓIDE

PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS

Não conseguem confiar nos outros. Alegam que estão a ser preteridos
ou que existe alguma conspiração contra si próprios.

Estão sempre alerta, uma vez que os motivos dos outros são suspeitos

Como estratégias usam o contra-ataque, procuram os motivos ocultos e


acusam os outros
TRANSTORNO PERSONALIDADE PARANÓIDE

ALGUNS SINTOMAS

Pacientes com transtorno de personalidade paranoide suspeitam que os


outros planeiam explorá-los, enganá-los ou prejudicá-los. Acham que
podem ser atacados a qualquer momento e sem nenhuma razão. Apesar
de não existir nenhuma ou poucas evidências, eles insistem em manter
suas suspeitas e pensamentos.
TRANSTORNO PERSONALIDADE PARANÓIDE

Hesitam em confiar ou desenvolver relacionamentos íntimos com os


outros porque temem que as informações possam ser usadas contra
eles. Duvidam da lealdade de amigos e da fidelidade de conjuges ou
parceiros.

O tratamento pode incluir terapia psicodinâmica, terapia cognitivo-


comportamental e medicação para diminuir a ansiedade.
TRANSTORNOS PERSONALIDADE DSM-V

GRUPO B

O grupo B refere-se aos transtornos dramáticos, imprevisíveis e


irregulares.

Inclui:

Transtorno da personalidade antissocial


Transtorno da personalidade histriónica
Transtorno da personalidade borderline
Transtorno da personalidade narcisista
TRANSTORNO PERSONALIDADE ANTI-SOCIAL

Existe um padrão de desrespeito e violação dos direitos dos outros.

PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS

Egocentrismo

Desrespeito pelas normas, regras e leis sociais

Consideram os outros como vulneráveis e exploráveis

Usam como estratégias principais atacar, roubar, trair, manipular


TRANSTORNO PERSONALIDADE ANTI-SOCIAL

ALGUNS SINTOMAS

Pessoas com transtorno de personalidade antissocial cometem atos


ilegais, fraudulentos, são exploradores e imprudentes para ganho
pessoal ou prazer e sem remorsos; eles podem fazer o seguinte:

Justificar ou racionalizar seu comportamento (p. ex., achar que


perdedores merecem perder)
Culpar a vítima por ser tola ou impotente

Ser indiferente aos efeitos exploradores e prejudiciais de suas ações


sobre os outros
TRANSTORNO PERSONALIDADE ANTI-SOCIAL

ALGUNS SINTOMAS

Estes pacientes são impulsivos, não planeiam com antecedência e não


consideram as consequências para a segurança deles próprios ou dos
outros. 

São muitas vezes facilmente irritados e fisicamente agressivos; podem


começar lutas ou abusar do conjuge ou parceiro.

Não há remorso pelas ações.; podem explicar as suas ações culpando


aqueles que eles prejudicam (p. ex., eles mereciam) ou a forma como a
vida é (p. ex., injusta).
TRANSTORNO PERSONALIDADE HISTRIÓNICA

É um padrão de excessiva emocionalidade e procura de atenção.

PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS

Os sujeitos são muito emotivos, exagerados, superficiais.

São emocionalmente instáveis e dramáticos.

Grande preocupação com a aparência física.

Exigência da atenção sobre si próprios.

Quando isso não acontece podem ter explosões de choro e raiva.


TRANSTORNO PERSONALIDADE HISTRIÓNICA

ALGUMAS CARACTERÍSTICAS

Vestem-se e agem de forma inadequadamente sedutora e provocante, não


apenas com potenciais interesses românticos, mas também noutros
contextos (p. ex., trabalho, escola).

A expressão das emoções pode ser superficial (desligada e ligada muito


rapidamente) e exagerada. Falam de forma dramática, expressando
opiniões fortes, mas com poucos factos ou detalhes para apoiar as suas
opiniões.

Em termos de tratamente, não se sabe muito acerca da eficácia da terapia


cognitivo comportamental nem medicação. Pode ser tentada a terapia
psicodinâmica.
TRANSTORNO PERSONALIDADE BORDERLINE

Existe um padrão de instabilidade nas relações interpessoais, auto-


imagem e afetos e uma marcada impulsividade.

PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS

São sujeitos inconstantes, exagerados, intolerantes às frustrações

Apresentam um tipo de pensamento extremista: as pessoas são


totalmente boas ou totalmente más

Têm profundos sentimentos de vazio crónico


TRANSTORNO PERSONALIDADE BORDERLINE

ALGUNS SINTOMAS

Estes pacientes não toleram estar sozinhos; fazem esforços frenéticos


para evitar o abandono e geram crises, como p. ex. ameaças de suicídio,
de tal forma que levam os outros a cuidar deles.

Quando acham que estão a ser abandonados ou negligenciados, sentem


medo intenso ou raiva. Por exemplo, podem ficar em pânico ou furiosos
quando alguém importante para eles está alguns minutos atrasado ou
cancela um compromisso. Pensam que esse abandono significa que eles
são maus.
TRANSTORNO PERSONALIDADE BORDERLINE

ALGUNS SINTOMAS

Estes pacientes tendem a mudar o ponto de vista que têm de outras


pessoas de forma abrupta e dramática. Podem idealizar um potencial
cuidador ou amante no início do relacionamento, exigir que passem muito
tempo juntos e compartilhem tudo. De repente, podem achar que a pessoa
não se importa o suficiente, e ficam desiludidos; então podem desprezar ou
ficar irritados com a pessoa e terminar mesmo a relação.

 
TRANSTORNO PERSONALIDADE BORDERLINE

Comportamentos suicidas, gestos e ameaças e automutilação (p. ex.,


cortar-se, queimar-se) são muito comuns.

Embora muitos desses atos autodestrutivos não visem acabar com a


vida, o risco de suicídio nesses pacientes é 40 vezes maior do que na
população em geral.

Esses atos autodestrutivos são geralmente desencadeados por rejeição,


por possível abandono ou deceção com um cuidador ou amante. Os
pacientes podem automutilar-se para compensar serem maus ou para
reafirmar sua capacidade de sentir durante uma episódio dissociativo.
TRANSTORNO PERSONALIDADE NARCISISTA

Existe um padrão de grandiosidade, necessidade de admiração e falta de


empatia.

PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS

Os sujeitos são arrogantes


Consideram-se especiais, únicos e superiores aos outros
 Merecem tratamento especial
Algumas das estratégias a que recorrem são a manipulação, a
competição, transgressão das normas
TRANSTORNO PERSONALIDADE NARCISISTA

ALGUMAS CARACTERÍSTICAS

Pacientes com transtorno de personalidade narcisista exageram as


suas capacidade e realizações. Acham-se superiores, originais ou
especiais. 

Preocupam-se com fantasias de grandes realizações (serem


admirados pela sua inteligência ou beleza, ter prestígio e influência ou
viver um grande amor). Sentem que devem relacionar-se apenas com
outros tão especiais e talentosos como eles, não com pessoas
comuns.
TRANSTORNO PERSONALIDADE NARCISISTA

ALGUMAS CARACTERÍSTICAS

Estes pacientes precisam ser admirados, sendo que a sua autoestima


depende da consideração positiva dos outros e é, portanto, geralmente
muito frágil.

São sensíveis e chateiam-se com as críticas dos outros e pelo


fracasso, o que faz com que se sintam humilhados e derrotados. Eles
podem responder com raiva ou desprezo, ou podem contra-atacar
violentamente.
TRANSTORNOS PERSONALIDADE DSM-V

GRUPO C

O grupo C refere-se aos transtornos ansiosos ou receosos.

Inclui:
Transtorno da personalidade dependente
Transtorno da personalidade evitante
Transtorno da personalidade obsessivo-compulsiva
TRANSTORNO PERSONALIDADE DEPENDENTE

É um padrão de comportamento submisso relacionado com uma


excessiva necessidade de ser cuidado.

PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS

Muito dependente física e emocionalmente


Não conseguem estar sós e por isso procuram constantemente um
relacionamento que lhes permita manter a dependência
Os outros são idealizados, sendo considerados competentes e
prestadores de cuidados
TRANSTORNO PERSONALIDADE DEPENDENTE

ALGUNS SINTOMAS

Estes pacientes geralmente exigem muita reafirmação e aconselhamento


ao tomar decisões comuns. Muitas vezes deixam que outros,
frequentemente uma única pessoa, assumam a responsabilidade por
muitos aspectos de suas vidas. Por exemplo, eles podem depender do
conjuge para dizer o que vestir, que tipo de trabalho procurar e com
quem se associar.

