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CENTRO UNIVERSITÁRIO FACEX - UNIFACEX

DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM
PRIMEIROS SOCORROS

Suporte básico de vida: vítimas de


engasgo, afogamento e PCR
Quedas, fraturas e luxações.

Profa. Me. Flávia Barreto Tavares Chiavone


Objetivos
Reconhecer os conceitos de primeiros socorros e suporte básico de vida;

Compreender o algoritmo da SBV;

Conhecer manobras de desengasgo;

Identificar as ações para os primeiros socorros em pacientes vítimas de


afogamento;
Diferenciar os tipos de lesões musculoesqueléticas.
O que é
Suporte Básico
de Vida (SBV)?
O Suporte Básico de Vida (SBV) consiste em um conjunto de
medidas voltadas à redução do dano ou do risco de morte
associado a eventos cardiovasculares, em especial, à parada
cardiorrespiratória (PCR) não traumática, tanto no ambiente
extra hospitalar como no ambiente intra-hospitalar.
Conceitos Importantes

• Acidente: evento ocorrido por acaso ou


oriundo de causas desconhecidas ou um
acontecimento desastroso por falta de
cuidado, atenção ou ignorância.
• Trauma: evento nocivo que advém da
liberação de formas específicas de energias
ou de barreiras físicas ou fluxo normal de
energia.
http://www.cardiometro.com.br/

Doenças Cardiovasculares
▪ Principal causa de morte no mundo;
▪ 3 vezes mais que as doenças respiratórias;
▪ 6,5 vezes mais que todas as infecções incluindo a
AIDS;
▪ No Brasil, são mais de 1100 mortes por dia, cerca
de 46 por hora, 1 morte a cada 1,5 minutos (90
segundos);
▪ Insuficiência Cardíaca:
▪ É considerada como uma patologia grave;
▪ Afeta no mundo, mais de 23 milhões de pessoas;
▪ A sobrevida após 5 anos de diagnóstico pode ser de
apenas 35%.

OPAS, 2017; Diretrizes Brasileiras de Hipertensão, 2017; SBC, 2020


Como solucionar esses
problemas?
American Heart Assoaciation (AHA)

• Associação Americana do Coração – Organização sem fins lucrativos .


• Sediada nos Estados Unidos - providencia cuidados cardíacos no sentido
de reduzir lesões e mortes causadas por doenças cardiovasculares e
AVC.
• Publica normas para a providência de SBV e SAV, incluindo normas para
a correta execução de RCP.
• Reúne-se a cada 5 anos para discutir, ou modificar os protocolos de SBV
e SAV.
Cadeia de Sobrevivência do ACE (Atendimento
Cardiovascular de emergência) em adultos

AHA, 2020
Porque iniciar o SBV?

4 Min: inicia-se a lesão cerebral

10 Min: déficit neurológico

15 Min: estado vegetativo

20 Min: Morte encefálica

AHA, 2020
Previsto em Lei
• PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE
• DECRETO-LEI N.º 2.848, DE 7 DE DEZEMBRO DE
1940
• CAPÍTULO III: DA PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE
• Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando
possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança
abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou
ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo;
ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade
pública: Parágrafo único:
• Pena - detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa.
A pena é aumentada de metade, se da omissão resultar
em lesão corporal de natureza grave, e triplicada, se resultar em
morte.
PARADA RESPIRATÓRIA

• É a supressão súbita dos movimentos


respiratórios, podendo ser acompanhada ou
não de parada cardíaca.
Causas da Parada Respiratória
• Corpos estranhos que obstruem a via aérea;
• Inalação de fumos ou de gases tóxicos;
• Estrangulamento ou golpes fortes na traqueia, que podem causar a fatura
ou esmagamento da mesma;
• Eletrocussão;
• Afogamento;
• Overdose de medicamentos, como barbitúricos.
Sinais e Sintomas

• Ausência de movimentos respiratórios;

• Cianose (cor azul dos lábios, unhas,


não obrigatório);

• Dilatação das pupilas (não obrigatória);

• Inconsciência.
Cuidados na Parada Respiratória

• Nos casos em que apresentem parada respiratória após trauma (acidente) não
devemos nos esquecer da possibilidade de fratura de coluna cervical;

• Quando a vítima não responde, o socorrista deve verificar se ela está


respirando, a uma distância de 1m;

• Esta avaliação requer o posicionamento adequado da vítima, com as VVAA


abertas.
Posicionamento para iniciar o atendimento

• Deverá estar deitada em superfície plana e rígida;

• Se a vítima estiver de bruços (em decúbito ventral), o socorrista deve girar o


corpo como um todo, de maneira que a cabeça, ombros e torso se movem
simultaneamente, sem se torcer.

