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Eletrónica

Eletrónica

Licenciatura em Engenharia Física


Licenciatura em Engenharia Física
Licenciatura em Física
Licenciatura em Física

(2.5h T+1.5h TP)


Cargas e Movimento

Quando uma carga se move



q v …outra “influência” surge …

No espaço aparece…

Uma presença elétrica


Manifesta-se pela presença de Forças que
atuam sobre uma segunda carga elétrica Uma presença magnética
localizada no espaço circundante (ficou com esta designação pela sua relação
com os fenómenos magnéticos registados ao
longo do tempo)

A Força Elétrica está Sempre Presente

Como se Manifesta a Força Magnética?

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Campo Magnético

Presença de Carga + Campo Magnético

A carga necessita de se mover relativamente à fonte do Não é suficiente para aparecer uma
campo, numa direcção não paralela a esse campo Força Magnética

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Força Electrica + Força Magnética

 q v
E
  
 
B Fq  q E  q v  B
Força Elétrica Força Magnética
  
Fq  q E  q v  B Força de Lorentz
• Reparar que num outro referencial inercial que se move relativamnte ao que observa esta situação, a
velocidade que determina para a carga será diferente, assim também a força magnética

• Isso não pode ser pois todo o observador inercial deve chegar aos mesmos resultados relativamente ao
movimento de um corpo observado nos dois referenciais

Na verdade, os campos elétrico e magnético Assim, os campos elétrico e magnético comportam-se como
são parcialmente transformados um no o espaço e o tempo, os quais são também misturados quando
outro quando se muda de referencial se muda de um referencial inercial para outro

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Magnetismo

É conhecido que

Abelhas Tubarões Pombos Salmão

….

Truta Tartarugas Bactérias

Detetam o Campo Magnético e Utilizam essa Faculdade para a Navegação


Como o fazem?
Apesar de ser um tema com muitos pontos em aberto, entende-se que essa capacidade tem origem na existência de pequenas partículas magnéticas nas células

Estas têm mecanismos que registam como estas partículas – tipicamente com dimensões em torno de 50 nm – se orientam na presença do campo magnético
terrestre
Num dado local o padrão de campo magnético é bem definido, sendo registado, constituindo assim um elemento de memória desse local

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Magnetismo
Uma questão em aberto … Longas migrações …

Como guardam estas pequenas cabecinhas


tanta informação?

Haverá alguma “nuvem” de capacidade enorme para


armazenar quantidades astronómicas de dados?

O caso do ser humano …

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Eletromagnetismo

Sabemos que a presença de cargas (q) e o movimento de cargas (corrente, I) geram

 
Campo Eléctrico  E  e Campo Magnético  B 

 
Qual a relação entre q, I , E , B ?

 
Como é que variações em E eB
associadas a variações de qeI se
propagam no espaço?

Equações de Maxwell

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Equações de Maxwell

(1831-1879)

A Treatise of Electricity and Magnetism (1873)

 Equações de Maxwell na sua Forma Atual

Oliver Heaviside (1850-1925) Heinrich Hertz(1857-1894)

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Equações de Maxwell - I

Primeira Equação: Lei de Gauss para os Campos Elétricos

Forma Integral
n
n   QInterior QInterior  Carga Dentro da Superficie S



E.ndA  E  Campo Elétrico
S 0  0  Permitividade do Vácuo

n
n Fluxo Elétrico na   Densidade de Carga
Superfície S
   x, y , z 
Forma diferencial Div E  x, y, z  
 

  0
E E y Ez
Div  E   x  
x y z
Divergência do Campo Elétrico -> Tendência do campo se propagar para fora de uma determinada região
(O campo elétrico produzido por cargas elétricas diverge de uma carga positiva e converge para uma carga negativa)

Ilustração do significado físico do operador Divergência


Suponha-se que o ar está a ser aquecido ou arrefecido. A velocidade do ar em cada ponto define um campo vetorial
Num local, se o ar está a ser aquecido, expande-se em todas as direções, donde os vetores velocidade do ar apontam para fora dessa região
Assim, a Divergência do campo vetorial nessa região terá um valor positivo
Se o ar está a ser arrefecido, pelo que em contração, os vetores velocidade do ar apontam no sentido da contração, pelo que agora a Divergência
tem um valor negativo

