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CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO DISTRITO FEDERAL

3° GRUPAMENTO BOMBEIRO MILITAR - SIA

Fevereiro, 2021
OBJETIVOS
 Identificar a hemorragia e choque;

 Conhecer as técnicas para o controle de hemorragias externas;

 Reconhecer e diminuir os sinais de hipoperfusão;

 Evitar o agravamento;

 Direcionar o melhor tratamento para a vítima que se encontra em estado de choque;

 Aumentar a sobrevida.
HEMORRAGIA
 É a causa n°1 de mortes evitáveis após lesões;
 É o extravasamento de sangue dos vasos sanguíneos ou das cavidades do coração,
podendo provocar estado de choque e óbito. Pode ser externa ou interna;
 Tríade da hemorragia – “C-H-A”:
- Coagulopatia;
- Hipotermia;
- Acidose metabólica.
TRATAMENTO PRÉ-HOSPITALAR
 Exponha o local do ferimento;
 Efetue hemostasia;
 Afrouxe roupas;
 Previna a perda de calor corporal;
 Não dê nada para o paciente comer ou beber;
 Se necessário, ministre oxigênio suplementar;
 Estabilize e transporte o paciente
TEMPO
 Quanto mais rápido o atendimento, maiores são as chances de
sobrevida do paciente.
SEGURANÇA PESSOAL

 SUA segurança é SUA primeira prioridade. Se você está ferido,


você não pode ajudar os outros. Ajude outras pessoas apenas quando
for seguro fazê-lo. Se a situação mudar ou se tornar insegura:

- Pare;
- Mova-se para um local seguro
- Se puder, leve a vítima com você
SEGURANÇA PESSOAL

 SUA segurança é SUA primeira prioridade. Use luvas e todos os


EPI’s necessários. Caso tenha contato com sangue de outra pessoa,
certifique-se de limpar as partes que o sangue tenha tocado em você.
Informe aos profissionais do serviço de emergência (Bombeiros,
SAMU) que você se sujou com sangue e siga as orientações.
PROTOCOLO
 Segurança da cena, e do socorrista;
 Prioridade: atender as demandas visivelmente mais alarmantes;
 Segundo plano: verificação cautelosa de todas as partes do corpo, desde a região mais proximal
ao tronco até a região mais distal;
 Após tratar lesões que ameacem a vida  análise cuidadosa do tórax.
TIPOS DE HEMORRAGIA
 Classificação clínica:
- Hemorragia externa: ferimentos abertos  sangue é eliminado para o
exterior do organismo;
- Hemorragia interna: lesão de um órgão interno  sangue se acumula em uma
cavidade do organismo.
 Classificação anatômica:
- Hemorragia arterial: faz jorrar sangue pulsátil, e de cor vermelho vivo;
- Hemorragia venosa: sangue sai mais lentamente e contínuo, com cor vermelho
opaco;
- Hemorragia capilar: sangue sai lentamente dos vasos menores, na cor similar ao
sangue venoso/arterial.
TÉCNICAS PARA O CONTROLE DE
HEMORRAGIA
 ABC do Controle de Sangramentos

A Alerta (192/193)

B Sangramento

C Compressão
ABC DO CONTROLE DE
SANGRAMENTOS
 A Alerta (192/193)

- Ligue para o serviço de emergência


- Tenha ciência de sua localização
- Siga as orientações do atendente do 192/193
ABC DO CONTROLE DE
SANGRAMENTOS
 B Sangramento
- Identificar a fonte de sangramento, com atenção para:
- Sangramento contínuo
- Sangramento de grande volume
- Poça de sangue
- Pode haver vários lugares onde a vítima está sangrando.
- Roupas também podem esconder sangramentos que ameaçam a vida.
ABC DO CONTROLE DE
SANGRAMENTOS
 C Compressão – Pressão
- Aplique pressão direta na ferida;
- Concentre-se na localização do sangramento;
- Use gaze ou pano apenas o suficiente para cobrir lesões;
- Se a pressão parar o sangramento, mantenha até que chegue ajuda.
PRESSÃO DIRETA
 Compressas largas – preferencialmente estéreis – diretamente no foco hemorrágico;
 Ferimentos menores  gazes estéreis;
 Deve-se utilizar a pressão direta por pelo menos 5min;
 Sangramentos multifocais  pressão direta por meio de curativos compressivos
ABC DO CONTROLE DE
SANGRAMENTOS
 C Compressão – Preenchimento
- Para feridas profundas, a pressão superficial não é eficaz;
- Se o sangramento for resultado de um ferimento profundo, coloque uma gaze
bem apertada no ferimento até que pare o sangramento;
- Mantenha a pressão até que a ajuda chegue.
ABC DO CONTROLE DE
SANGRAMENTOS
 C Compressão – Torniquetes
- Aplicar o torniquete sempre na parte mais alta e o mais apertado possível;
- Aperte o torniquete até que o sangramento pare;
- Não colocar sobre o cotovelo ou joelho;
- PHTLS  baixo risco de lesão se usado por até 150min.
ABC DO CONTROLE DE
SANGRAMENTOS
 C Compressão – Torniquetes
- Podem ser aplicados em outras pessoas ou em você mesmo;
- Podem ser aplicados sobre roupas;
- Torniquetes causam dor;
- Um segundo torniquete pode ser necessário para parar um sangramento;
- Aplicação somente em membros.
ORIENTAÇÕES PARA USO DO
TORNIQUETE
 Dê preferência para o uso de torniquetes táticos;

