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CHAPTER 6

O PRINCÍPIO DE EQUIVALÊNCIA E AS BASES DA


RELATIVIDADE GERAL

O Princı́pio de equivalência da relatividade geral é uma generalização do princı́pio da


relatividade restrita.

De acordo com a discussão no livro de H. M. Nussenzveig: As leis da mecânica na pre-


sença de um campo gravitacional �g uniforme são as mesmas que resultariam, na ausência do
campo, num referencial uniformemente acelerado, com aceleração �g , ou seja, não é possı́vel
distinguir entre as duas situações por experiências de mecânica. Desta forma podemos enun-
ciar o Princı́pio de Equivalência (de acordo com Nussenzveig): Num recinto suficientemente
pequeno para que o campo gravitacional dentro dele possa ser tomado como uniforme, em queda
livre dentro desse campo, todas as leis fı́sicas são as mesmas que num referencial inercial, na
ausência do campo gravitacional.

Vale também enunciar o Princı́pio de Equivalência de acordo com Weinberg: Em todos os


pontos do espaço-tempo em um campo gravitacional arbitrário é possı́vel escolher um sistema
de coordenadas inercial local tal que, em uma região suficientemente pequena próxima desses
pontos, as leis da natureza possuem a mesma forma que em um sistema cartesiano não-acelerado
na ausência do campo gravitacional.

A ideia básica do Princı́pio de Equivalência pode ser melhor entendida com a ajuda figura
a seguir.

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Sistemas de coordenadas xμ (laboratório) elaboratório) e ξμ (laboratório) eem queda livre, com aceleração g em relação a xμ)

ξμ

xμ g

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6.1 Forças gravitacionais
Considere uma partı́cula livre movendo-se sob influência somente de forças gravitacionais.
De acordo com o Princı́pio de Equivalência, existe um sistema de coordenadas em queda livre
ξ α em que sua equação de movimento é o de uma linha reta no espaço-tempo, ou seja, sua
aceleração (ou 4-vetor aceleração) é nula:

d2 ξ α
= 0, (6.1.1)
dτ 2
em que dτ é o tempo próprio. No referencial ξ α valem as leis da relatividade restrita, em
particular as TL e o tensor métrico de Minkowski ηµν .

Agora suponha um outro sistema de coordenadas qualquer xµ , que pode ser um sistema de
coordenadas cartesiano em repouso no laboratório, mas também pode ser curvilı́neo, acelerado,
rotativo ou qualquer outro. O sistema de coordenadas em queda livre ξ α pode ser escrito em
função de xµ , e a equação (6.1.1) será:
� �
d2 ξ α d � dξ α � d ∂ξ α dxµ
= = = 0. (6.1.2)
dτ 2 dτ dτ dτ ∂xµ dτ
α
∂ξ α
Note que o fator ∂x µ faz exatamente o mesmo papel da matriz de transformação de Lorentz Λ µ

entre um referencial S e S visto anteriormente. No entanto aqui não conhecemos a forma da
transformação, já que ela pode ser qualquer transformação. A derivada em relação ao tempo
próprio vai agir nos dois termos:
d � ∂ξ α dxµ � d � ∂ξ α � dxµ ∂ξ α d � dxµ �
= + µ
dτ ∂xµ dτ dτ ∂xµ dτ ∂x dτ dτ
∂ � ∂ξ α � dxν dxµ ∂ξ α d2 xµ
= + µ
∂xν ∂xµ dτ dτ ∂x dτ 2
∂ 2 ξ α dxν dxµ ∂ξ α d2 xµ
= + µ = 0. (6.1.3)
∂xν ∂xµ dτ dτ ∂x dτ 2
∂xλ
Multiplicando pela transformação inversa ∂ξ α
:

∂xλ ∂ 2 ξ α dxν dxµ ∂xλ ∂ξ α d2 xµ


+ α µ = 0. (6.1.4)
∂ξ α ∂xν ∂xµ dτ dτ ∂ξ ∂x dτ 2

e usando a propriedade já conhecida (veja Exercı́cio 4 da Lista 2, para o caso particular das
TL):

∂xλ ∂ξ α
= δµλ
∂ξ α ∂xµ
obtemos:

d 2 xλ ∂ 2 ξ α ∂xλ dxµ dxν


+ =0 (6.1.5)
dτ 2 ∂xµ ∂xν ∂ξ α dτ dτ
que generaliza a Eq. (6.1.1) para o caso de um sistema de coordenadas generalizadas xµ .

Exercı́cio: Faça xµ = ξ µ na equação (6.1.5) e mostre que ela se reduz a (6.1.1).

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