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Equações de Maxwell - II

Segunda Equação: Lei de Gauss para os Campos Magnéticos


Forma Integral Forma Diferencial

  
 B.ndA  0 Div  B  x, y, z   0
S  

Fluxo Magnético na
Superfície S
Em qualquer ponto a divergência
As linhas de campo são fechadas
do campo magnético é zero
Curiosidade
Não há nada nas teorias atuais da Física que proiba a existência de “cargas magnéticas” (monopolos magnéticos)
Como já Maxwell tinha notado, as leis que governam a eletricidade e magnetismo são idênticas. Isso pode ser observado quando as
equações são consideradas no vácuo, onde a simetria é evidente: os termos elétricos podem ser substituídos pelos magnéticos e vice-
versa, mantendo-se as equações inalteráveis
Esta simetria é quebrada somente na presença de cargas elétricas e correntes, que não têm equivalente magnético
De referir que em 1931 Paul Dirac mostrou que a existência de monopolos magnéticos não é incompatível com a mecânica quântica.
Mais, os resultados a que chegou indiciam que o facto da carga elétrica ser quantificada decorre da existência de monopolos
magnéticos

O porquê de não se observar no Universo monopolos magnéticos é uma questão em aberto

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Equações de Maxwell - III

Terceira Equação: Lei de Faraday


Envolve o operador Rotacional

O rotacional de um campo pode ser interpretado como uma "medida" da capacidade desse campo de induzir
rotação

Linhas de campo imaginadas


como fluxo de ar Visualização do Rotacional de um campo vectorial como a observação da
rotação de um cata-vento na presença de fluxo de ar
Cata-vento

A direcção do vector Rotacional é a da orientação do eixo do cata-vento que


origina a rotação mais rápida

Um campo vectorial cujo rotacional é zero é chamado de irrotacional

Os campos vectoriais conservativos, como aqueles dados pela Lei da Gravitação Universal e pela Lei de Coulomb,
são campos irrotacionais

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Equações de Maxwell - III

Sessões de Natal na Royal Institution of Science


Terceira Equação: Lei de Faraday em Londres


d Forma Integral

  d    


C E.dl   dt  S B.ndA
Michael Faraday (1791-1867)
 (o episódio com Humphry Davy)
B  Campo Magnético

Forma Diferencial S  Qualquer Superfície Limitada por C



E  Campo Eléctrico

 dB
rot E  
dt Campo eléctrico
 induzido em cada
segmento d  do percurso C

Heinrich Lenz (1804-1865)

Um campo elétrico circulante é produzido por um campo magnético que varia com o tempo

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Equações de Maxwell - III

Questão Importante: qual é a diferença entre o campo elétrico gerado por cargas eléctricas e o
campo elétrico induzido presente na Lei de Faraday?

Para começar: Ambos são campos eléctricos (V/m) e aceleram cargas eléctricas

Campos elétricos associados a cargas elétricas têm linhas


As linhas de campo
de campo que se iniciam em cargas positivas e que elétrico têm origem
em cargas positivas e
terminam em cargas negativas (nestes pontos existe convergem para
divergência não-nula). cargas negativas

Linhas do campo
elétrico formam
circulos fechados
Campos Elétricos Induzidos, produzidos por
Movendo-se a barra
magnética para a
campos magnéticos variáveis, têm linhas de
direira o fluxo através campo que se fecham sobre si próprias, com
do círculo diminui
ausência de pontos de origem e de fecho, tendo
Movimento da barra
pois divergência nula
A superfície pode ser real
ou imaginária

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Equações de Maxwell - IV

Quarta Equação: A Lei de Ampere-Maxwell

Lei de Ampere (1823) indica que uma corrente elétrica estacionária gera um campo
  magnético circulante

 C
B.dl  o I

André-Marie Ampere (1775-1836)


Lei bem conhecida por Maxwell por volta de 1850
De onde decorre a Lei de
Biot-Savart (1820)

Válida somente para situações estacionárias envolvendo correntes eléctricas estacionárias


(Só nestas condições a lei é consistente com o princípio da conservação da carga elétrica)

Maxwell adicionou um novo termo à expressão matemática da Lei de Ampere que alargou
a aplicabilidade da lei a situações em que há variação temporal

