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PRATICA

TRABALHISTA

PROF. ME. JOSSIANI HONÓRIO DIAS


JOSSIANIADV@HOTMAIL.COM
RECURSO ORDINÁRIO

• O recurso ordinário é o principal recurso


trabalhista. Equivale a apelação no
Processo Civil. Nos termos do art.895 da
CLT, cabe recurso ordinário para a
instância superior
• I– das decisões definitivas outerminativas das Varas e
Juízos, no prazo de 8 (oito) dias; e
• II – das decisões definitivas ou terminativas dos Tribunais
Regionais, em processos de sua competência originária, no
prazo de 8 (oito) dias, quer nos dissídios individuais, quer
nos dissídios coletivos
• Tempestividade: 8 (oito) dias, salvo para
Fazenda Pública e MPT, que possuem
prazos em dobro.
• Interposição: Perante órgão a quo, que
pode ser Vara do Trabalho ou TRT
(relator).
• Preparo: Necessário, salvo para aqueles
que possuem assistência judiciária gratuita,
conforme Lei nº 5584/70. Para o
empregado consiste no pagamento das
custas. Para o empregador, custas e
depósito recursal.
• Sentenças proferidas pelas Varas do
Trabalho nos dissídios individuais, sendo
julgado pelo Tribunal Regional do
Trabalho.
• Acórdãos proferidos pelos Tribunais
Regionais do Trabalho, em processos de sua
competência originária, tais como ações
rescisórias, mandados de segurança,
dissídios coletivos, dentre outros, sendo
julgado pelo Tribunal Superior do Trabalho.
• Outras decisões, com destaque para aquelas
consideradas terminativas do feito na Justiça do
Trabalho, tal como a que reconhece a
incompetência absoluta daquela justiça e remete
os autos para outro ramo do Poder Judiciário,
assim como aquela que reconhece a
incompetência territorial e determina a remessa
dos autos para Vara do Trabalho vinculada a TRT
diverso
• ! Não se pode vincular o julgamento
do recurso ordinário sempre ao TRT,
já que na segunda hipótese – ações
originárias do TRT – o julgamento do
recurso será realizado pelo TST.

• Ainda sobre o cabimento do recurso ordinário,
dois aspectos devem ser levados em consideração.
O primeiro registro toca à impossibilidade das
partes interporem recurso ordinário em face da
sentença que homologa acordo, por ausência de
interesse processual, já que o entendimento
doutrinário na hipótese é de inexistência de
sucumbência.
• Conforme art. 831, § único da CLT,
somente o INSS poderá interpor recurso, já
que alguma verba com reflexos
previdenciários pode estar sendo sonegada,
em prejuízo àquele, que detêm
legitimidade e interesse recursais.
• Outro ponto de destaque refere-se ao não
cabimento do recurso em estudo em face
das sentenças proferidas no rito sumário,
disciplinado pela Lei nº 5584/70, cujo
processamento se dá para as demandas de
valor até 2 (dois) salários mínimos.
• Obs. 2: No sistema recursal trabalhista, em regra, os
recursos passam por um duplo juízo de admissibilidade,
para análise do preenchimento ou não dos pressupostos
extrínsecos (objetivos) e intrínsecos(subjetivos):
previsão legal (cabimento), adequação, tempestividade,
preparo, regularidade de representação, capacidade,
legitimidade, interesse.
• Depósito recursal: Os recursos trabalhistas
possuem um pressuposto de admissibilidade
especial, denominado depósito recursal, previsto
no art. 899, ß1º da CLT, cujos valores máximos
definidos por ato da Presidência do TST, que é
utilizado para garantir uma futura execução por
quantia certa. O referido depósito somente é
exigido do empregador
• O juízo a quo realizará a análise acerca dos
pressupostos de admissibilidade (legitimidade,
interesse, tempestividade, preparo, etc) O juízo de
admissibilidade realizado pelo órgão a quo é
provisório em relação a ele mesmo e em relação
ao juízo ad quem, o que significa dizer que o
próprio Juiz poderá reconsiderar a decisão antes
proferida, bem como o Tribunal decidir de
maneira diversa.
• Peça (Petição de Interposição ou Peça de
Encaminhamento), direcionadaao Juízo a quo (1.º juízo
de admissibilidade recursal); e 2.ª Peça (Razões
Recursais), endereçada ao Juízo ad quem (2.º juízo de
admissibilidade recursal).
QUESTÃO PRÁTICA