 Torniquete improvisado  confeccionado com fita larga;

 Anote o horário de aplicação do torniquete;

 Não afrouxe o torniquete no ambiente pré-hospitalar;

 Realizar a limpeza com água e sabão neutro;

 Realizar desinfecção com produto a base de quaternário de amônia.


SOFT TT
RMT

CAT SAM-XT

TX3

TMT
CONTROLE DE HEMORRAGIA EM
CRIANÇAS
 Em todas as crianças, exceto nas muito pequenas, o mesmo torniquete usado para
adultos pode ser usado;
 Para bebês ou crianças muito pequenas (torniquete muito grande), a pressão direta
sobre a ferida, como já foi dito antes, funcionará em praticamente todos os casos;
 Para feridas grandes e profundas, o preenchimento da ferida pode ser realizado em
crianças assim como em adultos, usando a mesma técnica já descrita.

 Obs.: Não é recomendado o uso do “torniquete improvisado”.


RESUMO

 Segurança pessoal
 A Alerta
 B Encontre o sangramento
 C Compressão/preenchimento
 C Compressão com torniquete
FLUXOGRAMA DE CONTROLE DE
SANGRAMENTOS EXTERNOS Sangramentos
externos

Cabeça, pescoço
Membros e tronco

Sangramento Sangramentos
importante menores
Pressão direta

Torniquete tático
disponível? Sangramentos
Pressão direta
externos

Não Sim
Sangramento controlado?

Pressão direta Aplicar

Não Sim

Torniquete tático quando


disponível ou improvisar

Torniquete tático
ou improvisado Fixar curativo
CHOQUE
 Sistema aeróbico: O2 + glicose ATP

 Sistema anaeróbico: Glicose ácido lático + ATP

 Corpo humano funciona como um sistema perfeito para manter a função celular
normal

 Sistema circulatório: quantidade de eritrócitos suficientes e fornecer quantidades


adequadas de O2 às células teciduais

 Choque é uma infusão tecidual insuficiente no nível celular, levando ao metabolismo


anaeróbico e perda de produção de energia necessária para sustentar a vida.
PRINCÍPIO DE FICK
 Componentes necessários para a oxigenação das células no corpo:
- Carga de O2 para eritrócitos no pulmão; Previne
- Chegada de eritrócitos às células teciduais; metabolismo
- Descarga de O2 de eritrócitos para células teciduais. anaeróbico.

• SOS:

- Controle do sangramento nos membros

- Manter via aérea e ventilação adequada

- Manter o paciente aquecido para facilitar a descarga de O 2

- Manter a circulação adequada, que infunde células teciduais com sangue oxigenado
CLASSIFICAÇÃO DO CHOQUE
 Hipovolêmico: redução acentuada do volume circulante no organismo, devido à
perda de sangue, plasma, ou líquido.
- Causa possível: vasos lesados  diminuição no volume de sangue

 Distributivo: relacionado à anormalidade no tônus vascular sofrido por várias


causas.
- Tipos: neurogênico, anafilático e séptico
- Causa possível: dilatação de vasos sanguíneos por algum motivo

 Cardiogênico: falha do coração no bombeamento sanguíneo.


- Causa possível: insuficiência cardíaca
CHOQUE HIPOVOLÊMICO
 Causa mais comum de choque encontrada no ambiente pré-hospitalar

 de sangue  coração estimulado a aumentar a produção cardíaca

 Choque hemorrágico  adulto de 70Kg com 5L de sangue  perda de 2L


de sangue  hemorragia classe 4:
- Taquicardia
- Taquipneia
- Confusão profunda ou letargia
- Pressão arterial sistólica na faixa de 60mmHg
CHOQUE DISTRIBUTIVO
 Anormalidade no tônus vascular

- Choque neurogênico: lesão na medula espinhal  SN não consegue controlar o


calibre dos vasos sanguíneos. Sintomas: - Pele quente e seca, bradicardia, alerta e
orientado.

- Choque anafilático: quando uma pessoa entra em contato com alguma substância na
qual é alérgica. Sintomas: - Prurido e ardor na pele, edema generalizado e dificuldade
para respirar.