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Equações de Maxwell - IV

Fluxo Elétrico:
Uma corrente elétrica que passa no interior de um
percurso fechado ou a variação do fluxo elétrico através
de uma superfície limitada por esse percurso fechado,
produz um campo magnético circulante em torno de
  d    
C B.dl  o  I enc   o dt  S E.ndA 
qualquer percurso que limita essa superfície

(qualquer superfície
limitada por C)
De modo mais directo:

Integral calculado ao
Um campo magnético circulante é produzido
longo de um percurso
Unidades de Corrente
por uma corrente elétrica e por um campo
fechado (qualquer), C
Termo designado de
elétrico que varia com o tempo
Corrente de Deslocamento
por razões históricas

Forma Diferencial

Conceito Fundamental 
   dE
Um campo elétrico variável produz um campo rot B  o  J   o 
magnético variável, mesmo quando não há
 dt 
cargas elétricas presentes nem correntes
elétricas 
J  Densidade de Currente  A / m 2 

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Ondas Eletromagnéticas

Campo Elétrico de uma Carga Elétrica + 2q Em t  0 de alguma forma 2q  q


(" influência " eléctrica distribuida no espaço )
(" Influência " elétrica varia de intensidade )

2q

Essa informação necessita de se propagar pelo espaço

Ondas Eletromagnéticas Como?

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Ondas Eletromagnéticas

Equações de Maxwell

 
   B
 
2
 E
 
2
Lap E  0 0 2 Lap B  0 0 2
t  2U  2U  2U
t
Lap U    
x 2 y 2 z 2

 
 
Lap E  ux Lap  Ex  , uy Lap  E y  , uz Lap  E z 
   
Lap B  ux Lap  Bx  , uy Lap  B y  , uz Lap  Bz 
 

Equações de Onda

Forma Geral da Equação de Onda Ondas Eletromagnéticas


1  2
Lap    2 2 vc
1
v t v  Velocidade da Onda Então a luz …  0 0

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Ondas Eletromagnéticas

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Equações de Maxwell

Campo Eletromagnético no Espaço

Uma espécie de anéis propagantes onde linhas de campo magnético


variável rodeiam linhas de campo eléctrico variável
Estes campos são puramente rotacionais, com as linhas de campo
fechadas e enlaçadas

Mas como é que o vazio suporta a propagação de ondas eletromagnéticas?

Uma questão fundamental em aberto …

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Equações de Maxwell

A propósito dos grandes pontos de interrogação que a Ciência tem identificado, no nosso
estado de conhecimento talvez o mais fundamental é

O que é o Vazio?
(vacuum)

Uma entidade que não sabemos o que é mas que tem uma ação fundamental na
estruturação da nossa realidade

Como as profundezas de um oceano condiciona muito do que se passa à sua superfície


(ao longo do ano falaremos sobre o assunto)

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Equações de Maxwell

As equações de Maxwell podem ter um aspecto complexo, mas de facto


derivam de quatro ideias básicas

• A força entre cargas segue a Lei de Coulomb

• As cargas eléctricas não se podem mover a velocidade superior à da luz

• A carga eléctrica é conservada

• No nosso espaço-tempo não existem cargas magnéticas

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Equações de Maxwell

Em 2007 foi provado que a partir dos pressupostos seguintes

• Existência em 4 dimensões (3 espaciais e 1 temporal)

• Existem cargas eléctricas que exercem forças entre si

• Existe conservação da carga eléctrica


Equações de Maxwell

• A velocidade limite para a matéria é a velocidade da luz

American Journal of Physics, 652-657, 2007

A investigação sobre os fundamentos destes fenómenos continua…

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Uma outra vertente motivacional

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Uma Outra Vertente Motivacional

Mas há uma terceira motivação para adotar esta


abordagem que se traduz numa palavra
Emergência!

