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A Espiritualidade da

Eucaristia
A dimensão sacrificial da Eucaristia em Santo Tomás de Aquino

• Ao falar da dimensão sacrificial da Eucaristia, recorre


inicialmente a uma frase de Santo Agostinho: “Cristo
foi imolado uma só vez em si mesmo, contudo cada
dia é imolado no sacramento.”
Sacramento- Sinal Sacramental
• Os sacramentos são sinais eficazes da graça, instituídos por
Cristo e confiados à Igreja, por meio dos quais nos é
dispensada a vida divina. Os ritos visíveis sob os quais os
sacramentos são celebrados significam e realizam as graças
próprias de cada sacramento.
Sacramento- Sinal Sacramental
• Matéria e Forma- Teoria hilemórfica
• Há coisas no sacramento que funcionam como matéria;
Há coisas que funcionam como forma.

• Hilemorfismo- Doutrina Aristotélica;


filosofia escolástica, todos os seres corpóreos
são compostos por matéria e forma.
• Matéria = Potência
Elemento material (um elemento que tem potência de se tornar
algo diferente)
• Forma = Ato
Elemento essencial (atual), apreendido pela inteligência.
Ela é responsável por fazer com que a matéria seja reconhecida
como alguma coisa.

Importante: não confunda forma com formato.


FÉ RAZÃO
ENTE e ESSÊNSIA
• Causa Material e causa Formal se unem e dão origem ao ENTE

• Essência é tratada como elemento característico


do ser em alguém, como a racionalidade, que
faz do homem. Para santo Tomás de Aquino, a
essência é “quididade” ou a “natureza” abrange
tudo que está expresso na definição da coisa,
tanto a sua forma com a sua matéria.
• o "ser" se refere ao fundamento da existência e dos modos de existir;
• o "ente" corresponde à existência concreta, ou, a realidade humana,
enquanto presença no mundo.
Platão defendia que o belo estaria dissociado do bem e da verdade

• A filosofia grega buscou trazer luz sobre diversos questionamentos que


afligiam a razão humana, dentre eles “o que é a verdade”?
SEGUNDO PLATÃO
• Platão defendia que o belo
estaria dissociado do bem e da
verdade

FATOR QUE ELEVA O


HOMEM

OBJETIVO ULTIMO QUE


DEVEMOS BUSCAR

ELEMENTO QUE UNE


Consecutivamente, só seria belo aquilo que é
tanto bom, como verdadeiro.
IDADE MÉDIA
• Com a Idade Média a dimensão do sagrado ganhou um novo nível de
profundidade e de significado.
ESCOLÁSTICA
• Foi por meio da Escolástica que a estrutura do pensamento filosófico
foi incorporada a Teologia Cristã, conciliando a doutrina da igreja aos
conhecimentos desenvolvidos pela civilização grega.
• Nesse processo, a ideia e o significado do belo também sofreram
modificações

Uma coisa é mais bela a medida em que ela tem mais proporcionalidade, diz
Santo Tomás de Aquino, e claridade. Proporcional não apenas a uma questão
de medidas, mas de adequação a forma daquilo que deve ser.
SEGUNDO S. TOMÁS
• Por meio da união entre o pensamento
grego e a fé cristã, S. Tomás de Aquino,
definiu a beleza a partir de 3 principais
elementos.

PROPORÇÃO

CLAREZA

INTEGRIDADE
SANTO TOMÁS DE AQUINO
• Por meio da união entre o pensamento
grego e a fé cristã, S. Tomás de Aquino,
definiu a beleza a partir de 3 principais
elementos.
A HARMONIA ENTRE DIVERSAS PARTES
PARA QUE A ORDEM EXPRESSE UM FIM,
QUE SEJA PRÓPRIO DA BELEZA

O QUE É BELO, TRANSBORDA A ESSÊNCIA


DE SEU SER, OU SEJA, LANÇA LUZ SOBRE
SUA PRÓPRIA NATUREZA

QUANTO MAIS O ENTE EXPRESSA SUA


PLENITUDE, MAIS PROXIMO ESTARÁ DA
PERFEIÇÃO, PORTANTO, MAIS BELO ELE SERÁ
Assim, para compreender o significado do sacramento não se observa apenas a matéria e forma física que
esta diante dos nossos olhos, porém o que vai além da nossa compreensão e só pode ser aceito por meio
da fé.
Entretanto, cabe ao homem buscar este conhecimento, e caso esse conhecimento não leve a Deus,
rejeita-lo.
A dimensão sacrificial da Eucaristia em
Santo Tomás de Aquino
• A dimensão sacrificial da Eucaristia sempre foi um tema central da
história da teologia, exposta claramente por muitos, problematizada
por alguns e reafirmada veementemente pelo magistério eclesial.