• Deve-se tomar muito cuidado se houver suspeita de lesão no pescoço ou nas


costas.
Abertura de VVAA
• Uma das condutas mais importantes para o
sucesso na ressuscitação é a rápida
desobstrução das VVAA.

• A vítima não responsiva, em geral, apresenta


perda do tônus muscular, com consequente
obstrução da faringe pela queda da base da
língua e tecidos moles da faringe.
Cânula
Orofaríngea
(Guedel)
Desobstrução de VVAA
• Chin Lift: Atualmente a manobra mais utilizada;

• Jaw Thrust: Quando há suspeita de trauma na


cervical;

• Se um corpo estranho ou vômito for visível na


boca, deve ser removido.

• Não se deve levar muito tempo neste


procedimento.
Desobstrução de VVAA
• Os líquidos e semilíquidos devem ser removidos
com o dedo indicador e o médio, protegidos por
um tecido;

• Os corpos sólidos devem ser extraídos pelo dedo


indicador em posição de gancho.
Desobstrução de VVAA –
Manobra de Heimlich

• É reconhecido como o melhor método pré-


hospitalar de desobstrução das vias aéreas
superiores por corpo estranho;

• Descrita pela primeira vez pelo médico


estadunidense Henry Heimlich em 1974;

• Induz uma tosse artificial, que deve expelir o


objeto da traqueia da vítima.
Posição de recuperação

• Se a vítima estiver sem resposta,


não houver evidência de trauma e
estiver claramente respirando de
maneira adequada, o socorrista
deve colocá-la na “posição de
recuperação”;

• Em caso de trauma/suspeita, não


movimentar a vítima.
Como
reconhecer a
necessidade do
SBV?
• Checar responsividade e respiração

C: • Chamar por ajuda;


• Checar pulso;
• Iniciar compressões (30 compressões)

CADB – Primário
Mnemônico para A: • Abertura de VVAA;

lembrar os passos da
SBV
B: • Boa ventilação (2 ventilações)

D: • Desfibrilação com DEA.

AHA, 2020
Sequência de Atendimento
do paciente em PCR no SBV
AHA, 2020
Parada
Cardiorrespiratória
(PCR)
• A parada cardiorrespiratória é
quando o coração para de bater
repentinamente ou passa a bater
de forma insuficiente, muito
devagar;
• A parada cardíaca é reconhecida
pela ausência de pulso nas
grandes artérias da vítima
inconsciente.
Sinais e sintomas da PCR

• Ausência de pulso (radial, femoral e carotídeo);


• Pele fria, azulada ou pálida;
• Parada respiratória (frequente, mas não obrigatória);
• Inconsciência;
• Dilatação das pupilas (frequente, mas não obrigatória);

Na dúvida, proceda como se fosse


• Checar responsividade e respiração

C: • Chamar por ajuda;


• Checar pulso;
• Iniciar compressões (30 compressões)

CADB – Primário
Mnemônico para A: • Abertura de VVAA;

lembrar os passos da
SBV
B: • Boa ventilação (2 ventilações)

D: • Desfibrilação com DEA.

AHA, 2020
Checar Responsividade e respiração (C)

• Estímulo verbal;
• Estímulo Tátil;
• Estímulo doloroso (glabela, trapézio, esterno);
• Escala de Glasgow;

• Movimentos respiratórios (ritmo, frequência, expansibilidade torácica).


Chamar por ajuda (C)

• Hospitalar: Equipe de
enfermagem, médico
plantonista.

• Ambiente externo: SAMU 192.


Checar
Pulsos (C)
Compressões Torácicas (C)

Consiste de uma série de aplicações rítmicas de pressão sobre a parte


inferior do esterno;

Produzem circulação, como resultado de um aumento generalizado


da pressão intratorácica ou da compressão direta no coração;

O sangue circula para os pulmões, onde receberá oxigênio suficiente


para a manutenção da vida.
Compressões Torácicas (C)
• O paciente deve estar deitado, em posição
horizontal durante as compressões torácicas;

• Caso a vítima esteja sobre uma cama, deve-se


colocar uma tábua sob o tórax em contato direto
com as costas;

• As compressões devem ser acompanhadas de


“ventilações”
• 30 compressões: 2 ventilações (VVAA não
avançada).