Crise Internacional que Emergiu em Setembro de 2008

Uma catástrofe global …

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Uma Outra Vertente Motivacional

Que atingiu Portugal com intensidade


a partir de 2011…

Imigração …

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Uma Outra Vertente Motivacional

A virulência da crise (com o desespero e sofrimento associado) marcaram-me…

E eu, que até aí estava confortável no meu mundo universitário, com


uma carreira até bem conseguida, fiquei em desassossego…

Procurei compreender o que estava a acontecer

Disseram-me (economistas) que era uma crise cíclica, habitual


Não fiquei convencido
na economia, a única diferença seria a sua intensidade

Até porque há muito me interrogava sobre a viabilidade de um modelo económico que


só é estável num regime de crescimento contínuo, sendo que actua num sistema
fechado (Planeta Terra)

Fui bater a outras portas (sociólogos e filósofos) … e comecei a perceber …

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Uma Outra Vertente Motivacional

A crise internacional que emergiu em 2008 foi uma manifestação violenta de uma desadaptação
estrutural entre o sistema finito onde nos situamos (Planeta Terra) e o modelo económico que temos
prosseguido a partir da revolução industrial, o qual tem por base três pressupostos:

• Recursos infinitos Chocando com a realidade, a dinâmica do


• Mercado ilimitado modelo económico procurou ajustar-se para
manter a sua característica central:
• Sumidouro de resíduos com capacidade infinita
Crescimento contínuo

É uma estratégia suicidária porque:


Atropelando tudo no processo
• Origina instabilidades crescentes na
Comunidade Humana

• Degradação da biosfera e das condições que Pessoas, Instituições, Ambiente


possibilitam a existência da Civilização Humana
no Planeta

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Uma Outra Vertente Motivacional

É importante reconhecer que a situação é muito complexa


Esta economia, em movimento há Bem difícil alterar a sua rota …
séculos, tem uma inércia brutal (o exemplo do superpetroleiro)

Com duas dificuldades adicionais:

• Não temos ainda meios suficientes para o fazer


sem induzir oscilações demasiado violentas na
nossa organização social (no exemplo apresentado,
digamos que o sistema de leme do petroleiro não tem a
resistência necessária para tal)
• Sabendo que temos que mudar de rota, não temos ainda a certeza das novas coordenadas

Nesta emergência o melhor da Comunidade Humana deve ser convocado, em particular


uma das suas instituições mais valiosas A Universidade

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Uma Outra Vertente Motivacional

Porquê a UNIVERSIDADE
Por três razões fundamentais:

• Procurar gerar conhecimento que permita identificar a rota que devemos seguir

• Induzir desenvolvimentos tecnológicos e sociológicos que possibilitem concretizar


essa alteração de rota dum modo compatível com a resistência do sistema

• Informar e sensibilizar as novas gerações para o critico desta fase da nossa Civilização,
que se confronta com uma bifurcação, sendo que seguir por um dos lados significa
esperança e futuro, enquanto que o outro é sinonimo de dor, sofrimento e morte

Assim sendo, a Universidade do Porto deve estar convocada para esta emergência
civilizacional e, ao nível das suas possibilidades, atuar em conformidade

É esta convicção que tem norteado a minha ação nos últimos anos

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Uma Outra Vertente Motivacional

Ao nível da docência essa convição/orientação expressa-se ao longo das


unidades curriculares

• Eletrónica (2º ano, 1º semestre)

• Sinais e Sistemas (2º ano, 2º semestre)

• Laboratório de Física III (3º ano, 1º semestre)

• Otoeletrónica (1º ano Mestrado em Engenharia Física)

• História das Ideias em Ciência (1º ano Mestrado em Ensino e Divulgação das Ciências)

… estou certo da vossa melhor paciência para comigo!

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Uma Outra Vertente Motivacional

Uma figura que deve estar sempre presente …

Proceedings of the National Academy of Science, Agosto 2018

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Uma Outra Vertente Motivacional

… em conjunto com algo que sempre me acompanha sempre desde 24 de fevereiro de 2022…

“O mundo é um lugar perigoso de se viver, não por causa daqueles que fazem o mal,
mas sim por causa daqueles que observam e deixam o mal acontecer”
Fundamental termos consciência do perigo em acreditar que as conquistas civilizacionais são irreversíveis!

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Uma Outra Vertente Motivacional

Uma descobera destes dias realizada pelo telescópio espacial James Webb...

... sobre o exoplaneta K2-18b

localizado a cerca de 120 anos-luz da Terra

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Uma Outra Vertente Motivacional

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Uma Outra Vertente Motivacional

Existência de água líquida (provavelmente oceanos), uma atmosfera rica em


hidrogénio, e uma molécula que na Terra só é produzida por organismos vivos

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Uma Outra Vertente Motivacional

Molécula sulfeto de dimetilo

Muito interessante!

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No capítulo seguinte será considerada

Teoria dos Circuitos Elétricos

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