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Nas atas do inquérito de Bolonha Estevã o figura como uma liderança entre
os frades no dia da translatio corporis de Domingos, apontado como
responsá vel por estabelecer o dia e o modo de trasladar o corpo.
Frade Joã o nasceu por volta de 1200, na cidade de Vicenza, e morreu por
volta de 1265, na regiã o da Puglia. Ele desenvolveu estudos jurídicos em
Pá dua, onde teve seu primeiro contato com Domingos de Gusmã o, por volta
de 1220, por meio das pregaçõ es que o Mestre Geral realizava naquela
cidade. Posteriormente ingressou na Ordem dos Pregadores e ocupou o
cargo de prior do convento de San Agostino (em Pá dua) por volta de 1230.
Apesar do silêncio dos escritos dominicanos, a movimentaçã o e as iniciativas
do frade Joã o em favor de um reconhecimento pú blico da santidade para
Domingos, ficaram registradas no testemunho de Estevã o da Lombardia
junto ao inquérito realizado em Bolonha.
Em maio de 1233, o papa Gregó rio IX enviou uma carta ao referido frade,
felicitando-o por suas atividades em Bolonha e exaltando “quantas coisas
magníficas você tem feito com a graça do Senhor, que só aumentará ”
(AUVRAY, 1896, p.751, Reg. 1339).
“Frade Joã o, da Ordem dos Pregadores, residente de Bolonha, rogamos
que assuma uma legaçã o para fazer a paz entre Florentinos e Sienenses”
(AUVRAY, 1896, p. 714, registro 1270).
O contexto histó rico da Itá lia nas primeiras décadas do século XIII foi
marcado, dentre outras características, pelas disputas e confrontos de
autoridade entre o imperador Frederico II e as comunas da Lombardia,
e mesmo entre as diferentes cidades daquela regiã o, que buscavam cada
qual garantir seus interesses conjunturais. Este cená rio conturbado
criou oportunidades ao papado, como poder moderador/mediador dos
conflitos envolvendo as comunas e o império, por meio da mobilizaçã o e
orientaçã o de representantes papais nas diferentes localidades.
A aná lise das fontes evidenciou o peso da orientaçã o/intervençã o do
papado naquela causa de santidade e na política comunal em Bolonha,
com iniciativas paralelas e associadas, como se fizessem parte de um
mesmo negotium. As comunicaçõ es do papa Gregó rio IX com Estevã o e,
principalmente, com Joã o indicam que o papado mobilizava tais frades
para atuar em questõ es locais e regionais, por meio de mandatos.
A diplomacia papal exercida por intermédio de seus representantes,
nesse caso frades dominicanos, criou oportunidades para trocas
políticas e rearranjo de forças locais, que auxiliavam a alavancar
projetos de interesse papal, tal como a canonizaçã o de Domingos de
Gusmã o.
BIBLIOGRAFIA