AHA, 2020
Compressões Torácicas (C)
• Os cotovelos assim como o braço devem estar
estendidos formando um ângulo reto (90 grau)
com a parede do tórax da vítima;

• O socorrista deve se colocar rente ao corpo da


vítima, posicionando a mão e mantendo os braços
esticados;

• O peso do tronco do socorrista irá criar a pressão


necessária para realizar as compressões.

AHA, 2020
Compressões Torácicas (C)

• Frequência de compressão: um mínimo de 100/


minuto:
• Relação Ventilação de 30: 2.
• O esterno adulto deve ser comprimido, no
mínimo 5 cm;
• Permitir retorno total entre as compressões;
• Alternar as pessoas que aplicam as compressões
a cada 2 min;
• Limitar as interrupções em 10 segundos.
https://www.youtube.com/watch?v=CG2qPxN_2Sw
AHA, 2020
Abertura de VVAA (A)

https://www.youtube.com/watch?v=SOcy3S73W7Y
Ventilação (B)

• Relação de 30 compressões para 2


ventilações;

• Dispositivo boca a boca;

• Lenço Facial;

• Ambu;

AHA, 2020
Desfibrilação (D)
• Desfibrilador Externo Automático (DEA):
• É um aparelho eletrônico portátil que diagnostica
automaticamente as arritmias cardíacas:
• fibrilação ventricular
• taquicardia ventricular.

• Gera a desfibrilação, uma aplicação de corrente


elétrica;

• Faz com que o coração retome o ciclo cardíaco normal.


Desfibrilador Externo
Automático (DEA):
• O DEA pode ser utilizado por público leigo:
• Operador com capacitação em SBV.

• Todos os Aeroportos, Shopping Centers, Centros


Empresariais, Estádios de Futebol, Hotéis,
Hipermercados e Supermercados, Casas de
Espetáculos, Clubes, Academias;
• Locais de trabalho com média diária de 1500 ou mais
pessoas ficam obrigados a manter aparelho
DESFIBRILADOR EXTERNO AUTOMÁTICO, em suas
dependências.”
Ritmo Sinusal
Assistolia
Atividade elétrica sem
pulso
Taquicardia Ventricular
s/pulso
Fibrilação Ventricular
De acordo com a lei 7498/86 do exercício profissional de

Papel da enfermagem, os enfermeiros são responsáveis pela assistência


direta aos pacientes graves com risco de vida e pelas práticas
Enfermagem no SBV que exijam maior complexidade e conhecimentos científicos;

Liderar equipe de
Controle de
enfermagem – Avaliar cena e Avaliar o paciente
materiais e
Papel do ambiente; (cefalo-podalico);
insumos;
enfermeiro;

Realizar punções Administração de Compressões e


Avaliar SSVV;
venosas; medicamentos; ventilações;

Auxiliar equipe
médica na Observar causas Oferecer cuidados
realização de para PCR; pós PCR.
procedimentos;
Suporte Básico de Vida ao Paciente Vítima de Afogamento
Afogamento
• É um processo fisiológico de aspiração de líquido não corporal por submersão ou

imersão que pode levar a hipóxia;

• O afogamento pode ser falta ou não fatal;

• O resgaste e o SBV tem como objetivo manter um fluxo sanguíneo adequado para o

coração e o cérebro;

• A RCP em caso de afogamento deve ter durar no mínimo 1 hora após o início.
Afogamento
Quedas,
fraturas e
luxações
Sistema
Muscoloesquelético
Lesões Musculoesqueléticas
• A maioria das lesões em ossos, músculos e tecidos que os ligam resulta de traumas ou
uso excessivo;

• A parte lesionada apresenta:

• Dor, edema, pode ter: hematomas, aspecto distorcido, flexionado ou fora aspecto
anatômico, hemorragias, fragmentos expostos.

• Pode gerar lesões e danos em: vasos sanguíneos, nervos, infecções e problemas
articulares duradouros.
Lesões Musculoesqueléticas
O tratamento depende do tipo e da gravidade da lesão, o mnemônico:

• PRICE
• P – Protection; (Proteção);
• R – Rest; (Repouso);
• I – Ice; (Gelo);
• C – Compression; (compressão);
• E – Elevation;(Elevação).
Fraturas
• São definidas como a perda, total ou parcial,
da continuidade de um osso;

• Fratura pode ser simples (fechada) ou exposta


(aberta);
Entorses
• Entorse pode ser definida como uma separação momentânea
das superfícies ósseas, em nível da articulação.

