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CONTRA-DIFUSÃO

EQUIMOLECULAR
FENÔMENOS DE TRANSPORTE III
Prof. Dr. Harvey Alexander Villa Vélez, SIAPE: 2309557
COEQ/CCET/UFMA
CONTRA-DIFUSÃO EQUIMOLECULAR
Considere um sistema de dois balões (volume de 100 cm3 cada) unidos por um capilar de 10 cm
como ilustrado na figura abaixo. Inicialmente, um dos balões contém hidrogênio (H 2) e o outro Argon
(Ar) com o capilar fechado. O sistema é isobárico (P=1 atm) e isotérmico (T=527 oC), e o coeficiente de
difusão de Argon em Hidrogênio é igual a 4,16x10-4 m2/s. Calcule os fluxos molares e os fluxos
mássicos de A e B no instante em que o capilar é aberto. Calcule também a velocidade média mássica,
vz, e a velocidade média molar, v*z da mistura. (R=8,314 J/mol K).

NAr

/
H2 Ar

NH2

COEQ0038
SOLUÇÃO AO PROBLEMA
No exemplo observamos que a existência de gradientes de concentração de Ar e H 2 no instante inicial
origina fluxos difusivos de cada um dos gases no sentido dos gradientes decrescentes (a Ar difunde-se para a
esquerda, o H2 difunde-se para a direita). Uma vez que o sistema é isobárico e isotérmico, o número de moles de gás
em cada um dos balões é independente do tempo, e portanto a composição:
𝑃𝑉
η=
𝑅𝑇
Estamos portanto na presença de um caso de contra-difusão equimolecular, ou seja :

NAr

/
H2 Ar NH2 -NAr

NH2
Assim, basta calcular um fluxo para encontrar o seu equivalente no outro sentido, sempre
e quando a fração molar yH2 seja igual a 1 ou vice-versa. COEQ0038
SOLUÇÃO AO PROBLEMA
NAr
Partindo da Lei de Fick:

/
H2 Ar NH2 -NAr 𝑑 𝑦𝐻
𝑁 𝐻 =− 𝐶 𝐷 𝐻 − 𝐴𝑟 2

 2
𝑑𝑧 2

NH2

 0
CDH 2  Ar yH 2
Integrando: N H 2  dz  CDH 2  Ar  dy H2 N H2 
0 yH 2 

A concentração total da mistura C, pode ser calculada pela equação dos gases ideais P=CRT e supondo
Que a fração molar inicial de H2 é 1, o que é correto pois não há mistura com o Ar no momento que
abre o capilar, temos como equação final:

PDH 2  Ar yH 2
N H2 
RT 
COEQ0038
SOLUÇÃO AO PROBLEMA
P = 101325 Pa
PDH 2  Ar yH 2 DH2-Ar= 4,16×10-4 m2/s
Substituindo os valores na Equação: N H2 
RT  
yH2=1
= 0,1 m
T = (273,15+527) K
101325   4,16 104  1 R = 8,314 J/mol K
N H2 
8,314   273,15  527   0,1

mol
N H 2  0, 063 2
  N Ar
ms
Nesse caso o fluxo molar total da mistura é nulo, portanto a velocidade média molar, v *z é também nula.
Já os fluxos mássicos correspondentes são calculados da seguinte forma:

g
nH 2  N H 2  M H 2  0, 063  2  0,126 2
ms
g
nAr  N Ar  M Ar  0, 063  18  1,134 2
ms COEQ0038
SOLUÇÃO AO PROBLEMA

Finalmente, a velocidade média molar é calculada pela equação:

nH 2  nAr RT 8,314  800,15   0,126  1,134  m


vz     0, 0066
 PM  2  18  s
101325   
 2 

Do exemplo anterior podemos considerar:


• Contra-difusão equimolecular acontece para gases com comportamento ideal;
• O fluxo molar total calculado é equivalente para ambos os fluxos de gases;
• A velocidade média é proporcional ao peso molecular do gás que se difunde.

COEQ0038
CONTRA-DISUFÃO EQUIMOLECULAR ENVOLVENDO REAÇÃO INSTANTÂNEA

Um gás A a 300 K e com uma pressão parcial de 101 kPa, difunde-se de um ponto a uma distância de
2 mm de uma superfície de catalisador onde sofre uma reação química, A B. O componente B
Produzido difunde-se na direção contrária. Calcule a concentração de A na superfície de catalisador,
yA2, e o fluxo de A no caso da reação ser instantânea. Efetue o mesmo cálculo para uma situação em que a reação é
lenta, com uma velocidade RA (mol/m2s) = k1CA. Admita que DAB=0,15×10-4 m2/s e
k1=5,63×10-3 m/s.

yA1

z
NA NB

yA2

A B
Catalisador

COEQ0038
SOLUÇÃO AO PROBLEMA
Na situação descrita, o gás A é transportado do seio da
yA1 mistura gasosa em direção à superfície do catalisador.
z
Uma vez que as moléculas de A que chegam à superfície
reagem, yA2<yA1. Temos assim um gradiente decrescente
NA NB
 de concentrações de A no sentido +z, ao qual está por
yA2 isso associado um fluxo NA. O produto B gerado à
superfície é por sua vez transportado na direção
A B contrária. Dada a estequiometria da reação (1:1), o fluxo
Catalisador de B correspondente, NB, é simétrico do fluxo A, i.e,
NA=-NB.

dy A
Partindo da Lei de Fick para o componente A: N A  CDAB
dz


N A  dz  CDAB
y A2

CDAB y A1  y A2 
Integrando:
0

y A1
dy A NA 

COEQ0038
SOLUÇÃO AO PROBLEMA
No caso de reação lenta, isto é, yA2 ≠ 0, assume-se que yA1
as moléculas de A que chegam à superfície são
z
consumidas à mesma velocidade (estado estacionário),
isto é: NA NB

yA2
NA
N A  RA  N A  k1C A2  N A  k1Cy A2  y A2 
k1C A B
Catalisador

Substituindo yA2 na equação de fluxo:

 NA 
CDAB  y A1  
 k C  CDAB y A1
NA  1
 NA 
 
DAB
k1
COEQ0038
SOLUÇÃO AO PROBLEMA

Substituindo para determinar o fluxo NA: DAB = 0,15×10-4 m2/s


CDAB y A1 C = 40,5 mol/m3
NA 
DAB yA1 =1
 k1= 5,63×10-3 m/s
k1  = 2×10-3 m

mol
N A  0,130 2
ms

Já para a fração molar yA2 é determinada por:

NA 0,130
y A2   3
 0,57
k1C 5, 63 10  40,5

Conclui-se que neste caso o fluxo é inferior e que y A2 > 0.


REFERÊNCIAS
 Bird, R. B.; Stewart, W. E. e Lightfoot, E. N. Transport Phenomena,
2nd ed. New York, John Wiley and Sons, 2001.
 Pinho, M. R.; Prazeres, D. M. Fundamentos de transferência de
massa. 2a Ed. Barcelona: IST Press, 2014.
 Bennet, C. O.; Myers, J. E. Fenômenos de transporte: quantidade de
movimento e massa. New York: McGraw Hill, 1978.
 Cussler, E.L. Diffusion. Mass Transfer in Fluid Systems. Cambridge:
Cambridge University Press, 1984.

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