• Os novos termos utilizados pelo Concílio de Latrão abriram à


teologia uma nova linguagem para poder se falar do mistério
eucarístico. Essa nova linguagem, de influência da filosofia
aristotélica, é utilizada abundantemente por Santo Tomás de Aquino,
possibilitando-o dar uma riquíssima contribuição na compreensão da
teologia do mistério eucarístico.
Catecismo- ARTIGO 3

• O nosso Salvador instituiu na última ceia, na noite em que foi


entregue, o sacrifício eucarístico do seu corpo e sangue, para
perpetuar pelo decorrer dos séculos, até voltar, o sacrifício da cruz,
confiando à Igreja, sua esposa amada, o memorial da sua morte e
ressurreição: sacramento de piedade, sinal de unidade, vínculo de
caridade, banquete pascal em que se recebe Cristo, a alma se enche
de graça e nos é dado o penhor da glória futura» (145).
I. A Eucaristia – fonte e cume da vida
eclesial

• 1324. A Eucaristia é «fonte e cume de toda a vida cristã» (146).


«Os restantes sacramentos, assim como todos os ministérios
eclesiásticos e obras de apostolado, estão vinculados com a sagrada
Eucaristia e a ela se ordenam. Com efeito, na santíssima Eucaristia
está contido todo o tesouro espiritual da Igreja, isto é, o próprio
Cristo, nossa Páscoa» (147).
A INSTITUIÇÃO DA EUCARISTIA

• 1337. Tendo amado os seus, o Senhor amou-os até ao fim. Sabendo


que era chegada a hora de partir deste mundo para regressar ao Pai,
no decorrer duma refeição, lavou-lhes os pés e deu-lhes o
mandamento do amor (170). Para lhes deixar uma garantia deste
amor, para jamais se afastar dos seus e para os tornar participantes
da sua Páscoa, instituiu a Eucaristia como memorial da sua morte e
da sua ressurreição, e ordenou aos seus Apóstolos que a
celebrassem até ao seu regresso, «constituindo-os, então, sacerdotes
do Novo Testamento» (171).
Doutrina eucarística

• A doutrina eucarística do Concílio Lateranense IV pode ser


resumida nas seguintes afirmações: Jesus Cristo é
sacerdote e sacrifício; sob as espécies do pão e do vinho,
seu corpo e sangue são contidos verdadeiramente no
sacramento do altar; pelo poder divino, o pão é
transubstanciado no corpo e o vinho no sangue;
recebemos o corpo e sangue do Senhor para realizar
plenamente em nós o mistério da unidade com Cristo
Salvador [1].
Doutrina eucarística

• O Concílio Lateranense IV usa termos novos para falar da


doutrina eucarística: “espécies”, no sentido de aparência,
e “transubstanciação”, não mais de uma “conversão
substancial”. Essa nova linguagem, de influência da
filosofia aristotélica, é adotada pelo Magistério da Igreja e
usada abundantemente na doutrina eucarística de Santo
Tomás de Aquino.
CRISTO SE FAZ SACERDOTE, ALTAR E SACRIFICIO...
O sacrifício

• Ao falar da dimensão sacrificial da Eucaristia, ele recorre


inicialmente a uma frase de Santo Agostinho: “Cristo foi
imolado uma só vez em si mesmo, contudo cada dia é
imolado no sacramento” [5]. Vemos aí a profunda relação
existente entre a Eucaristia e o sacrifício de Cristo. Pelo
sacramento da Eucaristia, o único sacrifício de Cristo se
torna presente a cada dia.
A imolação

• Santo Tomás explica que a Eucaristia é chamada imolação


de Cristo por duas razões. Primeiramente, “a celebração
(…) deste sacramento é uma certa imagem representativa
da paixão de Cristo, que é uma verdadeira imolação” [6].
Explicando seu pensamento, ele cita Santo Ambrósio: “Em
Cristo, foi oferecida uma só vez a vítima eficaz para a
salvação eterna. Que fazemos então? Porventura não a
oferecemos todos os dias em comemoração de sua
morte?” [7]
O altar

