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ESTACIONÁRIO
ATRAVÉS DE UM FILME FINO
FENÔMENOS DE TRANSPORTE III 1
Prof. Dr. Harvey Alexander Villa Vélez, SIAPE:
2309557
COEQ/CCET/UFMA
A DIFUSÃO NO CORPO HUMANO
FT3
O processo de difusão ocorre constantemente
no corpo humano!
Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=ZHhb9JFo01k
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EXEMPLO DE APLICAÇÃO
▪ Imagine um filme em que cada lado tem 𝐶1,0
uma solução de um soluto (espécie 1) com
concentrações diferentes;
𝐶1,𝑙
▪ Ambas as soluções são diluídas e muito bem
agitadas;
▪ O soluto difunde de uma concentração mais ∆z
alta, mantida constante em z ≤0 até uma
concentração mais baixa e também mantida
constante no outro lado do filme, localizada
a z ≥l. 0 l z
3
COMO RESOLVER?
▪ 1° passo: Balanço de massa sobre a fina camada ∆𝑧, no
interior do filme:
𝜕 𝐶1,0
▪ 𝐴∆𝑧 𝑐1 = 𝐴𝐽1 ȁ𝑧 − 𝐴𝐽1 ȁ𝑧+∆𝑧 (𝐸𝑞. 1)
𝜕𝑡
▪ (acumulação de soluto num volume A∆z) = (taxa de difusão para
dentro da camada, em z) - (taxa de difusão para fora da camada, em 𝐶1,𝑙
z+∆z)
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CONTINUANDO…
▪ 2° Passo: Dividindo a Equação 2 pelo volume da fina camada de filme, A∆z, e fazendo-se o limite para ∆z
muito pequeno:
𝐴𝐽1 ȁ𝑧 −𝐴𝐽1 ȁ𝑧+∆𝑧
▪ 0 = lim ( ) 𝐸𝑞. 3
∆𝑧→0 𝑧+∆𝑧 −𝑧
▪ Agora, podemos combinar a Eq. 4 com a primeira Lei de Fick (Eq.5), obtendo a expressão mostrada na Eq. 6,
considerando o coeficiente de difusão (D) constante:
𝑑𝑐1
▪ 𝐽1 = −𝐷
𝑑𝑧
𝐸𝑞. 5 Primeira Lei de Fick
2
𝑑 𝑐
▪ 0= 𝐷 21 𝐸𝑞. 6 Derivada da primeira Lei de Fick
𝑑𝑧
5
CONDIÇÕES DE CONTORNO
▪ A Eq.6 está sujeita a duas condições de contorno: 𝐶1,0
∆z
▪ Essas condições de contorno vão servir para determinar
a função de concentração! l
0 z
Condições de contorno
6
COMO ENCONTRAR O PERFIL DE CONCENTRAÇÃO?
▪ O perfil de concentração pode ser encontrando integrando duas vezes a Equação 6:
𝑑 2 𝑐1
▪ 0=𝐷 𝐸𝑞. 6
𝑑𝑧 2
𝑑 2 𝑐1
▪ Como D é diferente de zero: =0
𝑑𝑧 2
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TEM MAIS...
▪ Lembra das condições de contorno: 𝑧=0 𝑐1 = 𝑐1,0 1° C.C
𝑧=𝑙 𝑐1 = 𝑐1,𝑙 2° C.C
▪ Vamos aplicá-las na Eq. 11:
▪ 1° Condição de Contorno:
▪ 𝑐1 𝑧 = 𝐶1 𝑧 + 𝐶2 𝑐1 0 = 𝐶1 × 0 + 𝐶2 = 𝑐1,0 𝑐1,0 = 𝐶2 Valor de 𝐶2
▪ 2° Condição de Contorno:
(𝑐1,𝑙 −𝑐1,0 )
▪ 𝑐1 𝑧 = 𝐶1 𝑧 + 𝐶2 𝑐1 𝑙 = 𝐶1 × 𝑙 + 𝑐1,0 = 𝑐1,𝑙 = 𝐶1 Valor de 𝐶1
𝑙
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COMO ENCONTRAR O FLUXO?