• Determinada empresa demitiu vendedora de loja de


roupas finas, alegando que, por ser estabelecimento de
luxo, seriam mantidas apenas pessoas de boa aparência
e que, ademais, apresentassem atestado de esterilização,
“para que não houvesse riscos de afastamentos do
serviço”.
• Ao reclamar da situação, a trabalhadora foi bastante
humilhada, em público, recebendo irônico “conselho” do
Gerente da Loja para que fosse “procurar seus direitos”.
Despedida, socorreu-se da Justiça do Trabalho onde postulou as
verbas rescisórias, a percepção em dobro da remuneração pelo
período de afastamento, tudo acrescido de danos morais a
serem arbitrados pelo Juízo, tendo em vista as graves humilhações
sofridas.
• O Juízo de primeira instância julgou a ação procedente
em parte, determinando a reintegração, contra a vontade
da Reclamante que alegara em Juízo não ter nenhum
ambiente para retornar àquele emprego, limitando-se,
por fim, o julgado, a determinar o pagamento das
remunerações, de forma simples, do período de
afastamento.
• Questão:Como advogado da Reclamante, apresente a
medida processual adequada, postulando a reforma do
julgado, apresentando, para tanto, o devido fundamento
legal.
• EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ
DO TRABALHO DA _____ VARA DO
TRABALHO DE __________
• Processonúmero
• NOME DA RECORRENTE, já qualificada nos autos do
processo em epígrafe, movida em face de NOME DA
RECORRIDA, vem, tempestivamente, à presença de
Vossa Excelência, por seu advogado que esta
subscreve, inconformada com a respeitável sentença
proferida, interpor o presente: RECURSO
ORDINÁRIO, com fulcro no art. 895,I, daConsolidação
das Leisdo Trabalho –CLT
• Assim, requer o recebimento das razões recursais
anexas e a posterior remessa dos autos ao Egrégio
Tribunal Regional do Trabalho da _____Região para a
reapreciação da demanda.
• Outrossim, requer seja a Reclamada notificada para
que, querendo, apresente as contrarrazões que julgar
necessárias.
• Tendo em vista a sentença guerreada ter sido
parcialmente procedente, a reclamante recorrente deixa de
recolher custas. Ademais, deixa de recolher o depósito
recursal por ser empregada recorrente.
• Termos em que, pede deferimento.
• Local e data.
• Advogado
• OAB n._____
• RAZÕES DE RECURSO ORDINÁRIO
• Recorrente: Nome da Reclamante
• Recorrido: Nome da Reclamada
• Origem:_____ Vara do Trabalho de_____
• Processo:__________
• Egrégio Tribunal,
• Colenda Turma,
• Nobre Julgadores,
II– DO RESUMO DA
DEMANDA
• A Recorrente ajuizou Reclamação Trabalhista
postulando as verbas rescisórias, a percepção em dobro
pelo período de afastamento, tudo acrescido
de danos morais, tendo em vista as graves
humilhações sofridas em decorrência dos fatos exarados
na inicial.
• Ocorre que, o Douto Julgador de primeira
instância julgou a ação procedente em parte,
determinando a reintegração da Reclamante e o
pagamento de forma simples do período de
afastamento. A decisão recorrida merece ser
reformada consoante os fundamentos abaixo
consignados.
III– DAS RAZÕES DO
RECURSO
• A) DA PRÁTICA DISCRIMINATÓRIANO
AMBIENTE DE TRABALHO
• Diante da despedida injusta e das humilhações sofridas
em público, a Recorrente postulou o pagamento das
verbas rescisórias, bem como a percepção em dobro
da remuneração pelo período de afastamento, além
de danosmorais.
• Restou comprovado nos autos que a Recorrida
exigia de seus empregados, além da boa
aparência, atestado de esterilização.
• A respeitável decisão “a quo” reveste-se da
inobservância do ordenamento justrabalhista vigente,
portanto, equivocada, da qual não se pode concordar.
• A Lei 9.029/1995 proíbe a exigência de atestados
de gravidez e esterilização, e outras práticas
discriminatórias, paraefeitos admissionais ou de
permanência da relação jurídica de trabalho.
• Com efeito, o art. 1.º da Lei 9.029/1995, aduz que fica
proibida a adoção de qualquer prática discriminatória e
limitativa para efeito de acesso a relação de emprego,
ou sua manutenção, por motivo de sexo, origem, raça,
cor, estado civil, situação familiar ou idade,
ressalvadas, neste caso, as hipóteses de proteção ao
menor previstas no inc. XXXIII do art.7.º daCF/1988.
• Nesta toada, o art.4.º da mencionada lei vaticina que, na