- Choque séptico: toxinas lançadas por microorganismos, provocando uma dilatação


dos vasos sanguíneos. Ocorre geralmente no ambiente hospitalar.
CHOQUE CARDIOGÊNICO
 Falha no bombeamento sanguíneo

 Causas intrínsecas (danos cardíacos diretos) ou extrínsecas (relacionadas a um


problema externo ao coração)
SINAIS E SINTOMAS GERAIS DO
ESTADO DE CHOQUE
 Inquietação ou ansiedade;
 Respiração rápida e superficial;
 Pulso rápido e fraco;
 Pele fria;
 Sudorese;
 Palidez ou cianose;
 Pupilas dilatadas;
 Sede;
 Náuseas e vômitos;
 Frio;
 Fraqueza;
 Tontura;
 Hipotensão;
 Alteração do nível de consciência;
 Enchimento capilar acima de 2 segundos.
PROCEDIMENTOS GERAIS
 Gerencie riscos na cena de emergência
 Faça uso do EPI completo conforme o contexto de atendimento
 Controle imediatamente sangramentos externos que ameaçam a vida
PROCEDIMENTOS GERAIS
 Avalie vias aéreas e coluna cervical
 Avalie a ventilação
 Avalie a circulação por meio de sinais sugestivos de choque circulatório
 Avalie o estado neurológico
PROCEDIMENTOS GERAIS
 Promova o controle da temperatura corporal
 Realize acesso venoso, conforme orientação do médico regulador*
 Inicie a infusão cautelosa de fluido, preferencialmente Ringer Lactato, conforme
orientação do médico regulador*
 Imobilize fraturas se as condições clínicas do paciente permitirem
KENDRICK EXTRICATION DEVICE (KED)
 É um dispositivo utilizado junto com o colar cervical que permite a imobilização da cabeça,
coluna cervical e lombar em uma posição anatômica, permitindo que a vítima seja imobilizada,
prevenindo lesões adicionais durante a extricação.
 Projetado por Richard Lee Kendrick em 1978;
 “É da responsabilidade do pessoal de Serviços de Emergência Médica qualificados para avaliar a
condição do paciente e determinar o equipamento adequado e procedimentos para usar”

Profissionais capacitados
CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE O USO
DO KED
 O emprego de outros coletes que restringem os movimentos da coluna
limita os movimentos respiratórios;

 A extração em ângulo zero é a primeira a ser recomendada por ser


controlada, segura, e por permitir restringir movimentos na coluna;

 A aplicação do KED pode atrasar o atendimento definitivo da vítima;

 Inevitavelmente, haverá movimento da vítima durante a colocação do KED;

 Em lesões pélvicas o KED pode não ser indicado;


CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE O USO
DO KED
 O KED não deve ser usado para pacientes críticos, com necessidade de extração
rápida;
 A estabilização da coluna nunca deve atrasar ou impedir a intervenção que salva vidas
na vítima de trauma gravemente ferida;
 Isso não implica que as precauções com a coluna vertebral sejam totalmente
abandonadas, mas apenas aplicadas até certo ponto;
 Pacientes instáveis devem receber apenas imobilização mínima  colar cervical;
 A imobilização completa pode ser indicada para pacientes hemodinamicamente
estáveis;
CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE O USO
DO KED
 Vítimas de TCE com aumento da PIC  realizar proteção cervical minimalista;

 Indicação de KED é muito restrita;

 KED oferece pouco suporte espinhal, consome muito tempo  não deve ser usado
para a grande maioria das extrações;
USO NÃO RECOMENDADO DO KED
 Vítima de TCE;

 Vítima com hemorragia grave;

 Lesão na pelve ou no abdômen;

 Paciente obeso;

 Paciente grávida;

 Vítima em PCR;

 Vítima com lesão por tempo;

 Carro com risco de explosão.


PROTOCOLO
 Segurança da cena e dos socorristas;
 Estabilização veicular;
 Abrir espaço  afastar o banco, tirar o encosto da cabeça, tirar o cinto e a chave da
ignição, puxar o freio de mão, colocar o protetor de airbag, ver se o carro não tem
airbag lateral;
 Analisar se a vítima não tem algum tipo de impedimento;
 Estabilização da cervical;
 Checar a integridade dos tirantes;
 Dar o espaço para a colocação do KED;
 Entrar com o KED  abrir abas  verificar se tem necessidade de coxim 
centralizar as abas  fechar os tirantes (meio-baixo-cima)  tracionar devagar e
continuamente tirante da perna em X  ajustar os tirantes  tirantes da cabeça
preferencialmente cruzados;
 Ideal: retirada em 0°. Depois 30°, 60° e por último 90°;
 Retirar com a prancha, preferencialmente pela cabeça;
 https://www.youtube.com/watch?v=dpSYXJAwDdI

 AULA SOBRE A RETIRADA COM O KED


CONCLUSÃO
 Uso do KED muito restrito;

 Se limita a hipóteses de espaço confinado, e situações onde a prancha longa


não entre;

 Alguns autores não indicam mais o uso do KED;

 Falsa ideia de que inibem totalmente os movimentos da coluna.


Obrigada!

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