Pela primeira Lei de Fick:
𝑑𝑐1
𝐽1 = −𝐷
𝑑𝑧
𝑑𝑐1 𝑑 𝑧 Lembrete:
▪ = (𝑐1,0 + (𝑐1,𝑙 −𝑐1,0 ) )
𝑑𝑧 𝑑𝑧 𝑙
𝑑𝑐1 1 A concentração é mantida constante em z ≤0 e em z ≥l. Então,
▪ = (𝑐1,𝑙 −𝑐1,0 ) 𝑙
𝑑𝑧 𝑐1,0 e 𝑐1,𝑙 = Constantes!!!
▪ Portanto:
𝑑𝑐1 𝐷
▪ 𝐽1 = −𝐷 = (𝑐1,0 −𝑐1,𝑙 ) Eq. 13
𝑑𝑧 𝑙
▪ Sendo que H é um coeficiente de partição, isto é, a concentração na membrana (𝑐1 ) dividida pela
concentração das soluções nas regiões adjacentes à membrana (𝑐1𝑠𝑜𝑙 ).
▪ O coeficiente de partição é uma propriedade de equilíbrio e, portanto, seu uso implica na existência de
equilíbrio entre a superfície da membrana e o meio.
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PERFIL DE CONCENTRAÇÃO X PROCESSOS DIFUSIONAIS
▪ O perfil de concentração será análogo ao perfil
previamente determinado na Equação 12:
𝑠𝑜𝑙 𝑠𝑜𝑙 𝑠𝑜𝑙 𝑧
▪ 𝑐1 𝑧 = 𝐻𝑐1,0 + 𝐻(𝑐1,𝑙 − 𝑐1,0 )𝑙
𝜇1,0
▪ Esse tipo de difusão também pode ser descrito em termos
de seu potencial químico. O potencial químico do soluto
ou do solvente não muda na interface entre membrana e
solução.
𝜇1,𝑙
▪ Ao invés de tentar solucionar este problema Para esse caso, a equação para o fluxo fica:
exatamente, pode-se assumir um coeficiente efetivo
de difusão que engloba a influência de toda a 𝐷𝑒𝑓 𝐻 𝑠𝑜𝑙 𝑠𝑜𝑙
geometria dos poros (tortuosidade τ e porosidade φ ) 𝐽1 = [ ](𝑐1,0 −𝑐1,𝑙 )
𝑙
Sendo 𝐷𝑒𝑓 é o coeficiente efetivo de difusão, uma função não só
do soluto e do solvente, mas também da geometria local
▪ Em meios porosos é comum definir difusividade
efetiva segundo:
Dϕ 2 𝐿𝜎 2
▪ 𝐷𝑒𝑓 =
τ2
e τ = 𝐿
O importante é perceber que o coeficiente efetivo será
menor que a difusividade real devido à tortuosidade e à
Sendo ϕ a porosidade, τ a tortusosidade, 𝐿𝜎
comprimento tortuoso e 𝐿 o comprimento efetivo porosidade!
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APLICAÇÃO PRÁTICA: CÉLULA DE
DIAFRAGMA
▪ Uma das melhores formas de se medir coeficientes de
difusão em líquidos é utilizar uma célula de diafragma.
Diafragma poroso
Solução agitada
▪ Para coletar os dados enche-se o compartimento inferior Z
com o solvente e o superior com uma solução de Conc.
concentração conhecida. Após um tempo determinado,
coletam-se amostras dos dois compartimentos e medem-se
as respectivas concentrações.