• Santo Tomás também encontra aspectos sacrificiais da


Eucaristia relacionando o altar onde é celebrado o
sacramento da Eucaristia com a cruz de Cristo, pois “da
mesma maneira que a celebração desse sacramento
representa a paixão de Cristo, assim também o altar
representa a cruz, onde Cristo foi imolado em sua própria
imagem” [11].
Sumo e Eterno Sacerdote
Hebreus 5
• Muitos homens da tribo de Levi eram chamados para serem sacerdotes
nos templos de Israel, mas somente um homem, descendente de Aarão,
era chamado para ser o sumo sacerdote (segundo o Sacerdócio
Aarônico). Conforme o explicado em Levítico 16, esse sumo sacerdote
entrava no Santo dos Santos do templo uma vez por ano para oferecer
um sacrifício especial pelos pecados de todo o povo. Era comum que o
povo jejuasse nesse dia, que era conhecido como “o dia da expiação”.
Em Hebreus 5, Paulo explicou que o sumo sacerdote de Israel era
somente um símbolo do verdadeiro sumo sacerdote: Jesus Cristo, que
fizera a Expiação final pelos pecados de todo o povo e que, depois,
passara à presença de Seu Pai.
Por que Jesus é chamado de
Cordeiro de Deus?
O CORDEIRO IMOLADO NO ANTIGO
TESTAMENTO
• Em todas as missas, pouco antes de os fiéis serem chamados à comunhão
eucarística, ouvimos o sacerdote dizer: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o
pecado do mundo”. Você sabe o que isso quer dizer?
• Antes que Deus chamasse Abraão para estabelecer com Ele uma Aliança, era
muito comum que povos das mais diversas etnias sacrificassem animais, e até
mesmo seres humanos, aos seus deuses. Eles acreditavam que todas as coisas
ruins que aconteciam no mundo eram fruto da ira divina, que precisava ser
aplacada (faltava-lhes o conhecimento sobre o pecado original).
O CORDEIRO IMOLADO NO ANTIGO
TESTAMENTO
• Quando o Faraó recusou-se a deixar os escravos hebreus partirem, o Senhor
lançou sobre o Egito uma última e terrível praga: a morte de todos os
primogênitos. Seguindo a orientação de Moisés, antes da noite do
extermínio, cada família israelita sacrificou um cordeiro ou cabrito, que
deveria ser “macho, sem defeito, e de um ano” (Ex 12,5). O animal deveria ser
comido, e o seu sangue deveria ser passado nos batentes das portas:
• “Eu sou Javé. O sangue nas casas será um sinal de que estais dentro delas: ao ver o
sangue, Eu passarei adiante. E o flagelo destruidor não vos atingirá, quando Eu ferir
o Egito. (Ex 12,12-13)”
O CORDEIRO IMOLADO NO ANTIGO
TESTAMENTO
• Em todas as missas, pouco antes de os fiéis serem chamados à comunhão
eucarística, ouvimos o sacerdote dizer: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o
pecado do mundo”. Você sabe o que isso quer dizer?
• Antes que Deus chamasse Abraão para estabelecer com Ele uma Aliança, era
muito comum que povos das mais diversas etnias sacrificassem animais, e até
mesmo seres humanos, aos seus deuses. Eles acreditavam que todas as coisas
ruins que aconteciam no mundo eram fruto da ira divina, que precisava ser
aplacada (faltava-lhes o conhecimento sobre o pecado original).
O CORDEIRO IMOLADO NO ANTIGO
TESTAMENTO
• E assim se estabeleceu a celebração da Páscoa judaica. O sangue do cordeiro
macho e sem defeito livraria o povo da morte do corpo, assim como o Sangue
de Cristo – Deus e Homem sem defeito, sem mácula – livraria os cristãos da
morte da alma, após a nova Páscoa. O cordeiro imolado do A.T. era uma
imagem do Cordeiro Imolado do N.T.
• Com Sua Paixão e Morte, Jesus Cristo remiu os pecados da humanidade com o
Seu sangue precioso. Ele é a vítima perfeita, que, com seu sacrifício, apagou
definitivamente da alma dos batizados a mancha do pecado original, ofensa
imensa a qual nenhuma criatura tinha poder de desagravar.
Assim, o que é a Eucaristia?
• É o próprio sacrifício do Corpo e do Sangue do Senhor Jesus, que Ele instituiu
para perpetuar pelos séculos até o Seu retorno, o sacrifício da Cruz, confiando
assim, à sua Igreja, o memorial de sua Morte e Ressurreição. É o sinal da unidade,
o vínculo da caridade, o banquete pascal, no qual se recebe Cristo, a alma é
coberta de graça e é dado o penhor da vida eterna.
Como Jesus está presente na Eucaristia?

• Jesus Cristo está presente na Eucaristia de modo único e


incomparável. Está presente, com efeito, de modo verdadeiro, real,
substancial: com Seu Corpo e Seu Sangue, com Sua alma e divindade.
Nela está, portanto, presente de modo sacramental, ou seja, sob as
espécies eucarísticas do pão e do vinho, Cristo todo inteiro: Deus e
homem.
O que significa transubstanciação?

• Transubstanciação significa a conversão de toda a substância do pão


na substância do Corpo de Cristo e de toda a substância do vinho na
substância do Seu Sangue. Essa conversão se realiza na oração
eucarística, mediante a eficácia da Palavra de Cristo e da ação do
Espírito Santo. Todavia, as características sensíveis do pão e do vinho,
ou seja, as “espécies eucarísticas”, permanecem inalteradas.
Voltando a Santo Tomás...
• Na Carta Encíclica ECCLESIA DE EUCHARISTIA (Igreja da Eucaristia) do
Sumo Pontífice JOÃO PAULO II aos Bispos, aos Presbíteros e Diáconos, às
Pessoas Consagradas e a Todos os Fiéis Leigos sobre a Eucaristia na sua
relação com a Igreja, o Santo Padre retrata essa inalteração exterior
como “falha externa”, baseado em um escrito de são Cirilo de
Alexandria. Pois, mediante nossos olhos humanos aquela matéria (Trigo)
permanece inalterada, tanto como sua forma. Porém, para entender o
sacramento devemos ver a verdade sobe a luz do Espirito Santo, com os
olhos da fé e espirituais. Este sacramento passa a adotar a essência de
Cristo, como diz Santo Tomás, que embora se apresente em 3 Entes
diferentes (Deus Pai, filho e Espirito, em verbo, homem e divindade), as
3 pessoas da trindade possuem a mesma Essência.

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