Consideram-se inferiores e tendem a menosprezar as suas


capacidades; consideram qualquer crítica ou desaprovação como prova
de sua incompetência, minando ainda mais a sua confiança.
TRANSTORNO DE PERSONALIDADE EVITANTE

É um padrão de inibição social, sentimentos de ser inadequado e


hipersensibilidade a críticas negativas.

PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS

São pessoas muito tímidas


A vida social causa-lhes grande ansiedade
Apresentam frequentemente sentimentos de inferioridade
Têm uma baixa auto-estima e temem ser ridicularizados e criticados em
público
A principal estratégia é o evitamento de situações de avaliação
TRANSTORNO DE PERSONALIDADE EVITANTE

ALGUNS SINTOMAS

Evitam interação social, incluindo no trabalho, porque temem ser


criticados ou rejeitados ou que as pessoas vão desaprová-los, como, por
exemplo, nalgumas das seguintes situações:

evitar reuniões,
recusar uma promoção porque temem que colegas de trabalho os vão
criticar;
evitar fazer novos amigos a menos que tenham certeza de que serão
aprovados.
TRANSTORNO DE PERSONALIDADE EVITANTE

Estes pacientes são muito sensíveis a qualquer coisa ligeiramente crítica,


desaprovação ou ridicularização porque pensam constantemente sobre
serem criticados ou rejeitados pelos outros.

Estão atentos a qualquer sinal de resposta negativa a eles.


A sua aparência tensa e ansiosa pode provocar zombaria ou
ridicularização, parecendo assim confirmar suas dúvidas.
TRANSTORNO DE PERSONALIDADE EVITANTE

ALGUNS SINTOMAS

Estes pacientes apresentam baixa autoestima e um sentimento de


inadequação que os inibe em situações sociais, especialmente as novas.

Interações com novas pessoas são inibidas porque se consideram


socialmente inaptos, desagradáveis e inferiores aos outros
TRANSTORNO DE PERSONALIDADE EVITANTE

Tendem a ser sossegados e tímidos e a tentar desaparecer porque


acham que se disserem alguma coisa, os outros dirão que está errado.
Podem preferir um estilo de vida limitado por causa da sua necessidade
de segurança e certeza.

Em termos de tratamento pode ser usada terapia cognitivo-


comportamental focada nas habilidades sociais; psicoterapia de apoio;
psicoterapia psicodinâmica e, ansiolíticos e antidepressivos
TRANSTORNO DE PERSONALIDADE OBSESSIVO-COMPULSIVO

É um padrão de preocupação com a ordem, o perfecionismo e o controle.

PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS

 Os sujeitos necessitam de grande organização


 Os outros são vistos como irresponsáveis e incompetentes
 Os detalhes são fundamentais
 Usam como principais estratégias o perfecionismo, o controle, o
sentido de dever, a crítica e a punição
TRANSTORNO DE PERSONALIDADE OBSESSIVO-COMPULSIVO

ALGUNS SINTOMAS

 Estes pacientes apresentam uma grande preocupação com a ordem,


perfeccionismo e autocontrole e o controle de situações interfere na
flexibilidade, eficácia e receptividade.

 Podem ser rígidos e teimosos nas suas atividades, insistem no facto


de que tudo seja feito de uma maneira específica.
TRANSTORNO DE PERSONALIDADE OBSESSIVO-COMPULSIVO

ALGUNS SINTOMAS

- A expressão de afeto também é rigidamente controlada. Podem


relacionar –se com os outros de maneira formal, rígida ou séria. Muitas
vezes, eles só falam depois de pensarem na coisa perfeita a dizer. 

 Podem ser fanáticos, exigentes e rígidos sobre questões de


moralidade, ética e valores. Aplicam princípios morais rígidos a si
mesmos e aos outros e são duramente autocríticos.
 Em termos de tratamento pode ser usada a terapia psicodinâmica e a
psicoterapia cognitivo-comportamental.

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