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HIPÓTESE DO PSEUDO ESTADO
ESTACIONÁRIO No pseudo estado estacionário o fluxo através do diafragma é
dado por:
𝑑𝑐1 𝐷𝐻 𝑠𝑜𝑙 𝑠𝑜𝑙
𝐽1 = −𝐷 = [ ](𝑐1,0 −𝑐1,𝑙 )
▪ Existe uma solução aproximada muito útil 𝑑𝑧 𝑙
para este problema, que se baseia na hipótese
do pseudo estado estacionário. A seguir, faz-se um balanço de massa nos compartimentos
adjacentes:
𝑠𝑜𝑙
𝑑𝑐1,𝑖𝑛𝑓𝑒𝑟𝑖𝑜𝑟
▪ Devido ao tamanho maior dos 𝑉𝑖𝑛𝑓𝑒𝑟𝑖𝑜𝑟 = −𝐴𝐽1
𝑑𝑡
compartimentos em relação ao diafragma, as
mudanças nos compartimentos são mais 𝑠𝑜𝑙
𝑑𝑐1,𝑠𝑢𝑝𝑒𝑟𝑖𝑜𝑟
lentas do que no diafragma. 𝑉𝑠𝑢𝑝𝑒𝑟𝑖𝑜𝑟 = 𝐴𝐽1
𝑑𝑡
Pode-se dividir as equações pelos respectivos volumes e a seguir
▪ Isso faz com que o perfil de concentração no subtrair uma da outra, o que resultará em:
diafragma se assemelhe a um estado 𝑑 𝑑
ou(𝑐1,𝑖𝑛𝑓𝑒𝑟𝑖𝑜𝑟
𝑠𝑜𝑙
- (𝑐
𝑐
𝑠𝑜𝑙
𝑠𝑜𝑙 𝐷𝐴𝐻
𝑠𝑜𝑙
- 𝑐=1,𝑠𝑢𝑝𝑒𝑟𝑖𝑜𝑟 )1= 𝐷𝛽(𝑐 𝑠𝑜𝑙1
−𝑠𝑜𝑙𝑐 𝑠𝑜𝑙
− 𝑐)1,𝑖𝑛𝑓𝑒𝑟𝑖𝑜𝑟
𝑠𝑜𝑙
)
1,𝑖𝑛𝑓𝑒𝑟𝑖𝑜𝑟 ) ( + )(𝑐
estacionário, embora as concentrações nos 𝑑𝑡 𝑑𝑡 1,𝑠𝑢𝑝𝑒𝑟𝑖𝑜𝑟 𝑙 𝑉𝑖𝑛𝑓𝑒𝑟𝑖𝑜𝑟
1,𝑠𝑢𝑝𝑒𝑟𝑖𝑜𝑟
𝑉𝑠𝑢𝑝𝑒𝑟𝑖𝑜𝑟
1,𝑖𝑛𝑓𝑒𝑟𝑖𝑜𝑟
1,𝑠𝑢𝑝𝑒𝑟𝑖𝑜𝑟
0−
𝑠𝑜𝑙 𝑠𝑜𝑙
1 𝑐1,𝑖𝑛𝑓𝑒𝑟𝑖𝑜𝑟 𝑐1,𝑠𝑢𝑝𝑒𝑟𝑖𝑜𝑟 0
▪ Sendo que 𝐷 = ln( )
𝛽𝑡 𝑠𝑜𝑙
𝑐1,𝑖𝑛𝑓𝑒𝑟𝑖𝑜𝑟 − 𝑠𝑜𝑙
𝑐1,𝑠𝑢𝑝𝑒𝑟𝑖𝑜𝑟
▪ Esse fator geométrico β pode ser determinado através da calibração da célula com substância cujos coeficientes de
difusão sejam conhecidos.
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EXEMPLO 1:
▪ Considere que água está evaporando da superfície de um tanque através de um filme de ar de 0,15 cm de espessura. O
coeficiente de difusão da água em ar a 20 ° C é aproximadamente 0,25 𝑐𝑚2 /s. Se o ar ambiente (acima do filme) está
50% saturado, qual será a velocidade com que o nível de água do tanque irá baixar por dia?
▪ Resolução:
𝑙 = 0,15 𝑐𝑚
▪ O fluxo de vapor d’água é dado por:
∆𝑃 = 𝑃𝑠𝑎𝑡𝑢𝑟𝑎çã𝑜 − 0,5𝑃𝑠𝑎𝑡𝑢𝑟𝑎çã𝑜
𝑑𝑐1 𝐷 𝐷×∆𝑐
▪ 𝐽1 = −𝐷 = (𝑐1,0 −𝑐1,𝑙 ) =
𝑑𝑧 𝑙 𝑙
Calculando a pressão de saturação a 20 ° C:
▪ Considerando a lei de gases ideais:
▪ 𝑃𝑉 = 𝑛𝑅𝑇 −−−→
𝑛 𝑃 ∆𝑃
= 𝑅𝑇 = 𝑐 ou ∆𝑐 = 𝑅𝑇 Eq. de Antoine:
𝑉
Então: ln 𝑃𝐴
𝑣,𝑠𝑎𝑡𝑢𝑟𝑎çã𝑜 3816,44
= 18,3036 − ( 20+273,15 −46,13)) [mmHg]
𝑣,𝑠𝑎𝑡𝑢𝑟𝑎çã𝑜
𝑃𝐴 = 17,35 mmHg ou 2,31 kPa
𝐷 × ∆𝑃
𝐽=
𝑙 × 𝑅𝑇 ∆𝑃 = 2,31 − 0,5 × 2,31 = 1,16 𝑘𝑃𝑎
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CONTINUA...