• É a torção ou distensão brusca de uma articulação além de seu


grau normal de amplitude;

• Estiramento dos ligamentos na articulação ou perto dela, pode


provocar lesões nos músculos e os tendões próximo ao local, e
quando ocorre de forma excessiva pode haver rompimentos
violentos.
Tipos de Entorse
Tipos de Entorse
Luxações
• A luxação é uma lesão onde as extremidades ósseas que
formam uma articulação ficam deslocadas, permanecendo
desalinhadas e sem contato entre si.

• O desalinhamento das extremidades ósseas de uma


articulação perdem o contato entre si.

• Sinais e sintomas:
• Dor intensa, deformidade grosseira no local da lesão e a
impossibilidade de movimentação.
Luxações
LUXAÇÕES:
TIPOS DE IMOBILIZAÇÃO
• Fraturas da Cintura Escapular:

• Decorrente de um traumatismo direto;

• Não carecem no pré-hospitalar de grandes cuidados;

• Basta imobilizá-las colocando o braço ao peito passando depois uma ligadura sobre o
tórax para que não exista rotações do membro durante o transporte.
TIPOS DE IMOBILIZAÇÃO:
TIPOS DE IMOBILIZAÇÃO
• Fraturas úmero:

• Um dos socorristas ajusta sob tração mas comodamente o braço a uma tala de madeira
almofadada, lateralmente, com o antebraço fletido para a frente do corpo.

• O outro socorrista aplicará as ligaduras, imobilizando o braço contra a tala e depois


contra o tórax, apoiando o antebraço
TIPOS DE IMOBILIZAÇÃO:

Fraturas úmero:
TIPOS DE IMOBILIZAÇÃO:
TIPOS DE IMOBILIZAÇÃO:
TIPOS DE
IMOBILIZAÇÃO
• Fraturas de antebraço (ulna/rádio):

• Ter em atenção que os sinais e sintomas


normais das fraturas, podem estar mais
ou menos mascarados quando apenas
um dos ossos: rádio e ulna.
TIPOS DE IMOBILIZAÇÃO:

Fraturas de antebraço:
• . ossos
TIPOS DE IMOBILIZAÇÃO
• Fraturas de Punho e mão:

• Enquanto a nível do punho o mecanismo mais frequente de fratura é o


traumatismo indireto – fase pós-impacto, a nível dos dedos é o traumatismo
direto sobre estes.
TIPOS DE IMOBILIZAÇÃO
• Fraturas do Fêmur:

• As fraturas mais frequentes a este nível, são as


fraturas do colo do fêmur do idoso, resultantes de
pequenas quedas e as fraturas provocadas por
acidentes;

• O sinal típico deste tipo de fraturas é a rotação


externa do pé.
TIPOS DE IMOBILIZAÇÃO:

Cuidados:

• A atitude a ter perante a suspeita de fratura do colo do fêmur, segue


as regras básicas de imobilização das fraturas:
•Tração, alinhamento, e imobilização que deve ser feita com talas
longas até à cintura e ultrapassando o pé, de forma a manter a
tração e alinhamento do membro;
TIPOS DE IMOBILIZAÇÃO:
IMOBILIZAÇÃO DOS MEMBROS INFERIORES:
TIPOS DE
IMOBILIZAÇÃO
• Fratura de perna (Tíbia/ Fíbula):

• Resultam habitualmente de traumatismos diretos


(acidentes de viação) podendo estar fraturados os dois
ou só um dos ossos Tíbia e Fíbula;

• São as fraturas que com maior frequência


encontramos expostas, dado que a tíbia (canela) se
encontra imediatamente por debaixo da pele.

• A imobilização segue as regras básicas já referidas


anteriormente.
Referências
• PAZIN-FILHO, A.; SANTOS, J. C.; CASTRO, R.; BUENO, C.; SCHMIDT, A.
PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA (PCR). Medicina (Ribeirao Preto. Online), v.
36, n. 2/4, p. 163-178, 30 dez. 2003.
• SOUZA, ABG; CHAVES, LD; SILVA, MCM. Enfermagem em Clínica Médica e
Cirúrgica: Teoria e prática. Martinari, 2015.
• LIMA, S.G. et al. Educação Permanente em SBV e SAVC: impacto no
conhecimento dos profissionais de enfermagem. Arq. Bras. Cardiol. 93 (6) •
Dez 2009 • https://doi.org/10.1590/S0066-782X2009001200012.
• AMERICAN HEART ASSOCIATION (AHA). DESTAQUES DAS DIRETRIZES DE
RCP E ACE DE 2020 DA AMERICAN HEART ASSOCIATION. AHA: Dallas, Texas,
2020.
Obrigada!

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