hipótese de rompimento da relação de trabalho por ato
discriminatório, o empregado terá o direito, além da
reparação pelo dano moral sofrido, a faculdade de
optar entre:
• I – a reintegração com ressarcimento integral de todo
o período de afastamento, mediante pagamento das
remunerações devidas, corrigidas monetariamente,
acrescidas de juros legais; ou
• II – a percepção, em dobro, da remuneração do
período de afastamento, corrigida monetariamente e
acrescida dos juros legais
• Dessa forma, o rompimento da relação de trabalho por ato
discriminatório assegura ao empregado a faculdade de opção entre
duas soluções: a reintegração no ambientede trabalho com o
ressarcimento integral de todo o período de afastamento, ou a
percepção em dobro da remuneração desse período, sem prejuízo
da indenização do respectivo dano moral.
• Vale ressaltar que essa faculdade consubstancia um direito potestativo
obreiro, não cabendo qualquer tipo de ingerência por parte do
empregador ou até mesmo do magistrado. À guisa de
desenvolvimento de raciocínio, direito potestativo é aquele capaz de
influenciar a esfera jurídica de outrem, cabendo a este apenas aceitar
(potestade de uma parte X sujeição da parte contrária).
• No caso em tela, o Ilustre Magistrado deveria ter respeitado
a sua escolha da percepção em dobro da
remuneração pelo período de afastamento, e não
determinar a reintegração ao ambiente de trabalho.
B) DO CABIMENTO DE
DANOS MORAIS
• Tendo em vista os fatos acima mencionados, resta
inequívoco o cabimento de danos morais.
• Corroborando esse pleito, a Constituição Cidadã de
1988, em seu art. 5.º, V e X, aduz a proteção à
intimidade, à vida privada, à honra e à imagem das
pessoas, assegurando, também, o direito à indenização pelo
dano material ou moral decorrente de sua violação.
• No mesmo sentido, os arts. 186 e 927 do
Código Civil estabelecem que comete ato ilícito aquele
que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou
imprudência, violar direito de outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito, ficando obrigado
a repará-lo.
• Ainda, vale ressaltar que a CLT é omissa quanto ao
regramento de dano moral decorrente da relação de
trabalho. Todavia, o próprio Diploma Consolidado,
em seu art. 8.º, parágrafo único, afirma que
na hipótese de lacuna, o direito comum será fonte
subsidiária do direito do trabalho, naquilo em que não
for incompatível com os princípios fundamentais deste.
• Por derradeiro, o art. 114,VI, da Constituição Cidadã
de 1988, comredação dada pelaEC 45/2004.
• (Reforma do Judiciário), aduz que compete à
Justiça do Trabalho processar e julgar as ações de
indenização por danos materiais ou morais decorrentes
da relação de trabalho.
• No mesmo sentido da Competência Material da Justiça
Laboral, ensina a Súmula 392 do TST que, nos termos do
art. 114, VI, da Constituição da República, a
Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar
ações de indenização por dano moral e material,
decorrentes da relação de trabalho, inclusive as oriundas
de acidente de trabalho e doenças a ele equiparadas.
• Ainda, à luz da Súmula Vinculante 22 do Supremo
Tribunal Federal, a Justiça do Trabalho é competente para
processar e julgar as ações de indenização por danos
morais e patrimoniais decorrentes de acidente de trabalho
propostas por empregado contra empregador, inclusive
aquelas que ainda não possuíam sentença de mérito em
primeiro grau quando da promulgação da EC 45/2004.
• Concluindo, a recorrente espera que a sentença da
primeira instância seja reformada e que a Recorrida
seja condenada ao pagamento dos respectivos danos
morais a serem arbitrados por este Colendo Tribunal.
IV – DA CONCLUSÃO

• Diante das argumentações e das provas constantes nos


autos, a Recorrente espera que o presente Recurso
Ordinário seja conhecido e provido, com a consequente
reforma da decisão de primeira instância, acolhendo-se
na integralidade os pleitos acima mencionados.
• Diante do exposto, espera a recorrente que a
sentença de primeiro grau seja reformada, respeitando-se o
disposto na legislação ora apresentada.
• Nesses termos,
• Pede deferimento.
• Local e data.
• Advogado
• OAB n._____

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