𝐷×∆𝑃
▪ 𝐽=
𝑙×𝑅𝑇
8,314 Pa×𝑚3 0,25 𝑐𝑚2
▪ Sabendo que R= , T=293,15 K e D= :
𝑚𝑜𝑙×𝐾 𝑠
∆𝑃 1 𝑚𝑜𝑙 𝑚𝑜𝑙
▪ = 1,16 × 103 × = 0,476 𝑜𝑢 4,76 ∗ 10−7
𝑅𝑇 8,314×293,15 𝑚3 𝑐𝑚3
▪ Então:
𝑔 𝑔
▪ A massa molar da água é 18 e considerando que sua densidade é 1 :
𝑚𝑜𝑙 𝑐𝑚3
𝑚𝑜𝑙 18 𝑔 1 𝑐𝑚3 𝑐𝑚
▪ 7,93 × 10−7 𝑐𝑚2 𝑠 × 𝑚𝑜𝑙 × = 1,43 × 10−5
𝑔 𝑠
𝑐𝑚
▪ ou 1,23 será diminuído do nível de água do tanque.
𝑑𝑖𝑎
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EXEMPLO 2
▪ Utiliza-se um pequeno saco de aproximadamente 85,6 𝑐𝑚2 de um filme flexível de um
determinado polímero, cuja espessura é igual a 0,051 cm. Armazena-se água destilada e
suspende-se o saco dentro de uma estufa a 35°C e 75% de umidade relativa. O saco é pesado
por diversos dias, dando o seguinte resultado:
Tempo (dias) Massa do saco (g)
0 14,0153
1 13,9855
4 13,9104
7 13,8156
8 13,7710
12 13,6492
14 13,5830
16 13,5256
Qual é a permeabilidade (DH) do filme?
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RESOLUÇÃO...
𝑑𝑐1 𝐷𝐻
▪ A taxa média de perda de água no saco é de: Sabendo que 𝐽 = −𝐷 =[ ]× ∆𝑐
𝑑𝑧 𝑙
14,0153−13,5256 𝑔
▪ 𝑊𝑙𝑜𝑠𝑠 = = 0,031 ∆𝑃
16 𝑑𝑖𝑎 E ∆𝑐 = 𝑅𝑇, devemos encontrar ∆𝑃:
▪ O fluxo molar é o número de mols por unidade de área x
tempo: ∆𝑃 = 𝑃𝑠𝑎𝑡𝑢𝑟𝑎çã𝑜 − 0,75𝑃𝑠𝑎𝑡𝑢𝑟𝑎çã𝑜
𝑔
▪ A massa molar da água é de 18 : Calculando a pressão de saturação a 35 ° C:
𝑚𝑜𝑙
𝑔 1 𝑚𝑜𝑙 𝑚𝑜𝑙 𝑚𝑜𝑙
▪ 0,031 × = 0.0017 𝑑𝑖𝑎 ou 1,99 × 10−8 Eq. de Antoine:
𝑑𝑖𝑎 18 𝑔 𝑠
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REFERÊNCIAS
❖ Bird, R. B.; Stewart, W. E. e Lightfoot, E. N. Transport Phenomena, 2nd ed. New York, John
Wiley and Sons, 2001.
❖ Pinho, M. R.; Prazeres, D. M. Fundamentos de transferência de massa. 2a Ed. Barcelona:
IST Press, 2014.
❖ Cussler, E.L. Diffusion. Mass Transfer in Fluid Systems. Cambridge: Cambridge University
Press, 1984.
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